Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves
1. SEMINÁRIO PARA EDUCADORES
CRISTÃOS – COLOMBO-PR
EDUCAÇÃO CRISTÃ
LIBERTADORA
Prof. Ms. Natalino das Neves
www.natalinodasneves.blogspot.com.br
2. “Aconteceu que ao terminar Jesus
essas palavras, as multidões ficaram
extasiadas com o ensinamento,
porque as ensinava com autoridade e
não como os seus escribas” ( Mt 7:28).
“[...] Pois aconheram a Palavra com
toda a prontidão, perscrutando cada
dia as Escrituras para ver se as coisas
eram mesmo assim” (At 17.11b).
3. RESUMO
A presente pesquisa se propõe a fazer uma
análise crítica do livro de Jó a partir de uma
releitura freireana da educação aplicada,
contextualizando e contrastando com a
educação cristã na atualidade, com vistas
identificar práticas educacionais mais adequadas
para a emancipação do ser humano.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que dará
a fundamentação teórica ao estudo.
E, com base na fundamentação teórica será
construída uma reflexão sobre a relevância de
uma educação cristã que contribua para a
emancipação do ser humano.
5. • História da humanidade = educação como
instrumento poderoso de disseminação de
ideologias (humanização vs desumanização).
• Prática que continua acentuada para controle e
perpetuação de práticas e estruturas de poder,
pois ela interfere na consciência e formação do
indivíduo.
• Sociedade contemporânea = Teologia
consumista.
• Mercantilização da sociedade e teologia Vs
prática educacional que contribua para a
emancipação do ser humano.
INTRODUÇÃO
7. Paulo Freire
• Nasceu em Recife em 1921
• Faleceu em 1997.
• É considerado um dos grandes pedagogos
da atualidade e respeitado mundialmente.
• Existem mais textos escritos em outras
línguas sobre ele, do que em nossa própria
língua.
• Primeiras experiências educacionais =
Angicos – RGN - em 1962: 300
trabalhadores rurais se alfabetizaram em 45
dias.
8. Paulo Freire
• Golpe militar de 1964 – Prisão (72d).
• Exilado por 14 anos no Chile (1968 – Pedagogia
do Oprimido) e posteriormente vive como cidadão
do mundo.
• 1980 – Retorna do exílio e continua escrevendo e
debatendo assuntos sobre educação
(universidades, secretário municipal de SP – 89).
• Doutor Honoris Causa por 27 universidades,
Freire recebeu prêmios como: Educação para a
Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos
Continentes (da Organização dos Estados
Americanos, 1992).
10. Educação bancária
• Para Paulo Freire (2005, p. 65-68) existem
duas classes em nossa sociedade:
opressores e oprimidos.
• Bancária = o oprimido recebe um
conteúdo previamente formatado para
manutenção do “status quo”.
• Nesta educação o educador é o sujeito que
deposita "comunicados" no educando, que
funciona como vasilha a ser enchida, que
recebe, memoriza e repete os
“comunicados” - relação verticalizada,
verbalista e autoritária.
12. Educação bancária
• Características da relação educador-
educando – ver (NEVES, 2013, P. 49).
• Esta prática educacional não é novidade,
pois em todas as épocas, dominadores em
defesa da manutenção do poder, sempre
monopolizaram a classe dominada, não
permitindo que esta pensasse (FREIRE,
2005, P. 150).
• Educação necrófila que provoca revolta –
ver (NEVES, 2013, P. 49).
13. Educação bancária
• Esta educação conduz à “morte” do ser
humano, como afirma Freire (2005, p. 74)
“A opressão é um controle esmagador, é
necrófila. Nutre-se do amor à morte e não
do amor à vida”.
• Medo da mudança.
• Educação antidialógica que gera o
hospedeiro opressor.
16. Educação Libertadora
• O educador deve ter o educando como seu
companheiro, a serviço da libertação e
contra a educação que serve à opressão e a
morte do ser humano (FREIRE, 2005, p.
71).
• Ao contrário da bancária, na educação
problematizadora a função do educador não
é mais de apenas educar, mas também
receber educação enquanto ensina,
educador e educando simultaneamente
sujeitos do processo educacional.
17. Educação Libertadora
• O educador deve impor um caráter
altamente reflexivo, fazendo emergir no
educando, levando-o desvendar a
realidade do mundo em que vive de
forma crítica com vistas à transformação
criadora.
• Entretanto, isso não é possível no
isolamento e individualidade, mas na
solidariedade dos existires dos seres
humanos conscientes de sua inconclusão
e na luta pela sua humanização.
18. Educação Libertadora
• Esta educação não serve ao sistema de
dominação, pois “nenhuma ‘ordem’
opressora suportaria que os oprimidos
todos passassem a dizer: ‘por quê?’”
(FREIRE, 2005, p. 83-87).
• A essência desta educação como prática da
liberdade está na sua prática dialógica, o
que Paulo Freire chama de "dialogicidade”.
• Este diálogo deve ser um ato de criação de
conquista dos sujeitos dialógicos, nunca
para a dominação de um ser humano por
outro (FREIRE, 2005, p. 89-91).
