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Baixar para ler offline
Ariovaldo Ramos | Arturo Meneses | Antônio Carlos Costa
Ana E.C. Borquist | Bruce R. Borquist | Hudson Taylor
José Marcos Silva | Leandro Silva | Marcos Aurélio dos Santos
Pedro Arana Quiroz | Renildo Diniz | Romildo Gurgel
Sérgio Lyra | Tiago Nogueira de Souza | Wilson Costa
A Igreja
e sua missão
transformadora
Copyright © 2014, ALEF – Associação de Líderes Evangélicos de Felipe Camarão
Todos os direitos reservados
Primeira edição eletrônica: Março de 2015
Capa: Ana Cláudia Nunes
Diagramação: Bruno Menezes
Publicado no Brasil com autorização
e com todos os direitos reservados pela
Editora Ultimato Ltda
Caixa Postal 43
36570-000 Viçosa, MG
Telefone: 31 3611-8500 — Fax: 31 3891-1557
www.ultimato.com.br
a igreja e sua missão transformadora
Categoria: Igreja | Missão | Vida cristã
4
APRESENTAÇÃO
A
Igreja e sua Missão Transformadora é mais um livro
da série “Um livro, Uma Causa”, projeto da Editora
Ultimato que celebra o conteúdo bíblico e os diferentes
campos de ação ministerial e engajamento da igreja.
A série “Um Livro, Uma Causa” coloca à disposição dos lei-
tores alguns instrumentos para a criação e o desenvolvimento de
grupos de trabalho e reflexão, além de compartilhar com a igreja
brasileira a produção e a contribuição dos autores e parceiros mi-
nisteriais da Editora Ultimato sobre temas relevantes da fé cristã.
O conteúdo, a organização e a publicação de A Igreja e sua
Missão Transformadora, acontece pela iniciativa e responsabi-
lidade da Associação de Líderes Evangélicos de Felipe Camarão
(ALEF), a partir do Congresso ALEF para Pastores e Líderes,
realizado entre os dias 15 a 18 de outubro de 2014, em Natal, RN.
Editora Ultimato
5
“Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Assim
brilhealuzdevocêsdiantedoshomens,paraquevejamassuas
boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”.
— Mateus 5.13ª, 14ª, 16 NVI
“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome
que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus
se dobre todo o Joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e
toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória
de Deus Pai”.
— Filipenses 2.9-11 NVI
“Tu Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra
epoder,porquecriastestodasascoisas,eportuavontadeelas
existem e foram criadas”.
— Apocalipse 4. 11 NVI
6
SUMÁRIO
Palavra introdutória
Guia didático
ARTIGOS
1. Bases bíblicas da missão integral da Igreja
Pedro Arana Quiroz
2. A Igreja que enfrentou a pobreza
Ariovaldo Ramos
3. E se o sal não salga...
José Marcos Silva
4. Cidadãos do reino, cidadãos do mundo!
Wilson Costa
5. A Igreja e seu papel na missão de Deus (Missio Dei)
Hudson Taylor Maia
6. A missão da Igreja
Romildo Gurgel
7. Transformando o mundo para a glória de Deus
Marcos Aurélio dos Santos
8. Emerge um novo conceito de santidade
Antônio Carlos Costa
9. Práticas de liderança para uma missão transformadora
Arturo Meneses
7
10. Igreja: agência de transformação no mundo contemporâneo
Renildo Diniz Lopes Junior
11. O desafio urbano às Igrejas
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra
12. Os fatores essenciais e as melhores práticas para engajar
sua igreja na missão integral de Deus
Ana E.C. Borquist
Bruce R. Borquist
13. Igreja integral
Leandro Silva
14. Implantando pequenos grupos na Igreja
Tiago Nogueira de Souza
Sobre os Autores
ANEXO
I. Declaração de Natal:
Redescobrindo o Evangelho integral para a Igreja hoje
8
Palavra
Introdutória
É
com grande alegria no Senhor Jesus que a equipe
coordenadora de metodologia do congresso ALEF –
2014, disponibiliza este relevante material para reflexão.
Atendendo tanto aos anseios dos nossos leitores como da equipe
ALEF, compartilhamos estas reflexões sobre o tema “A Igreja e sua
Missão Transformadora”, assunto abordado em nosso congresso
de 2014 no período de 15 a 18 de outubro em Natal, RN.
A coleção de artigos aqui reunidos foram escritos por irmãos
e irmãs comprometidos com as Escrituras e com os valores do
Reino de Deus. Este caderno não tem a pretensão de entregar ao
leitor uma resposta pronta sobre o papel da igreja e sua missão de
transformar o mundo. Nosso propósito é levar aos leitores uma
reflexão que produza diálogo e, a partir dessa reflexão, a Igreja
encontre uma direção que a leve à prática da Missão de Deus.
Boa leitura.
Marcos Aurélio dos Santos,
Coordenador de metodologia do congresso ALEF 2014.
9
Guia Didático
Sugestões Para Usar este Caderno
S
audações fraternais, prezados leitores. Consideramos uma
benção e uma grande oportunidade de disponibilizar estes
artigos e documentos chaves para a sua reflexão, junto com
suas congregações, no qual representa o pensamento de mais de
dez autores do Brasil e outros países.
Para facilitar o processo de estudo, vivência e aproveitamento,
oferecemos alguns princípios e guias didáticos.
Dê uma olhada no sumário de conteúdo dos artigos para
identificar aqueles temas que possam ser de major interesse para
sua igreja, grupo pequeno, seminário ou comunidade.
Para maior referência, pode consultar a tabela de temas e
objetivos gerais, anexa ao final deste guia didático. Dessa manei-
ra, terá uma perspectiva mais ampla de como o conteúdo pode
apoiar na reflexão do seu ministério.
Utilize os artigos como parte de um processo educativo e
não só de leitura simples. Sugerimos responder as perguntas, ao
final de cada reflexão, em trabalho de grupos. Isso fortalecerá o
aprendizado e poderá integrá-lo à sua prática ministerial.
10
a igreja e a sua missào transformadora
Anote qualquer pergunta que possa surgir da leitura e estudo.
Compartilhe com outros o conteúdo do material e suas refle-
xões sobre as perguntas. Pense na possibilidade de usar os artigos
como apostila sobre módulos específicos de estudo formal ou
não formal nos temas de: A missão de Deus para o mundo; A
igreja e sua missão transformadora como cooperadora de Deus;
Liderança para a missão; Os desafios de transformação do con-
texto brasileiro; A pobreza e a missão de Deus, etc.
A seguinte tabela pode ser útil para identificar os temas de
maior interesse no contexto da sua igreja ou ministério:
Título
Objetivo geral para o
aprendizado
Bases bíblicas da Missão
Integral da igreja
Como a igreja pode servir as
necessidades do mundo, sem
perder a identidade cristã,
segundo o modelo de missão de
Jesus Cristo.
A igreja que enfrentou a
pobreza
Articular uma proposta e ética
bíblica de trabalho da igreja para
combate à pobreza.
E se a sal não salga?
O desafio da igreja para se
mover do individualismo (idios)
ao comunitário (polis) para ser
sal da terra.
Cidadãos do reino, cidadãos
do mundo
Como a igreja pode se envolver
com causas justas na cidade.
Ser fiel a Deus nos desafios para
o shalom de Deus.
11
guia didático
Título
Objetivo geral para o
aprendizado
A igreja e seu papel na
Missio Dei
Entender que a igreja não
contempla as mudanças sociais
como parte de seu oficio, ainda
não compreendeu a missão de
Deus (Missio Dei)
A missão da igreja
Caraterísticas da comunidade
de fé, para cumprir a missão
comissionada por Deus na
abrangência do modelo de
Jesus.
Transformando o mundo
para a glória de Deus
Entender as dimensões da tarefa
de reconciliar todas as coisas
junto com Jesus, como membros
da sua igreja com ministério
profético.
Emerge um novo conceito de
santidade
Considerar três elementos
novos para a forma de vivenciar
o cristianismo pelos cristãos
brasileiros.
Práticas de liderança para
uma missão transformadora
Entender que não pode haver
missão transformadora,
sem liderança também
transformadora, com práticas
exemplares que ajudam a
recuperar sua credibilidade para
viabilizar a missão.
Igreja: Agência de
transformação no mundo
contemporâneo
Refletir no papel e desafios
da igreja, como parte do
modelo estabelecido por Deus,
para expandir sua missão.
Propostas para uma missão
transformadora.
12
a igreja e a sua missào transformadora
Título
Objetivo geral para o
aprendizado
Os Fatores Essenciais e as
Melhores Práticas para
Engajar sua Igreja na Missão
Integral de Deus
Propostas e desafios práticos
para levar a igreja a refletir e
agir dentro do contexto onde ela
está inserida. Aborda questões
como: Formação de liderança,
pesquisas na comunidade,
formação de associação e etc.
Igreja Integral
Pensar de maneira bíblica e
teológica sobre os desafios da
igreja na busca da integralidade
da missão.
Implantando pequenos
Grupos na Igreja
Refletir sobre propostas e
desafios para a implantação
de pequenos grupos na igreja
nas dimensões de edificação e
evangelização.
O desafio urbano das igrejas
Aspectos para delimitar
a abordagem do desafio
missionário, no contexto das
metrópoles urbanas.
Declaração de Natal.
Congresso ALEF 2013
Revisitar as lições aprendidas,
desafios e compromisso de
seguimento do Congresso ALEF
2013 sobre o Evangelho Integral.
Arturo Meneses.
13
BAses Bíblicas da
Missão Integral da Igreja
— Pedro Arana Quiroz
Queremos pensar as bases bíblicas da missão integral da
Igreja a partir de Mateus 9.35 – 10.1. Esse texto con-
tém, em forma embrionária, a perspectiva, o conteúdo,
a motivação e o impulso para a missão. Tanto a perspectiva da
missão da Igreja como a própria missão, em sua totalidade, são
vistas na vida e ação de nosso Senhor Jesus, de forma histórica e
concreta. A perspectiva dessa missão tem como ponto determi-
nando e determinado a vida da missão da Igreja em sua oração
sacerdotal e intercessora: “Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18)
Depois de sua morte e ressurreição, a oração se transforma,
em seus lábios, num mandamento missionário: “Assim como o
Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20.21), sugere que
a missão da Igreja deve corresponder à própria missão de Cristo.
“Dito de outra maneira, a missão de Cristo é o modelo para a
missão da Igreja: Assim como o Pai me enviou, eu também vos
envio”. Isso quer dizer que, da compreensão da missão de Jesus
Cristo, a Igreja deve deduzir a compreensão de sua própria missão.
– 1 –
14
Pedro Arana Quiroz
Como foi que o Pai enviou o seu filho unigênito ao mundo?
(1) Enviou-o como homem: Adão, novo Adão (Sl 8, Hb 2).
(2) Como Filho do homem e servo sofredor (Dn 7.14, Is 53)
(3) A síntese cristológica (Mc 10.45, Lc 22.27)
(4) O novo Adão (Fl 2.5-8, Hb 4)
Jesus nos oferece o modelo perfeito de serviço e envia sua
igreja ao mundo para que seja uma igreja serva. Ele expressou seu
amor em serviço, e este é o caminho de igreja. De que forma é es-
sencial que recuperemos esta ênfase bíblica em nosso ministério?
PATRÕES E SERVOS. CAPITALISTAS E DEPENDENTES
O destino do Filho de Deus foi o mundo de Deus: “Assim como
o Pai me enviou”. “Assim como tu me enviaste ao mundo, tam-
bém eu vos enviei ao mundo”. O Cristo-homem veio ao mundo
dos homens. Não a um mundo ideal, mas ao mundo tal e qual
ele é. Ele se reduziu a uma cultura particular – ou, dito de outra
maneira, a um espaço-tempo-recado. Por que toda cultura está
limitada pela geografia, pela história e pela situação de pecado.
Jesus enviou sua igreja “como ele foi enviado” ao mundo da
história, da geografia e do pecado, o qual, no entanto, é o mundo
de Deus, o mundo das Escrituras.
Devemos identificar-nos com este mundo, sim, mas sem
perder nossa identidade cristã. O que significa isto em termos
práticos? Significa conhecer, conviver, compartilhar e compro-
meter-se com o mundo.
Conhecer: este mundo deve ser conhecido, devido à natureza
de nosso trabalho. O conhecimento da situação que nos rodeia é
a base para uma missão séria da igreja. Conhecer as pessoas com o
respeitoquemerecemaquelesaquemiremosservir.Temosdefazer
o melhor por eles, como pessoas no mundo. O amor é a direção
única que leva ao conhecimento. Amor a Deus e amor ao próximo.
15
Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja
Conviver: temos de aprender a conviver com nós mesmos e
com as pessoas a quem Deus nos enviou, pessoas com as quais
Ele se preocupa.
Compartilhar: tudo que o Senhor nos tem dado. Isto é,
compartilhar o evangelho em sua dimensão integral e lutar
pelos valores deste evangelho: justiça, paz, preocupação pelas
necessidades humanas.
Comprometer-nos: Cristo estava comprometido com a vonta-
de do Pai, pelo que também se comprometia com os seus. Não se
tratadeservirmo-nosanósmesmos,masdecomprometermo-nos com
os demais: “Este mundo espera a revelação dos filhos de Deus”.
Como podemos ser melhores servos na igreja? O poder
corrompe e a igreja não está livre dessa corrupção.
A vida de Jesus foi uma vida itinerante, uma vida peregrina;
uma vida, como diria João A. Mackay, do caminho. “Jesus per-
corria os povos e aldeias”.
A igreja, assim como o Senhor Jesus, deve ser uma igreja
do caminho e não do balcão. Ela não pode permanecer como
espectadora da história: tem de descer para onde se travam as
lutas reais dos homens. Ali se encontram as necessidades, que
são o chamado premente da Igreja para que possa cumprir sua
missão. A passagem também nos fala do conteúdo da missão. Diz
que o Senhor ensinava, pregava e servia. Talvez seja isso que a
igreja tem esquecido. De testemunha ocular dos acontecimentos
humanos, ela tem de passar a identificar-se e solidarizar com as
necessidades reais das pessoas. Deve participar como portadora
de Cristo e de sua graça, oferecendo os recursos que seu Senhor
lhe confiou para a transformação, não somente da situação, mas
também da natureza dos participantes.
Essa imersão nas necessidades humanas deve levar ao nítido
reconhecimento de que a necessidade fundamental do homem é
16
Pedro Arana Quiroz
de natureza espiritual. A ruptura entre Deus e os homens deve-se
à lamentável realidade do pecado humano. O pecado é o agente
de toda desarmonia, seja com Deus e o próximo, seja consigo
mesmo e com a criação. O pecado é essencialmente pessoal; suas
consequências sociais, porém, são trágicas e imediatas.
Jesus veio para salvar os pecadores. Cabe à Igreja fazer chegar
essa salvação, hoje, aos pecadores. Jesus, em sua tarefa, envolveu-se
com os pecadores, não com seu pecado. A Igreja, em sua história,
muitas vezes participou dos pecados dos pecadores (orgulho,
egoísmo, cobiça), afastando-se, porém, dos pecadores. Não
poucas vezes, em seu distanciamento, ao invés de fazer chegar a
eles a salvação e a redenção, ofereceu-lhes somente crítica e juízo.
Quando as igrejas esquecem algumas dessas dimensões do con-
teúdo de sua missão, entram em discussões estéreis que polarizam
as posições e, diria eu, caem na infidelidade, pois infidelidade quer
dizer não obedecer ao que Cristo manda e ensina. Não somente
pelo preceito, mas pelo exemplo. Jesus ensinou, anunciou o evan-
gelho e serviu. Cada uma dessas dimensões tem lugar dentro da
missão da Igreja, sem mescla nem combinação. E se a Igreja quiser
ser fiel, tem de cumprir estas dimensões em sua tarefa missionária.
O texto fala também da motivação da missão: “Vendo ele as
multidões, compadeceu-se delas, por que estavam aflitas e exaustas
comoovelhasquenãotempastor.”Amotivação,acausaquemoveu
Jesus, a força interna que o impulsionou, foi a compaixão: do latim
“compaixão”, padecer junto a; do grego “sun-patiens”, sofrer com.
QuandonoséditoqueoSenhorsentiucompaixão,istosignificaque
eleseidentificoucomessagente,solidarizoucomsuasnecessidades,
colocou-se em sua pele. A Igreja também tem de fazer o mesmo.
Não pode fazê-lo, no entanto, sem a presença e o poder do
Espírito santo, que dominava a vida de Jesus Cristo, mas que nem
sempre domina a vida da Igreja.
17
Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja
Aqui fica muito evidente para onde o Senhor direcionava sua
compaixão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas”. A
Cristo importavam e importam as pessoas. Mesmo que para a
Igreja hoje importem mais os números e as estatísticas, os edifí-
cios, os alto-falantes e as luzes de efeito, para Cristo o importante
eram as pessoas. Hoje, uma igreja que queira ser fiel a Cristo tem
de enxergar além das estatísticas, isto é, ver as pessoas e as suas
necessidades. Deverá enxergar além das estruturas que possui ou
das facilidades materiais que desfruta e ver as mentes, os corações
e a fome espiritual, emocional e física das pessoas.
Tudo que Cristo fez, ele o fez pelo homem-em-comunidade
e pelo homem de carne e osso. Não por uma ideia do homem,
não por uma alma desencarnada, mas pelo homem vital e vivente,
cheio de necessidades, angústias e problemas, cheio de aspirações
e esperanças. A este homem é que Cristo se dirigiu, atendendo
a suas necessidades.
A passagem, porém, fala não somente da perspectiva, do
conteúdo e da motivação para a missão, mas também do impul-
so missionário. Esse é um impulso comprometido: “E então se
dirigiu a seus discípulos: A seara na verdade é grande, mas os
trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que
mande trabalhadores para sua seara.” Não entrarei na exegese
do texto. O certo é que o dono da colheita é Deus, que ele tem
um povo e que seus discípulos, a Igreja, devem reunir este povo,
para que façam “conhecidas, entre os povos, as obras do Senhor”.
Esta é uma oração que compromete: “Rogai, pois, ao Senhor
da seara que mande trabalhadores para sua seara”. Observem
como surge a resposta: “Tendo chamado os seus doze discípulos,
deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para expeli-los,
e para curar toda sorte de doenças e enfermidades”. Afirmo que,
para a igreja, o maior perigo é orar, pois o Senhor responde a
18
Pedro Arana Quiroz
oração e nós fazemos parte da resposta. Se ele mandou que eles
orassem, deviam estar dispostos a fazer parte da resposta dessa
oração. A igreja que olha o mundo, que entende o chamado do
Senhor e que escuta a Cristo, essa é a igreja que é chamada e
convocada para ser a resposta de sua própria oração, assim como
aconteceu com os discípulos.
FONTE: formacaoredefale.pbworks.com
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO
1. Em que fundamento a Igreja deve firmar-se para fazer a
missão?
2. Qual a relação que a igreja deve ter como o mundo que a
cerca?
3. Qual o nível de comprometimento que a igreja deve ter com
o mundo?
19
A Igreja que
Enfrentou a Pobreza
— Ariovaldo Ramos
A
primeira igreja nasceu em meio à pobreza, e a enfrentou,
deixando lições preciosas. Começaram reagindo à mes-
ma, não sendo tolerante para com a realidade em que os
pobres estavam imersos. Responderam com solidariedade, onde
os irmãos, como podiam, desfaziam-se voluntariamente de posses
para ajudar os demais, segundo a necessidade dos mesmos. Depre-
ende-se um padrão mínimo que, rebaixado, acionava o socorro.
E o padrão de socorro não era determinado pelas posses dos
doadores, sim pela necessidade dos beneficiários, o que indica
que a ação era tomada a partir do conceito do direito, o irmão
necessitado tinha o direito de ser atendido em sua carência, cabia
à comunidade a satisfação do mesmo.
Claro que, como Paulo procura deixar claro em sua segunda carta
aos tessalonicenses: “Quem não quiser trabalhar também não coma” -
2Tes 3.10; isto é, todas as alternativas possíveis deveriam ser tentadas,
porém, sem detrimento ao direito do irmão. Essa postura era tanto
entreirmãos,quantoentrecomunidades,comonocasoemquetodas
ascomunidadesseuniramparasocorreracomunidadeemJerusalém.
– 2 –
20
Ariovaldo Ramos
Num outro momento, percebe-se o desenvolvimento de um
programa para o sustento das viúvas, uma espécie de programa
previdenciário da Igreja, assumindo a responsabilidade por
aquelas que não tinham mais acesso ao trabalho remunerante.
Programa levado tão a sério, que uma categoria nova de oficiais foi
acrescentada à Igreja. Estes, os diáconos, assumiram o ministério
de seguridade social da comunidade.
Desse enfrentamento da pobreza surgiram conceitos de
intensa pedagogia:“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe
para ter com que acudir ao necessitado” Ef 4.28. Aqui, a vitória sobre
o pecado do furto é passar a contribuir com o necessitado. De
lesa-patrimônio a sustentáculo dos despossuídos de patrimônio,
e não a construtor de seu próprio patrimônio. Dá até para pensar
que, para o apóstolo, o ato da acumulação se assemelha de algu-
ma maneira ao furto. Há, também, nessa colocação, a sugestão
de uma ética do trabalho: a solidariedade - trabalha-se, também,
por responsabilidade para com o outro; o que amplia a dimensão
da frase paulina: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma...” Há um
assumido débito para com o necessitado.
“Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas
para que haja igualdade, suprindo a vossa abundancia, no presente, a falta
daqueles, de modo que a abundancia daqueles venha a suprir a vossa falta,
e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve
demais; e o que pouco, não teve falta.” 2Co 8.13-15.
Como estas palavras foram ditas no contexto da coleta para a
Igreja em Jerusalém, surge a possibilidade da leitura dum aponta-
mento na direção de uma universalização do trabalho solidário,
algo semelhante ao conceito de revolução permanente, capaz de
gerar um conceito de acordo internacional pela erradicação da
pobreza, pela busca da igualdade entre as nações pela partilha,
onde os superavitários se responsabilizam pelos deficitários; o
21
A Igreja que Enfrentou a Pobreza
que ocorre numa perspectiva de acesso universal ao trabalho e
num consenso de que todos trabalham por todos, pois a huma-
nidade é o foco. E sendo assim, a fé cristã tem uma proposta de
revolução quanto ao fim da economia e quanto ao parâmetro
para a geopolítica internacional.
“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem” 2Tes 3.13.
Este estímulo, dito no contexto da tentativa de alguns de se
aproveitarem da bondade da comunidade desafia a toda a Igreja
a estabelecer esses valores como inegociáveis, a despeito de
quaisquer tentativas de abuso. “Bem”, portanto, pode ser enten-
dido como esse conjunto de valores que configura uma ética do
trabalho para o combate à pobreza.
“Como está escrito na lei de Moisés: ‘Não atarás a boca ao boi que
debulha o trigo’.” 1Cor 9.9. “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro
a participar dos frutos” 2Tim 2.6.
