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MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI




   CONSOLIDANDO POSIÇÕES NA MINERAÇÃO

               VOLUME V
MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI



         VOLUME V




   CONSOLIDANDO POSIÇÕES
       NA MINERAÇÃO




         Banco de
         Desenvolvimento de
         Minas Gerais
BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. - BDMG



                   Conselho de Administração
                José Augusto Trópia Reis - Presidente
                Murilo Paulino Badaró - Vice-Presidente
                      Edgard Martins Maneira
                        Elvira Fonseca Garcia
                        Fábio Proença Doyle
                  José Pedro Rodrigues de Oliveira




                             Diretoria
                Murilo Paulino Badaró - Presidente
            Francisco José de Oliveira - Vice-Presidente
                         José Lana Raposo
                     Ignácio Gabriel Prata Neto
                 Júlio Onofre Mendes de Oliveira




                   Coordenação do Projeto
          Tadeu Barreto Guimarães - Coordenação Geral
    Marco Antônio Rodrigues da Cunha - Coordenação Executiva
             Marilena Chaves - Coordenação Técnica




     Equipe Técnica do Departamento de Planejamento,
         Programas e Estudos Econômicos – D.PE
                 Bernardo Tavares de Almeida
                    Frederico Mário Marques
                    Gislaine Ângela do Prado
               Juliana Rodrigues de Paula Chiari
              Marco Antônio Rodrigues da Cunha
                         Marilena Chaves
             Tadeu Barreto Guimarães - Gerente
                      Apoio Administrativo
                    Cristiane de Lima Caputo
                Diully Soares Cândido Gonçalves
                     Henrique Naves Pinheiro
                     Hiram Silveira Assunção
                       Marta Maria Campos
As idéias expostas nos textos assinados são de responsabilidade dos autores,
                                       não refletindo necessariamente a opinião do BDMG.



                         BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. - BDMG

                                                               Rua da Bahia, 1600, Lourdes
                                                              30160.907 Caixa Postal 1.026
                                                              Belo Horizonte - Minas Gerais
                                                                   Tel : (031) 3219.8000
                                                              http://www.bdmg.mg.gov.br
                                                            e-mail: contatos@bdmg.mg.gov.br


                                                                 Editoração de Textos
                                                            IDM / Técnica Composição e Arte



                                                                   Criação da Capa
                                                              Fernando Fiúza de Filgueiras


                                                              Projeto e Produção Gráfica
                                                              Fernando Fiúza de Filgueiras
                                                                     Otávio Bretas



                                                                  Rona Editora Ltda
                                                                Avenida Mem de Sá, 801
                                                                    Santa Efigênia
                                                            30260-270 Belo Horizonte/ MG
                                                                Telefax: (31) 3283-2123



                                                              Revisão e Normalização
                                                            Dila Bragança de Mendonça
                                                       Elzira Divina Perpétua (Coordenação)
                                                               Marlene de Paula Fraga
                                                        Raquel Beatriz Junqueira Guimarães
                                                             Vicente de Paula Assunção
                                                         Virgínia Novais da Mata Machado



                                         Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
                                            Minas Gerais do Século XXI / Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.
                    B213m
                    2002                 Belo Horizonte: Rona Editora, 2002.
                                            10 v. : il. -
                                            Conteúdo: v.1 - O Ponto de Partida. v. 2 - Reinterpretando o Espaço Mineiro.
                                         v. 3 - Infra-Estrutura: sustentando o desenvolvimento. v. 4 - Transformando o
                                         Desenvolvimento na Agropecuária. v. 5 - Consolidando Posições na
                                         Mineração. v. 6 - Integrando a Indústria para o Futuro. v. 7 - Desenvolvimento
                                         Sustentável: apostando no futuro. v. 8 - Investindo em Políticas Sociais. v. 9 -
                                         Transformando o Poder Público: a busca da eficácia. v. Especial – Uma Visão do Novo
                                         Desenvolvimento
                                            1. Condições econômicas – Minas Gerais. 2. Desenvolvimento econômico –
                                         Minas Gerais. I. Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. II. BDMG. III. Título

                                                                                                        CDU: 338.92(815.1)

                                                   Catalogação na publicação: Biblioteca BDMG



4   Minas Gerais do Século XXI - Volume I - O ponto de partida
VOLUME 5




           CONSOLIDANDO POSIÇÕES
                   NA MINERAÇÃO

                                              Autor do Volume
                                    Germano Mendes de Paula
               (Doutor e Professor do Instituto de Economia da
                    Universidade Federal de Uberlândia - UFU)


                                   Coordenação do Projeto
                                    Tadeu Barreto Guimarães
                           Marco Antônio Rodrigues da Cunha
                                            Marilena Chaves


                        Coordenadores Técnicos do Volume
                             Juliana Rodrigues de Paula Chiari
                                             (D.PE/BDMG)
                                 Bernardo Tavares de Almeida
                                             (D.PE/BDMG)
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................ 13



1.      CENÁRIO INTERNACIONAL .................................................................................................................................. 15
       1.1.         Mineração: um negócio heterogêneo .................................................................................................................... 15
       1.2.         A importância econômica da mineração .............................................................................................................. 16
       1.3.         Fusões e aquisições na mineração mundial ......................................................................................................... 18
       1.4.         Evolução dos gastos com exploração mineral no mundo ................................................................................ 21


2.     CENÁRIO BRASILEIRO E DE MINAS GERAIS ................................................................................................ 27
       2.1.         Breve revisão histórica da mineração brasileira .................................................................................................. 27
       2.2.         Reservas minerais: Brasil e Minas Gerais ............................................................................................................. 29
       2.3.         Desempenho da produção mineral na década de 1990:
                    Brasil e Minas Gerais ............................................................................................................................................... 32


3.     INVESTIMENTOS NA MINERAÇÃO BRASILEIRA E DE MINAS GERAIS ....................................... 39
       3.1.         A questão do investimento na mineração ........................................................................................................... 39
       3.2.         Evolução dos investimentos na mineração brasileira ........................................................................................ 40
       3.3.         Distribuição geográfica dos investimentos na mineração brasileira ............................................................... 42
       3.4.         Investimentos na mineração em Minas Gerais ................................................................................................... 44


4.     A DIMENSÃO SISTÊMICA DA COMPETITIVIDADE NA MINERAÇÃO ............................................ 47
       4.1.         Regimes de tributação na mineração latino-americana ..................................................................................... 47
       4.2.         Tributação da mineração no Estado de Minas Gerais ....................................................................................... 49
       4.3.         Financiamento e fundos minerais ......................................................................................................................... 51
       4.4.         Conhecimento da geologia brasileira .................................................................................................................... 52
       4.5.         Mineração e meio ambiente ................................................................................................................................... 54


5.     FERRO ................................................................................................................................................................................... 61
       5.1.         Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 61
       5.2.         Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 62
       5.3.         Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 63
       5.4.         Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 64
       5.5.         Produção mundial .................................................................................................................................................... 64
       5.6.         Produção brasileira .................................................................................................................................................. 65
       5.7.         Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 66
       5.8.         Processo de consolidação ....................................................................................................................................... 67
       5.9          O Caso MBR ............................................................................................................................................................. 70
       5.10.        A Situação das pequenas mineradoras ................................................................................................................. 70
       5.11.        Preços ......................................................................................................................................................................... 72
       5.12.        Perspectivas .............................................................................................................................................................. 72
6.   OURO ...................................................................................................................................................................................... 75
     6.1.         Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 75
     6.2.         Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 75
     6.3.         Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 75
     6.4.         Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 76
     6.5.         Produção mundial .................................................................................................................................................... 76
     6.6.         Produção brasileira .................................................................................................................................................. 77
     6.7.         O caso Mineração Morro Velho ............................................................................................................................ 79
     6.8.         Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 80
     6.9.         Processo de consolidação ....................................................................................................................................... 80
     6.10.        Preços ......................................................................................................................................................................... 82
     6.11.        Perspectivas .............................................................................................................................................................. 83


7.   ZINCO .................................................................................................................................................................................... 85
     7.1.         Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 85
     7.2.         Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 86
     7.3.         Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 86
     7.4.         Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 87
     7.5.         Produção mundial .................................................................................................................................................... 87
     7.6.         Produção brasileira .................................................................................................................................................. 87
     7.7.         Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 88
     7.8.         Escala de produção .................................................................................................................................................. 89
     7.9.         Os casos CMM e Paraibuna de Metais ................................................................................................................. 89
     7.10.        Preços ......................................................................................................................................................................... 90
     7.11.        Perspectivas .............................................................................................................................................................. 91


8.   NÍQUEL ................................................................................................................................................................................ 93
     8.1.         Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 93
     8.2.         Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 93
     8.3.         Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 94
     8.4.         Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 94
     8.5.         Produção mundial .................................................................................................................................................... 94
     8.6.         Tecnologia HPAL ..................................................................................................................................................... 94
     8.7.         Produção brasileira .................................................................................................................................................. 95
     8.8.         Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 96
     8.9.         Escala de produção .................................................................................................................................................. 96
     8.10.        O caso Mineração Serra da Fortaleza ................................................................................................................... 97
     8.11.        Preços ......................................................................................................................................................................... 98
     8.12.        Perspectivas .............................................................................................................................................................. 99


9.   NIÓBIO ................................................................................................................................................................................ 101
     9.1.         Mercados consumidores ........................................................................................................................................ 101
     9.2.         Tendência da demanda .......................................................................................................................................... 101
     9.3.         Reservas mundiais .................................................................................................................................................. 102
     9.4.         Reservas brasileiras ................................................................................................................................................ 102
     9.5.         Produção mundial .................................................................................................................................................. 103
     9.6.         Produção e exportação brasileira de ferronióbio ............................................................................................. 103
     9.7.         O segmento de óxido de nióbio .......................................................................................................................... 104
     9.8.         O caso CBMM ........................................................................................................................................................ 104
     9.9.         Novos entrantes na indústria mundial de nióbio ............................................................................................. 105
     9.10         Preços ....................................................................................................................................................................... 106
     9.11.        Perspectivas ............................................................................................................................................................ 107
10. FOSFATO ............................................................................................................................................................................. 109
       10.1.        Mercados consumidores ........................................................................................................................................ 109
       10.2.        Tendências da demanda ........................................................................................................................................ 109
       10.3.        Reservas mundiais .................................................................................................................................................. 109
       10.4.        Reservas brasileiras ................................................................................................................................................ 109
       10.5.        Produção mundial .................................................................................................................................................. 110
       10.6.        Produção brasileira ................................................................................................................................................ 111
       10.7.        Balança comercial brasileira ................................................................................................................................. 112
       10.8.        Processo de consolidação ..................................................................................................................................... 112
       10.9.        O caso Fosfértil ...................................................................................................................................................... 113
       10.10.       Preços ....................................................................................................................................................................... 114
       10.11.       Perspectivas ............................................................................................................................................................ 114


11. CALCÁRIO (CIMENTO) .............................................................................................................................................. 115
       11.1.        Mercados consumidores ........................................................................................................................................ 115
       11.2.        Tendências da demanda ........................................................................................................................................ 115
       11.3.        Reservas mundiais e brasileiras ............................................................................................................................ 116
       11.4.        Produção mundial .................................................................................................................................................. 116
       11.5.        Produção brasileira ................................................................................................................................................ 117
       11.6.        Balança comercial brasileira ................................................................................................................................. 117
       11.7.        Processo de consolidação ..................................................................................................................................... 117
       11.8.        O caso Camargo Corrêa ........................................................................................................................................ 119
       11.9.        Preços ....................................................................................................................................................................... 119
       11.10.       Perspectivas ............................................................................................................................................................ 120


12. PEQUENAS E MÉDIAS MINERADORAS .......................................................................................................... 123
       12.1.        A importância das pequenas e médias mineradoras ......................................................................................... 123
       12.2.        Geração de empregos formais na mineração em Minas Gerais ..................................................................... 126
       12.3.        Taxonomia das estratégias de inserção competitiva das pequenas
                    e médias mineradoras em Minas Gerais ............................................................................................................. 130
       12.4.        Minerais industriais ................................................................................................................................................ 134
       12.5.        Agregados para construção civil .......................................................................................................................... 137
       12.6.        Rochas ornamentais e de revestimento ............................................................................................................. 138
       12.7         Diamantes e gemas ................................................................................................................................................ 140
       12.8.        Água mineral ........................................................................................................................................................... 142


13. VISÃO DE FUTURO E PROPOSIÇÕES DE POLÍTICA ................................................................................. 147
       13.1.        Grandes mineradoras ............................................................................................................................................. 147
       13.2.        Micro, pequenas e médias mineradoras .............................................................................................................. 149


14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................... 152
MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI
          VOLUME V




   CONSOLIDANDO POSIÇÕES
       NA MINERAÇÃO




          CAPÍTULO 1
  O CENÁRIO INTERNACIONAL
BDMG
                                                                                                                     40 anos
      Introdução

       A história da atividade mineradora em Minas Gerais se confunde com a própria trajetória
da atividade no País. Sendo o maior produtor mineral do Brasil, o Estado respondeu, em 1999,
por 34% da produção mineral nacional. É bem verdade que a participação de Minas na atividade
mineradora do País regrediu em relação ao ano de 1975, quando o Estado alcançou 59% do valor
da produção mineral brasileira. Mas durante toda a década de 90, Minas manteve sua participação
média no valor da produção mineral nacional em patamar superior a 30%. Do ponto de vista
econômico, a extração de ferro é a atividade mineral mais representativa para a economia estadual,
atingindo, no ano de 2000, 69,8% do valor da produção mineral.
       Minas Gerais desempenha papel proeminente nas reservas medidas nacionais de metais
ferrosos, com destaque para o lítio (100%), o berílio (98%), o zinco (89%), o titânio (87%), o
nióbio (73%), o chumbo (67%), o ferro (59%) e o ouro (48%). Em relação aos minerais não-
metálicos, merecem destaque as reservas de enxofre e ocre (100% do total brasileiro), agalmatolito,
ardósia, bário, grafita e quartzo/cristal (acima de 90%), além de rocha fosfática (61%) e de calcário
(18%), e pedras britadas (15%). No âmbito das gemas e diamantes, em 2000, Minas representava
96% das reservas medidas brasileiras de diamantes e 91% das de gemas.
       Uma característica marcante da mineração é sua natureza eminentemente heterogênea, não
apenas em termos dos diferentes segmentos da atividade, mas também pela grande diversidade
das empresas que exploram as reservas minerais, coexistindo desde um global player até um
microempreendimento. Assim, generalizações são extremamente difíceis, e qualquer análise deve
ser individualizada, levando em consideração as características dos diversos segmentos de atividade.
De fato, este documento elabora dois tipos de abordagem. A primeira dedica-se ao exame de sete
substâncias minerais (ferro, ouro, zinco, níquel, nióbio, fosfato e calcário), responsáveis por 88%
da produção mineral estadual no ano de 2000, e cuja exploração concentra-se em empresas de
grande porte. A segunda abordagem dedica-se às demais substâncias minerais, para as quais existem
dificuldades para obtenção de dados fidedignos, pois são exploradas em sua maioria por empresas
de pequeno e médio porte.
       Este volume está organizado em treze capítulos. O primeiro dedica-se a vários assuntos
relevantes à mineração no mundo, tais como: o caráter heterogêneo e a importância econômica da
atividade; o intenso processo de fusões e aquisições; a evolução recente dos investimentos em
exploração mineral. O segundo capítulo resgata um breve histórico da mineração brasileira, para
depois discutir a posição brasileira nas reservas mundiais, bem como a de Minas Gerais no contexto
brasileiro. Este capítulo é finalizado com a análise do desempenho da produção mineral ao longo
da década de 1990, em Minas Gerais, tendo o País como padrão de referência.
       O capítulo 3 aborda a questão dos investimentos na atividade mineradora. Procura-se, por
exemplo, escrutinar a evolução das inversões na mineração brasileira, sua distribuição geográfica
e também a trajetória dos investimentos na mineração em Minas Gerais. O capítulo seguinte é
dedicado à chamada dimensão sistêmica da competitividade, passando por temas relativos a
tributação, financiamento, conhecimento da geologia brasileira e meio ambiente.
      Os capítulos 5 a 11 discutem a situação atual e prospectiva das principais substâncias
minerais do Estado, a saber: ferro, ouro, zinco, níquel, nióbio, fosfato e calcário (cimento). No ano
2000, o valor da produção conjunta desses sete minerais foi equivalente a 88% do total de Minas


