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       Contando Sabere
                       A
HISTORIAS DA DONA FIOT




                           AFRO-BRASIL
                              VOL.3
Fundação Guimarães Rosa apresenta:




         Contando Saberes:
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Historias da dona Fiota
            Afro-Brasil - Vol. 3




     Kelly Cardozo e Rosângela Gontijo




                Ilustração
         Guilherme Rocha – “FUDI”
s
                                                      ‘
                                aPresentaCao

                             Vo lume     3 . a Fro -Br a sil

A cartilha volume 3, Afro-Brasil, conta a trajetória dos nossos ancestrais quando chegaram a
terra Brasillis, às Minas das Gerais e, claro, a nossa querida Bom Despacho.

Vamos contar a vocês, leitores, como os negros africanos se adaptaram à nova rotina
no Brasil e como contribuíram, com suas experiências, para a agricultura, a mineração,
o vestuário, as artes e outras atividades. Apresentaremos vários mapas da geografia
africana e afro-brasileira.

Não poderíamos nos esquecer de relatar também a chegada dos nossos ancestrais a Bom
Despacho! Por isso, mostraremos suas primeiras habitações e os primeiros bairros, como a
Cruz do Monte e a Tabatinga - lugar onde se propagou a “Língua da Tabatinga”. Divirtam-se!



                                                           Equipe Fundação Guimarães Rosa
A história e a cultura africana atravessaram o Oceano Atlântico durante
    vários séculos...




4
Quando chegaram ao Brasil, os negros africanos encontraram pessoas completamente diferentes,
com outra cultura, outros costumes e crenças: eram os indígenas.

Não podemos nos esquecer que os indígenas também influenciaram muito na formação da cultura
brasileira com seus costumes e tradições.

Os africanos chegaram ao Brasil por volta de 1500 com o tráfico negreiro. Porém, vamos contar
para vocês o que de melhor veio da África.




                                                                                                5
Oi, vovó Fiota, tudo bem?

    Estamos aqui para falar mais sobre
    a história do continente africano e
    como nossos ancestrais chegaram ao
    Brasil.

    Hoje, convidei alguns coleguinhas para
    me ajudar a contar essa história.

    A senhora se importa?




6
Oi, Bruno! Estou muito curiosa para saber mais
sobre as origens do nosso povo e como ele
chegou até aqui vindo de tão longe.

Claro que não há problema em você convidar seus
amiguinhos, pois também vou contar algumas
histórias da nossa querida Bom Despacho.




                                                  7
Que bom, vó! Chamei o Matheus, o Clayton, a Carol e a Danielle. Eles devem
    aparecer daqui a um pouquinho. Mas, vou começar sem eles.

    A professora disse que os portugueses trouxeram os africanos para
    trabalhar primeiro no litoral brasileiro, nas plantações de cana-de-açúcar.

    Contou ainda que eles conheciam muito bem as técnicas de plantio, pesca e
    mineração. Possuíam várias habilidades...


8
Nossa, Bruno! Quer dizer que esse tal
de português trouxe o nosso povo
para cá e ainda para trabalhar?




               Isso mesmo, vó!




                                        9
Olá, Bruno, olá, Dona Fiota! Acho que
     chegamos em boa hora. Aposto que vocês
     já começaram a contar as histórias dos
     nossos ancestrais africanos!




                                    Oi, Clayton. E aí, gente? Vocês chegaram
                                    mesmo em boa hora. Estou contando para vovó
                                    Fiota a vinda dos nossos irmãos africanos ao
                                    Brasil e, já, já, veremos como eles chegaram
                                    também a Bom Despacho.




10
Olá, crianças, estou curiosíssima para conhecer mais sobre
a nossa história e disse ao Bruno que iria contar para vocês
algumas curiosidades de Bom Despacho antiga.




                                                    Pessoal, já falei para vovó que os
                                                    portugueses trouxeram os africanos
                                                    ao Brasil para trabalhar. O trabalho era
                                                    pesado, mas eles possuíam técnicas de
                                                    cultivo, mineração e criação de animais
                                                    que os portugueses não conheciam e
                                                    nem os nossos indígenas.


                                                                                               11
É mesmo, Clayton? Lembro-me que
                                                             minha mãe falava sobre o cativeiro
                                                             aqui em Minas Gerais. Será que era
     Ainda tem mais, Dona Fiota! Os portugueses              assim em todo o País?
     capturavam os africanos de lugares da África como
     Angola, Guiné-Bissau, Congo, Nigéria e vários outros,
     porque o continente é enorme...




