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Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
ISSN 1518-3483
Licenciado sob uma Licença Creative Commons
[T]
doi: 10.7213/dialogo.educ.13.040.DS04
Aprendizagem em/na rede: comunidades
virtuais de aprendizagem em blogs
[I]
Online learning: virtual communities in blogs
[A]
Patrícia Brandalise Scherer Bassani[a]
, Rosi Souza Fritz[b]
[a]	
Doutora em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), profes-
sora titular do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade
Feevale, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Informática na Educação da mesma instituição, Novo
Hamburgo, RS - Brasil, e-mail: patriciab@feevale.br
[b]	
Mestre em Inclusão Social e Acessibilidade pela Universidade Feevale, professora do curso de Turismo
da mesma instituição, Novo Hamburgo, RS - Brasil, e-mail: rosifritz@feevale.br
[R]
Resumo
Os blogs consistem em suportes para a comunicação mediada por computador, permitin-
do a interação, a colaboração e a socialização on-line, caracterizando-se como espaços
virtuais que possibilitam a constituição de comunidades virtuais. No contexto educacional,
constituem importante recurso para escrita coletiva e aprendizagem colaborativa, opor-
tunizando a comunicação e o trabalho em grupo, promovendo o processo de autoria na in-
ternet. Estudos atuais apontam que a aprendizagem on-line acontece por meio das comu-
nidades virtuais de aprendizagem. A partir dessa perspectiva, este estudo busca investigar
a formação de comunidades virtuais de aprendizagem em blogs, tendo sido realizado a
partir da análise da interação por meio das trocas de comentários e links postados em um
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
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blog. Os resultados apontam as especificidades de uma comunidade virtual de aprendi-
zagem e o potencial da ferramenta blog para a aprendizagem colaborativa na internet.
[P]
Palavras-chave: Comunidade virtual. Comunidade virtual de aprendizagem. Blog.
[B
Abstract
Blogs consist of support for computer mediated communication and allow interaction, col-
laboration and online socialization. They are characterized as virtual spaces that enable
the constitution of virtual communities. In the educational context, blogs are an important
resource to collective writing and collaborative learning, making possible the communica-
tion and group work, and promoting authorship process in the Internet. Present studies
point out that online learning happens in virtual learning communities. Through this per-
spective, this study focuses on research about the constitution of virtual learning commu-
nities in blogs. The study involved the analysis of the interaction through the exchange of
comments and links posted in a blog. The results show the specificities of virtual learning
communities and the potential of the tool blog for collaborative learning on Internet.
[K]
Keywords: Virtual communities. Virtual learning communities. Blog.
Introdução
Os blogs são ferramentas de manutenção e publicação de sites,
constituídas por mensagens (também chamadas postagens ou posts), co-
mentários, ilustrações, fotografias, sons e vídeos, organizados de forma
inversa, porém temporal, sendo as postagens mais recentes colocadas no
topo da página. Os primeiros blogs, conhecidos como weblogs (web+log =
arquivo web), surgiram em 19971
e passaram a ser utilizados de forma
crescente. Estudos sobre eles vêm se intensificando ao longo dos anos;
segundo Amaral, Recuero e Montardo (2009), o que chama atenção é o
1	
	Amaral, Recuero e Montardo (2009) apresentam um histórico da criação dos weblogs.
Aprendizagem em/na rede
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
897
fato de que uma ferramenta que já possui mais de dez anos na web man-
tenha-se atual no cotidiano das pessoas. As autoras apontam ainda que
a “versatilidade em ser apropriado para as mais variadas tarefas” (p. 23)
contribui para sua permanência na rede.
Conforme Lemos (2008), os blogs vêm se transformando em um
dos mais populares fenômenos da cibercultura2
. Segundo o autor, eles
são criados para os mais diversos fins, refletindo um desejo reprimido
pela cultura de massa: o de ser ator na emissão, na produção de conte-
údo e na partilha de experiências. Os blogs refletem a liberação do pólo
da emissão característico da cibercultura (LEMOS, 2008, p. 9).
A característica de “liberação do pólo da emissão” apontada por
Lemos (2008, p. 9), somada à facilidade de utilização, classifica o blog
como um software social, que pode se transformar em um instrumento
de aproximação dos sujeitos na produção cultural, possibilitando a cons-
trução do conhecimento testemunhado por diversos olhares. Consoante
Spyer (2007, p. 21), “o termo ‘social software’ é usado para se referir ao
tipo de programa que produz ambientes de socialização pela internet, ele
é que está por trás da colaboração online”, como blogs, microblogs, wikis,
compartilhamento de arquivos e outros. Assim, o blog pode ser entendido
como uma ferramenta que busca oportunizar ações colaborativas, crian-
do um comprometimento entre quem escreve, quem lê e quem comenta,
provocando aprendizado.
Gutierrez (2003) destaca as possibilidades dessa ferramenta no
espaço educacional, entendendo que ela se torna instrumento de reflexão
e de comparação na construção do conhecimento. Conforme a autora,
2	
	Cibercultura é apresentada como uma marca da cultura contemporânea, cujo imaginário e práticas
convergem para uma relação mais intensa entre homens e máquinas, sugerindo novos hábitos
cotidianos e novas formas de socialização por meio da comunicação mediada por computador
(LÉVY, 1999; LEMOS, 2008).
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
898
essa oportunidade de reflexão sobre seus pensamentos e suas práticas,
de comparar etapas de processos, é importantíssima para professores
e alunos. O acompanhamento do trabalho de alunos e colegas cons-
cientiza sobre a própria prática. O conteúdo dinâmico de um weblog
pode manter o registro da construção do conhecimento e de suas fases
e abrir espaço para a investigação (GUTIERREZ, 2003, p. 95).
Entretanto, Gutierrez (2003, p. 95) destaca a importância de
compreender que a informação e o conhecimento são coisas distintas e
que “o computador, a internet e as possibilidades de acesso à informação
oportunizada pelas tecnologias digitais, são necessários, mas não sufi-
cientes para a construção do conhecimento”.
Os blogs, que inicialmente eram utilizados como diários públicos
na internet, com o tempo e a massificação de uso, foram recebendo outras
características e funções. De acordo com Recuero (2003), eles podem ser
utilizados como publicações eletrônicas que se destinam à informação,
comentários, crônicas e contos ou como publicações mistas, que englo-
bam os diários íntimos e diversas informações. Primo e Smaniotto (2006,
p. 233) também fazem uso dos conceitos apresentados pela autora, prin-
cipalmente quando indicam que “é preciso ultrapassar-se a noção do blog
como texto e espaço individual, como celebração do ego no ciberespaço”.
Pelo exposto, percebe-se que os blogs deixam de ser apenas
publicações pessoais para se tornar potencializadores de ações cons-
truídas coletivamente entre os sujeitos que compartilham esse espaço.
Compreendendo-os como ferramentas de comunicação e, consequente-
mente, de interação social, este trabalho busca refletir sobre as possibili-
dades de constituição de Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVAs)
em blogs.
O estudo inicia-se a partir da criação de um blog de escrita cole-
tiva entre duas turmas de quarto ano de duas escolas da rede pública de
Novo Hamburgo (RS). A partir das reflexões iniciais sobre os conceitos de
comunidade virtual, faz-se o estudo dos blogs como ferramentas poten-
ciais na formação de CVAs.
Aprendizagem em/na rede
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
899
Comunidades virtuais e CVAs
O termo ‘comunidade’ remete a agrupamentos que se sentem
unidos por algum tipo de sentimento de pertença, seja no sentido geográ-
fico, por proximidade territorial, seja em uma perspectiva extraterritorial,
pela busca de interesses comuns. O desenvolvimento tecnológico, espe-
cialmente a disseminação do acesso à internet, permitiu novas formas de
comunicação entre as pessoas, de localidades próximas ou distantes, opor-
tunizando a criação de uma nova comunidade, sem base territorial. Assim,
no fim do século XX e início do século XXI, percebe-se a consolidação do
conceito de comunidades virtuais (BAUMAN, 2003; CASTELLS, 2003).
