O documento apresenta o modelo semiótico de Charles Sanders Peirce, descrevendo sua teoria triádica do signo e a classificação dos signos em ícones, índices e símbolos. Aplica essa abordagem para analisar o uso de maçãs em cenas do filme "Professora sem Classe", mostrando como elas representam diferentes significados na narrativa.
1. CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IPA
CURSO DE JORNALISMO
Mateus Ítor da Silva Charão
SEMIÓTICA:
MODELO PEIRCE
PORTO ALEGRE
2012
2. SUMÁRIO
1 O MODELO PEIRCE ......................................................................................... 3
1.1 UM POUCO DA BIOGRAFIA DE CHARLES SANDERS PEIRCE. ................ 3
1.2 A SEMIÓTICA PEIRCEANA............................................................................. 3
2 ANÁLISE SEGUNDO O MODELO PEIRCE...................................................... 5
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 9
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1 O MODELO PEIRCE
1.1 UM POUCO DA BIOGRAFIA DE CHARLES SANDERS PEIRCE
Charles Sanders Peirce (1839-1914), cientista, matemático, historiador e filósofo
norte-americano, é considerado o fundador da moderna Semiótica. Graduou-se om
louvor pela Universidade de Harvard em química, fez contribuições importantes no
campo da Geodésia, Biologia, Psicologia Matemática, Filosofia. Uma das marcas do
pensamento peirceano é a ampliação da noção de signo e, consequentemente, da
noção de linguagem.
Propôs aplicar na filosofia os métodos de observação, hipóteses e
experimentação a fim de aproximá-la mais das características de ciência. Peirce
concebia a Lógica dentro do campo do que ele chamava de teoria geral dos signos,
ou Semiótica. Os últimos 30 anos de sua vida foram dedicados a estudos acerca da
Semiótica, para Peirce um sistema de lógica.
1.2 A SEMIÓTICA PEIRCEANA
Charles Sanders Peirce, considerado o pai da semiótica, pretendia uma teoria
geral da representação. No estudo dessa semiótica, é entendido e estudado o
conceito de signo de “qualquer coisa que representa algo para alguém”.
Ele desenvolveu, a partir disso, a teoria triádica do signo (figura 1), onde o
signo tem que ser analisado e entendido, (signo ou representante) ou algo que o
signo representa e suas relações com ele (objeto) e a representação que aquilo
pode ter (interpretante). Pierce, agora tendo a teoria triádica e sua noção de signo e
sua representação, criou um estudo, também triádico, de acordo com a classificação
dos signos, e tendo em base a relação do signo consigo mesmo (primeiridade), com
seu objeto (secundidade) e com seu interpretante (terceiridade).
Primeiridade: é ligada a qualidade, algo que falamos ou sentimos (sensações),
independente de outras coisas, não tem relação ou referência com outra coisa. Por
exemplo, entendermos a cor azul e sua “azulidade” sem remeter a nenhum
sentimento ou lembranças que tivemos.
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Secundidade: é ligada a existência, é algo que existe em algum lugar, e tem uma
relação com alguma coisa, já temos a relação de identificação de algo e o
sentimento que esse algo remete para nós.
Terceiridade: ligada a lei, representamos e interpretamos o todo, ao nível simbólico.
É a representação de algo com os nossos sentimentos, e agora com fator cognitivo,
o estudo de semiose, do signo propriamente dito.
Figura 1 – A Tráde Semiótica de Peirce
Os signos dividem-se em Ícones, Índices e Símbolos. O Ícone é um signo
cujas condições de significação prescinde da existência de seu objeto, isto é o Ícone
pode significar quer seu objeto seja uma existência ou realidade. O Ícone prescinde
do objeto para significar. Toda hipótese é Icônica. A Matemática e a Arte são
icônicas, possuem a mesma natureza, são discursos cuja significação prescinde da
realidade. O artista constrói ícones; na arte o ser humano cria. A matemática, assim
como a arte, constrói universos possíveis. O jogo da arte é a construção de
possibilidades. O ícone é possibilidade.
O Índice é o signo que significa tão somente através de seu vínculo
existencial com o seu objeto. Desta forma é a existência do objeto que determina a
possibilidade interpretante do Índice. O Índice não prescinde do objeto para
significar. O símbolo representa através de uma lei geral (regras), convencional ou
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semiconvencional. O Símbolo refere-se ao que possa concretizar a ideia ligada à
palavra.
