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Ozimpio Sousa
Ozimpio

Andar!
Corramos!
Com 25 poesias

	 Ozimpio Dias de Sousa é
mineiro, nascido em Monte Carmelo, Minas Gerais.
De família de gente simples
é o filho caçula de quatro
irmãos que tiveram a sorte
de serem trazidos pelos pais
para estudar na cidade.
	 O gosto pelas artes se manifestou na infância do poeta. Músico desde os 10 anos,
tocou nas bandas de música da sua cidade e começou a escrever muito cedo. Ganhou concursos de redação na sua região e evidenciou
ainda criança outra grande paixão, a comunicação e o jornalismo.
	
Ele é o criador do jornal da sua cidade, Jornal Notícia Regional, fundado no ano 2000. Hoje edita o jornal e um site homônimo.
Possui também uma revista de variedades, chamada Link, de circulação regional.
	
Compositor, já teve suas músicas premiadas em festivais da
canção como Festimoca e Canta Coró e tantas outras canções gravadas por artistas em vários estados brasileiros.
Formado em Letras pela FUCAMP-MG em 2009, hoje reside em
Brasília onde prepara material para um doutorado em literatura pela
UNB.

Andar! Corramos! - Ozimpio
“Pedras?
Com as que me atiraram vim me construindo
Com as que ainda faltam me porei de pé”

“Antídoto
Estou morrendo aos pouquinhos
E de um remédio eu preciso
Que só existe em seus lábios
E que se chama sorriso”
“Hoje é bom o quanto basta. Ainda que eu creia que o melhor
está no porvir não espero, no entanto, a alegria futura. Antes,
brindo com o bem que tenho agora. Quando o futuro melhor
chegar há de me encontrar comemorando as felicidades que eu
já tinha, ora bolas.”

Recortes da
Folha do Reino

“A diferença é que antigamente a comparação era com a
vida dos artistas e celebridades e hoje é com a dos amigos,
parentes e vizinhos na internet. A inveja é a mesma, essa não
muda.”
“Para o ano novo
Se você estiver só
Que ganhe um amor verdadeiro
Que ganhe um amor só, mas inteiro
Se este ano foi um nó
Uma uruca, um entrevero...
Que o novo seja alegria, saúde, paz, fantasia,
Festa e muito dinheiro!”
“Em Monte Carmelo, Cerrado Mineiro, Brasil, uma chuva fina
cuida de amainar o calor do verão, lava as ruas calmamente
preparando as passarelas para o desfile noturno das conterrâneas”
“Um espírito maligno se apossou da minha impressora com
o firme propósito de perpetrar em mim um infarto. Agora
determino, em nome do Windows 7, que ela seja livre de todo
vírus, todo cartucho desalinhado, todo papel embolado e que
funcione imediatamente. Sai!”

Andar! Corramos! - Ozimpio
“Natal em flor

Enfim, de qual valor me queixaria?
Do quê sentiria falta?
Só me furtaram o bem que eu sentia
Em nunca ter trancado a porta”

Ninguém prestava atenção
Por nada eu estava vendo
A rama deu um botão
Eu vi ele florescendo
Trouxe alma ao meu coração
O amor singelo crescendo
Fui um pouco José então
Que assistiu Jesus nascendo”
“De ano novo
Aposte no ano novo, isso não é ridículo
Ridículo seria não crer em nada
Quando a vida essencialmente é risco
Viver é aventura e aposta
Pensar é buscar lógica para isso
Nenhum profeta nos deixou resposta
Antes, encheram-nos de pergunta e abismo
Não vejo mais razão na física de Einstein
Do que nos estudos da minha avó
Para o jogo do bicho”
“Veja um homem como eu: controlado. Mulher para me ter só
com receita azul”
“Ser derrotado com a consciência tranquila dói e passa. Já a
mentira amarga sempre, até na vitória.”
“Quem cospe no cinzeiro suja o rosto”
“Epitáfio:
Quedei-me aqui inconformado
Caguei-me sempre da morte chegar
E se houver outras vidas e mundos
Estou lá buscando meios de voltar”
“Só fui saber o que é propriedade
Quando encontrei minha casa arrombada
Dou graças ao desapego que tenho
Obstante não levarem nada

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
Andar! Corramos! (para os manifestantes de hoje)

Poesia Misturada

- Andar! corramos!
- Para onde?
- Que importa, corramos!
- Mas quem são estes
Correndo?
- Somos nós, eu e você
Que lá vamos, olha...
- Não, não os conheço,
Por que se revoltam?
- Não sei, mas por que
A gente não se revolta?
- Não sei, deveríamos?
- Aquela multidão
Se parece comigo
E com a minha revolta
- Mas não têm líderes,
A quem seguimos?
- Não importa, seguimos
Porque estávamos dormentes
- E o perigo?
- Não importa
- E o sentido?
- Está no caminho,
Vem comigo?
- Vou sim
Andar! Corramos!