12
Sim, Dona Fiota. Infelizmente, o tráfico de
escravos durou em torno de 350 anos: de
1520 a 1870, na história oficial. Primeiro, eles
trabalharam para os espanhóis, vizinhos dos
portugueses na Europa. Depois, nas minas de
prata do Peru, que passaram a ser conhecidas
como Rio da Prata.




                                                                   Espanhóis?




                                      Dona Fiota, os espanhóis também eram traficantes de
                                      escravos, assim como os franceses, os ingleses e os
                                      holandeses. Até os brasileiros participaram desse comércio.




                                                                                                    13
Pelo que estou entendendo,
     todos queriam os africanos
     para trabalhar!



                                               Isso mesmo. No Brasil, os primeiros africanos
                                               chegaram por volta de 1520 para trabalhar nas
                                               lavouras de cana-de-açúcar. Na África, a Ilha
                                               de Cabo Verde já cultivava a cana desde 1480.
                                               Por isso, eles conheciam a técnica de plantio.




         Meu Deus, eles eram enviados para vários lugares! Será que eles não se perdiam?


14
Dona Fiota, para cá vieram muitos africanos
e de diversas regiões da África. Vários eram
separados de suas famílias e amigos. Além
de chegar a um lugar que não conheciam,
eles tinham que se adaptar a uma nova vida.
Mesmo assim, não se esqueciam da sua terra e
procuravam manter suas tradições.

A professora disse também que, na época em
que a produção de açúcar no Brasil perdeu
força porque a ilha do Caribe plantava mais e
com melhor qualidade, os escravos passaram a
cultivar folha de fumo para produzir tabaco,
lá nas terras da Bahia.




                                                15
Uai, Claytinho, foi de lá que meu pai veio! Minha mãe me
     contou. Mas, menino, me diz uma coisa: os africanos
     ficavam nessa andança toda e não se cansavam?
                                                                E como andaram! O nosso país
                                                                é muito grande e os nossos
                                                                antepassados africanos foram
                                                                levados para todas as regiões, de
                                                                norte a sul e de leste a oeste. Com
                                                                isso, as belas e ricas tradições da
                                                                África também foram espalhadas
                                                                por todos os lugares.




16
Que maravilha essa história, Claytinho!
Conte mais, quero saber tudo!




                                          Aqui em Minas Gerais, eles chegaram somente no
                                          final do século XVII, quando foram descobertas
                                          as minas de ouro. Mas, a história de Minas vou
                                          deixar para a Carolzinha contar.




                                                                                           17
Ah, bom! Pensei que iam me
     deixar mais curiosa ainda.



                                                           Não, não! É porque a nossa história é
                                                           muito grande e cheia de detalhes, cada
                                                           um pesquisou uma parte para contar.




                                  Bom! Assim fica até mais fácil
                                  para entender, não é?




18
Claro! Então, nossos escravos andaram um bom
pedaço de chão, foram parar nas plantações
de café no Rio de Janeiro e em São Paulo antes
de conseguir sua liberdade.


                                          Bem que eu via minha mãe trabalhar muito. Ela falava que
                                          no tempo dos meus avós era do mesmo jeito.




                                                                                                     19
Sim, Dona Fiota! Mas, não podemos nos
     esquecer que eles conheciam as técnicas
     de trabalho que os portugueses nem de
     longe sabiam fazer.

     Como disse, várias etnias que chegaram
     ao Brasil do Porto da Costa da Mina, na
     região do Benin, e de Daomé, Oyó, Lagos,
     Ajudá, na Nigéria, ficaram conhecidos
     como jejê, assim como os Yorubás eram
     conhecidos como nagôs.




20
Já os negros do Porto da Costa dos Escravos, que partiram
de São Tomé e Princípe, Luanda, Congo, entre outras
nações, formavam os povos ambundos, congos, imbangalas,
ovimbundos, fingas, quocos, lubas, luandas e ficaram
conhecidos no Brasil como africanos de Angola.




                                                      Nossa, quantos nomes engraçados.
                                                      Nunca ouvi falar deles, Clayton!




Ah! É um pouco, Dona Fiota! Só agora estamos aprendendo
na escola sobre essas etnias. E tem mais: chegaram
africanos da África Central, do Sudão Ocidental (sudaneses),
de Moçambique e Bantos1, que também vieram das regiões
subsaarianas, extensão sul do equador.




                               1. A região banto compreende um grupo de 300 línguas muito semelhantes, faladas em 21 países:
                               Camarões, Chade, República Centro-Africana, Guiné Equatorial, Gabão, Angola, Namíbia,
                               República Popular do Congo (Congo-Brazzaville), República Democrática do Congo (RDC ou
                               Congo Kinshasa), Burundi, Ruanda, Uganda, Tanzânia, Quênia, Malavi, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana,
                               Lesoto, Moçambique, África do Sul. CASTRO, Yeda Pessoa de. A Influência de Línguas Africanas no
                               Português Brasileiro. Artigo da internet. Acesso 27/03/08.


