SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA:
UM PONTO DE VISTA DE EGRESSOS
Andréia Büttner Ciani
Dulcyene Maria Ribeiro
Marcos Antonio Gonçalves Júnior1
Resumo
Entender, mediante um breve olhar pela história da Educação Matemática, como chegou a ser
o que é hoje o currículo dos cursos de licenciatura em matemática, estabelecer relações e
analisar alguns comentários de alunos egressos do curso de Matemática da UNIOESTE sobre
o curso e os conteúdos envolvidos são os principais objetivos dessa pesquisa que se encontra
em fase inicial. Assim, discute-se como a Reforma Matemática Moderna e a estrutura
curricular das licenciaturas pode ter influenciado a concepção de matemática subjacente a
esses cursos e, por conseguinte, também a visão que os alunos constroem sobre a importância
de alguns conteúdos da sua formação profissional e sobre a própria Matemática.
Palavras-Chave: Educação Matemática; Formação de Professores de Matemática; Currículo
Introdução
Este trabalho pretende aprofundar o estudo sobre a formação dos professores de
Matemática com enfoque no currículo. Toma-se como ponto de partida as opiniões de alguns
alunos egressos do curso de Licenciatura em Matemática da UNIOESTE, campus de
Cascavel, sobre os conteúdos presentes na grade curricular da sua formação. Isso foi possível
por meio dos registros do projeto de pesquisa intitulado: Diagnóstico do Projeto Político
Pedagógico do Curso de Matemática (BELLO et al, 2002). O objetivo principal desse projeto
foi aprofundar as discussões acerca da formação inicial dos professores nos cursos de
Licenciatura. O projeto contou com um questionário (19 questões), dirigido aos alunos
egressos do curso, dos anos de 1997 a 2000, formados segundo a mesma grade curricular.
Neste estudo nos centramos na análise de apenas uma das questões. Uma primeira
interpretação às respostas dessa questão ocorreu em (CIANI et al, 2004). No momento,
buscamos ampliar a compreensão das respostas por meio de uma pesquisa bibliográfica.
Alguns Aspectos Curriculares da Matemática
Pensamos que atentar o olhar para a recente história das reformas curriculares no
ensino da Matemática e para a história dos cursos de formação de professores no Brasil pode
ajudar na compreensão geral de como o currículo dos cursos de licenciatura em Matemática
chegou a ser o que é hoje.
1
Docentes do curso de Matemática da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), integrantes do
Grupo de Pesquisa: Formação de Professores de Ciências e Matemática. E-mails, respectivamente:
andbciani@ibest.com.br, dulcyenemr@yahoo.com.br, margonjunior@yahoo.com.br.
Segundo Fiorentini (1995, p.5), até o final da década de 50, “o ensino da Matemática
no Brasil, salvo raras exceções, caracterizava-se pela ênfase às idéias e formas da Matemática
clássica, sobretudo ao modelo euclidiano e à concepção platônica de Matemática”. Era um
ensino livresco e centrado no professor como o detentor e o transmissor que iria expor o
conteúdo.
De maneira geral, a licenciatura brasileira encontrava-se nesse contexto quando, no
mundo, começava a surgir idéias de reformulação e modernização do currículo escolar.
As propostas de reformas curriculares pelas quais passaram a Matemática não
estiveram imunes a possíveis distorções e a avaliações, muitas vezes, negativas. Um exemplo
característico foi a reforma curricular, iniciada por volta de 1960, intitulada Matemática
Moderna. Uma proposta que “inscreveu-se muito claramente numa política de formação a
serviço da modernização econômica” (PIRES, 2000, p. 9). A modernização era desejo das
elites ocidentais, posto que viram, preocupadas, em 1957, os russos lançar o Sputnik2
. Para o
contexto histórico da época, modernizar-se significava conseguir avançar tecnologicamente e,
conseqüentemente, implicava na necessidade de se realizar melhores pesquisas. A Matemática
era vista, então, como a chave para esse avanço. Por isso a “preocupação central [da reforma
Matemática Moderna] era a de se ter uma Matemática útil para a técnica, para a ciência e para
a economia moderna” (PIRES, 2000, p. 11). Do ponto de vista educacional, era preciso,
portanto, “aumentar a competência dos jovens e formar, particularmente, cientistas e
engenheiros de alto nível”, com o objetivo de elevar o nível técnico e científico. Isso, com
certeza, passava pelo âmbito da Matemática. (PIRES, 2000, p. 19).