Andar! Corramos! - Ozimpio
Atrapalho-me com as palavras

Sei que atrapalho-me com as palavras
Sofro tanto
Trombo com elas pelos caminhos
São sombras
Diferentes como soam
Ganham tanto teor
Recebem estranho espírito
É vela, eu a velo, içar velas...
Qual o sentido?
Termos variáveis
Se escritos, ouvidos,
havido
Atrapalho-me com as palavras
Essas espaçonaves
Como as observo
Insólitas e livres
Em seu infinito

Bradam dez mil homens armados
Que os rumores de uma guerra são sentidos
E a imagem que me desconcerta a alma
Tem seu cheiro entorpecente
Ouço dez mil bombas explodindo
A dor do aço trespassando o espírito
Ora tomado de um anelo quente
Varrerão a sombra dos presságios
Que bons ou maus vão dissipar-se mesmo
Para depois condensar no vácuo
Onde estarei, vítima irrevogável
Eterno dono de um amor imenso
Ela é um pouquinho do que resta
Molécula dividida de um sonho autentico
Da magia restrita dos duendes
Da alegria oscilante das festas
Ela... é um pouquinho do que resta
A partícula que remonta o todo
Que o Demais sem ela não é nada
De um passado absoluto e remoto
Que perdido em minha alma
Martiriza
O vento utópico da eterna namorada
Somente nela concretiza
O fogo ardendo no conflito dessas várzeas
Me atinge o peito a cada segundo
Vai me ferindo sem deixar marcas
Enchendo-me dessa calma catastrófica
Se equilibrando nos abalos sísmicos
De vez em sempre eu contrato um guia
Que me leve bem longe dessa mágoa
E atravessamos planícies de deserto
Que sempre findam à porta de tua casa
Apago teu nome um milhão de vezes
Que continua escrito, cravado nessas páginas
Bem como por mágica o bom se faz sisudo
Eu permaneço grávido desse medo
E amenamente ateio fogo em tudo
As fagulhas que recaem sobre o solo
Traço por traço desenham o teu rosto

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
E como a fênix a emergir das cinzas
Vejo teu nome escrito ali de novo
Posso com um sopro livrar-me dessas cinzas
Força ainda me resta de sobejo
Poderia acabar com tudo isso
Mas vou sair atrás de ti
Agora mesmo

Deus menino

Olho correndo o menino
Pulando, vez outra, quer tocar o céu
Não sabe que não pode
Acredita
Entusiasmado por um pássaro
Amigo seu
- É lá que Deus mora
- É seu pai. Lhe disseram...
Embora lhe encantasse o infinito
Antes disso
Era o contrário precipício
Azul que escolheu
O pé, lhe feriu um espinho
Doeu
Mas como são os meninos
Disse um ai e sorriu
-Daqui a pouco lhe alcanço
Levantou e correu
Viu nascer um carneirinho
Viu um filhote no ninho
Viu um poço e bebeu
Viu tanta gente
De todo tipo
Mas, enfim, cresceu
Em horas penso
Que era Jesus
Esse menino meu
Os evangelhos não contam
Quando ele era menino
Mas ele nem se preocupava

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
Ele já conhecia
Os espinhos, a estrada
Conhecia o Pai que lhe amava
Que lhe diria um dia
- Menino. Qualquer menino é Deus

Posso pintar? Ou Índigo

Azul, azul, raso
Vai meu dedo deixando
Rastro
Branco
Dois dedos
E outros
Rastros brancos
Azulejos
Imagino amarelo
Vejo Vermelho
Faz toda tinta
O que penso
Tinta aquarela
Escorre mesmo
Nem dura
Um século
Fugaz tintura
Fumaça branca
Resoluta
Resolvemos
Resolvemos

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
Horário de visita

Flor do deserto

Quase ninguém ficou sabendo
Que outro dia estive internado
Fui queixar-me a um doutor
Que descobriu meu coração inchado

