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Resumo sobre indicadores

                     Mundo das Médias Móveis
O uso de médias móveis na análise técnica é como jogar futebol ou ir ao cinema, nunca sai
de moda. Mas, isso tem um motivo e ele é bastante simples: médias móveis são úteis.
Existem diversos tipos de médias como aritmética (ou simples), exponencial, ponderada,
Welles Wilder, etc. Nosso foco neste artigo estará nos dois primeiros tipos, visto que são os
mais utilizados e produzem ótimos resultados.

Uma média, como o nome diz, mostra o valor médio de uma amostra de determinado dado.
Uma média móvel aritmética (MMA) é uma extensão desse conceito, representando o valor
médio, normalmente dos preços de fechamento, em um período de tempo.




                              Média Móvel Aritmética


Na fórmula acima, V representa os diferentes preços, enquanto que N é a janela de tempo sobre
a qual se constrói a média. O parâmetro N é muito importante quando trabalhamos com
médias móveis na análise gráfica, pois é a variável que iremos ajustar para obter melhores
resultados. Modificando seu valor, a média irá responder mais ou menos rapidamente às
variações de preços.

Mas, por que média móvel? A palavra móvel está presente pelo fato de que quando uma
cotação entra no cálculo outra cotação sai. Por exemplo, se estamos usando uma média de 20
barras e surge uma nova cotação a última dessas 20 cotações é excluída do cálculo, enquanto
que a mais recente entra. Assim, a média "movimenta-se" através do gráfico.

Abaixo temos a fórmula da média móvel exponencial (MME). Preço representa o fechamento
do dia de hoje e MME ontem é o valor anterior da média móvel exponencial e K é uma
variável dependente do período N como pode ser visto.




                              Média Móvel Exponencial

Ao contrário da média simples, na exponencial os dados mais novos possuem uma
importância superior. Além disso, os valores mais antigos não são diretamente descartados
quando passam a constar fora da janela de cálculo. Eles mantém uma participação no valor da
média exponencial que vai ficando cada vez menor com o tempo.
Que Tipo de Média Utilizar?
A resposta para esta pergunta não é simples. Em seu livro "Techical Analysis Explained"
Martin Pring apresenta dados estatísticos que mostram uma maior efetividade das médias
aritméticas sobre as exponenciais no mercado acionário americano entre 1968 e 1987. Os
critérios utilizados para esse estudo estão além do escopo deste artigo. Alexander Elder, em
seus clássicos "Trading for a Living" e "Come Into My Trading Room" defende o uso preferencial
de médias exponenciais.

O principal argumento apresentado por Elder é que a média simples é muito sensível às
variações do mercado, pois seu valor recebe uma influência dupla quando um novo dado chega:
a inclusão do novo preço e o descarte do mais antigo. Em uma média exponencial o efeito dos
preços antigos permanece e vai desaparecendo com o tempo, além disso o dado mais recente
possui um peso maior, fazendo com que a média reflita de maneira mais adequada o humor
atual do mercado.


Usando Médias Móveis
Existem indicadores chamados seguidores de tendências e as médias móveis pertencem a
esta classe. Esses indicadores possuem uma inércia natural, ou seja, não foram projetados
para apontar reversões rapidamente. Para sinalizar mudanças rápidas é aconselhável o
uso de osciladores como IFR, estocástico e outros.

A primeira informação importante fornecida por uma média móvel é sua inclinação. Uma
média móvel ascendente mostra um mercado comprador, enquanto que uma média
descendente indica um mercado vendedor. Posicione-se de acordo com o que a média indica,
pois ela tende a refletir de maneira adequada o comportamento dos investidores.
Por ser um indicador seguidor de tendência existe um momento no qual não devemos usar as
médias móveis. Que momento é esse? O mercado seguidamente se coloca em
acumulação, movendo-se lateralmente entre limites de preço. Nesses movimentos, a aplicação
das médias só é possível em períodos muito curtos e mesmo assim existe uma chance
considerável de obtenção de sinais errados, pois não há uma tendência definida a ser seguida.


Médias Móveis Como Suporte e Resistência
A média móvel é uma representação suave da tendência, uma vez que ela filtra
oscilações menores. A média é uma região de suporte/resistência natural e uma de
suas principais técnicas de utilização é formação de posição nas proximidades da média em
uma tendência de alta. Nessa região o mercado tende a buscar forças para uma nova subida.




                    Média Móvel Como Suporte no Gráfico da TNLP4
Observe o gráfico da Telemar (TNLP4) acima entre março e junho de 2003. Uma
média exponencial de 22 dias nos sinalizou 5 oportunidades de compra até perder a
inclinação ascendente. Não é preciso dizer que essa técnica de operação é válida também
para mercados em queda, nos quais devemos vender quando acontece o repique até a média
móvel descendente.

Para a aplicação dessa técnica o analista pode utilizar-se de outros recursos como
comprar na vizinhança da média apenas quando aparecer um candle de reversão. Note
no gráfico que no quinto toque na média aparece também a figura de um martelo. Qual
mecanismo auxiliar utilizar em conjunto com a média fica a critério de cada trader, de
acordo com sua metodologia e ferramentas.


Cruzamentos (Crossovers)
Uma outra classe de métodos de utilização das médias móveis é através                     de
cruzamentos. Quando os preços cruzam a média móvel de baixo para cima é dado um sinal     de
compra e quando cruzam de cima para baixo uma venda é sinalizada. Veja o gráfico abaixo   da
Gerdau (GGBR4). Os preços partem para a parte superior da média em uma nova tendência     de
alta.




             Cruzamento (Crossovers) da Média Móvel no Gráfico da GGBR4

Uma importante questão é saber quando o cruzamento é verdadeiro. Algumas vezes, os
preços rompem a média e em seguida retornam de volta ao lado original, gerando um
sinal falso. Novamente, não existe regra fixa para identificar a validade dos cruzamentos.
Alguns traders definem que o rompimento é verdadeiro quando os preços superam por um
percentual a média (por exemplo, 3%). Outros preferem aguardar 1 ou mais fechamentos
na nova região, se o mercado consegue manter-se acima/abaixo após o cruzamento o sinal
ganha força.