Onde a ética dos apóstolos coloca o trabalhador? Como pri-
meiro e privilegiado beneficiário de seu trabalho; a exemplo do
boi, que não pode ser impedido de ser o primeiro a desfrutar de
sua produção. Até porque, como o trabalho é para a solidariedade
voluntária, o trabalhador para poder exercer essa partilha, tem de
ter o que partilhar, tem de ser senhor de seu trabalho.
Aqui, mais do que um princípio ético, há um postulado
econômico: O trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do
resultado de seu trabalho. O desenvolvimento deste primado
há de redefinir a administração dos meios de produção e do
lucro. A primeira Igreja na sua intolerância para com o estado
de pobreza propôs abordagens desafiadoras, pertinentes e que
mantêm atualidade.
FONTE: ariovaldoramos.blogspot.com
22
Ariovaldo Ramos
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. O que deve determinar a prática de socorro na igreja?
2. A quem a igreja deve fazer o bem?
3. Qual a diferença entre socorro ao necessitado e
assistencialismo?
23
E, Se o Sal Não Salga....
— José Marcos Silva
I
magine que você convide amigos para um churrasquinho e ao
servir a carne, todos percebam que ela está insossa. Curioso,
e sabendo que colocou sal à vontade, você vai até o saleiro,
prova uma pitada do sal e verifica que o mesmo já não está mais
salgado. O que você faria?
Em Mt 5.13 Jesus faz uma analogia entre nós, os seus dis-
cípulos, e o sal. O texto você conhece muito bem. Ele diz que
aquele sal já não serve mais pra nada, a não ser pra ser jogado fora
e pisado pelas pessoas. O sal não perde o seu sabor, enquanto
se mantiver puro, porém, contaminado com outras substâncias,
é possível que não salgue mais, nem se consiga mais restaurar
as suas características. Nesses casos, nos tempos de Jesus, era
comum usar o sal insípido para pavimentação das ruas ou para
ser jogado nos batentes de templos pagãos, para evitar que as
pessoas escorregassem. Em todo caso, só servia para ser pisado
pelas pessoas. Logo o sal, que era uma especiaria tão preciosa
que chegou a servir como moeda de pagamento das jornadas de
trabalho, de onde nasce o nome “salário”. Já em tempos em que
– 3 –
24
José Marcos Silva
não havia energia elétrica, o sal servia também para conservar a
carne. De fato, era algo muito precioso.
Vamos transportar essa comparação para a realidade da igreja
“evangélica” brasileira. Tenho uma grande luta dentro de mim: a
de não perder a esperança quando penso no rumo desta Igreja.
Procuro olhar para o lado bom das coisas a fim de que possa
manter a utopia no lugar mais alto da minha vida, ao mesmo
tempo em que, na qualidade de profeta do Senhor, não posso
perder o poder da contemplação, ou seja, de olhar os fatos de
maneira crítica. Não quero deixar de enxergar a bênção na vida
de um sujeito prostituído, mentiroso, drogado, que se torna crente
e abandona a cachaça, a amante e a mentira, mas também não
posso deixar de enxergar que este mesmo sujeito pode ser um
religioso tão insuportável que feche as portas do céu para quem
está ao seu redor.
Bom, mas, saindo deste parâmetro mais individualista, passe-
mos para o mais geral. Há um fenômeno na igreja “evangélica”
brasileira que me intriga muito. Somos quarenta milhões de
professos seguidores de Jesus, mas, não vemos a relevância disso,
pelo menos como deveríamos. O que justifica esse fenômeno?
Dentre tantas, compartilho, pelo menos, duas pistas.
À primeira, denominarei de “Igreja Idiotizante”. Antes de
você se chatear comigo, explico que não me refiro ao termo
como sinônimo de idiota, a partir do uso pejorativo que denota
aquele/a que é tolo. Não é isso. Refiro-me ao termo no uso eti-
mológico da palavra, do seu radical grego “idios” que se refere
àquilo que é da ordem dos interesses pessoais. É o mesmo radical
que usamos para a palavra idiossincrasia, que significa aquilo que
é peculiar a mim mesmo.
Criamos no Brasil, e replicamos massivamente, um modelo
de igreja focada, quase que exclusivamente, no indivíduo e suas
25
E se o Sal não Salga...
necessidades pessoais. Isso é tão claro que eu poderia dispensar
qualquer exemplo, mas, vamos a alguns deles: qual é a mensagem
central da “igreja” que mais cresce no Brasil? “Pare de sofrer!”.
Multidões em romaria vão ao encontro dos pastores “ungidos”
e midiáticos em busca de empregos, prosperidade, curas, casa-
mentos... Nossa hinologia é predominantemente “idiotizante”.
Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha
estrutura... Os pronomes estão, quase sempre, na primeira pessoa
do singular - eu, meu. Verifique os cultos de oração e verá que os
pedidos são, quase sempre, na ordem do pessoal, do individual.
Por estar tão focada no “eu” no “meu” (idios), esta igreja
se esquece do “nós” e do “nosso”. Criamos uma igreja que, na
teoria, ora o “Pai Nosso”, mas na prática busca o “Pão Meu”.
Em função desse individualismo (idiotismo), grande parte dessa
igreja cometeu desvios tão substanciais que está se sujando com
Mamon. Isto é tão notório que identificamos um “irmão abenço-
ado”, pela quantidade de bênçãos (leia-se, bens) que ele consegue
receber de Deus, quando, na real, deveríamos medir nosso grau
de “abençoamento”, não pelo que recebemos de Deus, mas pelo
que repassamos aos outros, ou não é verdade que “mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber”?
Ora, mas enquanto a igreja atua no varejo, Satanás atua no
atacado. A igreja foca no indivíduo e o Diabo foca nas estruturas.
Sendo assim, salvamos um e perdemos mil. Nesse aspecto, a única
saída é a igreja deixar de ser idiotizante, para ser politizante (do
grego “polis” – todo, comum, cidade...). Logicamente que não
estou propondo que a igreja esqueça o sujeito. Não é isso. Só estou
sugerindo que ela se volte também para os sistemas. Essa tarefa
só será possível se a igreja recuperar a sua autoridade profética.
Entendo que o resgate da profecia é a segunda pista/ação
para se evitar o processo de insipidez da igreja. Tal retorno se
26
José Marcos Silva
dará, primariamente, por um resgate dos significados de profeta
e profecia. No senso geral, entendemos o profeta como o adi-
vinhador e a profecia como adivinhação. Isso é catastrófico. Na
Bíblia toda, o/a profeta/tisa é o/a “Boca de Deus” cuja missão
é trazer o realimento entre o povo e a vontade de Deus. Essa
profecia, quase sempre, tinha endereço certo: os sistemas político
(Is 10.1-3; Jr 23.5, 6), social (Hc 1.2-4), econômico (Am 8.4-6;
Os 4.1-3; Mq 2.1-3) e religioso (Am 5.21-6.14; Os 6.6; Mq 3.5-7).
Esse realimento com a vontade de Deus tem a justiça como o seu
eixo principal. Aliás, o principal marcador do Reino de Deus é a
justiça, e não necessariamente a quantidade de novos crentes que
o nosso sistema religioso consegue produzir, pois se fosse assim,
os quarenta milhões de “evangélicos” estariam aumentando os
sinais do Reino, mas, as estatísticas dizem o contrário.
Acredito que essas duas pistas devam se constituir duas ban-
deiras de reflexões e lutas da igreja: a “desidiotização” da igreja e
o resgate da profecia. Com elas, impediremos o processo de nos
tornarmos “sal que não salga” e consequentemente, não teremos
o desprazer de vermos a “igreja ser pisada pelos homens”.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. O que você entendeu sobre o termo “idiotização da igreja”?
2. Que aspectos devem ser levados em conta para que haja o
resgate da profecia?
3. Porque o Sal deve salgar?
27
Cidadãos do Reino,
Cidadãos do Mundo!
— Wilson Costa
E
ste breve texto de reflexão bíblica e teológica sobre a
vida cristã, inicia com esta pergunta: deve o crente em
Jesus Cristo envolver-se com causas justas neste mundo?
No início de 2012, Vitor, um jovem de 21 anos, foi espancado
por cinco rapazes ao tentar impedir que batessem em um mendigo
no Rio de Janeiro. Foi notícia no Brasil todo. Ele quase morreu,
sofreu muitas cirurgias e ficou hospitalizado por muito tempo.
Seis meses depois, um juiz criminal determinou o cancela-
mento da prisão preventiva dos acusados, abrandando também
a natureza do crime, livrando os de um júri popular. O estudante
lançou uma petição na internet para cobrar punição adequada
aos seus agressores, para obter 20 mil assinaturas de repúdio às
mudanças, exigindo que a justiça fosse feita. Em poucos dias já
havia obtido 15 mil assinaturas.
Este é um episódio sobre justiça e impunidade. Justiça é um
valor do Reino de Deus com o qual o crente necessariamente
precisa estar conectado. E se os crentes do Rio de Janeiro e do
Brasil olhassem uma causa dessa como algo em que eles deveriam
– 4 –
28
Wilson Costa
se envolver? Não poderíamos ter as 20 mil assinaturas em apenas
um dia?
O NOSSO BEM-ESTAR DEPENDE DO BEM-ESTAR DA CIDADE
O profeta Jeremias escreveu ao povo de Deus que tinha sido
levado cativo para a Babilônia: “Busquem a prosperidade da
cidade para a qual eu os deportei e orem ao SENHOR em favor
dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade
dela”. (Jer. 29.7 versão NVI)
No meio do povo havia falsos profetas dizendo, em outras
palavras: “não se importem com esta terra, a Babilônia, pois não
é a terra de vocês e logo Deus os levará de volta pro lugar de
vocês”. Parecido com o discurso dos crentes que dizem: “não
precisamos nos preocupar com este mundo, não; logo Jesus vai
voltar e este mundo será consumido pelo fogo e nós vamos para
nossa pátria celestial”.
O profeta de Deus orienta o povo de Deus olhe para a
Babilônia como a terra deles agora, na qual eles devem servir a
Deus, viver as suas vidas e ser luz para aquela nação. Eles devem
agir para produzir e desfrutar do shalom mesmo no exílio. Shalom
envolve saúde integral, bem-estar material e espiritual, harmonia
com Deus, com o próximo e com a criação.
Não foi exatamente isso que Jesus deu como motivo para sua
vinda? “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundân-
cia.” (João 10.10) Será que ele estava falando da vida no céu? Ou
será que podemos viver em vitória na Babilônia?
NÃO É UM CRENTE EM JESUS UM EXILADO NESTE MUNDO?
A resposta é sim! Foi o próprio Senhor Jesus que disse: “Eles
não são do mundo, como eu também não sou”. Por isso rogou
29
Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo!
ao Pai: “santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Desta
forma, Jesus já apontava o tipo de vida piedosa e reta que os
seus teriam no mundo, à luz da verdade manifestada por suas
palavras. O sentido de santificado é que somos separados para
Deus, dedicados a Deus, mesmo vivendo neste mundo. Por isso,
no meio dessa oração, há uma declaração de envio: “Assim como
me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”. (João 17.16-18)
O apóstolo Pedro compreendeu bem isso. Ao escrever sua
Carta, refere-se aos crentes em Jesus como “estrangeiros” e “pe-
regrinos”. Tal qual os do povo de Deus que foram deportados
para a Babilônia.
COMO VIVEMOS NESTE MUNDO SEM SER DO MUNDO?
Não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo pelo
próprio Senhor que nos separou para servi-lo. No meio dessa
sociedade desconectada com Deus, somos reconciliados com
Deus por meio de Jesus e somos chamados a testemunhar do
amor de Deus às pessoas que Deus ama e por quem sacrificou
seu único Filho.
Precisamos ter o sentimento que houve em Jesus: “E quando
chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu
conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz!
mas agora isso está encoberto aos teus olhos. (Lucas 19.41, 42)
OS CRENTES MANIFESTAM O GOVERNO DE DEUS
PARA A CIDADE
Deus é o Rei das nações e ele governa todo o mundo. Isso é
cantado muitas vezes nos Salmos. É anunciado por Jesus que,
por sua vida, ensino e obras, manifestavam o reino de Deus.
Podemos ilustrar isso assim:
30
Wilson Costa
A igreja, que representa a comunhão dos seguidores e
seguidoras de Jesus, está no mundo. E abrangendo a igreja e
o mundo está o governo de Deus. Deus lida com a igreja, mas
também lida com o mundo. Não há por que não levarmos a sério
a recomendação de Jeremias, “orai pela prosperidade da cidade”;
e o ensino do apóstolo Pedro: “Amados, insisto em que, como
estrangeiros e peregrinos no mundo, (...) Vivam entre os pagãos
de maneira exemplar para que (...) observem as boas obras que
vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.”
(I Pe. 2.11, 12)
Boas obras, evidência da fé salvadora.
O apóstolo Pedro está relembrando o ensino de Jesus: “Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
(Mateus 5.16). A luz de Cristo resplandece no mundo por meio
da vivência do Evangelho pelos seguidores e seguidoras de Jesus.
O apóstolo Paulo relembra isso quando escreve aos Efésios:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, (...) somos feitura sua, criados
em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que
andássemos nelas.” (2.8-10). Então, a salvação não vem das obras,
mas se manifesta nas boas obras.
ComesteentendimentopodemoscompreenderaênfasedeTiago:
“Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (2.17, 18).
Deus nos chama para a prosperidade da cidade.
Para que nossas cidades desfrutem do shalom de Deus elas
precisam experimentar mais da manifestação da justiça de Deus
no meio da sociedade. A prosperidade da cidade depende de
muitos fatores: estabilidade institucional e política, com bons
31
Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo!
governantes, bons legisladores, bons juízes. Também depende da
economia, com oportunidade de empregos, acesso à alimentação,
à moradia, à educação, à saúde. As cidades precisam de segurança,
meios de transporte urbano, espaços de lazer e convivência social.
Se cada servo ou serva de Deus, que vive em nossa socieda-
de, atuando em alguma dessas áreas da vida de nossa sociedade,
for fiel a Deus exercendo bem o seu papel na sociedade, estará
servindo não só a Deus, mas também à prosperidade da cidade.
Assim, nossa vida encontra o caminho da vocação de Deus para
o serviço e o testemunho. As pessoas verão a luz de Jesus em
nossas vidas e serão atraídas para Deus e seu Filho Jesus.
Por isso a resposta à pergunta que está no início deste artigo
é: sim, todo seguidor e toda seguidora de Jesus deve se envolver
com as causas justas neste mundo.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. Quais ensinamentos bíblicos oferecem base para que os
crentes em Jesus se envolvam com causas justas neste
mundo?
2. O entendimento de muitos evangélicos de que a fé
salvadora não envolve boas obras tem apoio no ensino
bíblico?
3. Como os crentes podem ser mais fiéis a esta palavra de
Jesus: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao
mundo”?
32
A Igreja e seu papel
na missão de Deus
— Hudson Taylor Maia
Quando olhamos o rumo que a Igreja do Senhor tomou
ao longo dos anos percebemos um distanciamento claro
entre o Cristianismo que Jesus plantou e o “cristianis-
mo” que os homens criaram. No meio desses dois conceitos a
religiosidade clerical e o liberalismo herético fazem da igreja uma
plataforma cênica e cínica de líderes totalmente despreparados e
com uma teologia frágil e sem nenhuma ortodoxia.
A igreja em nossos tempos não expressa a compaixão por
vidas e nem pelo desejo ardente da transformação da comuni-
dade. Em nada parece com a igreja de atos 2.42. Uma igreja que
movida pelo Espírito Santo preocupava-se em quebrar sofismas,
estruturas sociais injustas e acima de tudo, preocupava-se com
o sustento comum da comunidade. Quando falamos sobre essa
esfera social, os religiosos de plantão, na sua ignorância espiritual,
atrelam automaticamente ao socialismo comunista. Preferem fugir
de sua responsabilidade profética, e, estou falando do profetismo
bíblico e não das “profetadas” cada vez mais comuns em nossos
dias, que viver um evangelho autêntico e sacrificial, que empodera
as pessoas para servir no Reino de Deus.
– 5 –
33
A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei)
Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja bem
informada, bem articulada e bem estruturada espiritualmente.
É uma igreja que não tirou os olhos do alvo, e o alvo é Cristo.
Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja que
ensina, serve, convive, celebra e anuncia (pontos abordados por
Jorge Barro no livro o qual organizou intitulado Missão para
cidade da Descoberta Editora em parceria com a FTSA).
A igreja que não contempla as mudanças sociais como parte
de seu ofício nato ainda não compreendeu a Missio dei. Igreja
e comunidade se entrelaçam e não se dissociam em função de
um fato: Cristo morreu para redimir o ser o humano e também
todas as áreas da dimensão humana.
A igreja que não compreende isto sente a necessidade de
trazer para o seu convívio alguma coisa que preencha seus vazios.
Criam ministérios de várias naturezas, redes, novas teologias,
novas tendências e nova “unção”. É como se tivessem um novo
cristo totalmente adaptados a essa nova “igreja”.
A igreja que Jesus plantou é única, universal, e santa e que
tem como propósito central a salvação da humanidade pervertida
pelo pecado, e isso se estende a dimensão de sua vida na terra.
Não podemos continuar dizendo Jesus te ama e não fazermos
algo para expressar na prática o amor do Deus que nos chamou.
A Missio dei não é uma proclamação de voto de pobreza,
mas de voto de justiça, o Espírito Santo é o Espírito de Justiça
“O Reino de DEUS não é comida nem bebida, mas justiça, paz
e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).
Ao lermos textos como Êxodo 22.25; Levítico 19.9-10;
Provérbios 13.4,18; 19.15; 20.13 percebemos a economia de
Deus e o cuidado com os pobres e os necessitados, a participação
dos mais favorecidos e suas responsabilidades com os menos
favorecidos.
34
Hudson Taylor Maia
A igreja precisa passar por uma nova reforma onde o discurso
central deve ser a universalidade humana e seus vários viés.
Precisamos viver uma igreja que operacionalize a fé cristã na
comunidade na qual está inserida, uma igreja pastoral, uma igreja
para vidas e não para “crentes” somente. Uma igreja debatedora
das questões sociais, ativa, proativa e reflexiva. Uma igreja que
pensa, age e faz. Uma igreja que tipifica o “noivo”, santa, real, fiel
e que se relaciona. Uma igreja para fora e não para dentro. Uma
Igreja que muda conceitos e filosofias pelo que faz e não somente
pelo que fala. Uma igreja que ama como Cristo nos amou. Em
João 13.35 Jesus disse aos seus discípulos: “Nisto todos conhecerão
que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. A igreja precisa
expressar o amor de Cristo na comunidade com ações claras que
gerem transformação.
A igreja deve ser uma agente de transformação de vidas e con-
sequentemente da comunidade. A igreja precisa ser percebida na
comunidade pela evangelização constante, pelo seu testemunho
verdadeiro, pelas suas ações relacionais e principalmente pelas
ações sociais transformadoras que expressam o amor de Deus
de forma efetiva.
Alguns homens fizeram diferença em sua época por meio
da Igreja do Senhor: George Whitfield, um dos avivalistas mais
proeminentes na Inglaterra e Estados Unidos durante o século
dezoito, pregou principalmente fora das igrejas em áreas aber-
tas. Abraham Kuyper foi um planejador da coalizão ideológica.
Fhilip Jacob Spener ensinou a intimidade com Deus e trouxe o
movimento pietista à igreja Luterana, cuja proposta central era
que o conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através
da prática.
Os Anabatistas ensinaram o pacifismo e a separação entre
igreja e estado. Os puritanos, que fugiram da Inglaterra e se
35
A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei)
estabeleceram no Novo Mundo por causa da perseguição religiosa
aplicaram a bíblia em todas as áreas da vida a fim de trazer
transformação cultural.
Ao longo dos tempos Deus tem levantado pessoas e igrejas,
e pessoas que são igrejas para cumprir seu mandato universal: O
reino de Deus está entre nós.
Oramos a Deus para que, por sua graça, a igreja do Senhor,
possa voltar ao primeiro amor, e as práticas da justiça e da trans-
formação de vidas e comunidades por meio de seus atos de justiça.
BIBLIOGRAFIA CITADA:
Revolução do Reino – Josefh Mattera – Instituto e Publicações
Transforma.
Missão para a Cidade – Org. Jorge Barro - Descoberta Editora em
parceria com a FTSA.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. Como podemos contextualizar Levítico 19.9-10 com a igreja
dos nossos dias?
2. Que coisas práticas devem fazer a igreja para torná-la
relevante na comunidade onde ela está inserida?
3. Quais aspectos do Profetismo bíblico são completamente
diferentes dos profetas da atualidade?
36
A missão da Igreja
— Romildo Gurgel
A
primeira menção das escrituras da palavra igreja
(ecclesiae) se encontra no texto de (Mateus 16). Jesus
aqui interpreta não só o mistério como também traduz
o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja
cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação
da sua pessoa. Não há como entender esse mistério sem que
atentemos para a função do Senhor como o cabeça da criação
dessa comunidade. A comunidade é formada por todos aqueles
que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto
porque o significado literal da palavra Igreja é: “aqueles que são
chamados para fora”, ou seja, as pessoas de todo o mundo são
convidadas a saírem desse sistema dominado pelo seu príncipe,
para se tornarem Igreja.
A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo elu-
cidou pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas
escritas como (Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs. 26).
Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte
da verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção,
– 6 –
37
A Missão da Igreja
onde o mesmo apóstolo diz que lançou o fundamento como
prudente construtor, fazendo uso dessa verdade, aonde outros
viriam e edificariam sobre este fundamento que é Jesus Cristo
(1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os
escritos de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16)
que depois escreveu em sua primeira epístola dizendo:
“Chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim,
pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também
vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa
espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus
Cristo” (1Pedro 2:4-5).
O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã,
é estar nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a
sua experiência de vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da
verdade e crendo nela, assegura (comunidade) sua alma para a
salvação, quando reage apropriando-se através de uma atitude
de fé confessional.
Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o
ministério da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem
a palavra, foram selados e enviados a proclamarem (kerigma)
essa verdade para que haja a continuidade dessa construção do
santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que envolve
todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibi-
lidade (1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8).
Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas inques-
tionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo
nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após
ouvir as boas novas de salvação em Jesus Cristo.
O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros
e levá-los a receberem os dons que Deus disponibiliza para que
38
Romildo Gurgel
sejam equipados para toda boa obra ministerial para o aumento
deste edifício. Este preparo ministerial pode ser a nível local
e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica. Os dois
níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não
é fé. Ambos os níveis, devem ser comprometidos a exercerem
ministério nos ambientes que não exista fé perceptível ou sau-
dável, avaliando se o fundamento edificado não foi alterado, ou
modificado. Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado
a participar da missão de Deus (missio Dei). É Deus quem co-
missiona sua igreja não ela mesma.