Flor do deserto és forte,
És triste
Flor do deserto, sublime
Flor da alma
Flor do deserto és miragem
Ou existes?
Flor do deserto
De beleza, assim, tão calma

Ri para o cirurgião e sua inocência
- Deste peito meu é analfabeto
Mas me colocou em paciência
Com suas ditaduras de médico
Descobri fugir no horário de visitas
Que não recebi visita alguma mesmo
Misturo-me, e saio em meio aos turistas
Que vêm prestigiar o mal alheio
Quando vai o horário me reinterno
Pois já estive muito por aí passeando
Das visitas minhas não fico sabendo
Ocupo este meu horário especulando
Acabei, sem querer, sendo moderno
Com esta solução que fui tramando
Sou, que sei, o único interno
Que não é visitado, pois que está visitando

Andar! Corramos! - Ozimpio

Flor do deserto, a tempo e fogo
Tu resistes
Flor do deserto. Deserto
De vida morta
És sublime, porém forte
Tu resistes
A sua forma, nesse
Vão de nada, corta
Flor do deserto, diamante
Concebido
Tal qual princesa no deserto
Solitário
Mirar-te ao longe
É milagre recebido
Peça que Deus perdeu
Do próprio relicário

Andar! Corramos! - Ozimpio
O dia da mãe

Foi uma mulher só que nos amou
Antes de nos conhecer - A mãe

Mãe não escolhe o filho
Filho não escolhe a mãe
É um casamento arranjado
Por Deus ou pelo acaso...
Certo que é o amor definitivo
Maior, ideal e primitivo
Quais todos os outros tentarão imitar
Ainda que não consigam

Mãe, que tem tão pouca rima
Lembro meu pai que nunca
Conheceu mãe
Mas que sempre chora neste dia
Em que todos lembram: Tive mãe.
Sei que não chora por não tê-la visto
Nem por carência ou maltrato...
Sei que lamenta de ter a certeza
Que o amor de mãe
É o amor de fato

Não há, quero crer, amor perdido
Que por mais que te amole ou arranhe
Possa provocar igual vazio
Ao que tem quem perdeu o amor de mãe
Há filhos sem pai por toda parte
Mas não há um, sequer, que não tem mãe
Mesmo que não a tenha conhecido
Mesmo que sofra e apanhe
Talvez legítimo ou adotivo
Que seja o bem que gera, cria, ou que acompanhe
Sobra sobre qualquer ser, ser um filho
Que certo tem, ter vindo de uma mãe
Penso haver amor entre outros mundos
Sendo que filhos se perdem de suas mães
E seguem pela vida procurando
Água que os proteja e que os banhe
Dizem que a mulher que procuramos
Para que nos conquiste, nos ganhe
Tem de ser a mais próxima cópia
Do ideal chamado amor de mãe
Talvez seja por isso que nunca achamos
Fruta deste sabor, quem colha ou apanhe

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
Coragem

Ridículo

A coragem não desafia, enfrenta
Não provoca, ouve
Não reage, pensa
Vence e recolhe-se
Perde e não se vinga
A coragem toma conselho
Com o medo
Sem explodir, não sucumbe
É humilde
É útil
É amiga

Que não parece muito ser poeta
Que ninguém respeita este tipo de gente
Que fazer poemas não desperta
Consideração verdadeiramente
Que quase todo moleque é poeta
E arrisca versos apaixonadamente
Mas perde esta inspiração com a época
Em que se descobre ridículo e reticente
E para quem a época não passa
E para quem permanece doente
E para quem continua em versos
Aos vinte, trinta, quarenta e sempre?

Não foge
Protege a justiça
Treme na batalha
E não recua
Põe a prêmio o amor
Arrisca a vida

Que tarefa dura essa
Reconheço assustadoramente
Que conservei em min a pecha
Achando-me poeta ridiculamente

Desafia a morte
Compraz-se com a lida
Nem valentes, nem covardes
Quem agiu com coragem
Quase sempre duvidou
Que a tinha

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
Ponderas

Eu branco

Ante o transeunte
Que te insulta
Ora tem neste imbróglio
O evangelho
Depurado no crisol
Que em verdade
Distancia-te da coragem
E do cemitério

Sabe aquelas janelas,
as paredes, os muros, as coisas
Estão todos brancos novamente
Caiei tudo de novo e me pus
na rede

