O documento discute a evolução dos cuidados primários de saúde em Portugal ao longo de três gerações. Os cuidados da primeira geração focavam-se na prevenção e grupos de risco, enquanto os da segunda geração herdaram estruturas anteriores e introduziram médicos de clínica geral. A terceira geração debate mudanças no modelo organizacional dos centros de saúde integrados.
2. Os cuidados primários de saúde são baseados em
métodos e tecnologias práticas, cientificamente
bem fundamentadas e socialmente aceitáveis.
3. Estão ao alcance universal de indivíduos ou
famílias da comunidade, mediante a sua
participação e a um custo que a comunidade e o
pais possam fazer.
4. Em Portugal os cuidados de saúde primários têm uma
história de 30 anos. Nesse período, os centros de saúde
têm constituído a infra-estrutura organizativa essencial
destes cuidados, cobrindo todo o território nacional.
Este entendimento tem tido historicamente algumas
evoluções, sendo elas divididas em 3 gerações:
5. Os centros de saúde deste período estavam associados ao
que então se entendia por saúde publica (vigilância da
grávida e do bebé, vacinação, saúde escolar…)
Estes centros de saúde tinham um perfil de actuação
prioritariamente ligado à prevenção e ao
acompanhamento de alguns grupos de risco.
6. O tratamento da doença aguda e dos cuidados ditos
curativos ocupavam um espaço muito pequeno no
conjunto das suas atividades.
Os cuidados curativos extra-hospitalares eram prestados
predominantemente nos postos clínicos dos Serviços
Médico-Sociais.
7. Nesta geração foi criado SNS (sistema nacional de
saúde) e uma nova carreira médica de clínica
geral. Integrou os primeiros centros de saúde e
foram criados os chamados centros de saúde
integrados.
8. Esta segunda geração de centros de saúde herdou das anteriores
estruturas todos os recursos e património físico e humano e duas
culturas organizacionais distintas.
O único elemento novo introduzido neste modelo foi a carreira
médica de clínica geral.
Estes centros dão resultantes da simples mistura das principais
vertentes assistenciais extra-hospitalares preexistentes (centros de
saúde, postos dos Serviços Médico-Sociais e hospitais concelhios).
9. O debate sobre a reorganização e reorientação
dos cuidados de saúde primários em Portugal tem
acompanhado a evolução desta geração de
centros de saúde.
10. As críticas, sugestões de mudança e propostas alternativas ao
modelo organizativo e gestionário dos centros de saúde
integrados datam do próprio ano da sua criação, isto é, de
1983.
E têm evoluído desde então com base na experiência vivida e
no estudo de experiências equivalentes noutros países.
11. • Ser a porta de entrada do serviço:
Espera-se que seja mais acessível á população e
que por isso seja o primeiro recurso a ser
procurado.
12. • Continuidade do cuidado:
A pessoa atendida mantém o contato com o serviço ao
longo do tempo, de forma que se algum problema surja, a
pessoa seja atendida de forma mais eficiente
13. • Integralidade:
Integralidade significa a abrangência ou ampliação do
conceito de saúde, não se limitando ao corpo puramente
biológico.
Além da interacção com outros serviços de saúde, os
serviços a nível primário podem também fazer visitas ao
domicilio, reuniões com a comunidade
14. • Coordenação do cuidado:
Mesmo quando parte do cuidado á saúde de uma pessoa
for realizado a outros níveis de entendimento, os cuidados
primários têm o dever de organizar e/ou coordenar esses
cuidados.