Resumidamente, a reforma intitulada Matemática Moderna: 1) Preconizava o estudo
dos conjuntos e das relações, colocando ênfase nas definições como algo que daria um sentido
preciso a determinados termos matemáticos, aos quais os alunos deveriam se ajustar; 2)
Concebia uma Matemática prioritariamente algébrica, lógica, na qual se estudava estruturas e
sistemas de símbolos, preocupada com maior generalidade e acesso a um nível de abstração
superior – característica esta considerada a mais moderna da Matemática. Enfim, concebia a
Matemática como linguagem universal, ou linguagem da “racionalidade moderna”, que era
chave para o acesso ao pensamento científico (PIRES, 2000, p.11).
Para os níveis Secundário e Universitário, a reforma no ensino baseou-se na idéia da
apresentação formalista da Matemática, ou seja, o professor deveria partir das hipóteses ou
axiomas para articular as deduções lógicas, chegando assim aos resultados - os teoremas
2
Em 4 de outubro de 1957, a União Soviética lançou no espaço o primeiro satélite artificial da história, o
Sputnik, marcando o começo da exploração espacial e da corrida espacial entre os Estados Unidos e a União
Soviética. (http://www.hq.nasa.gov/office/pao/History/sputnik/).
(PIRES, 2000, p.14). Essa é basicamente a concepção de que a Matemática é a ciência das
demonstrações rigorosas, é uma tendência formalista (DAVIS e HERSH, 1985, p.357-361).
No Brasil, a introdução das idéias da Matemática Moderna começa a ser discutida,
com pouca atenção, a partir do ano de 1955, em Congressos Brasileiros do Ensino de
Matemática. E, em 1967, também num desses congressos, é que se discute com mais
objetividade e atenção essa introdução de reforma no ensino secundário (PIRES, 2000, p.32).
Fiorentini (1995) e Pires (2000) colocam também que, em 1961, foi fundado em São
Paulo o GEEM (Grupos de Estudos sobre o Ensino da Matemática), que contribuiu
decisivamente para a difusão do ideário da Matemática Moderna e,
muitos professores universitários, influenciados pelos trabalhos do grupo
francês ´Bourbaki´, também difundiram, por longo tempo – ocorrendo ainda
hoje em algumas universidades – esse ideário e, sobretudo, a concepção
estrutural-formalista da Matemática, através dos cursos de Licenciatura em
Matemática (FIORENTINI, 1995, p.15)
Nessa época, décadas de 60 e 70, o ensino no Brasil mostrava uma tendência
tecnicista, na qual a educação escolar teria a “finalidade de preparar e ‘integrar’ o indivíduo à
sociedade, tornando-o capaz e útil ao sistema”, baseada numa concepção behavorista de
aprendizagem, segundo a qual aprender é mudar de comportamento mediante estímulos
(FIORENTINI, 1995, p.15).
Configurava-se um contexto composto por uma maneira de conceber o processo de
ensino e aprendizagem – tecnicista - e por uma maneira de conceber a Matemática - a reforma
Matemática Moderna. Tem-se, então, o “tecnicismo-formalista” (FIORENTINI, 1995, p.15).
Segundo Pires (2000), no estado de São Paulo, essa introdução de idéias ficou
registrada na elaboração dos chamados Guias Curriculares, que já datam de 1976, usados para
orientar as escolas de 1o
grau no que se refere aos aspectos metodológicos, aos objetivos e à
apresentação dos conteúdos.
Os manuais para o ensino priorizavam o
[...] treino/desenvolvimento de habilidades estritamente técnicas. Os
conteúdos, sob esse enfoque [tecncista-formalista], aparecem dispostos em
passos seqüenciais em forma de instrução programada onde o aluno deve
realizar uma série de exercícios do tipo: ‘resolva os exercícios abaixo,
segundo o seguinte modelo...’ (FIORENTINI, 1995, p.16).
O ensino passa a deixar para segundo plano a essência dos significados
epistemológicos dos conceitos, enfatizando a Matemática pelas fórmulas, definições, aspectos
estruturais, pelo rigor no uso da linguagem matemática, e pela precisão, entre outros; é como
se a Matemática não tivesse relações com interesses políticos e sociais (FIORENTINI, 1995,
p.16).
Os conteúdos passam a ser encarados como informações, regras e princípios que
devem ser memorizados, passam a ser organizados com a finalidade de que os alunos se
tornem habilidosos na utilização de algoritmos e fórmulas e na resolução de problemas-tipo
(FIORENTINI, 1995). Este último aspecto, segundo o método da descoberta, “que
compreende técnicas da redescoberta, da resolução de problemas e de projetos”, é bastante
experimentado na educação científica (FIORENTINI, 1995, p.16).