                                                                                                                    13
                                                                             Capítulo 1 - O cenário internacional
Gerais, ratificando sua importância econômica. Para cada mineral, foram abordados os seguintes
BDMG
40 anos




          aspectos: a) os principais mercados consumidores; b) as tendências de demanda; c) as reservas
          mundiais; d) as reservas brasileiras; e) a produção mundial; f) a produção brasileira; g) a balança
          comercial brasileira; h) a escala de produção e/ou o processo de consolidação; i) os investimentos
          de uma empresa importante no Estado; j) a trajetória recente de preços. Por fim, a última seção
          relativa a cada substância mineral sumaria as perspectivas mundiais, brasileiras e de Minas Gerais.
                 O capítulo 12 focaliza a questão das pequenas e médias mineradoras. Busca-se ressaltar
          sua importância como instrumento de política regional e de inclusão social. Uma análise agregada
          e qualitativa evidencia as perspectivas de crescimento, as principais estratégias de inserção
          competitiva e o nível do impacto ambiental verificado em relação às substâncias minerais nas
          quais as mineradoras de menor porte se fazem mais presentes. Nesse capítulo, destacam-se os
          agregados para a construção civil, as rochas ornamentais e de revestimento, os diamantes e gemas,
          e a água mineral. O último capítulo retoma as principais conclusões do estudo e formula propostas
          de política, para grandes mineradoras, de um lado, e para micro, pequenas e médias mineradoras,
          de outro.
                 Para a elaboração de volume, além das referências bibliográficas citadas ao final do
          documento, foram realizadas entrevistas com vários especialistas e junto a empresas e instituições,
          a quem o autor agradece a valiosa contribuição. Porém os conceitos formulados, opiniões e críticas
          encontradas no presente texto, salvo as manifestadas pelos autores citados nominalmente, são de
          inteira responsabilidade do autor. Este agradece a Kelly Silva Mascarenhas e Angélica Álvares
          Ferreira, pelo competente trabalho de assistência de pesquisa. O autor também se beneficiou do
          suporte fornecido pelos centros de informações da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e do
          Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS).




     14   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
BDMG
                                                                                                                                            40 anos
         1. Cenário internacional


         1.1. Mineração: um negócio heterogêneo1
       A mineração apresenta enorme diversidade, dificultando sobremaneira generalizações.
Quaisquer análises e propostas de política para o setor devem, assim, levar em consideração as
características dos diversos segmentos da atividade.
       Existem pelo menos 80 commodities minerais. A maioria desses são minerais metálicos, embora
existam importantes minerais não-metálicos. Um grupo especial dos não-metálicos é conhecido
como metalóide (por exemplo, silício e selênio), por possuir algumas propriedades metálicas. Alguns
minerais vêm sendo utilizados há alguns milhares de anos, sendo que o registro do uso do cobre
remonta a 7000 a.C. Em compensação, alguns metais, como titânio, tântalo, nióbio, molibdênio e
zircônio, começaram a ser utilizados comercialmente há apenas 50 anos.
         As principais classes de minerais são:
         • minerais metálicos (ferrosos, não-ferrosos e preciosos);
         • minerais energéticos;
         • minerais industriais e para construção;
         • diamantes e gemas preciosas.


     Os minerais podem ser também divididos de acordo como sua forma prioritária de
comercialização:
         • minerais com valor unitário suficientemente elevado, para serem vendidos no mercado
           global (por exemplo, ouro, diamante, cobre e alumínio);
         • minerais com valor unitário suficientemente elevado, para serem comercializados em
           mercados regionais; ou seja, embora sejam verificados fluxos de exportação e importação,
           sua comercialização não é verdadeiramente global (calcário);
         • minerais com baixo valor unitário, o que limita sua comercialização, principalmente ao
           âmbito doméstico (areia e brita).
        Na TAB. 1, observa-se a grande diversidade em termos do volume produzido e do preço
médio de venda entre alguns minerais. Os agregados ou materiais para construção (como areia e
brita) constituem-se, de longe, nos minerais com os maiores volumes de produção, ultrapassando
15 bilhões de toneladas por ano. No contexto dos minerais metálicos ferrosos, destaca-se o minério
de ferro (com produção de aproximadamente 1 bilhão de toneladas), o mesmo acontecendo com
o alumínio no que tange aos minerais metálicos não-ferrosos. Por outro lado, apenas 162 toneladas
de platina e outros metais raros são produzidos anualmente no mundo.

    As duas primeiras seções deste capítulo baseiam-se no estudo intitulado Breaking New Ground: Mining, Minerals, and Sustainable
1

    Development, elaborado no âmbito do projeto The Mining, Minerals and Sustainable Development, ou simplesmente MMSD. Ele foi
    desenvolvido pelo International Institute for Environment and Development (IIED), sob encomenda do World Business Council for
    Sustainable Development (WBCSD), tendo sido divulgado em abril de 2002.



                                                                                                                                           15
                                                                                                    Capítulo 1 - O cenário internacional
Os preços dos minerais e metais são também bastante variados. Os preços médios da platina,
BDMG
40 anos




          no ano 2000, aproximaram-se de US$ 17 milhões por tonelada, enquanto os do carvão e rocha
          fosfática atingiram US$ 40 por tonelada. Numa visão mais abrangente, os produtos siderúrgicos
          podem ser considerados as commodities minerais mais importantes em termos do volume de vendas
          anuais, seguidos pelo carvão. Esses foram os dois únicos minerais ou metais cujas vendas
          ultrapassaram US$ 100 bilhões no ano 2000. Cobre, alumínio, zinco, ouro e ferro, por exemplo,
          estavam no patamar de 10 a 100 bilhões de dólares de vendas anuais, ao passo que as da fluorita
          foram de US$ 565 milhões.


                                                                          TABELA 1

                                 PRODUÇÃO E PREÇOS DE COMMODITIES MINERAIS SELECIONADAS, 2000

                                                        PRODUÇÃO EM 2000                   PREÇO          VALOR ANUAL DE VENDAS
           COMMODITIES MINERAIS
                                                         (mil de toneladas)            (US$ / tonelada)       (US$ milhões)
           Produtos Siderúrgicos                                762.612,0                       300              228.784
           Carvão                                             3.400.000,0                        40              136.000
           Alumínio Primário                                      24.461,0                    1.458               35.664
           Cobre Refinado                                         14.676,0                    1.813               26.608
           Ferro*                                               950.290,0                        25               23.757
           Ouro                                                          2,6             8.677.877                22.337
           Zinco Refinado                                          8.922.0                    1.155               10.305
           Níquel Primário                                        1.107,0                     8.642                9.566
           Rocha Fosfática                                      141.589,0                        40                5.664
           Molibdênio                                                 543,0                   5.732                3.114
           Platina                                                       0,2            16.920.304                 2.734
           Chumbo Primário                                         3.038,0                      454                1.379
           Titânio                                                 6.580,0                      222                1.461
           Fluorita                                                4.520,0                      125                 565
          FONTE: IIED / WBCSD, 2002, p. 36, a partir de dados da CRU International.
          NOTA: * estimado pelo autor, utilizando informações da UNCTAD.



                    1.2. A importância econômica da mineração
                 Apesar da ressalva anterior quanto à dificuldade de tecer comentários genéricos sobre a
          mineração mundial, constata-se uma gradual migração da produção mineral para os chamados
          países em desenvolvimento. Isto decorre, em grande medida, da existência de depósitos que podem
          ser explorados com baixos custos. As maiores dificuldades (mesmo que seja apenas em relação ao
          tempo) enfrentadas para a obtenção de licenças ambientais para desenvolver projetos minerais
          em países mais industrializados, combinado com custos salariais maiores, também favorecem
          essa tendência. A extensão dessa migração varia consideravelmente entre os diferentes minerais.
          Ela já avançou mais rápido para alguns metais do que para minerais industriais e materiais de
          construção. Reitera-se, dessa forma, o padrão de que metais são mais transacionáveis em escala
          internacional do que os minerais industriais e os agregados para a construção civil.

                 Naturalmente, a importância econômica da mineração, em termos de geração de empregos
          e renda, bem como nas exportações totais de uma nação, numa comparação internacional é variada.
          Alguns países são extremamente dependentes da mineração no que tange às exportações. Por
          exemplo, em 1999, 71% das exportações da Guiné foram decorrentes de minerais (considerando


     16   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
apenas os não-energéticos). Valores significativos também são encontrados em outros países




                                                                                                                                              BDMG
                                                                                                                                              40 anos
africanos, asiáticos e sul-americanos. Neste continente, a representatividade das exportações
minerais (não-energéticos) alcançou 43% no Chile, 40% no Peru e 23% na Bolívia.
        Algumas experiências merecem ser destacadas. Na África do Sul, por exemplo, as exportações
de produtos minerais (incluindo os energéticos) correspondem a 31% do total das vendas externas
do país e geram cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, esses valores são
estimados, respectivamente, em 32% e 8,5% (TAB. 2)2. Ainda na América do Sul, a mineração
representa 3,6% do PIB na Bolívia, 10,3% no Chile e 5,5% no Peru. Embora os Estados Unidos
possuam o maior setor mineral do mundo, menos de 0,5% do PIB provém diretamente da extração
mineral. É essencial destacar que essas estimativas são apenas indicativas, pois não necessariamente
compartilham dos mesmos critérios para sua elaboração. A bem da verdade, nem sempre os critérios
utilizados são explicitados, inviabilizando eventuais ajustes. Acredita-se que, para os vários países
que constam da TAB. 2, inclusive o Brasil, estão sendo considerados não apenas a produção
mineral propriamente dita, mas também o primeiro estágio da transformação industrial, como
produtos siderúrgicos, por exemplo.




                                                            TABELA 2

                    IMPORTÂNCIA RELATIVA DA MINERAÇÃO EM PAÍSES SELECIONADOS, 1999*

                                       PARTICIPAÇÃO RELATIVA                              PARTICIPAÇÃO RELATIVA
    PAÍSES
                                     NAS EXPORTAÇÕES TOTAIS (%)                       NO PRODUTO INTERNO BRUTO (%)
    África do Sul                                    31                                                   6,5
    Austrália                                        45                                                   9,0
    Bolívia                                          32                                                   3,6
    Brasil                                           32                                                   8,5
    Canadá                                           14                                                   3,7
    Chile                                            44                                                  10,3
    Estados Unidos                                    ...                                               < 0,5
    Peru                                             45                                                   5,5
FONTE: Elaboração própria a partir de dados de IIED / WBCSD, 2002, p. 45-47.
NOTA: * incluem-se minerais energéticos; os critérios para elaboração de estimativas para cada país podem ser diferentes.




        Uma grande peculiaridade da mineração, em termos de geração de emprego e renda, é que
se trata de uma atividade temporária. Diferentemente da agricultura e da indústria de transformação
que, a princípio, são atividades que podem perdurar indefinidamente ao longo do tempo, na
mineração as reservas se exaurem. Assim, é essencial levar em consideração a dimensão das
reservas, o tempo provável para a sua exaustão e analisar como comunidades que se desenvolveram
baseadas na atividade de mineração superaram as dificuldades oriundas da paralisação da extração
mineral após sua exaustão.

    Pinheiro (2002, p. 5) aponta que, ao se levar em conta a primeira etapa de transformação industrial, a indústria mineral alcança
2

    participação de 8,3% do PIB (cerca de US$ 46 bilhões). Portanto, pelo menos no caso brasileiro, a estimativa considera algum
    estágio de processamento industrial. Machado (2002, p. 3), por sua vez, aponta que o valor total da produção mineral
    brasileira, em 2000, incluindo petróleo e gás natural, foi de US$ 9,3 bilhões. Todavia, o valor da primeira transformação de
    produtos minerais (cimento, ferro-gusa, aço e sua ligas, metais, produtos semimanufaturados e químicos) atingiu US$ 50,5
    bilhões no mesmo ano.



                                                                                                                                             17
                                                                                                      Capítulo 1 - O cenário internacional
1.3. Fusões e aquisições na mineração mundial
BDMG
40 anos




                 Um dos traços marcantes da mineração mundial vem sendo o intenso processo de
          consolidação, em especial nos segmentos de minerais metálicos. De fato, segundo Ericsson (2002,
          p. 16), o total das fusões e aquisições (F&A), com valores conhecidos, durante o período 1995-
          2001, superou US$ 150 bilhões (TAB. 3). Registre-se ainda que, nos anos de 1998 e 2001, esses
          valores foram, respectivamente, de US$ 26 e US$ 41 bilhões. De acordo com o mesmo autor, a
          ciclabilidade das atividades de F&A na mineração é parcialmente relacionada à evolução dos
          preços dos metais, que apresentaram valores deprimidos tanto em 1998 quanto em 2001. Assim,
          constatar-se-ia uma forte correlação entre queda de preços e o aumento das transações patrimoniais
          na mineração mundial. Além de questões estritamente econômicas, deve-se apontar que alterações
          institucionais também são importantes na explicação do volume de F&A na mineração, em
          particular: a) as mudanças políticas na África do Sul; b) as privatizações ocorridas nos países em
          desenvolvimento e nas ex-economias socialistas.


                                                                          TABELA 3

                                         FUSÕES E AQUISIÇÕES NA MINERAÇÃO MUNDIAL, 1995-2001

                                                           VOLUME DE FUSÕES E          PARTICIPAÇÃO DA MINERAÇÃO NO
                             NÚMERO DE
                                                         AQUISIÇÕES NA MINERAÇÃO             TOTAL MUNDIAL DE
                            TRANSAÇÕES*
                                                          MUNDIAL (US$ BILHÕES)           FUSÕES E AQUISIÇÕES (%)
            1995                    47                                   16,5                      1,8
            1996                    82                                   12,5                      1,2
            1997                    91                                   18,5                      1,2
            1998                    88                                   25,7                      1,1
            1999                   100                                   19,1                      0,6
            2000                    80                                   18,7                       ...
            2001                    81                                   40,9                       ...
          FONTE: Ericsson, 2000; 2002.
          NOTA: * transações acima de US$ 10 milhões



                  A TAB. 3 também indica o número total de transações ocorridas na mineração e a importância
          relativa do setor no contexto de todas as F&A mundiais. Observa-se que, excetuando o ano de
          1995, contabilizou-se pelo menos 80 transações relevantes na mineração mundial. Esses
          indicadores, a exemplo do que acontece com outros levantamentos de F&A, são, na verdade,
          subestimados. Ericsson (2002, p. 17) destaca que, para várias transações, os valores monetários
          não foram divulgados. Isto decorre tanto de cláusulas que proíbem o disclosure (divulgação pública)
          dos valores envolvidos nas operações, quanto de empresas, que por possuírem capital fechado
          não se vêem obrigadas a apresentar detalhes das transações. De todo modo, a mineração vem
          sendo responsável por apenas de 0,6% a 1,8% de todas as mudanças patrimoniais globais, em
          termos de valores financeiros.
                Ressalte-se que pelo menos uma grande fusão no setor foi vetada por autoridades antitruste.
          No início de 2000, a proposta de fusão entre Alcan, Pechiney e Algroup, que provavelmente seria
          a maior transação do setor mineral, na década de 1990, não foi aprovada pela União Européia.
          Estima-se que o valor dessa transação alcançaria US$ 17 bilhões (Ericsson, 2000, p. 40). Em
          função disso, a principal mudança patrimonial do setor, desde 1995, foi a fusão da BHP (Austrália)
          com a Billiton (Reino Unido), dando origem a BHP Billiton. A TAB. 4 mostra informações desta
          e de mais nove megatransações na mineração mundial, avaliadas em pelo menos US$ 3 bilhões.