Além do cruzamento dos preços outra técnica usada é o cruzamento entre duas médias,
uma longa e uma curta. Suponha que a média longa seja de 22 barras e a curta de 11.
Quando a média de 11 superar a de 22 cruzando para cima, tem-se um sinal de compra,
de maneira semelhante, cruzando para baixo um sinal de venda é caracterizado. Nesta variação,
é importante que ambas estejam inclinadas na mesma direção.




Adaptando a Janela de Tempo
Conforme dito anteriormente, a janela de tempo do cálculo da média móvel é o parâmetro a
ser ajustado em busca de melhores resultados. Como na maior parte das ferramentas da
análise técnica não existe regra exata para dimensionar a média, mas é preciso buscar o
equilíbrio para o mercado, o ativo e tempo de operação visados. Esse equilíbrio é importante
pois:


    •   Quanto maior o período mais suave é o comportamento da média e mais imune a
        ruídos e movimentos curtos ela estará. No entanto, se for grande demais pode responder
        de maneira muito lenta à mudanças significativas no mercado.


    •   Quanto menor o período de maneira mais próxima a média seguirá os preços. Contudo,
        se o período for pequeno demais a média estará excesssivamente exposta às variações de
        preços, perdendo sua utilidade como seguidora de tendências.

Como descobrir então com qual média operar? Trabalhando e utilizando a técnica de tentativa e
erro. Comece, por exemplo, com um período como 22 (aproximadamente o número de
pregões em um mês) ou 30 para um gráfico diário. Varie o valor e veja se a resposta do
indicador foi superior ou inferior do que no teste anterior. O processo é semelhante a sintonizar
um rádio com aqueles antigos sistemas analógicos nos quais era preciso girar um botão.



IFR - Índice de Força Relativa
O IFR é um dos indicadores mais utilizados, sendo extremamente útil em diversas situações.
Ele pode ser usado sozinho ou em conjunto com outras técnicas de análise (o que é
sempre recomendado).

Criado em 1978 por Welles Wilder, o IFR mede a "força" de um ativo. Ele oscila entre 0 e 100
e pode ser utilizado em seus trades de 4 maneiras principais, vamos a elas.


Topos e Fundos
Também conhecida como condição de compra ou venda excessiva. O IFR, normalmente, faz
um topo acima do valor 70 e um fundo abaixo de 30. Esses topos/fundos formados no IFR,
muitas vezes, são muito mais claros de serem visualizados do que no próprio gráfico de preços do
ativo.

A interpretação feita é que acima de 70 o ativo está em uma condição de compra excessiva,
ou seja, os preços estão altos, levando a pressão compradora a tornar-se fraca e abrindo espaço
par uma correção. De maneira semelhante, abaixo de 30 aconteceram muitas vendas e o ativo
está barato, sugerindo oportunidades de compra que podem dar origem a um movimento
altista. Alguns autores acreditam que em uma tendência grande de alta o valor de 80 é mais
adequado para sinalizar a condição de compra excessiva, enquanto que em um mercado de
baixa o limite inferior pode ser ajustado para 20.


Formações Gráficas
O IFR forma padrões como OCO ou triângulos que, muitas vezes, não aparecem no gráfico
dos preços, mas que são perfeitamente válidos, podendo indicar continuação ou reversão de
tendência.
O exemplo abaixo, mostra destacado um OCO anunciando queda no IFR que não aparece no
gráfico de preços.
Divergência no IRF no Gráfico do Ibovespa


Suporte e Resistências
Linhas de suporte e resistência são perfeitamente            válidas   no   IFR,   sugerindo,
respectivamente, região de pressão compradora e vendedora.


Divergências
A procura por divergências é um dos principais usos do IFR. A divergência acontece quando o
movimento do IFR "discorda" do que está acontecendo com o preço. Como um exemplo, algumas
vezes o gráfico dos preços faz um novo topo mais alto que o anterior, enquanto que o IFR não
acompanha este movimento ficando abaixo de seu último topo. O que está acontecendo? O IFR
está apresentando a você um sinal de fraqueza do mercado de alta e talvez seja uma boa chance
de vender. Não é preciso dizer que o contrário também é válido, se os preços fazem um novo
fundo e o IFR não, pode estar surgindo força compradora.




                    Divergência de Tendência no Gráfico do Ibovespa
Acima podemos ver que o índice Bovespa fez um fundo mais baixo, sugerindo a continuação
da queda, o IFR, entretanto, divergiu apresentando nas mesmas posições fundos
sucessivamente mais altos. Logo em seguida, aconteceu a reversão de tendência e os preços
acompanharam o IFR.


Outras Características
O IFR pode ser calculado sobre diferentes períodos de tempo, os mais comuns são 9, 14 e 25.
Não existe uma regra formal para o número de dias a ser usado, alguns funcionam melhor para
certos mercados, deve-se então testar e encontrar o que se adapta melhor para os papéis e
índices que você analisa.

O cálculo do IFR é feito da seguinte maneira:




Na fórmula, "A" representa a média dos preços de fechamento dos dias de alta do
período, enquanto que "B" a média dos preços de fechamento dos dias de baixa. Como já foi
dito, não existe regra bem determinada para o período de cálculo das médias, mas quanto menor
o período maior a volatilidade do indicador, ou seja, o IFR irá oscilar mais.

O IFR é bastante versátil e pode ajudar muito em seus trades. Muitos analistas concordam que
o IFR é muito eficiente auxiliando na confirmação de uma idéia ou hipótese sobre o mercado.
É possível realizar negócios baseando-se unicamente nesse indicador, mas essa prática não é a
ideal.
O importante é possuir uma metodologia que combine algumas técnicas de análise, podendo ser
o IFR mais uma importante arma em seu arsenal.



                          Conheça o Estocástico
O estocástico é um importante indicador do tipo oscilador criado por George Lane. Ele mede
a capacidade das forças compradoras de realizar o fechamento próximo ao valor
máximo atingido dentro de um determinado intervalo de tempo e a capacidade das forças
vendedoras em trazer esse fechamento para as proximidades do valor mínimo da janela de
tempo.

