2. estrutura do caderno
Texto de apresentação
Visão Geral contexto anos 60, 70 e 80
Glossário de arte contemporânea
CARO MULTIPLICADOR, Artista Vida e obra
Este caderno é produzido pelo Programa Educativo Oi futuro Texto de consulta e crítica
a cada exposição com intuito de fomentar a pesquisa e os
desdobramentos reflexivos e experimentais, antes, e após
Diálogos com o artista
a visita às galerias de arte do Centro Cultural Oi Futuro.
Confrontando temas e sugerindo debates
Nesse caderno além de informações sobre o artista, a
exposição e sua obra, o Programa Educativo propõem
diálogos com a arte contemporânea e as linguagens digitais. ! saiba mais
É importante que você, multiplicador, nos relate sua experiência e
avalie o nosso material. Contamos com sua participação! Equipe do Projeto Educativo
Atenciosamente,
Programa Educativo Oi Futuro
educativo-oifuturo@oi.com.br
3. Apresentação
Andy, o papa do Pop, sempre foi fascinado por televisão – meio
A o programar, neste início da temporada 2011, a
exposição Warhol TV, o Oi Futuro presta tributo à fase
menos conhecida da obra do criador da por art. Em sua
de comunicação de massa contemporâneo e ferramenta ideal para
a promoção artistica e social. E não é que ironicamente, na hora de
crítica ao bombardeamento da sociedade pelos objetos aparecer ao vivo, Warhol, o tímido enrubesce, gageja... confunde-se?
de consumo, Andy Warhol transformava latas de sopa e Entretanto, seu grande sonho é ter um programa de televisão próprio.
garrafas de refrigerante em temas de suas obras. Um programa que ele dirigiria, e que também lhe ofereceria, e que
O artista norte americano cunhou frases provocativas, também lhe ofereceria a grande oportunidade de moldar sua imagem.
como “ Quero morrer de jeans” e a máxima “ No futuro, Em 63, dirige uma soap opera muda, na qual insere “ propagandas”
todos serão célebres durante 15 minutos” . Uma previsão verdadeiras: eis o chamado filme experimental. No início dos anos 70,
facilmente comprovada nos dias de hoje, mas inviável para brinca de inventar uma espécie de telenovela que condensa seu universo
ele próprio, que foi notabilizado pela inovação, originalidade estético fantasioso. Finalmente, em 1979, reúne uma pequena equipe,
e multiplicidade de uma produção cultural que inclui cinema, encarregada de criar programas de televisão que serão exibidos na
fotografia, pintura, publicidade, quadrinhos, vídeo e TV. novíssima tv a cabo de Nova Iorque. Ele se junta a Vincent Fremont,
A mostra no Oi Futuro registra a presença de Warhol em Don Munroe e Sue Etkin, entre outros para realizar “ Fashion” , um
programas como Saturday Night Live, em uma série sobre talk show dedicado à moda e, posteriormente o “ Andy Warhol TV”
moda, criadores e manequins e ao entrevistar ícones , um reality show estilo Factory, anterior ao célebre” Andy Warhol
como Steven Spielberg, Duran Duran, Paloma Picasso, fifteen minutes” (Anddy Warhol quinze minutos), que retoma sua
Divine, Sting e Georgia O’ Keeffe. Uma exposição capaz famosa frase sobre a fama. Esta exposição é um zapping giante pelo
de atender à expectativa de quem se interessa por um universo TV de Warhol. Uma viagem pelas obcessões do artista.
período da arte do século 20 que continua a nos influenciar, Atravessa suas facinações, amores, surpresas e medos, até culminar
pelo questionamento e ousadia de sua proposta. em seu maior assombro: a morte. Em 1987 a tranmissão de sua oração
fúnebre encerra tragicamente a história daquele que queria aparecer
na tela, estar sempre “ on air” , como dizem nos Estados Unidos.
Maria Arlete Gonçalves A televisão de Warhol é com certeza o único assunto ainda inexplorado
Diretora de Cultura do Oi Futuro nesse artista demolidor de tabus no mundo da arte.
Judith Benhamou-Huet
Curadora
4. Visão Geral
Propomos uma ida até meados dos anos 60, inicio da produção
audiovisual do artista. Período marcado por sucessivas mudanças
políticas, sociais e comportamentais; movimentos de resistência
dos negros e homossexuais, os grupos pacifistas, a emancipação
feminina, evolução dos meios de comunicação de massa, e os
avanços científicos. Um percurso de décadas marcadas por
transformações que definitivamente mudaram a sociedade como
um todo. Conquistas e mudanças que apontam para uma visão de
mundo onde a diversidade, o multiculturalismo, as microculturas, e
as relações entre o local e o global, norteiam o comportamento dos
indivíduos contemporâneos.
A partir de alguns fatos, atitudes e imagens, no passar de décadas
relacionadas à diversas dimensões (sociais culturais, políticas,
artísticas) visualizamos o contexto sobre o qual a obra de Warhol
emerge.
5. A revolução sexual feminina nos anos 60, com a criação da Em 1967, na África do Sul, ocorre o primeiro
pílula anticoncepcional. Em 1964, a inglesa Mary transplante de coração. Em maio de 1968, o
Quant escandalizou com uma saia dois palmos acima do primeiro transplante de coração é realizado no Brasil.
joelho.
Em 1961, o russo Yuri Gagarin cosmonauta soviético Protesto nas Olimpíadas de 1968.
torna-se o primeiro homem a entrar no espaço. Na cidade do México Tommie Smith e
Em agosto de 1961, ocorre a construção do Muro de John Carlos, dois atletas medalhistas
Berlim. dos EUA, fizeram a saudação “black
60
Surge na Inglaterra os Beatles power”, braço estendido com o punho
enluvado e fechado, durante a cerimônia
Em 1 de maio de 1963, a TV Tupi de premiação da modalidade. O Comitê
faz a primeira transmissão em cores da Olímpico Internacional (COI) baniu-os
televisão brasileira.
dos jogos.
Em 31 de março de 1964,
um golpe militar Inicia Criação da ArpaNet, em abril de 1969, o embrião da Internet
a ditadura militar no
Brasil. A Video-arte surge na década de sessenta,
O primeiro disco The Velvet como meio artístico, em um contexto no qual os
Underground 1967, uma influente banda de rock norte- artistas procuravam uma arte contrária à comercial.
americana, cuja capa feita por Andy Warhol, ficou conhecida O surgimento deste tipo de linguagem na arte está
por trazer uma estética pop. associado às inovações tecnológicas da época.
como surgimeto da Sony Portapak, câmera de video
portátil.