Para Rheingold (1996, p. 18), “as comunidades virtuais são os
agregados sociais surgidos na Rede, quando os intervenientes de um de-
bate o levam por diante em número e sentimento suficientes para for-
marem teias de relações sociais no ciberespaço”. Recuero (2008, p. 65)
ressalta que
o conceito de comunidade virtual é uma tentativa de explicar os agru-
pamentos sociais surgidos no ciberespaço. Trata-se de uma forma de
tentar entender a mudança da sociabilidade, caracterizada pela exis-
tência de um grupo social que interage através da comunicação media-
da pelo computador.
Castells (2003), por sua vez, apresenta a noção de comunidades
virtuais como novos suportes tecnológicos para a sociabilidade, diferentes
de outras formas de interação, mas não inferiores. Destaca, também, que
elas trabalham com base em duas características fundamentais comuns:
a)	 valor da comunicação livre, horizontal, caracterizada pela co-
municação on-line de muitos para muitos;
b)	 formação autônoma de redes, que envolve a possibilidade de
qualquer pessoa escolher/definir os fluxos de navegação na
rede, além do potencial de criar e divulgar suas próprias redes.
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
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Recuero (2009) disserta que as comunidades virtuais na inter-
net são reconhecidas a partir de três diferentes tipos: comunidades de
associação, comunidades emergentes e comunidades híbridas. Uma co-
munidade emergente caracteriza-se por um núcleo mais denso, no qual
estão os atores conectados por nós3
mais fortes, e uma periferia, na qual
estão os nós mais fracos. Assim, “os laços que conectam os atores na co-
munidade emergente são fortes no centro e fracos na periferia” (p. 154).
Entretanto, destaca-se a dinâmica dessas comunidades, uma vez que os
laços “podem estar fortalecendo-se e encaminhando-se em relação ao nú-
cleo ou enfraquecendo-se e afastando-se do mesmo” (p. 154). As comuni-
dades de associação (ou de filiação) caracterizam-se essencialmente pela
“associação de atores através de interação social reativa (associar-se ao
grupo e ser aceito pelo mesmo), que não pressupõe interação direta entre
os atores, ou mesmo interação social no sentido de conversação” (p. 156).
Por fim, as comunidades híbridas possuem características dos dois tipos
(emergentes e associativas).
As comunidades virtuais com foco na aprendizagem podem
ser classificadas em CVAs ou Comunidades de Prática (CPs) (DANIEL;
SCHWIER; MCCALLA, 2003; PALOFF; PRATT, 2002). A principal diferen-
ça entre elas consiste na natureza da participação dos sujeitos: enquanto a
CVA enfoca objetivos educacionais, a CP enfatiza o compartilhamento de
experiências e interesses relacionados a atividades profissionais. Embora
toda comunidade virtual tenha relação com um elemento de aprendiza-
gem, nem toda comunidade pode ser chamada CVA, pois esta implica que
seus membros tenham objetivos explícitos vinculados à aprendizagem
(DANIEL; SCHWIER; MCCALLA, 2003).
Paloff e Pratt (2002) sustentam que a CVA constitui o espaço
onde se dá a aprendizagem on-line. As autoras apontam alguns indicado-
res de que uma comunidade on-line está em formação:
3	
	Cada ponto da rede.
Aprendizagem em/na rede
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a)	 interação ativa em relação ao conteúdo do curso e à comunica-
ção interpessoal, ou seja, para que um aluno seja considerado
“presente” em aula, não basta acessar a aula, é preciso participar
enviando suas reflexões/ideias;
b)	 aprendizagem colaborativa, percebida por meio das trocas de
mensagens e/ou comentários entre os alunos e entre estes e o
professor;
c)	 significado construído socialmente, evidenciado a partir de dis-
cussões envolvendo acordos ou questionamentos, à medida que
a aula/curso desenvolve-se;
d)	 compartilhamento de recursos (livros, artigos encontrados
na internet, fontes de pesquisa) entre alunos, possibilitando
ampliar a bibliografia para além dos textos selecionados pelo
professor;
e)	 troca de expressões de estímulo entre alunos e vontade de ava-
liar criticamente os trabalhos dos colegas.
Schwier (2007) também aponta categorias para analisar a forma-
ção das CVAs. De acordo com o autor, elas podem ser entendidas a partir de
três níveis. Um primeiro nível constitui o núcleo central (CatalystsofVirtual
Learning Communities), que impulsiona a formação e a continuidade da co-
munidade. Seu elemento principal é a comunicação entre os participantes
da comunidade, aliada ao senso de presença/participação, à interação, ao
engajamento e ao alinhamento. A segunda categoria, que constitui um nú-
cleo intermediário (EmphasesofVirtualLearningCommunities), representa a
ênfase da CVA, que pode ser classificada em comunidades de relacionamen-
to, de lugar, de intenção, de reflexão ou de cerimônia. Um terceiro nível,
externo (Elements of Virtual Learning Communities), constitui-se a partir de
13 elementos, enfatizando a ideia de que as comunidades são complexas.
Os elementos são: historicidade, identidade, mutualidade, pluralidade, au-
tonomia, participação, confiança, trajetória, tecnologia, protocolos sociais,
reflexão, intensidade e aprendizagem. Assim, seus estudos apontam que as
comunidades não acontecem de forma espontânea, mas também não são
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
902
criadas. Essas categorias buscam orientar os educadores a promover o de-
senvolvimento das CVAs.
Neste estudo, entende-se que o blog, como espaço constituído
por relações que ocorrem entre os interagentes4
, pode ser considerado
um meio para a formação dessas comunidades. Entretanto, o fato de um
blog receber vários visitantes não fornece subsídios para a criação de uma
comunidade. “Em outras palavras, não se pode pensar que um blog, por
ter muitos visitantes diários, seja por si só uma comunidade” (PRIMO;
SMANIOTTO, 2006, p. 237). Nesse caso, para compreender a constitui-
ção de uma CVA em um blog, deve-se analisar a qualidade da relação entre
os interagentes (PRIMO; SMANIOTTO, 2006; RECUERO, 2009).
De acordo com Recuero (2009), a interação representa um pro-
cesso comunicacional, que é refletido nos sujeitos que interagem e no
resultado dessas trocas comunicativas. Primo (2003) caracteriza dois ti-
pos de interação mediada por computador: interação mútua e interação
reativa.
A interação mútua é aquela caracterizada por relações interdependen-
tes e processos de negociação, em que cada interagente participa da
construção inventiva e cooperada da relação, afetando-se mutuamen-
te; já a interação reativa é limitada por relações determinísticas de es-
tímulo e resposta (PRIMO, 2003, p. 63).
A interação mútua não pode ser predeterminada, visto que a re-
lação somente é definida no decorrer da própria interação. Já a interação
reativa caracteriza-se por as trocas acontecerem dentro de limites pre-
vistos, ou seja, a partir dos mesmos inputs, há os mesmos outputs. Primo
(2007) considera, ainda, que a interação mútua é construída a partir das
relações anteriores, porque um interagente contribui na formação do ou-
tro. Assim, ela vem ao encontro do pensamento de que as comunidades
consolidam-se a partir das negociações e dos laços que se formam.
4	
	Primo (2003) entende interação como “ação entre” os participantes do encontro, que são por ele
definidos como interagentes.
Aprendizagem em/na rede
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
903
Os laços sociais são entendidos como a efetiva interação entre
os participantes de uma relação, podendo ser fortes ou fracos. Laços for-
tes caracterizam-se pela proximidade, intimidade e intencionalidade em
manter a conexão com o outro; por outro lado, os laços fracos caracteri-
zam-se por relações esparsas, que não traduzem intimidade e proximida-
de. Entende-se que a análise das interações em uma CVA a partir dos laços
sociais implica perceber a relevância tanto dos laços fortes quanto dos
laços fracos na constituição e permanência da comunidade (BASSANI,
2011). Em um blog, os laços podem ser percebidos pela ferramenta co-
mentários. Assim, os comentários geram os laços, que acabam por se
transformar no capital social produzido por determinados sujeitos que
interagem. Recuero (2009) destaca que o capital social na internet cons-
titui um conjunto de recursos de um determinado grupo, que pode ser
usufruído por todos os membros e está baseado na reciprocidade.