A essência da comunidade da fé consiste no compromisso
de cumprir essa missão comissionada por Deus. A Igreja per-
meia entre dois ambientes: a comunidade da fé (comunidade em
treinamento) e a comunidade sem fé (a ser alcançada). A Igreja
que não se compromete com a missão de proclamar a salvação
de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja
comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento
que não é Cristo. Comunidade assim, se parece com um clube
religioso onde todos os meses os seus membros pagam as suas
taxas como mantenedores, e vivem como meros amigos que
aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar
sócio-cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas,
correntes, promessas financeiras e ainda mais consumindo os seus
produtos em troca de bênçãos. Podemos afirmar que esse tipo de
evangelho tem o homem como centro (evangelho humanista).
O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano
atuando no palco do uso e das atribuições, enquanto que, o
evangelho de Deus atua através da trindade, tratando os homens
como paciente realmente passivo. No evangelho humanista a
experiência está na pauta do engodo do consumo para satisfação
própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de
39
A Missão da Igreja
um “ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo
verdade sem questionar. E por não perceberem, são atraídos por
propostas gananciosas que sedem sem a mínima cautela, como
está escrito:
“Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim,
a seu próprio ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam
os corações dos incautos” (Romanos 16:18).
O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustra-
ção e a experiência do seu próprio esforço profissional ou certo
desencargo de consciência por estarem ali apostando tudo, lhe
sendo vedado a experiência do novo nascimento. Veja a adver-
tência do Senhor:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino
dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais
entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13).
Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos procla-
madores:
“Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar
e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais
filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15).
Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a com-
bater a mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros
deveriam abraçar o ministério da reconciliação, podendo exercer
este ministério dentro da comunidade (equipando os santos para
toda boa obra) e ao mesmo tempo mobilizando-os para o campo
onde não exista fé explícita.
No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não
é de mão única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensi-
nava pedagogicamente como também praticava o que ensinava.
40
Romildo Gurgel
A abrangência ministerial de Jesus está naquilo que Ele leu em
uma sinagoga na cidade de Nazaré quando lhe deram o livro do
profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu
para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar liber-
tação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”
(Lucas 4:18-19).
Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: “Hoje se
cumpriu a escritura que acabais de ouvir”(v.21).
Só deste texto podemos extrair cinco ministéros:
1 – Evangelizar aos pobres.
2 – Proclamar libertação aos cativos.
3 – Restauração da vista aos cegos.
4 – Por em liberdade os oprimidos.
5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor.
A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no
mundo, não só pelo conteúdo que proclama, mas também pelo
que pode fazer em resposta às necessidades das pessoas que es-
tão em sua volta, através da ação primeira, a salvação das almas.
A “grande comissão” foi entregue aos apóstolos, pois a eles foi
lançado o desafio de pregar o evangelho em todo o mundo, e
no evangelho de Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto
Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer
discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um
escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho.
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Amém”. (Mateus 28:19).
41
A Missão da Igreja
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a
toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não
crer será condenado”. (Marcos 16:15-16)
A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o
ensino de todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a
própria trindade que se interessa pelos perdidos. A Igreja tem a
missão de reunir todas as pessoas ao redor do mundo, para ter
comunhão com a trindade, da mesma forma que a trindade possui
comunhão entre si, devemos ter comunhão uns com os outros,
pois a parede da separação foi derrubada.
Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que
habilitam o homem de Deus a desempenhar o mandato da
reconciliação.
O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas
igrejas têm se distanciado do modelo do kerigma ensinado por
Jesus e interpretado pelos seus apóstolos.
Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro
do movimento de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se
encontra quase que em todas elas. Através do seu marketing até
mesmo as igrejas históricas sutilmente tem cedido a essa dissimu-
lação. Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a música, o
ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção.
As pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão
adquirindo a espiritualidade tão necessária para obterem a bênção.
A grande verdade é que Jesus veio resgatar os pecadores e não
os consumidores. Cabe aqui a advertência apostólica:
“Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos
dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz
de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre,
e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam
com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19).
42
Romildo Gurgel
E ainda adverte o apóstolo:
“Admira-me que estejais passando tão depressa que vos
chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não
é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem
perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).
A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços
aos seus membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus mem-
bros a obedecerem ao evangelho e a servirem a Deus e a seus
semelhantes.
Que Deus nos ajude e nos abençoe.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. Na sua ótica o que seria fundamental para o cumprimento
da missão deixada por Jesus Cristo?
2. O que você poderia comentar do comportamento da Igreja
frente aos desafios de ser instrumento evangelizador e
reconciliador?
3. Como você cumpre a missão deixada por Jesus Cristo?
BILBIOGRAFIA
PADILLAC.Renè.Oqueémissãointegral?pp.1-22EditoraUltimato.Viçosa-MG.2009
http://www.chamada.com.br/mensagens/consumo.html
http://veshamegospel.blogspot.com.br/2010/01/cristianismo-de-consumo.html
http://ganancia.com.br/index.php?id=63
www.respondi.com.br/2011/07/grande-comissao-de-mt-2818-20-vale-para.html
43
Transformando o Mundo
Para a Glória de Deus
— Marcos Aurélio dos Santos
D
eus está em missão. Como Igreja do Senhor Jesus,
recebemos a tarefa de reconciliar todas as coisas com
ele. Esta reconciliação acontece em quatro dimensões
na qual o homem deve buscar. Devemos reconciliar-nos com
Deus (espiritual-teológica), com o próximo (sócio-cultural),
consigo mesmo (soteriológica=salvação pessoal) e com a
natureza (micro-cosmomógica= planeta), pois assim somente
haverá transformação de uma forma integral. Em sua missão
no mundo, a Igreja deve entender de maneira clara seu papel
como agente de transformação, como sal (caráter), dando sabor
a um mundo destemperado pelo pecado nas áreas estrutural e
pessoal. Como luz (boas obras), devemos resplandecer em uma
sociedade em trevas.
A comunidade dos santos, corpo de Cristo, noiva do cor-
deiro, não foi chamada para ser apenas expectadora da história,
mas como o sal que deve estar fora do saleiro, precisa salgar,
deve evolver-se para conhecer a realidade da humanidade no
poder do Espírito Santo, encarnando os valores do reino aqui
– 7 –
44
Marcos Aurélio dos Santos
e agora para que se cumpram as Escrituras quando diz que
Cristo é o Senhor de tudo. A Igreja que caminha deve exercer
sua vocação de serva, expressando ao mundo a vida e minis-
tério daquele que a comprou por alto preço. Esta mudança só
poderá ser evidenciada por meio da proclamação e encarnação
do Evangelho.
Esta igreja é viva, pois é nutrida por Cristo para sua glória.
É na vida da igreja que a missão transformadora no primeiro
momento acontece. Acredito que o passo inicial para a ação da
igreja é arrepender-se do que ainda não fez, ou deixou de fazer
na história em seu chamado para a missão. É preciso haver que-
brantamento, renuncia, quebra de paradigmas, visão renovada e
coragem, tudo na dependência total do Espírito Santo. Como diz
um amado companheiro de missão, “devemos entrar em crise”,
partindo dede uma atitude de arrependimento e humildade diante
de Deus. A ação poderosa do Espírito causará forte impacto na
liderança da igreja, que consequentemente encoraja os demais
compartilhando a nova visão.
Caso não haja um mover do Espírito par que aconteça uma
mudança, tanto nos conceitos teológicos, como na maneira
de realizar a missão, dificilmente a igreja cumprirá a missão de
forma integral.
Como proclamadora do Evangelho do reino, a igreja precisa
encarnar sua pregação. Devemos ir além das palavras, demons-
trando o amor de Jesus em serviço ao próximo. Não seria o míni-
mo que uma pessoa sensata poderia nos pedir? Que demostremos
esse Evangelho que anunciamos na prática? Então, ninguém
que for alcançado pelo poder do Evangelho poderá negar que
o amor de Jesus chegou até ele. Isto só acontecerá por meio da
encarnação dos valores do reino de Deus em nós, em atos de
compaixão e misericórdia com o outro.
45
Transformando o Mundo Para a Glória de Deus
Assim fez Jesus. Ele pregava e servia. Em sua peregrinação
ministerial, seus ensinamentos não se limitaram somente as
pregações da sinagoga na tarde de Sábado, mas na vida. Na
condição de servo serviu a todos. Andou pelas ruas e becos, em
barquinhos, assentou-se e andou por lugares em que os religiosos
da época passavam de longe. Quebrou preconceitos e paradigmas
(no caso da mulher Samaritana). Seu amor acolhedor alcançou
endemoniados, crianças pobres, prostitutas, leprosos, traidores
da pátria e ladrões (publicanos), em fim, como ele mesmo disse:
“Não vim para ser servido, mas para servir”. Uma igreja que
transforma deve ter em seu caráter a vida de Jesus como refe-
rencial no exercício da missão.
Outra questão bastante pertinente, quanto à missão que foi
entregue à igreja, é a sua vocação para o ministério profético.
Como igreja, somos comissionados a denunciar as injustiças nas
dimensões econômica, pessoal, social e política. A relevância
neste ministério dar-se pelo fato de que a igreja é por natureza
profética estribando-se na pregação e vida de Jesus de Nazaré.
Em concordância, podemos ver estes feitos no ministério dos
profetas Hebreus e nos apóstolos. (Veja: Os 4,1-2; Mq 6,11-12;
Jo 6.14; Lc 9.19). Denunciar com voz, como também em nossa
maneira de viver o Evangelho do reino, é o referencial maior de
uma igreja profética.
Para que a igreja entenda sua missão de profetizar, é preciso
também mudar sua cosmovisão. Deve libertar-se de sua visão du-
alista que por muitos anos na história separou a igreja do mundo.
O Foco em extremo na “santificação individual” e o antigo lema
de “ganhar almas” em detrimento da missão de cuidar das pessoas
levou a igreja a uma compreensão distorcida quanto à sua forma de
encarnaramissãobíblica.Estaposturaresultouemumafastamento
da igreja quanto ao seu envolvimento em questões que não fossem
46
Marcos Aurélio dos Santos
no seu ponto de vista, “espirituais”. Em sua história na missão, a
igreja separou-se de forma gnóstica do mundo.
É preciso enxergar o mundo sob a ótica do reino de Deus.
Uma vez que Cristo é o Senhor de tudo, este reino deve ser
manifesto por meio da igreja em todos os lugares e em todas
as dimensões da vida humana. Isto implica no seu engajamento
nas questões sociais, políticas, econômicas, culturais, espirituais,
emocionais e etc. Como voz profética contra as injustiças no
mundo, a igreja deve alargar a visão de ver o mundo como Deus
o vê, de forma integral, na expectativa de reconciliar todas as
coisas para sua glória.
A igreja deve enxergar a humanidade com olhar esperançoso,
como lugar de ação do amor de Deus, de maneira positiva, esta
atitude de amor deve contribuir para a promoção da justiça aos
desfavorecidos, para restauração do caído, para o acolhimento
dos pobres, para transformação do pecador em discípulo de Jesus
de Nazaré, para temperar o mundo com o caráter de Cristo, pois
sem sal não há missão, para iluminar, pois é na luz, que o mundo
verá as obras de Cristo em mim, e em você.
Nossa voz profética deve ecoar sobre todo tipo de injustiça.
Em coro, é preciso falar em favor daqueles que não tem voz, de
gente que não tem a quem recorrer se não ao Deus de miseri-
córdia, gente que sofre não apenas por ser pobre, mas porque
perderam o respeito, a autoestima, a dignidade de ser gente,
o direito, a autonomia. Nossa voz deve ir contra todo tipo de
riqueza que produz a miséria do povo, seres criados à imagem e
semelhança de Deus. Isto é missão.
A igreja do Senhor Jesus é a agente de transformação nesse
cenário. Seu envolvimento com as necessidades das pessoas,
seu chamado para ser serva, a formação de novos discípulos,
sua voz profética e uma vida sob a direção do Espírito Santo
47
Transformando o Mundo Para a Glória de Deus
são alguns dos desafios missionais da igreja de nossos dias. Sua
mensagem deve ser confrontadora, pois o Evangelho tem estes
dois referenciais: Ele confronta e transforma. Que possamos
nós todos os dias ser confrontados pelo poder do Evangelho
do reino.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. A quem pertence à missão?
2. Porque a urgência em mudar nossa cosmovisão?
3. O que vem a ser a encarnação da pregação?
48
Emerge Novo Conceito
de Santidade
— Antônio Carlos Costa
V
ejo uma ruptura de gerações em curso na vida das igrejas
do país. Um conceito de santidade de vida que começa
a ganhar espaço nas mentes e corações de milhares de
jovens, que vai alterar o perfil do protestantismo brasileiro. Pela
primeira vez na história, três elementos novos farão parte, numa
extensão nunca antes vista, da forma de o cristianismo ser vi-
venciado pelos cristãos brasileiros. Que características são essas?
COMPROMISSO COM O POBRE
Começa a se espalhar pelo Brasil o interesse por resposta, à luz
das Escrituras, para pergunta crucial: o que significa ser cristão
num país de miséria? Como alguém que passou pela espantosa
obra da regeneração responde à realidade dos barracos infesta-
dos de ratos, cujas portas são banhadas por esgoto, dentro dos
quais habitam crianças pobres, cujos pais estão desempregados
ou recebem salários irrisórios? Milhares começam a questionar
modelos eclesiásticos que negligenciam o cuidado daqueles para
os quais Cristo dedicou especial atenção.
– 8 –
49
Emerge um Novo Conceito de Santidade
DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
Como pode uma pessoa ter conceito tão elevado sobre o homem
a ponto de afirmar que seu ser carrega características que podem
ser encontradas no próprio Deus, e, ao mesmo tempo, não se
indignar quando aquele que foi criado à imagem do seu Criador
é explorado, torturado e grita sob os golpes dos seus algozes
sem ter quem o ouça? Jovens cristãos começam a ver como
grave incoerência proclamar a dignidade do homem e ao mesmo
tempo tratar com indiferença a banalização da vida humana, o
que muitas vezes é perpetrado pelo próprio Estado.
AMOR POLÍTICO
Milhões de homens e mulheres encontram-se acorrentados a
sistemas de opressão. Sem a mínima possibilidade de encontrarem
alívio para sua dor, exceto se decisões no campo político sejam
tomadas. Salários baixos, jornadas de trabalho desumanas, falta
de moradia, carência de saneamento básico, insegurança nas
ruas, hospitais mal equipados, escolas sem estrutura mínima.
Não há igreja que dê conta desses males através da pura ação
filantrópica. Há grande diferença entre dar pão e libertar o povo
da escravidão do Egito.
Cristãos brasileiros começam a perceber que a sempre indis-
pensável generosidade pontual não dá conta do sertão nordes-
tino, das favelas cariocas, dos bairros de periferia de São Paulo,
das comunidades ribeirinhas do Amazonas. Há uma dimensão
política no amor.
Talvez você esteja perguntando: o que o leva a crer nessa trans-
formação? Sei que essa profecia é a profecia do desejo. Gostaria
de ver esse cristianismo emergir antes da minha morte. Minhas
andanças pelo país, contudo, têm me levado a crer que algo já
50
Antônio Carlos Costa
se encontra em curso. Ouço gemidos, vejo lágrimas, contemplo
joelhos dobrados, em cultos nos quais a mensagem do amor
simétrico e integral é anunciada.
Se esses jovens conseguirem incorporar esses três elementos
ao seu conceito de santidade, sem se deixarem levar por ideolo-
gias políticas de esquerda ou de direita, mantendo a fidelidade
às Escrituras, levando o evangelho aos que não conhecem a
Cristo, exercitando o amor na igreja local e orando no poder do
Espírito Santo, essa geração de cristãos terá transcendido a que
a antecedeu.
FONTE: palavraplena.typepad.com
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. Qual a importância do resgate do cuidado com os pobres?
2. A igreja deve envolver-se com as questões dos direitos
humanos?
3. Estaria a igreja falhando em sua missão profética?
51
Práticas de Liderança Para
Uma Missão Transformadora
— Arturo Meneses
M
issão Transformadora vem do texto de David
Bosch: “Transforming Mission”. O livro, quando
originalmente lançado em inglês, em 1991, foi
amplamente aclamado como a obra mais importante do século
sobre o caráter missionário de Deus e os empreendimentos
missionários da igreja! Com 17 impressões até 2002 (Em Inglês)
e traduzido ao Português em 1998, bem vale a pena ler, estudar
e debater, para as abordagens mais teológicas da Missão de Deus
e papel da igreja, o qual não é o meu objetivo neste artigo. Deixo
isso para os teólogos.
A minha reflexão, tem a ver com o que David Bosch, já no seu
livro, chama de “Missão, a crise contemporânea” (introdução página 22).
Ele disse: “Um fundamento inadequado para a missão e motivos e metas
missionárias ambíguos, estão fadados a acarretar uma prática missionária
insatisfatória” Também acrescentou: Esse problema não é localizado “lá
fora”, no campo de missão, mas no coração da própria igreja. O resultado é
determinado pelo que acontece dentro da igreja, não fora, no campo de missão.
– 9 –
52
Arturo Meneses
Em 2008, interessantemente,17 anos depois do livro de Bosch,
foi publicado outro livro por Paul Washer: Dez acusações contra
a igreja contemporânea. Num tom apaixonado e corajoso (In-
trodução página 9), o autor parece afirmar que a crise continua,
quando diz: “Precisamos de um despertamento. Não entanto, não podemos
esperar que o Espírito Santo venha e arrume toda bagunça que temos feito.
Temos instrução clara da Palavra de Deus sobre o que Ele fez por meio de
Cristo, como ele espera que vivamos, como espera que organizemos sua igreja”
Na minha humilde perspectiva, tanto na reflexão de Bosch,
como as acusações radicais de Washer, estamos falando de
uma crise interna da liderança. Estratégias e práticas que são
necessárias para viabilizar eficazmente a missão da igreja, como
cooperadora da Missão de Deus. Os teólogos concordam que
não pode haver missão transformadora, sem uma espiritualidade
bíblica integral. Eu me permito propor que também não existe
missão transformadora, sem uma prática de liderança também
transformadora.
Pensando com esperança, vamos assumir o paradigma de que
crise, literalmente significa: (para os chineses) “Perigo de morte e
também oportunidade única”. Qual é então uma possível opor-
tunidade? Gostaria nesse respeito, refletir sobre a proposta de
James Kouzes e Barry Posner, no texto editado em 2004: Reflexões
cristãs sobre o Desafio da Liderança. Essa proposta, considerando que
liderança é influência, convida a construir e cultivar 5 práticas
exemplares de liderança. Acho que pode ser uma experiência
importante para ser considerada como bússola de aprendiza-
gem nos esforços da igreja para aprimorar uma estratégia de
desenvolvimento da liderança. Essas práticas exemplares e seus
compromissos são:
53
Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora
PráticadeliderançaCompromissos
1.Modelarocaminho.Liderarapartirdaquiloemquese
acredita,começandoporclarificarseusvalorespessoais;dar
oexemplo,seromodelodecomportamentoqueesperados
outros;alcançarodireitoeorespeitoparaliderar(Tito2:7)
•Clarificarosvalores
•Descobrircapacidades
•Afirmarideaispartilhados
•Darexemplo,alinhandoasaçõescomosvalores
parafortaleceracredibilidade.
2.Inspirarumavisãopartilhada.Terumavisãodefuturo,
imaginaraspossibilidadesatrativas;envolveraosoutrosnuma
visãocomum,apartirdeumconhecimentoprofundodosseus
sonhos,esperançaseaspirações(Habacuque2:2-3)
•Pensarnofuturoepossibilidadesapaixonantes
•Integraraosoutrosnumavisãocomum
•Apelarasaspiraçõespartilhadas
3.Desafiaroprocesso.Reconhecerboasideias,sustentá-
lasemostrarvontadededesafiarotradicionalparaobter
propostasinovadoras;experimentarecorrerriscos,originando
constantementepequenasvitóriaseaprendendocomoserros
(Romanos12:2)
•Procuraroportunidadesetomariniciativa
•Criarformasinovadorasdemelhorar
•Experimentareassumirriscos
4.Habilitaraosoutrosaagir.Promoveracolaboraçãodetodos,
fomentandoobjetivoscooperativoseconstruindoconfiança;
valorizaraosoutros,partilhandopoder,utilizandoapalavra
“nós”(1Pedro4:10)
•Fomentaracooperaçãoatravésdaconfiança
•Facilitarosrelacionamentosedesenvolvernovas
capacidades
•Fortaleceraosdemaisaumentandoa
autodeterminação
5.Encorajarocoração.Reconhecerascontribuições,através
daapreciaçãopelaexcelênciaindividual;celebrarosvalores
easvitórias,criandoumespíritodecomunidade.Integrar
inteligênciaespiritualeemocional.(Filemom1:7)
•Valorizaraparticipaçãodoscolaboradores
•Fomentarexpectativaspositivas
•Criarespaçosparacomemorarereconhecerações
exemplares.
54
Arturo Meneses
Essas práticas concretas são congruentes com a seguinte
definição, que tenho adaptado destes autores e de John Maxwell:
“Liderança é a arte de avivar os dons de Deus em nós, influenciando e
mobilizando eficazmente a outros, para que aspirem fazer realidade uma
visão compartilhada de transformação integral”
Podemos concluir que não existe transformação sem liderança
exemplar. Como diz Dallas Willard, a igreja é protagonista pre-
parada por Deus com a mente de Cristo e o poder do Espírito,
para ser parte de uma “conspiração divina” para a transformação
do mundo. A igreja só é eficaz, quando Cristo é formado nela
(Gálatas 4:19) Não só na espiritualidade, senão também no seu
modelo de liderança servidora.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. Qual é a relação das práticas exemplares de liderança com
o desenvolvimento da missão transformadora pela igreja
como cooperadora de Deus?
2. Qual das práticas exemplares de liderança considera o
maior desafio no contexto da sua igreja? Por quê?
3. De que maneira, uma liderança exemplar interna na sua
igreja local, fortalece a credibilidade do seu papel para a
missão transformadora?
“Quando o pastor ou servidor cristão deixa de se tornar o tipo
de líder que Deus planejou para ele ou ela, todos perdemos a
grande oportunidade de desfrutar do seu dom divino”
—John Ortberg
55
Igreja:
AgÊncia de Transformação
no Mundo Contemporâneo
— Renildo Diniz Lopes Junior
O QUE SE PASSA NA ATUALIDADE
Toda vez que pensamos na igreja estamos pensando no modelo
estabelecido por Deus para expandir sua missão. A igreja é segu-
ramente o veículo que expressa com maior naturalidade os planos
de Deus em cumprir seus propósitos, não é a igreja apenas um
simples ajuntamento de pessoas que solidarizam símbolos religio-
sos, mas, uma comunidade em quem está a responsabilidade de
anunciar as Boas Novas do Reinos de Deus (Lc. 8:1), a saber Jesus.
Nos últimos anos temos testemunhado a grande ênfase que
tem sido dada pela mídia ao crescimento das igrejas evangélicas, e
aqui me refiro as diversas igrejas locais que se espalham pelo país.