                                                                                                                           21
Claytinho, minha mãe me contou que esses
 africanos Bantos trouxeram a Língua da
 Tabatinga, a chamada “língua de preto”!



                                                            Puxa vida, Dona Fiota, é mesmo?
                                                            A senhora pode nos mostrar mais
                                                            sobre essa língua?




                             Claro! Quero também falar
                             tudo o que sei sobre a nossa
                             língua secreta.




22
Como eu disse antes, muitos negros africanos foram para as lavouras e a mineração, mas
também passaram a fazer outros trabalhos na Casa Grande, o lugar onde o senhor e sua família
viviam. Os escravos se ocupavam das tarefas da casa, além de trabalhar como carregadores,
carpinteiros, alfaiates, barbeiros, sapateiros e vendedores ambulantes.




                                             Eles aprenderam a fazer de tudo um pouco!




                                                                                           23
Pois é, Dona Fiota, foi mesmo. Agora, eu vou contar para a
     senhora a trajetória dos nossos ancestrais e como chegaram
     a Minas Gerais, especialmente a Bom Despacho.




                                                   Que maravilha! Essa é a parte que
                                                   mais me interessa, Carolzinha!




             Sabe aqueles africanos do Reino do Congo que o Clayton falou?



24
Sim, eu me lembro.
                                   O que têm eles?




Na África, eles já sabiam como
extrair ouro da terra e da água.
Por isso, foram trazidos a Minas
Gerais para retirar ouro daqui
também. Isso aconteceu no meio
do século XVIII.




                                        Disso eu não sabia, Carol! Então,
                                        os africanos sabiam trabalhar nas
                                        minas. Isso me deixa muito feliz,
                                        pois é um povo muito inteligente.



                                                                        25
Sim, Dona Fiota, e como são sábios!
     Com a descoberta do ouro na vizinha
     cidade de Pitangui, que completou
     292 anos em 2007, muitos escravos
     foram trabalhar no garimpo. Alguns
     eram fugidos de Ouro Preto, Mariana,
     Sabará e outras localidades. Muito
     depois, outros foram comprados
     pelos senhores no Rio de Janeiro,
     Salvador e São Paulo para trabalhar
     nas lavouras.

     Quando esses escravos fugiam de
     Pitangui, vinham para a região onde
     depois seria Bom Despacho. Alguns
     se estabeleciam no Vale do Rio
     Picão, no Engenho do Ribeiro. Outros
     construíam quilombos entre os montes
     da nossa futura cidade.




26
Sei! Quando os escravos fugiam,
                                       formavam grupos de casas na mata,
                                       em lugares distantes e difíceis, onde
                                       se escondiam do seu senhor.

                                       Essas aglomerações receberam o
                                       nome de quilombos. Para os escravos,
                                       a fuga era uma forma de mostrar ao
                                       senhor que não estavam satisfeitos
Formavam quilombos? Você sabe
                                       com o tipo de trabalho que faziam e
o que é isso, menina?
                                       com o tratamento ruim que recebiam.




      Que bela explicação, Carol.
      Você aprendeu direitinho. Quer
      dizer que eles montavam uma
      espécie de vilarejo?



                                                                           27
Sim, Dona Fiota, só que estes eram cercados para dar proteção aos
     negros, pois a cidade de Pitangui garantia a segurança de toda a região
     com os Dragões do Reino ou com suas milícias. Então, os quilombos
     serviam de abrigo e segurança para os escravos fugidos.




                                                                     Dragões do Reino, milícias?
                                                                     São bichos?




                            Ah, ah, ah, não Bruno! Eram parecidos com os nossos policiais de hoje!



28
Os escravos fugidos abriam picadas nas matas. Passavam pelo pequeno vilarejo
de Velho da Taipa, enfrentavam as águas do rio Pará, sempre escondidos dos
olhares de quem quer que fosse. Depois, transpunham o rio Lambari seguindo
por um simpático povoado, que nos dias atuais recebe o nome de Passagem. Dali,
alcançavam o córrego de Souza, que fica próximo ao local onde atualmente é o
Bairro Ana Rosa, ou melhor, a Tabatinga, como é mais conhecido.




                                              Isso é verdade. Minha mãe me contava
                                              várias histórias da Tabatinga.



                                                                                     29
As milícias que vinham de Pitangui combatiam os quilombos, mas também construíam
     caminhos e picadas como os negros, uma vez que não existiam estradas. Eles erguiam
     seus acampamentos na Cruz do Monte, o lugar mais alto da cidade, de onde podiam
     seguir rastros dos escravos fugidos, fumaça ou poeira no horizonte. Ali, mais tarde,
     surgiria a cidade de Bom Despacho.