A partir dos elementos teóricos apresentados, percebe-se que
as CVAs apresentam especificidades em relação às comunidades virtuais,
uma vez que enfatizam a aprendizagem em espaços educacionais formais.
Downes (2007), nesse sentido, destaca que a atividade de aprendizagem
nas comunidades é, em essência, a conversação entre os sujeitos partici-
pantes, que, para o autor, não consiste apenas em palavras, mas imagens,
vídeo, som e outros. Entretanto, este estudo foca a linguagem escrita, a
partir das mensagens postadas no blog e seus comentários, conforme des-
crito na seção seguinte.
O percurso de pesquisa
Conforme dito anteriormente, este estudo5
, de abordagem
qualitativa, inicia-se a partir da criação de um blog de escrita coletiva en-
	 5
	 O presente estudo constitui um recorte da dissertação de mestrado Desenvolvimento do turismo
local por meio da participação comunitária: a constituição de uma comunidade virtual em um blog
(FRITZ, 2010).
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
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904
tre duas turmas de quarto ano de duas escolas da rede pública de Novo
Hamburgo, que serão tratadas aqui como Escola A e Escola B. As turmas
participantes compreendem uma faixa etária entre oito e 14 anos, sendo
que 23 alunos pertencem à Escola A e 28, à Escola B, perfazendo um total
de 51 alunos.
O tema das discussões coletivas foi o estudo do fenômeno do
turismo no bairro das escolas, enfatizando aspectos culturais e naturais.
O blog Novos Roteiros Turísticos em Novo Hamburgo6
foi utilizado para criar
um espaço de trocas de informações turísticas entre as escolas, buscan-
do identificar novos locais que pudessem ser explorados turisticamente,
permitindo que os alunos vissem seu bairro como um espaço que também
oferece atratividade na cidade, fomentando sua autoestima como mora-
dores da localidade. Ao longo da pesquisa, foram realizadas 44 postagens,
que resultaram em 103 comentários.
Reflexões sobre a formação da comunidade virtual
A pesquisa oportunizou um primeiro contato dos estudantes
com a ferramenta blog, tendo sido possível perceber que a apropriação
tecnológica da ferramenta constitui importante aspecto na formação
de uma comunidade virtual.
O blog representa uma comunidade do tipo híbrida, articulan-
do características das comunidades emergentes, em que as interações
acontecem a partir das trocas sociais realizadas pela conversação expli-
citada nas mensagens, e das comunidades de associação, uma vez que
a ferramenta possibilita que um determinado sujeito seja “seguidor” do
blog, sem necessariamente participar efetivamente em sua autoria. Sua
apropriação foi percebida por dois aspectos: criação de novas redes e
construção da identidade na comunidade. Assim, a apropriação da fer-
ramenta impulsionou a criação de novos blogs, transcendendo limites e
6	
	O blog está disponível em <http://www.turismonomeubairro.blogspot.com>.
Aprendizagem em/na rede
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
905
ampliando as possibilidades de comunicação, conforme Castells (2003),
e oportunizando a interação entre os sujeitos das Escolas A e B além do
espaço escolar. A construção da identidade na rede, por sua vez, foi evi-
denciada nas assinaturas das postagens e, principalmente, na ferramenta
comentários. Na proposta inicial, cada escola/turma recebeu uma senha e
as postagens ficavam registradas como Escola A ou Escola B. Entretanto,
à medida que os alunos foram descobrindo o potencial do blog, as posta-
gens começaram a ser personalizadas, apresentando o registro da autoria
(nome e foto do aluno).
Conforme Schwier (2007), a interação em uma comunidade nor-
malmente resulta em engajamento de ideias, pessoas e processos; no caso
do blog, ela se dá a partir dos comentários vinculados a uma determinada
postagem. Ao se observar a conversação entre os sujeitos, percebem-se evi-
dências de aprendizagem colaborativa e socialização de conhecimentos, que
refletem um processo de interação mútua. Nesse caso, a interação é defini-
da ao longo do processo de trocas comunicacionais; no entanto, à medida
que os sujeitos disponibilizam uma informação em uma ferramenta social,
é impossível prever o tipo de situação comunicacional que será gerado dessa
interação, conforme apresentado na postagem (Quadro 1).
De acordo com Schwier (2007), a intensidade de uma CVA ma-
nifesta-se a partir do envolvimento e participação na discussão, o que é
possível verificar no recorte da conversa apresentado. Além disso, o senti-
mento de pertença e a vivência em redes sociais podem produzir confian-
ça. De fato, as relações de confiança constituem importante elemento na
permanência das CVAs, potencializando a formação de laços sociais e as
trocas significativas.
A análise das conexões estabelecidas no blog evidenciou os la-
ços sociais entre as Escolas A e B, entre os alunos e entre os diferentes
blogs individuais construídos por meio da apropriação da ferramenta.
A Figura 1 apresenta a rede social constituída pelas interações produzi-
das no blog. Conforme dito anteriormente, as primeiras postagens esta-
vam vinculadas a uma senha única (Professoras 1, 2 e 3); a apropriação
da ferramenta possibilitou a personalização das postagens, evidenciada
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
906
Quadro 1 - Exemplo de interação mútua evidenciada no blog
Postagem Comentários
Visita ao Hotel Locanda
No dia 28/04/09 nós fomos no
Locanda Hotel, que fica na rua
Wendelino Henrique Klazer.
Conhecemos os funcionários
do hotel, como a camareira, a
recepcionista e o gerente do hotel,
Sr. Ricardo. Eles nos levaram a
vários locais, como a piscina, a
sauna, nos quartos dos hóspedes.
Fomos também até academia, a
sala de conferência. Aprendemos
muitas coisas sobre turismo e sobre
como receber as pessoas como ser
hospitaleiro.
• Vocês podem me explicar o que é camareira? Mauricio
• Oi, gostaria de saber mais sobre a visita até o Hotel.
Gostaria de saber mais sobre a piscina e a profe Rosi
falou que tem uma sala de ginástica. Aguardo a resposta.
Michele vitoria ludwig Affonso Penna
• Oi gente como é o nome da sua professora?
o hotel é legal?
• Oi, como foi conhecer o gerente do hotel? Como e o seu
nome? Vocês já tinham ido dentro de algyum hotel? Suélen
• Ola pessoal sou Julia Machado. Mas estou bem feliz
e estou ansiosa quando vocês vierem na nossa escola
Affonso Penna. Adorei o hotel que vocês foram e queremos
também conhecer o hotel, adorei!!!.
Quero saber o que è a palavra hospitaleiro? Alias eu adorei
a piscina tchau tchau pessoal. JÚLIA M.
• Eu queria saber o que é sauna? Laura
• ola eu sou a juliane adorei o hotel e é bem bonito e eu
não sabia que ele existia. JULIANE
• eu queria ver mais fotos do hotel. Ânderson
• Gostei muito de ler sobre o hotel,deve ser legal entrar no
quarto dos hospedes e falar com os funcionaríos! Júlia .B.
• oi pessoal, quanto custa ficar um dia no hotel ? Fernanda K.
• OLA EU SOU O DIONATA EU GOSTEI MUITO DAS FOTOS .
• A visita ao hotel foi legal? Eu gostaria de ir lá... Fernanda G.
• ola queria saber o que quer dizer sala de conferência?
Obrigada, Iera Izaname Martins Berté
• Oi, gostamos muito do hotel, é bem bonito. Então, o
hotel é luxuoso? GABRIELI CRISTINI DA SILVA E ALEXANDRA
CAMILA CASSEL.
• Para ficar um dia no HOTEL é 100 reais. barato NE
• Oi pessoal respondendo a sua pergunta camareira é uma
pessoa que arruma os quartos do hotel.
• Humm Sim achamos o HOTEL muito luxuoso. Acho que
vocês tambem deveriam conhecer. Thiago e Augusto.
• Olá Matheus o nome da nossa Profª é Ana Lucia.
O Hotel é bem legal. Thiago e Augusto
• Respondendo a pergunta de vocês: Sauna é uma salinha
para relaxar e descansar, com vapor quente. Rafael e Nicolas.