O fenômeno é sem dúvida espantoso, especialmente na América
Latina e mais especificamente no Brasil, onde segundo o senso
o número de evangélicos já chega a 25% comparado às últimas
décadas. Esta expansão é variavelmente contrária ao que ocorre
em continentes como a Europa onde a secularização não só da
cultura como também da religião tem transforado os modelos
– 10 –
56
Renildo Diniz Lopes Junior
de religiosidade. Enquanto no Brasil temos uma esteira religiosa
ampla e em pleno crescimento das formas religiosas, em outros
países e especialmente em países do velho continente temos
uma espécie de bricolagem que nada mais é que, uma espécie
de sincretismo que ao invés de levar o indivíduo a variar entre
vários modelos religiosos, cria um novo, não institucionalizado
nem mesmo ligado as tradições religiosas herdadas.
O caso brasileiro é interessante pois, não existe aqui uma
desaceleração dos cultos, mas, o contrário; movimentos como
os neopentecostais tem crescido bastante por exemplo. Outro
fenômeno interessante paralelo ao crescimento dos protestantes
é o número cada vez maior de pessoas desvinculadas das insti-
tuições religiosas são os chamados “sem igreja”. Isso se dá por
diversos fatores que não dará tempo trabalhar aqui, no entanto
vale a pena lembrar que estas pessoas não se desligam necessa-
riamente das tradições herdadas, simplesmente não querem mais
envolvimento institucional.
Estes fatores que caracterizam em parte a igreja protestante
brasileira têm na verdade, produzido um grande desafio àqueles
que se comprometem com a igreja do Senhor, eu diria que as
nossas igrejas precisam refletir muito sobre o seu verdadeiro papel
diante às transformações contemporâneas. Como ser igreja diante
uma sociedade com aspectos religiosos sincréticos e triunfalistas?
Como responder aos que não acreditam mais nas instituições, que
deveriam ser manifestações da igreja invisível de Cristo, portanto,
agências sinalizadoras do Reino? Que papel esta igreja pode exer-
cer sobre a sociedade contemporânea? Quando começarmos a
encontrar respostas sérias a estas questões talvez estejamos dando
passos significativos a uma transformação que colocará a igreja
como baluarte de transformação da nossa sociedade.
57
Igreja: AgÊncia de Transformação no Mundo Contemporâneo
O QUE É ESSENCIAL PARA TRANSFORMAR
Uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade necessita
ter em mente algumas características imprescindíveis. Devemos
lembrar que a igreja não é a dona da Missão, ela é cooperadora
da Missão que pertence a Deus, isso leva a igreja a entender que
sua existência está sob a dependência de Deus. Outro fator re-
levante está no fato que os líderes devem estimular os membros
das suas igrejas a conhecerem a realidade do mundo em que
estão inseridos, por exemplo, quem são e como vivem as pessoas
do bairro. Uma das grandes dificuldades que encontramos nas
igrejas locais é sua completa alienação do estilo e modo de vida
das pessoas, na verdade estamos interessados nos números que
preencherão os bancos das nossas congregações e uma igreja que
se propõe a transformar uma sociedade não pode ignorar as lutas
e sofrimentos das pessoas. O que esperamos das nossas igrejas é
que elas sejam servidoras, nesse sentido vejo um problema; virou
moda o líder ou pastor se tornar um administrador, uma espécie
de líder sênior, um técnico. O que ocorre no meu entendimento
é que os membros são levados a servirem a instituição com o
pretexto de estarem servindo a Igreja do Senhor, não é pouco
o que ouvimos: “tenha compromisso com a obra do Senhor”!
Não é que esteja errado, mas, o que significa esta obra, seriam
os ministérios da igreja local? Seriam os departamentos? Tudo
isso é interessante, mas, quando falamos em uma igreja servidora
devemos ter em mente o fato que a igreja vive para servir os de
fora. Este é um aspecto fundamental, os crentes precisam inter-
nalizar a sua função diaconal, sua tarefa em servir (Mc. 10:45)
anunciando o Reino de Deus. 			
O pastor é, portanto uma peça importante no visionamento
da igreja quanto ao reino de Deus, Jorge Barro em O Pastor
Urbano diz: “Quando a meta da ação pastoral é outra que não o reino
58
Renildo Diniz Lopes Junior
de Deus, consequentemente estamos fora do modelo pastoral de Jesus e com
certeza dentro de outros modelos, especialmente os modelos dos modismos
pastorais”. (Barro: pg. 187). O que é extremamente essencial ao
pastor é ter em sua mente sua tarefa bem definida, levar a igreja
a um modelo de rebanho que faça com que esta igreja seja serva
da comunidade em que está inserida.
Finalmente, diria citando Jorge Barro, que é dever do pastor ou
líder saber interpretar o seu tempo. Quando não sabemos traduzir
as angustias, sofrimentos e alegrias das pessoas cometemos o erro
de ignorar estas pessoas como agentes pessoais e as vemos apenas
como números. Este erro deve ser evitado a todo custo, pois se
persistirmos nele daremos claros sinais de que não entendemos
qual a verdadeira tarefa não só do pastorado como também da
igreja. Se queremos transformar a sociedade é tarefa nossa fazer
uma releitura do texto Sagrado, contextualizando-o a um mundo
que tem sido transformado pela secularização.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. Como o líder pode interpretar a realidade em que vive?
2. Quais riscos o pastor corre quando se desvia da meta de
ação pastoral?
3. Além das sugestões do texto para ser uma igreja
transformadora, o que você poderia acrescentar?
59
O Desafio Urbano às Igrejas
— Sérgio Paulo Ribeiro Lyra
S
egundo dados da ONU, em 1950 não existia em todo o
mundo mais do que sete cidades com população superior
a 5 milhões de pessoas. Os mesmos dados apontavam ha-
ver cerca de 100 cidades com mais de um milhão de habitantes.
Apenas 50 anos depois, a realidade é completamente outra. E se
estendermos os horizontes para 2020 espera-se existir mais de 500
cidades “milionárias”, estando a maioria delas no Terceiro Mundo.
Porém, há um outro fenômeno que também fora previsto.
Trata-se da formação das metrópoles. No entorno de grandes ci-
dades que começaram a crescer e desenvolver-se aceleradamente,
floresceram outras cidades menores. Não havendo uma definição
precisa, no Brasil fala-se de nove a doze metrópoles.
Conscientes da amplitude que o leque de informações dispo-
nibiliza sobre os aspectos urbanos de uma região metropolitana,
tornou-se imperativo sumariar e delimitar nossa abordagem em
apenas quatro aspectos: o econômico, a sociabilidade, as ações
eclesiásticas e as oportunidades missionárias.
– 11 –
60
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra
Estrutura econômica da Metrópole.
Há duas faces opostas nas grandes cidades. Uma é aquela
que frequentemente aparece nos congressos e relatórios de
propaganda governamentais, nos folders das empresas, nas
agências e mapas turísticos. Nesta face, a cidade é bonita, bem
organizada, progressista, afável e ordeira para com os seus
habitantes ou visitantes.
Tomando a cidade do Recife como exemplo, ela é vista como
o maior centro comercial do Nordeste, o segundo melhor centro
médico do país, ostentando dezenas de faculdades e universidades
e o seu polo de informática possui projeção internacional. Além
disso, possui diversos polos industriais, destacando-se o Porto de
Suape que vai abrigar o maior estaleiro do hemisfério sul, uma
refinaria de petróleo e outros mega-investimentos. Foi olhando
para essa face das cidades que surgiu a frase publicitária de um
“Pernambuco como nunca se viu”.
Triste, mas verdadeira, é a existência de outra face. As cidades
metropolitanas no Brasil abrigam centenas de favelas e milhões de
miseráveis. É facílimo se deparar com crianças e adolescentes fa-
zendo alguma coisa nos sinais de trânsito, em busca de conseguir
alguns trocados. A cidade da face bela, de repente, se transmuta e
se torna local de milhares de desabrigados, desempregados, vicia-
dos, verdadeiros miseráveis que, vivendo à margem sem desfrutar
de acessos econômicos, se utilizam de meios escusos para viver.
Se focalizarmos o aspecto da geração de renda e da oferta
de empregos, as metrópoles nordestinas não fogem ao pano-
rama nacional, agravando-o, inclusive. Pesquisa do IPEA com
130 países, apresenta o Brasil no vergonhoso segundo lugar no
ranking das piores distribuições de renda. Só somos “melhores”
do que a péssima distribuição de Serra Leoa na África. E mais,
“de acordo com o Banco mundial, durantes os primeiros 25 anos
61
O Desafio Urbano às Igrejas
do século 21, a pobreza mundial será cada vez mais concentrada
nos grandes centros urbanos.” Milhares de retirantes das cidades
do interior, em particular daquelas que não apresentam opções
de renda, chegaram, e ainda chegam, às capitais em busca de
melhores condições de vida. Isto amplia as dificuldades e geram
uma grande grama de problemas estruturais. São essas pessoas
que adensam as favelas e produzem uma imensa oferta de mão
de obra não qualificada, sendo muitos os analfabetos.
Mudanças na sociabilidade urbana
Ao contrário das pequenas cidades do interior, o contexto ur-
bano das metrópoles impõe a pressa, a concorrência, a presença
incógnita, a valorização extrema da privacidade e o consequente
isolacionismo social, a preocupação com a segurança, a inversão
do valor de ser pelo ter e a inevitável restrição à sociabilidade
que tudo isto provoca.
As grandes transformações urbanísticas e tecnológicas não
permitem mais o compartilhar de espaços comuns. Os espaços
antes representados pelas praças e passeios públicos não têm
mais importância na lógica atual da vida urbana. Assim, a metró-
pole não é mais a cidade portadora de um centro marcado por
monumentos, casas de espetáculo, restaurantes e ruas de lazer
e compras. Hoje os habitantes de classe média das metrópoles
pertencem mais aos bairros, verdadeiros novos centros onde lá
se encontra praticamente tudo. Quanto mais rico o bairro, mais
limpeza, mais iluminação, mais segurança, melhores acessos e
mais oferta variada de produtos e serviços.
Diante deste novo ambiente, fatores geradores de socia-
bilidade como a rua, a feira, a praça e a igreja central perdem
completamente os seus papeis como elementos facilitadores da
socialização na cidade, descaracterizando, quase que por com-
62
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra
pleto, o perfil interiorano na metrópole. A metrópole moderna
foi afetada por mudanças radicais. Uma simples análise deixa
exposto o seguinte para a classe média urbana:
ANO DE 1950 ANO DE 2005
Comunicação
Rádio, Jornais,
discursos nas
praças.
Celular, internet,
TV, satélite.
Centro da cidade
Lugar de passeio,
lazer e compras.
Lugar de
passagem,
perigoso, compras
só se necessário.
Opção de compras
Feiras livres,
pequenos
mercados,
fidelidade a
marcas, vendas em
dinheiro.
Shopping center,
super-mercados,
opção pela
vantagem, Dinheiro
eletrônico.
Residência
Fixa com pouca
mobilidade.
Móvel com uma
mudança a cada
cinco anos (média).
Família
Estável e grande
com uma média de
sete indivíduos.
Frágil e pequena
com uma média de
quatro indivíduos.
Sociabilidade
Vizinhança
conhecida,
relacionamentos
múltiplos e
variados.
Vizinhança
desconhecida,
sistemas de
isolamentos e
segregação nos
relacionamentos.
63
O Desafio Urbano às Igrejas
Dentre as características de sociabilidade nas metrópoles, a
exigência por privacidade se destaca como uma sensora vigilante.
Mora-se geograficamente próximo, mas, esses vizinhos pouco
sabem além do número do apartamento um do outro.
Não podemos deixar de questionar quanto dessa mudança
de sociabilidade urbana tem afetado as igrejas. A primeira vista,
identificamos quatro áreas seriamente afetadas e que carecem de
investigações posteriores mais acuradas.
(1) Primeiro, identifica-se claramente pais cristãos educando
seus filhos não para servirem a Deus, mas para buscarem o
sucesso conceituado e estabelecido pela sociedade não-cristã,
produzindo a idolatria, ou no mínimo uma mega-valorização, do
dinheiro, da carreira e do benefício sócio-econômico.
(2)Segundo,háumprocessodeevangelizaçãoelitizada,econse-
quentemente,acriaçãodoisolamento,gerandoaformaçãodeguetos
evangélicos,entenda-secomunidadeauto-centrada,quepressupõem
um nível social “adequado” para uma determinada igreja.
(3) Terceiro, o isolamento quase que anula as possibilidades
de ser testemunha, pois fechando-se na redoma da auto-proteção
e auto-interesse, como cruzar barreiras e servir de testemunha
de Jesus à cidade?
(4) Quarto, o elitismo separatista faz com que a comunidade
cristã dessas igrejas fique alheia à realidade da cidade que fica cada
vez mais distante e alienada em todos os sentidos.
Outro exemplo do isolacionismo social urbano atual é a
preponderância do “carro individualizado” como meio de trans-
porte, cuja ostentação de privilégio é a negação à sociabilização
igualitária, quando comparado à sociabilização que o transporte
coletivo proporciona. Nas metrópoles há bairros onde o fluxo
de carros particulares na ida e volta ao trabalho é tão intenso,
que produz congestionamentos regulares e quilométricos. A
64
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra
pobreza nesses bairros ricos é uma chaga indesejável, perigosa,
uma agressão ao que se ver. A presença de pobres é apenas de
passagem, eles só se fazem perceptíveis através das empregadas
domésticas, funcionários de prédios e outros profissionais de
serviços com pouca qualificação profissional.
Entretanto, outra é a realidade nos bairros periféricos e nas
cidades agregadas às capitais. Milhares de pessoas agrupadas pela
parca renda e disponibilidade de investimentos, formam outro
gueto, agora caracterizado pelo ciclo da pobreza. São pessoas
cujo estilo de vida reflete muito da sociabilidade das cidades
do interior. A rua e os lugares públicos, os festejos populares e
religiosos voltam a assumir valores de sociabilização.
Essa duplicidade exclusivista retrata a realidade de toda me-
trópole. Há a existência de uma “polifonia social” que mistura
contextos sócio-econômicos colocando-os lado a lado pela teia
de atividades da cidade, e também produz isolacionamento, eliti-
zação, marginalização e aglomeração geográfica de classes sociais.
Nãosedevepassardespercebidoqueocontextoeconômiconas
metrópoles impõe certas posses como um status quo social. Isto
faz com o fato de possuir determinado objeto significa progresso e
participaçãosocial,gerandoumasensaçãodesemelhançaepertenci-
mento.Omelhorexemplodistoéotelefonecelular.Agrandecidade
“determinou“ que é imprescindível para todos os seus habitantes
possuírem um. Assim, quem o possui está atualizado e “conectado”
com os demais habitantes da metrópole, podendo ser “achado” no
meio da multidão a qualquer hora. Em menores proporções, o mes-
mo vem ocorrendo com o DVD, a roupa e o sapato da estação etc.
Oportunidades missionárias.
Uma região metropolitana é um verdadeiro misto de realidades
sócio-econômicas. Não é possível, por hipótese alguma, imaginar
65
O Desafio Urbano às Igrejas
que a concentração metropolitana de tecnologia, meios de
transportes, serviços públicos, escolas, hospitais e os fatores de
sociabilidade estão igualitariamente distribuídos. Logo, é fácil
deduzir que o perfil de uma pessoa urbana, irá sofrer a influência,
desejável ou não, dessa distribuição diferenciada de acessos e
fatores, modelando a pluralidade. Consequentemente, as igrejas
também irão sofrer tal fatiamento urbano, mesmo que em menor
escalar. Por essa razão, quando falamos em oportunidades
urbanas, nos referimos à pluralidade de contextos e situações
que existem nas metrópoles e que irão potencializar as ações
missionárias a partir de suas igrejas locais.
Esses múltiplos perfis precisam ser vistos pelas igrejas como
oportunidades missionárias. Na pesquisa que realizamos, identifi-
camos que na Região Metropolitana do Recife, em particular para
a Igreja Presbiteriana do Brasil, a existência de sete presbitérios,
com um total de 53 igrejas organizadas. Adicionando a existência
de igrejas batistas, metodistas, congregacionais e de outras de-
nominações evangélicas, essa metrópole se torna um estratégico
centro missionário. Leve-se em consideração que há igrejas es-
tabelecidas em quase todos os locais, porém elas não trabalham
missionariamente articuladas. Parece-nos até que apenas crentes
de uma ou outra denominação terão acesso ao Reino de Deus.
Outro fator de importância missiológica identificado é que há
muitos membros das igrejas metropolitanas que possuem paren-
tes em outras partes da metrópole. Uma vez quebrado o muro
da inércia e da alienação, inúmeras oportunidades missionárias
poderão surgir simplesmente através de vínculos familiares.
Entretanto, o que observamos é que a grande maioria das
ações missionárias urbanas é o resultado de uma iniciativa das
igrejas locais sem planejamento. A parceria de igrejas em prol do
Reino precisa ser restaurada como uma verdadeira oportunidade
66
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra
missionária a partir da metrópole, podendo somar esforços,
difundir e suprir necessidades, oferecer treinamentos específicos,
oportunizando diversas propostas de missões.
Por fim, merece atenção, ainda, cinco aspectos da ação social
e da evangelização aos pobres.
(1) Primeiro, que é inegociável reconhecer que nenhuma
comunidade de servos de Deus pode alienar-se à realidade da
miséria existente no contexto em que a igreja está inserida, por
mais doloroso que tal processo de conhecimento e participação
venha a ser, ou por maior que seja a extensão da miséria.
(2) Segundo, é preciso afirmar que as grandes proporções de
pobreza existente, não podem servir de justificativas para a inércia
da Igreja. A Igreja é a comunidade “sal e luz” e precisa se voltar
para o mundo não-cristão com modelos de solidariedade, com
projetos e ações criativas produzindo mudanças permanentes,
mesmo que atinja pequenas proporções de pessoas com almas
sedentas de graça e corpos famintos de pão.
(3) Terceiro, a participação das igrejas urbanas mais abastadas
precisa mudar o foco da auto-aplicação dos recursos materiais
e humanos e direcioná-los mais abundantemente para as áreas
de pobreza das cidades e também para áreas rurais de miséria.
(4) Quarto, seguindo a orientação do apóstolo Paulo, em
cada igreja local as famílias devem ser incentivadas a reservar
mensalmente um pouco do seu ganho para ser destinado ao so-
corro dos necessitados, desfrutando assim da bem-aventurança
de dar (At. 20:35).
(5) Quinto, é urgente a necessidade de quebrar os muros de
separação e produzir participação em ações de parcerias sociais
com outras comunidades reconhecidamente evangélicas, no
propósito se fazer ouvida em alto e bom som a voz profética da
Igreja contra a injustiça social e o descaso contra os desprovidos,
67
O Desafio Urbano às Igrejas
tornando tal atuação uma influência nas decisões políticas de
investimentos e planejamento sociais, à semelhança do ideal de
ajuda aos pobres e igualdade social que João Calvino desejava e
buscou produzir na cidade de Genebra.
Por amor a Cristo; por crermos que a Sua igreja é comissiona-
da para evangelização e ação social; por obediência à Palavra; por
vermos no outro necessitado a imagem de Deus e por crermos
que o estado de pobreza e miséria não honra a Deus, embora pos-
sa ser por Ele usado como disciplina e ensino divinos, não cuidar
da causa do pobre e miserável é inquestionavelmente pecado!
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
1. Porque nas grandes metrópoles há grande concentração de
miseráveis?
2. Qual a relação entre o desvio do capitalismo e a pobreza
nas grades Cidades?
3. E a Igreja? Qual o seu papel diante desta realidade?
68
Os Fatores Essenciais
e as Melhores Práticas
para Engajar sua Igreja
na Missão Integral de Deus
— Ana E.C. Borquist
— Bruce R. Borquist
Qual a missão do Povo de Deus (ou seja, da Igreja)? Em
poucas palavras, a missão dos seguidores de Jesus se
refere à proclamação e demonstração das boas novas
da nova vida em Jesus e da presença do Reino de Deus. Enfatiza
um compromisso de viver nossa fé individual e coletiva “à ma-
neira de Jesus” (1 Jo. 2.4-6). Destaca que Deus chama seu povo
a compartilhar a plenitude do Evangelho que transforma a vida
em todas as suas dimensões: do indivíduo para a sociedade. Mas,
como conduzir a igreja no processo de amadurecimento a fim de
que ela se torne um canal eficaz do todo Evangelho em palavras
e ações, cooperando com Deus na missão integral dEle?
Os seguintes fatores e práticas foram identificados numa pes-
quisa feita com várias igrejas da Convenção Batista Nacional do
Brasil (CBN) já engajadas em ministérios que refletem a missão
integral de Deus.* Eles representam um entendimento comum
a respeito dos elementos, práticas ou estratégias necessários que
facilitem a transição da igreja focada em si mesma para uma igreja
– 12 –
69
Os Fatores Essenciais
equilibrada que, simultaneamente, cuida dos seus membros e os
equipa para mostrar o amor de Deus e as Boas Novas de Jesus
em palavras e ações.
Fatores essenciais
1. O PASTOR
O pastor é a pessoa chave para promover a visão da missão inte-
gral de Deus e o papel da igreja local nela. O pastor precisa ter
uma compreensão profunda e clara do mandato bíblico de que
cada discípulo deve se engajar na missão de Deus no mundo, “na
maneira de Jesus”. Se o pastor estiver relutante ou tiver dúvidas
sobre a necessidade de participar da missão de Deus além das
quatro paredes da igreja, a igreja continuará a andar lentamente,
investindo exclusivamente em ministérios que beneficiam os
próprios membros.
O pastor é quem seleciona e treina a equipe de liderança res-
ponsável por mobilizar a igreja para a missão integral. Um pastor
afirmou com paixão: “Permita o seu povo trabalhar! Liberte o seu
povo para fazer aquilo que o Espírito Santo o chamou a fazer!”
2. ORAÇÃO
Pela oração, a igreja busca a vontade de Deus para a sua missão
específica. Uma igreja mobilizada para a missão integral de Deus
organiza campanhas de oração e inclui em sua pauta de oração
tanto os de dentro quanto os de fora da igreja.
A campanha de oração não é somente para “conseguir algo”
de Deus, mas sim, para que cresçamos em nossa compreensão
acerca da Sua vontade e da nossa identidade como a igreja. A
conversa com Deus em oração nos ajuda a compreender melhor
o nosso papel particular na missão divina. Pedimos a Deus que
70
Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist
nos revele qual a vocação específica da igreja e a maneira como
ela pode abençoar sua comunidade.
3. O ESPÍRITO SANTO
As igrejas que Deus usa para abençoar a comunidade e o mundo
ouvem à instrução do Espírito e se apressam a obedecer. O Es-
pírito fala de diversas maneiras: por meio de sonhos, pregações,
da leitura da Bíblia, profecias e do conselho ou ensinamento de
outros discípulos.
A obra do Espírito Santo é de promover unidade, força,
perseverança, e crescimento espiritual e missionário da igreja,
de mobilizar todo membro a fazer parte da missão integral de
Deus. Um estudo sobre o papel e as funções dos dons espirituais
possibilita os membros a descobrirem seus dons particulares.