                                                                    É mesmo, Carol? A Cruz
                                                                    do Monte é o lugar mais
                                                                    alto de Bom Despacho?




                                                             Ah! Você não sabia disso, Bruno?


30
A professora contou que os capitães dessas
milícias, quando capturavam escravos fugidos,
ganhavam como recompensa pedaços de terra
para morar e povoar o lugar. Esses pedaços de
terra eram chamados de sesmarias, que todos
hoje conhecem com o nome de terreno ou lote.
Assim, foi se formando a nossa Bom Despacho.




                                                Entendi. E os negros que não eram
                                                capturados, já ficavam livres?




                                                                                    31
Esses, Clayton, passaram a morar onde
     é hoje o Bairro da Tabatinga, na Cruz
     do Monte, ou nas fazendas do Vale do
     Picão, no Engenho do Ribeiro.




                 Sabe, Carol, o Engenho do Ribeiro foi o lugar onde meus pais se conheceram e
                 se casaram. De lá eles se mudaram para Bom Despacho. Essa história eu conheço
                 bem. Minha mãe sempre me contou e faço questão de contar a vocês.




                          Oba! Esta história promete!
                          Que legal, Dona Fiota!




32
O Bruno disse que, além das histórias, a senhora
conhece bem a língua da “tabaca”. É verdade?




                                                   Sim, sim! Depois dessa tal abolição da
                                                   escravatura, minha mãe continuou a
                                                   trabalhar nos teares para produção
                                                   de cobertores e outras utilidades, lá
                                                   no Engenho do Ribeiro. Ela dizia que
                                                   foi essa lei que deu a liberdade ao
                                                   nosso povo.




                                                                                            33
No Vale do Picão, existia uma fazenda muito
                               antiga que passou por vários donos. Mas,
                               quem construiu o primeiro engenho de cana
                               para fabricar cachaça, rapadura e açúcar,
                               foi o Senhor Manoel Ribeiro.

                               Na época, o local virou referência para os
                               viajantes que passavam pela região, além
                               de abastecer a cidade. Com isso, o vilarejo
                               passou a ser chamado de Engenho do Ribeiro.
                               Depois, outras pessoas foram trabalhar nos
 É isso mesmo, Dona Fiota! A   teares, tal como minha mãe.
 professora ensinou a todos
 sobre essa lei assinada em
 1888: a “Lei Áurea”.




34
Sim, Dani, é verdade. Mesmo não tendo
                              freqüentado muito a escola, eu adoro
Essa história do engenho eu   saber e conhecer a nossa história.
não conhecia, Dona Fiota. É
tão bom aprender sobre a
origem da nossa cidade!




                                    Iupii! Vou contar tudo isso para os
                                    nossos colegas de classe. Aposto
                                    que eles não conhecem...




                                                                          35
Foi no engenho que minha mãe conheceu meu pai. Ele
                                      veio da Bahia procurando emprego em Minas Gerais,
                                      quando o patrão dela o contratou para fazer serviços
                                      na roça. Lá eles se casaram e ele passou a ensinar para
                                      mamãe a “língua de preto”.




     Minha mãe se mudou para
     Bom Despacho e eu nasci
     na Tabatinga. Aqui, meu pai
     continuou a ensinar a ela tudo
     o que sabia sobre as palavras
     da gíria da “tabaca”.




                                                    Que bom, a história chegou à Língua da
                                                    Tabatinga... Tenho muita curiosidade
                                                    em saber como a senhora aprendeu.


36
Não conheci meu pai. Minha mãe contava
que ele tinha voltado para a Bahia. Mas,
ela me ensinou a “língua dos pretos” para
me defender dos brancos: era o nosso
código secreto.




    E como é essa língua, Dona Fiota?

                                            Ah, ah, ah! Agora, eu vou deixar vocês
                                            curiosos! Tá ficando tarde e as mães de
                                            vocês já devem estar preocupadas. Em
                                            nosso próximo encontro, vou mostrar o
                                            que sei sobre a língua e ensinar algumas
                                            músicas, combinado?


                                                                                   37
Ah, que pena, Dona Fiota!
 Queríamos tanto conhecer...
 Mas, se a senhora promete,
 então, tudo bem!

 Fica combinado...
                                Prometo e cumpro!




                               Então, até a próxima, pessoal!


38
ii                                                 i
                                 reFerenCias BiBlioGraFiCas



HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula – Visita à História Contemporânea. São Paulo:
Selo Negro, 2005.

LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

SOUZA, Maria de Melo e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática, 2006.