• O hotel Locanda é muito legal a gente até comeu um xis.
thau pessoal até logo
• O nome do gerente é Ricardo. Ele é bem legal!!
Fonte: Dados da pesquisa.7
7		
Informações disponíveis em <http://www.turismonomeubairro.blogspot.com.br/2009/05/visita-
ao-hotel-locanda-no-dia-280409.html#comment-form>.
Aprendizagem em/na rede
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
907
nas interações entre os alunos das Escolas A e B e o blog. A figura também
permite visualizar relações externas com a comunidade e outros blogs,
evidenciadas por meio dos comentários.
O fato de o blog ter características assíncronas, ou seja, os sujei-
tos não precisam estar conectados o tempo todo para interagir, favorece
o aprendizado, permitindo a reflexão e posterior intervenção. Algumas
postagens permaneceram no blog por um longo tempo sem comentários,
mas, na medida em que houve interesse, os sujeitos comentaram a res-
peito do assunto. Assim, outro aspecto percebido é o seu potencial como
novo espaço para ensinar e aprender.
Estudos atuais apontam que o ciberespaço suporta tecnologias
intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas fun-
ções cognitivas, como a memória, a imaginação, a percepção e o raciocínio
Aluno 1 Escola B
Aluno 2 Escola A
Aluno 3 Escola B
Aluno 4 Escola A
Aluno 5 Escola A
Aluno 6 Escola A
Blogs externos
Aluno 7
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Público externo
Público externo 2
Blog do projeto
Professora 3 Professora 2 Professora 1
Figura 1 - Rede social
Fonte: FRITZ, 2010.
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
908
(ALAVA, 2002; LÉVY, 2001). Essas novas “tecnologias intelectuais” favo-
recem novas formas de acesso à informação, por meio de mecanismos de
pesquisa, hiperdocumentos ou agentes, além de novos estilos de raciocí-
nio e conhecimento, envolvendo a simulação/modelação de fenômenos
complexos ou ainda recursos de inteligência artificial. Além disso, por
meio do ciberespaço, essas tecnologias podem ser compartilhadas, poten-
cializando o que Lévy (2000) entende como inteligência coletiva. Para o
autor, inteligência coletiva é “uma inteligência distribuída por toda a par-
te, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta
em uma mobilização efetiva das competências” (p. 28).
Nas reflexões sobre educação no ciberespaço, Alava (2002) en-
tende que este não pode ser reduzido a um espaço tecnológico que per-
mite assegurar melhor a transmissão passiva do saber, mas deve ser en-
tendido como um espaço social de comunicação e de trabalho em grupo.
O autor entende que o saber não é um produto pré-construído e midia-
ticamente distribuído, mas resultado de um trabalho de construção indi-
vidual ou coletivo, a partir de informações ou situações midiaticamente
concebidas para oferecer oportunidades de mediação. Ressalta, ainda, que
a emergência de novos dispositivos de formação abertos tende a colocar
em pauta as ideias de trabalho colaborativo, autonomia dos estudantes e
métodos ativos. Assim, “[...] a tecnologia da rede determina uma profun-
da mudança das relações sociais, assim como da organização de inúmeras
atividades humanas. Tal evolução poderia levar a mecanismos de parti-
lha, de colaboração, de gestão coletiva e de cognição distribuída” (p. 47).
Destaca-se então que, com a utilização dos blogs, os sujeitos
têm a oportunidade de exercitar a autoria na rede em vez de apenas
consultar/visitar sites, tornando-se emissores de conteúdos, segundo
Lemos (2008), uma vez que podem produzir informações e construir co-
nhecimento sob diversos olhares. Neste trabalho, a “velha” redação sobre
“como foi meu passeio” deu lugar a uma exposição multimídia com fotos,
filmes e sons, que pode ser compartilhada e (re)visitada em diferentes
momentos, dentro e fora do espaço escolar.
Aprendizagem em/na rede
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
909
Considerações finais
Retomando o conceito delineado por Rheingold (1996, p. 44),
que aponta que as comunidades virtuais são “agregados sociais surgi-
dos na Rede”, pode-se verificar a diferença na origem de uma comuni-
dade virtual e uma CVA. Enquanto a primeira tem origem em interesses
particulares, a segunda nasce a partir de uma proposta pedagógica, com
objetivos específicos voltados para questões educativas. Nessa perspecti-
va, percebe-se o desafio em manter o envolvimento dos sujeitos em uma
CVA, pois nem sempre os interesses particulares estão sintonizados com
as propostas de sala de aula.
A análise do blog Novos Roteiros Turísticos em Novo Hamburgo
à luz dos indicadores apontados por Paloff e Pratt (2002) permitiu ca-
racterizá-lo como uma CVA, tendo sido possível verificar a existência de
interação ativa, aprendizagem colaborativa, significado construído social-
mente, compartilhamento de recursos e troca de expressões de estímulo
entre alunos e vontade de avaliar criticamente os trabalhos dos colegas.
As características que mais se destacaram foram aquelas relacionadas à
autonomia dos sujeitos para construir o seu aprendizado e ao comparti-
lhamento dessas descobertas com os sujeitos da outra escola.
Também foi possível identificar os três níveis das categorias
apontadas por Schwier (2007) para analisar a formação das CVAs, sendo
a comunicação entre os sujeitos apontada pelo autor como “o coração” da
comunidade, ou seja, é a comunicação que mantém a comunidade. Nessa
perspectiva, o autor destaca que as tecnologias facilitam o desenvolvi-
mento das comunidades, mas também podem inibir o seu crescimento.
A experiência comprovou a facilidade de uso da ferramenta, apontada por
Amaral, Recuero e Montardo (2009), sendo apropriada pelos diversos pú-
blicos, no caso, crianças e jovens.
Importante destacar que a comunidade não se manteve por con-
ta própria quando o projeto finalizou, destacando o importante papel do
professor como articulador das ações coletivas. Fica evidente, dessa for-
ma, que a CVA está intimamente relacionada ao trabalho escolar e tende
BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S.
Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013
910
a não se manter sem a presença do professor. Entretanto, somente a pre-
sença do professor não garante o sucesso de uma CVA; ele pode propor a
atividade, solicitar o envolvimento, mas são os alunos que irão determi-
nar a efetividade dessa comunidade.
Em resumo, as redes criam uma estrutura que permite o com-
partilhamento de informação, mas é preciso a proposição de novas prá-
ticas educacionais no ciberespaço que potencializem inovações pedagógi-
cas para a construção de saberes a partir do coletivo.
