2. Toda narrativa é a exposição de fatos (reais ou fictícios) que se passam em
determinado lugar e com certa duração, em atmosfera carregada de elementos
circunstanciais. São elementos essenciais da narrativa:
a) o quê: o fato que se pretende contar;
b) quem: as partes envolvidas;
c) como: o modo como o fato aconteceu;
d) quando: a época, o momento, o tempo do fato;
e) onde: o registro espacial do fato;
f) porquê: a causa ou motivo do fato;
g) por isso: resultado ou conseqüência do fato.
3. 1. No dia 15 de maio do corrente ano, o Autor , tendo
vendido o Réu o imóvel constituído do apartamento
nº 56 do prédio denominado ―Monte Castelo‖, na Rua
José do Patrocínio, 603, confiou a este o telefone de
número 813-4672, que ali se encontrava instalado, e
do qual o autor é assinante, conforme recibo da
TELESP (doc.2).
2. Tal fato se deveu à única e exclusiva circunstância
de que, tendo de proceder à entrega do imóvel
vendido, nos termos da escritura de compra e
venda, lavrada em notas do Tabelião do 26º
Oficio, Livro nº 2, fls. 56, não conseguia o Autor a
retirada do referido aparelho telefônico, embora tinha
pedido, por escrito, tal retirada, desde o dia 16 de
maio (doc.3).
4. Mostra ao leitor como se processa a narrativa:
períodos curtos, perfeito do
indicativo, indicando no início o tempo dos
acontecimentos e demais circunstâncias que
permitem revelar como aconteceram os fatos
e o porquê deles, para que dessa narrativa se
chegue logicamente a uma
conclusão, resultado ou conseqüência do fato
vivenciado pelas partes envolvidas.
5. ―Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte.
Só executava a intenção de se permanecer naqueles
espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da
canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza
dessa verdade deu para estarrecer de todo a gente. Aquilo
que não havia, acontecia. Os parentes, vizinhos e
conhecidos nossos, se reuniram, tomavam juntamente
conselho‖.(Guimarães Rosa, 1962:32)
Comentários: a narrativa em 1ª pessoa revela a visão do
autor em relação ao fato contado. Os verbos no perfeito
(consummatum est) trazem a dor da situação
real,acontecida. O verbo acontecia (no imperfeito) indica a
continuidade da situação no espírito do narrador, porque
as horas devem ter-lhe sido penosas e o fato difícil de se
aceitá-lo verdadeiro. O momento do texto é o início do
clímax, havendo mais intensidade na seqüência dos
atos, prenunciando o desfecho.
6. A descrição é amplamente empregada na redação jurídica porque a
narrativa dos fatos é tecida por meio da descrição desses
fatos, buscando os elementos e pormenores que “pintem o
quadro”, segundo a versão da parte processual.
A descrição não é uma técnica empregada com
exclusividade no mundo jurídico mas que assenta
os juízos dissertativos, robustecendo a narrativa
dos fatos.
7. “Este é o acusado. Um acusado que vem aqui e mente, se
Vossas Excelências observarem, hoje ele diz que é casado
consta no outro interrogatório que ele estava
separado, procura modificar aquilo que já declarou para o
próprio juiz, procurando confundi-lo, procurando inverter
pequenos detalhes para se amoldar a uma possível e
imaginária tese de defesa. É um elemento
perigoso, mesquinho, mesquinho porque quando de uma
discussão com um funcionário da SAMAE por uma questão
de água sacou um revólver e também atirou”.
8. “Às vezes escapou que, ao invés de justificar, passa a castigar. É o
caso, senhores, típico do acusado. Hoje pintaram um quadro
aqui, que se não houvesse alguém pra rebater, o acusado
apodreceria na cadeia. Excelências, nós vamos nos referir ao
acusado o cidadão. Honesto, trabalhador, não é vadio, não é
malandro. O acusado foi vítima das circunstâncias. Aconteceu um
fato na vida do acusado. O acusado tem uma vida anterior ao
crime, e tem uma vida posterior como vou mostrar a Vossas
Excelências. Não é como disse a nobre promotoria que o acusado
se praticou crimes. É o primeiro. Ele e primário. É o primeiro delito
do acusado. O outro, ele já pagou, Excelências”.
9. exige do redator um posicionamento diante
de determinado assunto,
quer expressando sua opinião,
quer postulando uma tese.
10. Dissertação expositiva:
É a discussão de uma idéia, de um assunto. A
intenção do redator é a de expor um
assunto, comentando-o .
É bem elaborada quando se discute um
assunto com profundidade, de forma
clara, estando as idéias ―amarradas‖ a um
tópico frasal (uma introdução) que
apresente, com segurança, a idéia central.
11. É aquela em que o redator se mune das
técnicas de persuasão com o objetivo de
convencer o leitor a partilhar de sua opinião
ou mudar de ponto de vista. Na atividade
jurídica é imprescindível esse tipo de
dissertação, por corresponder à própria
natureza persuasiva do discurso forense.
Entretanto, toda idéia só tem força persuasiva
se as razões que a fundamentam estiverem
claras e bem sustentadas. Somente as provas
podem completar o plano argumentativo.
12.
13. O advogado de defesa planeja centrar sua tese na
legítima defesa.
Ao levantar os dados constantes dos autos
encontra: a) três testemunhas que afirmam ter
visto seu cliente provocando a vítima;
b) declaração dos policiais que efetuaram a
prisão em flagrante- logo após o homicídio –
afirmando estar a vítima desarmada;
c) o laudo médico informa que a vítima foi
atacada repentinamente e pelas costas, em face
da trajetória das duas balas contra ela
disparadas.
