Este trabalho apresenta uma análise estilística fônica de duas composições da cantora Sandy Leah. A análise identifica recursos como aliterações, assonâncias e repetições de fonemas que conferem musicalidade e sentido às letras. A estilística permite compreender particularidades do estilo da artista através da expressividade sonora de suas canções.
Estilistica fônica presente nas composições de sandy leah
1. FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DE GOIATUBA – FAFICH
FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIATUBA – FESG
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO GRADUAÇÃO EM LETRAS
FERNANDO GONÇALVES VIERA
ESTILISTICA FÔNICA PRESENTE NAS COMPOSIÇÕES DE SANDY LEAH
GOIATUBA
JUNHO – 2012
2. FERNANDO GONÇALVES VIEIRA
nandogoncalves5@gmail.com
ESTILISTICA FONICA PRESENTE NAS COMPOSIÇÕES DE SANDY LEAH
Trabalho apresentado à faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas de Goiatuba, como pré-
requisito para obtenção de nota na disciplina
Estilística.
Orientadora: Profª Ms. Jaciane Martins
Ferreira
GOIATUBA
3. JUNHO – 2012
1. Introdução
Com o objetivo de evidenciar os estudos estilísticos realizados no sétimo período
do Curso de Letras, o presente trabalho traz uma análise de dois textos, duas composições da
cantora e compositora Sandy Leah, que em seu primeiro álbum solo praticamente de sua
própria autoria, contando apenas com algumas parcerias como a de músicos como Lucas
Anexo D. Modelo de Folha de Rosto
Lima e Junior Lima. As composições Ela/Ele e Dedilhada compostas por Sandy serviu a
analise a partir da estilística do som. Antes da analise este ensaio aborda algumas definições
sobre a estilística e sua relação com a literatura e a língua escrita.
4. 2. Pressupostos teóricos
A Estilística é uma disciplina ligada a linguística que desde o século XX estuda os
“fenômenos da linguagem tendo por objeto o estilo” (MARTINS, 1989, p.1), mas o que é
estilo? Muitos estudiosos como Erik Enkvist (Linguística e Estilo), aplicam diversas
classificações dividindo em grupos que as difundiu de acordo com a escolha de expressões, de
aspectos individuais, assuntos relacionados a norma, características de época, etc. Em seu
estudo, Martins (1989, p,1)afirma que
a palavra estilo, que hoje se aplica a tudo que possa apresentar características
particulares das coisas mais banais e concretas as mais altas criações
artísticas, tem uma origem modesta. Designava em latim – stilus – um
instrumento pontiagudo usado pelos antigos para escrever sobre tabuinhas
enceradas e daí passou a designar a própria escrita e o modo de escrever.
O objeto desta disciplina segundo vários autores tem inúmeras definições e
explicações, que apresentam uma correlação. Muitos julgam que se trata do autor, da obra, do
leitor, do modo de pensar, agir e apresentar suas idéias usando a língua em suas diversas
maneiras (MARTINS, 1989).
O termo estilística que vem sendo usado desde o século XIX,
tomando lugar deixado pela Retórica ... graças sobretudo a dois mestres que
lideram duas correntes de grande importância: Charles Bally (1865 -1947)
doutrinador da Estilística da língua, e Leo Spitzer (1887-1960), figura
exponencial da Estilística literária. (MARTINS, 1989, p.3)
A Estilística da língua de acordo com estudos de Bally possui duas faces variantes
– a intelectiva ou lógica e a afetiva; abordando a afetividade no uso da língua:
“Bally inicia assim, A Estilística da língua ou da expressão linguística, que
se ocupa da descrição do equipamento expressivo da língua como um todo,
opondo a sua Estilística ao estudo dos estudos individuais e afastando-se,
portanto da literatura.” (MARTINS, 1989, p.4)
No que se refere à Estilística literária fundamentada por Leo Spitzer, trata dos
desvios da linguagem em relação ao uso comum onde fica evidente, que a intenção do autor é
algo especifico e encontrável em sua obra. De acordo com estudos apresentados por Martins
“uma marca dos trabalhos de Spitzer foi o pensamento de que a intenção do autor é algo
específico, definido e, em princípio, encontrável”. (MARTINS, 1989, p.7).
A Estilística possui uma ligação com a Retórica, que se ocupou da linguagem para
fins persuasivos e artísticos. Aristóteles deixa claro em sua obra A Retórica, que ela é uma
5. arte voltada para a argumentação, ou seja, o orador/escritor ao produzir seu texto deve estar
atento a questões linguísticas a fim de apresentar uma organização para haver sentido.
Dentro da Estilística podemos encontrar a estilística mórfica, sintática, léxica,
fônica ou do som, dentre outras. A fonoestilística ou estilística fônica assume o papel de
estudar os efeitos sonoros que as palavras dão ao texto e de salienta que “o modo como o
locutor profere as palavras da língua pode também denunciar estados de espírito ou traços da
personalidade” (MARTINS, 1989, p.26). Não só poetas, mas também aqueles que fazem uso
da arte da escrita ao repetir fonemas tem o objetivo de realçar determinadas palavras, reforçar
uma conexão entre vários termos; com a finalidade de o tornar agradável aos ouvidos de
quem escuta.