2 ANÁLISE SEGUNDO O MODELO PEIRCE
O signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode
funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra
coisa diferente dele. Ora, o signo não é o objeto. Ele apenas está no lugar do objeto.
Portanto, ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa
capacidade (figura 2 e 3). A partir da relação de representação que o signo mantém
com seu objeto, produz-se na mente interpretadora um outro signo que traduz o
significado do primeiro (é o interpretante do primeiro). Portanto, o significado de um
signo é outro (tradução do primeiro).
Figura 2 – A maçã e os seus signos representativos
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Figura 3 – A maçã: Interpretante / signo / objeto
EXEMPLO: A maçã e sua simbologia no filme “Professora sem Classe” (2011)
Veículo: filme para cinema (Columbia e Sony Pictures).
Ideologia: o filme nos mostra as diferenças entre o bem e o mal, entre o certo e o
errado, a busca de objetivos sem se preocupar com as consequências.
Público: em geral.
A análise:
No filme, “Professora sem Classe”, interpretada por Cameron Diaz, a maçã
aparece em diversas situações, com diferentes signigicados (figura 4). Elizabeth
Halsey (Cameron Diaz) trabalha como professora, mas não vê a hora de deixar a
função. Seus planos vão por água abaixo quando seu noivo termina o
relacionamento, acusando-a de gastar demais. Como resultado, ela é obrigada a
voltar à escola em que trabalhava para um novo ano letivo. Elizabeth não está
interessada em ensinar os alunos. Sem dinheiro, ela começa a dar pequenos golpes
envolvendo alunos e professores, para que possa atingir seus objetivos.
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Figura 4 – A maçã no sentido figurativo: “Eat Me!” (Coma-me!), ou seja, vem me seduzir.
A seguir, podemos observar algumas cenas do filme que ilustram bem o
objeto maçã e os seus significados nas diferentes situações apresentadas.
Nas figuras 5 e 6, a maçã aparece como algo que cativa e aproxima os alunos
da professora. Nos Estados Unidos dar uma maçã para o professor é uma tradição
que tem por objetivo iniciar um bom ano escolar.
Figura 5 – A criança levando uma maçã para a professora
como uma forma de mostrar as boas vindas às aulas.
Figura 6 – A professora agradecendo à criança o presente
ofertado (a maçã representa uma forma de carinho).
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Já nas figuras 7, 8 e 9, a maçã tem um papel de tentar seduzir e cativar as
crianças pela antiga professora, não para agradar, mas para seu benefício próprio,
já que a escola dá uma bonificação para o educador que tiver um índice superior no
aprendizado dos alunos no valor de cinco mil e setecentos dólares. A professora
Elizabeth chega na sala de aula da colega e morde a maçã, fazendo cara de
“nojo”, mostrando que não adianta comprar as crianças com aquela atitude.
Figuras 7, 8 e 9 – A maçã como objeto central das cenas.
Na figura 10, a professora Elizabeth usa uma planta que provoca alergia e
passa sobre a maçã, com o objetivo de dar para sua colega, em resposta às más
atitudes que ela vem tendo com os alunos. As imagens nos faz lembrar da estória da
Branca de Neve e os Sete Anões , como se a professora fosse uma “bruxa” com a
maçã envenenada na mão.
Figuras 10 – A maçã como objeto central das cenas.
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REFERÊNCIAS
Adoro Cinema. Professora sem classe. 2011. Disponível em:
<http://www.adorocinema.com/filmes/filme-138880/>. Acesso em: 01 de Outubro
de 2012.
Assistir on-line. Professora sem classe. 2011. Disponível em:
<http://www.assistironlinefilmes.com.br/2012/02/assistir-filme-professora-sem-
classe.html>. Acesso em: 01 de Outubro de 2012.
MACIEL, Luís Otávio. Peirce e a semiótica. Site Paradigmas, 2012. Disponível
em: <http://www.paradigmas.com.br/parad12/p12.5.htm>. Acesso em: 01 de Outubro
de 2012.
SCHIAVENIN, Cris. Semiótica: estudo dos signos. 2010. Disponível em:
<http://chocoladesign.com/semiotica-estudo-dos-signos>. Acesso em: 01 de Outubro
de 2012.
Semiótica Peirceana. 2012. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/54028101/semiotica-peirceana>. Acesso em: 01 de
Outubro de 2012.