É valente
O que jaz sob essa lápide
Como é comum sepultarmos
Normalmente
Gente que viveu
Como nós mesmos
Sem se vender
Flor ou semente
“A lo lejos”

Meu encanto, quais pincéis são estes
Que é você ir passando para
As flores surgirem de repente

Um que sofreu
Verdadeiramente
Outro que se perdeu
Em desespero
O da solução
O inteligente
Aquele que
Sentiu em alto relevo
O que o outro não viu
Não viu
Ou guardou em segredo

Nem precisa eu ficar pensando
Põe neles sempre um verde diferente

Fiz de propósito esperando
Que venha colori-los mesmamente

Só sei rir vendo teus cabelos
Estampando minhas roupas,
cadernos e pertences
Mais feliz de ver quando
Seus olhos ficam todos verdes

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
Lá vai procissão do enterro

Para o crer dos que resistem,
Alimento
É Eleutério que vai lá
Sendo
Para o querer de todos
Monumento
Pavilhão que aliviará
Por alguns dias
A dor de quem ainda vive
Vivendo

Lá vai procissão do enterro
Vai levando Eleutério
Ele mesmo
Quando nasceu não sabia
Seu lugar, sua família
Eleutério não sabia
Nada do seu enterro

Vão lhe plantar esperando
Não que renasça um dia
Mas que tua morte perpetue neles
Sua egoísta ignorância

Mas também Eleutério
Nascia ali, agora mesmo
E pra ele ainda havia
Toda dúvida
A consciência que não soube
Embora crendo
Era só Eleutério que lá ia
Nascendo
Nasceu para renascer um dia
“Não se importe Eleutério
Disso que está por aí sofrendo
Tudo é para que você,
Um dia
Mesmo desavisado, consiga
Alcançar teu implacável crescimento
Será promissória
Que liquidará
Sem medo
No paraíso que aguarda
O que restar do teu padecimento”
Levam-na agora,
sua fé
Irão sepultá-la
À tarde no cimento
Farão dela,

Andar! Corramos! - Ozimpio

Andar! Corramos! - Ozimpio
Calma

Mesmamente

Não faça com pressa
Não se perca
Ou, afinal, que loucura é esta?
Antes pé ante pé com firmeza
Que espatifar-se a mil nestes caminhos

Tanto que escrevi desde que lembro-me
Fui burilando as palavras que tinha
E no ter não ter do meu vocabulário
Estive encaixando outras palavras minhas

Vai com fé na trilha da incerteza
Esperar o quê? De quem?
Você nasceu de alguém
Mas sozinho
O que se apavora erra
E caminho errado
Ainda é caminho
Melhor desvenda a estrada
O que mais tropeça
Boa companhia tem mais valor
Para quem conhece a dor
De ser sozinho

Andar! Corramos! - Ozimpio

Senti-me sempre nisso envergonhado
Em comparando-me com os poetas que lia
Meus reis, ídolos, meus clássicos
Nem chamar de poemas meus versos poderia
Sabendo disso ainda escrevi poemas
Certo que não eram dignos de nada
Até perceber um dia tristemente
Que como os poemas que eu não publicava
Os versos dos reis que admirava
Eram tão desconhecidos mesmamente

Andar! Corramos! - Ozimpio
Hora de dormir

A última dama da ilha

É a cidade adormecida
Não sabe nada ainda
Suas ruas guardaram o silêncio
Sem saber da minha vinda
No escuro do abandono eu andei por elas
Eu vi sua face desconhecida
Fizeram esta noite para que eu dormisse
Mas não julguei tão tarde ainda
Então procurei pelos lugares abertos
Desertos abertos, com vida
Fui ter com quem, também
Não soube encontrar a avenida
Que a todos conduz, por certo
Ao sono – o ensaio da partida
A morte ao avesso
Dormir não é morte nem vida
Apenas um luxo ao corpo que descansa
Para uma cabeça que não desliga

Posso contar a história
Que bem aceitaria este título:
A última dama da ilha

Andar! Corramos! - Ozimpio

Talvez um dia seja um livro
Talvez um dia seja um filho
Sendo que é um corcel galopando
Uma tribo selvagem pilhando
Neste peito náufrago e perdido
Seria a novela de quando encontrei
A dama com vinte filhas
De como uma a uma as amei
Até duas a duas
E mais
Seria a epopeia perdida
Do homem que acorda ferido
Voando em Pégaso ancestral
Estando vinte vezes traído
E lamentando não ter tido
A última dama, a dama fatal