Existem algumas variações do estocástico. A fórmula do estocástico rápido pode ser vista a
seguir:




Onde %K é a chamada linha rápida e %D a linha mais suave. Fech representa o valor
de fechamento de hoje, Min(n) e Max(n) são os valores máximo e mínimo atingidos pelos preços
nas últimas n barras.
O parâmetro de tempo, como em outros indicadores pode ser otimizado para
nossas necessidades. Uma janela grande analisa um período de tempo que compreende
mais barras, filtrando acontecimentos menores. Um tempo pequeno, por sua vez, volta sua
atenção para os últimos preços oferecendo sinais de curto prazo.

Ao contrário de seguidores de tendência como MACD e médias móveis (entre outros)
os osciladores, normalmente, são usados em períodos menores, uma vez que são
sinalizadores de reversões. Uma dica é, portanto, começar a realizar seus testes com um
período menor do que
10.


Técnicas de Utilização do Estocástico
Vamos ver agora diferentes situações em que podemos usar este ótimo indicador.


Níveis Extremos
O estocástico ajuda a mostrar se um ativo está sobrecomprado ou sobrevendido. Os níveis de
referência utilizados, normalmente, são 85 para limite superior e 15 para limite inferior.


Acima do patamar de 85 o ativo está mais vulnerável à correções, pois houve um impulso forte
para atingir esse nível. Abaixo de 15, houve um movimento de venda acentuado, o qual pode dar
lugar a boas oportunidades de compras.

Uma metodologia possível e seguida no exemplo a seguir para a Acesita (ACES4) é a geração
de um ponto de compra quando o estocástico retorna de baixo de 15 para cima desse
patamar. De maneira análoga, um ponto de venda surge quando o estocástico cruza de cima
para baixo o patamar de 85. As linhas vermelhas horizontais no estocástico representam os
níveis de 15 e 85. As linhas verticais azuis no gráfico de preços mostram as sinalizações de
compras, enquanto que as linhas verticais vermelhas mostram as sinalizações de venda segundo
os critérios descritos.




                    Sinalização de Compra e Venda Com o Estocástico

Alexander Elder no clássico Trading for a Living faz uma colocação interessante. Talvez
mais importante do que comprar abaixo de 15 ou vender acima de 85 seja não comprar acima
de 85 e não vender em um valor menor do que 15. Isso porque, apesar da vontade de
aproveitar o momento forte de um dos lados, as chances de reversão são bastante grandes.
Entretanto, existe uma técnica que justamente visa explorar um movimento amplo do
estocástico. Se a linha %K atingir o valor 100 (ou 0 em uma queda), e após um pull-back o
valor 100 (ou 0) for novamente alcançado um ponto de compra (venda) é gerado. A teoria
consiste em explorar o momento forte, pois o preço está fechando continuamente próximo do
valor máximo (ou mínimo).


Movimento Atenuado
Outra técnica que merece ser descrita explora a indicação de reversão gerada pelo estocástico
quando seu traçado perde a inclinação e fica achatado.




                                 Perda de Inclinação

Observe a figura acima. Na primeira situação o estocástico vinha em trajetória
ascendente. Contudo, o movimento começa a desacelerar e a angulação é perdida.
Nesse momento o mercado está propício a uma reversão. Esse método pode ser empregado
principalmente para operações de curto prazo. A linha descendente na figura acima ilustra a
mesma situação com a diferença que está sendo gerada uma possibilidade de compra.


Divergências
Como em outros osciladores, divergências no estocástico são uma ótima maneira de observar
o comportamento do mercado.

Quando o gráfico de preços do ativo sucessivamente alcança topos mais altos e o
estocástico não acompanha esse movimento entre em estado de alerta. O mesmos e
aplica para quando os preços fazem fundos mais baixos, mas o estocástico falha em fazer um
fundo mais baixo que o anterior criando a divergência.

No exemplo abaixo da Aracruz (ARCZ6), os preços estavam em movimento baixista
acentuado, mas o estocástico parou de acompanhar o movimento possibilitando que se
traçasse uma linha altista unindo dois fundos. Não demorou para o gráfico mudar o sentido e
iniciar uma trajetória altista.




        Divergência de Tendência Com o Estocástico no Gráfico da ARCZ6
Como em todas as outras situações procure otimizar os parâmetros para sua metodologia. Antes
de aplicar na prática realize testes e conheça bem o indicador, estar familiarizado com a
ferramenta é fundamental.



                              O Indicador OBV
O OBV (On Balance Volume) é um indicador momentum que relaciona mudanças no preço
com as variações de volume. Ele foi criado por Joe Granville e a idéia é detectar a direção
do fluxo do volume, ou seja, se está entrando ou saindo volume do ativo.

Trata-se de um indicador bastante utilizado. Sua fórmula de cálculo é simples. Se o fechamento
do dia for superior ao do dia anterior todo o volume é considerado volume de alta. Se o
fechamento for inferior ao do dia anterior, todo o volume é considerado volume de baixa.
Assim:

Dia de alta:


    •   OBV = OBV (ontem) + Volume (hoje)


Dia de baixa:


    •   OBV = OBV (ontem) - Volume (hoje)

O OBV pode, naturalmente, ser aplicado também para gráficos Intraday. Neste caso, o cálculo não
é feito em termos de dias, mas sim em relação à periodicidade de cada barra.

A interpretação do indicador pode ser feita segundo diferentes técnicas como divergência, quebra
de tendência, padrões, cruzamentos de médias, etc. Veremos alguns desses mecanismos a seguir.


Divergência
Como muitos outros indicadores o OBV permite a análise por divergências. Quando o
preço atinge patamares mais elevados (ou mais baixos) e o OBV não acompanha trata-se
de um indicativo extra de que está faltando força ao movimento e existe probabilidade
razoável de reversão. Em um situação como essa os Stops devem ser encurtados para
preservar o lucro da operação ou a entrada no novo movimento deve ser planejada.




                Figura 67: Divergência de Tendência Com o OBV no Gráfico BBDC4

O gráfico acima do Bradesco (BBDC4) mostra que os preços realizaram uma perna de
alta, enquanto que o OBV gerou um topo inferior. O sinal de divergência gerado transformou-
se em seguida em um movimento baixista mais amplo.
Elementos da Análise Técnica
Uma das grandes forças do OBV é permitir que os elementos na análise técnica como
canais, suportes e resistências sejam aplicados diretamente em seu gráfico. Utilize essas
técnicas da mesma maneira como faria no gráfico de preços.