                                                        Fundação Guimarães Rosa


                      Superintendente-Geral                                                   Equipe Responsável pela Pesquisa
                    Álvaro Antônio Nicolau                                          Kelly Alcilene Cardozo: Historiadora e
                                                                                      Especialista em Estudos Africanos
                  Superintendente Operacional                                    e Afro-Brasileiros • Rosângela Melo Gontijo:
                     Pedro Seixas da Silva                                                  Assistente de Pesquisa

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                        Departamento Social                                                                   Ilustração
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CARDOZO, Kelly A.; GONTIJO, Rosângela M. Contando Saberes: Histórias da Dona Fiota - Afro-Brasil. Vol. 3. Belo Horizonte: Gráfica e Editora 101, 2008. 40p.
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  • 1. s: Contando Sabere A HISTORIAS DA DONA FIOT AFRO-BRASIL VOL.3
  • 2. Fundação Guimarães Rosa apresenta: Contando Saberes: i Historias da dona Fiota Afro-Brasil - Vol. 3 Kelly Cardozo e Rosângela Gontijo Ilustração Guilherme Rocha – “FUDI”
  • 3. s ‘ aPresentaCao Vo lume 3 . a Fro -Br a sil A cartilha volume 3, Afro-Brasil, conta a trajetória dos nossos ancestrais quando chegaram a terra Brasillis, às Minas das Gerais e, claro, a nossa querida Bom Despacho. Vamos contar a vocês, leitores, como os negros africanos se adaptaram à nova rotina no Brasil e como contribuíram, com suas experiências, para a agricultura, a mineração, o vestuário, as artes e outras atividades. Apresentaremos vários mapas da geografia africana e afro-brasileira. Não poderíamos nos esquecer de relatar também a chegada dos nossos ancestrais a Bom Despacho! Por isso, mostraremos suas primeiras habitações e os primeiros bairros, como a Cruz do Monte e a Tabatinga - lugar onde se propagou a “Língua da Tabatinga”. Divirtam-se! Equipe Fundação Guimarães Rosa
  • 4. A história e a cultura africana atravessaram o Oceano Atlântico durante vários séculos... 4
  • 5. Quando chegaram ao Brasil, os negros africanos encontraram pessoas completamente diferentes, com outra cultura, outros costumes e crenças: eram os indígenas. Não podemos nos esquecer que os indígenas também influenciaram muito na formação da cultura brasileira com seus costumes e tradições. Os africanos chegaram ao Brasil por volta de 1500 com o tráfico negreiro. Porém, vamos contar para vocês o que de melhor veio da África. 5
  • 6. Oi, vovó Fiota, tudo bem? Estamos aqui para falar mais sobre a história do continente africano e como nossos ancestrais chegaram ao Brasil. Hoje, convidei alguns coleguinhas para me ajudar a contar essa história. A senhora se importa? 6
  • 7. Oi, Bruno! Estou muito curiosa para saber mais sobre as origens do nosso povo e como ele chegou até aqui vindo de tão longe. Claro que não há problema em você convidar seus amiguinhos, pois também vou contar algumas histórias da nossa querida Bom Despacho. 7
  • 8. Que bom, vó! Chamei o Matheus, o Clayton, a Carol e a Danielle. Eles devem aparecer daqui a um pouquinho. Mas, vou começar sem eles. A professora disse que os portugueses trouxeram os africanos para trabalhar primeiro no litoral brasileiro, nas plantações de cana-de-açúcar. Contou ainda que eles conheciam muito bem as técnicas de plantio, pesca e mineração. Possuíam várias habilidades... 8
  • 9. Nossa, Bruno! Quer dizer que esse tal de português trouxe o nosso povo para cá e ainda para trabalhar? Isso mesmo, vó! 9
  • 10. Olá, Bruno, olá, Dona Fiota! Acho que chegamos em boa hora. Aposto que vocês já começaram a contar as histórias dos nossos ancestrais africanos! Oi, Clayton. E aí, gente? Vocês chegaram mesmo em boa hora. Estou contando para vovó Fiota a vinda dos nossos irmãos africanos ao Brasil e, já, já, veremos como eles chegaram também a Bom Despacho. 10