1966 Revolução Cultural na
China. Warhol se apropria da imagem
de Mao Tse Tung chefe de estado Apollo 11 foi a quinta missão tripulada do
Comunista para fazer seus retratos. Programa Apollo e primeira a pousar na Lua, em
20 de Julho de 1969. Tripulada pelos astronautas
Neil Armstrong, Edwin ‘Buzz’ Aldrin e Michael
Collins, a missão cumpriu o objetivo final do
Presidente John F. Kennedy. Warhol se apropia
das imagens divulgadas pela mídia e as incorpora
em seu trabalho.
6. Woodstock foi um festival de música que
exemplificou a era hippie e a contracultura
Em plena ditadura militar anos
no Brasil o artista Cildo
70
do final dos anos 1960 e começo de 70.
Em 1970 - Brasil tri-campeão da Copa Meireles grava em garrafas
do Mundo de Futebol, realizada no México. de refrigerantes informações
e opiniões críticas sobre
O jogador da seleção o período em questão. As
brasileira Pelé, garrafas eram postas novamente em circulação.
mundialmente conhecido não poderia Utiliza-se o processo de decalque (silk-screen) com tinta branca vitrificada,
deixar de ser é retratato por Andy Warhol
que não aparece quando a garrafa está vazia e sim quando cheia, pois
então fica visível a inscrição contra o fundo escuro do liquido Coca-Cola.
D é c a d a s
depois da
Década de muitos sons como o soul music, hard rock,
Guerra do Vietnã, o artista inglês,
soft rock, glam rock e o rock progressivo. Surge também
Banksy se apropia de uma imagem
divulgada pela mídia, de uma menina o movimento punk. Sex Pistols era uma das bandas
vietnamita. e ao acrescentando à que representavam este estilo .
imagem dois personagens típicos da
cultura americana. !http://www.banksy.co.uk/ O jovem Mick Jagger surgia
index.html com Os Rolling Stones.
Em janeiro de 1972 é lançado o Odyssey 100, primeiro
videogame do mundo.
A televisão em cores começa a se tornar popular
1974 Dá-se a Revolução dos no final dos anos 70.
Cravos em Portugal e a independência
das então colônias portuguesas na
África.
Morre em 16 de agosto de 1977 Elvis Presley.
7. 1980 - 8 de dezembro - John Lenom O movimento new wave influenciou música, comportamento e
é assassinado. artes plásticas. Duran Duran é a mais
bem-sucedida banda dos gêneros New
Em 1981 - é desenvolvido o IBM
Wave e New Romantic, tendo sido uma
PC e a interface gráfica Windows das mais importantes dos anos 80. Liderou
Uma nova política se estabelecia no mundo, o as aparições na MTV, comandando a
neoliberalismo. “Segunda Invasão Britânica nos Estados
Unidos”.
Início do Software Livre (projeto GNU, Free Software
80
Fundation). 1984 janeiro, é desenvolvido o Apple
Macintosh e a interface gráfica
1981 É descoberto o virus da AIDS. O artista norte MacOS.
americano Kate Haring, um dos ícones da pop arte dos
anos 80 e Frequentador da Silver Factory (atêlier de Andy Início da fabricação dos computadores
Warhol, espaço frequentado pessoais, ou PCs (estes ainda muito
por muitos artistas da época) primitivos), walkmans e videocassetes;
era ativista da causa da Aids,
que vitimou sua morte em 1985 - eleição a presidencia e morte de Tancredo Neves.
1990. 1988 - Nova Constituição Brasileira.
Surge a MTV. O advento da Mtv marcou passagem da era Em 1987 após fazer uma cirurgia morre o artista
da transmissão massificada, com sua grade baseada no gosto americano Andy Warhol.
geral, para o advento da Tv por assinatura,
firmada em conteúdos sob medida para
públicos específicos.
O rádio e a televisão são o principal meio Depois de 28 de sua construção em 1989 - 9 de
de disseminação de cultura pop. novembro - é derrubado o muro de Berlin.
8. Glossário de arte contemporânea
A exposição WArhol TV, mesmo Ao mosTrAr um perfil pouco explorAdo
dA obrA de Andy WArhol, nos remeTe A Alguns moVimenTos de VAnguArdA
A
o contrário de outras correntes artísticas, o dadaísmo dA ArTe, influênciA e criAção do ArTisTA
apresenta-se como um movimento de crítica cultural
mais ampla, que interpela não somente as artes, sentido anárquico das intervenções públicas.
mas modelos culturais passados e presentes. Trata-se O clima mais amplo que abriga as várias manifestações dada pode
de um movimento radical de contestação de valores que ser encontrado na desilusão e ceticismo instaurados pela Primeira
utiliza variados canais de expressão: revista, manifesto, Guerra Mundial, 1914-1918, que alimenta reações extremadas por
exposição e outros. As manifestações dos grupos dada parte dos artistas e intelectuais em relação à sociedade e ao suposto
são intencionalmente desordenadas e pautadas pelo progresso social (....)
desejo do choque e do escândalo, procedimentos típicos
das vanguardas de modo geral. A criação do Cabaré Se o dadaísmo não professa um estilo específico nem defende novos
Voltaire, 1916, em Zurique, inaugura oficialmente o modelos, aliás coloca-se expressamente contra projetos predefinidos
dadaísmo. Fundado pelos escritores alemães H. Ball e recusa todas as experiências formais anteriores, é possível localizar
e R. Ruelsenbeck, e pelo pintor e escultor alsaciano formas exemplares da expressão dada.
Hans Arp, o clube literário - ao mesmo tempo galeria de
exposições e sala de teatro - promove encontros Nas artes visuais, os ready-made de Duchamp constituem
dedicados a música, dança, poesia, artes russa e manifestação cabal de um espírito que caracteriza o dadaísmo. Ao
transformar qualquer objeto escolhido ao acaso em obra de arte,
Dadaísmo
francesa. O termo dada é encontrado por acaso
numa consulta a um dicionário francês. “Cavalo de Duchamp realiza uma crítica radical ao sistema da arte. (.....)
brinquedo”, sentido original da palavra, não guarda
relação direta, nem necessária, com bandeiras ou Por exemplo, a roda de bicicleta que encaixada num banco vira
programas, daí o seu valor: sinaliza uma escolha Roda de Bicicleta, 1913, ou um mictório, que invertido se apresenta
aleatória (princípio central da criação para os como Fonte, 1917, ou ainda os bigodes colocados sobre a Mona
dadaístas), contrariando qualquer sentido de eleição Lisa, 1503/1506 de Leonardo da Vinci, que fazem dela um ready-
racional. “O termo nada significa”, afirma o poeta made retificado, o L.H.O.O.Q., 1919. Os princípios de subversão
romeno Tristan Tzara, integrante do núcleo primeiro. mobilizados pelos ready-made podem ser também observados nas
máquinas antifuncionais de Picabia e nas imagens fotográficas de
A geografia do movimento aponta para a formação Man Ray.
