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Histórias de Vida
janeiro de 15
Sofia Silva 2
As histórias de vida pretendem aproximar-se o
mais possível do real e das situações do
quotidiano, deixando de lado as históricas
heróicas, romanceadas.
janeiro de 15
Sofia Silva 3
Pontos de discordância:
 Especialização do tema ou exaustividade?
 Será que a história de vida deverá abordar toda a
existência do indivíduo ou apenas concentrar-se num
conteúdo particular?
 Será correcto focalizar-se num determinado sector?
Será que não perde a coerência global?
janeiro de 15
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Pontos de discordância
 Directividade da entrevista ou liberdade da palavra?
 Deverá o entrevistado exprimir-se sem nenhum
constrangimento ou restrição, sendo o entrevistador
uma mera figura (através de instrumento aberto)?
 Ou será que deverá existir um guia de inquérito, de
modo a focalizar e a dirigir a informação?
janeiro de 15
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Pontos de discordância
 Colóquio singular ou discussão de grupo?
 Pode perguntar-se se é preferível uma conversa a dois
ou em grupo. Pode acontecer o caso de o entrevistado
se sentir mais confortável em grupo.
 Contudo, isto coloca outro problema: deverá
privilegiar-se o interlocutor único ou a lógica de
discussão em grupo?
janeiro de 15
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Pontos de discordância
 Escuta dos dominados ou dos dominantes?
 Aqui surge a questão da orientação preferencial para
um certo campo social. Privilegiar quem? Os
marginalizados? Os excluídos? Os dirigentes sociais?
Os políticos? Etc.
janeiro de 15
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Oralidade e Registo Integral
 toda a passagem do oral para o escrito implica
forçosamente um desenquadramento, pois a transcrição
muda radicalmente o enunciado.
 a transcrição de um enunciado para texto perde uma
parte do seu sentido, pois o texto está fora do seu
contexto original, logo é traído.
janeiro de 15
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Para minimizar essa situação devemos
 Nunca esquecer que o contexto é um complexo. O
enunciado é tonalizado, gestualizado, dramatizado
e inserido dentro de um sistema sociocultural.
 Utilizar tecnologias audiovisuais sofisticadas, pois
assim podemos recolocar o discurso verbalizado no
seu enquadramento e apercebermo-nos de pequenos
pormenores não verbalizados, que nos ajudarão a
retractar mais fielmente o conteúdo oral
janeiro de 15
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As histórias de vida podem ser
centradas na pessoa ou focalizadas
num acontecimento.
janeiro de 15
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Psicobiografia (centrada na pessoa):
 A pessoa encontra-se no interior de uma trama de
acontecimentos. Aqui interessa a sua significação.
 O investigador situa-se ao nível do tratamento
psicológico da informação.
janeiro de 15
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Etnobiografia:
 A pessoa é considerada como um espelho do seu tempo,
da sua envolvente.
janeiro de 15
Sofia Silva 12
As histórias de vida cruzadas
 É precisamente neste método que a Etnobiografia
funciona plenamente, na medida que permite o
cruzamento de documentos, permitindo redescobrir
testemunhos, assegurando uma comparação sistemática
e metodológica.
janeiro de 15
Sofia Silva 13
A Recolha do Material
 Na recolha de uma história de vida pede-se a um
indivíduo que relate a sua história pessoal.
 Por sua vez, a história de vida única privilegia a
singularidade, como reveladora de um certo vivido
social.
 A técnica base utilizada na recolha deste tipo de
informação é a entrevista.
 Esta técnica tem como fim, aqui, recolher o saber
específico de que o entrevistado é portador.
janeiro de 15
Sofia Silva 14
A recolha do material
 A entrevista deverá ser livre e em profundidade,
deixando lugar para anedotas ou divagações do narrador.
 É imprescindível deixar fluir o discurso ao próprio ritmo
do entrevistado.
 Privilegia-se também o contacto e a informalidade para
que o narrador não se sinta constrangido e se sinta
confortável.
janeiro de 15
Sofia Silva 15
A Recolha do Material
 Poderá utilizar-se um guia de inquérito (entrevista guiada) quando
existe o fim de explorar uma parte da vida do narrador, focalizando–
se em determinados acontecimentos..
 No caso de histórias de vida únicas, a recolha da informação
processa-se através de entrevistas repetidas, de forma a aprofundar
a informação e favorecer o controle.
 Por fim e para facilitar a colecta do material não podemos esquecer
os aspectos técnicos, isto é, devemos recorrer a gravadores eficazes e
de qualidade, pois muitos dos problemas que surgem na transcrição
advêm dos fracos equipamentos técnicos.
janeiro de 15
Sofia Silva 16
Tratamento do material
 Para procedermos a uma boa transcrição é imprescindível ter em
consideração determinados aspetos (regras):
 A primeira transcrição do texto é sempre fundamental. Deve
ser integral e reproduzir fielmente o discurso.
 Escrever o discurso.
 Utilizar só um dos lados da folha. Esta deverá conter margens
largas e pelo menos dois centímetros de espaçamento. É
igualmente útil numerar as páginas e arrumá-las em
classificadores/ pastas.
janeiro de 15
Sofia Silva 17
Tratamento do material
 Identificar as gravações e conservá-las.
 Fazer um exemplar duplo .
 Cada entrevista é datada e a sua duração assinalada.