     18   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
Três desses casos podem ser considerados reestruturações patrimoniais internas: as transações




                                                                                                                                          BDMG
                                                                                                                                          40 anos
envolvendo a Anglo American e a De Beers; a RTZ e a CRA; a Anglo American e a Anglogold.
Dentre as empresas adquiridas nessas dez megatransações, quatro eram diversificadas, três
especializadas em alumínio, uma em diamante, outra em níquel e a última em ouro. Apenas uma
transação foi decorrente de privatização: a da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em 19973.


                                                        TABELA 4

                     PRINCIPAIS FUSÕES E AQUISIÇÕES NA MINERAÇÃO MUNDIAL, 1995-2001

                                                                                                               VALOR
                ADQUIRENTE                 ADQUIRIDA               ATUAÇÃO                  ANO             (US$ milhões)
     1               BHP                     Billiton            Diversificada              2001                  14.500
     2         Anglo American               De Beers               Diamante                 2001                  11.400
     3               Alcoa                  Reynolds                Alumínio                1999                   4.600
     4               Alcan                   Algroup                Alumínio                2000                   4.400
     5                RTZ                      CRA               Diversificada              1995                   4.000
     6               Alcoa                   Alumax                 Alumínio                1998                   3.800
     7         Anglo American                Minorco             Diversificada              1998                   3.700
     8                Inço                Voisey's Bay               Níquel                 1995                   3.300
     9            Consórcio                   CVRD               Diversificada              1997                   3.150
    10         Anglo American              Anglogold                  Ouro                  1998                   3.100
FONTE: Ericsson, 2002.



       O processo de F&A na mineração possui várias implicações, com destaque para: a) a
alteração da posição relativa das empresas no ranking mundial; b) o incremento nos índices de
concentração em cada segmento; c) os impactos negativos sobre os gastos com exploração mineral.
No que se refere ao primeiro aspecto, as TAB. 5 e 6 apresentam, respectivamente, o ranking das
maiores mineradoras de 1994 a 2001, pelo critério do valor da produção. As informações foram
separadas em duas tabelas, porque a base de dados do período 1994-1997 refere-se à mineração
ocidental, portanto, excluindo ativos minerais localizados nos então chamados países de economia
centralizada (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, China e países da Europa Central, como
Polônia). Já as informações para o biênio 2000-2001 referem-se à mineração mundial.


                                                        TABELA 5

                    AS DEZ MAIORES EMPRESAS DA MINERAÇÃO OCIDENTAL PELO CRITÉRIO
                                 DO VALOR DA PRODUÇÃO, 1994 E 1997*

                               1994                                                  1997
                                                            %                                                               %
                             EMPRESA                                               EMPRESA
         1         ANGLO AMERICAN                         8,5              ANGLO AMERICAN                                 8,0
         2         RTZ                                    5,4              RIO TINTO                                      5,5
         3         ESTADO DO BRASIL**                     2,9              BHP                                            4,3
                                                                                                                        (Continua...)

    O “Consórcio Brasil”, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi o vencedor do leilão de privatização da CVRD,
3

    em maio de 1997. Integrado ainda por fundos de pensões (Previ, Petros, Fundação CESP e Funcef) e instituições financeiras
    (Opportunity e Nations Bank), ele arrematou 42% das ações ordinárias da CVRD por US$ 3,338 bilhões (MELLO, 2000, p. 94).



                                                                                                                                         19
                                                                                                  Capítulo 1 - O cenário internacional
TABELA 5        (Continuação)
BDMG
40 anos




                                 AS DEZ MAIORES EMPRESAS DA MINERAÇÃO OCIDENTAL PELO CRITÉRIO
                                              DO VALOR DA PRODUÇÃO, 1994 E 1997*

                                            1994                                                         1997
                                                                               %                                     %
                                          EMPRESA                                                      EMPRESA
                 4             BHP                                           2,8             CVRD                  3,3
                 5             ESTADO DO CHILE**                             2,4             ESTADO DO CHILE**     2,5
                 6             GENCOR                                        1,9             PHELPS DODGE          1,6
                 7             ESTADO DA MALÁSIA**                           1,4             NORANDA               1,6
                 8             FREEPORT MCMORAN                              1,3             FREEPORT MCMORAN      1,5
                 9             BARRICK GOLD                                  1,3             ASARCO                1,4
               10              PHELPS DODGE                                  1,2             CYPRUS AMAX           1,3
                               TOTAL                                       29,2              TOTAL                31,0
          FONTE: Daffós, 1997; Roskill, 1999.
          NOTA: * exclui minerais energéticos
                ** Estado do Brasil (principalmente CVRD), Estado do Chile (Codelco e Enami) e
                   Estado da Malásia (principalmente Malaysia Mining).




                                                                          TABELA 6

                                  AS DEZ MAIORES EMPRESAS DA MINERAÇÃO MUNDIAL PELO CRITÉRIO
                                               DO VALOR DA PRODUÇÃO, 2000 E 2001*

                                            2000                                                          2001
                                                                               %                                   %
                                          EMPRESA                                                       EMPRESA
                  1                 ANGLO AMERICAN                            6,2               ANGLO AMERICAN     6,1
                  2                 RIO TINTO                                 4,3               RIO TINTO          4,3
                  3                 BHP BILLITON                              2,5               BHP BILLITON       3,4
                  4                 CVRD                                      2,3               CVRD               2,9
                  5                 NORILSK NICKEL                            2,1               NORILSK NICKEL     2,1
                  6                 CODELCO                                   1,9               CODELCO            1,9
                  7                 PHELPS DODGE                              1,4               NEWMONT**          1,9
                  8                 GRUPO MEXICO                              1,3               PHELPS DODGE       1,4
                  9                 NEWMONT                                   1,3               BARRICK            1,4
                10                  ...                                        …                GRUPO MEXICO       1,3
                                    TOTAL                                   23,3                TOTAL             26,7
          FONTE: Ericsson, 2002.
          NOTA: * exclui minerais energéticos.
                ** já considerando a aquisição da Normandy pela Newmont.




                 As TAB. 5 e 6 mostram, categoricamente, a relevância das grandes mineradoras nessa
          atividade. Cabe destacar que mais de 1/4 da produção mundial encontra-se sob controle das
          dez maiores empresas. Considerando o ano de 2001, as cinco primeiras são diversificadas, ao
          passo que as demais estão concentradas em um mineral, como cobre (Codelco, Phelps Dodge e
          Grupo México) e ouro (Newmont e Barrick). Cabe também ressaltar que o número de empresas
          estatais, no contexto das dez maiores, regrediu de três (em 1994) para apenas uma (em 2001).
                A bem da verdade, a concentração no âmbito de cada segmento mineral é bem maior do
          que se pode depreender das TAB. 5 e 6. Como se constata na TAB. 7, a participação da líder de
          mercado ultrapassa 12% no cobre, ouro e zinco, chegando a praticamente 18% no ferro e 31,5%


     20   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
no estanho. Considerando esses mesmos segmentos, em todos eles, a participação conjunta das




                                                                                                                                        BDMG
                                                                                                                                        40 anos
dez maiores ultrapassa 55%, atingindo quase 80% no caso do estanho. Num passado recente,
ferro e ouro, os dois mais relevantes minerais de Minas Gerais, vêm passando por um intenso
processo de F&A em âmbito mundial, tema que será retomado nos capítulos 5 e 6, respectivamente.
Uma última implicação do processo de F&A na mineração mundial refere-se à diminuição dos
gastos com exploração mineral, tema discutido na próxima seção.


                                                       TABELA 7

                       CONCENTRAÇÃO DE MERCADO EM MINERAIS SELECIONADOS, 2001

                                                              PARTICIPAÇÃO DAS                  PARTICIPAÇÃO DAS
      MINERAL              MAIOR EMPRESA (%)
                                                                3 MAIORES (%)                    10 MAIORES (%)
      Estanho                        31,5                              65,6                                79,3
      Ferro                          17,8                              39,7                                67,3
      Cobre                          14,9                              35,4                                74,6
      Ouro                           12,3                              29,9                                57,4
      Zinco                          12,3                              30,1                                57,1
FONTE: Ericsson, 2002.




         1.4. Evolução dos gastos com exploração mineral no mundo
        Os dados com alocação para exploração mineral – para minerais metálicos não-ferrosos –
são tradicionalmente estimados pela consultoria canadense Metals Economics Group. Segundo
ela, as F&A acabam desestimulando investimentos em exploração mineral, pois os valores conjuntos
despendidos após as transações são menores do que os verificados quando as empresas eram
separadas. No mesmo sentido, Roskill (1999, p. 3) aponta que:


                        O crescimento das atividades de F&A se torna, inclusive, mais significativo quando se
                        compara com o declínio atual nos gastos de exploração mineral (...) F&A é um mecanismo
                        que permite evitar a custosa, arriscada e demorada fase de exploração de uma nova mina.
                        Quanto mais os corpos minerais são profundos e localizados em regiões remotas, mais
                        arriscada é esta fase. Assim, F&A se tornam mais atrativas para as empresas que podem
                        arcar com isto. (tradução livre do autor)4


      A TAB. 8 mostra os dispêndios mundiais com exploração mineral segundo a Metals
Economics Group. Observa-se que o ápice de dispêndios ocorreu em 1997 (US$ 5,1 bilhões),
tendo regredido desde então para US$ 3,5 bilhões em 1998, US$ 2,6 bilhões em 2000 e ainda
US$ 2,2 bilhões em 2001.



    O texto literal é: “The increase in M&A activity becomes even more significant when compared to the present decline in
4

    exploration expenditure (…) M&A is a way of avoiding the costly, risky and long exploration phase of a mine project. The
    deeper and more remotely new orebodies are located, the riskier this phase becomes and M&A will become more attractive to
    companies that can afford them”.



                                                                                                                                       21
                                                                                                Capítulo 1 - O cenário internacional
TABELA 8
BDMG
40 anos




                       GASTOS MUNDIAIS COM EXPLORAÇÃO MINERAL POR REGIÃO, 1996-2001 (US$ MILHÕES)

              REGIÕES                                1996              1997            1998    1999     2000           2001
              América Latina                            963            1.170            814     719      662            576
              Austrália                                 666              673            495     495      405            349
              Canadá                                    461              436            308     310      348            333
              África                                    418              663            494     377      293            277
              Estados Unidos                            343              365            243     252      235            158
              Pacífico/Sudeste Ásia                     415              440            266     196      199            133
              Resto do Mundo                            259              283            210     213      197            175
              TOTAL*                                 3.525             4.030           2.830   2.562   2.339           2.001
              TOTAL ESTIMADO                         4.600             5.100           3.500   2.800   2.600           2.200
          FONTE: Elaboração própria, a partir de dados de várias informações divulgadas pela Metals Economics Group.
          NOTA: * o número de empresas é variável entre os anos.




                 É importante enfatizar cinco questões metodológicas em relação a essas informações.
          Primeiro, trata-se de dados relativos ao orçamento de exploração mineral. De acordo com a CEPAL
          (1999, p. 60), não existem estatísticas conhecidas que mostrem os gastos efetivamente realizados.
          Contudo, ela enfatiza que a amostra da Metals Economics Group é bastante confiável, sendo
          provável que as inversões efetivas se situem em níveis próximos das cifras baseadas nos orçamentos
          em exploração mineral.
                 Segundo, no total estão incluídos os investimentos em descoberta de depósitos, em
          quantificação de recursos, estudos de viabilidade e definição de reservas e em pesquisa de reservas
          adicionais para minas em lavra (Weiss, 2001, p. 4). Terceiro, esses dados, como mencionado
          anteriormente, são relativos tão-somente a minerais metálicos não-ferrosos. Apesar disso, podem
          ser interpretados como uma proxy (aproximação) da evolução dos gastos com exploração mineral
          como um todo.
                 Quarto, a Metals Economics Group apresenta dois totais, sendo que o menor corresponde
          ao orçamento de exploração mineral das empresas analisadas (em 2001, da ordem de US$2 bilhões),
          e o maior, à soma do anterior com uma estimativa dos gastos de empresas que não discriminam a
          rubrica exploração mineral. Por último, o número de companhias com gastos relevados em
          exploração mineral altera-se ano a ano, tendo variado de 182 (em 1998), 223 (em 1996), 279 (em
          1997) e 679 (em 2001). Como o número de companhias pesquisadas aumentou ao longo do
          tempo, a diferença entre os dois totais decresceu de 23% em 1996 para 10% no ano 2001. Assim,
          ao se levar em conta que o número de firmas investigadas cresceu, a queda no gasto total com
          exploração mineral se torna ainda mais proeminente.
                 Durante todos os anos de 1996 a 2001, a América Latina foi a região contemplada com os
          maiores gastos em exploração mineral, segundo a Metals Economics Group. Verifica-se que a
          participação relativa do continente se manteve, em geral, entre 27% e 29%. O mesmo se observa
          com a Austrália, cuja relevância vem-se mantendo entre 17% e 19%. A África, após aumentar sua
          participação de 12% em 1996 para 16% em 1997, foi regredindo até atingir 14% no ano de 2001.
                Weiss (2001, p. 4), também se utilizando de dados da Metals Economics Group, aponta
          que os investimentos em exploração de minerais no Brasil teriam atingido US$ 123,5 milhões no
          ano 2000. Esse valor corresponderia a 5,3% do total mundial. Na América Latina, o País seria
          superado pelo Chile (US$ 144 milhões) e Peru (US$ 139 milhões), mas estaria à frente de México


     22   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
(US$ 96 milhões), Argentina (US$ 69 milhões), Bolívia (US$ 15 milhões), Equador (US$ 10 milhões)




                                                                                                                     BDMG
                                                                                                                     40 anos
e Venezuela (US$ 6 milhões). CEPAL (1999, p. 62) também destaca que, para o ano de 1998, a
CVRD foi responsável por 37% dos investimentos em exploração mineral no Brasil.
       BNDES (1999a, pp. 7-8) analisa os gastos em exploração mineral do ponto de vista da
nacionalidade da empresa. Considerando o período 1996-98, as empresas canadenses foram
responsáveis por 28,5% dos dispêndios totais, seguidas das australianas (24,5%), norte-americanas
(16,8%), européias (14,2%), africanas (8,7%), latino-americanas (4,7%) e asiáticas (2,3%). Assim,
enquanto a América Latina é o lugar preferencial nos gastos em exploração mineral, as empresas
sediadas na região são responsáveis por menos de 5% dos dispêndios totais, denotando uma
estratégia pouco agressiva, ao menos em minerais metálicos não-ferrosos.
      Em suma, três são as características básicas da mineração mundial: a) uma grande diversidade
em termos de volume movimentado, do valor unitário e do alcance da comercialização entre os
minerais, o que se reflete também na heterogeneidade da importância econômica da atividade
mineral entre os países; b) um intenso processo de alterações patrimoniais, reforçando a participação
de mercado das empresas líderes; c) uma retração no volume despendido em exploração mineral.