!
de diferentes grupos, em diversas cidades, unidos
pelo espírito de questionamento crítico e pelo http://www.itaucultural.org.br/ aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm
9. “Eu gosto do espírito de
Ao
falar de Duchamp, torna-se
imprescindível relatar as grandes Warhol. Ele não é pintor ou
inovações e questionamentos
que ele trouxe à arte. Tomaremos cineasta. É um filmador”
como exemplo uma de suas obras
“A Fonte” (1917), pois nesta vemos as questões fundamentais
que instauram um novo momento da arte, a arte contemporânea.
Marcel Duchamp
Duchamp se apropria de um mictório - objeto de uso cotidiano
concebido através de um processo industrial, e desloca-o de seu
contexto original, apresentando-o como obra de arte num salão
de arte “Fountain”. A Obra foi recebida com bastante espanto
pelos espectadores. Dessa forma, Duchamp nos mostrou que
os sujeitos atrelam valores artísticos aos objetos, por isso, pode-
se dar status de arte a algo utilitário ao assinar e colocar data.
Coloca-se com esta obra uma série de questionamentos sobre o
papel do artista e da arte a sociedade e a vida. Qual o valor de
uma obra, pois, como dar preço à “Fountain”?
Estas ações e experimentações artísticas, questionamentos
sobre arte e vida emergem no contexto da primeira Guerra
Mundial, e são fortes expressões dos artistas da época. Este foi
um período de grande rompimento, surge uma outra concepção
do que é a arte e a aproxima da vida. O artista não mais valorizado
pelo domínio de uma técnica, mas pela criatividade, idéias ao
escolher os objetos.
10. N a década de 1960, os artistas defendem uma arte popular (pop) que se comunique diretamente com o público por
meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cerca a cultura de massa e a vida cotidiana. A defesa do popular
traduz uma atitude artística contrária ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, a arte pop se coloca na cena artística que
tem lugar em fins da década de 1950 como um dos movimentos que recusam a separação arte/vida. E o faz - eis um de seus
traços característicos - pela incorporação das histórias em quadrinhos, da publicidade, das imagens televisivas e do cinema.
Uma das primeiras, e mais famosas, imagens relacionadas ao que o
crítico britânico Lawrence Alloway (1926 - 1990) chamaria de arte pop
é a colagem de Richard Hamilton (1922), O que Exatamente Torna os
Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?, de 1956. Concebido
como pôster e ilustração para o catálogo da exposição This Is Tomorrow
[Este É o Amanhã] do Independent Group de Londres, o quadro carrega
temas e técnicas dominantes da nova expressão artística. A composição
de uma cena doméstica é feita com o auxílio de anúncios tirados de
revistas de grande circulação. Nela, um casal se exibe com (e como) os
atraentes objetos da vida moderna: televisão, aspirador de pó, enlatados,
produtos em embalagens vistosas etc. Os anúncios são descolados de
seus contextos e transpostos para a obra de arte, mas guardam
a memória de seu locus original. Ao aproximar arte e design
comercial, o artista borra, propositadamente, as fronteiras entre arte
Pop Arte
erudita e arte popular, ou entre arte elevada e cultura de massa.
Andy Warhol (1928 - 1987), Roy Lichtenstein (1923 - 1997), Claes
Oldenburg (1929), James Rosenquist (1933) e Tom Wesselmann
(1931 - 2004) surgem como os principais representantes da arte
pop em solo norte-americano. Sem programas ou manifestos,
seus trabalhos se afinam pelas temáticas abordadas, pelo
desenho simplificado e pelas cores saturadas. A nova atenção
concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana encontra seus precursores na antiarte dos dadaístas e surrealistas.
! http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=367
11. Andy Warhol
Vida e Obra
No Brasil, sugestões da arte pop foram trabalhadas na
década de 1960 por Antonio Dias (1944) - Querida, Você
Está Bem?, 1964, Nota Sobre a Morte Imprevista, 1965, e
De família pobre do subúrbio de Pittsburg nos Estados Unidos, Andrew
Mamãe, Quebrei o Vidro, 1967 -, Rubens Gerchman (1942 Warhola, filho de pais tchecos, se torna Andy Warhol. Seu sucesso
- 2008) - Não Há Vagas, 1965, e O Rei do Mau Gosto, pode ser contado desde o início de sua juventude. Após a faculdade
de Belas Arte, paga com a economia dos pais, tem início uma carreira
1966 -, Claudio Tozzi (1944) - Eu Bebo Chop, Ela Pensa
de sucesso a partir os anos 50, quando se
em Casamento, 1968, entre outros. No entanto a incipiente muda para a grande cidade: Nova Iorque, lá é
proliferação no Brasil dos meios de comunicação de massa, convidado a ilustrar revistas importantes como
a Glamour Magazine.
na década de 1960, leva, paradoxalmente, esses artistas a
aproximar técnicas da arte pop (silkscreen e alto-contraste) No final dos anos 1950, Warhol começou a
dedicar mais energia para a pintura. Ele fez
a temas engajados politicamente.
suas primeiras pinturas Pop, baseado em
histórias em quadrinhos e anúncios, em 1961.
O ano seguinte marcou o início da celebridade
de Warhol. Estreou sua famosa série “Campbell’s Soup Can”, que
causou sensação no mundo da arte. Pouco depois
começou uma seqüência de grandes retratos de
estrelas de cinema, incluindo Marilyn Monroe,
Elvis Presley, e Elizabeth Taylor. Warhol também
começou sua série de “morte e desastres” pinturas
da época.