Referências
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SPYER, J. Conectado: o que a internet fez com você e o que você pode fazer com
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Recebido: 03/09/2010
Received: 09/03/2010
Aprovado: 25/01/2011
Approved: 01/25/2011

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  • 1. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 ISSN 1518-3483 Licenciado sob uma Licença Creative Commons [T] doi: 10.7213/dialogo.educ.13.040.DS04 Aprendizagem em/na rede: comunidades virtuais de aprendizagem em blogs [I] Online learning: virtual communities in blogs [A] Patrícia Brandalise Scherer Bassani[a] , Rosi Souza Fritz[b] [a] Doutora em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), profes- sora titular do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade Feevale, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Informática na Educação da mesma instituição, Novo Hamburgo, RS - Brasil, e-mail: patriciab@feevale.br [b] Mestre em Inclusão Social e Acessibilidade pela Universidade Feevale, professora do curso de Turismo da mesma instituição, Novo Hamburgo, RS - Brasil, e-mail: rosifritz@feevale.br [R] Resumo Os blogs consistem em suportes para a comunicação mediada por computador, permitin- do a interação, a colaboração e a socialização on-line, caracterizando-se como espaços virtuais que possibilitam a constituição de comunidades virtuais. No contexto educacional, constituem importante recurso para escrita coletiva e aprendizagem colaborativa, opor- tunizando a comunicação e o trabalho em grupo, promovendo o processo de autoria na in- ternet. Estudos atuais apontam que a aprendizagem on-line acontece por meio das comu- nidades virtuais de aprendizagem. A partir dessa perspectiva, este estudo busca investigar a formação de comunidades virtuais de aprendizagem em blogs, tendo sido realizado a partir da análise da interação por meio das trocas de comentários e links postados em um
  • 2. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 896 blog. Os resultados apontam as especificidades de uma comunidade virtual de aprendi- zagem e o potencial da ferramenta blog para a aprendizagem colaborativa na internet. [P] Palavras-chave: Comunidade virtual. Comunidade virtual de aprendizagem. Blog. [B Abstract Blogs consist of support for computer mediated communication and allow interaction, col- laboration and online socialization. They are characterized as virtual spaces that enable the constitution of virtual communities. In the educational context, blogs are an important resource to collective writing and collaborative learning, making possible the communica- tion and group work, and promoting authorship process in the Internet. Present studies point out that online learning happens in virtual learning communities. Through this per- spective, this study focuses on research about the constitution of virtual learning commu- nities in blogs. The study involved the analysis of the interaction through the exchange of comments and links posted in a blog. The results show the specificities of virtual learning communities and the potential of the tool blog for collaborative learning on Internet. [K] Keywords: Virtual communities. Virtual learning communities. Blog. Introdução Os blogs são ferramentas de manutenção e publicação de sites, constituídas por mensagens (também chamadas postagens ou posts), co- mentários, ilustrações, fotografias, sons e vídeos, organizados de forma inversa, porém temporal, sendo as postagens mais recentes colocadas no topo da página. Os primeiros blogs, conhecidos como weblogs (web+log = arquivo web), surgiram em 19971 e passaram a ser utilizados de forma crescente. Estudos sobre eles vêm se intensificando ao longo dos anos; segundo Amaral, Recuero e Montardo (2009), o que chama atenção é o 1 Amaral, Recuero e Montardo (2009) apresentam um histórico da criação dos weblogs.
  • 3. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 897 fato de que uma ferramenta que já possui mais de dez anos na web man- tenha-se atual no cotidiano das pessoas. As autoras apontam ainda que a “versatilidade em ser apropriado para as mais variadas tarefas” (p. 23) contribui para sua permanência na rede. Conforme Lemos (2008), os blogs vêm se transformando em um dos mais populares fenômenos da cibercultura2 . Segundo o autor, eles são criados para os mais diversos fins, refletindo um desejo reprimido pela cultura de massa: o de ser ator na emissão, na produção de conte- údo e na partilha de experiências. Os blogs refletem a liberação do pólo da emissão característico da cibercultura (LEMOS, 2008, p. 9). A característica de “liberação do pólo da emissão” apontada por Lemos (2008, p. 9), somada à facilidade de utilização, classifica o blog como um software social, que pode se transformar em um instrumento de aproximação dos sujeitos na produção cultural, possibilitando a cons- trução do conhecimento testemunhado por diversos olhares. Consoante Spyer (2007, p. 21), “o termo ‘social software’ é usado para se referir ao tipo de programa que produz ambientes de socialização pela internet, ele é que está por trás da colaboração online”, como blogs, microblogs, wikis, compartilhamento de arquivos e outros. Assim, o blog pode ser entendido como uma ferramenta que busca oportunizar ações colaborativas, crian- do um comprometimento entre quem escreve, quem lê e quem comenta, provocando aprendizado. Gutierrez (2003) destaca as possibilidades dessa ferramenta no espaço educacional, entendendo que ela se torna instrumento de reflexão e de comparação na construção do conhecimento. Conforme a autora, 2 Cibercultura é apresentada como uma marca da cultura contemporânea, cujo imaginário e práticas convergem para uma relação mais intensa entre homens e máquinas, sugerindo novos hábitos cotidianos e novas formas de socialização por meio da comunicação mediada por computador (LÉVY, 1999; LEMOS, 2008).
  • 4. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 898 essa oportunidade de reflexão sobre seus pensamentos e suas práticas, de comparar etapas de processos, é importantíssima para professores e alunos. O acompanhamento do trabalho de alunos e colegas cons- cientiza sobre a própria prática. O conteúdo dinâmico de um weblog pode manter o registro da construção do conhecimento e de suas fases e abrir espaço para a investigação (GUTIERREZ, 2003, p. 95). Entretanto, Gutierrez (2003, p. 95) destaca a importância de compreender que a informação e o conhecimento são coisas distintas e que “o computador, a internet e as possibilidades de acesso à informação oportunizada pelas tecnologias digitais, são necessários, mas não sufi- cientes para a construção do conhecimento”. Os blogs, que inicialmente eram utilizados como diários públicos na internet, com o tempo e a massificação de uso, foram recebendo outras características e funções. De acordo com Recuero (2003), eles podem ser utilizados como publicações eletrônicas que se destinam à informação, comentários, crônicas e contos ou como publicações mistas, que englo- bam os diários íntimos e diversas informações. Primo e Smaniotto (2006, p. 233) também fazem uso dos conceitos apresentados pela autora, prin- cipalmente quando indicam que “é preciso ultrapassar-se a noção do blog como texto e espaço individual, como celebração do ego no ciberespaço”. Pelo exposto, percebe-se que os blogs deixam de ser apenas publicações pessoais para se tornar potencializadores de ações cons- truídas coletivamente entre os sujeitos que compartilham esse espaço. Compreendendo-os como ferramentas de comunicação e, consequente- mente, de interação social, este trabalho busca refletir sobre as possibili- dades de constituição de Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVAs) em blogs. O estudo inicia-se a partir da criação de um blog de escrita cole- tiva entre duas turmas de quarto ano de duas escolas da rede pública de Novo Hamburgo (RS). A partir das reflexões iniciais sobre os conceitos de comunidade virtual, faz-se o estudo dos blogs como ferramentas poten- ciais na formação de CVAs.
  • 5. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 899 Comunidades virtuais e CVAs O termo ‘comunidade’ remete a agrupamentos que se sentem unidos por algum tipo de sentimento de pertença, seja no sentido geográ- fico, por proximidade territorial, seja em uma perspectiva extraterritorial, pela busca de interesses comuns. O desenvolvimento tecnológico, espe- cialmente a disseminação do acesso à internet, permitiu novas formas de comunicação entre as pessoas, de localidades próximas ou distantes, opor- tunizando a criação de uma nova comunidade, sem base territorial. Assim, no fim do século XX e início do século XXI, percebe-se a consolidação do conceito de comunidades virtuais (BAUMAN, 2003; CASTELLS, 2003). Para Rheingold (1996, p. 18), “as comunidades virtuais são os agregados sociais surgidos na Rede, quando os intervenientes de um de- bate o levam por diante em número e sentimento suficientes para for- marem teias de relações sociais no ciberespaço”. Recuero (2008, p. 65) ressalta que o conceito de comunidade virtual é uma tentativa de explicar os agru- pamentos sociais surgidos no ciberespaço. Trata-se de uma forma de tentar entender a mudança da sociabilidade, caracterizada pela exis- tência de um grupo social que interage através da comunicação media- da pelo computador. Castells (2003), por sua vez, apresenta a noção de comunidades virtuais como novos suportes tecnológicos para a sociabilidade, diferentes de outras formas de interação, mas não inferiores. Destaca, também, que elas trabalham com base em duas características fundamentais comuns: a) valor da comunicação livre, horizontal, caracterizada pela co- municação on-line de muitos para muitos; b) formação autônoma de redes, que envolve a possibilidade de qualquer pessoa escolher/definir os fluxos de navegação na rede, além do potencial de criar e divulgar suas próprias redes.