  • 11. Olá, crianças, estou curiosíssima para conhecer mais sobre a nossa história e disse ao Bruno que iria contar para vocês algumas curiosidades de Bom Despacho antiga. Pessoal, já falei para vovó que os portugueses trouxeram os africanos ao Brasil para trabalhar. O trabalho era pesado, mas eles possuíam técnicas de cultivo, mineração e criação de animais que os portugueses não conheciam e nem os nossos indígenas. 11
  • 12. É mesmo, Clayton? Lembro-me que minha mãe falava sobre o cativeiro aqui em Minas Gerais. Será que era Ainda tem mais, Dona Fiota! Os portugueses assim em todo o País? capturavam os africanos de lugares da África como Angola, Guiné-Bissau, Congo, Nigéria e vários outros, porque o continente é enorme... 12
  • 13. Sim, Dona Fiota. Infelizmente, o tráfico de escravos durou em torno de 350 anos: de 1520 a 1870, na história oficial. Primeiro, eles trabalharam para os espanhóis, vizinhos dos portugueses na Europa. Depois, nas minas de prata do Peru, que passaram a ser conhecidas como Rio da Prata. Espanhóis? Dona Fiota, os espanhóis também eram traficantes de escravos, assim como os franceses, os ingleses e os holandeses. Até os brasileiros participaram desse comércio. 13
  • 14. Pelo que estou entendendo, todos queriam os africanos para trabalhar! Isso mesmo. No Brasil, os primeiros africanos chegaram por volta de 1520 para trabalhar nas lavouras de cana-de-açúcar. Na África, a Ilha de Cabo Verde já cultivava a cana desde 1480. Por isso, eles conheciam a técnica de plantio. Meu Deus, eles eram enviados para vários lugares! Será que eles não se perdiam? 14
  • 15. Dona Fiota, para cá vieram muitos africanos e de diversas regiões da África. Vários eram separados de suas famílias e amigos. Além de chegar a um lugar que não conheciam, eles tinham que se adaptar a uma nova vida. Mesmo assim, não se esqueciam da sua terra e procuravam manter suas tradições. A professora disse também que, na época em que a produção de açúcar no Brasil perdeu força porque a ilha do Caribe plantava mais e com melhor qualidade, os escravos passaram a cultivar folha de fumo para produzir tabaco, lá nas terras da Bahia. 15
  • 16. Uai, Claytinho, foi de lá que meu pai veio! Minha mãe me contou. Mas, menino, me diz uma coisa: os africanos ficavam nessa andança toda e não se cansavam? E como andaram! O nosso país é muito grande e os nossos antepassados africanos foram levados para todas as regiões, de norte a sul e de leste a oeste. Com isso, as belas e ricas tradições da África também foram espalhadas por todos os lugares. 16
  • 17. Que maravilha essa história, Claytinho! Conte mais, quero saber tudo! Aqui em Minas Gerais, eles chegaram somente no final do século XVII, quando foram descobertas as minas de ouro. Mas, a história de Minas vou deixar para a Carolzinha contar. 17
  • 18. Ah, bom! Pensei que iam me deixar mais curiosa ainda. Não, não! É porque a nossa história é muito grande e cheia de detalhes, cada um pesquisou uma parte para contar. Bom! Assim fica até mais fácil para entender, não é? 18
  • 19. Claro! Então, nossos escravos andaram um bom pedaço de chão, foram parar nas plantações de café no Rio de Janeiro e em São Paulo antes de conseguir sua liberdade. Bem que eu via minha mãe trabalhar muito. Ela falava que no tempo dos meus avós era do mesmo jeito. 19
  • 20. Sim, Dona Fiota! Mas, não podemos nos esquecer que eles conheciam as técnicas de trabalho que os portugueses nem de longe sabiam fazer. Como disse, várias etnias que chegaram ao Brasil do Porto da Costa da Mina, na região do Benin, e de Daomé, Oyó, Lagos, Ajudá, na Nigéria, ficaram conhecidos como jejê, assim como os Yorubás eram conhecidos como nagôs. 20
  • 21. Já os negros do Porto da Costa dos Escravos, que partiram de São Tomé e Princípe, Luanda, Congo, entre outras nações, formavam os povos ambundos, congos, imbangalas, ovimbundos, fingas, quocos, lubas, luandas e ficaram conhecidos no Brasil como africanos de Angola. Nossa, quantos nomes engraçados. Nunca ouvi falar deles, Clayton! Ah! É um pouco, Dona Fiota! Só agora estamos aprendendo na escola sobre essas etnias. E tem mais: chegaram africanos da África Central, do Sudão Ocidental (sudaneses), de Moçambique e Bantos1, que também vieram das regiões subsaarianas, extensão sul do equador. 1. A região banto compreende um grupo de 300 línguas muito semelhantes, faladas em 21 países: Camarões, Chade, República Centro-Africana, Guiné Equatorial, Gabão, Angola, Namíbia, República Popular do Congo (Congo-Brazzaville), República Democrática do Congo (RDC ou Congo Kinshasa), Burundi, Ruanda, Uganda, Tanzânia, Quênia, Malavi, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Lesoto, Moçambique, África do Sul. CASTRO, Yeda Pessoa de. A Influência de Línguas Africanas no Português Brasileiro. Artigo da internet. Acesso 27/03/08. 21