Entre 1963 e 1968, Warhol trabalhou com seu
staff de atores e várias outras pessoas para criar
centenas de filmes. Estes filmes foram escritos
e improvisados, que vão desde experiências
conceituais e narrativas simples para curtas retratos e sexploitation
(filmes curtos de baixo orçamento explorando nudez, associados ao
12. Truman Capote, temas importantes no início de sua arte. Começou a
movimento underground). Seus trabalhos
receber dezenas, e logo centenas de encomendas de retratos pintados
incluem Empire (1964), The Chelsea Girls
de socialites, músicos e estrelas de cinema.
(1966), and the Screen Tests (1964-66)
Os retratos de celebridades desenvolvem um
aspecto importante de sua carreira e uma das
A primeira exposição de esculturas
principais fontes de renda. Era freqüentador
de Warhol foi realizada em 1964. Ela
assíduo no Studio 54, a famosa discoteca de
incluía centenas de réplicas de caixas de
Nova York, junto com celebridades como o
produtos de supermercados de grande
estilista Halston, artista Liza Minnelli, e Bianca
porte, incluindo caixas de Brillo e caixas de
Jagger.
Heinz. Para esta ocasião, ele estreou o seu novo estúdio, pintado
de prata e conhecido como “The Factory”. Rapidamente se tornou
Em 1984, Warhol trabalhou com jovens artistas,
“o” lugar para se estar em Nova Iorque, as festas estavam sempre
como Jean-Michel Basquiat, Francesco Clemente e Keith Haring. Voltou
nas colunas de fofocas de todo o país. Em meados da década de
a pintar com um pincel para essas obras, de forma breve o abandonou
1960 era uma presença frequente nas revistas e na mídia.
o método silkscreen que usara exclusivamente desde 1962.
Warhol se expandiu para o domínio da arte de performance, em
Em meados da década de 1980 seus programas de televisão, TV Andy
um traveling show multimídia chamado The Exploding Plastic
Warhol e Andy Warhol’s Fifteen Minutes foram transmitidos pela televisão
Inevitable, que contou com The Velvet Underground, uma banda
a cabo de Nova York e nacionalmente na MTV. Ele criou trabalho para
de rock. Em 1966, Warhol exibe Cow Parede e Silver Clouds na
Saturday Night Live,apareceu em um episódio de The Love Boat e
Leo Castelli Gallery.
produziu videoclipes de bandas de rock como The Cars. Warhol também
assinou com algumas agências de modelos, aparecendo em desfiles de
Warhol auto-publicou uma série de “livros
moda e numerosos e anúncios de televisão.
de artista” nos anos de 1950, mas a primeira
grande edição foi Andy Warhol Index (Book),
Warhol foi um artista prolífico, produzindo inúmeros trabalhos nas
publicada em 1967. Dois anos depois, foi
décadas de 1970 e 1980. Algumas de suas pinturas, gravuras,
co-fundador da revista Interview, voltada à
fotografias e desenhos deste período são: Mao, Ladies and Gentlemen,
cultura pop, cinema e mundo fashion, que
Skulls, Hammer and Sickles, Shadows,
continua sendo muito famosa hoje em dia
Guns, Knives, Crosses, Dollar Signs,
nos Estado Unidos. Seus últimos livros
Zeitgeist e Camouflage. Suas duas
incluem: THE Philosophy of Andy Warhol
últimas exposições foram sua série de
(From A to B and Back Again), de 1975,
pinturas Última Ceia, mostrada em Milão
Exposures de 1979, POPism de 1980 e America de 1985. Seus
e sua Sewn Fotos (várias impressões
livros são basicamente transcrições de conversas e entrevistas.
de fotos idênticas costuradas em uma
grade), exibido em Nova York. Ambas
Ao longo da década de 1970 Warhol frequentemente transita
inauguradas em janeiro de 1987, um mês antes de sua morte.
socialmente com celebridades como Jackie Kennedy Onassis e
13. A sociedade do espetáculo - um livro lúcido e demolidor, precursor
Texto de consulta e crítica
de toda análise crítica da moderna sociedade de consumo.
Lançado em 1979, o livro de Guy Debord é explicito e arrebatador. em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do
não-vivo.
Filósofo, agitador social, diretor de cinema, Guy Debord se
definia como “ doutor em nada” e pensador radical. Ligou-se O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade
nos anos 50 à geração herdeira do dadaísmo e do surrealismo. e seu instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, o
espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo
Guy Debord separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação
A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação
CAPÍTULO I generalizada.
A SEPARAÇÃO CONSOLIDADA
O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social
entre pessoas, mediatizada por imagens.
Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia
ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... O O espetáculo não pode ser compreendido como abuso do mundo da
que é sagrado para ele, não passa de ilusão, pois a verdade está visão ou produto de técnicas de difusão massiva de imagens. Ele é a
no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão expressão de uma Weltanschauung, materialmente traduzida. É uma
aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo visão cristalizada do mundo.
da ilusão é também o cúmulo do sagrado. Feuerbach — Prefácio à
segunda edição de A Essência do Cristianismo O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o
resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da
modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares
de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do
fumaça da representação. entretenimento, o espetáculo constitui o modelopresente da vida
socialmente dominante. Ele é a afirmação onipresente da escolha já feita
As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se na produção, e no seu corolário — o consumo. A forma e o conteúdo do
num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode espetáculo são a justificação total das condições e dos fins do sistema
ser restabelecida. A realidade consideradaparcialmente reflete em existente. O espetáculo é também a presença permanentedesta
sua própria unidade geral um pseudo mundo à parte, objeto de justificação, enquanto ocupação principal do tempo vivido fora da
pura contemplação. produção moderna.
A especialização das imagens do mundo acaba numa imagem
autonomizada, onde o mentiroso mente a si próprio. O espetáculo A própria separação faz parte da unidade do mundo, da práxis social
14. global que se cindiu em realidade e imagem. A prática social, diante metodológico desta sociedade que se exprime no espetáculo. Mas o
da qual surge o espetáculo autônomo, é também a totalidade real espetáculo não significa outra coisa senão o sentido da prática total da
que contém o espetáculo. Mas a cisão nesta totalidade mutila-a ao formação econômico-social, o seu emprego do tempo. É o momento
ponto de apresentar o espetáculo como sua finalidade. A linguagem histórico que nos contém.
do espetáculo é constituída por signosda produção reinante, que
são ao mesmo tempo o princípio e a finalidade última da produção. O espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível
e inacessível. Sua única mensagem é «o que aparece é bom, o que é
Não se pode contrapor abstratamente o espetáculo à atividade bom aparece». A atitude que ele exige por princípio é aquela aceitação
social efetiva; este desdobramento está ele próprio desdobrado. passiva que, na verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem
O espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a réplica, pelo seu monopólio da aparência.
realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação
do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular pela O caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do
adesão positiva. A realidade objetiva está presente nos dois lados. simples fato dos seus meios serem ao mesmo tempo a sua finalidade.