O gráfico abaixo mostra o OBV da Cemig (CMIG4). Note como os fundos do OBV formam
uma linha de tendência de alta, a qual após seu rompimento foi testada novamente, servindo
agora como resistência (princípio da inversão).




                  Princípio de Inversão Com o OBV no Gráfico da CMIG4

É claro que seriam necessárias diversas páginas para analisar a fundo todas as
características deste  indicador.   Entretanto,   observando-o   constantemente  você irá
familiarizar-se e logo perceberá as divergências e as formações mais confiáveis.

Existem indicadores semelhantes ao OBV, contudo mais sofisticados que serão analisados em
novos artigos.



                            Bandas de Bollinger
As bandas são uma ferramenta bastante interessante. Como veremos, elas mantém uma
relação intensa com a volatilidade, podendo nos ajudar a antecipar movimentos fortes e
identificar pontos de compra e venda.

Observando o gráfico de um ativo ao longo do tempo é possível perceber períodos de
alta volatilidade e outros nos quais parece que compradores e vendedores fizeram um trato em
favor da tranquilidade e da paz de espírito. A análise detalhada do gráfico, no entanto, nos
mostra mais. O preço de um ativo dificilmente foge de uma determinada região, sendo
constantemente atraído para uma zona de equilíbrio. Essa zona pode ser identificada
com a utilização de médias móveis.

A partir dessas observações, o analista técnico John Bollinger criou as bandas de Bollinger.
Elas consistem em duas linhas, uma superior e outra inferior, traçadas a partir de uma
determinada distância de uma média móvel.

Esse conceito é, basicamente, o mesmo de envelopes. Nos envelopes, temos também duas
linhas as quais são calculadas a partir de um determinado percentual de distância da média. A
diferença introduzida por Bollinger está na utilização do desvio padrão. Vamos, então, ver
de maneira rápida alguns conceitos de estatística.
Um Pouco de Estatística
Uma única medida de tendência central nem sempre é adequada para descrever, de
modo satisfatório, um conjunto de dados. Não basta saber o valor em torno do qual os
dados se concentram. É preciso saber o grau de agregação, ou seja, definir e usar
mecanismos para quantificar o nível de dispersão dos dados. O desvio padrão é
justamente uma medida da dispersão de um conjunto de dados em relação a sua média.

Aplicando esse conceito no contexto da análise técnica de um ativo, tem-se que o desvio padrão
é uma medida da volatilidade, ou seja, quanto maior a volatilidade de um ativo maior seu
desvio padrão. As bandas são, portanto, traçadas a um determinado número de desvios
padrão de uma média.



O analista sabe que na maior parte do tempo os preços estarão reclusos dentro desse
limite. Como é possível constatar, existe uma relação direta entre as bandas de
Bollinger e a volatilidade. Essa integração é muito interessante e pode ser facilmente
percebida graficamente durante acumulações e quando ocorrem acelerações dos movimentos de
preços.


Regras de Interpretação
Existem diversas maneiras de se observar e interpretar as bandas, vamos ver algumas delas.


Estreitamento

Muitas vezes ocorre uma diminuição na volatilidade de um ativo em razão de um certo
equilíbrio entre demanda e oferta. Essa diminuição tem reflexo direto nas bandas, uma vez
que elas se aproximam deixando um canal muito mais estreito. A melhor analogia para o que
essa formação representa é a calmaria que antecede uma tempestade, uma vez que trata-se de
um considerável sinal de que um forte movimento está vindo.




         Bandas de Bollinger e OBV na Análise de Divergência no Gráfico da AMBV4
Observe o gráfico acima da Ambev (AMBV4). Em final de maio e início de junho de 2003
as bandas     estreitaram-se,  permanecendo assim     até final de agosto quando um
significativo movimento altista teve início. Ao mesmo tempo em que o rally iniciou-se as
bandas começaram novamente a se afastar refletindo o aumento de volatilidade.
Dessa maneira, as bandas nos fornecem com antecedência o sinal de que existe
uma oportunidade de trade se aproximando, mas para qual lado o mercado vai? Podemos
tentar descobrir essa resposta com a ajuda de alguns indicadores. Uma técnica é
procurar divergências ou avaliar a sobrecompra/sobrevenda através de um oscilador
como o IFR, entretanto, não podemos esquecer das valiosas informações fornecidas
pelos indicadores baseados em volume.

Nessas situações, esses indicadores desempenham um papel importante, afinal o volume avalia
o grau de comprometimento financeiro dos investidores. No gráfico acima, vemos uma
linha vermelha descendente nos preços, enquanto que o OBV desenvolve uma trajetória
ascendente (divergência altista). Com essas informações reunidas podemos preparar o trade
e fazer uma ótima entrada.


Alcançando as Bandas

Um dos aspectos fascinantes da análise técnica é que mesmo sob as mesmas condições,
muitas vezes, dois analistas enxergam o cenário de maneira completamente diferente. A
seguir, analisaremos duas regras de uso das bandas que parecem antagônicas em um primeiro
momento.

Uma dessas regras diz que quando o preço supera uma das bandas espera-se a continuação
do movimento. Essa afirmação é plenamente razoável, visto que o preço superar a banda
constitui, sem sombra de dúvida, uma manifestação de força.




                    Bandas de Bollinger na Análise do Gráfico TNLP4

Neste gráfico da Telemar (TNLP4) do final de 2003 e início de 2004 vemos os preços superando
as bandas algumas vezes em um contínuo movimento altista. Esta é uma boa maneira de
operar e aproveitar a tendência, principalmente se você gosta de administrar posições por algum
tempo.

Entretanto, seguidamente, ao alcançar uma das bandas o mercado reverte para a outra direção,
nem que seja uma rápida pausa para "tomar ar" antes de continuar a escalada ou a queda.
Isso acontece porque ao atingir a linha superior ou inferior, os preços já se distanciaram
bastante de sua média e estão vulneráveis a correções. Sob essa visão, a superação de
uma banda é na verdade um alerta que sugere a liquidação de posições.
A conclusão é que a estratégia de uso das bandas depende do plano de trade. O objetivo é manter
a posição por algum tempo ou realizar trades curtos? Serão trades curtos ou curtíssimos
como day-trade? Sob quais condições técnicas acontecerá a saída? Onde estarão os
stops? Essas perguntas devem estar respondidas.