  • 22. Claytinho, minha mãe me contou que esses africanos Bantos trouxeram a Língua da Tabatinga, a chamada “língua de preto”! Puxa vida, Dona Fiota, é mesmo? A senhora pode nos mostrar mais sobre essa língua? Claro! Quero também falar tudo o que sei sobre a nossa língua secreta. 22
  • 23. Como eu disse antes, muitos negros africanos foram para as lavouras e a mineração, mas também passaram a fazer outros trabalhos na Casa Grande, o lugar onde o senhor e sua família viviam. Os escravos se ocupavam das tarefas da casa, além de trabalhar como carregadores, carpinteiros, alfaiates, barbeiros, sapateiros e vendedores ambulantes. Eles aprenderam a fazer de tudo um pouco! 23
  • 24. Pois é, Dona Fiota, foi mesmo. Agora, eu vou contar para a senhora a trajetória dos nossos ancestrais e como chegaram a Minas Gerais, especialmente a Bom Despacho. Que maravilha! Essa é a parte que mais me interessa, Carolzinha! Sabe aqueles africanos do Reino do Congo que o Clayton falou? 24
  • 25. Sim, eu me lembro. O que têm eles? Na África, eles já sabiam como extrair ouro da terra e da água. Por isso, foram trazidos a Minas Gerais para retirar ouro daqui também. Isso aconteceu no meio do século XVIII. Disso eu não sabia, Carol! Então, os africanos sabiam trabalhar nas minas. Isso me deixa muito feliz, pois é um povo muito inteligente. 25
  • 26. Sim, Dona Fiota, e como são sábios! Com a descoberta do ouro na vizinha cidade de Pitangui, que completou 292 anos em 2007, muitos escravos foram trabalhar no garimpo. Alguns eram fugidos de Ouro Preto, Mariana, Sabará e outras localidades. Muito depois, outros foram comprados pelos senhores no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo para trabalhar nas lavouras. Quando esses escravos fugiam de Pitangui, vinham para a região onde depois seria Bom Despacho. Alguns se estabeleciam no Vale do Rio Picão, no Engenho do Ribeiro. Outros construíam quilombos entre os montes da nossa futura cidade. 26
  • 27. Sei! Quando os escravos fugiam, formavam grupos de casas na mata, em lugares distantes e difíceis, onde se escondiam do seu senhor. Essas aglomerações receberam o nome de quilombos. Para os escravos, a fuga era uma forma de mostrar ao senhor que não estavam satisfeitos Formavam quilombos? Você sabe com o tipo de trabalho que faziam e o que é isso, menina? com o tratamento ruim que recebiam. Que bela explicação, Carol. Você aprendeu direitinho. Quer dizer que eles montavam uma espécie de vilarejo? 27
  • 28. Sim, Dona Fiota, só que estes eram cercados para dar proteção aos negros, pois a cidade de Pitangui garantia a segurança de toda a região com os Dragões do Reino ou com suas milícias. Então, os quilombos serviam de abrigo e segurança para os escravos fugidos. Dragões do Reino, milícias? São bichos? Ah, ah, ah, não Bruno! Eram parecidos com os nossos policiais de hoje! 28
  • 29. Os escravos fugidos abriam picadas nas matas. Passavam pelo pequeno vilarejo de Velho da Taipa, enfrentavam as águas do rio Pará, sempre escondidos dos olhares de quem quer que fosse. Depois, transpunham o rio Lambari seguindo por um simpático povoado, que nos dias atuais recebe o nome de Passagem. Dali, alcançavam o córrego de Souza, que fica próximo ao local onde atualmente é o Bairro Ana Rosa, ou melhor, a Tabatinga, como é mais conhecido. Isso é verdade. Minha mãe me contava várias histórias da Tabatinga. 29
  • 30. As milícias que vinham de Pitangui combatiam os quilombos, mas também construíam caminhos e picadas como os negros, uma vez que não existiam estradas. Eles erguiam seus acampamentos na Cruz do Monte, o lugar mais alto da cidade, de onde podiam seguir rastros dos escravos fugidos, fumaça ou poeira no horizonte. Ali, mais tarde, surgiria a cidade de Bom Despacho. É mesmo, Carol? A Cruz do Monte é o lugar mais alto de Bom Despacho? Ah! Você não sabia disso, Bruno? 30