O alvo é passar para o lado oposto: a realidade surge no espetáculo, Ele é o sol que não tem poente no império da passividade moderna.
e o espetáculo no real. Esta alienação recíproca é a essência e o Recobre toda a superfície do mundo e banha-se indefinidamente na
sustento da sociedade existente. No mundo realmente invertido, o sua própria glória.
verdadeiro é um momento do falso.
A sociedade que repousa sobre a indústria moderna não é fortuitamente
O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande diversidade ou superficialmente espetacular, ela é fundamentalmente espetaculista.
de fenômenos aparentes. As suas diversidades e contrastes são No espetáculo da imagem da economia reinante, o fim não é nada, o
as aparências organizadas socialmente, que devem, elas próprias, desenvolvimento é tudo. O espetáculo não quer chegar a outra coisa
serem reconhecidas na sua verdade geral. senão a si mesmo.
Considerado segundo os seus próprios termos, o espetáculo é
a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana, Na forma do indispensável adorno dos objetos hoje produzidos, na
socialmente falando, como simples aparência. Mas a crítica que forma da exposição geral da racionalidade do sistema, e na forma
atinge a verdade do espetáculo descobre-o como a negação visível de setor econômico avançado que modela diretamente uma multidão
da vida; uma negação da vida que se tornou visível. crescente de imagens-objetos, o espetáculo é a principal produção da
sociedade atual.
Para descrever o espetáculo, a sua formação, as suas funções e
as forças que tendem para sua dissolução, é preciso distinguir seus O espetáculo submete para si os homens vivos, na medida em que a
elementos artificialmente inseparáveis. economia já os submeteu totalmente.
Ao analisar o espetáculo, fala-se em certa medida a própria Ele não é nada mais do que a economia desenvolvendo- se para si
linguagem do espetacular, no sentido de que se pisa no terreno própria.
15. É o reflexo fiel da produção das coisas, e a objetivação infiel dos A filosofia, enquanto poder do pensamento separado, e pensamento
produtores. do poder separado, nunca pode por si própria superar a teologia. O
espetáculo é a reconstrução material da ilusão religiosa.
A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social
levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente A técnica espetacular não dissipou as nuvens religiosas onde os homens
degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da tinham colocado os seus próprios poderes desligados de si: ela ligou- os
vida social em busca da acumulação de resultados econômicos somente a uma base terrestre. Assim, é a mais terrestre das vidas que
conduz a uma busca generalizada do ter e do parecer, de forma se toma opaca e irrespirável. Ela já não reenvia para o céu, mas alberga
que todo o «ter» efetivo perde o seu prestígio imediato e a sua em si a sua recusa absoluta, o seu falacioso paraíso. O espetáculo é a
função última. Assim, toda a realidade individual se tornou social e realização técnica do exílio dos poderes humanos num além; a cisão
diretamente dependente do poderio social obtido. Somente naquilo acabada no interior do homem.
que ela não é, lhe é permitido aparecer.
À medida que a necessidade se encontra socialmente sonhada, o
Onde o mundo real se converte em simples imagens, estas simples sonho torna- se necessário. O espetáculo é o mau sonho da sociedade
imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes típicas de moderna acorrentada, que ao cabo não exprime senão o seu desejo de
um comportamento hipnótico. O espetáculo, como tendência para dormir. O espetáculo é o guardião deste sono.
fazer ver por diferentes mediações especializadas o mundo que já
não é diretamente apreensível, encontra normalmente Destituída de seu poder prático, e permeada pelo império independente
na visão o sentido humano privilegiado que noutras épocas foi o tato; no espetáculo, a sociedade moderna permanece atomizada e em
a visão, o sentido mais abstrato, e o mais mistificável, corresponde contradição consigo mesma.
à abstração generalizada da sociedade atual. Mas o espetáculo não
é identificável ao simples olhar, mesmo combinado com o ouvido. Mas é a especialização do poder, a mais velha especialização social,
Ele é o que escapa à atividade dos homens, à reconsideração e que está na raiz do espetáculo. O espetáculo é, assim, uma atividade
à correção da sua obra. É o contrário do diálogo. Em toda a parte especializada que fala pelo conjunto das outras. É a representação
onde há representaçãoindependente, o espetáculo reconstitui-se. diplomática da sociedade hierárquica perante si própria, onde qualquer
outra palavra é banida, onde o mais moderno é também o mais
O espetáculo é o herdeiro de toda a fraqueza do projeto filosófico arcaico.
ocidental, que foi uma compreensão da atividade dominada pelas
categorias do ver; assim como se baseia no incessante alargamento O espetáculo é o discurso ininterrupto que a ordem presente faz sobre si
da racionalidade técnica precisa, proveniente deste pensamento. própria, o seu monólogo elogioso. É o auto-retrato do poder no momento
Ele não realiza a filosofia, ele filosofa a realidade. da sua gestão totalitária das condições de existência.
É a vida concreta de todos que se degradou em
universoespeculativo.
16. A aparência fetichista de pura objetividade nas relações Todo o poder separado foi pois espetacular, mas a adesão de todos a
espetaculares esconde o seu caráter de relação entre homens uma tal imagem imóvel não significava senão o reconhecimento comum
e entre classes: uma segunda natureza parece dominar o nosso de um prolongamento imaginário para a pobreza da atividade social real,
meio ambiente com as suas leis fatais. Mas o espetáculo não é ainda largamente ressentida como uma condição unitária. O espetáculo
necessariamente um produto do desenvolvimento técnico do ponto moderno exprime, pelo contrário, o que a sociedade pode fazer, mas
de vista do desenvolvimento natural. nesta expressão opermitido opõe-se absolutamente ao possível. O
espetáculo é a conservação da inconsciência na modificação prática
A sociedade do espetáculo é, pelo contrário, uma formulação que das condições de existência. Ele é o seu próprio produto, e ele próprio
escolhe o seu próprio conteúdo técnico. O espetáculo, considerado fez as suas regras: é um pseudo-sagrado.