                                                                                                                    23
                                                                             Capítulo 1 - O cenário internacional
BDMG
40 anos




     24   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI
          VOLUME V




   CONSOLIDANDO POSIÇÕES
       NA MINERAÇÃO




          CAPÍTULO 2
    O CENÁRIO BRASILEIRO
      E DE MINAS GERAIS
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                                                                                                                          40 anos
       2. Cenário brasileiro e de Minas Gerais

      2.1. Breve revisão histórica da mineração brasileira
        A história da mineração de Minas Gerais se confunde com a própria trajetória da atividade
no País. Não é objetivo desta seção elaborar uma digressão profunda sobre este tema, que, aliás,
já foi tratado com propriedade por vários autores. Ao contrário, esta sucinta revisão pretende tão-
somente relembrar alguns traços mais marcantes deste longo percurso.
       Durante o período colonial, Minas Gerais vivenciou não apenas o rush do ouro, mas também
o dos diamantes. De acordo com Martins & Brito (1989, p. 13), produzia-se pouco ouro no Brasil
até 1690. Contudo, na última década do século XVII, centenas de jazidas de aluvião começaram
a ser descobertas, em rápida sucessão, nos córregos e ribeirões nas vizinhanças de Ouro Preto,
Mariana, Sabará e Caeté, causando o primeiro grande rush minerador da história do Brasil. Na
avaliação de Machado & Figueirôa (2000, p. 25), o clímax da mineração de ouro no Brasil, nos
séculos passados, ocorreu entre 1739 a 1779, com a notória liderança de Minas Gerais. Durante o
período colonial, estima-se que o Estado tenha produzido de 2/3 a 3/4 do ouro do país.
       É bem verdade que se verificaram rushes de ouro em outros Estados. No caso da Bahia, o
ápice da atividade de extração nos depósitos de ouro ocorreu entre 1718 e 1730. Em Goiás, as
descobertas iniciais concentraram-se na década de 1720. Nesse estado, a produção atingiu seu
clímax na década de 1750. Adicionalmente, em Mato Grosso, o ouro foi descoberto em 1719,
sendo que a duração do boom foi ainda menor do que em Goiás. De fato, apesar da riqueza das
primeiras jazidas, a produção mostrava sinais de declínio já em 1723. Se não bastasse, muitas
situações adversas ocorreram durante a corrida do ouro em Mato Grosso, como malária, febre
amarela e massacres de aventureiros promovidos pelos índios paiaguás e guaicurus (Martins &
Brito, 1989, p. 13-19; Machado & Figueirôa, p. 24-25).
        Nos séculos passados, diamantes e gemas foram bastante representativos no âmbito da
mineração de Minas Gerais, em particular, e da brasileira, em geral. Machado & Figueirôa (2000,
pp. 25-28) apontam que a “era do diamante brasileiro” durou de 1730 a 1870, quando a África do
Sul assumiu a liderança do mercado mundial. Embora haja (pelo menos) três versões acerca do
descobrimento de diamantes em solos brasileiros, concretamente em fevereiro de 1730, as regiões
produtoras de diamantes, na então colônia de Tejuco (posteriormente Diamantina, Minas Gerais),
foram declaradas de propriedade da Coroa. Por volta de 1740, tornou-se conhecida a existência de
jazimentos em Goiás e, em 1746, em Mato Grosso. Nesse estado, chegou a haver um pequeno
rush à época da descobertas, mas a produção não correspondeu às expectativas iniciais (Martins &
Brito, 1989, p. 32). Durante o domínio português, a produção brasileira anual média de diamantes
passou de 20 mil quilates (na década de 1730) para 52 mil quilates (entre 1741 e 1772), reduzindo-
se posteriormente para 27 mil quilates (entre 1773-1806) e ainda para 12 mil quilates (entre 1807
e 1822) – ver Machado & Figueirôa (2000, p. 28).

       Seja no caso do ouro ou de diamantes, presenciaram-se corridas clássicas, causando vários
problemas não apenas durante o auge da produção, mas também após a exaustão dos recursos minerais.
Pode-se afirmar que o principal legado deixado pela mineração, no período colonial, em Minas Gerais,
foi a ocupação do território. Grandes cidades do período colonial prosperaram ao lado das minas,
como Ouro Preto, Diamantina, Sabará e Serro. A produção mineral abriu estradas, implantou núcleos
urbanos, unificou o território e criou uma estrutura administrativa própria. Entre 1700 e 1808, a
população estimada de Minas Gerais cresceu de 30 mil para 433 mil habitantes (Alves, 1998).


                                                                                                                         27
                                                                   Capítulo 2 - O cenário brasileiro e de Minas Gerais
Durante o Império, a produção mineral brasileira, cujo volume foi bastante inferior ao do
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          período colonial, continuou concentrada em ouro e diamantes, notavelmente no Estado de Minas
          Gerais. Registre-se que, nas décadas de 1820 e 1830, foram formadas na Inglaterra seis companhias
          para explorar jazidas auríferas em Minas Gerais (Martins & Brito, 1989, p. 48). Dentre elas, destaca-
          se a St. John D’el Rey Mining Company, que, apesar de ter passado por várias alterações patrimoniais,
          continua em operação, atualmente sob a denominação de Mineração Morro Velho. É bem verdade
          que o sucesso dessa empresa constituiu uma exceção, pois, conforme Machado & Figueirôa (2000,
          p. 30) apontam, no restante, o desempenho das empresas mineradoras inglesas no Brasil (leia-se
          em Minas Gerais) foi medíocre, tendo resultado em 14 falências.
                 A mineração brasileira no século XX foi marcada especialmente pelo ferro. Antes de examinar
          esse mineral, é necessário relembrar a importância do manganês. Durante todo esse século, o
          Brasil foi um importante exportador de manganês de alto teor, para fabricação de ferro-ligas,
          inicialmente em Minas Gerais, depois no Amapá. A exploração de manganês da Morro da Mina,
          em Conselheiro Lafaiete (Minas Gerais), iniciou-se em 1894 (Martins & Brito, 1989, p. 94). Todavia,
          a produção em larga escala somente foi atingida a partir de 1920, quando a Morro da Mina foi
          vendida à empresa siderúrgica norte-americana United States Steel. A produção foi basicamente
          destinada ao abastecimento das usinas da empresa nos Estados Unidos. A Mineração Morro da
          Mina foi, até 1961, responsável por grande parte da produção brasileira de manganês, tendo sido,
          nessa data, superada pela mina da Serra do Navio (localizada no Amapá) – ver Alves (1998).
                 No que tange à mineração de ferro, vale lembrar que os primeiros altos-fornos construídos
          no País datam do início do século XIX, em São João de Ipanema (Sorocaba, São Paulo) e na
          Fábrica do Morro do Pilar (Minas Gerais). A primeira corrida de ferro-gusa em alto-forno ocorreu,
          no Brasil, em 1814. Ainda naquele século, destacou-se a usina construída pelo engenheiro francês
          Jean de Monlevade. Guimarães (1987, p. 45) afirma, porém, que todas as tentativas de produção
          de aço involuíram até seu total fechamento, por volta de 1860. Alguns anos mais tarde, mais
          precisamente em 1876, foi criada a Escola de Minas de Ouro Preto, que, além de formar os
          primeiros metalurgistas brasileiros, contribuiu para a introdução de novas técnicas no incipiente
          ramo de atividade.
                 Ainda no que se refere à mineração de ferro, os primeiros anos do século XX foram marcados
          pela constituição da Itabira Iron Ore Co., de capitais ingleses e organizada por Percival Farquar,
          que adquiriu os direitos das minas de ferro de Itabira e de participação na Estrada de Ferro Vitória-
          Minas (EFVM). Também foram importantes os esforços de Artur da Silva Bernardes, tanto na
          condição de Presidente do Estado de Minas Gerais quanto de Presidente da República, em
          desenvolver a siderúrgica nacional, durante a década de 1920 (Martins & Brito, 1989, p. 83-85).
          Foi, inclusive, nessa época que o grupo luxemburguês Arbed investiu na então Cia. Siderúrgica
          Mineira, cuja denominação foi alterada para Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira5.
                  A produção de ferro somente ganhou fôlego após a década de 1940. Foi necessário que os
          Acordos de Washington garantissem a transferência da propriedade das minas de Itabira do governo
          inglês para o brasileiro. Com isso, possibilitou-se a criação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD),
          em 1942. Na ocasião, o País exportava apenas 31 mil toneladas de minério de ferro por ano; dez anos
          mais tarde, 1,5 milhão de toneladas (Martins & Brito, 1989, p. 94); atualmente, 160 milhões de toneladas.

              Existe uma controvérsia sobre as razões que motivaram os investimentos do grupo Arbed na siderurgia brasileira. Pelaéz (1970,
          5

              p. 195), por exemplo, argumenta que o objetivo era obter, com o tempo, concessões de jazidas de ferro, que inicialmente haviam
              beneficiado grupos ingleses e norte-americanos. Santos (1986, p. 185-189) apresenta uma outra interpretação: que o objetivo era
              evitar a exportação maciça de minérios de ferro pela Itabira Iron, ao se demonstrar a viabilidade de uma siderurgia brasileira à base
              de carvão vegetal. Com isso, evitar-se-ia a concorrência dessa virtual exportação com as vendas de minério que o Arbed fazia a
              partir de suas minas na Lorena.



     28   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
Na década de 1960, promoveu-se uma acentuada liberalização do setor mineral brasileiro à




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                                                                                                                          40 anos
participação do capital estrangeiro. Isto é usualmente considerado como um fator decisivo para o
surto de desenvolvimento de grandes projetos, tais como: Minerações Brasileiras Reunidas (MBR),
Samitri e Ferteco (minério de ferro), Alcoa (alumínio), Companhia Brasileira de Mineração e
Metalurgia (CBMM, nióbio) e Sama (amianto) – ver BDMG (1989, p. 26).
       Esta breve recapitulação não seria completa sem citar o Projeto Ferro Carajás, da CVRD. A
reserva de minério de ferro de Carajás foi descoberta em 1967. Todavia, somente em 1978, um
ano após a retirada da siderúrgica norte-americana United States Steel do projeto, é que se iniciou
sua viabilização, com a construção de um trecho ferroviário de 82 quilômetros de São Luiz em
direção à mina (Marques, 1992, p. 21). O Projeto Ferro Carajás começou a operar em fevereiro de
1985, atingindo a capacidade nominal de 35 milhões de toneladas anuais em 1987, sendo
praticamente todo voltado às exportações. O custo do investimento total do Ferro Carajás foi de
US$ 3,5 bilhões. Em linhas gerais, esse projeto permitiu à CVRD consolidar-se como líder mundial
da exportação de minério de ferro.


      2.2. Reservas minerais: Brasil e Minas Gerais
       O objetivo desta seção é apresentar um panorama do volume de reservas minerais, do
Brasil e, em particular, de Minas Gerais. Antes, contudo, parece ser apropriado diferenciar recursos
de reservas. Os recursos são segmentados, em ordem crescente de confiança geológica, em inferidos,
indicados e medidos. Após as avaliações apropriadas terem sido executadas e concluir-se que, sob
condições econômicas e técnicas realistas, justifica-se a exploração, a parte minerável dos recursos
medidos e indicados é conhecida como reserva. As reservas minerais são, também, divididas, em
ordem crescente de confiança geológica, técnica e econômica, em reservas provadas e prováveis.
       Em primeiro lugar, cabe apontar os minerais em relação aos quais o Brasil possui uma
posição de destaque no contexto internacional. O País detém as maiores reservas do mundo de
nióbio e tantalita; as segundas maiores de caulim e grafita; as terceiras maiores de alumínio,
talco e vermiculita; as quartas maiores de estanho e magnesita; e as quintas maiores de ferro e
manganês (QUADRO 1).



                                             QUADRO 1

                           POSIÇÃO BRASILEIRA NAS RESERVAS MUNDIAIS

       POSIÇÃO                        MINERAL                              PARTICIPAÇÃO %
          1º                         Nióbio                                        90,0
                                     Tantalita                                     45,2
          2º                         Caulim                                        28,2
                                     Grafita                                       21,0
          3º                         Alumínio                                        7,8
                                     Talco                                         19,0
                                     Vermiculita                                     8,1
          4º                         Estanho                                         6,8
                                     Magnesita                                       5,2
          5º                         Ferro                                           6,5
                                     Manganês                                        1,0
FONTE: DNPM



                                                                                                                         29
                                                                   Capítulo 2 - O cenário brasileiro e de Minas Gerais
Em segundo lugar, a TAB. 9 mostra a relevância do Estado no contexto brasileiro, seja pelo
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          critério de quantidade de minério, seja pelo de minério contido. Tendo em vista os propósitos
          deste diagnóstico, preferiu-se analisar prioritariamente as chamadas reservas medidas. Essa opção
          decorreu do fato de que, para as reservas medidas, dispõe-se de informações relativas à quantidade
          de minério, ao teor médio e, por conseqüência, à quantidade de minério contido. Minas Gerais
          desempenha papel proeminente em termos de reservas medidas de metais ferrosos, pelo critério
          do minério contido, em: lítio (100% do total brasileiro, de ambligonita e espodumênio), berílio
          (98%), zinco (89%), titânio (87%, de anatásio), nióbio (73%, de pirocloro), chumbo (67%), ferro
          (59%) e ouro (48%). Merece também destaque a participação do Estado nas reservas de monazita
          (16%) e manganês (15%). Por outro lado, destaca-se que em três importantes minerais metálicos
          a participação estadual nas reservas brasileiras é bastante reduzida: alumínio/bauxita (4%), níquel
          (2,5%) e cobre (praticamente nula).



                                                                          TABELA 9

                          PARTICIPAÇÃO RELATIVA DE MINAS GERAIS NAS RESERVAS BRASILEIRAS MEDIDAS
                                   DE SUBSTÂNCIAS MINERAIS METÁLICAS, 2000 (PERCENTUAL)

                                                                                       MINÉRIO AJUSTADO PELO
            MINERAL                                            QUANTIDADE DE MINÉRIO
                                                                                           TEOR CONTIDO
            Alumínio (Bauxita)                                                 4,90             3,79
            Berílio (Berilo)                                                 98,23             98,41
            Cádmio                                                         100,00                  -
            Chumbo                                                          59,02              67,34
            Cobalto                                                            3,06             1,85
            Cobre                                                              0,10             0,05
            Cromo (Cromita)                                                    6,25             6,12
            Estanho (Cassiterita)                                              0,64             0,18
            Ferro                                                            61,22             58,54
            Lítio (Ambligonita)                                            100,00             100,00
            Lítio (Espodumenio)                                            100,00             100,00
            Lítio (Lepidolita)                                               71,90             93,07
            Lítio (Petalita)                                               100,00               9,09
            Manganês                                                         21,48             14,73
            Monazita                                                          4,96             15,85
            Nióbio (Col.-Tant.)                                                0,00             0,00
            Nióbio (Pirocloro)                                               79,18             73,11
            Níquel                                                             2,41             2,51
            Ouro                                                             24,15             47,65
            Prata                                                              7,27             0,25
            Tântalo (Col.-Tant.)                                               0,00             0,00
            Terras-Raras                                                     99,93                 -
            Titânio (Anatasio)                                               90,25             87,20
            Titânio (Ilmenita)                                                 2,05             6,91
            Titânio (Rutilo)                                                   0,00             0,00
            Tungstênio                                                         0,00             0,00
            Vanádio                                                            0,00             0,00
            Zinco                                                            64,96             88,68
            Zircônio                                                           0,07             4,29
          FONTE: DNPM



     30   Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
A TAB. 10, por sua vez, apresenta as mesmas informações para os minerais não-metálicos.