Andar! Corramos! - Ozimpio
O mais lindo alguém que pode haver

Porque é tão difícil entender
O que os olhos cansam de mostrar
O que o destino cansa de dizer
E a gente não cansa de procurar
O que sempre está tão perto de você
Sem depender de sorte ou de azar
Arranja sempre um jeito de se esconder
Da felicidade que quer
Quer te encontrar
O mais lindo alguém que pode haver
Não está no outdoor nem na TV
O mais perfeito amor que pode achar
Não está no cinema nem é pop star
Tem um amor esperando para te ter
Basta abrir seu coração e se entregar
À pessoa que te aceita como é
E ainda te quer
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Andar! Corramos! - 25 poemas de Ozimpio

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  • 2. Ozimpio Sousa Ozimpio Andar! Corramos! Com 25 poesias Ozimpio Dias de Sousa é mineiro, nascido em Monte Carmelo, Minas Gerais. De família de gente simples é o filho caçula de quatro irmãos que tiveram a sorte de serem trazidos pelos pais para estudar na cidade. O gosto pelas artes se manifestou na infância do poeta. Músico desde os 10 anos, tocou nas bandas de música da sua cidade e começou a escrever muito cedo. Ganhou concursos de redação na sua região e evidenciou ainda criança outra grande paixão, a comunicação e o jornalismo. Ele é o criador do jornal da sua cidade, Jornal Notícia Regional, fundado no ano 2000. Hoje edita o jornal e um site homônimo. Possui também uma revista de variedades, chamada Link, de circulação regional. Compositor, já teve suas músicas premiadas em festivais da canção como Festimoca e Canta Coró e tantas outras canções gravadas por artistas em vários estados brasileiros. Formado em Letras pela FUCAMP-MG em 2009, hoje reside em Brasília onde prepara material para um doutorado em literatura pela UNB. Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 3. “Pedras? Com as que me atiraram vim me construindo Com as que ainda faltam me porei de pé” “Antídoto Estou morrendo aos pouquinhos E de um remédio eu preciso Que só existe em seus lábios E que se chama sorriso” “Hoje é bom o quanto basta. Ainda que eu creia que o melhor está no porvir não espero, no entanto, a alegria futura. Antes, brindo com o bem que tenho agora. Quando o futuro melhor chegar há de me encontrar comemorando as felicidades que eu já tinha, ora bolas.” Recortes da Folha do Reino “A diferença é que antigamente a comparação era com a vida dos artistas e celebridades e hoje é com a dos amigos, parentes e vizinhos na internet. A inveja é a mesma, essa não muda.” “Para o ano novo Se você estiver só Que ganhe um amor verdadeiro Que ganhe um amor só, mas inteiro Se este ano foi um nó Uma uruca, um entrevero... Que o novo seja alegria, saúde, paz, fantasia, Festa e muito dinheiro!” “Em Monte Carmelo, Cerrado Mineiro, Brasil, uma chuva fina cuida de amainar o calor do verão, lava as ruas calmamente preparando as passarelas para o desfile noturno das conterrâneas” “Um espírito maligno se apossou da minha impressora com o firme propósito de perpetrar em mim um infarto. Agora determino, em nome do Windows 7, que ela seja livre de todo vírus, todo cartucho desalinhado, todo papel embolado e que funcione imediatamente. Sai!” Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 4. “Natal em flor Enfim, de qual valor me queixaria? Do quê sentiria falta? Só me furtaram o bem que eu sentia Em nunca ter trancado a porta” Ninguém prestava atenção Por nada eu estava vendo A rama deu um botão Eu vi ele florescendo Trouxe alma ao meu coração O amor singelo crescendo Fui um pouco José então Que assistiu Jesus nascendo” “De ano novo Aposte no ano novo, isso não é ridículo Ridículo seria não crer em nada Quando a vida essencialmente é risco Viver é aventura e aposta Pensar é buscar lógica para isso Nenhum profeta nos deixou resposta Antes, encheram-nos de pergunta e abismo Não vejo mais razão na física de Einstein Do que nos estudos da minha avó Para o jogo do bicho” “Veja um homem como eu: controlado. Mulher para me ter só com receita azul” “Ser derrotado com a consciência tranquila dói e passa. Já a mentira amarga sempre, até na vitória.” “Quem cospe no cinzeiro suja o rosto” “Epitáfio: