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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Curso de Especialização Latu senso de Formação de Professores para o
Atendimento Educacional Especializado – AEE
FORMAÇÃO DE TUTORES ORIENTADORES
NOTA INTRODUTÓRIA1
Todo livro bem lido será para ti um labirinto. E este labirinto será, talvez,
lugar de angústia, zona de morte. “O livro (escreve o poeta Jabès) é o
labirinto. Quanto mais acreditas sair dele mais nele te enterras. Não tens
esperança alguma de te salvar. Será preciso que destruas a obra; não te
podes resolver nela. Eu reparo na lenta, mas segura subida da tua angústia.
Muro após muro. No fim quem te espera? Ninguém...”. Porque o Minotauro,
aqui, será uma ausência, um vazio... Mas o livro pode ser igualmente, um
labirinto divertido, percurso vagabundo, vaguear alegre. E, por outro lado,
talvez o labirinto seja inextricavelmente lugar de voluptuosidade e de
angústia, onde se jogam os jogos da vida e da morte, misturados um com o
outro. E toda grande pintura é também um labirinto, entrançamento, jogo de
curvas e de retas, circulação de intensidades no interior do que Marcel
Duchamp chamou, enigmaticamente, infra-fino. Perco-me em toda a grande
pintura, reencontro-me depois diferente do que era antes de olhá-la, e volto
a perder-me de novo. Continuamente. Continuamente, esquecendo-me de
mim mesmo, perdendo a minha identidade, e descobrindo-me depois,
transformado. Nem completamente um outro. Nem completamente o
mesmo.
Gilbert Lascault
1
Gilbert Lascault, filósofo francês. In: LEITE, Elvira; MALPIQUE, Manuela; SANTOS, Milice Ribeiro dos.
Trabalho de projeto – 2. Leituras comentadas. Porto: Edições Afrontamento, 1990. p.169.
2
Caras/os colegas
Fazemos a vocês uma solicitação importante. Que todas as leituras a
serem realizadas sejam inspiradas nas palavras de Lascault (texto acima), no
texto “Sobre a lição2 de Jorge Larrosa (abaixo):
... o começo da lição é abrir o livro, num abrir que é, ao mesmo tempo, um
convocar. E o que se pede aos que, no abrir-se o livro, são chamados à
leitura não é senão a disposição de entrar no que foi aberto. O texto, já
aberto, recebe àqueles que ele convoca, oferece hospitalidade. Os leitores
agora dispostos à leitura acolhem o livro na medida em que esperam e ficam
atentos. Hospitalidade do livro e disponibilidade dos leitores. Mútua entrega:
condição de um duplo devir. ... No ler a lição não se buscam respostas. O
que se busca é a pergunta à qual os textos respondem. Ou melhor, a
pergunta que os textos abrigam no seu interior, ao tentar respondê-la: a
pergunta pela qual os textos se fazem responsáveis. Por isso a única
resposta que se pode buscar na leitura é a responsabilidade pela pergunta.
Se ler em comum é uma correspondência no texto, essa correspondência só
pode ser co-responsabilidade na pergunta pela qual o texto já é o primeiro
responsável. Por isso, a leitura não resolve a questão, mas a reabre, a re-
põe e a re-ativa, na medida em que nos pede correspondência. E há modos
de falar, modos de ministrar a lição, que impedem corresponder. Por
exemplo: o modo de falar de quem já sabe de antemão o que diz o texto ou o
modo de falar daquele que, uma vez que tenha dito o que diz o texto, dá por
resolvida a questão.
Na leitura da lição não se busca o que o texto sabe, mas o que o texto
pensa. Ou seja, o que o texto leva a pensar. Por isso, depois da leitura, o
importante não é que nós saibamos do texto o que nós pensamos do texto,
mas o que – com o texto, contra o texto ou a partir do texto – nós sejamos
capazes de pensar. (LARROSA, 1999, p.139-142).
2
Jorge Larrosa, filósofo espanhol Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte:
Autêntica, 1999.
3
Para complementar essa nota fica para vocês um poema sobre o estudar.
Ele deve ser entendido como roteiro de leitura e estudo, em que o questionamento é o
fio que deve conduzir o estudar.
Perguntar é a paixão do estudo
É sua respiração. É seu ritmo.
É sua obstinação.
No estudo
a leitura e
a escrita
têm a forma interrogativa.
Estudar: ler
perguntando.
Percorrer,
Interrogando as,
palavras de outros.
E também: escrever
perguntando.
Ensaiar as próprias palavras
perguntando-lhes.
Perguntando se nelas
e diante delas.
Tratando de fazer pulsar
as perguntas que latejam
em seu interior mais vivo.
Ou em seu fora mais impossível.
Perguntas no princípio
e no final do estudo.
Estudar: caminhar
de pergunta
em pergunta
em direção às próprias
perguntas sabendo que
as perguntas
são infinitas
inapropriáveis
de todos e
de ninguém
de qualquer um
com um caderno
aberto
e um lápis na mão
em meio
a uma mesa
cheia de livros
abertos
na noite
e na chuva
entre as palavras
e seus silêncios.