sob o aspecto restrito dos «meios de comunicação de massa» — sua
manifestação superficial mais esmagadora — que aparentemente Ele mostra o que é: o poder separado, desenvolvendo-se em si
invade a sociedade como simples instrumentação, está longe mesmo no crescimento da produtividade por intermédio do refinamento
da neutralidade, é a instrumentação mais conveniente ao seu incessante da divisão do trabalho na parcelarização dos gestos, desde
automovimento total. As necessidades sociais da época em que se então dominados pelo movimento independente das máquinas; e
trabalhando para um mercado cada vez mais vasto. Toda a comunidade
desenvolvem tais técnicas não podem encontrar satisfação
e todo o sentido crítico se dissolveram ao longo deste movimento,
senão pela sua mediação. A administração desta sociedade e todo
no qual as forças que puderam crescer, separando-se, ainda não se
o contato entre os homens já não podem ser exercidos senão por
reencontraram.
intermédio deste poder de comunicação instantâneo, é por isso que
Com a separação generalizada do trabalhador daquilo que ele produz
tal «comunicação» é essencialmente unilateral; sua concentração perde-se todo ponto de vista unitário sobre a atividade realizada, perde-
se traduz acumulando nas mãos da administração do sistema se toda a comunicação pessoal direta entre os produtores. Na senda do
existente os meios que lhe permitem prosseguir administrando. A progresso da acumulação dos produtos separados, e da concentração
cisão generalizada do espetáculo é inseparável doEstado moderno, do processo produtivo, a unidade e a comunicação
a forma geral da cisão na sociedade, o produto da divisão do tornam-se atribuições exclusivas da direção do sistema. O êxito do
trabalho social e o órgão da dominação de classe. sistema econômico da separação significa a proletarização do mundo.
A separação é o alfa e o ômega do espetáculo. A institucionalização O próprio êxito da produção separada enquanto produção do separado,
da divisão social do trabalho, a formação das classes, constituiu experiência fundamental ligada às sociedades primitivas, desloca-se,
a primeira contemplação sagrada, a ordem mítica em que todo o no pólo do desenvolvimento do sistema, para o não-trabalho, para a
poder se envolve desde a origem. O sagrado justificou a ordenação inatividade.
cósmica e ontológica que correspondia aos interesses dos Senhores,
ele explicou e embelezou o que a sociedade não podia fazer.
17. Mas esta inatividade não é em nada liberta da atividade produtiva: O que une os espectadores não é mais do que uma relação irreversível
depende desta, uma submissão inquieta e contemplativa às com o próprio centro que mantém o seu isolamento. O espetáculo reúne
necessidades e aos resultados da produção; ela própria é um o separado, mas reúne-o enquanto separado.
produto da sua racionalidade. Nela não pode haver liberdade
fora A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado (que é
da atividade. No quadro do espetáculo toda a atividade é negada, o resultado da sua própria atividade inconsciente) exprime-se assim:
exatamente pela atividade real ter sido integralmente captada quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-
para a edificação global resultante. se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a
Assim, a atual «libertação do trabalho», o aumento dos tempos sua própria existência e o seu próprio desejo.
livres, não é de modo algum libertação no trabalho, nem libertação A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece
de um mundo moldado por este trabalho. nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que
Nada da atividade roubada no trabalho pode reencontrar-se na lhos apresenta.
submissão ao seu resultado. Eis porque o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque
o espetáculo está em toda a parte.
O sistema econômico fundado no isolamento é uma produção
circular do isolamento. O isolamento fundamenta a técnica, e, em O trabalhador não produz para si próprio, ele produz para um poder
retorno, o processo técnico isola. independente. Osucesso desta produção, a sua abundância, regressa
ao produtor como abundância da despossessão. Todo o tempo e o
Do automóvel à televisão, todos os bens selecionados pelo espaço do seu mundo se lhe tornam estranhos com a acumulação dos
sistema espetacular são também as suas armas para o reforço seus produtos alienados. O espetáculo é o mapa deste novo mundo,
constante das condições de isolamento das «multidões solitárias». mapa que recobre exatamente o seu território. As próprias forças que
O espetáculo reencontra cada vez mais concretamente os seus nos escaparam mostram-se-nos em todo o seu poderio.
próprios pressupostos.
O espetáculo na sociedade representa concretamente uma fabricação
A origem do espetáculo é a perda da unidade do mundo, e a de alienação. A expansão econômica é principalmente a expansão
expansão gigantesca do espetáculo moderno exprime a totalidade da produção industrial. O crescimento econômico, que cresce para si
desta perda: a abstração de todo o trabalho particular e a abstração mesmo, não é outra coisa senão a alienação que constitui seu núcleo
geral da produção do conjunto traduzem-se perfeitamente no original.
espetáculo, cujo modo de ser concreto é justamente a abstração.
No espetáculo, uma parte do mundo representa-se perante o O homem alienado daquilo que produz, mesmo criando os detalhes do
mundo, e é-lhe superior. seu mundo, está separado dele. Quanto mais sua vida se transforma
O espetáculo não é mais do que a linguagem comum desta em mercadoria, mais se separa dela.
separação.
18. Diálogos com o artista
O espetáculo é o capital a um tal grau de acumulação que se
toma imagem.
Tradução em português:
www.terravista.pt/IlhadoMel/1540
Andy Warhol segue sua carreira cercado de principalmente três
Paráfrase em português do Brasil: fascinações: fama, beleza e morte. Cercado por essa tríade, a
Railton Sousa Guedes maneira de desenvolver sua trajetória está visceralmente ligada aos
Coletivo Periferia meios de comunicação de massa: revistas, cinema e televisão. Isso
www.geocities.com/projetoperiferia
se reflete de maneira abrangente em seu trabalho, desde a forma
Editorações, tradução do prefácio e versão para eBook (fotografias, propagandas e novelas) aos assuntos (moda, musica,
eBooksBrasil.com esportes e cotidiano).
A arte de Andy Warhol são como chamadas de jornais ou publicidade
de televisão: tem a ambição de se comunicar rapidamente e de
forma ampla com o grande público. Transforma fama em arte. E a
arte em fama.
Aprofundar nas idéias de Warhol, e em seu comportamento profético
– que contaminou a maneira de encarar alguns dogmas publicamente
– é emergir, atingir a superfície.
Este caderno de apoio traz a superficialidade de frases curtas e de
efeito, é de certa forma um jeito de ler o mundo através do olhar de
Andy Warhol.