Quedei-me aqui inconformado Caguei-me sempre da morte chegar E se houver outras vidas e mundos Estou lá buscando meios de voltar” “Só fui saber o que é propriedade Quando encontrei minha casa arrombada Dou graças ao desapego que tenho Obstante não levarem nada Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 5. Andar! Corramos! (para os manifestantes de hoje) Poesia Misturada - Andar! corramos! - Para onde? - Que importa, corramos! - Mas quem são estes Correndo? - Somos nós, eu e você Que lá vamos, olha... - Não, não os conheço, Por que se revoltam? - Não sei, mas por que A gente não se revolta? - Não sei, deveríamos? - Aquela multidão Se parece comigo E com a minha revolta - Mas não têm líderes, A quem seguimos? - Não importa, seguimos Porque estávamos dormentes - E o perigo? - Não importa - E o sentido? - Está no caminho, Vem comigo? - Vou sim Andar! Corramos! Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 6. Atrapalho-me com as palavras Sei que atrapalho-me com as palavras Sofro tanto Trombo com elas pelos caminhos São sombras Diferentes como soam Ganham tanto teor Recebem estranho espírito É vela, eu a velo, içar velas... Qual o sentido? Termos variáveis Se escritos, ouvidos, havido Atrapalho-me com as palavras Essas espaçonaves Como as observo Insólitas e livres Em seu infinito Bradam dez mil homens armados Que os rumores de uma guerra são sentidos E a imagem que me desconcerta a alma Tem seu cheiro entorpecente Ouço dez mil bombas explodindo A dor do aço trespassando o espírito Ora tomado de um anelo quente Varrerão a sombra dos presságios Que bons ou maus vão dissipar-se mesmo Para depois condensar no vácuo Onde estarei, vítima irrevogável Eterno dono de um amor imenso Ela é um pouquinho do que resta Molécula dividida de um sonho autentico Da magia restrita dos duendes Da alegria oscilante das festas Ela... é um pouquinho do que resta A partícula que remonta o todo Que o Demais sem ela não é nada De um passado absoluto e remoto Que perdido em minha alma Martiriza O vento utópico da eterna namorada Somente nela concretiza O fogo ardendo no conflito dessas várzeas Me atinge o peito a cada segundo Vai me ferindo sem deixar marcas Enchendo-me dessa calma catastrófica Se equilibrando nos abalos sísmicos De vez em sempre eu contrato um guia Que me leve bem longe dessa mágoa E atravessamos planícies de deserto Que sempre findam à porta de tua casa Apago teu nome um milhão de vezes Que continua escrito, cravado nessas páginas Bem como por mágica o bom se faz sisudo Eu permaneço grávido desse medo E amenamente ateio fogo em tudo As fagulhas que recaem sobre o solo Traço por traço desenham o teu rosto Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 7. E como a fênix a emergir das cinzas Vejo teu nome escrito ali de novo Posso com um sopro livrar-me dessas cinzas Força ainda me resta de sobejo Poderia acabar com tudo isso Mas vou sair atrás de ti Agora mesmo Deus menino Olho correndo o menino Pulando, vez outra, quer tocar o céu Não sabe que não pode Acredita Entusiasmado por um pássaro Amigo seu - É lá que Deus mora - É seu pai. Lhe disseram... Embora lhe encantasse o infinito Antes disso Era o contrário precipício Azul que escolheu O pé, lhe feriu um espinho Doeu Mas como são os meninos Disse um ai e sorriu -Daqui a pouco lhe alcanço Levantou e correu Viu nascer um carneirinho Viu um filhote no ninho Viu um poço e bebeu Viu tanta gente De todo tipo Mas, enfim, cresceu Em horas penso Que era Jesus Esse menino meu Os evangelhos não contam Quando ele era menino Mas ele nem se preocupava Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 8. Ele já conhecia Os espinhos, a estrada Conhecia o Pai que lhe amava Que lhe diria um dia - Menino. Qualquer menino é Deus Posso pintar? Ou Índigo Azul, azul, raso Vai meu dedo deixando Rastro Branco Dois dedos E outros Rastros brancos Azulejos Imagino amarelo Vejo Vermelho Faz toda tinta O que penso Tinta aquarela Escorre mesmo Nem dura Um século Fugaz tintura Fumaça branca Resoluta Resolvemos Resolvemos Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 9. Horário de visita Flor do deserto Quase ninguém ficou sabendo Que outro dia estive