LARROSA Jorge. Estudar. BH: Autêntica 2003, p. 97-101,

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Nota introdutoria

  • 1. 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO Curso de Especialização Latu senso de Formação de Professores para o Atendimento Educacional Especializado – AEE FORMAÇÃO DE TUTORES ORIENTADORES NOTA INTRODUTÓRIA1 Todo livro bem lido será para ti um labirinto. E este labirinto será, talvez, lugar de angústia, zona de morte. “O livro (escreve o poeta Jabès) é o labirinto. Quanto mais acreditas sair dele mais nele te enterras. Não tens esperança alguma de te salvar. Será preciso que destruas a obra; não te podes resolver nela. Eu reparo na lenta, mas segura subida da tua angústia. Muro após muro. No fim quem te espera? Ninguém...”. Porque o Minotauro, aqui, será uma ausência, um vazio... Mas o livro pode ser igualmente, um labirinto divertido, percurso vagabundo, vaguear alegre. E, por outro lado, talvez o labirinto seja inextricavelmente lugar de voluptuosidade e de angústia, onde se jogam os jogos da vida e da morte, misturados um com o outro. E toda grande pintura é também um labirinto, entrançamento, jogo de curvas e de retas, circulação de intensidades no interior do que Marcel Duchamp chamou, enigmaticamente, infra-fino. Perco-me em toda a grande pintura, reencontro-me depois diferente do que era antes de olhá-la, e volto a perder-me de novo. Continuamente. Continuamente, esquecendo-me de mim mesmo, perdendo a minha identidade, e descobrindo-me depois, transformado. Nem completamente um outro. Nem completamente o mesmo. Gilbert Lascault 1 Gilbert Lascault, filósofo francês. In: LEITE, Elvira; MALPIQUE, Manuela; SANTOS, Milice Ribeiro dos. Trabalho de projeto – 2. Leituras comentadas. Porto: Edições Afrontamento, 1990. p.169.
  • 2. 2 Caras/os colegas Fazemos a vocês uma solicitação importante. Que todas as leituras a serem realizadas sejam inspiradas nas palavras de Lascault (texto acima), no texto “Sobre a lição2 de Jorge Larrosa (abaixo): ... o começo da lição é abrir o livro, num abrir que é, ao mesmo tempo, um convocar. E o que se pede aos que, no abrir-se o livro, são chamados à leitura não é senão a disposição de entrar no que foi aberto. O texto, já aberto, recebe àqueles que ele convoca, oferece hospitalidade. Os leitores agora dispostos à leitura acolhem o livro na medida em que esperam e ficam atentos. Hospitalidade do livro e disponibilidade dos leitores. Mútua entrega: condição de um duplo devir. ... No ler a lição não se buscam respostas. O que se busca é a pergunta à qual os textos respondem. Ou melhor, a pergunta que os textos abrigam no seu interior, ao tentar respondê-la: a pergunta pela qual os textos se fazem responsáveis. Por isso a única resposta que se pode buscar na leitura é a responsabilidade pela pergunta. Se ler em comum é uma correspondência no texto, essa correspondência só pode ser co-responsabilidade na pergunta pela qual o texto já é o primeiro responsável. Por isso, a leitura não resolve a questão, mas a reabre, a re- põe e a re-ativa, na medida em que nos pede correspondência. E há modos de falar, modos de ministrar a lição, que impedem corresponder. Por exemplo: o modo de falar de quem já sabe de antemão o que diz o texto ou o modo de falar daquele que, uma vez que tenha dito o que diz o texto, dá por resolvida a questão. Na leitura da lição não se busca o que o texto sabe, mas o que o texto pensa. Ou seja, o que o texto leva a pensar. Por isso, depois da leitura, o importante não é que nós saibamos do texto o que nós pensamos do texto, mas o que – com o texto, contra o texto ou a partir do texto – nós sejamos capazes de pensar. (LARROSA, 1999, p.139-142). 2 Jorge Larrosa, filósofo espanhol Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
  • 3. 3 Para complementar essa nota fica para vocês um poema sobre o estudar. Ele deve ser entendido como roteiro de leitura e estudo, em que o questionamento é o fio que deve conduzir o estudar. Perguntar é a paixão do estudo É sua respiração. É seu ritmo. É sua obstinação. No estudo a leitura e a escrita têm a forma interrogativa. Estudar: ler perguntando. Percorrer, Interrogando as, palavras de outros. E também: escrever perguntando. Ensaiar as próprias palavras perguntando-lhes. Perguntando se nelas e diante delas. Tratando de fazer pulsar as perguntas que latejam em seu interior mais vivo. Ou em seu fora mais impossível. Perguntas no princípio e no final do estudo. Estudar: caminhar de pergunta em pergunta em direção às próprias perguntas sabendo que as perguntas são infinitas inapropriáveis de todos e de ninguém de qualquer um com um caderno aberto e um lápis na mão em meio a uma mesa cheia de livros abertos na noite e na chuva entre as palavras e seus silêncios. LARROSA Jorge. Estudar. BH: Autêntica 2003, p. 97-101,