Outra Dica de Uso

Entre outros usos, ainda podemos destacar o fato de as bandas serem bons alvos de
preços. Assim, um movimento que se inicia sobre uma banda tende a percorrer todo o
caminho até a outra. Outro mecanismo interessante, sugere que topos ou fundos feitos fora das
bandas seguidos por topos ou fundos feitos dentro são uma boa sinalização de mudança de
tendência.

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Médias Móveis: Uso e Tipos de Médias para Análise Técnica

  • 1. Resumo sobre indicadores Mundo das Médias Móveis O uso de médias móveis na análise técnica é como jogar futebol ou ir ao cinema, nunca sai de moda. Mas, isso tem um motivo e ele é bastante simples: médias móveis são úteis. Existem diversos tipos de médias como aritmética (ou simples), exponencial, ponderada, Welles Wilder, etc. Nosso foco neste artigo estará nos dois primeiros tipos, visto que são os mais utilizados e produzem ótimos resultados. Uma média, como o nome diz, mostra o valor médio de uma amostra de determinado dado. Uma média móvel aritmética (MMA) é uma extensão desse conceito, representando o valor médio, normalmente dos preços de fechamento, em um período de tempo. Média Móvel Aritmética Na fórmula acima, V representa os diferentes preços, enquanto que N é a janela de tempo sobre a qual se constrói a média. O parâmetro N é muito importante quando trabalhamos com médias móveis na análise gráfica, pois é a variável que iremos ajustar para obter melhores resultados. Modificando seu valor, a média irá responder mais ou menos rapidamente às variações de preços. Mas, por que média móvel? A palavra móvel está presente pelo fato de que quando uma cotação entra no cálculo outra cotação sai. Por exemplo, se estamos usando uma média de 20 barras e surge uma nova cotação a última dessas 20 cotações é excluída do cálculo, enquanto que a mais recente entra. Assim, a média "movimenta-se" através do gráfico. Abaixo temos a fórmula da média móvel exponencial (MME). Preço representa o fechamento do dia de hoje e MME ontem é o valor anterior da média móvel exponencial e K é uma variável dependente do período N como pode ser visto. Média Móvel Exponencial Ao contrário da média simples, na exponencial os dados mais novos possuem uma importância superior. Além disso, os valores mais antigos não são diretamente descartados quando passam a constar fora da janela de cálculo. Eles mantém uma participação no valor da média exponencial que vai ficando cada vez menor com o tempo.
  • 2. Que Tipo de Média Utilizar? A resposta para esta pergunta não é simples. Em seu livro "Techical Analysis Explained" Martin Pring apresenta dados estatísticos que mostram uma maior efetividade das médias aritméticas sobre as exponenciais no mercado acionário americano entre 1968 e 1987. Os critérios utilizados para esse estudo estão além do escopo deste artigo. Alexander Elder, em seus clássicos "Trading for a Living" e "Come Into My Trading Room" defende o uso preferencial de médias exponenciais. O principal argumento apresentado por Elder é que a média simples é muito sensível às variações do mercado, pois seu valor recebe uma influência dupla quando um novo dado chega: a inclusão do novo preço e o descarte do mais antigo. Em uma média exponencial o efeito dos preços antigos permanece e vai desaparecendo com o tempo, além disso o dado mais recente possui um peso maior, fazendo com que a média reflita de maneira mais adequada o humor atual do mercado. Usando Médias Móveis Existem indicadores chamados seguidores de tendências e as médias móveis pertencem a esta classe. Esses indicadores possuem uma inércia natural, ou seja, não foram projetados para apontar reversões rapidamente. Para sinalizar mudanças rápidas é aconselhável o uso de osciladores como IFR, estocástico e outros. A primeira informação importante fornecida por uma média móvel é sua inclinação. Uma média móvel ascendente mostra um mercado comprador, enquanto que uma média descendente indica um mercado vendedor. Posicione-se de acordo com o que a média indica, pois ela tende a refletir de maneira adequada o comportamento dos investidores. Por ser um indicador seguidor de tendência existe um momento no qual não devemos usar as médias móveis. Que momento é esse? O mercado seguidamente se coloca em acumulação, movendo-se lateralmente entre limites de preço. Nesses movimentos, a aplicação das médias só é possível em períodos muito curtos e mesmo assim existe uma chance considerável de obtenção de sinais errados, pois não há uma tendência definida a ser seguida. Médias Móveis Como Suporte e Resistência A média móvel é uma representação suave da tendência, uma vez que ela filtra oscilações menores. A média é uma região de suporte/resistência natural e uma de suas principais técnicas de utilização é formação de posição nas proximidades da média em uma tendência de alta. Nessa região o mercado tende a buscar forças para uma nova subida. Média Móvel Como Suporte no Gráfico da TNLP4
  • 3. Observe o gráfico da Telemar (TNLP4) acima entre março e junho de 2003. Uma média exponencial de 22 dias nos sinalizou 5 oportunidades de compra até perder a inclinação ascendente. Não é preciso dizer que essa técnica de operação é válida também para mercados em queda, nos quais devemos vender quando acontece o repique até a média móvel descendente. Para a aplicação dessa técnica o analista pode utilizar-se de outros recursos como comprar na vizinhança da média apenas quando aparecer um candle de reversão. Note no gráfico que no quinto toque na média aparece também a figura de um martelo. Qual mecanismo auxiliar utilizar em conjunto com a média fica a critério de cada trader, de acordo com sua metodologia e ferramentas. Cruzamentos (Crossovers) Uma outra classe de métodos de utilização das médias móveis é através de cruzamentos. Quando os preços cruzam a média móvel de baixo para cima é dado um sinal de compra e quando cruzam de cima para baixo uma venda é sinalizada. Veja o gráfico abaixo da Gerdau (GGBR4). Os preços partem para a parte superior da média em uma nova tendência de alta. Cruzamento (Crossovers) da Média Móvel no Gráfico da GGBR4 Uma importante questão é saber quando o cruzamento é verdadeiro. Algumas vezes, os preços rompem a média e em seguida retornam de volta ao lado original, gerando um sinal falso. Novamente, não existe regra fixa para identificar a validade dos cruzamentos. Alguns traders definem que o rompimento é verdadeiro quando os preços superam por um percentual a média (por exemplo, 3%). Outros preferem aguardar 1 ou mais fechamentos na nova região, se o mercado consegue manter-se acima/abaixo após o cruzamento o sinal ganha força. Além do cruzamento dos preços outra técnica usada é o cruzamento entre duas médias, uma longa e uma curta. Suponha que a média longa seja de 22 barras e a curta de 11.