                                                                                                                         BDMG
                                                                                                                         40 anos
Em função da natureza desses minerais, parece adequado analisar mais detidamente a importância
relativa de Minas Gerais, pelo critério de quantidade de minério. O Estado apresenta uma posição
de destaque em: enxofre e ocre (100% do total brasileiro), agalmatolito, ardósia, bário, grafita e
quartzo/cristal (acima de 90%). Porém, em termos daqueles minerais mais relevantes
economicamente, é fundamental citar que Minas Gerais detém 61% das reservas medidas brasileiras
de rocha fosfática, 18% das de calcário e 15% das de pedras britadas.
      A importância relativa de Minas Gerais no âmbito das reservas medidas de gemas e diamantes
é mostrada na TAB. 11. No ano 2000, a participação estadual foi equivalente a 96% das reservas
nacionais de diamantes e a 91% das de gemas.



                                          TABELA 10

              PARTICIPAÇÃO RELATIVA DE MINAS GERAIS NAS RESERVAS BRASILEIRAS MEDIDAS
                     DE SUBSTÂNCIAS MINERAIS NÃO-METÁLICAS, 2000 (PERCENTUAL)

                                                                      MINÉRIO AJUSTADO PELO
             MINERAL                QUANTIDADE DE MINÉRIO
                                                                          TEOR CONTIDO
   Agalmatolito                             99,51                                           -
   Amianto                                   0,00                                     0,00
   Ardósia                                  95,36                                           -
   Areia e Cascalho                          4,83                                           -
   Areia Industrial                          5,36                                           -
   Argila Comercial                         14,46                                           -
   Argilas Refratárias                      16,44                                        -
   Bário (Barita)                           94,51                                    81,14
   Bauxita Refratária                       37,58                                    25,17
   Bentonita                                 0,20                                           -
   Calcário                                 18,44                                           -
   Calcita                                   0,00                                           -
   Caulim                                    0,53                                           -
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   Enxofre                                 100,00                                           -
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   Grafita                                  91,36                                    87,71
   Granito Ornamental                       22,84                                           -
   Leucita e Nefelina/Sienito                6,83                                           -
   Magnesita                                 0,00                                           -
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Volume 5 Mineracao