O II Congresso da International Comisson on Mathematical Instruction, em 1972,
marcou o fim da Matemática Moderna. Começava-se, então, a perceber a necessidade de
novas propostas:
A crítica à excessiva valorização dos conteúdos em lugar dos métodos, as
primeiras discussões sobre a resolução de problemas e a ligação da
Matemática com a vida real, os debates sobre o uso de calculadoras e de
outros materiais de ensino foram colocando em xeque o ideário do movimento
anterior. A compreensão de que aspectos sociais, antropológicos,
psicológicos, lingüísticos têm grande importância na aprendizagem da
Matemática trouxe novos rumos às discussões curriculares (PIRES, 2000, p.
12-13).
Gonçalves e Gonçalves (1998) colocam que os cursos de licenciatura das
universidades brasileiras seguem, de maneira geral, o modelo chamado “racionalidade
técnica” (SCHON, 2000), numa concepção de estrutura curricular em que as disciplinas dos
conteúdos específicos são ministradas antes das disciplinas pedagógicas. No entanto, percebe-
se alguma mudança nessa estrutura, sobretudo com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), em 1996, e as Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores para a Educação
Básica, do Conselho Nacional de Educação, de 2001.
De fato, há poucas pesquisas que relatam como estão as licenciaturas atuais. Sabe-se
que as disciplinas pedagógicas e a prática de ensino ganharam uma maior carga horária com
as novas diretrizes. A LDB sugere 300 horas de prática de ensino e as diretrizes de 2001
sugerem 800 horas de prática pedagógica escolar. No entanto, parece ainda haver uma grande
desarticulação entre as disciplinas chamadas pedagógicas e as chamadas de matemática.
Inseridos numa formação com fortes influências de uma Matemática formalista, ensinada sob
as características tecnicistas, os licenciandos encontram-se numa situação na qual alguns
conhecimentos que lhes são apresentados como importantes para sua formação profissional
parecem desnecessários e estão distantes da realidade de sala de aula.
Analisando as Respostas de Alguns Egressos
Como parte do projeto de pesquisa, referido anteriormente, 12 alunos egressos do
curso de Licenciatura em Matemática da UNIOESTE, campus de Cascavel, expressaram sua
opinião como resposta ao seguinte questionamento: “Dê uma nota de 0 (zero) a 10 (dez) para
avaliar os conteúdos abaixo quanto a presença no curso, a sua compreensão dos mesmos e a
importância destes na sua prática cotidiana de sala de aula. Justifique sua resposta” (grifo
dos autores). Ao justificarem a importância dos conteúdos, os entrevistados explicitaram que
alguns são mais relevantes referindo-se ao potencial de aplicação direta dos conteúdos: (i) no
seu trabalho imediato na sala de aula (como era perguntado), ou (ii) em cursos de pós-
graduação em Matemática Pura ou Aplicada.
Os egressos responderam que os conteúdos relevantes são os referentes a conjuntos
numéricos (números inteiros, divisibilidade; números racionais e propriedades; grandezas
incomensuráveis e números irracionais; números reais) e funções (funções reais, propriedades
e gráficos; função afim e quadrática; função exponencial e sua inversa, função logarítmica;
funções trigonométricas). O egresso B, por exemplo, respondeu que “são conteúdos básicos
como esses que precisamos saber para ensinar para nossos alunos, como o curso é
licenciatura, acho que aparecem pouco”. Já um outro ex-aluno, egresso C, refere-se à não
importância em conhecer o conjunto dos números complexos e suas propriedades, pois
responde que “não é dada muita importância para números complexos no Ensino Médio”.
Por outro lado, as disciplinas do curso de graduação, para as quais os egressos não
conseguem visualizar uma transposição direta ao campo de atuação profissional, no caso a
docência nos Ensinos Fundamental e Médio, são consideradas disciplinas proveitosas somente
aos que ingressarem, posteriormente, num curso de pós-graduação. Essas disciplinas, para
eles, parecem não ter razão de existir na grade curricular de um curso de formação de
professores de Matemática, como é o caso da Análise Matemática e de Estruturas Algébricas.
Elencamos duas respostas referentes à Análise Matemática:
• “Se o curso é de licenciatura, pouco será usado no ensino fundamental e médio, é
interessante para quem quiser fazer mestrado ou doutorado” (Egresso A).
• É “uma disciplina bastante teórica e voltada especialmente para estudos futuros não
vejo, até agora, aplicações diretas” (Egresso B).