6. 3. Analise do corpus
Ela/Ele Dedilhada
Ela via o mundo Ou o céu ou o chão
Ele via o mundo Nunca vejo o meio
Viam sob a mesma luz Qual a razão
Isso é tudo De ser o meio termo
E era tudo
Na minha mão
Que havia
Entre os dois em comum Guardo o meu destino
Se conheceram Eu abro e vou
No inverno de 2002 Eu só sei que não quero viver
No vento um prelúdio Uma vida dedilhada
Do que viria depois Cansei de pensar demais
O frio desculpa se fez E os erros meus
Pra ele estender seu casaco
Não são iguais aos erros
Nos ombros dela
O inverno então se desfez Que deixei pra trás
Quando ela em troca E aqueles velhos medos
Lhe deu com o olhar um abraço Não assustam mais
Ele era um aspirante a poeta Meus passos vão
Ela era inspiração Firmes no caminho
E pra ele qualquer coisa nela Em direção ao que não foi escrito
Despertava uma canção
Intuição sopra em meu ouvido
Ela que sempre buscava
Em tudo um porque Escuto e vou
Com ele bastava Eu só sei que não quero viver
Estar, sentir e viver Uma vida dedilhada
O tempo voava pros dois Cansei de pensar demais
E nem todo o tempo do mundo E os erros meus
Seria o bastante
Não são iguais aos erros
Os dias
Vividos a dois Que deixei pra trás
Provavam que a eternidade E aqueles velhos medos
É só um instante Não assustam mais
Ela já quis ser de tudo Uh, uh, uh, uh...
E até sonhou Eu só sei que não quero viver
Em ser piloto de avião Uma vida dedilhada
Finalmente alcançou o céu
Cansei de pensar demais
No instante em que ele lhe pediu a mão
Três letras E os erros meus
Ela respondeu Não são iguais aos erros
E a mais linda música Que deixei pra trás
Se transformou sua voz E aqueles velhos medos
Enfim não haveria mais Não assustam mais
Qualquer fragmento de vida
Vivido a sós
Uh, uh, uh, uh...
7. O texto da canção Ela/Ele em seu inicio traz uma anáfora combinada com um
homeoteleuto respectivamente nas seguintes linhas, “Ela via o mundo; Ele via o mundo; Viam
sob a mesma luz”, trazendo a ideia de que as personagens pertenciam à mesma realidade e
que estavam destinados um ao outro. O termo “tudo” aparece duas vezes evidenciando esse
pensamento. As palavras “aspirante” e “inspiração” formam uma paranomásia reforçando a
ligação entre os dois apaixonados. Os vocábulos “despertava”, “buscava”, “bastava”;
associados com estes outros; “estar”, “sentir” e “viver” formando outra espécie de
homeoteleuto por se tratar de acoplamentos soltos nas linhas trazem a sensação de
continuidade em meio aos protagonistas dessa espécie de narração lírica. Em toda canção o
predomínio de alguns fonemas sibilantes e chiantes torna o seu texto elegante através de sua
sonorização, proporcionando um conjunto sonoro agradável. Não deixando de citar a presença
de aliterações e assonâncias
Na letra da composição Dedilhada na primeira linha também se encontra uma
anáfora, “Ou o céu ou o chão” mostrando um jogo de escolha que percorre durante todo o
texto. O mais interessante encontramos no refrão onde inicialmente repetição do “qu”, na
assonância das vogais “a”, “e”, “i” “o” e “u”, da aliteração das consoantes “d”, “s”, “v” e
outras lembram a dedilhada de um instrumento de corda, onde a consoantes “s” diminui o
ritmo dos acordes. A assonância do “u” nos linhas, “Eu abro e vou” e “Escuto e vou” passam
a ideia de movimentação.
8. 4. Conclusão
De acordo com o que foi exposto na analise das composições de Sandy Leah
notamos como a fonoestilística permitiu o estudo de algumas particularidades de seu estilo
pela expressividade e jogos sonoros marcando o sentido no ouvinte ao escutar a suas canções.
Expressividade adquirida com o passar dos anos de sua carreira como cantora e deve-se
salientar que sua formação acadêmica no curso de Letras também foi de grande valia para a
produção de suas letras.
9. 5. Referências
MARTINS,Nilce Sant’anna. A conceituação de estilística. In: Introdução à estilística.São
Paulo:T.A. Queiroz Ltda, 1989.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sandy_Leah. Consultado em 06/06/2012
http://www.vagalume.com.br/sandy-leah/dedilhada.html. Consultado em 06/06/2012
http://www.vagalume.com.br/sandy-leah/elaele.html. Consultado em 06/06/2012