Murilo Mendes foi um poeta e escritor brasileiro nascido em 1901 em Juiz de Fora. Publicou diversos livros de poesia e prosa ao longo de sua carreira, abordando temas como religião e cultura brasileira. Mudou-se para a Europa nos anos 1950 onde lecionou literatura brasileira e faleceu em Portugal em 1975, deixando um importante legado para as letras brasileiras.
2. Murilo Mendes
Murilo Mendes Murilo Monteiro Mendes nasceu em
1901, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Iniciou os
estudos em sua terra natal e depois no Colégio
Salesiano, em Niterói. Depois de formado exerceu
diversas atividades profissionais, como dentista,
telegrafista, auxiliar de guarda-livros, notário e
Inspetor Federal de Ensino.
Quando rapaz, por não conseguir se encaixar na escola
ou no trabalho, foi morar com seu irmão mais velho
no Rio de Janeiro. Onde acabou firmando-se como
escrivão.
3. Sob a influência de Belmiro Braga, mestre e vizinho iniciou nas letras e
pasou a participar, eventualmente, de publicações modernistas como, “Terra
Roxa e Outras Terras” e “Antropofagia onde, aos 24 anos publicou o poema
Mapa.
Em 1930, publicou “Poemas”, seu primeiro livro, sempre negando ser filiado
de algum movimento específico, nem mesmo do Modernismo, até que em
1934 converteu-se ao Catolicismo e, com Jorge de Lima, dedicou-se à
poesia religiosa, mística, num movimento de "restauração da poesia em
Cristo"
4. De 1953 a 1955 percorreu diversos países da
Europa, divulgando, em conferências, a cultura
brasileira. Em 1957, se estabeleceu em Roma,
onde lecionou Literatura Brasileira. Faleceu, em
Portuga, em 1975.
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obras
Poemas (1930)
História do Brasil (1932)
Tempo e Eternidade. Colaboração de Jorge de
Lima (1935)
O Sinal de Deus (1936)
A Poesia em Pânico (1936)
O Visionário (1941)
As Metamorfoses (1944)
O Discípulo de Emaús (1945; 1946)
Mundo Enigma (1945)
Poesia Liberdade (1947)
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Janela do Caos (1949)
Contemplação de Ouro Preto (1954)
Poesias (1925-1955).
Tempo Espanhol (1959)
A Idade do Serrote (memórias) (1968)
Convergência (1970)
Poliedro (1972)
Retratos-relâmpago (1973)
Fonte:
http://pt.shvoong.com/books/biography/1660727-
murilo-mendes-vida-obra/#ixzz1z5gCcOPw
7. O homem, a luta e a eternidade 02/07/12
Murilo Mendes
Adivinho nos planos da consciência
dois arcanjos lutando com esferas e
pensamentos
mundo de planetas em fogo
vertigem
desequilíbrio de forças,
matéria em convulsão ardendo pra
se definir.
Ó alma que não conhece todas as
suas possibilidades,
o mundo ainda é pequeno pra te
encher.
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Abala as colunas da realidade,
desperta os ritmos que estão dormindo.
À guerra! Olha os arcanjos se esfacelando!
Um dia a morte devolverá meu corpo,
minha cabeça devolverá meus pensamentos ruins
meus olhos verão a luz da perfeição
A poesia acima foi publicada na revista "Letras e Artes", publicação do
dia 07 de novembro de 1948 - Rio de Janeiro, na seção "Páginas da
Poesia Moderna", e nos foi remetida pelo amigo João Antônio Bührer.
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A poesia e o nosso tempo (trechos )
de MURILO MENDES
Publicado no Suplemento Dominical do Jornal do
Brasil, de 25 de julho de 1959, este artigo de
MURILO MENDES, até hoje inédito em livro, é
surpreendente no que diz respeito à lucidez do
autor que falava em "planetização de fatos e
idéias"a partir da ciência e da tecnologia.
Nossa época, nascida sob o signo do relativismo,
se distingue em boa parte pela flutuação e
instabilidade das idéias. Hoje é difícil, se não
impossível, fixar um critério seguro, no que se
refere à validez de escolas e estilos literários. O
que agora parece moderníssimo torna-se
"superado", datado, em pouco tempo. Nenhum
de nós viverá 500 anos para saber o que vai
ficar da imensa produção literária da nossa
época.
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Além disso, entramos numa fase da história muito
diferente das que nos precederam. Somos os primitivos da
era atômica, as primeiras testemunhas dum universo em
elaboração, que geme com as dores do parto. Em pé nos
rios de asfalto, assistimos à queda de Babilônia.
Suspendemos as nossas liras de ferro nestes salgueiros de
hoje, que são os monumentos de concreto armado.
O futuro da literatura acha-se, pois, intimamente ligado à
fisionomia deste mundo novo que se constrói. Podemos
entretanto arriscar uma profecia: provavelmente se voltará a
acentuar o caráter "cósmico" da poesia. De fato,
caminhamos para um tempo e um espaço em que a medida
dominante será a da universalidade; caminhamos para uma
planetização de fatos e ideias, de que a ciência e a técnica
oferecem os sinais mais evidentes.
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Não considero o artesanato literário um fim em si, mas um meio
de comunicação escrita. Em minha poesia procurei criar regras e
leis próprias, um ritmo pessoal, operando desvios de ângulos, mas
sem perder de vista a tradição. Restringir voluntariamente meu
vocabulário, procurando atingir o núcleo da ideia essencial, a
imagem mais direta possível, abolindo as passagens
intermediárias. Certo da extraordinária riqueza da metáfora - que
alguns querem até identificar com a própria linguagem -, tratei de
instalá-la no poema com toda a sua carga de força.
