O documento discute o significado do Natal e como ele é percebido por diferentes pessoas. Algumas veem o Natal como um tempo mágico, enquanto outras acreditam que é apenas comércio. O autor argumenta que o Natal deveria ser um tempo para reflexão, perdão e reaproximação entre as pessoas.
1. Dizem que o Natal é um tempo mágico, mas dizem também que é só
comércio.
É bem verdade que cada um usa o Natal como quer, ora para causar
controvérsias, ora para vender mais, ora para pedir desculpas ou desculpar
aquela pessoa, algo que não se faria em outras ocasiões.
Vivemos criando situações para explicar o óbvio. O Natal não é algo
concreto, que se possa medir ou descriminar demagógica ou hipocritamente,
também não creio ter nada de magia, porque o dia em si, não causa nada
inexplicável a ninguém, não produz nada de extraordinário, não é uma ciência
que produza algum fenômeno inexplicável ao natural, é mais um dia do
calendário, um feriado, e se acontece algo de extraordinário, depende do que
cada um sente e entende, de acordo com suas experiências e cultura.
Várias culturas entendem que nascemos todos os dias, temos natais
todos os dias. Então qual o verdadeiro sentido do Natal?
Somos pessoas esquecidas, fazemos tudo a todo tempo e sempre nos
esquecemos de algum momento, coisas e até de pessoas que julgamos
importantes. Percebo que a maioria das pessoas, nos dias atuais, concordam
plenamente que o tempo é relativo. Relativo à falta de lacuna na agenda, de
meio de transporte mais ágil para se chegar onde é preciso, para dar atenção a
mais de um assunto ao mesmo tempo, para dar atenção às pessoas que
importam. Creio que em pouco tempo teremos aparelhos celulares com 10 chips
e ainda vai faltar ligar para alguém.
Bolhas virtuais se espalham mais e mais. Tecnologias que buscam
aproximar pessoas estão sendo usadas para mantê-las afastadas. Contrariando a
Tautologia, daqui a pouco as pessoas vão começar a comparecer aos lugares por
e-mail ou algo semelhante.
Aí chega uma época, um período em que a atmosfera se torna propícia a
mudar tudo isso, a fazer as pessoas repensarem suas rotinas, suas ações, até
seus sentimentos. Mas sempre vai ter alguém para dizer o que eu citei no
começo desse texto, que o Natal é só mais um dia qualquer, não tem nada de
extraordinário, queiram saber que eu estava sendo sarcástico.
É perfeitamente compreensível que comércio aproveite o momento para
lucrar mais, pense que você também trabalha e quer receber um pouco a mais.
gestaoedidatica.com Renato Crissafi
2. O problema é que gostamos de inventar desculpas para tudo, encapuzamos
nossos discursos com preconceitos religiosos e deixamos de ensinar aos nossos
filhos as virtudes necessárias para que cresçam respeitando o próximo e, ao
menos nessa época, eles aprendem por outros canais que isso é possível e
praticável.
É até irônico ouvir certas pessoas dizerem que o Ano Novo é mais
importante que o Natal. Novo é algo que ainda não era, inicia-se do nada ou a
partir de algo, nasce, figurativamente falando. Todo ano novo nasce a partir de
um velho, ou antigo. Então o que é Natal?
É tempo de paz, alegria e harmonia?
É tempo de reflexão, perdão, reaproximação?
É tempo de reencontro, festa, interiorização?
De perdoar e buscar ser perdoado?
Natal é tempo de buscar a verdade, a caridade, a compaixão?
Mas temos ano inteiro, a vida inteira para isso, refletir e viver tudo o
que foi mencionado até aqui. E por que só no Natal que isso ganha força?
Porque esquecemos! Esquecemo-nos de cuidar de nós mesmos pelo lado mais
importante do nosso corpo, o de dentro.
Apontamos o dedo para o outro como se nós não fizéssemos nada de
errado. Declaramos em alto e bom tom que pedir desculpas é virtude de fracos,
que amar é coisa de quem não tem orgulho próprio.
Seja como for, enquanto não mudarmos nossas concepções sobre a vida
para um parâmetro mais voltado para o que outro vai sentir com o que nós
fizermos, lembrando que todo ato gera consequência, o Natal vai continuar
sendo um período para o comércio faturar ou uma festa dessa ou daquela
religião.
A ciência afirma que Jesus não nasceu no dia em que seu natal é
comemorado. Acho que, independentemente das crenças ou falta delas, isso é
irrelevante, pois um nome que iniciou uma era histórica merece um enorme
crédito, e se esse dia serve para nos lembrar das coisas boas que toda a história
relata que ele ensinou, ao menos eu já encontrei meu sentido para o Natal, e se
quero que seja uma época feliz para mim, desejo o mesmo a todos!
gestaoedidatica.com Renato Crissafi