  • 1. MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI CONSOLIDANDO POSIÇÕES NA MINERAÇÃO VOLUME V
  • 2. MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI VOLUME V CONSOLIDANDO POSIÇÕES NA MINERAÇÃO Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
  • 3. BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. - BDMG Conselho de Administração José Augusto Trópia Reis - Presidente Murilo Paulino Badaró - Vice-Presidente Edgard Martins Maneira Elvira Fonseca Garcia Fábio Proença Doyle José Pedro Rodrigues de Oliveira Diretoria Murilo Paulino Badaró - Presidente Francisco José de Oliveira - Vice-Presidente José Lana Raposo Ignácio Gabriel Prata Neto Júlio Onofre Mendes de Oliveira Coordenação do Projeto Tadeu Barreto Guimarães - Coordenação Geral Marco Antônio Rodrigues da Cunha - Coordenação Executiva Marilena Chaves - Coordenação Técnica Equipe Técnica do Departamento de Planejamento, Programas e Estudos Econômicos – D.PE Bernardo Tavares de Almeida Frederico Mário Marques Gislaine Ângela do Prado Juliana Rodrigues de Paula Chiari Marco Antônio Rodrigues da Cunha Marilena Chaves Tadeu Barreto Guimarães - Gerente Apoio Administrativo Cristiane de Lima Caputo Diully Soares Cândido Gonçalves Henrique Naves Pinheiro Hiram Silveira Assunção Marta Maria Campos
  • 4. As idéias expostas nos textos assinados são de responsabilidade dos autores, não refletindo necessariamente a opinião do BDMG. BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS S.A. - BDMG Rua da Bahia, 1600, Lourdes 30160.907 Caixa Postal 1.026 Belo Horizonte - Minas Gerais Tel : (031) 3219.8000 http://www.bdmg.mg.gov.br e-mail: contatos@bdmg.mg.gov.br Editoração de Textos IDM / Técnica Composição e Arte Criação da Capa Fernando Fiúza de Filgueiras Projeto e Produção Gráfica Fernando Fiúza de Filgueiras Otávio Bretas Rona Editora Ltda Avenida Mem de Sá, 801 Santa Efigênia 30260-270 Belo Horizonte/ MG Telefax: (31) 3283-2123 Revisão e Normalização Dila Bragança de Mendonça Elzira Divina Perpétua (Coordenação) Marlene de Paula Fraga Raquel Beatriz Junqueira Guimarães Vicente de Paula Assunção Virgínia Novais da Mata Machado Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais Minas Gerais do Século XXI / Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. B213m 2002 Belo Horizonte: Rona Editora, 2002. 10 v. : il. - Conteúdo: v.1 - O Ponto de Partida. v. 2 - Reinterpretando o Espaço Mineiro. v. 3 - Infra-Estrutura: sustentando o desenvolvimento. v. 4 - Transformando o Desenvolvimento na Agropecuária. v. 5 - Consolidando Posições na Mineração. v. 6 - Integrando a Indústria para o Futuro. v. 7 - Desenvolvimento Sustentável: apostando no futuro. v. 8 - Investindo em Políticas Sociais. v. 9 - Transformando o Poder Público: a busca da eficácia. v. Especial – Uma Visão do Novo Desenvolvimento 1. Condições econômicas – Minas Gerais. 2. Desenvolvimento econômico – Minas Gerais. I. Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. II. BDMG. III. Título CDU: 338.92(815.1) Catalogação na publicação: Biblioteca BDMG 4 Minas Gerais do Século XXI - Volume I - O ponto de partida
  • 5. VOLUME 5 CONSOLIDANDO POSIÇÕES NA MINERAÇÃO Autor do Volume Germano Mendes de Paula (Doutor e Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia - UFU) Coordenação do Projeto Tadeu Barreto Guimarães Marco Antônio Rodrigues da Cunha Marilena Chaves Coordenadores Técnicos do Volume Juliana Rodrigues de Paula Chiari (D.PE/BDMG) Bernardo Tavares de Almeida (D.PE/BDMG)
  • 6.
  • 7. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................ 13 1. CENÁRIO INTERNACIONAL .................................................................................................................................. 15 1.1. Mineração: um negócio heterogêneo .................................................................................................................... 15 1.2. A importância econômica da mineração .............................................................................................................. 16 1.3. Fusões e aquisições na mineração mundial ......................................................................................................... 18 1.4. Evolução dos gastos com exploração mineral no mundo ................................................................................ 21 2. CENÁRIO BRASILEIRO E DE MINAS GERAIS ................................................................................................ 27 2.1. Breve revisão histórica da mineração brasileira .................................................................................................. 27 2.2. Reservas minerais: Brasil e Minas Gerais ............................................................................................................. 29 2.3. Desempenho da produção mineral na década de 1990: Brasil e Minas Gerais ............................................................................................................................................... 32 3. INVESTIMENTOS NA MINERAÇÃO BRASILEIRA E DE MINAS GERAIS ....................................... 39 3.1. A questão do investimento na mineração ........................................................................................................... 39 3.2. Evolução dos investimentos na mineração brasileira ........................................................................................ 40 3.3. Distribuição geográfica dos investimentos na mineração brasileira ............................................................... 42 3.4. Investimentos na mineração em Minas Gerais ................................................................................................... 44 4. A DIMENSÃO SISTÊMICA DA COMPETITIVIDADE NA MINERAÇÃO ............................................ 47 4.1. Regimes de tributação na mineração latino-americana ..................................................................................... 47 4.2. Tributação da mineração no Estado de Minas Gerais ....................................................................................... 49 4.3. Financiamento e fundos minerais ......................................................................................................................... 51 4.4. Conhecimento da geologia brasileira .................................................................................................................... 52 4.5. Mineração e meio ambiente ................................................................................................................................... 54 5. FERRO ................................................................................................................................................................................... 61 5.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 61 5.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 62 5.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 63 5.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 64 5.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 64 5.6. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 65 5.7. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 66 5.8. Processo de consolidação ....................................................................................................................................... 67 5.9 O Caso MBR ............................................................................................................................................................. 70 5.10. A Situação das pequenas mineradoras ................................................................................................................. 70 5.11. Preços ......................................................................................................................................................................... 72 5.12. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 72
  • 8. 6. OURO ...................................................................................................................................................................................... 75 6.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 75 6.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 75 6.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 75 6.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 76 6.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 76 6.6. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 77 6.7. O caso Mineração Morro Velho ............................................................................................................................ 79 6.8. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 80 6.9. Processo de consolidação ....................................................................................................................................... 80 6.10. Preços ......................................................................................................................................................................... 82 6.11. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 83 7. ZINCO .................................................................................................................................................................................... 85 7.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 85 7.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 86 7.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 86 7.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 87 7.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 87 7.6. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 87 7.7. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 88 7.8. Escala de produção .................................................................................................................................................. 89 7.9. Os casos CMM e Paraibuna de Metais ................................................................................................................. 89 7.10. Preços ......................................................................................................................................................................... 90 7.11. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 91 8. NÍQUEL ................................................................................................................................................................................ 93 8.1. Mercados consumidores .......................................................................................................................................... 93 8.2. Tendências da demanda .......................................................................................................................................... 93 8.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................... 94 8.4. Reservas brasileiras .................................................................................................................................................. 94 8.5. Produção mundial .................................................................................................................................................... 94 8.6. Tecnologia HPAL ..................................................................................................................................................... 94 8.7. Produção brasileira .................................................................................................................................................. 95 8.8. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................... 96 8.9. Escala de produção .................................................................................................................................................. 96 8.10. O caso Mineração Serra da Fortaleza ................................................................................................................... 97 8.11. Preços ......................................................................................................................................................................... 98 8.12. Perspectivas .............................................................................................................................................................. 99 9. NIÓBIO ................................................................................................................................................................................ 101 9.1. Mercados consumidores ........................................................................................................................................ 101 9.2. Tendência da demanda .......................................................................................................................................... 101 9.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................. 102 9.4. Reservas brasileiras ................................................................................................................................................ 102 9.5. Produção mundial .................................................................................................................................................. 103 9.6. Produção e exportação brasileira de ferronióbio ............................................................................................. 103 9.7. O segmento de óxido de nióbio .......................................................................................................................... 104 9.8. O caso CBMM ........................................................................................................................................................ 104 9.9. Novos entrantes na indústria mundial de nióbio ............................................................................................. 105 9.10 Preços ....................................................................................................................................................................... 106 9.11. Perspectivas ............................................................................................................................................................ 107
  • 9. 10. FOSFATO ............................................................................................................................................................................. 109 10.1. Mercados consumidores ........................................................................................................................................ 109 10.2. Tendências da demanda ........................................................................................................................................ 109 10.3. Reservas mundiais .................................................................................................................................................. 109 10.4. Reservas brasileiras ................................................................................................................................................ 109 10.5. Produção mundial .................................................................................................................................................. 110 10.6. Produção brasileira ................................................................................................................................................ 111 10.7. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................. 112 10.8. Processo de consolidação ..................................................................................................................................... 112 10.9. O caso Fosfértil ...................................................................................................................................................... 113 10.10. Preços ....................................................................................................................................................................... 114 10.11. Perspectivas ............................................................................................................................................................ 114 11. CALCÁRIO (CIMENTO) .............................................................................................................................................. 115 11.1. Mercados consumidores ........................................................................................................................................ 115 11.2. Tendências da demanda ........................................................................................................................................ 115 11.3. Reservas mundiais e brasileiras ............................................................................................................................ 116 11.4. Produção mundial .................................................................................................................................................. 116 11.5. Produção brasileira ................................................................................................................................................ 117 11.6. Balança comercial brasileira ................................................................................................................................. 117 11.7. Processo de consolidação ..................................................................................................................................... 117 11.8. O caso Camargo Corrêa ........................................................................................................................................ 119 11.9. Preços ....................................................................................................................................................................... 119 11.10. Perspectivas ............................................................................................................................................................ 120 12. PEQUENAS E MÉDIAS MINERADORAS .......................................................................................................... 123 12.1. A importância das pequenas e médias mineradoras ......................................................................................... 123 12.2. Geração de empregos formais na mineração em Minas Gerais ..................................................................... 126 12.3. Taxonomia das estratégias de inserção competitiva das pequenas e médias mineradoras em Minas Gerais ............................................................................................................. 130 12.4. Minerais industriais ................................................................................................................................................ 134 12.5. Agregados para construção civil .......................................................................................................................... 137 12.6. Rochas ornamentais e de revestimento ............................................................................................................. 138 12.7 Diamantes e gemas ................................................................................................................................................ 140 12.8. Água mineral ........................................................................................................................................................... 142 13. VISÃO DE FUTURO E PROPOSIÇÕES DE POLÍTICA ................................................................................. 147 13.1. Grandes mineradoras ............................................................................................................................................. 147 13.2. Micro, pequenas e médias mineradoras .............................................................................................................. 149 14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................... 152
  • 10.
  • 11. MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI VOLUME V CONSOLIDANDO POSIÇÕES NA MINERAÇÃO CAPÍTULO 1 O CENÁRIO INTERNACIONAL
  • 12.