internado Fui queixar-me a um doutor Que descobriu meu coração inchado Flor do deserto és forte, És triste Flor do deserto, sublime Flor da alma Flor do deserto és miragem Ou existes? Flor do deserto De beleza, assim, tão calma Ri para o cirurgião e sua inocência - Deste peito meu é analfabeto Mas me colocou em paciência Com suas ditaduras de médico Descobri fugir no horário de visitas Que não recebi visita alguma mesmo Misturo-me, e saio em meio aos turistas Que vêm prestigiar o mal alheio Quando vai o horário me reinterno Pois já estive muito por aí passeando Das visitas minhas não fico sabendo Ocupo este meu horário especulando Acabei, sem querer, sendo moderno Com esta solução que fui tramando Sou, que sei, o único interno Que não é visitado, pois que está visitando Andar! Corramos! - Ozimpio Flor do deserto, a tempo e fogo Tu resistes Flor do deserto. Deserto De vida morta És sublime, porém forte Tu resistes A sua forma, nesse Vão de nada, corta Flor do deserto, diamante Concebido Tal qual princesa no deserto Solitário Mirar-te ao longe É milagre recebido Peça que Deus perdeu Do próprio relicário Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 10. O dia da mãe Foi uma mulher só que nos amou Antes de nos conhecer - A mãe Mãe não escolhe o filho Filho não escolhe a mãe É um casamento arranjado Por Deus ou pelo acaso... Certo que é o amor definitivo Maior, ideal e primitivo Quais todos os outros tentarão imitar Ainda que não consigam Mãe, que tem tão pouca rima Lembro meu pai que nunca Conheceu mãe Mas que sempre chora neste dia Em que todos lembram: Tive mãe. Sei que não chora por não tê-la visto Nem por carência ou maltrato... Sei que lamenta de ter a certeza Que o amor de mãe É o amor de fato Não há, quero crer, amor perdido Que por mais que te amole ou arranhe Possa provocar igual vazio Ao que tem quem perdeu o amor de mãe Há filhos sem pai por toda parte Mas não há um, sequer, que não tem mãe Mesmo que não a tenha conhecido Mesmo que sofra e apanhe Talvez legítimo ou adotivo Que seja o bem que gera, cria, ou que acompanhe Sobra sobre qualquer ser, ser um filho Que certo tem, ter vindo de uma mãe Penso haver amor entre outros mundos Sendo que filhos se perdem de suas mães E seguem pela vida procurando Água que os proteja e que os banhe Dizem que a mulher que procuramos Para que nos conquiste, nos ganhe Tem de ser a mais próxima cópia Do ideal chamado amor de mãe Talvez seja por isso que nunca achamos Fruta deste sabor, quem colha ou apanhe Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 11. Coragem Ridículo A coragem não desafia, enfrenta Não provoca, ouve Não reage, pensa Vence e recolhe-se Perde e não se vinga A coragem toma conselho Com o medo Sem explodir, não sucumbe É humilde É útil É amiga Que não parece muito ser poeta Que ninguém respeita este tipo de gente Que fazer poemas não desperta Consideração verdadeiramente Que quase todo moleque é poeta E arrisca versos apaixonadamente Mas perde esta inspiração com a época Em que se descobre ridículo e reticente E para quem a época não passa E para quem permanece doente E para quem continua em versos Aos vinte, trinta, quarenta e sempre? Não foge Protege a justiça Treme na batalha E não recua Põe a prêmio o amor Arrisca a vida Que tarefa dura essa Reconheço assustadoramente Que conservei em min a pecha Achando-me poeta ridiculamente Desafia a morte Compraz-se com a lida Nem valentes, nem covardes Quem agiu com coragem Quase sempre duvidou Que a tinha Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 12. Ponderas Eu branco Ante o transeunte Que te insulta Ora tem neste imbróglio O evangelho Depurado no crisol Que em verdade Distancia-te da coragem E do cemitério Sabe aquelas janelas, as paredes, os muros, as coisas Estão todos brancos novamente Caiei tudo de novo e me pus na rede É valente O que jaz sob essa lápide Como é comum sepultarmos Normalmente Gente que viveu Como nós mesmos Sem se vender Flor ou semente “A lo lejos” Meu encanto, quais pincéis são estes Que é você ir passando para As flores surgirem de repente Um que sofreu Verdadeiramente Outro que se perdeu Em desespero O da solução O inteligente Aquele que