Relações entre consumo alimentar residual, comportamento ingestivo
Degradabilidade in situ de alimentos para bovinos
1. DIGESTIBILIDADE IN SITU DA MATÉRIA SECA (MS) E PROTEÍNA
BRUTA (PB) DE FENO DE TIFTON E ALGUNS ALIMENTOS
CONCENTRADOS
Universidade Estadual de Londrina/Departamento Ciências Agrário-
Londrina, PR.
Renan Braga Paiano¹ (PROIC/Fundação Araucária-UEL) (autor); Leandro
das Dores Ferreira da Silva² (Orientador), Juliana Casarin Salomão³, Hebe
Gomez Ciuffa, Samuel Gomez Ciuffa³, Larissa Nóbrega de Carvalho, Taís
Aline Bregion dos Santos4e-mail: leandro@uel.br
1-Aluno de medicina veterinária- UEL/Londrina; 2- Aluno de medicina veterinária- UEL/Londrina; 3-
Docente e Pesquisador do Departamento de Zootecnia/CCA – UEL, Londrina; 4 doutoranda do Programa
de Pós-Graduação em Ciência Animal – UEL, Londrina.
Área: Ciências Agrárias, subárea do conhecimento: Zootecnia
Palavras-chave: torta de crambe, substituição, farelo de algodão.
Resumo
Este trabalho teve como objetivo avaliar a degradabilidade in situ, proteína
bruta (PB) e matéria seca de alguns alimentos concentrados, como: torta de
crambe, farelo de algodão, milho e feno de tifton, que é classificado como
volumoso. Foram avaliadas também algumas dietas formuladas a partir
destes alimentos. As rações foram preparadas para serem isoprotéicas,
tendo como fonte volumosa silagem de sorgo. Foi avaliada a substituição de
farelo de algodão pela torta de crambe nos níveis de 0%; 25%; 50%; 75% e
100% da matéria seca (MS) na ração.
Introdução
Um dos maiores dilemas atualmente é o uso racional dos recursos
energético, devido à escassez das fontes de combustíveis de origem fóssil.
Uma alternativa ecologicamente sustentável para aumentar a produção
diminuindo os danos ao meio ambiente são as fontes alternativas de
energia, como o biodiesel, combustível obtido de fontes renováveis.
Neste sentido há uma crescente procura sobre o crambe, (Crambe
abyssinica), planta da família das crucíferas sendo normalmente utilizado
como forragem para pasto. Durante prensagem mecânica de suas sementes
oleaginosas, é retirada grande parte do óleo para a produção do biodiesel,
conjuntamente obtém-se a torta de crambe, coproduto gerado deste
processo, que pode ser utilizada como fonte de nutrientes para os animais.
Portanto para que haja benefícios nos índices produtivos, torna-se
necessária a caracterização destes.
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2. Sendo assim, a técnica de degradabilidade in situ é o método utilizado para
a avaliação da digestibilidade de alimentos e permiti o acompanhamento da
degradação ao longo do tempo. Esta consiste em manter o alimento dentro
de sacos de náilon, no interior do rúmen, permitindo íntimo contato entre o
alimento e o ambiente ruminal.
O presente trabalho teve como objetivo determinar as degradabilidades in
situ da MS e PB, em bovinos com dietas formuladas a partir de feno tifton,
milho, farelo de algodão, torta de crambe e dos alimentos separadamente.
Materiais e métodos
Este experimento foi realizado nas instalações da Unidade Experimental de
Bovinos de Corte (UNEB) da Fazenda Escola e as análises laboratoriais
foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de
Zootecnia (DZO), da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Foram
utilizados cinco bovinos ½ sangue Holandes-Gir, com aproximadamente 24
meses de idade, pesando em média 400 kg, castrados e providos de fístulas
permanentes no rúmen. Os animais foram distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado, para avaliar cinco níveis: 0; 25; 50; 75; e 100% da
(MS) na ração em relação com a de torta de crambe em substituição ao
farelo de algodão. O fornecimento da ração completa aos animais foi feito
em dois arraçoamentos diários, as 8 e às 17 horas.
Foram utilizados na técnica in situ, sacos confeccionados em náilon 100%
poliamida, não resinado, medindo 14cmx7cm, com poros de 50 micrômetros,
estes foram pesados e receberam em média sete gramas de matéria seca
de cada um dos alimentos, triturados previamente em moinho dotado de
peneira com crivos de 2 mm de diâmetro. Depois de incubados, os sacos de
náilon foram retirados nos tempos 0; 3; 6; 12; 24; 48; 72 horas. O milho,
farelo de algodão, torta de crambe, feno de tifton, ou seja, todos os resíduos
remanescentes no saco foram avalidados separadamente. As
determinações da MS e a PB das amostras foram realizadas no Laboratório
de Análise de Alimentos e Nutrição Animais (LANA) conforme os
procedimentos padrões (ASSOCIATION OF OFICIAL ANALYTICAL
CHEMISTS, 1990). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e as médias pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade,
utilizando-se o programa SAS (SAS, 2001).
Resultados e Discussão
Observou-se efeito significativo (P 0,05) tanto na MS como na PB, pode ser˂
visualizada na tabela 1 e 2 que o feno obteve os menores valores, podem
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3. ser atribuídas às diferenças na composição bromatológica das mesmas,
principalmente da FDN, FDA e lignina. Sabe-se que maiores teores destas
frações podem influenciar a degradação. De acordo com Mir et al. (1984), o
teor de óleo de um alimento incubado pode obstruir os poros dos sacos de
náilon e diminuir a degradação. Isto ocorre porque, durante o processo de
moagem o envoltório rígido da amêndoa é parcialmente pulverizado pelo
moinho e mistura-se a gordura do alimento, dificultando a passagem de
partículas pela malha da peneira (MOREIRA et al., 2003). Este fato não foi
observado quando se analisa a degradação da MS e PB do farelo de
algodão e da torta de crambe. Nestes alimentos houve desaparecimento
mais rápido nas primeiras 3 horas de incubação estabilizando-se nos demais
períodos. As médias entre os níveis de substituição se mantiveram
equivalentes sugerindo que a torta de crambe pode substituir em até 100%
ao farelo de algodão sem alterar o ambiente ruminal.