  • 13. BDMG 40 anos Introdução A história da atividade mineradora em Minas Gerais se confunde com a própria trajetória da atividade no País. Sendo o maior produtor mineral do Brasil, o Estado respondeu, em 1999, por 34% da produção mineral nacional. É bem verdade que a participação de Minas na atividade mineradora do País regrediu em relação ao ano de 1975, quando o Estado alcançou 59% do valor da produção mineral brasileira. Mas durante toda a década de 90, Minas manteve sua participação média no valor da produção mineral nacional em patamar superior a 30%. Do ponto de vista econômico, a extração de ferro é a atividade mineral mais representativa para a economia estadual, atingindo, no ano de 2000, 69,8% do valor da produção mineral. Minas Gerais desempenha papel proeminente nas reservas medidas nacionais de metais ferrosos, com destaque para o lítio (100%), o berílio (98%), o zinco (89%), o titânio (87%), o nióbio (73%), o chumbo (67%), o ferro (59%) e o ouro (48%). Em relação aos minerais não- metálicos, merecem destaque as reservas de enxofre e ocre (100% do total brasileiro), agalmatolito, ardósia, bário, grafita e quartzo/cristal (acima de 90%), além de rocha fosfática (61%) e de calcário (18%), e pedras britadas (15%). No âmbito das gemas e diamantes, em 2000, Minas representava 96% das reservas medidas brasileiras de diamantes e 91% das de gemas. Uma característica marcante da mineração é sua natureza eminentemente heterogênea, não apenas em termos dos diferentes segmentos da atividade, mas também pela grande diversidade das empresas que exploram as reservas minerais, coexistindo desde um global player até um microempreendimento. Assim, generalizações são extremamente difíceis, e qualquer análise deve ser individualizada, levando em consideração as características dos diversos segmentos de atividade. De fato, este documento elabora dois tipos de abordagem. A primeira dedica-se ao exame de sete substâncias minerais (ferro, ouro, zinco, níquel, nióbio, fosfato e calcário), responsáveis por 88% da produção mineral estadual no ano de 2000, e cuja exploração concentra-se em empresas de grande porte. A segunda abordagem dedica-se às demais substâncias minerais, para as quais existem dificuldades para obtenção de dados fidedignos, pois são exploradas em sua maioria por empresas de pequeno e médio porte. Este volume está organizado em treze capítulos. O primeiro dedica-se a vários assuntos relevantes à mineração no mundo, tais como: o caráter heterogêneo e a importância econômica da atividade; o intenso processo de fusões e aquisições; a evolução recente dos investimentos em exploração mineral. O segundo capítulo resgata um breve histórico da mineração brasileira, para depois discutir a posição brasileira nas reservas mundiais, bem como a de Minas Gerais no contexto brasileiro. Este capítulo é finalizado com a análise do desempenho da produção mineral ao longo da década de 1990, em Minas Gerais, tendo o País como padrão de referência. O capítulo 3 aborda a questão dos investimentos na atividade mineradora. Procura-se, por exemplo, escrutinar a evolução das inversões na mineração brasileira, sua distribuição geográfica e também a trajetória dos investimentos na mineração em Minas Gerais. O capítulo seguinte é dedicado à chamada dimensão sistêmica da competitividade, passando por temas relativos a tributação, financiamento, conhecimento da geologia brasileira e meio ambiente. Os capítulos 5 a 11 discutem a situação atual e prospectiva das principais substâncias minerais do Estado, a saber: ferro, ouro, zinco, níquel, nióbio, fosfato e calcário (cimento). No ano 2000, o valor da produção conjunta desses sete minerais foi equivalente a 88% do total de Minas 13 Capítulo 1 - O cenário internacional
  • 14. Gerais, ratificando sua importância econômica. Para cada mineral, foram abordados os seguintes BDMG 40 anos aspectos: a) os principais mercados consumidores; b) as tendências de demanda; c) as reservas mundiais; d) as reservas brasileiras; e) a produção mundial; f) a produção brasileira; g) a balança comercial brasileira; h) a escala de produção e/ou o processo de consolidação; i) os investimentos de uma empresa importante no Estado; j) a trajetória recente de preços. Por fim, a última seção relativa a cada substância mineral sumaria as perspectivas mundiais, brasileiras e de Minas Gerais. O capítulo 12 focaliza a questão das pequenas e médias mineradoras. Busca-se ressaltar sua importância como instrumento de política regional e de inclusão social. Uma análise agregada e qualitativa evidencia as perspectivas de crescimento, as principais estratégias de inserção competitiva e o nível do impacto ambiental verificado em relação às substâncias minerais nas quais as mineradoras de menor porte se fazem mais presentes. Nesse capítulo, destacam-se os agregados para a construção civil, as rochas ornamentais e de revestimento, os diamantes e gemas, e a água mineral. O último capítulo retoma as principais conclusões do estudo e formula propostas de política, para grandes mineradoras, de um lado, e para micro, pequenas e médias mineradoras, de outro. Para a elaboração de volume, além das referências bibliográficas citadas ao final do documento, foram realizadas entrevistas com vários especialistas e junto a empresas e instituições, a quem o autor agradece a valiosa contribuição. Porém os conceitos formulados, opiniões e críticas encontradas no presente texto, salvo as manifestadas pelos autores citados nominalmente, são de inteira responsabilidade do autor. Este agradece a Kelly Silva Mascarenhas e Angélica Álvares Ferreira, pelo competente trabalho de assistência de pesquisa. O autor também se beneficiou do suporte fornecido pelos centros de informações da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 14 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 15. BDMG 40 anos 1. Cenário internacional 1.1. Mineração: um negócio heterogêneo1 A mineração apresenta enorme diversidade, dificultando sobremaneira generalizações. Quaisquer análises e propostas de política para o setor devem, assim, levar em consideração as características dos diversos segmentos da atividade. Existem pelo menos 80 commodities minerais. A maioria desses são minerais metálicos, embora existam importantes minerais não-metálicos. Um grupo especial dos não-metálicos é conhecido como metalóide (por exemplo, silício e selênio), por possuir algumas propriedades metálicas. Alguns minerais vêm sendo utilizados há alguns milhares de anos, sendo que o registro do uso do cobre remonta a 7000 a.C. Em compensação, alguns metais, como titânio, tântalo, nióbio, molibdênio e zircônio, começaram a ser utilizados comercialmente há apenas 50 anos. As principais classes de minerais são: • minerais metálicos (ferrosos, não-ferrosos e preciosos); • minerais energéticos; • minerais industriais e para construção; • diamantes e gemas preciosas. Os minerais podem ser também divididos de acordo como sua forma prioritária de comercialização: • minerais com valor unitário suficientemente elevado, para serem vendidos no mercado global (por exemplo, ouro, diamante, cobre e alumínio); • minerais com valor unitário suficientemente elevado, para serem comercializados em mercados regionais; ou seja, embora sejam verificados fluxos de exportação e importação, sua comercialização não é verdadeiramente global (calcário); • minerais com baixo valor unitário, o que limita sua comercialização, principalmente ao âmbito doméstico (areia e brita). Na TAB. 1, observa-se a grande diversidade em termos do volume produzido e do preço médio de venda entre alguns minerais. Os agregados ou materiais para construção (como areia e brita) constituem-se, de longe, nos minerais com os maiores volumes de produção, ultrapassando 15 bilhões de toneladas por ano. No contexto dos minerais metálicos ferrosos, destaca-se o minério de ferro (com produção de aproximadamente 1 bilhão de toneladas), o mesmo acontecendo com o alumínio no que tange aos minerais metálicos não-ferrosos. Por outro lado, apenas 162 toneladas de platina e outros metais raros são produzidos anualmente no mundo. As duas primeiras seções deste capítulo baseiam-se no estudo intitulado Breaking New Ground: Mining, Minerals, and Sustainable 1 Development, elaborado no âmbito do projeto The Mining, Minerals and Sustainable Development, ou simplesmente MMSD. Ele foi desenvolvido pelo International Institute for Environment and Development (IIED), sob encomenda do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), tendo sido divulgado em abril de 2002. 15 Capítulo 1 - O cenário internacional
  • 16. Os preços dos minerais e metais são também bastante variados. Os preços médios da platina, BDMG 40 anos no ano 2000, aproximaram-se de US$ 17 milhões por tonelada, enquanto os do carvão e rocha fosfática atingiram US$ 40 por tonelada. Numa visão mais abrangente, os produtos siderúrgicos podem ser considerados as commodities minerais mais importantes em termos do volume de vendas anuais, seguidos pelo carvão. Esses foram os dois únicos minerais ou metais cujas vendas ultrapassaram US$ 100 bilhões no ano 2000. Cobre, alumínio, zinco, ouro e ferro, por exemplo, estavam no patamar de 10 a 100 bilhões de dólares de vendas anuais, ao passo que as da fluorita foram de US$ 565 milhões. TABELA 1 PRODUÇÃO E PREÇOS DE COMMODITIES MINERAIS SELECIONADAS, 2000 PRODUÇÃO EM 2000 PREÇO VALOR ANUAL DE VENDAS COMMODITIES MINERAIS (mil de toneladas) (US$ / tonelada) (US$ milhões) Produtos Siderúrgicos 762.612,0 300 228.784 Carvão 3.400.000,0 40 136.000 Alumínio Primário 24.461,0 1.458 35.664 Cobre Refinado 14.676,0 1.813 26.608 Ferro* 950.290,0 25 23.757 Ouro 2,6 8.677.877 22.337 Zinco Refinado 8.922.0 1.155 10.305 Níquel Primário 1.107,0 8.642 9.566 Rocha Fosfática 141.589,0 40 5.664 Molibdênio 543,0 5.732 3.114 Platina 0,2 16.920.304 2.734 Chumbo Primário 3.038,0 454 1.379 Titânio 6.580,0 222 1.461 Fluorita 4.520,0 125 565 FONTE: IIED / WBCSD, 2002, p. 36, a partir de dados da CRU International. NOTA: * estimado pelo autor, utilizando informações da UNCTAD. 1.2. A importância econômica da mineração Apesar da ressalva anterior quanto à dificuldade de tecer comentários genéricos sobre a mineração mundial, constata-se uma gradual migração da produção mineral para os chamados países em desenvolvimento. Isto decorre, em grande medida, da existência de depósitos que podem ser explorados com baixos custos. As maiores dificuldades (mesmo que seja apenas em relação ao tempo) enfrentadas para a obtenção de licenças ambientais para desenvolver projetos minerais em países mais industrializados, combinado com custos salariais maiores, também favorecem essa tendência. A extensão dessa migração varia consideravelmente entre os diferentes minerais. Ela já avançou mais rápido para alguns metais do que para minerais industriais e materiais de construção. Reitera-se, dessa forma, o padrão de que metais são mais transacionáveis em escala internacional do que os minerais industriais e os agregados para a construção civil. Naturalmente, a importância econômica da mineração, em termos de geração de empregos e renda, bem como nas exportações totais de uma nação, numa comparação internacional é variada. Alguns países são extremamente dependentes da mineração no que tange às exportações. Por exemplo, em 1999, 71% das exportações da Guiné foram decorrentes de minerais (considerando 16 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 17. apenas os não-energéticos). Valores significativos também são encontrados em outros países BDMG 40 anos africanos, asiáticos e sul-americanos. Neste continente, a representatividade das exportações minerais (não-energéticos) alcançou 43% no Chile, 40% no Peru e 23% na Bolívia. Algumas experiências merecem ser destacadas. Na África do Sul, por exemplo, as exportações de produtos minerais (incluindo os energéticos) correspondem a 31% do total das vendas externas do país e geram cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, esses valores são estimados, respectivamente, em 32% e 8,5% (TAB. 2)2. Ainda na América do Sul, a mineração representa 3,6% do PIB na Bolívia, 10,3% no Chile e 5,5% no Peru. Embora os Estados Unidos possuam o maior setor mineral do mundo, menos de 0,5% do PIB provém diretamente da extração mineral. É essencial destacar que essas estimativas são apenas indicativas, pois não necessariamente compartilham dos mesmos critérios para sua elaboração. A bem da verdade, nem sempre os critérios utilizados são explicitados, inviabilizando eventuais ajustes. Acredita-se que, para os vários países que constam da TAB. 2, inclusive o Brasil, estão sendo considerados não apenas a produção mineral propriamente dita, mas também o primeiro estágio da transformação industrial, como produtos siderúrgicos, por exemplo. TABELA 2 IMPORTÂNCIA RELATIVA DA MINERAÇÃO EM PAÍSES SELECIONADOS, 1999* PARTICIPAÇÃO RELATIVA PARTICIPAÇÃO RELATIVA PAÍSES NAS EXPORTAÇÕES TOTAIS (%) NO PRODUTO INTERNO BRUTO (%) África do Sul 31 6,5 Austrália 45 9,0 Bolívia 32 3,6 Brasil 32 8,5 Canadá 14 3,7 Chile 44 10,3 Estados Unidos ... < 0,5 Peru 45 5,5 FONTE: Elaboração própria a partir de dados de IIED / WBCSD, 2002, p. 45-47. NOTA: * incluem-se minerais energéticos; os critérios para elaboração de estimativas para cada país podem ser diferentes. Uma grande peculiaridade da mineração, em termos de geração de emprego e renda, é que se trata de uma atividade temporária. Diferentemente da agricultura e da indústria de transformação que, a princípio, são atividades que podem perdurar indefinidamente ao longo do tempo, na mineração as reservas se exaurem. Assim, é essencial levar em consideração a dimensão das reservas, o tempo provável para a sua exaustão e analisar como comunidades que se desenvolveram baseadas na atividade de mineração superaram as dificuldades oriundas da paralisação da extração mineral após sua exaustão. Pinheiro (2002, p. 5) aponta que, ao se levar em conta a primeira etapa de transformação industrial, a indústria mineral alcança 2 participação de 8,3% do PIB (cerca de US$ 46 bilhões). Portanto, pelo menos no caso brasileiro, a estimativa considera algum estágio de processamento industrial. Machado (2002, p. 3), por sua vez, aponta que o valor total da produção mineral brasileira, em 2000, incluindo petróleo e gás natural, foi de US$ 9,3 bilhões. Todavia, o valor da primeira transformação de produtos minerais (cimento, ferro-gusa, aço e sua ligas, metais, produtos semimanufaturados e químicos) atingiu US$ 50,5 bilhões no mesmo ano. 17 Capítulo 1 - O cenário internacional
  • 18. 1.3. Fusões e aquisições na mineração mundial BDMG 40 anos Um dos traços marcantes da mineração mundial vem sendo o intenso processo de consolidação, em especial nos segmentos de minerais metálicos. De fato, segundo Ericsson (2002, p. 16), o total das fusões e aquisições (F&A), com valores conhecidos, durante o período 1995- 2001, superou US$ 150 bilhões (TAB. 3). Registre-se ainda que, nos anos de 1998 e 2001, esses valores foram, respectivamente, de US$ 26 e US$ 41 bilhões. De acordo com o mesmo autor, a ciclabilidade das atividades de F&A na mineração é parcialmente relacionada à evolução dos preços dos metais, que apresentaram valores deprimidos tanto em 1998 quanto em 2001. Assim, constatar-se-ia uma forte correlação entre queda de preços e o aumento das transações patrimoniais na mineração mundial. Além de questões estritamente econômicas, deve-se apontar que alterações institucionais também são importantes na explicação do volume de F&A na mineração, em particular: a) as mudanças políticas na África do Sul; b) as privatizações ocorridas nos países em desenvolvimento e nas ex-economias socialistas. TABELA 3 FUSÕES E AQUISIÇÕES NA MINERAÇÃO MUNDIAL, 1995-2001 VOLUME DE FUSÕES E PARTICIPAÇÃO DA MINERAÇÃO NO NÚMERO DE AQUISIÇÕES NA MINERAÇÃO TOTAL MUNDIAL DE TRANSAÇÕES* MUNDIAL (US$ BILHÕES) FUSÕES E AQUISIÇÕES (%) 1995 47 16,5 1,8 1996 82 12,5 1,2 1997 91 18,5 1,2 1998 88 25,7 1,1 1999 100 19,1 0,6 2000 80 18,7 ... 2001 81 40,9 ... FONTE: Ericsson, 2000; 2002. NOTA: * transações acima de US$ 10 milhões A TAB. 3 também indica o número total de transações ocorridas na mineração e a importância relativa do setor no contexto de todas as F&A mundiais. Observa-se que, excetuando o ano de 1995, contabilizou-se pelo menos 80 transações relevantes na mineração mundial. Esses indicadores, a exemplo do que acontece com outros levantamentos de F&A, são, na verdade, subestimados. Ericsson (2002, p. 17) destaca que, para várias transações, os valores monetários não foram divulgados. Isto decorre tanto de cláusulas que proíbem o disclosure (divulgação pública) dos valores envolvidos nas operações, quanto de empresas, que por possuírem capital fechado não se vêem obrigadas a apresentar detalhes das transações. De todo modo, a mineração vem sendo responsável por apenas de 0,6% a 1,8% de todas as mudanças patrimoniais globais, em termos de valores financeiros. Ressalte-se que pelo menos uma grande fusão no setor foi vetada por autoridades antitruste. No início de 2000, a proposta de fusão entre Alcan, Pechiney e Algroup, que provavelmente seria a maior transação do setor mineral, na década de 1990, não foi aprovada pela União Européia. Estima-se que o valor dessa transação alcançaria US$ 17 bilhões (Ericsson, 2000, p. 40). Em função disso, a principal mudança patrimonial do setor, desde 1995, foi a fusão da BHP (Austrália) com a Billiton (Reino Unido), dando origem a BHP Billiton. A TAB. 4 mostra informações desta e de mais nove megatransações na mineração mundial, avaliadas em pelo menos US$ 3 bilhões. 18 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 19. Três desses casos podem ser considerados reestruturações patrimoniais internas: as transações BDMG 40 anos envolvendo a Anglo American e a De Beers; a RTZ e a CRA; a Anglo American e a Anglogold. Dentre as empresas adquiridas nessas dez megatransações, quatro eram diversificadas, três especializadas em alumínio, uma em diamante, outra em níquel e a última em ouro. Apenas uma transação foi decorrente de privatização: a da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em 19973. TABELA 4 PRINCIPAIS FUSÕES E AQUISIÇÕES NA MINERAÇÃO MUNDIAL, 1995-2001 VALOR ADQUIRENTE ADQUIRIDA ATUAÇÃO ANO (US$ milhões) 1 BHP Billiton Diversificada 2001 14.500 2 Anglo American De Beers Diamante 2001 11.400 3 Alcoa Reynolds Alumínio 1999 4.600 4 Alcan Algroup Alumínio 2000 4.400 5 RTZ CRA Diversificada 1995 4.000 6 Alcoa Alumax Alumínio 1998 3.800 7 Anglo American Minorco Diversificada 1998 3.700 8 Inço Voisey's Bay Níquel 1995 3.300 9 Consórcio CVRD Diversificada 1997 3.150 10 Anglo American Anglogold Ouro 1998 3.100 FONTE: Ericsson, 2002. O processo de F&A na mineração possui várias implicações, com destaque para: a) a alteração da posição relativa das empresas no ranking mundial; b) o incremento nos índices de concentração em cada segmento; c) os impactos negativos sobre os gastos com exploração mineral. No que se refere ao primeiro aspecto, as TAB. 5 e 6 apresentam, respectivamente, o ranking das maiores mineradoras de 1994 a 2001, pelo critério do valor da produção. As informações foram separadas em duas tabelas, porque a base de dados do período 1994-1997 refere-se à mineração ocidental, portanto, excluindo ativos minerais localizados nos então chamados países de economia centralizada (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, China e países da Europa Central, como Polônia). Já as informações para o biênio 2000-2001 referem-se à mineração mundial. TABELA 5 AS DEZ MAIORES EMPRESAS DA MINERAÇÃO OCIDENTAL PELO CRITÉRIO DO VALOR DA PRODUÇÃO, 1994 E 1997* 1994 1997 % % EMPRESA EMPRESA 1 ANGLO AMERICAN 8,5 ANGLO AMERICAN 8,0 2 RTZ 5,4 RIO TINTO 5,5 3 ESTADO DO BRASIL** 2,9 BHP 4,3 (Continua...) O “Consórcio Brasil”, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi o vencedor do leilão de privatização da CVRD, 3 em maio de 1997. Integrado ainda por fundos de pensões (Previ, Petros, Fundação CESP e Funcef) e instituições financeiras (Opportunity e Nations Bank), ele arrematou 42% das ações ordinárias da CVRD por US$ 3,338 bilhões (MELLO, 2000, p. 94). 19 Capítulo 1 - O cenário internacional
  • 20. TABELA 5 (Continuação) BDMG 40 anos AS DEZ MAIORES EMPRESAS DA MINERAÇÃO OCIDENTAL PELO CRITÉRIO DO VALOR DA PRODUÇÃO, 1994 E 1997* 1994 1997 % % EMPRESA EMPRESA 4 BHP 2,8 CVRD 3,3 5 ESTADO DO CHILE** 2,4 ESTADO DO CHILE** 2,5 6 GENCOR 1,9 PHELPS DODGE 1,6 7 ESTADO DA MALÁSIA** 1,4 NORANDA 1,6 8 FREEPORT MCMORAN 1,3 FREEPORT MCMORAN 1,5 9 BARRICK GOLD 1,3 ASARCO 1,4 10 PHELPS DODGE 1,2 CYPRUS AMAX 1,3 TOTAL 29,2 TOTAL 31,0 FONTE: Daffós, 1997; Roskill, 1999. NOTA: * exclui minerais energéticos ** Estado do Brasil (principalmente CVRD), Estado do Chile (Codelco e Enami) e Estado da Malásia (principalmente Malaysia Mining). TABELA 6 AS DEZ MAIORES EMPRESAS DA MINERAÇÃO MUNDIAL PELO CRITÉRIO DO VALOR DA PRODUÇÃO, 2000 E 2001* 2000 2001 % % EMPRESA EMPRESA 1 ANGLO AMERICAN 6,2 ANGLO AMERICAN 6,1 2 RIO TINTO 4,3 RIO TINTO 4,3 3 BHP BILLITON 2,5 BHP BILLITON 3,4 4 CVRD 2,3 CVRD 2,9 5 NORILSK NICKEL 2,1 NORILSK NICKEL 2,1 6 CODELCO 1,9 CODELCO 1,9 7 PHELPS DODGE 1,4 NEWMONT** 1,9 8 GRUPO MEXICO 1,3 PHELPS DODGE 1,4 9 NEWMONT 1,3 BARRICK 1,4 10 ... … GRUPO MEXICO 1,3 TOTAL 23,3 TOTAL 26,7 FONTE: Ericsson, 2002. NOTA: * exclui minerais energéticos. ** já considerando a aquisição da Normandy pela Newmont. As TAB. 5 e 6 mostram, categoricamente, a relevância das grandes mineradoras nessa atividade. Cabe destacar que mais de 1/4 da produção mundial encontra-se sob controle das dez maiores empresas. Considerando o ano de 2001, as cinco primeiras são diversificadas, ao passo que as demais estão concentradas em um mineral, como cobre (Codelco, Phelps Dodge e Grupo México) e ouro (Newmont e Barrick). Cabe também ressaltar que o número de empresas estatais, no contexto das dez maiores, regrediu de três (em 1994) para apenas uma (em 2001). A bem da verdade, a concentração no âmbito de cada segmento mineral é bem maior do que se pode depreender das TAB. 5 e 6. Como se constata na TAB. 7, a participação da líder de mercado ultrapassa 12% no cobre, ouro e zinco, chegando a praticamente 18% no ferro e 31,5% 20 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 21. no estanho. Considerando esses mesmos segmentos, em todos eles, a participação conjunta das BDMG 40 anos dez maiores ultrapassa 55%, atingindo quase 80% no caso do estanho. Num passado recente, ferro e ouro, os dois mais relevantes minerais de Minas Gerais, vêm passando por um intenso processo de F&A em âmbito mundial, tema que será retomado nos capítulos 5 e 6, respectivamente. Uma última implicação do processo de F&A na mineração mundial refere-se à diminuição dos gastos com exploração mineral, tema discutido na próxima seção. TABELA 7 CONCENTRAÇÃO DE MERCADO EM MINERAIS SELECIONADOS, 2001 PARTICIPAÇÃO DAS PARTICIPAÇÃO DAS MINERAL MAIOR EMPRESA (%) 3 MAIORES (%) 10 MAIORES (%) Estanho 31,5 65,6 79,3 Ferro 17,8 39,7 67,3 Cobre 14,9 35,4 74,6 Ouro 12,3 29,9 57,4 Zinco 12,3 30,1 57,1 FONTE: Ericsson, 2002. 1.4. Evolução dos gastos com exploração mineral no mundo Os dados com alocação para exploração mineral – para minerais metálicos não-ferrosos – são tradicionalmente estimados pela consultoria canadense Metals Economics Group. Segundo ela, as F&A acabam desestimulando investimentos em exploração mineral, pois os valores conjuntos despendidos após as transações são menores do que os verificados quando as empresas eram separadas. No mesmo sentido, Roskill (1999, p. 3) aponta que: O crescimento das atividades de F&A se torna, inclusive, mais significativo quando se compara com o declínio atual nos gastos de exploração mineral (...) F&A é um mecanismo que permite evitar a custosa, arriscada e demorada fase de exploração de uma nova mina. Quanto mais os corpos minerais são profundos e localizados em regiões remotas, mais arriscada é esta fase. Assim, F&A se tornam mais atrativas para as empresas que podem arcar com isto. (tradução livre do autor)4 A TAB. 8 mostra os dispêndios mundiais com exploração mineral segundo a Metals Economics Group. Observa-se que o ápice de dispêndios ocorreu em 1997 (US$ 5,1 bilhões), tendo regredido desde então para US$ 3,5 bilhões em 1998, US$ 2,6 bilhões em 2000 e ainda US$ 2,2 bilhões em 2001. O texto literal é: “The increase in M&A activity becomes even more significant when compared to the present decline in 4 exploration expenditure (…) M&A is a way of avoiding the costly, risky and long exploration phase of a mine project. The deeper and more remotely new orebodies are located, the riskier this phase becomes and M&A will become more attractive to companies that can afford them”. 21 Capítulo 1 - O cenário internacional
