Este documento descreve os objetivos e métodos da Química Analítica Quantitativa. Apresenta as divisões da Química Analítica em Análise Qualitativa e Quantitativa, e descreve os principais métodos quantitativos como gravimétricos, volumétricos, óticos e elétricos. Também lista as grandes divisões da Química Analítica e as referências citadas.
1. Texto Revisado e Atualizado pela Profª Marta Pinheiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
FACULDADE DE QUÍMICA
DISCIPLINA: QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA
TEXTO Nº 1: OBJETIVOS E MÉTODOS DA QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA
1 INTRODUÇÃO
A Química Analítica é um ramo da química que estuda a caracterização das
substâncias químicas. Esta caracterização envolve dois aspectos, que são, a identificação da
espécies constituintes, e, de outro lado, a determinação da quantidade relativa dos
constituintes. Esse estudo nos proporciona um conjunto de técnicas que constituem a análise
química. A mesma técnica pode ser aplicada em várias áreas diferentes, conferindo à
química analítica uma característica absolutamente interdisciplinar. Seus objetivos são de
desenvolver metodologias de análise e/ou separação e a instrumentação adequada a essas
análises. Na prática, a química analítica recorre a todos os métodos, medidas e técnicas com
o intuíto de resolver os problemas de composição da matéria com operações de rotina.
A Química Analítica compreende a Análise Qualitativa e a Análise Quantitativa. A
análise qualitativa trata do descobrimento e identificação dos componentes que constituem
a amostra. Seus resultados se expressam em palavras, nomes ou símbolos das classes
especiais de átomos, íons ou moléculas. Na análise quantitativa se determinam as
quantidades relativas ou absolutas de um ou vários dos componentes da amostra. Seus
resultados se expressam em número com indicação das unidades que estes números
representam. O campo da Química Analítica abrange, indistintamente, materiais orgânicos e
inorgânicos. Embora muitas das técnicas gerais da análise química sejam aplicáveis a ambos
os grupos de materiais, é bastante freqüente os métodos de abordagem dos problemas
analíticos diferirem marcadamente com respeito aos referidos tipos de materiais.
Técnicas analíticas modernas tendem a basear-se no uso de instrumentos para medir
uma propriedade física de um íon, átomo ou molécula, através da qual é realizada sua
determinação.
O interesse recente em poluição proporcionou um desenvolvimento acentuado de
métodos adequados á detecção e medida de traços de substâncias no ar, na água, em
alimentos e em sistemas biológicos. Hoje existe um grande número de técnicas analíticas que
são capazes de dosar quantidades mínimas de substâncias colhidas nas mais diversas
condições e de quase qualquer tipo de amostras.
2. Texto Revisado e Atualizado pela Profª Marta Pinheiro
2 MÉTODOS DA ANÁLISE QUANTITATIVA
Uma determinação quantitativa completa consiste em geral de quatro passos maiores:
(a) obtenção de uma amostra para análise,
(b) separação do componente desejado numa forma capaz de ser medida,
(c) a medida e o cálculo dos resultados,
(d) a obtenção de conclusões da análise.
Destes quatro passos, a medida é a etapa principal. Os dois primeiros passos tem por
objetivo preparar a amostra para a medida desejada e o quarto, torna significativos os
resultados desta medida. Portanto, toda determinação quantitativa se baseia
fundamentalmente na medida de alguma propriedade relacionada direta ou indiretamente
com a quantidade do componente desejado presente na amostra. Na verdade, as únicas
coisas que o químico pode medir diretamente no laboratório são propriedades físicas ou
estruturais. Ainda que se possa fazer uso de informações a respeito das propriedades
químicas ou reativas, na realidade o químico mede propriedades físicas antes da reação,
durante e após a reação.
Uma maneira cômoda de se classificar os métodos da análise quantitativa se baseia
no tipo de grandeza física que se mede. Desse modo, a maioria dos procedimentos
quantitativos podem classificar-se em quatro grupos: gravimétricos, volumétricos, óticos e
elétricos. Os dois primeiros grupos são conhecidos como métodos clássicos, e os dois
últimos como métodos instrumentais.