  • 6. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 900 Recuero (2009) disserta que as comunidades virtuais na inter- net são reconhecidas a partir de três diferentes tipos: comunidades de associação, comunidades emergentes e comunidades híbridas. Uma co- munidade emergente caracteriza-se por um núcleo mais denso, no qual estão os atores conectados por nós3 mais fortes, e uma periferia, na qual estão os nós mais fracos. Assim, “os laços que conectam os atores na co- munidade emergente são fortes no centro e fracos na periferia” (p. 154). Entretanto, destaca-se a dinâmica dessas comunidades, uma vez que os laços “podem estar fortalecendo-se e encaminhando-se em relação ao nú- cleo ou enfraquecendo-se e afastando-se do mesmo” (p. 154). As comuni- dades de associação (ou de filiação) caracterizam-se essencialmente pela “associação de atores através de interação social reativa (associar-se ao grupo e ser aceito pelo mesmo), que não pressupõe interação direta entre os atores, ou mesmo interação social no sentido de conversação” (p. 156). Por fim, as comunidades híbridas possuem características dos dois tipos (emergentes e associativas). As comunidades virtuais com foco na aprendizagem podem ser classificadas em CVAs ou Comunidades de Prática (CPs) (DANIEL; SCHWIER; MCCALLA, 2003; PALOFF; PRATT, 2002). A principal diferen- ça entre elas consiste na natureza da participação dos sujeitos: enquanto a CVA enfoca objetivos educacionais, a CP enfatiza o compartilhamento de experiências e interesses relacionados a atividades profissionais. Embora toda comunidade virtual tenha relação com um elemento de aprendiza- gem, nem toda comunidade pode ser chamada CVA, pois esta implica que seus membros tenham objetivos explícitos vinculados à aprendizagem (DANIEL; SCHWIER; MCCALLA, 2003). Paloff e Pratt (2002) sustentam que a CVA constitui o espaço onde se dá a aprendizagem on-line. As autoras apontam alguns indicado- res de que uma comunidade on-line está em formação: 3 Cada ponto da rede.
  • 7. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 901 a) interação ativa em relação ao conteúdo do curso e à comunica- ção interpessoal, ou seja, para que um aluno seja considerado “presente” em aula, não basta acessar a aula, é preciso participar enviando suas reflexões/ideias; b) aprendizagem colaborativa, percebida por meio das trocas de mensagens e/ou comentários entre os alunos e entre estes e o professor; c) significado construído socialmente, evidenciado a partir de dis- cussões envolvendo acordos ou questionamentos, à medida que a aula/curso desenvolve-se; d) compartilhamento de recursos (livros, artigos encontrados na internet, fontes de pesquisa) entre alunos, possibilitando ampliar a bibliografia para além dos textos selecionados pelo professor; e) troca de expressões de estímulo entre alunos e vontade de ava- liar criticamente os trabalhos dos colegas. Schwier (2007) também aponta categorias para analisar a forma- ção das CVAs. De acordo com o autor, elas podem ser entendidas a partir de três níveis. Um primeiro nível constitui o núcleo central (CatalystsofVirtual Learning Communities), que impulsiona a formação e a continuidade da co- munidade. Seu elemento principal é a comunicação entre os participantes da comunidade, aliada ao senso de presença/participação, à interação, ao engajamento e ao alinhamento. A segunda categoria, que constitui um nú- cleo intermediário (EmphasesofVirtualLearningCommunities), representa a ênfase da CVA, que pode ser classificada em comunidades de relacionamen- to, de lugar, de intenção, de reflexão ou de cerimônia. Um terceiro nível, externo (Elements of Virtual Learning Communities), constitui-se a partir de 13 elementos, enfatizando a ideia de que as comunidades são complexas. Os elementos são: historicidade, identidade, mutualidade, pluralidade, au- tonomia, participação, confiança, trajetória, tecnologia, protocolos sociais, reflexão, intensidade e aprendizagem. Assim, seus estudos apontam que as comunidades não acontecem de forma espontânea, mas também não são
  • 8. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 902 criadas. Essas categorias buscam orientar os educadores a promover o de- senvolvimento das CVAs. Neste estudo, entende-se que o blog, como espaço constituído por relações que ocorrem entre os interagentes4 , pode ser considerado um meio para a formação dessas comunidades. Entretanto, o fato de um blog receber vários visitantes não fornece subsídios para a criação de uma comunidade. “Em outras palavras, não se pode pensar que um blog, por ter muitos visitantes diários, seja por si só uma comunidade” (PRIMO; SMANIOTTO, 2006, p. 237). Nesse caso, para compreender a constitui- ção de uma CVA em um blog, deve-se analisar a qualidade da relação entre os interagentes (PRIMO; SMANIOTTO, 2006; RECUERO, 2009). De acordo com Recuero (2009), a interação representa um pro- cesso comunicacional, que é refletido nos sujeitos que interagem e no resultado dessas trocas comunicativas. Primo (2003) caracteriza dois ti- pos de interação mediada por computador: interação mútua e interação reativa. A interação mútua é aquela caracterizada por relações interdependen- tes e processos de negociação, em que cada interagente participa da construção inventiva e cooperada da relação, afetando-se mutuamen- te; já a interação reativa é limitada por relações determinísticas de es- tímulo e resposta (PRIMO, 2003, p. 63). A interação mútua não pode ser predeterminada, visto que a re- lação somente é definida no decorrer da própria interação. Já a interação reativa caracteriza-se por as trocas acontecerem dentro de limites pre- vistos, ou seja, a partir dos mesmos inputs, há os mesmos outputs. Primo (2007) considera, ainda, que a interação mútua é construída a partir das relações anteriores, porque um interagente contribui na formação do ou- tro. Assim, ela vem ao encontro do pensamento de que as comunidades consolidam-se a partir das negociações e dos laços que se formam. 4 Primo (2003) entende interação como “ação entre” os participantes do encontro, que são por ele definidos como interagentes.
  • 9. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 903 Os laços sociais são entendidos como a efetiva interação entre os participantes de uma relação, podendo ser fortes ou fracos. Laços for- tes caracterizam-se pela proximidade, intimidade e intencionalidade em manter a conexão com o outro; por outro lado, os laços fracos caracteri- zam-se por relações esparsas, que não traduzem intimidade e proximida- de. Entende-se que a análise das interações em uma CVA a partir dos laços sociais implica perceber a relevância tanto dos laços fortes quanto dos laços fracos na constituição e permanência da comunidade (BASSANI, 2011). Em um blog, os laços podem ser percebidos pela ferramenta co- mentários. Assim, os comentários geram os laços, que acabam por se transformar no capital social produzido por determinados sujeitos que interagem. Recuero (2009) destaca que o capital social na internet cons- titui um conjunto de recursos de um determinado grupo, que pode ser usufruído por todos os membros e está baseado na reciprocidade. A partir dos elementos teóricos apresentados, percebe-se que as CVAs apresentam especificidades em relação às comunidades virtuais, uma vez que enfatizam a aprendizagem em espaços educacionais formais. Downes (2007), nesse sentido, destaca que a atividade de aprendizagem nas comunidades é, em essência, a conversação entre os sujeitos partici- pantes, que, para o autor, não consiste apenas em palavras, mas imagens, vídeo, som e outros. Entretanto, este estudo foca a linguagem escrita, a partir das mensagens postadas no blog e seus comentários, conforme des- crito na seção seguinte. O percurso de pesquisa Conforme dito anteriormente, este estudo5 , de abordagem qualitativa, inicia-se a partir da criação de um blog de escrita coletiva en- 5 O presente estudo constitui um recorte da dissertação de mestrado Desenvolvimento do turismo local por meio da participação comunitária: a constituição de uma comunidade virtual em um blog (FRITZ, 2010).
  • 10. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 904 tre duas turmas de quarto ano de duas escolas da rede pública de Novo Hamburgo, que serão tratadas aqui como Escola A e Escola B. As turmas participantes compreendem uma faixa etária entre oito e 14 anos, sendo que 23 alunos pertencem à Escola A e 28, à Escola B, perfazendo um total de 51 alunos. O tema das discussões coletivas foi o estudo do fenômeno do turismo no bairro das escolas, enfatizando aspectos culturais e naturais. O blog Novos Roteiros Turísticos em Novo Hamburgo6 foi utilizado para criar um espaço de trocas de informações turísticas entre as escolas, buscan- do identificar novos locais que pudessem ser explorados turisticamente, permitindo que os alunos vissem seu bairro como um espaço que também oferece atratividade na cidade, fomentando sua autoestima como mora- dores da localidade. Ao longo da pesquisa, foram realizadas 44 postagens, que resultaram em 103 comentários. Reflexões sobre a formação da comunidade virtual A pesquisa oportunizou um primeiro contato dos estudantes com a ferramenta blog, tendo sido possível perceber que a apropriação tecnológica da ferramenta constitui importante aspecto na formação de uma comunidade virtual. O blog representa uma comunidade do tipo híbrida, articulan- do características das comunidades emergentes, em que as interações acontecem a partir das trocas sociais realizadas pela conversação expli- citada nas mensagens, e das comunidades de associação, uma vez que a ferramenta possibilita que um determinado sujeito seja “seguidor” do blog, sem necessariamente participar efetivamente em sua autoria. Sua apropriação foi percebida por dois aspectos: criação de novas redes e construção da identidade na comunidade. Assim, a apropriação da fer- ramenta impulsionou a criação de novos blogs, transcendendo limites e 6 O blog está disponível em <http://www.turismonomeubairro.blogspot.com>.