Preocupei-me com a aproximação de elementos contrários, a
aliança dos extremos, pelo que dispus muitas vezes o poema
como um agente capaz de manifestar dialeticamente essa
conciliação, produzindo choques pelo contato da ideia e do objeto
díspares, do raro e do quotidiano.
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Atraído simultaneamente pelo terrestre e o celeste, pelo animal e o
espiritual, entendi que a linguagem poderia manifestar essa tendência,
sob a forma dum encontro de palavras extraídas tanto da Bíblia como
dos jornais; procurando mostrar que o "social" não se opõe ao
"religioso".
(...)
Persegui sempre mais a musicalidade que a sonoridade; evitei o
mais possível a ordem inversa, procurei muitas vezes obter o ritmo
sincopado, a quebra violenta do metro, porque isso se acha de acordo
com a nossa atual predisposição auditiva; certos versos meus são os
de alguém que ouviu muito Schönberg, Stravinski, Alban Berg e o jazz.
Empreguei frequentemente a forma elíptica, visto ser uma tendência
acentuada da poesia moderna; de resto não cria uma ruptura entre o
poeta e o leitor, antes obriga este a uma disciplina mental, ensinando-
lhe a ler nos intervalos, a encobrir analogias e paralelismos. E se o
leitor é estúpido também não vale a pena escrever claro demais.
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Sendo de natureza impulsiva e romântica, cedo percebi que no
plano da criação literária devia me impor um autocontrole e
disciplina. Tendo em conta esta minha primeira natureza, julgo ter
feito um trabalho de verdadeiro polimento de arestas, pois se os
relacionar à minha contínua necessidade de expulsão, meus textos
são até muito construídos e ordenados.
(...)
Sou contra a idolatria da linguagem; de resto sou contra qualquer
idolatria. Não creio, repito, no artesanato literário como fim: é
precisamente uma técnica de comunicação. Que nos diz hoje, por
exemplo, a habilidade virtuosística dos Banville, dos Heredia etc.?
Que nos diz a arte pela arte? Acho errado que um poeta atual não
colha os frutos do grande movimento de renovação da técnica do
verso operado em nosso século; que renegue a revolução.
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Cuidar do artesanato, desenvolver ao máximo a ciência da linguagem, de acordo;
agora meter a poesia num sapato chinês, isto nunca.
Penso que poesia deve propor não só um conhecimento, mas ainda uma
transfiguração da condição humana, elevando-nos a um plano espiritual mais alto.
Realizar isto sem ênfase, de acordo com os rumos atuais da estilística, eis o
problema.
(...)
Penso que todos os homens possuem o germe da poesia. Nem todos, porém,
sabem ou podem comunicar a poesia em forma persuasiva. A missão particular do
poeta consiste em desvendar o território da poesia, nomeando as coisas criadas e
imaginadas, instalando-as no espaço da linguagem, conferindo-lhes uma dimensão
nova.
Além de recorrer ao seu tesouro pessoal, à sua vivência, o poeta se inspira no
inconsciente coletivo, rico em símbolos, imagens e mitos. Da linguagem universal
extrai a sua linguagem específica. A linguagem, ao mesmo tempo que informa o
poeta, revela-lhe sua fisionomia pessoal.
Resumindo, pode-se dizer que a operação poética é baseada em linguagem,
afetividade e engenho construtivo. O poeta escreverá, portanto, para manifestar
suas constelações próprias.
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Desde muitos anos insisto em que a poesia é uma chave do conhecimento, como
a ciência, a arte ou a religião; sendo portanto óbvio que atribuo um significado
muito superior ao de simples confidência ou de jogo literário. Diversas são as
faces da poesia, tal como se tem esta revelado através dos séculos. Que o
instrumento básico da poesia é a linguagem, não há a menor dúvida; tornando-se
supérfluo mencionar o conhecido diálogo de Mallarmé com Degas.
Já sabemos que é impossível dissociar forma e ideia Agora, o que se torna
mais difícil, dado o número considerável das experiências de linguagem, bem
como de teorias da poesia surgidas nos últimos 100 anos, é atribuir a esta ou
àquela teoria um caráter de verdade estética total, pois os antigos
denominadores comuns, as regras clássicas, foram substituídos, alterados ou
mesmo destruídos. Considerando-se os movimentos de poesia somente em
função da sua capacidade de reagir aos anteriores, incorremos no erro crítico
que consiste em julgar as obras literárias apenas como documentos de
determinada geração. Bem entendido, isto não implica que eu negue as ligações
de tais obras com o
tempo.http://www.artelivre.net/html/literatura/al_literatura_murilo_mendes.htm
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CONCLUSÃO
MURILO MENDES FOI REALMENTE UM HOMEM QUE SE DEDICOU À
PROSA E A POESIA. MENDES NÃO DEIXA APENAS OBRAS
MARAVILHOSAS DE LEITURAS E REVISÕES, MAS DEIXA SAUDADE,
DO HOMEM, DO POETA E DO MARAVILHOSO E SIMPLESMENTE
MURILO MENDES.
JUNTAMENTE COM TODAS ESSAS OBRAS, DEIXA POESIAS E
POEMAS ESCRITOS, PALAVRAS SOLTAS AO VENTO! E DEIXA NA
MEMÓRIA UMA MENSAGEM: SER MURILO NÃO FOI FÁCIL, MAS
VALEU A PENA.