  • 22. TABELA 8 BDMG 40 anos GASTOS MUNDIAIS COM EXPLORAÇÃO MINERAL POR REGIÃO, 1996-2001 (US$ MILHÕES) REGIÕES 1996 1997 1998 1999 2000 2001 América Latina 963 1.170 814 719 662 576 Austrália 666 673 495 495 405 349 Canadá 461 436 308 310 348 333 África 418 663 494 377 293 277 Estados Unidos 343 365 243 252 235 158 Pacífico/Sudeste Ásia 415 440 266 196 199 133 Resto do Mundo 259 283 210 213 197 175 TOTAL* 3.525 4.030 2.830 2.562 2.339 2.001 TOTAL ESTIMADO 4.600 5.100 3.500 2.800 2.600 2.200 FONTE: Elaboração própria, a partir de dados de várias informações divulgadas pela Metals Economics Group. NOTA: * o número de empresas é variável entre os anos. É importante enfatizar cinco questões metodológicas em relação a essas informações. Primeiro, trata-se de dados relativos ao orçamento de exploração mineral. De acordo com a CEPAL (1999, p. 60), não existem estatísticas conhecidas que mostrem os gastos efetivamente realizados. Contudo, ela enfatiza que a amostra da Metals Economics Group é bastante confiável, sendo provável que as inversões efetivas se situem em níveis próximos das cifras baseadas nos orçamentos em exploração mineral. Segundo, no total estão incluídos os investimentos em descoberta de depósitos, em quantificação de recursos, estudos de viabilidade e definição de reservas e em pesquisa de reservas adicionais para minas em lavra (Weiss, 2001, p. 4). Terceiro, esses dados, como mencionado anteriormente, são relativos tão-somente a minerais metálicos não-ferrosos. Apesar disso, podem ser interpretados como uma proxy (aproximação) da evolução dos gastos com exploração mineral como um todo. Quarto, a Metals Economics Group apresenta dois totais, sendo que o menor corresponde ao orçamento de exploração mineral das empresas analisadas (em 2001, da ordem de US$2 bilhões), e o maior, à soma do anterior com uma estimativa dos gastos de empresas que não discriminam a rubrica exploração mineral. Por último, o número de companhias com gastos relevados em exploração mineral altera-se ano a ano, tendo variado de 182 (em 1998), 223 (em 1996), 279 (em 1997) e 679 (em 2001). Como o número de companhias pesquisadas aumentou ao longo do tempo, a diferença entre os dois totais decresceu de 23% em 1996 para 10% no ano 2001. Assim, ao se levar em conta que o número de firmas investigadas cresceu, a queda no gasto total com exploração mineral se torna ainda mais proeminente. Durante todos os anos de 1996 a 2001, a América Latina foi a região contemplada com os maiores gastos em exploração mineral, segundo a Metals Economics Group. Verifica-se que a participação relativa do continente se manteve, em geral, entre 27% e 29%. O mesmo se observa com a Austrália, cuja relevância vem-se mantendo entre 17% e 19%. A África, após aumentar sua participação de 12% em 1996 para 16% em 1997, foi regredindo até atingir 14% no ano de 2001. Weiss (2001, p. 4), também se utilizando de dados da Metals Economics Group, aponta que os investimentos em exploração de minerais no Brasil teriam atingido US$ 123,5 milhões no ano 2000. Esse valor corresponderia a 5,3% do total mundial. Na América Latina, o País seria superado pelo Chile (US$ 144 milhões) e Peru (US$ 139 milhões), mas estaria à frente de México 22 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 23. (US$ 96 milhões), Argentina (US$ 69 milhões), Bolívia (US$ 15 milhões), Equador (US$ 10 milhões) BDMG 40 anos e Venezuela (US$ 6 milhões). CEPAL (1999, p. 62) também destaca que, para o ano de 1998, a CVRD foi responsável por 37% dos investimentos em exploração mineral no Brasil. BNDES (1999a, pp. 7-8) analisa os gastos em exploração mineral do ponto de vista da nacionalidade da empresa. Considerando o período 1996-98, as empresas canadenses foram responsáveis por 28,5% dos dispêndios totais, seguidas das australianas (24,5%), norte-americanas (16,8%), européias (14,2%), africanas (8,7%), latino-americanas (4,7%) e asiáticas (2,3%). Assim, enquanto a América Latina é o lugar preferencial nos gastos em exploração mineral, as empresas sediadas na região são responsáveis por menos de 5% dos dispêndios totais, denotando uma estratégia pouco agressiva, ao menos em minerais metálicos não-ferrosos. Em suma, três são as características básicas da mineração mundial: a) uma grande diversidade em termos de volume movimentado, do valor unitário e do alcance da comercialização entre os minerais, o que se reflete também na heterogeneidade da importância econômica da atividade mineral entre os países; b) um intenso processo de alterações patrimoniais, reforçando a participação de mercado das empresas líderes; c) uma retração no volume despendido em exploração mineral. 23 Capítulo 1 - O cenário internacional
  • 24. BDMG 40 anos 24 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 25. MINAS GERAIS DO SÉCULO XXI VOLUME V CONSOLIDANDO POSIÇÕES NA MINERAÇÃO CAPÍTULO 2 O CENÁRIO BRASILEIRO E DE MINAS GERAIS
  • 26.
  • 27. BDMG 40 anos 2. Cenário brasileiro e de Minas Gerais 2.1. Breve revisão histórica da mineração brasileira A história da mineração de Minas Gerais se confunde com a própria trajetória da atividade no País. Não é objetivo desta seção elaborar uma digressão profunda sobre este tema, que, aliás, já foi tratado com propriedade por vários autores. Ao contrário, esta sucinta revisão pretende tão- somente relembrar alguns traços mais marcantes deste longo percurso. Durante o período colonial, Minas Gerais vivenciou não apenas o rush do ouro, mas também o dos diamantes. De acordo com Martins & Brito (1989, p. 13), produzia-se pouco ouro no Brasil até 1690. Contudo, na última década do século XVII, centenas de jazidas de aluvião começaram a ser descobertas, em rápida sucessão, nos córregos e ribeirões nas vizinhanças de Ouro Preto, Mariana, Sabará e Caeté, causando o primeiro grande rush minerador da história do Brasil. Na avaliação de Machado & Figueirôa (2000, p. 25), o clímax da mineração de ouro no Brasil, nos séculos passados, ocorreu entre 1739 a 1779, com a notória liderança de Minas Gerais. Durante o período colonial, estima-se que o Estado tenha produzido de 2/3 a 3/4 do ouro do país. É bem verdade que se verificaram rushes de ouro em outros Estados. No caso da Bahia, o ápice da atividade de extração nos depósitos de ouro ocorreu entre 1718 e 1730. Em Goiás, as descobertas iniciais concentraram-se na década de 1720. Nesse estado, a produção atingiu seu clímax na década de 1750. Adicionalmente, em Mato Grosso, o ouro foi descoberto em 1719, sendo que a duração do boom foi ainda menor do que em Goiás. De fato, apesar da riqueza das primeiras jazidas, a produção mostrava sinais de declínio já em 1723. Se não bastasse, muitas situações adversas ocorreram durante a corrida do ouro em Mato Grosso, como malária, febre amarela e massacres de aventureiros promovidos pelos índios paiaguás e guaicurus (Martins & Brito, 1989, p. 13-19; Machado & Figueirôa, p. 24-25). Nos séculos passados, diamantes e gemas foram bastante representativos no âmbito da mineração de Minas Gerais, em particular, e da brasileira, em geral. Machado & Figueirôa (2000, pp. 25-28) apontam que a “era do diamante brasileiro” durou de 1730 a 1870, quando a África do Sul assumiu a liderança do mercado mundial. Embora haja (pelo menos) três versões acerca do descobrimento de diamantes em solos brasileiros, concretamente em fevereiro de 1730, as regiões produtoras de diamantes, na então colônia de Tejuco (posteriormente Diamantina, Minas Gerais), foram declaradas de propriedade da Coroa. Por volta de 1740, tornou-se conhecida a existência de jazimentos em Goiás e, em 1746, em Mato Grosso. Nesse estado, chegou a haver um pequeno rush à época da descobertas, mas a produção não correspondeu às expectativas iniciais (Martins & Brito, 1989, p. 32). Durante o domínio português, a produção brasileira anual média de diamantes passou de 20 mil quilates (na década de 1730) para 52 mil quilates (entre 1741 e 1772), reduzindo- se posteriormente para 27 mil quilates (entre 1773-1806) e ainda para 12 mil quilates (entre 1807 e 1822) – ver Machado & Figueirôa (2000, p. 28). Seja no caso do ouro ou de diamantes, presenciaram-se corridas clássicas, causando vários problemas não apenas durante o auge da produção, mas também após a exaustão dos recursos minerais. Pode-se afirmar que o principal legado deixado pela mineração, no período colonial, em Minas Gerais, foi a ocupação do território. Grandes cidades do período colonial prosperaram ao lado das minas, como Ouro Preto, Diamantina, Sabará e Serro. A produção mineral abriu estradas, implantou núcleos urbanos, unificou o território e criou uma estrutura administrativa própria. Entre 1700 e 1808, a população estimada de Minas Gerais cresceu de 30 mil para 433 mil habitantes (Alves, 1998). 27 Capítulo 2 - O cenário brasileiro e de Minas Gerais
  • 28. Durante o Império, a produção mineral brasileira, cujo volume foi bastante inferior ao do BDMG 40 anos período colonial, continuou concentrada em ouro e diamantes, notavelmente no Estado de Minas Gerais. Registre-se que, nas décadas de 1820 e 1830, foram formadas na Inglaterra seis companhias para explorar jazidas auríferas em Minas Gerais (Martins & Brito, 1989, p. 48). Dentre elas, destaca- se a St. John D’el Rey Mining Company, que, apesar de ter passado por várias alterações patrimoniais, continua em operação, atualmente sob a denominação de Mineração Morro Velho. É bem verdade que o sucesso dessa empresa constituiu uma exceção, pois, conforme Machado & Figueirôa (2000, p. 30) apontam, no restante, o desempenho das empresas mineradoras inglesas no Brasil (leia-se em Minas Gerais) foi medíocre, tendo resultado em 14 falências. A mineração brasileira no século XX foi marcada especialmente pelo ferro. Antes de examinar esse mineral, é necessário relembrar a importância do manganês. Durante todo esse século, o Brasil foi um importante exportador de manganês de alto teor, para fabricação de ferro-ligas, inicialmente em Minas Gerais, depois no Amapá. A exploração de manganês da Morro da Mina, em Conselheiro Lafaiete (Minas Gerais), iniciou-se em 1894 (Martins & Brito, 1989, p. 94). Todavia, a produção em larga escala somente foi atingida a partir de 1920, quando a Morro da Mina foi vendida à empresa siderúrgica norte-americana United States Steel. A produção foi basicamente destinada ao abastecimento das usinas da empresa nos Estados Unidos. A Mineração Morro da Mina foi, até 1961, responsável por grande parte da produção brasileira de manganês, tendo sido, nessa data, superada pela mina da Serra do Navio (localizada no Amapá) – ver Alves (1998). No que tange à mineração de ferro, vale lembrar que os primeiros altos-fornos construídos no País datam do início do século XIX, em São João de Ipanema (Sorocaba, São Paulo) e na Fábrica do Morro do Pilar (Minas Gerais). A primeira corrida de ferro-gusa em alto-forno ocorreu, no Brasil, em 1814. Ainda naquele século, destacou-se a usina construída pelo engenheiro francês Jean de Monlevade. Guimarães (1987, p. 45) afirma, porém, que todas as tentativas de produção de aço involuíram até seu total fechamento, por volta de 1860. Alguns anos mais tarde, mais precisamente em 1876, foi criada a Escola de Minas de Ouro Preto, que, além de formar os primeiros metalurgistas brasileiros, contribuiu para a introdução de novas técnicas no incipiente ramo de atividade. Ainda no que se refere à mineração de ferro, os primeiros anos do século XX foram marcados pela constituição da Itabira Iron Ore Co., de capitais ingleses e organizada por Percival Farquar, que adquiriu os direitos das minas de ferro de Itabira e de participação na Estrada de Ferro Vitória- Minas (EFVM). Também foram importantes os esforços de Artur da Silva Bernardes, tanto na condição de Presidente do Estado de Minas Gerais quanto de Presidente da República, em desenvolver a siderúrgica nacional, durante a década de 1920 (Martins & Brito, 1989, p. 83-85). Foi, inclusive, nessa época que o grupo luxemburguês Arbed investiu na então Cia. Siderúrgica Mineira, cuja denominação foi alterada para Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira5. A produção de ferro somente ganhou fôlego após a década de 1940. Foi necessário que os Acordos de Washington garantissem a transferência da propriedade das minas de Itabira do governo inglês para o brasileiro. Com isso, possibilitou-se a criação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em 1942. Na ocasião, o País exportava apenas 31 mil toneladas de minério de ferro por ano; dez anos mais tarde, 1,5 milhão de toneladas (Martins & Brito, 1989, p. 94); atualmente, 160 milhões de toneladas. Existe uma controvérsia sobre as razões que motivaram os investimentos do grupo Arbed na siderurgia brasileira. Pelaéz (1970, 5 p. 195), por exemplo, argumenta que o objetivo era obter, com o tempo, concessões de jazidas de ferro, que inicialmente haviam beneficiado grupos ingleses e norte-americanos. Santos (1986, p. 185-189) apresenta uma outra interpretação: que o objetivo era evitar a exportação maciça de minérios de ferro pela Itabira Iron, ao se demonstrar a viabilidade de uma siderurgia brasileira à base de carvão vegetal. Com isso, evitar-se-ia a concorrência dessa virtual exportação com as vendas de minério que o Arbed fazia a partir de suas minas na Lorena. 28 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 29. Na década de 1960, promoveu-se uma acentuada liberalização do setor mineral brasileiro à BDMG 40 anos participação do capital estrangeiro. Isto é usualmente considerado como um fator decisivo para o surto de desenvolvimento de grandes projetos, tais como: Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), Samitri e Ferteco (minério de ferro), Alcoa (alumínio), Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM, nióbio) e Sama (amianto) – ver BDMG (1989, p. 26). Esta breve recapitulação não seria completa sem citar o Projeto Ferro Carajás, da CVRD. A reserva de minério de ferro de Carajás foi descoberta em 1967. Todavia, somente em 1978, um ano após a retirada da siderúrgica norte-americana United States Steel do projeto, é que se iniciou sua viabilização, com a construção de um trecho ferroviário de 82 quilômetros de São Luiz em direção à mina (Marques, 1992, p. 21). O Projeto Ferro Carajás começou a operar em fevereiro de 1985, atingindo a capacidade nominal de 35 milhões de toneladas anuais em 1987, sendo praticamente todo voltado às exportações. O custo do investimento total do Ferro Carajás foi de US$ 3,5 bilhões. Em linhas gerais, esse projeto permitiu à CVRD consolidar-se como líder mundial da exportação de minério de ferro. 2.2. Reservas minerais: Brasil e Minas Gerais O objetivo desta seção é apresentar um panorama do volume de reservas minerais, do Brasil e, em particular, de Minas Gerais. Antes, contudo, parece ser apropriado diferenciar recursos de reservas. Os recursos são segmentados, em ordem crescente de confiança geológica, em inferidos, indicados e medidos. Após as avaliações apropriadas terem sido executadas e concluir-se que, sob condições econômicas e técnicas realistas, justifica-se a exploração, a parte minerável dos recursos medidos e indicados é conhecida como reserva. As reservas minerais são, também, divididas, em ordem crescente de confiança geológica, técnica e econômica, em reservas provadas e prováveis. Em primeiro lugar, cabe apontar os minerais em relação aos quais o Brasil possui uma posição de destaque no contexto internacional. O País detém as maiores reservas do mundo de nióbio e tantalita; as segundas maiores de caulim e grafita; as terceiras maiores de alumínio, talco e vermiculita; as quartas maiores de estanho e magnesita; e as quintas maiores de ferro e manganês (QUADRO 1). QUADRO 1 POSIÇÃO BRASILEIRA NAS RESERVAS MUNDIAIS POSIÇÃO MINERAL PARTICIPAÇÃO % 1º Nióbio 90,0 Tantalita 45,2 2º Caulim 28,2 Grafita 21,0 3º Alumínio 7,8 Talco 19,0 Vermiculita 8,1 4º Estanho 6,8 Magnesita 5,2 5º Ferro 6,5 Manganês 1,0 FONTE: DNPM 29 Capítulo 2 - O cenário brasileiro e de Minas Gerais
  • 30. Em segundo lugar, a TAB. 9 mostra a relevância do Estado no contexto brasileiro, seja pelo BDMG 40 anos critério de quantidade de minério, seja pelo de minério contido. Tendo em vista os propósitos deste diagnóstico, preferiu-se analisar prioritariamente as chamadas reservas medidas. Essa opção decorreu do fato de que, para as reservas medidas, dispõe-se de informações relativas à quantidade de minério, ao teor médio e, por conseqüência, à quantidade de minério contido. Minas Gerais desempenha papel proeminente em termos de reservas medidas de metais ferrosos, pelo critério do minério contido, em: lítio (100% do total brasileiro, de ambligonita e espodumênio), berílio (98%), zinco (89%), titânio (87%, de anatásio), nióbio (73%, de pirocloro), chumbo (67%), ferro (59%) e ouro (48%). Merece também destaque a participação do Estado nas reservas de monazita (16%) e manganês (15%). Por outro lado, destaca-se que em três importantes minerais metálicos a participação estadual nas reservas brasileiras é bastante reduzida: alumínio/bauxita (4%), níquel (2,5%) e cobre (praticamente nula). TABELA 9 PARTICIPAÇÃO RELATIVA DE MINAS GERAIS NAS RESERVAS BRASILEIRAS MEDIDAS DE SUBSTÂNCIAS MINERAIS METÁLICAS, 2000 (PERCENTUAL) MINÉRIO AJUSTADO PELO MINERAL QUANTIDADE DE MINÉRIO TEOR CONTIDO Alumínio (Bauxita) 4,90 3,79 Berílio (Berilo) 98,23 98,41 Cádmio 100,00 - Chumbo 59,02 67,34 Cobalto 3,06 1,85 Cobre 0,10 0,05 Cromo (Cromita) 6,25 6,12 Estanho (Cassiterita) 0,64 0,18 Ferro 61,22 58,54 Lítio (Ambligonita) 100,00 100,00 Lítio (Espodumenio) 100,00 100,00 Lítio (Lepidolita) 71,90 93,07 Lítio (Petalita) 100,00 9,09 Manganês 21,48 14,73 Monazita 4,96 15,85 Nióbio (Col.-Tant.) 0,00 0,00 Nióbio (Pirocloro) 79,18 73,11 Níquel 2,41 2,51 Ouro 24,15 47,65 Prata 7,27 0,25 Tântalo (Col.-Tant.) 0,00 0,00 Terras-Raras 99,93 - Titânio (Anatasio) 90,25 87,20 Titânio (Ilmenita) 2,05 6,91 Titânio (Rutilo) 0,00 0,00 Tungstênio 0,00 0,00 Vanádio 0,00 0,00 Zinco 64,96 88,68 Zircônio 0,07 4,29 FONTE: DNPM 30 Minas Gerais do Século XXI - Volume V - Consolidando posições na mineração
  • 31. A TAB. 10, por sua vez, apresenta as mesmas informações para os minerais não-metálicos. BDMG 40 anos Em função da natureza desses minerais, parece adequado analisar mais detidamente a importância relativa de Minas Gerais, pelo critério de quantidade de minério. O Estado apresenta uma posição de destaque em: enxofre e ocre (100% do total brasileiro), agalmatolito, ardósia, bário, grafita e quartzo/cristal (acima de 90%). Porém, em termos daqueles minerais mais relevantes economicamente, é fundamental citar que Minas Gerais detém 61% das reservas medidas brasileiras de rocha fosfática, 18% das de calcário e 15% das de pedras britadas. A importância relativa de Minas Gerais no âmbito das reservas medidas de gemas e diamantes é mostrada na TAB. 11. No ano 2000, a participação estadual foi equivalente a 96% das reservas nacionais de diamantes e a 91% das de gemas. TABELA 10 PARTICIPAÇÃO RELATIVA DE MINAS GERAIS NAS RESERVAS BRASILEIRAS MEDIDAS DE SUBSTÂNCIAS MINERAIS NÃO-METÁLICAS, 2000 (PERCENTUAL) MINÉRIO AJUSTADO PELO MINERAL QUANTIDADE DE MINÉRIO TEOR CONTIDO Agalmatolito 99,51 - Amianto 0,00 0,00 Ardósia 95,36 - Areia e Cascalho 4,83 - Areia Industrial 5,36 - Argila Comercial 14,46 - Argilas Refratárias 16,44 - Bário (Barita) 94,51 81,14 Bauxita Refratária 37,58 25,17 Bentonita 0,20 - Calcário 18,44 - Calcita 0,00 - Caulim 0,53 - Cianita 35,85 - Conchas Calcárias 0,00 - Diatomita 0,00 - Dolomito 19,91 - Enxofre 100,00 - Feldspato 33,14 - Filito 9,66 - Fluorita e Criolita 0,24 0,21 Gipsita 0,00 - Gnaisse Ornamental 4,58 - Grafita 91,36 87,71 Granito Ornamental 22,84 - Leucita e Nefelina/Sienito 6,83 - Magnesita 0,00 - Magnesita Ornamental 0,00 - Mármore Ornamental 7,61 - Mica 80,38 - Ocre 100,00 100,00 (Continua...) 31 Capítulo 2 - O cenário brasileiro e de Minas Gerais