  • 4. Quando a média de 11 superar a de 22 cruzando para cima, tem-se um sinal de compra, de maneira semelhante, cruzando para baixo um sinal de venda é caracterizado. Nesta variação, é importante que ambas estejam inclinadas na mesma direção. Adaptando a Janela de Tempo Conforme dito anteriormente, a janela de tempo do cálculo da média móvel é o parâmetro a ser ajustado em busca de melhores resultados. Como na maior parte das ferramentas da análise técnica não existe regra exata para dimensionar a média, mas é preciso buscar o equilíbrio para o mercado, o ativo e tempo de operação visados. Esse equilíbrio é importante pois: • Quanto maior o período mais suave é o comportamento da média e mais imune a ruídos e movimentos curtos ela estará. No entanto, se for grande demais pode responder de maneira muito lenta à mudanças significativas no mercado. • Quanto menor o período de maneira mais próxima a média seguirá os preços. Contudo, se o período for pequeno demais a média estará excesssivamente exposta às variações de preços, perdendo sua utilidade como seguidora de tendências. Como descobrir então com qual média operar? Trabalhando e utilizando a técnica de tentativa e erro. Comece, por exemplo, com um período como 22 (aproximadamente o número de pregões em um mês) ou 30 para um gráfico diário. Varie o valor e veja se a resposta do indicador foi superior ou inferior do que no teste anterior. O processo é semelhante a sintonizar um rádio com aqueles antigos sistemas analógicos nos quais era preciso girar um botão. IFR - Índice de Força Relativa O IFR é um dos indicadores mais utilizados, sendo extremamente útil em diversas situações. Ele pode ser usado sozinho ou em conjunto com outras técnicas de análise (o que é sempre recomendado). Criado em 1978 por Welles Wilder, o IFR mede a "força" de um ativo. Ele oscila entre 0 e 100 e pode ser utilizado em seus trades de 4 maneiras principais, vamos a elas. Topos e Fundos Também conhecida como condição de compra ou venda excessiva. O IFR, normalmente, faz um topo acima do valor 70 e um fundo abaixo de 30. Esses topos/fundos formados no IFR, muitas vezes, são muito mais claros de serem visualizados do que no próprio gráfico de preços do ativo. A interpretação feita é que acima de 70 o ativo está em uma condição de compra excessiva, ou seja, os preços estão altos, levando a pressão compradora a tornar-se fraca e abrindo espaço par uma correção. De maneira semelhante, abaixo de 30 aconteceram muitas vendas e o ativo está barato, sugerindo oportunidades de compra que podem dar origem a um movimento altista. Alguns autores acreditam que em uma tendência grande de alta o valor de 80 é mais adequado para sinalizar a condição de compra excessiva, enquanto que em um mercado de baixa o limite inferior pode ser ajustado para 20. Formações Gráficas O IFR forma padrões como OCO ou triângulos que, muitas vezes, não aparecem no gráfico dos preços, mas que são perfeitamente válidos, podendo indicar continuação ou reversão de tendência. O exemplo abaixo, mostra destacado um OCO anunciando queda no IFR que não aparece no gráfico de preços.
  • 5. Divergência no IRF no Gráfico do Ibovespa Suporte e Resistências Linhas de suporte e resistência são perfeitamente válidas no IFR, sugerindo, respectivamente, região de pressão compradora e vendedora. Divergências A procura por divergências é um dos principais usos do IFR. A divergência acontece quando o movimento do IFR "discorda" do que está acontecendo com o preço. Como um exemplo, algumas vezes o gráfico dos preços faz um novo topo mais alto que o anterior, enquanto que o IFR não acompanha este movimento ficando abaixo de seu último topo. O que está acontecendo? O IFR está apresentando a você um sinal de fraqueza do mercado de alta e talvez seja uma boa chance de vender. Não é preciso dizer que o contrário também é válido, se os preços fazem um novo fundo e o IFR não, pode estar surgindo força compradora. Divergência de Tendência no Gráfico do Ibovespa
  • 6. Acima podemos ver que o índice Bovespa fez um fundo mais baixo, sugerindo a continuação da queda, o IFR, entretanto, divergiu apresentando nas mesmas posições fundos sucessivamente mais altos. Logo em seguida, aconteceu a reversão de tendência e os preços acompanharam o IFR. Outras Características O IFR pode ser calculado sobre diferentes períodos de tempo, os mais comuns são 9, 14 e 25. Não existe uma regra formal para o número de dias a ser usado, alguns funcionam melhor para certos mercados, deve-se então testar e encontrar o que se adapta melhor para os papéis e índices que você analisa. O cálculo do IFR é feito da seguinte maneira: Na fórmula, "A" representa a média dos preços de fechamento dos dias de alta do período, enquanto que "B" a média dos preços de fechamento dos dias de baixa. Como já foi dito, não existe regra bem determinada para o período de cálculo das médias, mas quanto menor o período maior a volatilidade do indicador, ou seja, o IFR irá oscilar mais. O IFR é bastante versátil e pode ajudar muito em seus trades. Muitos analistas concordam que o IFR é muito eficiente auxiliando na confirmação de uma idéia ou hipótese sobre o mercado. É possível realizar negócios baseando-se unicamente nesse indicador, mas essa prática não é a ideal. O importante é possuir uma metodologia que combine algumas técnicas de análise, podendo ser o IFR mais uma importante arma em seu arsenal. Conheça o Estocástico O estocástico é um importante indicador do tipo oscilador criado por George Lane. Ele mede a capacidade das forças compradoras de realizar o fechamento próximo ao valor máximo atingido dentro de um determinado intervalo de tempo e a capacidade das forças vendedoras em trazer esse fechamento para as proximidades do valor mínimo da janela de tempo. Existem algumas variações do estocástico. A fórmula do estocástico rápido pode ser vista a seguir: Onde %K é a chamada linha rápida e %D a linha mais suave. Fech representa o valor de fechamento de hoje, Min(n) e Max(n) são os valores máximo e mínimo atingidos pelos preços nas últimas n barras.