Tabela 1 – Digestibilidade total (%) da MS nos tempos de incubação de 0,
3,6,12,24,48,72 h
TEMPO (HORAS)
TRATAMENTO 0 3 6 12 24 48 72
MATÉRIA SECA
T.0 1.42 1.03 2.81 2.26 2.62 3.90 4.19ªᵇ ᵇ ᶜ ᵇ ᵇ ᵇ ᵇ
T.25 1.60 0.98 2.82 2.30 2.88 3.93 4.22ªᵇ ᵇ ᶜ ᵇ ᵇ ᵇ ᶜ ᵇ ᶜ
T.50 1.66 1.02 2.90 2.33 2.88 4.23 4.22ªᵇ ᵇ ᵇ ᵇ ᵇ ᶜ ᵈ
T.75 1.56 0.99 2.89 3.03 2.63 4.23 4.90ᵇ ᵇ ᶜ ᵇ ᶜ ᵇ ᵈ ᵇ
T.100 1.59 0.91 2.82 2.21 2.94 3.46ª 4.90ᵇ ᵇ ᵇ ᵇ ᶜ ᵇ
FENO 0.78ª 0.53 ª 1.19 ª 1.22 ª 2.06ª 3.48 ª 4.90 ᵇ
MILHO 2.32 1.25 2.90 3.16 3.84 4.80 5.76ᶜ ᶜ ᵈ ᵇ ᶜ ᵈ ᵉ ᵈ
F.ALG 3.41 1.73 3.92 3.82 4.35 4.85 5.32ᵉ ᵉ ᵈ ᵈ ᵉ ᵉ ᶜ
T.CRAM 2.95 1.47 3.43 3.82 4.29 4.21 5.32ᵈ ᵈ ᵉ ᶜ ᵈ ᵉ ᶜ ᵈ ᶜ
Tabela 2 – Digestibilidade total (%) da PB nos tempos de incubação de 0,
3,6,12,24,48,72
TEMPO(HORAS)
TRATAMENTO 0 3 6 12 24 48 72
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4. PROTEÍNA BRUTA
T.0 11.31ᵇᶜ 9.95ᵇᶜ 8.73ᵇᶜ 8.7ª 11.04ᵈ 7.71ᶜ ᵈ 6.58ª
T.25 11.24ᵇᶜ 11.05ᵈ 9.78ᵈ 10.16ᵇᶜ 9.90 ᶜ 8.43ᵈ 6.73ª
T.50 11.40ᵇᶜ 10.97ᵈ 9.56ᶜᵈ 10.89ᶜ 9.72ᶜ 10.93 6.71ª
T.75 11.97ᶜ 10.36ᶜ 8.67ᵇ 10.84ᵇ 9.75ᶜ 10.85 ᵇᶜ 6.56ª
T.100 10.56ª 9.12ᵇ 9.78ᵈ 10.01ᵇ 9.45 ͨ 7.39ᵇᶜ 9.03ᵇ
FENO 10.11ª 8.13ª 7.6ª 8.17ª 6.97ᵇ 7.28ᵇᶜ 9.39ᵇ
MILHO 10.81 ᵇ 10.41 ͨᵈ 9.51ᵇ 11.9ᵈ 12.85ᵉ 11.79ᵉ 11.29ᶜ
F.ALG 19.3ᵉ 13.89ᵉ 9.6ᵈ 15.83ᵉ 6.67ᵇ 6.57 ª ᵇ 9.55ᵇ
T.CRA 17.87ᵈ 9.77ᵇ 9.69ᵈ 10.88 5.88 5.99ª 6.67ª
T.0 – 0% de substituição de farelo de algodão pela torta de crambe; T.25- 25% de substituição; T.50- 50% de
substituição; T.100- 100 % de substituição; F.ALG – farelo de algodão; T.CRAM- torta de crambe. Letras
minúsculas indicam médias diferentes (P<0,05) pelo teste de Tukey na mesma coluna.
Conclusões
A torta de crambe pode ser utilizada em até 100% de substituição ao farelo
de algodão em dietas de ovinos em confinamento, garantindo um
desempenho semelhante aos adquiridos através de métodos convencionais
de alimentação.
Agradecimentos
A Fundação Araucária e ao professor Leandro das Dores Ferreira da Silva
pelo financiamento a este projeto.
Referências
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official Methods of
Analysis, 15 ed. Virgínia: Keneth Helrich, 1990. v.1.
MIR, Z.; MAcLEOD, G. K.; BUCHANAN-SMITH, J. G.; GRIEVE, D. G.;
GROVUM, W. L. Methods for protecting soybean and canola proteins from
degradation in the rumen.Canadian Journal of Animal Science, Ottawa, v. 64,
n.4,p.853-865,1984.
MOREIRA, J. F. C.; RODRIGUÉZ, N. M.;FERNANDES, P. C. C.;
VELOSO,C. M.; SALIBA,E.O. S.; GONÇALVES, L. C.; BORGES, I.;
BORGES,A. L. C. C. Concentrados protéicos para bovinos. 1.digestibilidade
in situ da matéria seca e da proteína bruta. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 55, n. 3, p. 324-333, 2003.
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