1. Amador Bueno
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Nota: Para outros significados, veja Amador Bueno (desambiguação).
Amador Bueno, o Aclamado
Amador Bueno de Ribeira, dito O Aclamado (c. 1584 — c. 1649), foi um proprietário de
terras e administrador colonial (capitão-mor e ouvidor) daCapitania de São Vicente.
Tornou-se personagem importante do Brasil Colonial ao ser aclamado rei em São
Paulo em 1641 pela população pró-castelhana como reação ao fim da união dinástica
entre Portugal e Espanha. Amador Bueno prontamente recusou a aclamação dando vivas
ao rei D. João IV de Portugal.
Foi um acto impulsionado pela mesma revolta, de 1641, que se conheceu popularmente
como Botada dos padres fora, por dirigir-se contra os jesuítas). O mesmo espírito de
rebelião se respirava nos dois movimentos ou impulsos populares1 .
Índice
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1 Dados biográficos
2 Família
3 Morte
4 Descendência
5 Bibliografia
6 Referências
Dados biográficos[editar | editar código-fonte]
Seu pai era espanhol, Bartolomeu Bueno, dito O Sevilhano porque nascera em Sevilha,
por volta de 1555 e que morreu em São Paulo, por volta de 1620 2 . Este seu pai,
carpinteiro da Ribeira de Sevilha, viera para o Brasil na armada de D. Diego Flores de
Valdez. Em 1616 era vereador. Casara por volta de 1584 com Maria Pires, a mãe de
Amador, nascida em 1564, filha de Salvador Pires, português do Porto, e de Mércia
Fernandes, também conhecida como Mécia Uçu. Mércia Fernandes era filha de António
Fernandes, português, e de Antónia Rodrigues, mameluca, descendente do
Cacique Piquerobi de Ururaí) e de António Rodrigues, um dos dois portugueses
encontrados por Martim Afonso de Sousa, que não se sabe como vieram parar no litoral
paulista 3 . Tinha, assim, ancestralidade castelhana, o resto portuguesa, e 1/16 de
ancestralidade indígena.
Amador foi capitão-mor e ouvidor da capitania de São Vicente em 1627.
2. Quando D. João IV de Bragança assumiu o trono de Portugal em 1640, no ano seguinte
Amador foi aclamado rei em São Paulo pelo poderoso partido de influentes e ricos
castelhanos, liderados pelos irmãos Rendon de Quevedo, Juan e Francisco Rendón de
Quevedo y Luna naturais de Coria, partido ao qual ainda pertenciam D. Francisco de
Lemos, da cidade de Orens; D. Gabriel Ponce de León, de Guaira; D. Bartolomeu de
Torales, de Vila Rica do Paraguai, D. André de Zunega e seu irmão D. Bartolomeu de
Contreras y Torales, D. João de Espíndola e Gusmão, da província do Paraguai, e outros
que subscreveram o termo de aclamação, a 1º de abril de 1641. Contrariando o golpe de
estado do 1 de Dezembro de 1640, no Reino de Portugal, os espanhóis não queriam ser
súditos de D. João IV, que reputavam vassalo rebelde a seu soberano, resolveram
provocar a secessão da região paulista do resto do Brasil, esperando talvez anexá-la às
colônias espanholas limítrofes. Diz o historiador Afonso Taunay em "Ensaios Paulistas",
pág. 631: «Oferecem o trono ao sogro, ele próprio filho de espanhol e homem do maior
prol em sua república pela inteligência, a fortuna, o passado de bandeirante, o casamento,
os cargos ocupados.»
No entanto, Amador Bueno recusou a honra e, com a espada desembainhada, pelo
contrário, deu vivas ao rei de Portugal, assumindo-se como seu leal vassalo, depois de
sessenta anos de União Ibérica, aliando-se à restauração da monarquia portuguesa.
Ameaçado de desacato, Amador Bueno, tinha-se refugiado no mosteiro
beneditino pedindo a intervenção do abade e seus monges.
Aclamação de Amador Bueno (1909),óleo de Oscar Pereira da Silva
Diz o mesmo historiador: «Desceram à praça fronteira o prelado e sua comunidade,
procurado convencer os manifestantes que deviam abandonar o intento que os
congregara. (....) Arrependidos do seu desacordo, resolveram os aclamadores aderir ao
movimento restaurador do 1º de Dezembro de 1640. E assim foi D. João IV solenemente
reconhecido soberano dos paulistas a 3 de abril de 1641, num gesto esplêndido de
solidariedade lusa, do qual a unidade do Brasil imenso viria valer-se pelo alargamento
extraordinário de sua área.»
O auto da Câmara foi assinado pelo capitão-mor de São Paulo, João Luís Mafra, Antônio
Raposo Tavares, Frei João da Graça, abade do Mosteiro de São bento, Frei Bento da
Trindade, Frei Manuel de Santa Maria, frei Francisco dos Santos, Fernão Dias Paes
Leme,Antônio Pompeu de Almeida, o vigário padre Manuel Nunes, Lourenço Castanho
Taques e outros paulistas.
Por esse ato, Amador Bueno deixou nome ilustre e recebeu carta de el-rei em que lhe
agradecia a lealdade. Quase duzentos anos depois, Dom Pedro I fez questão de ressaltar
que foi aclamado Imperador pela primeira vez na terra do "fidelíssimo e nunca assaz
louvado Amador Bueno de Ribeira".