  • 7. O parâmetro de tempo, como em outros indicadores pode ser otimizado para nossas necessidades. Uma janela grande analisa um período de tempo que compreende mais barras, filtrando acontecimentos menores. Um tempo pequeno, por sua vez, volta sua atenção para os últimos preços oferecendo sinais de curto prazo. Ao contrário de seguidores de tendência como MACD e médias móveis (entre outros) os osciladores, normalmente, são usados em períodos menores, uma vez que são sinalizadores de reversões. Uma dica é, portanto, começar a realizar seus testes com um período menor do que 10. Técnicas de Utilização do Estocástico Vamos ver agora diferentes situações em que podemos usar este ótimo indicador. Níveis Extremos O estocástico ajuda a mostrar se um ativo está sobrecomprado ou sobrevendido. Os níveis de referência utilizados, normalmente, são 85 para limite superior e 15 para limite inferior. Acima do patamar de 85 o ativo está mais vulnerável à correções, pois houve um impulso forte para atingir esse nível. Abaixo de 15, houve um movimento de venda acentuado, o qual pode dar lugar a boas oportunidades de compras. Uma metodologia possível e seguida no exemplo a seguir para a Acesita (ACES4) é a geração de um ponto de compra quando o estocástico retorna de baixo de 15 para cima desse patamar. De maneira análoga, um ponto de venda surge quando o estocástico cruza de cima para baixo o patamar de 85. As linhas vermelhas horizontais no estocástico representam os níveis de 15 e 85. As linhas verticais azuis no gráfico de preços mostram as sinalizações de compras, enquanto que as linhas verticais vermelhas mostram as sinalizações de venda segundo os critérios descritos. Sinalização de Compra e Venda Com o Estocástico Alexander Elder no clássico Trading for a Living faz uma colocação interessante. Talvez mais importante do que comprar abaixo de 15 ou vender acima de 85 seja não comprar acima de 85 e não vender em um valor menor do que 15. Isso porque, apesar da vontade de aproveitar o momento forte de um dos lados, as chances de reversão são bastante grandes.
  • 8. Entretanto, existe uma técnica que justamente visa explorar um movimento amplo do estocástico. Se a linha %K atingir o valor 100 (ou 0 em uma queda), e após um pull-back o valor 100 (ou 0) for novamente alcançado um ponto de compra (venda) é gerado. A teoria consiste em explorar o momento forte, pois o preço está fechando continuamente próximo do valor máximo (ou mínimo). Movimento Atenuado Outra técnica que merece ser descrita explora a indicação de reversão gerada pelo estocástico quando seu traçado perde a inclinação e fica achatado. Perda de Inclinação Observe a figura acima. Na primeira situação o estocástico vinha em trajetória ascendente. Contudo, o movimento começa a desacelerar e a angulação é perdida. Nesse momento o mercado está propício a uma reversão. Esse método pode ser empregado principalmente para operações de curto prazo. A linha descendente na figura acima ilustra a mesma situação com a diferença que está sendo gerada uma possibilidade de compra. Divergências Como em outros osciladores, divergências no estocástico são uma ótima maneira de observar o comportamento do mercado. Quando o gráfico de preços do ativo sucessivamente alcança topos mais altos e o estocástico não acompanha esse movimento entre em estado de alerta. O mesmos e aplica para quando os preços fazem fundos mais baixos, mas o estocástico falha em fazer um fundo mais baixo que o anterior criando a divergência. No exemplo abaixo da Aracruz (ARCZ6), os preços estavam em movimento baixista acentuado, mas o estocástico parou de acompanhar o movimento possibilitando que se traçasse uma linha altista unindo dois fundos. Não demorou para o gráfico mudar o sentido e iniciar uma trajetória altista. Divergência de Tendência Com o Estocástico no Gráfico da ARCZ6
  • 9. Como em todas as outras situações procure otimizar os parâmetros para sua metodologia. Antes de aplicar na prática realize testes e conheça bem o indicador, estar familiarizado com a ferramenta é fundamental. O Indicador OBV O OBV (On Balance Volume) é um indicador momentum que relaciona mudanças no preço com as variações de volume. Ele foi criado por Joe Granville e a idéia é detectar a direção do fluxo do volume, ou seja, se está entrando ou saindo volume do ativo. Trata-se de um indicador bastante utilizado. Sua fórmula de cálculo é simples. Se o fechamento do dia for superior ao do dia anterior todo o volume é considerado volume de alta. Se o fechamento for inferior ao do dia anterior, todo o volume é considerado volume de baixa. Assim: Dia de alta: • OBV = OBV (ontem) + Volume (hoje) Dia de baixa: • OBV = OBV (ontem) - Volume (hoje) O OBV pode, naturalmente, ser aplicado também para gráficos Intraday. Neste caso, o cálculo não é feito em termos de dias, mas sim em relação à periodicidade de cada barra. A interpretação do indicador pode ser feita segundo diferentes técnicas como divergência, quebra de tendência, padrões, cruzamentos de médias, etc. Veremos alguns desses mecanismos a seguir. Divergência Como muitos outros indicadores o OBV permite a análise por divergências. Quando o preço atinge patamares mais elevados (ou mais baixos) e o OBV não acompanha trata-se de um indicativo extra de que está faltando força ao movimento e existe probabilidade razoável de reversão. Em um situação como essa os Stops devem ser encurtados para preservar o lucro da operação ou a entrada no novo movimento deve ser planejada. Figura 67: Divergência de Tendência Com o OBV no Gráfico BBDC4 O gráfico acima do Bradesco (BBDC4) mostra que os preços realizaram uma perna de alta, enquanto que o OBV gerou um topo inferior. O sinal de divergência gerado transformou- se em seguida em um movimento baixista mais amplo.