4. A EQUIPE DE MOBILIZADORES DE MISSÕES
Igrejas atuantes na missão integral de Deus têm um determinado
grupo de pessoas que guia e incentiva a participação de todo
membro nos projetos. Membros da “Equipe de Mobilizadores
de Missões” são homens e mulheres de fé profunda, pessoas
apaixonadas a cooperar com Deus na missão dEle no mundo, que
demonstram perseverança diante de dificuldades, e são respeitadas
pela igreja porque mostram todas essas qualidades. O tamanho
ideal para a Equipe é de cinco a doze membros. Sua tarefa é
mobilizar os dons e habilidades dos membros para responder às
necessidades de um determinado projeto.
O ideal seria que os membros da Equipe ficassem respon-
sáveis para as funções de: educação missionária, comunicação,
levantamento de recursos, informação e intercessão (oração), e
gestão de projetos missionários. Uma tarefa importante da Equipe
71
Os Fatores Essenciais
é de compartilhar informações sobre o progresso dos projetos, e
levantar as necessidades espirituais e físicas deles diante da igreja.
5. FORMAÇÃO DA LIDERANÇA DA IGREJA
O pastor e a Equipe de Mobilizadores de Missões aproveitam
toda oportunidade para comunicar claramente à liderança qual
a visão de Deus para a igreja. Uma responsabilidade importante
do pastor e dos líderes é ajudar os membros a descobrirem por
que a igreja existe, e em qual parte eles podem atuar individu-
almente e coletivamente na missão de Deus. Em particular, a
liderança ensina que os membros fazem parte da igreja e rece-
bem a cura de Deus e o cuidado da igreja não apenas para o
próprio benefício, mas sim, para serem capazes de compartilhar
essas mesmas bênçãos com pessoas que ainda não fazem parte
da família de Deus..
6. COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO TRABALHO
Um papel importante da Equipe de Mobilizadores de Missão e
do pastor é divulgar os ministérios da igreja com regularidade,
empregando vários meios de comunicação, tais como fotos,
vídeos, PowerPoints, um blog, Facebook, um web site, cartazes
e exibições. Os líderes convidam membros da igreja que servem
num determinado ministério para contar a sua história durante
o culto, testemunhando como Deus está trabalhando em e por
meio de todos os envolvidos no projeto.
Uma igreja pesquisada afixa grandes cartazes (de um metro
quadrado) destacando os vários ministérios dela no fundo do
templo. Junto com os cartazes, ela coloca um banner enorme que
apresenta a relação financeira, mostrando as ofertas recebidas e os
investimentos feitos em cada ministério. Muitas igrejas dedicam
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A Igreja e a sua missão transformadora

  • 1.
  • 2. Ariovaldo Ramos | Arturo Meneses | Antônio Carlos Costa Ana E.C. Borquist | Bruce R. Borquist | Hudson Taylor José Marcos Silva | Leandro Silva | Marcos Aurélio dos Santos Pedro Arana Quiroz | Renildo Diniz | Romildo Gurgel Sérgio Lyra | Tiago Nogueira de Souza | Wilson Costa A Igreja e sua missão transformadora
  • 3. Copyright © 2014, ALEF – Associação de Líderes Evangélicos de Felipe Camarão Todos os direitos reservados Primeira edição eletrônica: Março de 2015 Capa: Ana Cláudia Nunes Diagramação: Bruno Menezes Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados pela Editora Ultimato Ltda Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 — Fax: 31 3891-1557 www.ultimato.com.br a igreja e sua missão transformadora Categoria: Igreja | Missão | Vida cristã
  • 4. 4 APRESENTAÇÃO A Igreja e sua Missão Transformadora é mais um livro da série “Um livro, Uma Causa”, projeto da Editora Ultimato que celebra o conteúdo bíblico e os diferentes campos de ação ministerial e engajamento da igreja. A série “Um Livro, Uma Causa” coloca à disposição dos lei- tores alguns instrumentos para a criação e o desenvolvimento de grupos de trabalho e reflexão, além de compartilhar com a igreja brasileira a produção e a contribuição dos autores e parceiros mi- nisteriais da Editora Ultimato sobre temas relevantes da fé cristã. O conteúdo, a organização e a publicação de A Igreja e sua Missão Transformadora, acontece pela iniciativa e responsabi- lidade da Associação de Líderes Evangélicos de Felipe Camarão (ALEF), a partir do Congresso ALEF para Pastores e Líderes, realizado entre os dias 15 a 18 de outubro de 2014, em Natal, RN. Editora Ultimato
  • 5. 5 “Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Assim brilhealuzdevocêsdiantedoshomens,paraquevejamassuas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”. — Mateus 5.13ª, 14ª, 16 NVI “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o Joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”. — Filipenses 2.9-11 NVI “Tu Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra epoder,porquecriastestodasascoisas,eportuavontadeelas existem e foram criadas”. — Apocalipse 4. 11 NVI
  • 6. 6 SUMÁRIO Palavra introdutória Guia didático ARTIGOS 1. Bases bíblicas da missão integral da Igreja Pedro Arana Quiroz 2. A Igreja que enfrentou a pobreza Ariovaldo Ramos 3. E se o sal não salga... José Marcos Silva 4. Cidadãos do reino, cidadãos do mundo! Wilson Costa 5. A Igreja e seu papel na missão de Deus (Missio Dei) Hudson Taylor Maia 6. A missão da Igreja Romildo Gurgel 7. Transformando o mundo para a glória de Deus Marcos Aurélio dos Santos 8. Emerge um novo conceito de santidade Antônio Carlos Costa 9. Práticas de liderança para uma missão transformadora Arturo Meneses
  • 7. 7 10. Igreja: agência de transformação no mundo contemporâneo Renildo Diniz Lopes Junior 11. O desafio urbano às Igrejas Sérgio Paulo Ribeiro Lyra 12. Os fatores essenciais e as melhores práticas para engajar sua igreja na missão integral de Deus Ana E.C. Borquist Bruce R. Borquist 13. Igreja integral Leandro Silva 14. Implantando pequenos grupos na Igreja Tiago Nogueira de Souza Sobre os Autores ANEXO I. Declaração de Natal: Redescobrindo o Evangelho integral para a Igreja hoje
  • 8. 8 Palavra Introdutória É com grande alegria no Senhor Jesus que a equipe coordenadora de metodologia do congresso ALEF – 2014, disponibiliza este relevante material para reflexão. Atendendo tanto aos anseios dos nossos leitores como da equipe ALEF, compartilhamos estas reflexões sobre o tema “A Igreja e sua Missão Transformadora”, assunto abordado em nosso congresso de 2014 no período de 15 a 18 de outubro em Natal, RN. A coleção de artigos aqui reunidos foram escritos por irmãos e irmãs comprometidos com as Escrituras e com os valores do Reino de Deus. Este caderno não tem a pretensão de entregar ao leitor uma resposta pronta sobre o papel da igreja e sua missão de transformar o mundo. Nosso propósito é levar aos leitores uma reflexão que produza diálogo e, a partir dessa reflexão, a Igreja encontre uma direção que a leve à prática da Missão de Deus. Boa leitura. Marcos Aurélio dos Santos, Coordenador de metodologia do congresso ALEF 2014.
  • 9. 9 Guia Didático Sugestões Para Usar este Caderno S audações fraternais, prezados leitores. Consideramos uma benção e uma grande oportunidade de disponibilizar estes artigos e documentos chaves para a sua reflexão, junto com suas congregações, no qual representa o pensamento de mais de dez autores do Brasil e outros países. Para facilitar o processo de estudo, vivência e aproveitamento, oferecemos alguns princípios e guias didáticos. Dê uma olhada no sumário de conteúdo dos artigos para identificar aqueles temas que possam ser de major interesse para sua igreja, grupo pequeno, seminário ou comunidade. Para maior referência, pode consultar a tabela de temas e objetivos gerais, anexa ao final deste guia didático. Dessa manei- ra, terá uma perspectiva mais ampla de como o conteúdo pode apoiar na reflexão do seu ministério. Utilize os artigos como parte de um processo educativo e não só de leitura simples. Sugerimos responder as perguntas, ao final de cada reflexão, em trabalho de grupos. Isso fortalecerá o aprendizado e poderá integrá-lo à sua prática ministerial.
  • 10. 10 a igreja e a sua missào transformadora Anote qualquer pergunta que possa surgir da leitura e estudo. Compartilhe com outros o conteúdo do material e suas refle- xões sobre as perguntas. Pense na possibilidade de usar os artigos como apostila sobre módulos específicos de estudo formal ou não formal nos temas de: A missão de Deus para o mundo; A igreja e sua missão transformadora como cooperadora de Deus; Liderança para a missão; Os desafios de transformação do con- texto brasileiro; A pobreza e a missão de Deus, etc. A seguinte tabela pode ser útil para identificar os temas de maior interesse no contexto da sua igreja ou ministério: Título Objetivo geral para o aprendizado Bases bíblicas da Missão Integral da igreja Como a igreja pode servir as necessidades do mundo, sem perder a identidade cristã, segundo o modelo de missão de Jesus Cristo. A igreja que enfrentou a pobreza Articular uma proposta e ética bíblica de trabalho da igreja para combate à pobreza. E se a sal não salga? O desafio da igreja para se mover do individualismo (idios) ao comunitário (polis) para ser sal da terra. Cidadãos do reino, cidadãos do mundo Como a igreja pode se envolver com causas justas na cidade. Ser fiel a Deus nos desafios para o shalom de Deus.
  • 11. 11 guia didático Título Objetivo geral para o aprendizado A igreja e seu papel na Missio Dei Entender que a igreja não contempla as mudanças sociais como parte de seu oficio, ainda não compreendeu a missão de Deus (Missio Dei) A missão da igreja Caraterísticas da comunidade de fé, para cumprir a missão comissionada por Deus na abrangência do modelo de Jesus. Transformando o mundo para a glória de Deus Entender as dimensões da tarefa de reconciliar todas as coisas junto com Jesus, como membros da sua igreja com ministério profético. Emerge um novo conceito de santidade Considerar três elementos novos para a forma de vivenciar o cristianismo pelos cristãos brasileiros. Práticas de liderança para uma missão transformadora Entender que não pode haver missão transformadora, sem liderança também transformadora, com práticas exemplares que ajudam a recuperar sua credibilidade para viabilizar a missão. Igreja: Agência de transformação no mundo contemporâneo Refletir no papel e desafios da igreja, como parte do modelo estabelecido por Deus, para expandir sua missão. Propostas para uma missão transformadora.
  • 12. 12 a igreja e a sua missào transformadora Título Objetivo geral para o aprendizado Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus Propostas e desafios práticos para levar a igreja a refletir e agir dentro do contexto onde ela está inserida. Aborda questões como: Formação de liderança, pesquisas na comunidade, formação de associação e etc. Igreja Integral Pensar de maneira bíblica e teológica sobre os desafios da igreja na busca da integralidade da missão. Implantando pequenos Grupos na Igreja Refletir sobre propostas e desafios para a implantação de pequenos grupos na igreja nas dimensões de edificação e evangelização. O desafio urbano das igrejas Aspectos para delimitar a abordagem do desafio missionário, no contexto das metrópoles urbanas. Declaração de Natal. Congresso ALEF 2013 Revisitar as lições aprendidas, desafios e compromisso de seguimento do Congresso ALEF 2013 sobre o Evangelho Integral. Arturo Meneses.
  • 13. 13 BAses Bíblicas da Missão Integral da Igreja — Pedro Arana Quiroz Queremos pensar as bases bíblicas da missão integral da Igreja a partir de Mateus 9.35 – 10.1. Esse texto con- tém, em forma embrionária, a perspectiva, o conteúdo, a motivação e o impulso para a missão. Tanto a perspectiva da missão da Igreja como a própria missão, em sua totalidade, são vistas na vida e ação de nosso Senhor Jesus, de forma histórica e concreta. A perspectiva dessa missão tem como ponto determi- nando e determinado a vida da missão da Igreja em sua oração sacerdotal e intercessora: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18) Depois de sua morte e ressurreição, a oração se transforma, em seus lábios, num mandamento missionário: “Assim como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20.21), sugere que a missão da Igreja deve corresponder à própria missão de Cristo. “Dito de outra maneira, a missão de Cristo é o modelo para a missão da Igreja: Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Isso quer dizer que, da compreensão da missão de Jesus Cristo, a Igreja deve deduzir a compreensão de sua própria missão. – 1 –
  • 14. 14 Pedro Arana Quiroz Como foi que o Pai enviou o seu filho unigênito ao mundo? (1) Enviou-o como homem: Adão, novo Adão (Sl 8, Hb 2). (2) Como Filho do homem e servo sofredor (Dn 7.14, Is 53) (3) A síntese cristológica (Mc 10.45, Lc 22.27) (4) O novo Adão (Fl 2.5-8, Hb 4) Jesus nos oferece o modelo perfeito de serviço e envia sua igreja ao mundo para que seja uma igreja serva. Ele expressou seu amor em serviço, e este é o caminho de igreja. De que forma é es- sencial que recuperemos esta ênfase bíblica em nosso ministério? PATRÕES E SERVOS. CAPITALISTAS E DEPENDENTES O destino do Filho de Deus foi o mundo de Deus: “Assim como o Pai me enviou”. “Assim como tu me enviaste ao mundo, tam- bém eu vos enviei ao mundo”. O Cristo-homem veio ao mundo dos homens. Não a um mundo ideal, mas ao mundo tal e qual ele é. Ele se reduziu a uma cultura particular – ou, dito de outra maneira, a um espaço-tempo-recado. Por que toda cultura está limitada pela geografia, pela história e pela situação de pecado. Jesus enviou sua igreja “como ele foi enviado” ao mundo da história, da geografia e do pecado, o qual, no entanto, é o mundo de Deus, o mundo das Escrituras. Devemos identificar-nos com este mundo, sim, mas sem perder nossa identidade cristã. O que significa isto em termos práticos? Significa conhecer, conviver, compartilhar e compro- meter-se com o mundo. Conhecer: este mundo deve ser conhecido, devido à natureza de nosso trabalho. O conhecimento da situação que nos rodeia é a base para uma missão séria da igreja. Conhecer as pessoas com o respeitoquemerecemaquelesaquemiremosservir.Temosdefazer o melhor por eles, como pessoas no mundo. O amor é a direção única que leva ao conhecimento. Amor a Deus e amor ao próximo.
  • 15. 15 Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja Conviver: temos de aprender a conviver com nós mesmos e com as pessoas a quem Deus nos enviou, pessoas com as quais Ele se preocupa. Compartilhar: tudo que o Senhor nos tem dado. Isto é, compartilhar o evangelho em sua dimensão integral e lutar pelos valores deste evangelho: justiça, paz, preocupação pelas necessidades humanas. Comprometer-nos: Cristo estava comprometido com a vonta- de do Pai, pelo que também se comprometia com os seus. Não se tratadeservirmo-nosanósmesmos,masdecomprometermo-nos com os demais: “Este mundo espera a revelação dos filhos de Deus”. Como podemos ser melhores servos na igreja? O poder corrompe e a igreja não está livre dessa corrupção. A vida de Jesus foi uma vida itinerante, uma vida peregrina; uma vida, como diria João A. Mackay, do caminho. “Jesus per- corria os povos e aldeias”. A igreja, assim como o Senhor Jesus, deve ser uma igreja do caminho e não do balcão. Ela não pode permanecer como espectadora da história: tem de descer para onde se travam as lutas reais dos homens. Ali se encontram as necessidades, que são o chamado premente da Igreja para que possa cumprir sua missão. A passagem também nos fala do conteúdo da missão. Diz que o Senhor ensinava, pregava e servia. Talvez seja isso que a igreja tem esquecido. De testemunha ocular dos acontecimentos humanos, ela tem de passar a identificar-se e solidarizar com as necessidades reais das pessoas. Deve participar como portadora de Cristo e de sua graça, oferecendo os recursos que seu Senhor lhe confiou para a transformação, não somente da situação, mas também da natureza dos participantes. Essa imersão nas necessidades humanas deve levar ao nítido reconhecimento de que a necessidade fundamental do homem é
  • 16. 16 Pedro Arana Quiroz de natureza espiritual. A ruptura entre Deus e os homens deve-se à lamentável realidade do pecado humano. O pecado é o agente de toda desarmonia, seja com Deus e o próximo, seja consigo mesmo e com a criação. O pecado é essencialmente pessoal; suas consequências sociais, porém, são trágicas e imediatas. Jesus veio para salvar os pecadores. Cabe à Igreja fazer chegar essa salvação, hoje, aos pecadores. Jesus, em sua tarefa, envolveu-se com os pecadores, não com seu pecado. A Igreja, em sua história, muitas vezes participou dos pecados dos pecadores (orgulho, egoísmo, cobiça), afastando-se, porém, dos pecadores. Não poucas vezes, em seu distanciamento, ao invés de fazer chegar a eles a salvação e a redenção, ofereceu-lhes somente crítica e juízo. Quando as igrejas esquecem algumas dessas dimensões do con- teúdo de sua missão, entram em discussões estéreis que polarizam as posições e, diria eu, caem na infidelidade, pois infidelidade quer dizer não obedecer ao que Cristo manda e ensina. Não somente pelo preceito, mas pelo exemplo. Jesus ensinou, anunciou o evan- gelho e serviu. Cada uma dessas dimensões tem lugar dentro da missão da Igreja, sem mescla nem combinação. E se a Igreja quiser ser fiel, tem de cumprir estas dimensões em sua tarefa missionária. O texto fala também da motivação da missão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, por que estavam aflitas e exaustas comoovelhasquenãotempastor.”Amotivação,acausaquemoveu Jesus, a força interna que o impulsionou, foi a compaixão: do latim “compaixão”, padecer junto a; do grego “sun-patiens”, sofrer com. QuandonoséditoqueoSenhorsentiucompaixão,istosignificaque eleseidentificoucomessagente,solidarizoucomsuasnecessidades, colocou-se em sua pele. A Igreja também tem de fazer o mesmo. Não pode fazê-lo, no entanto, sem a presença e o poder do Espírito santo, que dominava a vida de Jesus Cristo, mas que nem sempre domina a vida da Igreja.
  • 17. 17 Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja Aqui fica muito evidente para onde o Senhor direcionava sua compaixão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas”. A Cristo importavam e importam as pessoas. Mesmo que para a Igreja hoje importem mais os números e as estatísticas, os edifí- cios, os alto-falantes e as luzes de efeito, para Cristo o importante eram as pessoas. Hoje, uma igreja que queira ser fiel a Cristo tem de enxergar além das estatísticas, isto é, ver as pessoas e as suas necessidades. Deverá enxergar além das estruturas que possui ou das facilidades materiais que desfruta e ver as mentes, os corações e a fome espiritual, emocional e física das pessoas. Tudo que Cristo fez, ele o fez pelo homem-em-comunidade e pelo homem de carne e osso. Não por uma ideia do homem, não por uma alma desencarnada, mas pelo homem vital e vivente, cheio de necessidades, angústias e problemas, cheio de aspirações e esperanças. A este homem é que Cristo se dirigiu, atendendo a suas necessidades. A passagem, porém, fala não somente da perspectiva, do conteúdo e da motivação para a missão, mas também do impul- so missionário. Esse é um impulso comprometido: “E então se dirigiu a seus discípulos: A seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara.” Não entrarei na exegese do texto. O certo é que o dono da colheita é Deus, que ele tem um povo e que seus discípulos, a Igreja, devem reunir este povo, para que façam “conhecidas, entre os povos, as obras do Senhor”. Esta é uma oração que compromete: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para sua seara”. Observem como surge a resposta: “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para expeli-los, e para curar toda sorte de doenças e enfermidades”. Afirmo que, para a igreja, o maior perigo é orar, pois o Senhor responde a
  • 18. 18 Pedro Arana Quiroz oração e nós fazemos parte da resposta. Se ele mandou que eles orassem, deviam estar dispostos a fazer parte da resposta dessa oração. A igreja que olha o mundo, que entende o chamado do Senhor e que escuta a Cristo, essa é a igreja que é chamada e convocada para ser a resposta de sua própria oração, assim como aconteceu com os discípulos. FONTE: formacaoredefale.pbworks.com PERGUNTAS PARA REFLEXÃO 1. Em que fundamento a Igreja deve firmar-se para fazer a missão? 2. Qual a relação que a igreja deve ter como o mundo que a cerca? 3. Qual o nível de comprometimento que a igreja deve ter com o mundo?
  • 19. 19 A Igreja que Enfrentou a Pobreza — Ariovaldo Ramos A primeira igreja nasceu em meio à pobreza, e a enfrentou, deixando lições preciosas. Começaram reagindo à mes- ma, não sendo tolerante para com a realidade em que os pobres estavam imersos. Responderam com solidariedade, onde os irmãos, como podiam, desfaziam-se voluntariamente de posses para ajudar os demais, segundo a necessidade dos mesmos. Depre- ende-se um padrão mínimo que, rebaixado, acionava o socorro. E o padrão de socorro não era determinado pelas posses dos doadores, sim pela necessidade dos beneficiários, o que indica que a ação era tomada a partir do conceito do direito, o irmão necessitado tinha o direito de ser atendido em sua carência, cabia à comunidade a satisfação do mesmo. Claro que, como Paulo procura deixar claro em sua segunda carta aos tessalonicenses: “Quem não quiser trabalhar também não coma” - 2Tes 3.10; isto é, todas as alternativas possíveis deveriam ser tentadas, porém, sem detrimento ao direito do irmão. Essa postura era tanto entreirmãos,quantoentrecomunidades,comonocasoemquetodas ascomunidadesseuniramparasocorreracomunidadeemJerusalém. – 2 –
  • 20. 20 Ariovaldo Ramos Num outro momento, percebe-se o desenvolvimento de um programa para o sustento das viúvas, uma espécie de programa previdenciário da Igreja, assumindo a responsabilidade por aquelas que não tinham mais acesso ao trabalho remunerante. Programa levado tão a sério, que uma categoria nova de oficiais foi acrescentada à Igreja. Estes, os diáconos, assumiram o ministério de seguridade social da comunidade. Desse enfrentamento da pobreza surgiram conceitos de intensa pedagogia:“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe para ter com que acudir ao necessitado” Ef 4.28. Aqui, a vitória sobre o pecado do furto é passar a contribuir com o necessitado. De lesa-patrimônio a sustentáculo dos despossuídos de patrimônio, e não a construtor de seu próprio patrimônio. Dá até para pensar que, para o apóstolo, o ato da acumulação se assemelha de algu- ma maneira ao furto. Há, também, nessa colocação, a sugestão de uma ética do trabalho: a solidariedade - trabalha-se, também, por responsabilidade para com o outro; o que amplia a dimensão da frase paulina: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma...” Há um assumido débito para com o necessitado. “Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundancia, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundancia daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.” 2Co 8.13-15. Como estas palavras foram ditas no contexto da coleta para a Igreja em Jerusalém, surge a possibilidade da leitura dum aponta- mento na direção de uma universalização do trabalho solidário, algo semelhante ao conceito de revolução permanente, capaz de gerar um conceito de acordo internacional pela erradicação da pobreza, pela busca da igualdade entre as nações pela partilha, onde os superavitários se responsabilizam pelos deficitários; o
  • 21. 21 A Igreja que Enfrentou a Pobreza que ocorre numa perspectiva de acesso universal ao trabalho e num consenso de que todos trabalham por todos, pois a huma- nidade é o foco. E sendo assim, a fé cristã tem uma proposta de revolução quanto ao fim da economia e quanto ao parâmetro para a geopolítica internacional. “E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem” 2Tes 3.13. Este estímulo, dito no contexto da tentativa de alguns de se aproveitarem da bondade da comunidade desafia a toda a Igreja a estabelecer esses valores como inegociáveis, a despeito de quaisquer tentativas de abuso. “Bem”, portanto, pode ser enten- dido como esse conjunto de valores que configura uma ética do trabalho para o combate à pobreza. “Como está escrito na lei de Moisés: ‘Não atarás a boca ao boi que debulha o trigo’.” 1Cor 9.9. “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos” 2Tim 2.6. Onde a ética dos apóstolos coloca o trabalhador? Como pri- meiro e privilegiado beneficiário de seu trabalho; a exemplo do boi, que não pode ser impedido de ser o primeiro a desfrutar de sua produção. Até porque, como o trabalho é para a solidariedade voluntária, o trabalhador para poder exercer essa partilha, tem de ter o que partilhar, tem de ser senhor de seu trabalho. Aqui, mais do que um princípio ético, há um postulado econômico: O trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do resultado de seu trabalho. O desenvolvimento deste primado há de redefinir a administração dos meios de produção e do lucro. A primeira Igreja na sua intolerância para com o estado de pobreza propôs abordagens desafiadoras, pertinentes e que mantêm atualidade. FONTE: ariovaldoramos.blogspot.com
  • 22. 22 Ariovaldo Ramos PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. O que deve determinar a prática de socorro na igreja? 2. A quem a igreja deve fazer o bem? 3. Qual a diferença entre socorro ao necessitado e assistencialismo?