  • 31. A professora contou que os capitães dessas milícias, quando capturavam escravos fugidos, ganhavam como recompensa pedaços de terra para morar e povoar o lugar. Esses pedaços de terra eram chamados de sesmarias, que todos hoje conhecem com o nome de terreno ou lote. Assim, foi se formando a nossa Bom Despacho. Entendi. E os negros que não eram capturados, já ficavam livres? 31
  • 32. Esses, Clayton, passaram a morar onde é hoje o Bairro da Tabatinga, na Cruz do Monte, ou nas fazendas do Vale do Picão, no Engenho do Ribeiro. Sabe, Carol, o Engenho do Ribeiro foi o lugar onde meus pais se conheceram e se casaram. De lá eles se mudaram para Bom Despacho. Essa história eu conheço bem. Minha mãe sempre me contou e faço questão de contar a vocês. Oba! Esta história promete! Que legal, Dona Fiota! 32
  • 33. O Bruno disse que, além das histórias, a senhora conhece bem a língua da “tabaca”. É verdade? Sim, sim! Depois dessa tal abolição da escravatura, minha mãe continuou a trabalhar nos teares para produção de cobertores e outras utilidades, lá no Engenho do Ribeiro. Ela dizia que foi essa lei que deu a liberdade ao nosso povo. 33
  • 34. No Vale do Picão, existia uma fazenda muito antiga que passou por vários donos. Mas, quem construiu o primeiro engenho de cana para fabricar cachaça, rapadura e açúcar, foi o Senhor Manoel Ribeiro. Na época, o local virou referência para os viajantes que passavam pela região, além de abastecer a cidade. Com isso, o vilarejo passou a ser chamado de Engenho do Ribeiro. Depois, outras pessoas foram trabalhar nos É isso mesmo, Dona Fiota! A teares, tal como minha mãe. professora ensinou a todos sobre essa lei assinada em 1888: a “Lei Áurea”. 34
  • 35. Sim, Dani, é verdade. Mesmo não tendo freqüentado muito a escola, eu adoro Essa história do engenho eu saber e conhecer a nossa história. não conhecia, Dona Fiota. É tão bom aprender sobre a origem da nossa cidade! Iupii! Vou contar tudo isso para os nossos colegas de classe. Aposto que eles não conhecem... 35
  • 36. Foi no engenho que minha mãe conheceu meu pai. Ele veio da Bahia procurando emprego em Minas Gerais, quando o patrão dela o contratou para fazer serviços na roça. Lá eles se casaram e ele passou a ensinar para mamãe a “língua de preto”. Minha mãe se mudou para Bom Despacho e eu nasci na Tabatinga. Aqui, meu pai continuou a ensinar a ela tudo o que sabia sobre as palavras da gíria da “tabaca”. Que bom, a história chegou à Língua da Tabatinga... Tenho muita curiosidade em saber como a senhora aprendeu. 36
  • 37. Não conheci meu pai. Minha mãe contava que ele tinha voltado para a Bahia. Mas, ela me ensinou a “língua dos pretos” para me defender dos brancos: era o nosso código secreto. E como é essa língua, Dona Fiota? Ah, ah, ah! Agora, eu vou deixar vocês curiosos! Tá ficando tarde e as mães de vocês já devem estar preocupadas. Em nosso próximo encontro, vou mostrar o que sei sobre a língua e ensinar algumas músicas, combinado? 37
  • 38. Ah, que pena, Dona Fiota! Queríamos tanto conhecer... Mas, se a senhora promete, então, tudo bem! Fica combinado... Prometo e cumpro! Então, até a próxima, pessoal! 38
  • 39. ii i reFerenCias BiBlioGraFiCas HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula – Visita à História Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. LOPES, Nei. Bantos, malês e identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. SOUZA, Maria de Melo e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática, 2006. Fundação Guimarães Rosa Superintendente-Geral Equipe Responsável pela Pesquisa Álvaro Antônio Nicolau Kelly Alcilene Cardozo: Historiadora e Especialista em Estudos Africanos Superintendente Operacional e Afro-Brasileiros • Rosângela Melo Gontijo: Pedro Seixas da Silva Assistente de Pesquisa Superintende de Administração e Finanças Apoio José Antônio Gonçalves Escola Estadual Martinho Fidélis Departamento Social Ilustração Helvécio Gomes Guilherme Rocha - “FUDI” Setor de Comunicação, Cultura e Lazer Edição, diagramação e revisão Juliana Leonel Peixoto Jota Campelo Comunicação Fundação Guimarães Rosa – FGR CARDOZO, Kelly A.; GONTIJO, Rosângela M. Contando Saberes: Histórias da Dona Fiota - Afro-Brasil. Vol. 3. Belo Horizonte: Gráfica e Editora 101, 2008. 40p.
  • 40. Realização: Rua Paraíba, 1441 - Conj. 801/806 - Funcionários Belo Horizonte - MG - www.fgr.org.br