  • 10. Elementos da Análise Técnica Uma das grandes forças do OBV é permitir que os elementos na análise técnica como canais, suportes e resistências sejam aplicados diretamente em seu gráfico. Utilize essas técnicas da mesma maneira como faria no gráfico de preços. O gráfico abaixo mostra o OBV da Cemig (CMIG4). Note como os fundos do OBV formam uma linha de tendência de alta, a qual após seu rompimento foi testada novamente, servindo agora como resistência (princípio da inversão). Princípio de Inversão Com o OBV no Gráfico da CMIG4 É claro que seriam necessárias diversas páginas para analisar a fundo todas as características deste indicador. Entretanto, observando-o constantemente você irá familiarizar-se e logo perceberá as divergências e as formações mais confiáveis. Existem indicadores semelhantes ao OBV, contudo mais sofisticados que serão analisados em novos artigos. Bandas de Bollinger As bandas são uma ferramenta bastante interessante. Como veremos, elas mantém uma relação intensa com a volatilidade, podendo nos ajudar a antecipar movimentos fortes e identificar pontos de compra e venda. Observando o gráfico de um ativo ao longo do tempo é possível perceber períodos de alta volatilidade e outros nos quais parece que compradores e vendedores fizeram um trato em favor da tranquilidade e da paz de espírito. A análise detalhada do gráfico, no entanto, nos mostra mais. O preço de um ativo dificilmente foge de uma determinada região, sendo constantemente atraído para uma zona de equilíbrio. Essa zona pode ser identificada com a utilização de médias móveis. A partir dessas observações, o analista técnico John Bollinger criou as bandas de Bollinger. Elas consistem em duas linhas, uma superior e outra inferior, traçadas a partir de uma determinada distância de uma média móvel. Esse conceito é, basicamente, o mesmo de envelopes. Nos envelopes, temos também duas linhas as quais são calculadas a partir de um determinado percentual de distância da média. A diferença introduzida por Bollinger está na utilização do desvio padrão. Vamos, então, ver de maneira rápida alguns conceitos de estatística. Um Pouco de Estatística Uma única medida de tendência central nem sempre é adequada para descrever, de
  • 11. modo satisfatório, um conjunto de dados. Não basta saber o valor em torno do qual os dados se concentram. É preciso saber o grau de agregação, ou seja, definir e usar mecanismos para quantificar o nível de dispersão dos dados. O desvio padrão é justamente uma medida da dispersão de um conjunto de dados em relação a sua média. Aplicando esse conceito no contexto da análise técnica de um ativo, tem-se que o desvio padrão é uma medida da volatilidade, ou seja, quanto maior a volatilidade de um ativo maior seu desvio padrão. As bandas são, portanto, traçadas a um determinado número de desvios padrão de uma média. O analista sabe que na maior parte do tempo os preços estarão reclusos dentro desse limite. Como é possível constatar, existe uma relação direta entre as bandas de Bollinger e a volatilidade. Essa integração é muito interessante e pode ser facilmente percebida graficamente durante acumulações e quando ocorrem acelerações dos movimentos de preços. Regras de Interpretação Existem diversas maneiras de se observar e interpretar as bandas, vamos ver algumas delas. Estreitamento Muitas vezes ocorre uma diminuição na volatilidade de um ativo em razão de um certo equilíbrio entre demanda e oferta. Essa diminuição tem reflexo direto nas bandas, uma vez que elas se aproximam deixando um canal muito mais estreito. A melhor analogia para o que essa formação representa é a calmaria que antecede uma tempestade, uma vez que trata-se de um considerável sinal de que um forte movimento está vindo. Bandas de Bollinger e OBV na Análise de Divergência no Gráfico da AMBV4 Observe o gráfico acima da Ambev (AMBV4). Em final de maio e início de junho de 2003 as bandas estreitaram-se, permanecendo assim até final de agosto quando um significativo movimento altista teve início. Ao mesmo tempo em que o rally iniciou-se as bandas começaram novamente a se afastar refletindo o aumento de volatilidade.
  • 12. Dessa maneira, as bandas nos fornecem com antecedência o sinal de que existe uma oportunidade de trade se aproximando, mas para qual lado o mercado vai? Podemos tentar descobrir essa resposta com a ajuda de alguns indicadores. Uma técnica é procurar divergências ou avaliar a sobrecompra/sobrevenda através de um oscilador como o IFR, entretanto, não podemos esquecer das valiosas informações fornecidas pelos indicadores baseados em volume. Nessas situações, esses indicadores desempenham um papel importante, afinal o volume avalia o grau de comprometimento financeiro dos investidores. No gráfico acima, vemos uma linha vermelha descendente nos preços, enquanto que o OBV desenvolve uma trajetória ascendente (divergência altista). Com essas informações reunidas podemos preparar o trade e fazer uma ótima entrada. Alcançando as Bandas Um dos aspectos fascinantes da análise técnica é que mesmo sob as mesmas condições, muitas vezes, dois analistas enxergam o cenário de maneira completamente diferente. A seguir, analisaremos duas regras de uso das bandas que parecem antagônicas em um primeiro momento. Uma dessas regras diz que quando o preço supera uma das bandas espera-se a continuação do movimento. Essa afirmação é plenamente razoável, visto que o preço superar a banda constitui, sem sombra de dúvida, uma manifestação de força. Bandas de Bollinger na Análise do Gráfico TNLP4 Neste gráfico da Telemar (TNLP4) do final de 2003 e início de 2004 vemos os preços superando as bandas algumas vezes em um contínuo movimento altista. Esta é uma boa maneira de operar e aproveitar a tendência, principalmente se você gosta de administrar posições por algum tempo. Entretanto, seguidamente, ao alcançar uma das bandas o mercado reverte para a outra direção, nem que seja uma rápida pausa para "tomar ar" antes de continuar a escalada ou a queda. Isso acontece porque ao atingir a linha superior ou inferior, os preços já se distanciaram bastante de sua média e estão vulneráveis a correções. Sob essa visão, a superação de uma banda é na verdade um alerta que sugere a liquidação de posições.
  • 13. A conclusão é que a estratégia de uso das bandas depende do plano de trade. O objetivo é manter a posição por algum tempo ou realizar trades curtos? Serão trades curtos ou curtíssimos como day-trade? Sob quais condições técnicas acontecerá a saída? Onde estarão os stops? Essas perguntas devem estar respondidas. Outra Dica de Uso Entre outros usos, ainda podemos destacar o fato de as bandas serem bons alvos de preços. Assim, um movimento que se inicia sobre uma banda tende a percorrer todo o caminho até a outra. Outro mecanismo interessante, sugere que topos ou fundos feitos fora das bandas seguidos por topos ou fundos feitos dentro são uma boa sinalização de mudança de tendência.