Muito se escreveu sobre essa dita «Aclamação» de Amador Bueno. Amador era homem
riquíssimo e de muito bom senso, que gozou do maior prestígio. Sobre o mito imutável de
sua aclamação deve-se ler o que escreveu Alfredo Ellis Jr. em O ouro e a Paulistânia no
Boletim n° 8 da Cadeira de História da Civilização Brasileira da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Prudente, quando o partido espanhol o
3. quis ver rei, se refugiou no mosteiro de São Bento e mandou chamar Lourenço Castanho
Taques para serenar e dissuadir o povo. Castanho Taques sustentava o partido dos
jesuítas e os dois, Castanho Taques e Amador Bueno, apoiavam Salvador Correia de Sá e
Benevides, almirante e governador do sul do Brasil.
Do grupo de Amador faziam parte seus genros e amigos espanhóis, D. Francisco Mateus
de Rendon, D. João Mateus Rendon (genros); D. Francisco de Lemos e seus dois filhos,
D. Gabriel Ponce de León, D. Bartolomeu de Torales e seus três filhos, D. Andrés de
Zuñega, Bartolomeu de Contreras e João Espínola.
Do Livro 13 de sesmarias, consta que em 31 de março de 1627 obtivera carta de data de
uma légua de terras nos campos de Juqueri, passada pelo capitão-mor Álvaro Luís do
Vale, locotenente do donatário.
Foi ainda provedor e contador de Fazenda Nacional da dita capitania por provisão
de Diogo Luís de Oliveira, datada na Bahia de 6 de dezembro de 1633, tomando posse em
Santos dada por Pedro da Mota Leite, capitão-mor governador da capitania, em abril de
1634.
Família[editar | editar código-fonte]
Casou com Bernarda Luís, filha de Domingos Luís, o Carvoeiro, e de Ana Camacho, os
quais em 10 de abril de 1603 haviam fundado a capela de Nossa Senhora da Luz no bairro
do Guarepe, nos arredores da vila de São Paulo. Tiveram numerosa descendência, entre
elas um filho, bandeirante, também chamado Bartolomeu Bueno como seu avô e seu tio e
um filho chamado, para distinguir do pai, Amador Bueno, o Moço, também bandeirante.
Entre seus irmãos os famosos bandeirantes Francisco Bueno e Bartolomeu Bueno, o
Moço.
Morte[editar | editar código-fonte]
Amador Bueno morreu em data incerta entre 1646 e 1650. Acredita-se que tenha sido
sepultado na parte desaparecida do Convento de São Francisco4 .
Descendência[editar | editar código-fonte]
Amador Bueno foi o bisavô de outra personagem importante da história de São
Paulo, Amador Bueno da Veiga, que comandou os paulistas na Guerra dos Emboabas. Foi
também tio e tutor de Bartolomeu Bueno da Silva, o primeiro "Anhangüera"5 .
Contam-se hoje aos milhares os descendentes de Amador Bueno. Dentre eles estão vultos
como Getúlio Vargas, Tancredo Neves, Roberto Marinho 6 , Júlio de Mesquita Filho,Walter
Moreira Sales, Vicente de Carvalho, Carlos Drummond de Andrade 7 8 e Bárbara
Heliodora. A respeito dos descendentes de Amador Bueno, o geneticista Sérgio Pena
explica por que o número deles é enorme:
Por exemplo, Amador Bueno foi uma grande personagem histórica e o homem
que, em 1641, apesar de aclamado pelo povo, não quis ser rei do Brasil.
Podemos, então, tentar traçar a descendência de Amador Bueno. Na verdade,
acabaremos descobrindo que virtualmente todo mundo no Brasil descende dele,
porque o número de descendentes cresce, não em potência de 2, como no caso
dos antepassados, mas mais rapidamente ainda, por causa do grande número
de filhos que as pessoas tinham no passado. A propósito, sei com confiança que
sou parente de Amador Bueno, porque um livro chamado Amador Bueno, o
Aclamado, na Família Lagoana, menciona o nome de minha avó paterna,
Balbina Drummond Pena, como sua descendente.
—
Sérgio
Pena9
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
4. ELLIS JR., Alfredo. Amador Bueno, o Rei de São Paulo. São Paulo: J. Fagundes, 193-
.
GARCIA, Nilo. Aclamação de Amador Bueno. Influência espanhola em São Paulo. Rio
de Janeiro: s.n., 1956.
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. O Instituto histórico e geográfico de São
Paulo a Amador Bueno no tricentenario de sua aclamação como rei de São Paulo. São
Paulo: E. Pocai, 1941.
Genealogia Paulistana, Título Buenos de Ribeira
(http://www.arvore.net.br/Paulistana/Buenos_1.htm)
Referências
1. Ir para cima↑ Amador Bueno Ribeira, pag. 1448 - Grande Enciclopédia Universal -
edição de 1980 - Ed. Amazonas
2. Ir para cima↑ http://www.arvore.net.br/Paulistana/Buenos_1.htm
3. Ir para cima↑ http://www.arvore.net.br/Paulistana/Buenos_1.htm
4. Ir para cima↑ AMADOR BUENO DA RIBEIRA - "O homem que não quis ser Rei"
5. Ir para cima↑ Histórias e lendas de Santos - Rei Paulista
6. Ir para cima↑ http://www.diariodorio.com/gens-cariocas-os-marinhos/
7. Ir para
cima↑ http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=189&cat=Ensaios
8. Ir para cima↑ http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1000399&page=-1
9. Ir para cima↑ http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/genealogia-
linhagens-ancestrais-e-dna