Sentiu em alto relevo O que o outro não viu Não viu Ou guardou em segredo Nem precisa eu ficar pensando Põe neles sempre um verde diferente Fiz de propósito esperando Que venha colori-los mesmamente Só sei rir vendo teus cabelos Estampando minhas roupas, cadernos e pertences Mais feliz de ver quando Seus olhos ficam todos verdes Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 13. Lá vai procissão do enterro Para o crer dos que resistem, Alimento É Eleutério que vai lá Sendo Para o querer de todos Monumento Pavilhão que aliviará Por alguns dias A dor de quem ainda vive Vivendo Lá vai procissão do enterro Vai levando Eleutério Ele mesmo Quando nasceu não sabia Seu lugar, sua família Eleutério não sabia Nada do seu enterro Vão lhe plantar esperando Não que renasça um dia Mas que tua morte perpetue neles Sua egoísta ignorância Mas também Eleutério Nascia ali, agora mesmo E pra ele ainda havia Toda dúvida A consciência que não soube Embora crendo Era só Eleutério que lá ia Nascendo Nasceu para renascer um dia “Não se importe Eleutério Disso que está por aí sofrendo Tudo é para que você, Um dia Mesmo desavisado, consiga Alcançar teu implacável crescimento Será promissória Que liquidará Sem medo No paraíso que aguarda O que restar do teu padecimento” Levam-na agora, sua fé Irão sepultá-la À tarde no cimento Farão dela, Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 14. Calma Mesmamente Não faça com pressa Não se perca Ou, afinal, que loucura é esta? Antes pé ante pé com firmeza Que espatifar-se a mil nestes caminhos Tanto que escrevi desde que lembro-me Fui burilando as palavras que tinha E no ter não ter do meu vocabulário Estive encaixando outras palavras minhas Vai com fé na trilha da incerteza Esperar o quê? De quem? Você nasceu de alguém Mas sozinho O que se apavora erra E caminho errado Ainda é caminho Melhor desvenda a estrada O que mais tropeça Boa companhia tem mais valor Para quem conhece a dor De ser sozinho Andar! Corramos! - Ozimpio Senti-me sempre nisso envergonhado Em comparando-me com os poetas que lia Meus reis, ídolos, meus clássicos Nem chamar de poemas meus versos poderia Sabendo disso ainda escrevi poemas Certo que não eram dignos de nada Até perceber um dia tristemente Que como os poemas que eu não publicava Os versos dos reis que admirava Eram tão desconhecidos mesmamente Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 15. Hora de dormir A última dama da ilha É a cidade adormecida Não sabe nada ainda Suas ruas guardaram o silêncio Sem saber da minha vinda No escuro do abandono eu andei por elas Eu vi sua face desconhecida Fizeram esta noite para que eu dormisse Mas não julguei tão tarde ainda Então procurei pelos lugares abertos Desertos abertos, com vida Fui ter com quem, também Não soube encontrar a avenida Que a todos conduz, por certo Ao sono – o ensaio da partida A morte ao avesso Dormir não é morte nem vida Apenas um luxo ao corpo que descansa Para uma cabeça que não desliga Posso contar a história Que bem aceitaria este título: A última dama da ilha Andar! Corramos! - Ozimpio Talvez um dia seja um livro Talvez um dia seja um filho Sendo que é um corcel galopando Uma tribo selvagem pilhando Neste peito náufrago e perdido Seria a novela de quando encontrei A dama com vinte filhas De como uma a uma as amei Até duas a duas E mais Seria a epopeia perdida Do homem que acorda ferido Voando em Pégaso ancestral Estando vinte vezes traído E lamentando não ter tido A última dama, a dama fatal Andar! Corramos! - Ozimpio
  • 16. O mais lindo alguém que pode haver Porque é tão difícil entender O que os olhos cansam de mostrar O que o destino cansa de dizer E a gente não cansa de procurar O que sempre está tão perto de você Sem depender de sorte ou de azar Arranja sempre um jeito de se esconder Da felicidade que quer Quer te encontrar O mais lindo alguém que pode haver Não está no outdoor nem na TV O mais perfeito amor que pode achar Não está no cinema nem é pop star Tem um amor esperando para te ter Basta abrir seu coração e se entregar À pessoa que te aceita como é E ainda te quer Que sabe te entender E Perdoar Andar! Corramos! - Ozimpio Andar! Corramos! - Ozimpio