  • 23. 23 E, Se o Sal Não Salga.... — José Marcos Silva I magine que você convide amigos para um churrasquinho e ao servir a carne, todos percebam que ela está insossa. Curioso, e sabendo que colocou sal à vontade, você vai até o saleiro, prova uma pitada do sal e verifica que o mesmo já não está mais salgado. O que você faria? Em Mt 5.13 Jesus faz uma analogia entre nós, os seus dis- cípulos, e o sal. O texto você conhece muito bem. Ele diz que aquele sal já não serve mais pra nada, a não ser pra ser jogado fora e pisado pelas pessoas. O sal não perde o seu sabor, enquanto se mantiver puro, porém, contaminado com outras substâncias, é possível que não salgue mais, nem se consiga mais restaurar as suas características. Nesses casos, nos tempos de Jesus, era comum usar o sal insípido para pavimentação das ruas ou para ser jogado nos batentes de templos pagãos, para evitar que as pessoas escorregassem. Em todo caso, só servia para ser pisado pelas pessoas. Logo o sal, que era uma especiaria tão preciosa que chegou a servir como moeda de pagamento das jornadas de trabalho, de onde nasce o nome “salário”. Já em tempos em que – 3 –
  • 24. 24 José Marcos Silva não havia energia elétrica, o sal servia também para conservar a carne. De fato, era algo muito precioso. Vamos transportar essa comparação para a realidade da igreja “evangélica” brasileira. Tenho uma grande luta dentro de mim: a de não perder a esperança quando penso no rumo desta Igreja. Procuro olhar para o lado bom das coisas a fim de que possa manter a utopia no lugar mais alto da minha vida, ao mesmo tempo em que, na qualidade de profeta do Senhor, não posso perder o poder da contemplação, ou seja, de olhar os fatos de maneira crítica. Não quero deixar de enxergar a bênção na vida de um sujeito prostituído, mentiroso, drogado, que se torna crente e abandona a cachaça, a amante e a mentira, mas também não posso deixar de enxergar que este mesmo sujeito pode ser um religioso tão insuportável que feche as portas do céu para quem está ao seu redor. Bom, mas, saindo deste parâmetro mais individualista, passe- mos para o mais geral. Há um fenômeno na igreja “evangélica” brasileira que me intriga muito. Somos quarenta milhões de professos seguidores de Jesus, mas, não vemos a relevância disso, pelo menos como deveríamos. O que justifica esse fenômeno? Dentre tantas, compartilho, pelo menos, duas pistas. À primeira, denominarei de “Igreja Idiotizante”. Antes de você se chatear comigo, explico que não me refiro ao termo como sinônimo de idiota, a partir do uso pejorativo que denota aquele/a que é tolo. Não é isso. Refiro-me ao termo no uso eti- mológico da palavra, do seu radical grego “idios” que se refere àquilo que é da ordem dos interesses pessoais. É o mesmo radical que usamos para a palavra idiossincrasia, que significa aquilo que é peculiar a mim mesmo. Criamos no Brasil, e replicamos massivamente, um modelo de igreja focada, quase que exclusivamente, no indivíduo e suas
  • 25. 25 E se o Sal não Salga... necessidades pessoais. Isso é tão claro que eu poderia dispensar qualquer exemplo, mas, vamos a alguns deles: qual é a mensagem central da “igreja” que mais cresce no Brasil? “Pare de sofrer!”. Multidões em romaria vão ao encontro dos pastores “ungidos” e midiáticos em busca de empregos, prosperidade, curas, casa- mentos... Nossa hinologia é predominantemente “idiotizante”. Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha estrutura... Os pronomes estão, quase sempre, na primeira pessoa do singular - eu, meu. Verifique os cultos de oração e verá que os pedidos são, quase sempre, na ordem do pessoal, do individual. Por estar tão focada no “eu” no “meu” (idios), esta igreja se esquece do “nós” e do “nosso”. Criamos uma igreja que, na teoria, ora o “Pai Nosso”, mas na prática busca o “Pão Meu”. Em função desse individualismo (idiotismo), grande parte dessa igreja cometeu desvios tão substanciais que está se sujando com Mamon. Isto é tão notório que identificamos um “irmão abenço- ado”, pela quantidade de bênçãos (leia-se, bens) que ele consegue receber de Deus, quando, na real, deveríamos medir nosso grau de “abençoamento”, não pelo que recebemos de Deus, mas pelo que repassamos aos outros, ou não é verdade que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”? Ora, mas enquanto a igreja atua no varejo, Satanás atua no atacado. A igreja foca no indivíduo e o Diabo foca nas estruturas. Sendo assim, salvamos um e perdemos mil. Nesse aspecto, a única saída é a igreja deixar de ser idiotizante, para ser politizante (do grego “polis” – todo, comum, cidade...). Logicamente que não estou propondo que a igreja esqueça o sujeito. Não é isso. Só estou sugerindo que ela se volte também para os sistemas. Essa tarefa só será possível se a igreja recuperar a sua autoridade profética. Entendo que o resgate da profecia é a segunda pista/ação para se evitar o processo de insipidez da igreja. Tal retorno se
  • 26. 26 José Marcos Silva dará, primariamente, por um resgate dos significados de profeta e profecia. No senso geral, entendemos o profeta como o adi- vinhador e a profecia como adivinhação. Isso é catastrófico. Na Bíblia toda, o/a profeta/tisa é o/a “Boca de Deus” cuja missão é trazer o realimento entre o povo e a vontade de Deus. Essa profecia, quase sempre, tinha endereço certo: os sistemas político (Is 10.1-3; Jr 23.5, 6), social (Hc 1.2-4), econômico (Am 8.4-6; Os 4.1-3; Mq 2.1-3) e religioso (Am 5.21-6.14; Os 6.6; Mq 3.5-7). Esse realimento com a vontade de Deus tem a justiça como o seu eixo principal. Aliás, o principal marcador do Reino de Deus é a justiça, e não necessariamente a quantidade de novos crentes que o nosso sistema religioso consegue produzir, pois se fosse assim, os quarenta milhões de “evangélicos” estariam aumentando os sinais do Reino, mas, as estatísticas dizem o contrário. Acredito que essas duas pistas devam se constituir duas ban- deiras de reflexões e lutas da igreja: a “desidiotização” da igreja e o resgate da profecia. Com elas, impediremos o processo de nos tornarmos “sal que não salga” e consequentemente, não teremos o desprazer de vermos a “igreja ser pisada pelos homens”. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. O que você entendeu sobre o termo “idiotização da igreja”? 2. Que aspectos devem ser levados em conta para que haja o resgate da profecia? 3. Porque o Sal deve salgar?
  • 27. 27 Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! — Wilson Costa E ste breve texto de reflexão bíblica e teológica sobre a vida cristã, inicia com esta pergunta: deve o crente em Jesus Cristo envolver-se com causas justas neste mundo? No início de 2012, Vitor, um jovem de 21 anos, foi espancado por cinco rapazes ao tentar impedir que batessem em um mendigo no Rio de Janeiro. Foi notícia no Brasil todo. Ele quase morreu, sofreu muitas cirurgias e ficou hospitalizado por muito tempo. Seis meses depois, um juiz criminal determinou o cancela- mento da prisão preventiva dos acusados, abrandando também a natureza do crime, livrando os de um júri popular. O estudante lançou uma petição na internet para cobrar punição adequada aos seus agressores, para obter 20 mil assinaturas de repúdio às mudanças, exigindo que a justiça fosse feita. Em poucos dias já havia obtido 15 mil assinaturas. Este é um episódio sobre justiça e impunidade. Justiça é um valor do Reino de Deus com o qual o crente necessariamente precisa estar conectado. E se os crentes do Rio de Janeiro e do Brasil olhassem uma causa dessa como algo em que eles deveriam – 4 –
  • 28. 28 Wilson Costa se envolver? Não poderíamos ter as 20 mil assinaturas em apenas um dia? O NOSSO BEM-ESTAR DEPENDE DO BEM-ESTAR DA CIDADE O profeta Jeremias escreveu ao povo de Deus que tinha sido levado cativo para a Babilônia: “Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao SENHOR em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela”. (Jer. 29.7 versão NVI) No meio do povo havia falsos profetas dizendo, em outras palavras: “não se importem com esta terra, a Babilônia, pois não é a terra de vocês e logo Deus os levará de volta pro lugar de vocês”. Parecido com o discurso dos crentes que dizem: “não precisamos nos preocupar com este mundo, não; logo Jesus vai voltar e este mundo será consumido pelo fogo e nós vamos para nossa pátria celestial”. O profeta de Deus orienta o povo de Deus olhe para a Babilônia como a terra deles agora, na qual eles devem servir a Deus, viver as suas vidas e ser luz para aquela nação. Eles devem agir para produzir e desfrutar do shalom mesmo no exílio. Shalom envolve saúde integral, bem-estar material e espiritual, harmonia com Deus, com o próximo e com a criação. Não foi exatamente isso que Jesus deu como motivo para sua vinda? “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundân- cia.” (João 10.10) Será que ele estava falando da vida no céu? Ou será que podemos viver em vitória na Babilônia? NÃO É UM CRENTE EM JESUS UM EXILADO NESTE MUNDO? A resposta é sim! Foi o próprio Senhor Jesus que disse: “Eles não são do mundo, como eu também não sou”. Por isso rogou
  • 29. 29 Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! ao Pai: “santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Desta forma, Jesus já apontava o tipo de vida piedosa e reta que os seus teriam no mundo, à luz da verdade manifestada por suas palavras. O sentido de santificado é que somos separados para Deus, dedicados a Deus, mesmo vivendo neste mundo. Por isso, no meio dessa oração, há uma declaração de envio: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”. (João 17.16-18) O apóstolo Pedro compreendeu bem isso. Ao escrever sua Carta, refere-se aos crentes em Jesus como “estrangeiros” e “pe- regrinos”. Tal qual os do povo de Deus que foram deportados para a Babilônia. COMO VIVEMOS NESTE MUNDO SEM SER DO MUNDO? Não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo pelo próprio Senhor que nos separou para servi-lo. No meio dessa sociedade desconectada com Deus, somos reconciliados com Deus por meio de Jesus e somos chamados a testemunhar do amor de Deus às pessoas que Deus ama e por quem sacrificou seu único Filho. Precisamos ter o sentimento que houve em Jesus: “E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos. (Lucas 19.41, 42) OS CRENTES MANIFESTAM O GOVERNO DE DEUS PARA A CIDADE Deus é o Rei das nações e ele governa todo o mundo. Isso é cantado muitas vezes nos Salmos. É anunciado por Jesus que, por sua vida, ensino e obras, manifestavam o reino de Deus. Podemos ilustrar isso assim:
  • 30. 30 Wilson Costa A igreja, que representa a comunhão dos seguidores e seguidoras de Jesus, está no mundo. E abrangendo a igreja e o mundo está o governo de Deus. Deus lida com a igreja, mas também lida com o mundo. Não há por que não levarmos a sério a recomendação de Jeremias, “orai pela prosperidade da cidade”; e o ensino do apóstolo Pedro: “Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, (...) Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que (...) observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.” (I Pe. 2.11, 12) Boas obras, evidência da fé salvadora. O apóstolo Pedro está relembrando o ensino de Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5.16). A luz de Cristo resplandece no mundo por meio da vivência do Evangelho pelos seguidores e seguidoras de Jesus. O apóstolo Paulo relembra isso quando escreve aos Efésios: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, (...) somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.” (2.8-10). Então, a salvação não vem das obras, mas se manifesta nas boas obras. ComesteentendimentopodemoscompreenderaênfasedeTiago: “Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (2.17, 18). Deus nos chama para a prosperidade da cidade. Para que nossas cidades desfrutem do shalom de Deus elas precisam experimentar mais da manifestação da justiça de Deus no meio da sociedade. A prosperidade da cidade depende de muitos fatores: estabilidade institucional e política, com bons
  • 31. 31 Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! governantes, bons legisladores, bons juízes. Também depende da economia, com oportunidade de empregos, acesso à alimentação, à moradia, à educação, à saúde. As cidades precisam de segurança, meios de transporte urbano, espaços de lazer e convivência social. Se cada servo ou serva de Deus, que vive em nossa socieda- de, atuando em alguma dessas áreas da vida de nossa sociedade, for fiel a Deus exercendo bem o seu papel na sociedade, estará servindo não só a Deus, mas também à prosperidade da cidade. Assim, nossa vida encontra o caminho da vocação de Deus para o serviço e o testemunho. As pessoas verão a luz de Jesus em nossas vidas e serão atraídas para Deus e seu Filho Jesus. Por isso a resposta à pergunta que está no início deste artigo é: sim, todo seguidor e toda seguidora de Jesus deve se envolver com as causas justas neste mundo. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Quais ensinamentos bíblicos oferecem base para que os crentes em Jesus se envolvam com causas justas neste mundo? 2. O entendimento de muitos evangélicos de que a fé salvadora não envolve boas obras tem apoio no ensino bíblico? 3. Como os crentes podem ser mais fiéis a esta palavra de Jesus: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”?
  • 32. 32 A Igreja e seu papel na missão de Deus — Hudson Taylor Maia Quando olhamos o rumo que a Igreja do Senhor tomou ao longo dos anos percebemos um distanciamento claro entre o Cristianismo que Jesus plantou e o “cristianis- mo” que os homens criaram. No meio desses dois conceitos a religiosidade clerical e o liberalismo herético fazem da igreja uma plataforma cênica e cínica de líderes totalmente despreparados e com uma teologia frágil e sem nenhuma ortodoxia. A igreja em nossos tempos não expressa a compaixão por vidas e nem pelo desejo ardente da transformação da comuni- dade. Em nada parece com a igreja de atos 2.42. Uma igreja que movida pelo Espírito Santo preocupava-se em quebrar sofismas, estruturas sociais injustas e acima de tudo, preocupava-se com o sustento comum da comunidade. Quando falamos sobre essa esfera social, os religiosos de plantão, na sua ignorância espiritual, atrelam automaticamente ao socialismo comunista. Preferem fugir de sua responsabilidade profética, e, estou falando do profetismo bíblico e não das “profetadas” cada vez mais comuns em nossos dias, que viver um evangelho autêntico e sacrificial, que empodera as pessoas para servir no Reino de Deus. – 5 –
  • 33. 33 A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei) Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja bem informada, bem articulada e bem estruturada espiritualmente. É uma igreja que não tirou os olhos do alvo, e o alvo é Cristo. Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja que ensina, serve, convive, celebra e anuncia (pontos abordados por Jorge Barro no livro o qual organizou intitulado Missão para cidade da Descoberta Editora em parceria com a FTSA). A igreja que não contempla as mudanças sociais como parte de seu ofício nato ainda não compreendeu a Missio dei. Igreja e comunidade se entrelaçam e não se dissociam em função de um fato: Cristo morreu para redimir o ser o humano e também todas as áreas da dimensão humana. A igreja que não compreende isto sente a necessidade de trazer para o seu convívio alguma coisa que preencha seus vazios. Criam ministérios de várias naturezas, redes, novas teologias, novas tendências e nova “unção”. É como se tivessem um novo cristo totalmente adaptados a essa nova “igreja”. A igreja que Jesus plantou é única, universal, e santa e que tem como propósito central a salvação da humanidade pervertida pelo pecado, e isso se estende a dimensão de sua vida na terra. Não podemos continuar dizendo Jesus te ama e não fazermos algo para expressar na prática o amor do Deus que nos chamou. A Missio dei não é uma proclamação de voto de pobreza, mas de voto de justiça, o Espírito Santo é o Espírito de Justiça “O Reino de DEUS não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17). Ao lermos textos como Êxodo 22.25; Levítico 19.9-10; Provérbios 13.4,18; 19.15; 20.13 percebemos a economia de Deus e o cuidado com os pobres e os necessitados, a participação dos mais favorecidos e suas responsabilidades com os menos favorecidos.
  • 34. 34 Hudson Taylor Maia A igreja precisa passar por uma nova reforma onde o discurso central deve ser a universalidade humana e seus vários viés. Precisamos viver uma igreja que operacionalize a fé cristã na comunidade na qual está inserida, uma igreja pastoral, uma igreja para vidas e não para “crentes” somente. Uma igreja debatedora das questões sociais, ativa, proativa e reflexiva. Uma igreja que pensa, age e faz. Uma igreja que tipifica o “noivo”, santa, real, fiel e que se relaciona. Uma igreja para fora e não para dentro. Uma Igreja que muda conceitos e filosofias pelo que faz e não somente pelo que fala. Uma igreja que ama como Cristo nos amou. Em João 13.35 Jesus disse aos seus discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. A igreja precisa expressar o amor de Cristo na comunidade com ações claras que gerem transformação. A igreja deve ser uma agente de transformação de vidas e con- sequentemente da comunidade. A igreja precisa ser percebida na comunidade pela evangelização constante, pelo seu testemunho verdadeiro, pelas suas ações relacionais e principalmente pelas ações sociais transformadoras que expressam o amor de Deus de forma efetiva. Alguns homens fizeram diferença em sua época por meio da Igreja do Senhor: George Whitfield, um dos avivalistas mais proeminentes na Inglaterra e Estados Unidos durante o século dezoito, pregou principalmente fora das igrejas em áreas aber- tas. Abraham Kuyper foi um planejador da coalizão ideológica. Fhilip Jacob Spener ensinou a intimidade com Deus e trouxe o movimento pietista à igreja Luterana, cuja proposta central era que o conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através da prática. Os Anabatistas ensinaram o pacifismo e a separação entre igreja e estado. Os puritanos, que fugiram da Inglaterra e se
  • 35. 35 A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei) estabeleceram no Novo Mundo por causa da perseguição religiosa aplicaram a bíblia em todas as áreas da vida a fim de trazer transformação cultural. Ao longo dos tempos Deus tem levantado pessoas e igrejas, e pessoas que são igrejas para cumprir seu mandato universal: O reino de Deus está entre nós. Oramos a Deus para que, por sua graça, a igreja do Senhor, possa voltar ao primeiro amor, e as práticas da justiça e da trans- formação de vidas e comunidades por meio de seus atos de justiça. BIBLIOGRAFIA CITADA: Revolução do Reino – Josefh Mattera – Instituto e Publicações Transforma. Missão para a Cidade – Org. Jorge Barro - Descoberta Editora em parceria com a FTSA. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Como podemos contextualizar Levítico 19.9-10 com a igreja dos nossos dias? 2. Que coisas práticas devem fazer a igreja para torná-la relevante na comunidade onde ela está inserida? 3. Quais aspectos do Profetismo bíblico são completamente diferentes dos profetas da atualidade?
  • 36. 36 A missão da Igreja — Romildo Gurgel A primeira menção das escrituras da palavra igreja (ecclesiae) se encontra no texto de (Mateus 16). Jesus aqui interpreta não só o mistério como também traduz o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação da sua pessoa. Não há como entender esse mistério sem que atentemos para a função do Senhor como o cabeça da criação dessa comunidade. A comunidade é formada por todos aqueles que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto porque o significado literal da palavra Igreja é: “aqueles que são chamados para fora”, ou seja, as pessoas de todo o mundo são convidadas a saírem desse sistema dominado pelo seu príncipe, para se tornarem Igreja. A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo elu- cidou pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas escritas como (Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs. 26). Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte da verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção, – 6 –
  • 37. 37 A Missão da Igreja onde o mesmo apóstolo diz que lançou o fundamento como prudente construtor, fazendo uso dessa verdade, aonde outros viriam e edificariam sobre este fundamento que é Jesus Cristo (1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os escritos de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16) que depois escreveu em sua primeira epístola dizendo: “Chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pedro 2:4-5). O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã, é estar nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a sua experiência de vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da verdade e crendo nela, assegura (comunidade) sua alma para a salvação, quando reage apropriando-se através de uma atitude de fé confessional. Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o ministério da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem a palavra, foram selados e enviados a proclamarem (kerigma) essa verdade para que haja a continuidade dessa construção do santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que envolve todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibi- lidade (1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8). Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas inques- tionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após ouvir as boas novas de salvação em Jesus Cristo. O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros e levá-los a receberem os dons que Deus disponibiliza para que
  • 38. 38 Romildo Gurgel sejam equipados para toda boa obra ministerial para o aumento deste edifício. Este preparo ministerial pode ser a nível local e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica. Os dois níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não é fé. Ambos os níveis, devem ser comprometidos a exercerem ministério nos ambientes que não exista fé perceptível ou sau- dável, avaliando se o fundamento edificado não foi alterado, ou modificado. Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado a participar da missão de Deus (missio Dei). É Deus quem co- missiona sua igreja não ela mesma. A essência da comunidade da fé consiste no compromisso de cumprir essa missão comissionada por Deus. A Igreja per- meia entre dois ambientes: a comunidade da fé (comunidade em treinamento) e a comunidade sem fé (a ser alcançada). A Igreja que não se compromete com a missão de proclamar a salvação de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento que não é Cristo. Comunidade assim, se parece com um clube religioso onde todos os meses os seus membros pagam as suas taxas como mantenedores, e vivem como meros amigos que aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar sócio-cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas, correntes, promessas financeiras e ainda mais consumindo os seus produtos em troca de bênçãos. Podemos afirmar que esse tipo de evangelho tem o homem como centro (evangelho humanista). O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano atuando no palco do uso e das atribuições, enquanto que, o evangelho de Deus atua através da trindade, tratando os homens como paciente realmente passivo. No evangelho humanista a experiência está na pauta do engodo do consumo para satisfação própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de
  • 39. 39 A Missão da Igreja um “ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo verdade sem questionar. E por não perceberem, são atraídos por propostas gananciosas que sedem sem a mínima cautela, como está escrito: “Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim, a seu próprio ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos” (Romanos 16:18). O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustra- ção e a experiência do seu próprio esforço profissional ou certo desencargo de consciência por estarem ali apostando tudo, lhe sendo vedado a experiência do novo nascimento. Veja a adver- tência do Senhor: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13). Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos procla- madores: “Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15). Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a com- bater a mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros deveriam abraçar o ministério da reconciliação, podendo exercer este ministério dentro da comunidade (equipando os santos para toda boa obra) e ao mesmo tempo mobilizando-os para o campo onde não exista fé explícita. No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não é de mão única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensi- nava pedagogicamente como também praticava o que ensinava.