14. Terá que reformular seu plano de defesa, porque
as evidências processuais se dirigem pela culpa
do cliente e não autorizam a tese
pretendida(legítima defesa).
Assim, ou ele muda sua linha defensiva ou busca
nos autos evidências mais fortes do que as
acusatórias.
Em última análise, não há discurso sem o
elemento dissertativo, pois a presença de
diferentes opiniões para um só fato se dá pela
força argumentativa obrigatória no discurso
jurídico.
15. Retórica —a ciência teorética que investiga a arte da persuasão
SISTEMATIZANDO
A retórica pode ser bem ou mal usada, não é ela que é moral, mas
sim quem a utiliza.
Pode-se distinguir três domínios: retórica, moral e verdade.
A retórica é a técnica da argumentação do verossímil.
A retórica de Aristóteles apresenta-se como retórica de raciocínio, por
oposição a uma retórica das paixões.
16. •Em A Arte da Retórica, Aristóteles define três
gêneros de retórica:
–Deliberativo – futuro – delibera
aconselhando ou desaconselhando para uma
ação futura;
–Judiciário – passado – acusação ou defesa
incidem sobre fatos já ocorridos;
–Demonstrativo – presente – para elogiar ou
censurar se toma sempre por base a
atualidade.
17. Foi Aristóteles quem, segundo Citelli, apresentou o esquema
segundo o qual o texto deve ser dividido em quatro partes
seqüenciais e integradas: exórdio,desenvolvimento(
narração, provas )e peroração. A primeira parte é, na
verdade, uma introdução ao que se vai dizer no discurso, de
maneira a conquistar a fidelidade do ouvinte. Segue-se à
narração, isto é, a argumentação propriamente dita, na qual deve-
se apresentar a idéia que se pretende difundir, ou um fato segundo
os interesses do orador, a fim de lhe atribuir importância. A terceira
parte, as provas, é composta dos elementos que darão
sustentação à argumentação sendo, como ensina o autor, a fase
do discurso jurídico mais importante. Por último, a peroração, que
concluiria o que raciocínio do discurso, de maneira a reforçar as
idéias nele defendidas.
18. O raciocínio, em geral, é a
operação pela qual o espírito, de
duas ou mais relações
conhecidas, concluí uma outra
relação que desta decorre
logicamente.
Argumento é a expressão verbal
do raciocínio
19. a) Apodítico- Do grego apodeiktkós .Possui o
tom da verdade inquestionável; a
argumentação é redigida com tal grau de
fechamento que não resta ao receptor
qualquer dúvida quanto à verdade do
emissor.
b) Dialético-é aberto a discussões permitindo
controvérsias e constetação.
20. C)Retórico :concilia dados racionais e
emocionais;é variante do raciocínio
dialético,diferindo-se dele por ampliar o
envolvimento do ouvinte alvo
d)Silogístico- segue a estrutura do
silogismo:duas
proposições(premissas)encadeiam-se e
delas e delas se chega a uma conclusão.
Todo círculo é redondo.(premissa maior)
Ora,nenhum triangulo é redondo.(premissa
menor)
Logo nenhum triangulo é circulo.conclusão.
21. Por exclusão:o redator propõe várias
hipóteses e vai eliminando uma por uma para
se fixar no seu objetivo.
Pelo absurdo:consiste em refutar uma
asserção ,mostrando-lhe a falta de cabimento
ao contrariar a evidência.
De autoridade:a intenção é mais
confirmatória do que comprobatória.O
argumento apoia-se na validade das
declarações de um especialista da questão
(que partilha da opinião do redator)
22. 1 -Posturas filosóficas
Duas são as posturas básicas na elaboração do parágrafo dissertativo: a dialética e a disputa.
a) Dialética de Platão
É o exame da questão polêmica. Pela dialética o redator deve refletir sobre os prós e
contras, antes de tomar posição.
Em primeiro plano ele analisa a questão “A”, em seguida, coloca ele a questão “B”.
Finalmente, na conclusão ele decide seu posicionamento: opta por “A” ou”B” ou promove a
conciliação “AB”.
b) Disputa de São Tomás de Aquino
A disputa pressupõe a defesa da tese. O redator irá ter um ponto de vista (sim ou não)
sobre determinada questão e apresentará os argumentos que motivaram sua eleição por esta
ou aquela postura.
Na disputa, os argumentos (não mais do que três, recomenda-se) devem ser distribuídos
em gradação crescente, cada qual reforçando o anterior e todos relacionados entre si, rumo à
conclusão.
23. 2-Posturas psicológicas
Entende-se por postura psicológica a posição que o observador assume, isto é, de estar mais
ou menos envolvido afetivamente com o assunto.
O observador pode ter duas posições:
a) fora do campo observado: Behaviorismo
- maior neutralidade;
- mais objetividade;
- observação centrada no comportamento, realizando relações de causa/efeito entre estímulos e
respostas ocorridos dentro do campo observado;
- ênfase para substantivos e verbos – agente da ação e ação (e ainda objetos sobre os quais ele
recai).
b) dentro do campo observado:Gestalt
- o observador envolve-se afetivamente com a realidade observada;
- mais subjetividade;
- observação centrada na percepção, procurando perceber a estrutura global a partir dos
elementos sensoriais;