  • 11. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 905 ampliando as possibilidades de comunicação, conforme Castells (2003), e oportunizando a interação entre os sujeitos das Escolas A e B além do espaço escolar. A construção da identidade na rede, por sua vez, foi evi- denciada nas assinaturas das postagens e, principalmente, na ferramenta comentários. Na proposta inicial, cada escola/turma recebeu uma senha e as postagens ficavam registradas como Escola A ou Escola B. Entretanto, à medida que os alunos foram descobrindo o potencial do blog, as posta- gens começaram a ser personalizadas, apresentando o registro da autoria (nome e foto do aluno). Conforme Schwier (2007), a interação em uma comunidade nor- malmente resulta em engajamento de ideias, pessoas e processos; no caso do blog, ela se dá a partir dos comentários vinculados a uma determinada postagem. Ao se observar a conversação entre os sujeitos, percebem-se evi- dências de aprendizagem colaborativa e socialização de conhecimentos, que refletem um processo de interação mútua. Nesse caso, a interação é defini- da ao longo do processo de trocas comunicacionais; no entanto, à medida que os sujeitos disponibilizam uma informação em uma ferramenta social, é impossível prever o tipo de situação comunicacional que será gerado dessa interação, conforme apresentado na postagem (Quadro 1). De acordo com Schwier (2007), a intensidade de uma CVA ma- nifesta-se a partir do envolvimento e participação na discussão, o que é possível verificar no recorte da conversa apresentado. Além disso, o senti- mento de pertença e a vivência em redes sociais podem produzir confian- ça. De fato, as relações de confiança constituem importante elemento na permanência das CVAs, potencializando a formação de laços sociais e as trocas significativas. A análise das conexões estabelecidas no blog evidenciou os la- ços sociais entre as Escolas A e B, entre os alunos e entre os diferentes blogs individuais construídos por meio da apropriação da ferramenta. A Figura 1 apresenta a rede social constituída pelas interações produzi- das no blog. Conforme dito anteriormente, as primeiras postagens esta- vam vinculadas a uma senha única (Professoras 1, 2 e 3); a apropriação da ferramenta possibilitou a personalização das postagens, evidenciada
  • 12. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 906 Quadro 1 - Exemplo de interação mútua evidenciada no blog Postagem Comentários Visita ao Hotel Locanda No dia 28/04/09 nós fomos no Locanda Hotel, que fica na rua Wendelino Henrique Klazer. Conhecemos os funcionários do hotel, como a camareira, a recepcionista e o gerente do hotel, Sr. Ricardo. Eles nos levaram a vários locais, como a piscina, a sauna, nos quartos dos hóspedes. Fomos também até academia, a sala de conferência. Aprendemos muitas coisas sobre turismo e sobre como receber as pessoas como ser hospitaleiro. • Vocês podem me explicar o que é camareira? Mauricio • Oi, gostaria de saber mais sobre a visita até o Hotel. Gostaria de saber mais sobre a piscina e a profe Rosi falou que tem uma sala de ginástica. Aguardo a resposta. Michele vitoria ludwig Affonso Penna • Oi gente como é o nome da sua professora? o hotel é legal? • Oi, como foi conhecer o gerente do hotel? Como e o seu nome? Vocês já tinham ido dentro de algyum hotel? Suélen • Ola pessoal sou Julia Machado. Mas estou bem feliz e estou ansiosa quando vocês vierem na nossa escola Affonso Penna. Adorei o hotel que vocês foram e queremos também conhecer o hotel, adorei!!!. Quero saber o que è a palavra hospitaleiro? Alias eu adorei a piscina tchau tchau pessoal. JÚLIA M. • Eu queria saber o que é sauna? Laura • ola eu sou a juliane adorei o hotel e é bem bonito e eu não sabia que ele existia. JULIANE • eu queria ver mais fotos do hotel. Ânderson • Gostei muito de ler sobre o hotel,deve ser legal entrar no quarto dos hospedes e falar com os funcionaríos! Júlia .B. • oi pessoal, quanto custa ficar um dia no hotel ? Fernanda K. • OLA EU SOU O DIONATA EU GOSTEI MUITO DAS FOTOS . • A visita ao hotel foi legal? Eu gostaria de ir lá... Fernanda G. • ola queria saber o que quer dizer sala de conferência? Obrigada, Iera Izaname Martins Berté • Oi, gostamos muito do hotel, é bem bonito. Então, o hotel é luxuoso? GABRIELI CRISTINI DA SILVA E ALEXANDRA CAMILA CASSEL. • Para ficar um dia no HOTEL é 100 reais. barato NE • Oi pessoal respondendo a sua pergunta camareira é uma pessoa que arruma os quartos do hotel. • Humm Sim achamos o HOTEL muito luxuoso. Acho que vocês tambem deveriam conhecer. Thiago e Augusto. • Olá Matheus o nome da nossa Profª é Ana Lucia. O Hotel é bem legal. Thiago e Augusto • Respondendo a pergunta de vocês: Sauna é uma salinha para relaxar e descansar, com vapor quente. Rafael e Nicolas. • O hotel Locanda é muito legal a gente até comeu um xis. thau pessoal até logo • O nome do gerente é Ricardo. Ele é bem legal!! Fonte: Dados da pesquisa.7 7 Informações disponíveis em <http://www.turismonomeubairro.blogspot.com.br/2009/05/visita- ao-hotel-locanda-no-dia-280409.html#comment-form>.
  • 13. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 907 nas interações entre os alunos das Escolas A e B e o blog. A figura também permite visualizar relações externas com a comunidade e outros blogs, evidenciadas por meio dos comentários. O fato de o blog ter características assíncronas, ou seja, os sujei- tos não precisam estar conectados o tempo todo para interagir, favorece o aprendizado, permitindo a reflexão e posterior intervenção. Algumas postagens permaneceram no blog por um longo tempo sem comentários, mas, na medida em que houve interesse, os sujeitos comentaram a res- peito do assunto. Assim, outro aspecto percebido é o seu potencial como novo espaço para ensinar e aprender. Estudos atuais apontam que o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas fun- ções cognitivas, como a memória, a imaginação, a percepção e o raciocínio Aluno 1 Escola B Aluno 2 Escola A Aluno 3 Escola B Aluno 4 Escola A Aluno 5 Escola A Aluno 6 Escola A Blogs externos Aluno 7 Aluno 8 Aluno 9 Aluno 10 Aluno 11 Aluno 12 Aluno 13 Aluno 14 Aluno 15 Aluno 16 Aluno 17 Aluno 18 Aluno 19 Blog do Aluno 6 Blog do Aluno 2 Blog do Aluno 1 Público externo Público externo 2 Blog do projeto Professora 3 Professora 2 Professora 1 Figura 1 - Rede social Fonte: FRITZ, 2010.