  • 40. 40 Romildo Gurgel A abrangência ministerial de Jesus está naquilo que Ele leu em uma sinagoga na cidade de Nazaré quando lhe deram o livro do profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar liber- tação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:18-19). Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: “Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir”(v.21). Só deste texto podemos extrair cinco ministéros: 1 – Evangelizar aos pobres. 2 – Proclamar libertação aos cativos. 3 – Restauração da vista aos cegos. 4 – Por em liberdade os oprimidos. 5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor. A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no mundo, não só pelo conteúdo que proclama, mas também pelo que pode fazer em resposta às necessidades das pessoas que es- tão em sua volta, através da ação primeira, a salvação das almas. A “grande comissão” foi entregue aos apóstolos, pois a eles foi lançado o desafio de pregar o evangelho em todo o mundo, e no evangelho de Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. (Mateus 28:19).
  • 41. 41 A Missão da Igreja “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. (Marcos 16:15-16) A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o ensino de todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a própria trindade que se interessa pelos perdidos. A Igreja tem a missão de reunir todas as pessoas ao redor do mundo, para ter comunhão com a trindade, da mesma forma que a trindade possui comunhão entre si, devemos ter comunhão uns com os outros, pois a parede da separação foi derrubada. Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que habilitam o homem de Deus a desempenhar o mandato da reconciliação. O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas igrejas têm se distanciado do modelo do kerigma ensinado por Jesus e interpretado pelos seus apóstolos. Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro do movimento de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se encontra quase que em todas elas. Através do seu marketing até mesmo as igrejas históricas sutilmente tem cedido a essa dissimu- lação. Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a música, o ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção. As pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão adquirindo a espiritualidade tão necessária para obterem a bênção. A grande verdade é que Jesus veio resgatar os pecadores e não os consumidores. Cabe aqui a advertência apostólica: “Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19).
  • 42. 42 Romildo Gurgel E ainda adverte o apóstolo: “Admira-me que estejais passando tão depressa que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7). A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços aos seus membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus mem- bros a obedecerem ao evangelho e a servirem a Deus e a seus semelhantes. Que Deus nos ajude e nos abençoe. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Na sua ótica o que seria fundamental para o cumprimento da missão deixada por Jesus Cristo? 2. O que você poderia comentar do comportamento da Igreja frente aos desafios de ser instrumento evangelizador e reconciliador? 3. Como você cumpre a missão deixada por Jesus Cristo? BILBIOGRAFIA PADILLAC.Renè.Oqueémissãointegral?pp.1-22EditoraUltimato.Viçosa-MG.2009 http://www.chamada.com.br/mensagens/consumo.html http://veshamegospel.blogspot.com.br/2010/01/cristianismo-de-consumo.html http://ganancia.com.br/index.php?id=63 www.respondi.com.br/2011/07/grande-comissao-de-mt-2818-20-vale-para.html
  • 43. 43 Transformando o Mundo Para a Glória de Deus — Marcos Aurélio dos Santos D eus está em missão. Como Igreja do Senhor Jesus, recebemos a tarefa de reconciliar todas as coisas com ele. Esta reconciliação acontece em quatro dimensões na qual o homem deve buscar. Devemos reconciliar-nos com Deus (espiritual-teológica), com o próximo (sócio-cultural), consigo mesmo (soteriológica=salvação pessoal) e com a natureza (micro-cosmomógica= planeta), pois assim somente haverá transformação de uma forma integral. Em sua missão no mundo, a Igreja deve entender de maneira clara seu papel como agente de transformação, como sal (caráter), dando sabor a um mundo destemperado pelo pecado nas áreas estrutural e pessoal. Como luz (boas obras), devemos resplandecer em uma sociedade em trevas. A comunidade dos santos, corpo de Cristo, noiva do cor- deiro, não foi chamada para ser apenas expectadora da história, mas como o sal que deve estar fora do saleiro, precisa salgar, deve evolver-se para conhecer a realidade da humanidade no poder do Espírito Santo, encarnando os valores do reino aqui – 7 –
  • 44. 44 Marcos Aurélio dos Santos e agora para que se cumpram as Escrituras quando diz que Cristo é o Senhor de tudo. A Igreja que caminha deve exercer sua vocação de serva, expressando ao mundo a vida e minis- tério daquele que a comprou por alto preço. Esta mudança só poderá ser evidenciada por meio da proclamação e encarnação do Evangelho. Esta igreja é viva, pois é nutrida por Cristo para sua glória. É na vida da igreja que a missão transformadora no primeiro momento acontece. Acredito que o passo inicial para a ação da igreja é arrepender-se do que ainda não fez, ou deixou de fazer na história em seu chamado para a missão. É preciso haver que- brantamento, renuncia, quebra de paradigmas, visão renovada e coragem, tudo na dependência total do Espírito Santo. Como diz um amado companheiro de missão, “devemos entrar em crise”, partindo dede uma atitude de arrependimento e humildade diante de Deus. A ação poderosa do Espírito causará forte impacto na liderança da igreja, que consequentemente encoraja os demais compartilhando a nova visão. Caso não haja um mover do Espírito par que aconteça uma mudança, tanto nos conceitos teológicos, como na maneira de realizar a missão, dificilmente a igreja cumprirá a missão de forma integral. Como proclamadora do Evangelho do reino, a igreja precisa encarnar sua pregação. Devemos ir além das palavras, demons- trando o amor de Jesus em serviço ao próximo. Não seria o míni- mo que uma pessoa sensata poderia nos pedir? Que demostremos esse Evangelho que anunciamos na prática? Então, ninguém que for alcançado pelo poder do Evangelho poderá negar que o amor de Jesus chegou até ele. Isto só acontecerá por meio da encarnação dos valores do reino de Deus em nós, em atos de compaixão e misericórdia com o outro.
  • 45. 45 Transformando o Mundo Para a Glória de Deus Assim fez Jesus. Ele pregava e servia. Em sua peregrinação ministerial, seus ensinamentos não se limitaram somente as pregações da sinagoga na tarde de Sábado, mas na vida. Na condição de servo serviu a todos. Andou pelas ruas e becos, em barquinhos, assentou-se e andou por lugares em que os religiosos da época passavam de longe. Quebrou preconceitos e paradigmas (no caso da mulher Samaritana). Seu amor acolhedor alcançou endemoniados, crianças pobres, prostitutas, leprosos, traidores da pátria e ladrões (publicanos), em fim, como ele mesmo disse: “Não vim para ser servido, mas para servir”. Uma igreja que transforma deve ter em seu caráter a vida de Jesus como refe- rencial no exercício da missão. Outra questão bastante pertinente, quanto à missão que foi entregue à igreja, é a sua vocação para o ministério profético. Como igreja, somos comissionados a denunciar as injustiças nas dimensões econômica, pessoal, social e política. A relevância neste ministério dar-se pelo fato de que a igreja é por natureza profética estribando-se na pregação e vida de Jesus de Nazaré. Em concordância, podemos ver estes feitos no ministério dos profetas Hebreus e nos apóstolos. (Veja: Os 4,1-2; Mq 6,11-12; Jo 6.14; Lc 9.19). Denunciar com voz, como também em nossa maneira de viver o Evangelho do reino, é o referencial maior de uma igreja profética. Para que a igreja entenda sua missão de profetizar, é preciso também mudar sua cosmovisão. Deve libertar-se de sua visão du- alista que por muitos anos na história separou a igreja do mundo. O Foco em extremo na “santificação individual” e o antigo lema de “ganhar almas” em detrimento da missão de cuidar das pessoas levou a igreja a uma compreensão distorcida quanto à sua forma de encarnaramissãobíblica.Estaposturaresultouemumafastamento da igreja quanto ao seu envolvimento em questões que não fossem
  • 46. 46 Marcos Aurélio dos Santos no seu ponto de vista, “espirituais”. Em sua história na missão, a igreja separou-se de forma gnóstica do mundo. É preciso enxergar o mundo sob a ótica do reino de Deus. Uma vez que Cristo é o Senhor de tudo, este reino deve ser manifesto por meio da igreja em todos os lugares e em todas as dimensões da vida humana. Isto implica no seu engajamento nas questões sociais, políticas, econômicas, culturais, espirituais, emocionais e etc. Como voz profética contra as injustiças no mundo, a igreja deve alargar a visão de ver o mundo como Deus o vê, de forma integral, na expectativa de reconciliar todas as coisas para sua glória. A igreja deve enxergar a humanidade com olhar esperançoso, como lugar de ação do amor de Deus, de maneira positiva, esta atitude de amor deve contribuir para a promoção da justiça aos desfavorecidos, para restauração do caído, para o acolhimento dos pobres, para transformação do pecador em discípulo de Jesus de Nazaré, para temperar o mundo com o caráter de Cristo, pois sem sal não há missão, para iluminar, pois é na luz, que o mundo verá as obras de Cristo em mim, e em você. Nossa voz profética deve ecoar sobre todo tipo de injustiça. Em coro, é preciso falar em favor daqueles que não tem voz, de gente que não tem a quem recorrer se não ao Deus de miseri- córdia, gente que sofre não apenas por ser pobre, mas porque perderam o respeito, a autoestima, a dignidade de ser gente, o direito, a autonomia. Nossa voz deve ir contra todo tipo de riqueza que produz a miséria do povo, seres criados à imagem e semelhança de Deus. Isto é missão. A igreja do Senhor Jesus é a agente de transformação nesse cenário. Seu envolvimento com as necessidades das pessoas, seu chamado para ser serva, a formação de novos discípulos, sua voz profética e uma vida sob a direção do Espírito Santo
  • 47. 47 Transformando o Mundo Para a Glória de Deus são alguns dos desafios missionais da igreja de nossos dias. Sua mensagem deve ser confrontadora, pois o Evangelho tem estes dois referenciais: Ele confronta e transforma. Que possamos nós todos os dias ser confrontados pelo poder do Evangelho do reino. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. A quem pertence à missão? 2. Porque a urgência em mudar nossa cosmovisão? 3. O que vem a ser a encarnação da pregação?
  • 48. 48 Emerge Novo Conceito de Santidade — Antônio Carlos Costa V ejo uma ruptura de gerações em curso na vida das igrejas do país. Um conceito de santidade de vida que começa a ganhar espaço nas mentes e corações de milhares de jovens, que vai alterar o perfil do protestantismo brasileiro. Pela primeira vez na história, três elementos novos farão parte, numa extensão nunca antes vista, da forma de o cristianismo ser vi- venciado pelos cristãos brasileiros. Que características são essas? COMPROMISSO COM O POBRE Começa a se espalhar pelo Brasil o interesse por resposta, à luz das Escrituras, para pergunta crucial: o que significa ser cristão num país de miséria? Como alguém que passou pela espantosa obra da regeneração responde à realidade dos barracos infesta- dos de ratos, cujas portas são banhadas por esgoto, dentro dos quais habitam crianças pobres, cujos pais estão desempregados ou recebem salários irrisórios? Milhares começam a questionar modelos eclesiásticos que negligenciam o cuidado daqueles para os quais Cristo dedicou especial atenção. – 8 –
  • 49. 49 Emerge um Novo Conceito de Santidade DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS Como pode uma pessoa ter conceito tão elevado sobre o homem a ponto de afirmar que seu ser carrega características que podem ser encontradas no próprio Deus, e, ao mesmo tempo, não se indignar quando aquele que foi criado à imagem do seu Criador é explorado, torturado e grita sob os golpes dos seus algozes sem ter quem o ouça? Jovens cristãos começam a ver como grave incoerência proclamar a dignidade do homem e ao mesmo tempo tratar com indiferença a banalização da vida humana, o que muitas vezes é perpetrado pelo próprio Estado. AMOR POLÍTICO Milhões de homens e mulheres encontram-se acorrentados a sistemas de opressão. Sem a mínima possibilidade de encontrarem alívio para sua dor, exceto se decisões no campo político sejam tomadas. Salários baixos, jornadas de trabalho desumanas, falta de moradia, carência de saneamento básico, insegurança nas ruas, hospitais mal equipados, escolas sem estrutura mínima. Não há igreja que dê conta desses males através da pura ação filantrópica. Há grande diferença entre dar pão e libertar o povo da escravidão do Egito. Cristãos brasileiros começam a perceber que a sempre indis- pensável generosidade pontual não dá conta do sertão nordes- tino, das favelas cariocas, dos bairros de periferia de São Paulo, das comunidades ribeirinhas do Amazonas. Há uma dimensão política no amor. Talvez você esteja perguntando: o que o leva a crer nessa trans- formação? Sei que essa profecia é a profecia do desejo. Gostaria de ver esse cristianismo emergir antes da minha morte. Minhas andanças pelo país, contudo, têm me levado a crer que algo já
  • 50. 50 Antônio Carlos Costa se encontra em curso. Ouço gemidos, vejo lágrimas, contemplo joelhos dobrados, em cultos nos quais a mensagem do amor simétrico e integral é anunciada. Se esses jovens conseguirem incorporar esses três elementos ao seu conceito de santidade, sem se deixarem levar por ideolo- gias políticas de esquerda ou de direita, mantendo a fidelidade às Escrituras, levando o evangelho aos que não conhecem a Cristo, exercitando o amor na igreja local e orando no poder do Espírito Santo, essa geração de cristãos terá transcendido a que a antecedeu. FONTE: palavraplena.typepad.com PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Qual a importância do resgate do cuidado com os pobres? 2. A igreja deve envolver-se com as questões dos direitos humanos? 3. Estaria a igreja falhando em sua missão profética?
  • 51. 51 Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora — Arturo Meneses M issão Transformadora vem do texto de David Bosch: “Transforming Mission”. O livro, quando originalmente lançado em inglês, em 1991, foi amplamente aclamado como a obra mais importante do século sobre o caráter missionário de Deus e os empreendimentos missionários da igreja! Com 17 impressões até 2002 (Em Inglês) e traduzido ao Português em 1998, bem vale a pena ler, estudar e debater, para as abordagens mais teológicas da Missão de Deus e papel da igreja, o qual não é o meu objetivo neste artigo. Deixo isso para os teólogos. A minha reflexão, tem a ver com o que David Bosch, já no seu livro, chama de “Missão, a crise contemporânea” (introdução página 22). Ele disse: “Um fundamento inadequado para a missão e motivos e metas missionárias ambíguos, estão fadados a acarretar uma prática missionária insatisfatória” Também acrescentou: Esse problema não é localizado “lá fora”, no campo de missão, mas no coração da própria igreja. O resultado é determinado pelo que acontece dentro da igreja, não fora, no campo de missão. – 9 –
  • 52. 52 Arturo Meneses Em 2008, interessantemente,17 anos depois do livro de Bosch, foi publicado outro livro por Paul Washer: Dez acusações contra a igreja contemporânea. Num tom apaixonado e corajoso (In- trodução página 9), o autor parece afirmar que a crise continua, quando diz: “Precisamos de um despertamento. Não entanto, não podemos esperar que o Espírito Santo venha e arrume toda bagunça que temos feito. Temos instrução clara da Palavra de Deus sobre o que Ele fez por meio de Cristo, como ele espera que vivamos, como espera que organizemos sua igreja” Na minha humilde perspectiva, tanto na reflexão de Bosch, como as acusações radicais de Washer, estamos falando de uma crise interna da liderança. Estratégias e práticas que são necessárias para viabilizar eficazmente a missão da igreja, como cooperadora da Missão de Deus. Os teólogos concordam que não pode haver missão transformadora, sem uma espiritualidade bíblica integral. Eu me permito propor que também não existe missão transformadora, sem uma prática de liderança também transformadora. Pensando com esperança, vamos assumir o paradigma de que crise, literalmente significa: (para os chineses) “Perigo de morte e também oportunidade única”. Qual é então uma possível opor- tunidade? Gostaria nesse respeito, refletir sobre a proposta de James Kouzes e Barry Posner, no texto editado em 2004: Reflexões cristãs sobre o Desafio da Liderança. Essa proposta, considerando que liderança é influência, convida a construir e cultivar 5 práticas exemplares de liderança. Acho que pode ser uma experiência importante para ser considerada como bússola de aprendiza- gem nos esforços da igreja para aprimorar uma estratégia de desenvolvimento da liderança. Essas práticas exemplares e seus compromissos são:
  • 53. 53 Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora PráticadeliderançaCompromissos 1.Modelarocaminho.Liderarapartirdaquiloemquese acredita,começandoporclarificarseusvalorespessoais;dar oexemplo,seromodelodecomportamentoqueesperados outros;alcançarodireitoeorespeitoparaliderar(Tito2:7) •Clarificarosvalores •Descobrircapacidades •Afirmarideaispartilhados •Darexemplo,alinhandoasaçõescomosvalores parafortaleceracredibilidade. 2.Inspirarumavisãopartilhada.Terumavisãodefuturo, imaginaraspossibilidadesatrativas;envolveraosoutrosnuma visãocomum,apartirdeumconhecimentoprofundodosseus sonhos,esperançaseaspirações(Habacuque2:2-3) •Pensarnofuturoepossibilidadesapaixonantes •Integraraosoutrosnumavisãocomum •Apelarasaspiraçõespartilhadas 3.Desafiaroprocesso.Reconhecerboasideias,sustentá- lasemostrarvontadededesafiarotradicionalparaobter propostasinovadoras;experimentarecorrerriscos,originando constantementepequenasvitóriaseaprendendocomoserros (Romanos12:2) •Procuraroportunidadesetomariniciativa •Criarformasinovadorasdemelhorar •Experimentareassumirriscos 4.Habilitaraosoutrosaagir.Promoveracolaboraçãodetodos, fomentandoobjetivoscooperativoseconstruindoconfiança; valorizaraosoutros,partilhandopoder,utilizandoapalavra “nós”(1Pedro4:10) •Fomentaracooperaçãoatravésdaconfiança •Facilitarosrelacionamentosedesenvolvernovas capacidades •Fortaleceraosdemaisaumentandoa autodeterminação 5.Encorajarocoração.Reconhecerascontribuições,através daapreciaçãopelaexcelênciaindividual;celebrarosvalores easvitórias,criandoumespíritodecomunidade.Integrar inteligênciaespiritualeemocional.(Filemom1:7) •Valorizaraparticipaçãodoscolaboradores •Fomentarexpectativaspositivas •Criarespaçosparacomemorarereconhecerações exemplares.
  • 54. 54 Arturo Meneses Essas práticas concretas são congruentes com a seguinte definição, que tenho adaptado destes autores e de John Maxwell: “Liderança é a arte de avivar os dons de Deus em nós, influenciando e mobilizando eficazmente a outros, para que aspirem fazer realidade uma visão compartilhada de transformação integral” Podemos concluir que não existe transformação sem liderança exemplar. Como diz Dallas Willard, a igreja é protagonista pre- parada por Deus com a mente de Cristo e o poder do Espírito, para ser parte de uma “conspiração divina” para a transformação do mundo. A igreja só é eficaz, quando Cristo é formado nela (Gálatas 4:19) Não só na espiritualidade, senão também no seu modelo de liderança servidora. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Qual é a relação das práticas exemplares de liderança com o desenvolvimento da missão transformadora pela igreja como cooperadora de Deus? 2. Qual das práticas exemplares de liderança considera o maior desafio no contexto da sua igreja? Por quê? 3. De que maneira, uma liderança exemplar interna na sua igreja local, fortalece a credibilidade do seu papel para a missão transformadora? “Quando o pastor ou servidor cristão deixa de se tornar o tipo de líder que Deus planejou para ele ou ela, todos perdemos a grande oportunidade de desfrutar do seu dom divino” —John Ortberg
  • 55. 55 Igreja: AgÊncia de Transformação no Mundo Contemporâneo — Renildo Diniz Lopes Junior O QUE SE PASSA NA ATUALIDADE Toda vez que pensamos na igreja estamos pensando no modelo estabelecido por Deus para expandir sua missão. A igreja é segu- ramente o veículo que expressa com maior naturalidade os planos de Deus em cumprir seus propósitos, não é a igreja apenas um simples ajuntamento de pessoas que solidarizam símbolos religio- sos, mas, uma comunidade em quem está a responsabilidade de anunciar as Boas Novas do Reinos de Deus (Lc. 8:1), a saber Jesus. Nos últimos anos temos testemunhado a grande ênfase que tem sido dada pela mídia ao crescimento das igrejas evangélicas, e aqui me refiro as diversas igrejas locais que se espalham pelo país. O fenômeno é sem dúvida espantoso, especialmente na América Latina e mais especificamente no Brasil, onde segundo o senso o número de evangélicos já chega a 25% comparado às últimas décadas. Esta expansão é variavelmente contrária ao que ocorre em continentes como a Europa onde a secularização não só da cultura como também da religião tem transforado os modelos – 10 –
  • 56. 56 Renildo Diniz Lopes Junior de religiosidade. Enquanto no Brasil temos uma esteira religiosa ampla e em pleno crescimento das formas religiosas, em outros países e especialmente em países do velho continente temos uma espécie de bricolagem que nada mais é que, uma espécie de sincretismo que ao invés de levar o indivíduo a variar entre vários modelos religiosos, cria um novo, não institucionalizado nem mesmo ligado as tradições religiosas herdadas. O caso brasileiro é interessante pois, não existe aqui uma desaceleração dos cultos, mas, o contrário; movimentos como os neopentecostais tem crescido bastante por exemplo. Outro fenômeno interessante paralelo ao crescimento dos protestantes é o número cada vez maior de pessoas desvinculadas das insti- tuições religiosas são os chamados “sem igreja”. Isso se dá por diversos fatores que não dará tempo trabalhar aqui, no entanto vale a pena lembrar que estas pessoas não se desligam necessa- riamente das tradições herdadas, simplesmente não querem mais envolvimento institucional. Estes fatores que caracterizam em parte a igreja protestante brasileira têm na verdade, produzido um grande desafio àqueles que se comprometem com a igreja do Senhor, eu diria que as nossas igrejas precisam refletir muito sobre o seu verdadeiro papel diante às transformações contemporâneas. Como ser igreja diante uma sociedade com aspectos religiosos sincréticos e triunfalistas? Como responder aos que não acreditam mais nas instituições, que deveriam ser manifestações da igreja invisível de Cristo, portanto, agências sinalizadoras do Reino? Que papel esta igreja pode exer- cer sobre a sociedade contemporânea? Quando começarmos a encontrar respostas sérias a estas questões talvez estejamos dando passos significativos a uma transformação que colocará a igreja como baluarte de transformação da nossa sociedade.