Os métodos gravimétricos se baseiam na medida de massa. O componente de
interesse é isolado na forma de uma espécie química de composição bem definida, e que
pode ser pesada com exatidão. Os métodos gravimétricos se subdividem, por sua vez, em
métodos de precipitação, métodos de galvanoplastia ou eletrodeposição e métodos de
volatilização, segundo a maneira em que o componente de interesse é separado antes de
sua medida.
Os métodos volumétricos compreendem uma ou mais medidas de volume. Os tipos
mais comuns de procedimentos volumétricos são os métodos titulométricos, nos quais se
mede o volume de uma solução de composição conhecida (solução padrão) necessário para
reagir quantitativamente com o componente na solução de composição desconhecida.
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A reação química que intervem na titulação proporciona uma fonte de seletividade, tornando
desnecessário a etapa de separação prévia. Com base no tipo de reação que ocorre entre o
componente desejado e a solução padrão, os métodos titulométricos se subdividem em :
titulações ácido-base (ou neutralização), titulações de precipitação, titulação de formação de
complexos e titulações de oxidação-redução.
Os métodos óticos (ou espectroscópicos) compreendem uma ou mais medidas de
comprimento de onda ou de intensidade de energia radiante. A base das aplicações
analíticas destas medidas são os mecanismos em virtude dos quais a energia radiante entra
em interação com a matéria. Segundo o tipo de interação os métodos óticos podem
classificar-se em: métodos de absorção, métodos de emissão, métodos de difração e
métodos de refração. Os métodos óticos também podem se subdividir segundo o intervalo de
comprimento de onda da energia radiante em: métodos infravermelhos, métodos visíveis,
métodos ultravioletas e métodos de raios X.
Os métodos elétricos incluem todos os métodos nos quais a medida principal é uma
quantidade elétrica fundamental como voltagem, resistência ou intensidade de corrente.
Compreendem a potenciometria, onde se mede o potencial de um eletrodo em equilíbrio com
a espécie iônica de interesse, a condutometria, onde se mede a condutância de soluções de
eletrólitos, a coulometria, onde se mede a quantidade de eletricidade necessária para oxidar
ou reduzir, em uma célula eletrolítica, a espécie de interesse, e a polarografia, onde se mede
a corrente de difusão associada à reação de uma espécie eletroativa sobre um microeletrodo
polarizável.
A química analítica admite as seguintes grandes divisões:
Separações – inclui extração, coprecipitação, troca iônica e as diferentes cromatografias:
planar, coluna (clássica e sofisticada – como a gasosa e a líquida de alta eficiência );
Termoanalítica – compreende a termogravimetria e outras medidas de mudança com
temperatura;
Instrumentação – desenvolvimento de instrumentos para a química analítica;
Química Ambiental – baseada na elucidação dos mecanismos que definem e controlam a
concentração das espécies químicas candidatas a monitoração ambiental;
Quimiometria – engloba as técnicas de tratamento de dados analíticos, aplicações de
modelos matemáticos e o estudo de correlações de variáveis.
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Na Tabela abaixo se apresenta a classificação dos métodos da análise quantitativa
segundo a propriedade observada na medida final.
Tabela 1.1. Classificação dos métodos de análise quantitativa segundo a propriedade física que se
mede
REFERÊNCIA
SEIDL, Peter R. Potencial de Pesquisa nas Universidades Brasileiras. Rio de Janeiro:
CETEM/CNPq, 1991. 83p. (Série Estudos e Documentos, 17).
SENISE, Paschoal. Química Analítica e Análise Química. Química nova, São Paulo, v. 16, n.
3, p.257-261, maio/jun. 1993. Bimensal.
SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J. Fundamentos de Química Analítica, São
Paulo: Pioneira Thomson Learnind, 2006. 999 p.
QUÍMICA NOVA: SBQ 25 anos. São Paulo: SBQ. v. 25, n. 1, jul. 2002. Suplemento