  • 14. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 908 (ALAVA, 2002; LÉVY, 2001). Essas novas “tecnologias intelectuais” favo- recem novas formas de acesso à informação, por meio de mecanismos de pesquisa, hiperdocumentos ou agentes, além de novos estilos de raciocí- nio e conhecimento, envolvendo a simulação/modelação de fenômenos complexos ou ainda recursos de inteligência artificial. Além disso, por meio do ciberespaço, essas tecnologias podem ser compartilhadas, poten- cializando o que Lévy (2000) entende como inteligência coletiva. Para o autor, inteligência coletiva é “uma inteligência distribuída por toda a par- te, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências” (p. 28). Nas reflexões sobre educação no ciberespaço, Alava (2002) en- tende que este não pode ser reduzido a um espaço tecnológico que per- mite assegurar melhor a transmissão passiva do saber, mas deve ser en- tendido como um espaço social de comunicação e de trabalho em grupo. O autor entende que o saber não é um produto pré-construído e midia- ticamente distribuído, mas resultado de um trabalho de construção indi- vidual ou coletivo, a partir de informações ou situações midiaticamente concebidas para oferecer oportunidades de mediação. Ressalta, ainda, que a emergência de novos dispositivos de formação abertos tende a colocar em pauta as ideias de trabalho colaborativo, autonomia dos estudantes e métodos ativos. Assim, “[...] a tecnologia da rede determina uma profun- da mudança das relações sociais, assim como da organização de inúmeras atividades humanas. Tal evolução poderia levar a mecanismos de parti- lha, de colaboração, de gestão coletiva e de cognição distribuída” (p. 47). Destaca-se então que, com a utilização dos blogs, os sujeitos têm a oportunidade de exercitar a autoria na rede em vez de apenas consultar/visitar sites, tornando-se emissores de conteúdos, segundo Lemos (2008), uma vez que podem produzir informações e construir co- nhecimento sob diversos olhares. Neste trabalho, a “velha” redação sobre “como foi meu passeio” deu lugar a uma exposição multimídia com fotos, filmes e sons, que pode ser compartilhada e (re)visitada em diferentes momentos, dentro e fora do espaço escolar.
  • 15. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 909 Considerações finais Retomando o conceito delineado por Rheingold (1996, p. 44), que aponta que as comunidades virtuais são “agregados sociais surgi- dos na Rede”, pode-se verificar a diferença na origem de uma comuni- dade virtual e uma CVA. Enquanto a primeira tem origem em interesses particulares, a segunda nasce a partir de uma proposta pedagógica, com objetivos específicos voltados para questões educativas. Nessa perspecti- va, percebe-se o desafio em manter o envolvimento dos sujeitos em uma CVA, pois nem sempre os interesses particulares estão sintonizados com as propostas de sala de aula. A análise do blog Novos Roteiros Turísticos em Novo Hamburgo à luz dos indicadores apontados por Paloff e Pratt (2002) permitiu ca- racterizá-lo como uma CVA, tendo sido possível verificar a existência de interação ativa, aprendizagem colaborativa, significado construído social- mente, compartilhamento de recursos e troca de expressões de estímulo entre alunos e vontade de avaliar criticamente os trabalhos dos colegas. As características que mais se destacaram foram aquelas relacionadas à autonomia dos sujeitos para construir o seu aprendizado e ao comparti- lhamento dessas descobertas com os sujeitos da outra escola. Também foi possível identificar os três níveis das categorias apontadas por Schwier (2007) para analisar a formação das CVAs, sendo a comunicação entre os sujeitos apontada pelo autor como “o coração” da comunidade, ou seja, é a comunicação que mantém a comunidade. Nessa perspectiva, o autor destaca que as tecnologias facilitam o desenvolvi- mento das comunidades, mas também podem inibir o seu crescimento. A experiência comprovou a facilidade de uso da ferramenta, apontada por Amaral, Recuero e Montardo (2009), sendo apropriada pelos diversos pú- blicos, no caso, crianças e jovens. Importante destacar que a comunidade não se manteve por con- ta própria quando o projeto finalizou, destacando o importante papel do professor como articulador das ações coletivas. Fica evidente, dessa for- ma, que a CVA está intimamente relacionada ao trabalho escolar e tende
  • 16. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 910 a não se manter sem a presença do professor. Entretanto, somente a pre- sença do professor não garante o sucesso de uma CVA; ele pode propor a atividade, solicitar o envolvimento, mas são os alunos que irão determi- nar a efetividade dessa comunidade. Em resumo, as redes criam uma estrutura que permite o com- partilhamento de informação, mas é preciso a proposição de novas prá- ticas educacionais no ciberespaço que potencializem inovações pedagógi- cas para a construção de saberes a partir do coletivo. Referências ALAVA, S. (Org.). Ciberespaço e formações abertas: rumo a novas práticas educacionais? Porto Alegre: Artmed, 2002. AMARAL, A.; RECUERO, R. C.; MONTARDO, S. P. (Org.). Blogs.com: estudos sobre blogs e comunicação. São Paulo: Momento Editorial, 2009. BASSANI, P. B. S. Uma reflexão sobre os processos de mediação em um fórum de discussão a partir da análise de redes sociais. In: CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 17., 2011, Manaus. Anais eletrônicos... Manaus: ABED, 2011. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2011/ cd/130.pdf>. Acesso em: 5 set. 2013. BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. DANIEL, B.; SCHWIER, R. A.; MCCALLA, G. Social capital in virtual learning communities and distributed communities of practice. Canadian Journal of Learning and Technology, v. 29, n. 3, p. 113-139, Fall 2003.
  • 17. Aprendizagem em/na rede Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 911 DOWNES, S. Learning networks in practice. In: BECTA (Ed.). Emerging technolo- gies for learning. Conventry: Becta, 2007. v. 2. p. 19-27. Disponível em: <http:// webarchive.nationalarchives.gov.uk/20101102103654/http:/research.becta.org.uk/ index.php?section=rh&catcode=_re_rp_02&rid=13768>. Acesso em: 5 set. 2013. FRITZ, R. S. Desenvolvimento do turismo local por meio da participação comunitária: a constituição de uma comunidade virtual em um blog. 2010. 134 f. Dis­sertação (Mestrado em Inclusão Social e Acessibilidade) — Universidade Feevale, Novo Hamburgo, 2010. GUTIERREZ, S. S. O fenômeno dos weblogs: as possibilidades trazidas por uma tecnologia de publicação na internet. Informática na Educação: Teoria & Prática, v. 6, n. 1, p. 87-100, jan./jun. 2003. LEMOS, A. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporâ- nea. 4. ed. Porto Alegre: Sulina Universitária, 2008. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999. LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2000. LÉVY, P. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. São Paulo: 34, 2001. PALLOFF, R. M.; PRATT, K. Construindo comunidades aprendizagem no ciberespaço: estratégias eficientes para as salas de aula on-line. Porto Alegre: Artmed, 2002. PRIMO, A. F. T. Interação mediada por computador: a comunicação e a edu- cação a distância segundo uma perspectiva sistêmico-relacional. 2003. 292 f. Tese (Doutorado em Informática na Educação) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. PRIMO, A. F. T. Interação mediada por computador: comunicação, cibercul- tura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007.
  • 18. BASSANI, P. B. S.; FRITZ, R. S. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 13, n. 40, p. 895-912, set./dez. 2013 912 PRIMO, A.; SMANIOTTO, A. Comunidades de blogs e espaços conversacionais. Prisma.com, n. 3, p. 230-272, 2006. Disponível em: <http://revistas.ua.pt/in- dex.php/prismacom/article/view/631>. Acesso em: 18 set. 2013. RECUERO, R. C. Warblogs: os weblogs, o jornalismo online e a Guerra no Iraque. Verso e Reverso, São Leopoldo, n. 37, p. 57-76, 2003. RECUERO, R. C. Comunidades em redes sociais na internet: um estudo de caso dos fotologs brasileiros. Liinc em Revista, v. 4, n. 1, p. 63-83, mar. 2008. RECUERO, R. C. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. RHEINGOLD, H. A comunidade virtual. Lisboa: Gradiva, 1996. SCHWIER, R. A. A typology of catalysts, emphases and elements of virtual le- arning communities. In: LUPPICINI, R. (Ed.). Online learning communities. Charlotte: Information Age Publishing, 2007. p. 17-39. SPYER, J. Conectado: o que a internet fez com você e o que você pode fazer com ela. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. Recebido: 03/09/2010 Received: 09/03/2010 Aprovado: 25/01/2011 Approved: 01/25/2011