 É muito importante registar todo o conjunto de intervenções
expressivas (os gestos linguísticos e gestos interactivos) e
incorporá-los na transcrição. Aqui exige-se a atenção do
entrevistador para estes comportamentos não verbais.
janeiro de 15
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  • 2. Sofia Silva 2 As histórias de vida pretendem aproximar-se o mais possível do real e das situações do quotidiano, deixando de lado as históricas heróicas, romanceadas. janeiro de 15
  • 3. Sofia Silva 3 Pontos de discordância:  Especialização do tema ou exaustividade?  Será que a história de vida deverá abordar toda a existência do indivíduo ou apenas concentrar-se num conteúdo particular?  Será correcto focalizar-se num determinado sector? Será que não perde a coerência global? janeiro de 15
  • 4. Sofia Silva 4 Pontos de discordância  Directividade da entrevista ou liberdade da palavra?  Deverá o entrevistado exprimir-se sem nenhum constrangimento ou restrição, sendo o entrevistador uma mera figura (através de instrumento aberto)?  Ou será que deverá existir um guia de inquérito, de modo a focalizar e a dirigir a informação? janeiro de 15
  • 5. Sofia Silva 5 Pontos de discordância  Colóquio singular ou discussão de grupo?  Pode perguntar-se se é preferível uma conversa a dois ou em grupo. Pode acontecer o caso de o entrevistado se sentir mais confortável em grupo.  Contudo, isto coloca outro problema: deverá privilegiar-se o interlocutor único ou a lógica de discussão em grupo? janeiro de 15
  • 6. Sofia Silva 6 Pontos de discordância  Escuta dos dominados ou dos dominantes?  Aqui surge a questão da orientação preferencial para um certo campo social. Privilegiar quem? Os marginalizados? Os excluídos? Os dirigentes sociais? Os políticos? Etc. janeiro de 15
  • 7. Sofia Silva 7 Oralidade e Registo Integral  toda a passagem do oral para o escrito implica forçosamente um desenquadramento, pois a transcrição muda radicalmente o enunciado.  a transcrição de um enunciado para texto perde uma parte do seu sentido, pois o texto está fora do seu contexto original, logo é traído. janeiro de 15
  • 8. Sofia Silva 8 Para minimizar essa situação devemos  Nunca esquecer que o contexto é um complexo. O enunciado é tonalizado, gestualizado, dramatizado e inserido dentro de um sistema sociocultural.  Utilizar tecnologias audiovisuais sofisticadas, pois assim podemos recolocar o discurso verbalizado no seu enquadramento e apercebermo-nos de pequenos pormenores não verbalizados, que nos ajudarão a retractar mais fielmente o conteúdo oral janeiro de 15
  • 9. Sofia Silva 9 As histórias de vida podem ser centradas na pessoa ou focalizadas num acontecimento. janeiro de 15
  • 10. Sofia Silva 10 Psicobiografia (centrada na pessoa):  A pessoa encontra-se no interior de uma trama de acontecimentos. Aqui interessa a sua significação.  O investigador situa-se ao nível do tratamento psicológico da informação. janeiro de 15
  • 11. Sofia Silva 11 Etnobiografia:  A pessoa é considerada como um espelho do seu tempo, da sua envolvente. janeiro de 15
  • 12. Sofia Silva 12 As histórias de vida cruzadas  É precisamente neste método que a Etnobiografia funciona plenamente, na medida que permite o cruzamento de documentos, permitindo redescobrir testemunhos, assegurando uma comparação sistemática e metodológica. janeiro de 15
  • 13. Sofia Silva 13 A Recolha do Material  Na recolha de uma história de vida pede-se a um indivíduo que relate a sua história pessoal.  Por sua vez, a história de vida única privilegia a singularidade, como reveladora de um certo vivido social.  A técnica base utilizada na recolha deste tipo de informação é a entrevista.  Esta técnica tem como fim, aqui, recolher o saber específico de que o entrevistado é portador. janeiro de 15
  • 14. Sofia Silva 14 A recolha do material  A entrevista deverá ser livre e em profundidade, deixando lugar para anedotas ou divagações do narrador.  É imprescindível deixar fluir o discurso ao próprio ritmo do entrevistado.  Privilegia-se também o contacto e a informalidade para que o narrador não se sinta constrangido e se sinta confortável. janeiro de 15
  • 15. Sofia Silva 15 A Recolha do Material  Poderá utilizar-se um guia de inquérito (entrevista guiada) quando existe o fim de explorar uma parte da vida do narrador, focalizando– se em determinados acontecimentos..  No caso de histórias de vida únicas, a recolha da informação processa-se através de entrevistas repetidas, de forma a aprofundar a informação e favorecer o controle.  Por fim e para facilitar a colecta do material não podemos esquecer os aspectos técnicos, isto é, devemos recorrer a gravadores eficazes e de qualidade, pois muitos dos problemas que surgem na transcrição advêm dos fracos equipamentos técnicos. janeiro de 15
  • 16. Sofia Silva 16 Tratamento do material  Para procedermos a uma boa transcrição é imprescindível ter em consideração determinados aspetos (regras):  A primeira transcrição do texto é sempre fundamental. Deve ser integral e reproduzir fielmente o discurso.  Escrever o discurso.  Utilizar só um dos lados da folha. Esta deverá conter margens largas e pelo menos dois centímetros de espaçamento. É igualmente útil numerar as páginas e arrumá-las em classificadores/ pastas. janeiro de 15
  • 17. Sofia Silva 17 Tratamento do material  Identificar as gravações e conservá-las.  Fazer um exemplar duplo .  Cada entrevista é datada e a sua duração assinalada.  É muito importante registar todo o conjunto de intervenções expressivas (os gestos linguísticos e gestos interactivos) e incorporá-los na transcrição. Aqui exige-se a atenção do entrevistador para estes comportamentos não verbais. janeiro de 15
  • 18. Sofia Silva 18 Análise da história de vida  Análise de conteúdo janeiro de 15