19. W arhol
frase
nessa
expõe
sua ideia em relação
“Não me incomodo que
me copiem mas detesto
à cópia. A reprodução que assinem meu nome” Copyleft é uma forma de usar a legislação de proteção dos
direitos autorais com o objetivo de retirar barreiras à utilização,
de fotografias, cenas,
difusão e modificação de uma obra criativa devido à aplicação
pessoas, é recorrente em suas obras. Assim como a apropriação
clássica das normas de propriedade intelectual, exigindo que as
de imagens, o artista trabalha com a massificação que a
mesmas liberdades sejam preservadas em versões modificadas.
publicidade faz – mas cria uma diversidade de textos e cores
O copyleft diferere assim do domínio
- , ao repetir – com o uso da técnica da serigrafia. Em sua
público, que não apresenta tais
produção televisiva, muitas repetições são realizadas com a
exigências. “Copyleft” é um trocadilho
edição e gravação de vídeo. Um dos fatores marcantes em
com o termo “copyright” que, traduzido
suas obras é que suas produções nos remetem a símbolos
literalmente, significa “direitos de copia”.
da sociedade do consumo.
Uma obra, seja de software ou outros
Andy dizia que não via sua obra por ótica politica critica,
trabalhos livres, sob uma licença Copyleft
embora muitos de seus trabalhos nos instiguem a ler
requer que suas modificações, ou extensões do mesmo, sejam livres,
criticamente a sociedade em que vivemos. E você, o que
passando adiante a liberdade de copiá-lo e modificá-lo novamente.
pensa sobre a repetição constante de imagens, ideias, sons
Uma das razões mais fortes para os autores e criadores
e pessoas? Hoje à disposição dos sujeitos estão inúmeros
aplicarem copyleft aos seus trabalhos é porque desse modo
meios de acessar e fazer informação, como é a relação
esperam criar as condições mais favoráveis para que mais
com as práticas de apropriação e reprodução de imagens?
pessoas se sintam livres para contribuir com melhoramentos
Ctrl C e Ctrl V, sampler, donwload, pirataria, direitos,
e alterações a essa obra, num processo continuado.
são algumas das palavras que englobam este tema.
Na exposição presente no Centro Cultural Oi Futuro,
percebemos a repetição de diversas maneiras, seja por
! http://pt.wikipedia.org/wiki/Copyleft-
meio da museografia (modo pelo qual o acervo é organizado
e apresentado) ou pelo conteúdo dos vídeos produzidos pelo
artista. Você já parou para observar em quais momentos isto
acontece?
20. “Sempre suspeitei que estava assistindo
“No futuro todos serão famosos televisão ao invés de viver minha vida.”
durante quinze minutos ”
As mídias convergiram, a televisão pode ser acessada pela internet
através de aparelhos de telecomunicações móveis. Dentro e fora de
Warhol era filho da Tv! O artista nasce em 1928 dois anos após o
casa. Inicie uma conversa com grupo, a fim de identificar a relação
surgimento dos primeiros aparelhos. Foi telespectador e autor de
entre os integrantes do grupo com a televisão, as representações
uma linguagem que se configurava televisa. Warhol vislumbrou construídas por eles através das imagens difundidas pelo meio. Estes
uma sociedade audiovisual e contribui para isto. Para ser famoso aspectos sinalizam modos comportamentais, maneiras de ser, pensar,
hoje o que não falta são os meios - os programas no formato costroem identidades coletivas. Perguntar ao grupo se eles assistem
de Reality Shows, projetam ilustres desconhecidos ao mundo TV. Onde, e como? Quanto tempo dedicam assistindo? O que gostam
da fama. E para obter esses 15 minutos, vale tudo ..... humor, de assistir? Convide-os a observar se o grupo compartilha gostos.
beleza, sensacionalismo, “mico”, traição, banalidades, graças e Identificar possíveis relações entre programação, publico, modos de
acessar. Se eles veem tv sozinhos ou com quem eles vem?
desgraças ....e assim os mitos contemporâneos são criados, agora
a diferença é de milênios por segundos, pequenas histórias são
Contemporaneamente, muitos educadores trabalham com diferentes
contadas e recontadas. As tecnologias de capturação e edição
mídias - incluindo a tv - buscando um pensamento reflexivo dos alunos
de imagem e som nos colocam no papel de autores, e as redes quanto a estes meios de comunicação. Pensando que o educador
digitais, nos colocam comunidades interconectadas. E para que deve sempre se atualizar, torna-se necessário um contato com as
estamos tecendo esta imensa rede? diversas produções culturais objetivando promover múltiplas leituras
suas e dos alunos. Portanto, algumas questões se impõem: Como
os educadores têm trabalhado o uso das novas tecnologias em sala
! Assista ao video a Rede - no Museu das
telecomunicações de aula? As produções artísticas relacionadas aos diversos meios
de comunicação têm sido parte de reflexões no cotidiano escolar?
Buscamos ressignificar a influência da tv em nosso cotidiano?
21. Deslocando-se a pé, em seu carro ou na condução, o cidadão vê o
Confrontando Temas e anúncio que se impõe – e até aprecia como um chamariz colorido, vivaz,
alegre. Ele pode rejeitar o anúncio na página de revista ou de jornal, na
Sugerindo Debates tela da televisão, mas nunca na via pública por onde transita. Anunciantes
e publicitário sabem disso e disputam acirradamente espaços nessa
A
exposição Warhol TV agrupa os vídeos do artista em vários mídia.
temas , dentre os quais estão: Publicidade, Tv antes da
TV, Saturday night Live, Os 15 minutos de Andy Warhol, A expressão “mídias exteriores” origina-se da tradução do inglês “outdoor
Beleza e sexo, Feira de Vaidades, Caçador de Talentos, Artistas, advertising” e tem variantes como “publicidade ao ar livre”. Define um
meio de comunicação visível do espaço público, utilizado para veiculação
Damas e Cavalheiros e o Último show.
A partir dos temas sugeridos pela exposição, proponha ao seu publicitária de informações, idéias e produtos.
grupo um confronto de ideias estimulando um debate.
3. Os títulos sugeridos pelo curador da exposição podem ser substituídos
ATENÇÃO! As instigações podem ser feitas no espaço expositivo, por outros?
aproveitando as imagens propostas, ou em sala de aula, levando 4. Que outros temas poderiam ser abordados?
em consideração que todos os títulos utilizados apropriam-se do
em sala de aula
universo jovem.