19. Educação Libertadora
• “consciência real ou efetiva” Vs “consciência
máxima possível”.
“A conscientização e a dialogicidade
possibilitam uma postura profética e de
esperança para as pessoas envolvidas
no processo de transformação. Uma
transformação coletiva e pela
humanização” (NEVES, 2013, P.74).
22. Uma releitura freireana do livro de Jó
• A antieducação (teologia da retribuição) dos
tempos de Jó servia como instrumento de uma
ideologia de dominação, semelhante à educação
bancária apresentada por Paulo Freire.
• Ideologia de dominação, que segundo SANTOS
(p. 34), serve como um sistema de pensamento
que legitima, justifica e contribui para manutenção
do “status quo” vigente, impedindo a mudança
social.
23. Uma releitura freireana do livro de Jó
• Por isso, a teologia oficial não podia dar
respostas à situação de Jó, pois ela não
havia sido instituída para esse fim e, como
afirma Freire, cedo ou tarde o oprimido irá
se rebelar contra a educação bancária, isso
ocorreu com Jó quando foi em busca de
respostas.
• Esta era a condição dos três amigos, em
defesa da religião e oprimindo o “amigo”
sofredor e doente. Para eles, por conta da
educação recebida, o injusto estava
devidamente sendo punido.
24. Uma releitura freireana do livro de Jó
• Semelhante ao que Freire (2005, p. 24-25)
chama de “medo da liberdade” e “perigo da
conscientização”, devido às incertezas das
conseqüências.
• O opressor também precisa de libertação,
mas para isso deve reconhecer sua situação
de opressor e deixar de ser, transformando
radicalmente a situação concreta que gera a
opressão.
25. Uma releitura freireana do livro de Jó
• As técnicas utilizadas pelos amigos de Jó
(“revelações”, “superioridade” e autoridade
imposta pela antieducação vigente) se
assemelham com as do sistema dominante
da educação bancária de Freire.
• o povo de Israel era ambíguo e
hospedavam o opressor dentro de si e isso
dificultava uma sociedade de igualdade.
• Atitude tomada por Jó: questiona a
antieducação imposta e no enfrentamento
dos opressores dominantes para a mudança
da realidade.
26. Uma releitura freireana do livro de Jó
• E hoje?
• Teologia da retribuição = Teologia da
prosperidade.
28. Foi identificada a similaridades entre a
concepção freireana de educação e o processo
educacional presente no livro de Jó.
29. O educador cristão deve ser um agende de Deus
para transformação de uma realidade de
opressão para uma libertação. Mudança que não
vem sozinha, mas com a prática da solidariedade
e da consciência coletiva.
30. Esta pesquisa provoca uma reflexão e comprova
que nem todas as igrejas “cristãs” pregam uma
religião gratuita, mas instrumentalizam a
educação para seus próprios interesses,
operacionalizando uma religião mercantil e
interesseira.
Qual educação você tem realizado?
31. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOFF, Clodovis M. Teologia da Libertação e Volta ao Fundamento.
Disponível em www.adital.com.br, consultado em 10/06/2009.
CERESKO, Anthony R. A sabedoria no Antigo Testamento. São
Paulo: Paulus, 2004.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 5ª Edição, São Paulo:
Brasiliense, 1980.
DOBBERAHN, Erich. Educação bancária ou educação libertadora.
São Leopoldo: Escola Superior de Teologia – EST, 1991.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47ª Edição, Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2005.
GRADL, Felix e STENDEBACH, Ranz Josef. Israel e seu Deus: guia de
leitura para o Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2001.
GRENZER, Matthias. Análise poética da sociedade: um estudo de Jó
24. São Paulo: Paulinas, 2005.
32. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENDONÇA, Nelino Azevedo de. Pedagogia da humanização: a
pedagogia humanista de Paulo Freire. São Paulo: Paulus, 2008.
NEVES, Natalino das Neves. Educação Cristã Libertadora: a caminho
de uma pedagogia humanizadora na Igreja. São Paulo: Fonte
Editorial, 2013.
ROSSI, Luiz Alexandre Solano. A falsa religião e a amizade
enganadora: o livro de Jó. São Paulo: Paulus, 2005.
ROSSI, Luiz Alexandre Solano. Jesus vai ao Mc Donald’s: Teologia e
sociedade de consumo. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.
SANTOS, Leontino Faria dos. Educação: libertação ou submissão? A
Ideologia da Educação Protestante na perspectiva da APEC. São
Paulo: Edições Simpósio.
33. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, Leontino Faria dos. Educação: libertação ou submissão? A
Ideologia da Educação Protestante na perspectiva da APEC. São
Paulo: Edições Simpósio.
SHREINER, J. Palavra e mensagem do Antigo Testamento. São
Paulo: Teológica, 2ª Edição, 2004.
SIMIAN-YOFRE, Horácio (coord.). Metodologia do Antigo
Testamento. Coleção Bíblica Loyola 28. São Paulo: Edições Loyola,
2000.
STORNIOLO, Ivo. Como ler o Livro de Jó: o desafio da verdadeira
religião. São Paulo: Paulus, 5ª Edição, 2008.