  • 57. 57 Igreja: AgÊncia de Transformação no Mundo Contemporâneo O QUE É ESSENCIAL PARA TRANSFORMAR Uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade necessita ter em mente algumas características imprescindíveis. Devemos lembrar que a igreja não é a dona da Missão, ela é cooperadora da Missão que pertence a Deus, isso leva a igreja a entender que sua existência está sob a dependência de Deus. Outro fator re- levante está no fato que os líderes devem estimular os membros das suas igrejas a conhecerem a realidade do mundo em que estão inseridos, por exemplo, quem são e como vivem as pessoas do bairro. Uma das grandes dificuldades que encontramos nas igrejas locais é sua completa alienação do estilo e modo de vida das pessoas, na verdade estamos interessados nos números que preencherão os bancos das nossas congregações e uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade não pode ignorar as lutas e sofrimentos das pessoas. O que esperamos das nossas igrejas é que elas sejam servidoras, nesse sentido vejo um problema; virou moda o líder ou pastor se tornar um administrador, uma espécie de líder sênior, um técnico. O que ocorre no meu entendimento é que os membros são levados a servirem a instituição com o pretexto de estarem servindo a Igreja do Senhor, não é pouco o que ouvimos: “tenha compromisso com a obra do Senhor”! Não é que esteja errado, mas, o que significa esta obra, seriam os ministérios da igreja local? Seriam os departamentos? Tudo isso é interessante, mas, quando falamos em uma igreja servidora devemos ter em mente o fato que a igreja vive para servir os de fora. Este é um aspecto fundamental, os crentes precisam inter- nalizar a sua função diaconal, sua tarefa em servir (Mc. 10:45) anunciando o Reino de Deus. O pastor é, portanto uma peça importante no visionamento da igreja quanto ao reino de Deus, Jorge Barro em O Pastor Urbano diz: “Quando a meta da ação pastoral é outra que não o reino
  • 58. 58 Renildo Diniz Lopes Junior de Deus, consequentemente estamos fora do modelo pastoral de Jesus e com certeza dentro de outros modelos, especialmente os modelos dos modismos pastorais”. (Barro: pg. 187). O que é extremamente essencial ao pastor é ter em sua mente sua tarefa bem definida, levar a igreja a um modelo de rebanho que faça com que esta igreja seja serva da comunidade em que está inserida. Finalmente, diria citando Jorge Barro, que é dever do pastor ou líder saber interpretar o seu tempo. Quando não sabemos traduzir as angustias, sofrimentos e alegrias das pessoas cometemos o erro de ignorar estas pessoas como agentes pessoais e as vemos apenas como números. Este erro deve ser evitado a todo custo, pois se persistirmos nele daremos claros sinais de que não entendemos qual a verdadeira tarefa não só do pastorado como também da igreja. Se queremos transformar a sociedade é tarefa nossa fazer uma releitura do texto Sagrado, contextualizando-o a um mundo que tem sido transformado pela secularização. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Como o líder pode interpretar a realidade em que vive? 2. Quais riscos o pastor corre quando se desvia da meta de ação pastoral? 3. Além das sugestões do texto para ser uma igreja transformadora, o que você poderia acrescentar?
  • 59. 59 O Desafio Urbano às Igrejas — Sérgio Paulo Ribeiro Lyra S egundo dados da ONU, em 1950 não existia em todo o mundo mais do que sete cidades com população superior a 5 milhões de pessoas. Os mesmos dados apontavam ha- ver cerca de 100 cidades com mais de um milhão de habitantes. Apenas 50 anos depois, a realidade é completamente outra. E se estendermos os horizontes para 2020 espera-se existir mais de 500 cidades “milionárias”, estando a maioria delas no Terceiro Mundo. Porém, há um outro fenômeno que também fora previsto. Trata-se da formação das metrópoles. No entorno de grandes ci- dades que começaram a crescer e desenvolver-se aceleradamente, floresceram outras cidades menores. Não havendo uma definição precisa, no Brasil fala-se de nove a doze metrópoles. Conscientes da amplitude que o leque de informações dispo- nibiliza sobre os aspectos urbanos de uma região metropolitana, tornou-se imperativo sumariar e delimitar nossa abordagem em apenas quatro aspectos: o econômico, a sociabilidade, as ações eclesiásticas e as oportunidades missionárias. – 11 –
  • 60. 60 Sérgio Paulo Ribeiro Lyra Estrutura econômica da Metrópole. Há duas faces opostas nas grandes cidades. Uma é aquela que frequentemente aparece nos congressos e relatórios de propaganda governamentais, nos folders das empresas, nas agências e mapas turísticos. Nesta face, a cidade é bonita, bem organizada, progressista, afável e ordeira para com os seus habitantes ou visitantes. Tomando a cidade do Recife como exemplo, ela é vista como o maior centro comercial do Nordeste, o segundo melhor centro médico do país, ostentando dezenas de faculdades e universidades e o seu polo de informática possui projeção internacional. Além disso, possui diversos polos industriais, destacando-se o Porto de Suape que vai abrigar o maior estaleiro do hemisfério sul, uma refinaria de petróleo e outros mega-investimentos. Foi olhando para essa face das cidades que surgiu a frase publicitária de um “Pernambuco como nunca se viu”. Triste, mas verdadeira, é a existência de outra face. As cidades metropolitanas no Brasil abrigam centenas de favelas e milhões de miseráveis. É facílimo se deparar com crianças e adolescentes fa- zendo alguma coisa nos sinais de trânsito, em busca de conseguir alguns trocados. A cidade da face bela, de repente, se transmuta e se torna local de milhares de desabrigados, desempregados, vicia- dos, verdadeiros miseráveis que, vivendo à margem sem desfrutar de acessos econômicos, se utilizam de meios escusos para viver. Se focalizarmos o aspecto da geração de renda e da oferta de empregos, as metrópoles nordestinas não fogem ao pano- rama nacional, agravando-o, inclusive. Pesquisa do IPEA com 130 países, apresenta o Brasil no vergonhoso segundo lugar no ranking das piores distribuições de renda. Só somos “melhores” do que a péssima distribuição de Serra Leoa na África. E mais, “de acordo com o Banco mundial, durantes os primeiros 25 anos
  • 61. 61 O Desafio Urbano às Igrejas do século 21, a pobreza mundial será cada vez mais concentrada nos grandes centros urbanos.” Milhares de retirantes das cidades do interior, em particular daquelas que não apresentam opções de renda, chegaram, e ainda chegam, às capitais em busca de melhores condições de vida. Isto amplia as dificuldades e geram uma grande grama de problemas estruturais. São essas pessoas que adensam as favelas e produzem uma imensa oferta de mão de obra não qualificada, sendo muitos os analfabetos. Mudanças na sociabilidade urbana Ao contrário das pequenas cidades do interior, o contexto ur- bano das metrópoles impõe a pressa, a concorrência, a presença incógnita, a valorização extrema da privacidade e o consequente isolacionismo social, a preocupação com a segurança, a inversão do valor de ser pelo ter e a inevitável restrição à sociabilidade que tudo isto provoca. As grandes transformações urbanísticas e tecnológicas não permitem mais o compartilhar de espaços comuns. Os espaços antes representados pelas praças e passeios públicos não têm mais importância na lógica atual da vida urbana. Assim, a metró- pole não é mais a cidade portadora de um centro marcado por monumentos, casas de espetáculo, restaurantes e ruas de lazer e compras. Hoje os habitantes de classe média das metrópoles pertencem mais aos bairros, verdadeiros novos centros onde lá se encontra praticamente tudo. Quanto mais rico o bairro, mais limpeza, mais iluminação, mais segurança, melhores acessos e mais oferta variada de produtos e serviços. Diante deste novo ambiente, fatores geradores de socia- bilidade como a rua, a feira, a praça e a igreja central perdem completamente os seus papeis como elementos facilitadores da socialização na cidade, descaracterizando, quase que por com-
  • 62. 62 Sérgio Paulo Ribeiro Lyra pleto, o perfil interiorano na metrópole. A metrópole moderna foi afetada por mudanças radicais. Uma simples análise deixa exposto o seguinte para a classe média urbana: ANO DE 1950 ANO DE 2005 Comunicação Rádio, Jornais, discursos nas praças. Celular, internet, TV, satélite. Centro da cidade Lugar de passeio, lazer e compras. Lugar de passagem, perigoso, compras só se necessário. Opção de compras Feiras livres, pequenos mercados, fidelidade a marcas, vendas em dinheiro. Shopping center, super-mercados, opção pela vantagem, Dinheiro eletrônico. Residência Fixa com pouca mobilidade. Móvel com uma mudança a cada cinco anos (média). Família Estável e grande com uma média de sete indivíduos. Frágil e pequena com uma média de quatro indivíduos. Sociabilidade Vizinhança conhecida, relacionamentos múltiplos e variados. Vizinhança desconhecida, sistemas de isolamentos e segregação nos relacionamentos.
  • 63. 63 O Desafio Urbano às Igrejas Dentre as características de sociabilidade nas metrópoles, a exigência por privacidade se destaca como uma sensora vigilante. Mora-se geograficamente próximo, mas, esses vizinhos pouco sabem além do número do apartamento um do outro. Não podemos deixar de questionar quanto dessa mudança de sociabilidade urbana tem afetado as igrejas. A primeira vista, identificamos quatro áreas seriamente afetadas e que carecem de investigações posteriores mais acuradas. (1) Primeiro, identifica-se claramente pais cristãos educando seus filhos não para servirem a Deus, mas para buscarem o sucesso conceituado e estabelecido pela sociedade não-cristã, produzindo a idolatria, ou no mínimo uma mega-valorização, do dinheiro, da carreira e do benefício sócio-econômico. (2)Segundo,háumprocessodeevangelizaçãoelitizada,econse- quentemente,acriaçãodoisolamento,gerandoaformaçãodeguetos evangélicos,entenda-secomunidadeauto-centrada,quepressupõem um nível social “adequado” para uma determinada igreja. (3) Terceiro, o isolamento quase que anula as possibilidades de ser testemunha, pois fechando-se na redoma da auto-proteção e auto-interesse, como cruzar barreiras e servir de testemunha de Jesus à cidade? (4) Quarto, o elitismo separatista faz com que a comunidade cristã dessas igrejas fique alheia à realidade da cidade que fica cada vez mais distante e alienada em todos os sentidos. Outro exemplo do isolacionismo social urbano atual é a preponderância do “carro individualizado” como meio de trans- porte, cuja ostentação de privilégio é a negação à sociabilização igualitária, quando comparado à sociabilização que o transporte coletivo proporciona. Nas metrópoles há bairros onde o fluxo de carros particulares na ida e volta ao trabalho é tão intenso, que produz congestionamentos regulares e quilométricos. A
  • 64. 64 Sérgio Paulo Ribeiro Lyra pobreza nesses bairros ricos é uma chaga indesejável, perigosa, uma agressão ao que se ver. A presença de pobres é apenas de passagem, eles só se fazem perceptíveis através das empregadas domésticas, funcionários de prédios e outros profissionais de serviços com pouca qualificação profissional. Entretanto, outra é a realidade nos bairros periféricos e nas cidades agregadas às capitais. Milhares de pessoas agrupadas pela parca renda e disponibilidade de investimentos, formam outro gueto, agora caracterizado pelo ciclo da pobreza. São pessoas cujo estilo de vida reflete muito da sociabilidade das cidades do interior. A rua e os lugares públicos, os festejos populares e religiosos voltam a assumir valores de sociabilização. Essa duplicidade exclusivista retrata a realidade de toda me- trópole. Há a existência de uma “polifonia social” que mistura contextos sócio-econômicos colocando-os lado a lado pela teia de atividades da cidade, e também produz isolacionamento, eliti- zação, marginalização e aglomeração geográfica de classes sociais. Nãosedevepassardespercebidoqueocontextoeconômiconas metrópoles impõe certas posses como um status quo social. Isto faz com o fato de possuir determinado objeto significa progresso e participaçãosocial,gerandoumasensaçãodesemelhançaepertenci- mento.Omelhorexemplodistoéotelefonecelular.Agrandecidade “determinou“ que é imprescindível para todos os seus habitantes possuírem um. Assim, quem o possui está atualizado e “conectado” com os demais habitantes da metrópole, podendo ser “achado” no meio da multidão a qualquer hora. Em menores proporções, o mes- mo vem ocorrendo com o DVD, a roupa e o sapato da estação etc. Oportunidades missionárias. Uma região metropolitana é um verdadeiro misto de realidades sócio-econômicas. Não é possível, por hipótese alguma, imaginar
  • 65. 65 O Desafio Urbano às Igrejas que a concentração metropolitana de tecnologia, meios de transportes, serviços públicos, escolas, hospitais e os fatores de sociabilidade estão igualitariamente distribuídos. Logo, é fácil deduzir que o perfil de uma pessoa urbana, irá sofrer a influência, desejável ou não, dessa distribuição diferenciada de acessos e fatores, modelando a pluralidade. Consequentemente, as igrejas também irão sofrer tal fatiamento urbano, mesmo que em menor escalar. Por essa razão, quando falamos em oportunidades urbanas, nos referimos à pluralidade de contextos e situações que existem nas metrópoles e que irão potencializar as ações missionárias a partir de suas igrejas locais. Esses múltiplos perfis precisam ser vistos pelas igrejas como oportunidades missionárias. Na pesquisa que realizamos, identifi- camos que na Região Metropolitana do Recife, em particular para a Igreja Presbiteriana do Brasil, a existência de sete presbitérios, com um total de 53 igrejas organizadas. Adicionando a existência de igrejas batistas, metodistas, congregacionais e de outras de- nominações evangélicas, essa metrópole se torna um estratégico centro missionário. Leve-se em consideração que há igrejas es- tabelecidas em quase todos os locais, porém elas não trabalham missionariamente articuladas. Parece-nos até que apenas crentes de uma ou outra denominação terão acesso ao Reino de Deus. Outro fator de importância missiológica identificado é que há muitos membros das igrejas metropolitanas que possuem paren- tes em outras partes da metrópole. Uma vez quebrado o muro da inércia e da alienação, inúmeras oportunidades missionárias poderão surgir simplesmente através de vínculos familiares. Entretanto, o que observamos é que a grande maioria das ações missionárias urbanas é o resultado de uma iniciativa das igrejas locais sem planejamento. A parceria de igrejas em prol do Reino precisa ser restaurada como uma verdadeira oportunidade
  • 66. 66 Sérgio Paulo Ribeiro Lyra missionária a partir da metrópole, podendo somar esforços, difundir e suprir necessidades, oferecer treinamentos específicos, oportunizando diversas propostas de missões. Por fim, merece atenção, ainda, cinco aspectos da ação social e da evangelização aos pobres. (1) Primeiro, que é inegociável reconhecer que nenhuma comunidade de servos de Deus pode alienar-se à realidade da miséria existente no contexto em que a igreja está inserida, por mais doloroso que tal processo de conhecimento e participação venha a ser, ou por maior que seja a extensão da miséria. (2) Segundo, é preciso afirmar que as grandes proporções de pobreza existente, não podem servir de justificativas para a inércia da Igreja. A Igreja é a comunidade “sal e luz” e precisa se voltar para o mundo não-cristão com modelos de solidariedade, com projetos e ações criativas produzindo mudanças permanentes, mesmo que atinja pequenas proporções de pessoas com almas sedentas de graça e corpos famintos de pão. (3) Terceiro, a participação das igrejas urbanas mais abastadas precisa mudar o foco da auto-aplicação dos recursos materiais e humanos e direcioná-los mais abundantemente para as áreas de pobreza das cidades e também para áreas rurais de miséria. (4) Quarto, seguindo a orientação do apóstolo Paulo, em cada igreja local as famílias devem ser incentivadas a reservar mensalmente um pouco do seu ganho para ser destinado ao so- corro dos necessitados, desfrutando assim da bem-aventurança de dar (At. 20:35). (5) Quinto, é urgente a necessidade de quebrar os muros de separação e produzir participação em ações de parcerias sociais com outras comunidades reconhecidamente evangélicas, no propósito se fazer ouvida em alto e bom som a voz profética da Igreja contra a injustiça social e o descaso contra os desprovidos,
  • 67. 67 O Desafio Urbano às Igrejas tornando tal atuação uma influência nas decisões políticas de investimentos e planejamento sociais, à semelhança do ideal de ajuda aos pobres e igualdade social que João Calvino desejava e buscou produzir na cidade de Genebra. Por amor a Cristo; por crermos que a Sua igreja é comissiona- da para evangelização e ação social; por obediência à Palavra; por vermos no outro necessitado a imagem de Deus e por crermos que o estado de pobreza e miséria não honra a Deus, embora pos- sa ser por Ele usado como disciplina e ensino divinos, não cuidar da causa do pobre e miserável é inquestionavelmente pecado! PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: 1. Porque nas grandes metrópoles há grande concentração de miseráveis? 2. Qual a relação entre o desvio do capitalismo e a pobreza nas grades Cidades? 3. E a Igreja? Qual o seu papel diante desta realidade?
  • 68. 68 Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus — Ana E.C. Borquist — Bruce R. Borquist Qual a missão do Povo de Deus (ou seja, da Igreja)? Em poucas palavras, a missão dos seguidores de Jesus se refere à proclamação e demonstração das boas novas da nova vida em Jesus e da presença do Reino de Deus. Enfatiza um compromisso de viver nossa fé individual e coletiva “à ma- neira de Jesus” (1 Jo. 2.4-6). Destaca que Deus chama seu povo a compartilhar a plenitude do Evangelho que transforma a vida em todas as suas dimensões: do indivíduo para a sociedade. Mas, como conduzir a igreja no processo de amadurecimento a fim de que ela se torne um canal eficaz do todo Evangelho em palavras e ações, cooperando com Deus na missão integral dEle? Os seguintes fatores e práticas foram identificados numa pes- quisa feita com várias igrejas da Convenção Batista Nacional do Brasil (CBN) já engajadas em ministérios que refletem a missão integral de Deus.* Eles representam um entendimento comum a respeito dos elementos, práticas ou estratégias necessários que facilitem a transição da igreja focada em si mesma para uma igreja – 12 –
  • 69. 69 Os Fatores Essenciais equilibrada que, simultaneamente, cuida dos seus membros e os equipa para mostrar o amor de Deus e as Boas Novas de Jesus em palavras e ações. Fatores essenciais 1. O PASTOR O pastor é a pessoa chave para promover a visão da missão inte- gral de Deus e o papel da igreja local nela. O pastor precisa ter uma compreensão profunda e clara do mandato bíblico de que cada discípulo deve se engajar na missão de Deus no mundo, “na maneira de Jesus”. Se o pastor estiver relutante ou tiver dúvidas sobre a necessidade de participar da missão de Deus além das quatro paredes da igreja, a igreja continuará a andar lentamente, investindo exclusivamente em ministérios que beneficiam os próprios membros. O pastor é quem seleciona e treina a equipe de liderança res- ponsável por mobilizar a igreja para a missão integral. Um pastor afirmou com paixão: “Permita o seu povo trabalhar! Liberte o seu povo para fazer aquilo que o Espírito Santo o chamou a fazer!” 2. ORAÇÃO Pela oração, a igreja busca a vontade de Deus para a sua missão específica. Uma igreja mobilizada para a missão integral de Deus organiza campanhas de oração e inclui em sua pauta de oração tanto os de dentro quanto os de fora da igreja. A campanha de oração não é somente para “conseguir algo” de Deus, mas sim, para que cresçamos em nossa compreensão acerca da Sua vontade e da nossa identidade como a igreja. A conversa com Deus em oração nos ajuda a compreender melhor o nosso papel particular na missão divina. Pedimos a Deus que
  • 70. 70 Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist nos revele qual a vocação específica da igreja e a maneira como ela pode abençoar sua comunidade. 3. O ESPÍRITO SANTO As igrejas que Deus usa para abençoar a comunidade e o mundo ouvem à instrução do Espírito e se apressam a obedecer. O Es- pírito fala de diversas maneiras: por meio de sonhos, pregações, da leitura da Bíblia, profecias e do conselho ou ensinamento de outros discípulos. A obra do Espírito Santo é de promover unidade, força, perseverança, e crescimento espiritual e missionário da igreja, de mobilizar todo membro a fazer parte da missão integral de Deus. Um estudo sobre o papel e as funções dos dons espirituais possibilita os membros a descobrirem seus dons particulares. 4. A EQUIPE DE MOBILIZADORES DE MISSÕES Igrejas atuantes na missão integral de Deus têm um determinado grupo de pessoas que guia e incentiva a participação de todo membro nos projetos. Membros da “Equipe de Mobilizadores de Missões” são homens e mulheres de fé profunda, pessoas apaixonadas a cooperar com Deus na missão dEle no mundo, que demonstram perseverança diante de dificuldades, e são respeitadas pela igreja porque mostram todas essas qualidades. O tamanho ideal para a Equipe é de cinco a doze membros. Sua tarefa é mobilizar os dons e habilidades dos membros para responder às necessidades de um determinado projeto. O ideal seria que os membros da Equipe ficassem respon- sáveis para as funções de: educação missionária, comunicação, levantamento de recursos, informação e intercessão (oração), e gestão de projetos missionários. Uma tarefa importante da Equipe
  • 71. 71 Os Fatores Essenciais é de compartilhar informações sobre o progresso dos projetos, e levantar as necessidades espirituais e físicas deles diante da igreja. 5. FORMAÇÃO DA LIDERANÇA DA IGREJA O pastor e a Equipe de Mobilizadores de Missões aproveitam toda oportunidade para comunicar claramente à liderança qual a visão de Deus para a igreja. Uma responsabilidade importante do pastor e dos líderes é ajudar os membros a descobrirem por que a igreja existe, e em qual parte eles podem atuar individu- almente e coletivamente na missão de Deus. Em particular, a liderança ensina que os membros fazem parte da igreja e rece- bem a cura de Deus e o cuidado da igreja não apenas para o próprio benefício, mas sim, para serem capazes de compartilhar essas mesmas bênçãos com pessoas que ainda não fazem parte da família de Deus.. 6. COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO TRABALHO Um papel importante da Equipe de Mobilizadores de Missão e do pastor é divulgar os ministérios da igreja com regularidade, empregando vários meios de comunicação, tais como fotos, vídeos, PowerPoints, um blog, Facebook, um web site, cartazes e exibições. Os líderes convidam membros da igreja que servem num determinado ministério para contar a sua história durante o culto, testemunhando como Deus está trabalhando em e por meio de todos os envolvidos no projeto. Uma igreja pesquisada afixa grandes cartazes (de um metro quadrado) destacando os vários ministérios dela no fundo do templo. Junto com os cartazes, ela coloca um banner enorme que apresenta a relação financeira, mostrando as ofertas recebidas e os investimentos feitos em cada ministério. Muitas igrejas dedicam