Sugira aos alunos que organizem pequenos grupos. Cortem os títulos-
no esPaço exPositivo
temas, de forma aleatória entregue aos grupos formados e proponha
Uma imagem vale mais que mil palavras.
um confronto de idéias a partir da relação entre os temas. O professor
1. O que comunica mais: uma imagem ou uma palavra?
assumirá o papel de mediador, podendo enriquecer o debate com
2. Percebemos o mundo através de nossos sentidos. Qual é o
reportagens de jornal, revistas, objetos, acessórios diferentes materiais
sentido mais explorado na cultura contemporânea?
do universo jovem e de sua cultura contemporânea.
É importante aproveitar a subjetividade dos títulos (Já que
Vivemos cercados de imagens, todos os dias somos bombardeados
estão deslocados), pois é na problemática e ótica do jovem que
por representações sedutoras de um ideal de consumo que vai
encontraremos e daremos sentido ou título, para que se transformem
desde uma nova marca de alimento a uma atitude capaz de
em tema de debate.
influenciar nossos desejos e comportamento.
O espaço urbano é uma mídia poderosa, que entra pelos olhos
dos habitantes mesmo que eles não queiram ou não gostem.
22. ! veja mais Sites:
http://www.warhol.org/exhibitions/
Filmes: Studio 54 (54) http://www.youtube.com/watch?v=jaf6zF-FJBk
Dir: Mark Christopher – 1998
Sinopse: Famosa boate novaiorquina da década de 1970 vista http://www.youtube.com/watch?v=x82gWQFEpQA
pelos olhos de um rapaz recém empregado.
Um tiro para Andy Warhol ( I shot Andy Warhol)
Dir: Mary Harron – 1996
Sinopse: Baseado na história verídica de Valerie Solanas, que
foi pregava o ódio radical dos anos 60 para os homens em seu
manifesto “Scum”. Ela escreveu um roteiro para um filme que ela
queria Andy Warhol fosse o produtor, mas ele a ignorou. Então ela
atirou nele. Esta é a história de Valerie.
Basquiat – Traços de uma vida (Basquiat)
Dir: Julian Schnabel http://www.youtube.com/watch?v=rK4Bh_arF-E
Sinopse: “Basquiat” conta a história da ascensão meteórica do
jovem artista Jean-Michel Basquiat. Começando como um artista
de rua, vivendo em Thompkins Square Park, em uma caixa de
papelão, Jean-Michel é “descoberto” pelo mundo da arte de Andy
Warhol, e torna-se uma estrela. Mas o sucesso tem um preço
elevado, e Basquiat paga com amor, amizade e, eventualmente,
a sua vida.
Hairspray – E éramos todos jovens (Hairspray)
Dir: John Waters
Sinopse: Uma adolescente “agradavelmente rechonchuda” ensina
a Baltimore de 1962 uma ou duas coisas sobre a integração depois
de se destacar em um programa de dança da TV local. http://www.youtube.com/watch?v=_XK2-8Vf4o0
Velvet Underground
Álbum: Velvet Underground and Nico http://giscreatio.blogspot.com/2010/07/andy-warhol-mr-america.html
The Cars Música: Hello again
Álbum: Heartbeat City
23. Avaliação do Caderno Educativo.
Caro professor,
Acreditamos que o conteúdo apresentado em nossas ações educativas aliado a uma pesquisa mais aprofundada, e planejamento de aulas, pode
inaugurar uma troca significativa entre os conhecimentos adquiridos e seus desdobramentos na sala de aula.
Seu relato e opiniões são muito importantes para o aperfeiçoamento deste material e nos auxiliarão no processo de construção de um relacionamento
integrado entre o programa educativo e suas demandas pedagógicas.
Nome:
Endereço pessoal:
Tel. Res.:
Tel. Cel.:
e-mail:
Nome da escola:
Publica ( ) privada( )
Telefone:
e-mail:
séries com as quais trabalha:
Horário em que dá aulas:
Outras instituições em que trabalha:
Conte um pouco sobre você:
Há quantos anos é professor
Você já participou de alguma ação do programa educativo do Oi futuro?
Você participou de outros programas educativos, ou visitas culturais nos últimos 12 meses? Quais?
Você já utilizou ou se beneficiou, em sala de aula, de algum material pedagógico que tenha sido elaborado para professores nessas visitas? De qual
museu e,ou, exposição?
Você tem equipamento disponível na escola para acessar a internet?
Você costuma utilizar a internet como instrumento de pesquisa?
Seus alunos tem possibilidades de utilizar equipamentos para acessar a internet na escola?
Quais os recursos e equipamentos tecnológicos estão disponíveis na escola para serem trabalhos com seus alunos? Quais você costuma usar?
24. Agora, depois de ler o nosso caderno, faca sua analise e responda:
Os ítens - Visão Geral e Glossário de arte contemporânea tem como objetivo ampliar o seu conhecimento do artista, sua obra, e seu contexto histórico.
Qual sua avaliação sobre ele?
Você acha que faltou algum conteúdo?
Nos itens Diálogos com o artista e Texto de Consulta e Crítica, buscamos construir diálogos, relações conceituais e estéticas, entre artistas e linguagens
artísticas.
Qual sua avaliação sobre essas relações? Foram úteis para ampliar os conhecimentos adquiridos na visita?
Você se beneficiou de alguma maneira com esses diálogos nas suas ações pedagógicas?
Você planejou alguma aula para seu alunos com as idéias, conceitos e diálogos apresentados nesse item?
Tem alguma sugestão?
O que você achou de nossas propostas pedagógicas para sala de aula?
Utilizou alguma delas após a visita?
O que sentiram falta no nosso material, para compreender e realizar essas propostas em sala de aula?
O que poderia ser aperfeiçoado?
As indicações de bibliografia e sites, tem como objetivo ampliar os conhecimentos para o seu trabalho como professor.
Nossas indicações contribuíram para um maior aprofundamento em sua pesquisa pedagógica?
Qual dessas fontes de pesquisa foi a mais utilizada? Livros ou internet?
O que você gostaria de que fosse incluído em nosso material para enriquecer sua pesquisa?
De maneira geral, o que você achou do material? Comentários e sugestões.
Esta avaliação encontra-se disponível também em arquivo digital, é só solicitá-la através do email educativo-oifuturo@oi.com.br
25. Programa Educativo
Orientação Pedagógica
Keyna Mendonça
Arte educadores
Anita Sobar
Rafaela Rafael
Hugo Richard
Paula Erber
Educação Infantil
Sandra Henrique
Estagiários
Débora Sabina
Leonardo Batista
Renata Fontes Freire
Produção
Elisangela Lima