Essa referência a cursos de pós-graduação nos chama a atenção para o que Pérez et al
(2001, p.133, grifo dos autores) classificaram como uma “visão elitista e individualista” da
ciência: os “conhecimentos científicos aparecem como obras de gênios isolados, ignorando-se
o papel do trabalho coletivo e cooperativo, dos intercâmbios entre equipes”.
Para a maioria das pessoas, incluindo alunos e professores, o trabalho científico é
reservado a uma minoria, “especialmente dotada”. Transmite-se expectativas negativas e
discriminação de natureza social e mesmo sexual em relação à produção da ciência. Os
egressos também se colocam nessa condição, muitas vezes acreditando não serem capazes de
fazer um curso de pós-graduação e, portanto, acreditam que algumas disciplinas do curso não
são necessárias para a sua vida científica modesta e servem somente para alguns privilegiados.
Em relação à disciplina Análise Matemática, Moreira et al (2005, p.21), baseados em
autores como Shulmam, Lins e Llinares, defendem que conhecer este tipo de matemática,
“submetida a um modelo de organização axiomática, utilizando uma linguagem formal, com
os conceitos ‘unificados’ num alto grau de abstração e generalidade, etc.”, nem sempre
significa “ser capaz de dar respostas às questões que se colocam para o professor em sua
prática docente escolar”. Parece que, no nosso caso de estudo, temos um fato que corrobora
essa idéia, pois os licenciados nem se quer vêem essa possibilidade – da ‘matemática
avançada’ ajudar a explicar a ‘matemática escolar’ – pois não percebem conexões entre os
conteúdos da disciplina Análise na Reta com a sua prática escolar.
Então, ou essa ‘matemática avançada’ é apresentada com tamanha expectativa de
cumprir com a tendência formalista, pelo viés do tecnicismo, que se torna quase inacessível e
distante, ou realmente essa “matemática avançada” é desnecessária para a formação do
professor.
Os egressos também utilizaram argumentos que indicaram uma “visão
exclusivamente analítica, a qual destaca a necessária divisão parcelar dos estudos, o seu
carácter limitado, simplificador” (PÉREZ, 2001, p.131, grifo dos autores). Ela é um reflexo
das idéias expostas por Descartes, o qual formalizou um método para chegar à verdade
científica, e, segundo Cury (1994), influenciou de forma marcante a formação das concepções
dos matemáticos. O pensamento cartesiano exposto no Discurso do Método influenciou todo
o pensamento científico a partir do século XVII. Consistia na decomposição do pensamento e
dos problemas em suas partes componentes, até se chegar a um grau de simplicidade
suficiente para a sua disposição numa ordem lógica. Acreditava que todo o universo pudesse
ser explicado por leis matemáticas e pelo entendimento de suas partes. Por isso a necessária
divisão do conhecimento em partes. Entendemos que essa disposição impossibilita, de certo
modo, até os dias atuais, que o aluno consiga novamente compor e resgatar o todo do
conhecimento a partir de suas partes. O significado de cada uma delas pode não comtemplar a
essência do conhecimento original. Esquece-se a origem de determinados conteúdos como se
eles existissem por eles mesmos, independentes, e não como partes integrantes e relacionadas
a outros.
Considerações
Percebe-se que, atualmente, enquanto a matemática formalista parece ser a concepção
predominantemente pretendida pelos cursos de Matemática, a concepção de ciência está
fortemente influenciada pela visão cartesiana de mundo, o que nos remete à visão parcelar dos
estudos.
No ensinar Matemática, o tecnicismo parece se potencializar, pois o ensino de
Matemática acaba centralizando seus esforços na ênfase à importância das estruturas, às regras
isoladas e à aplicação de algoritmos; o tecnicismo se impõe à compreensão epistemológica
dos conceitos.
Por estas características coexistirem e fundamentarem o ensino de Matemática, parece
coerente que as respostas e justificativas dos egressos convirjam à idéia de que as disciplinas
importantes na formação do licenciado em matemática são aquelas para as quais eles
percebem uma transposição direta dos saberes na prática docente. As disciplinas nas quais
eles não percebem essa transposição são consideradas proveitosas somente aos que pretendem
lecionar no Ensino Superior ou ingressar num curso de pós-graduação.
Além de sua apresentação formalista, podemos citar o fato desta disciplina tratar
também de algumas questões do Cálculo, de maneira mais aprofundada e generalizada, sem
que, no entanto, os alunos percebam claramente as conexões existentes entre essas disciplinas.
Se, aparentemente, existe desarticulação entre as próprias disciplinas do curso, fica difícil
esperar que os alunos considerem esses conteúdos como informações importantes para sua
atuação pedagógica.
Como salientam Moreira et al (2005, p.23), “[...] o conhecimento matemático, em sua
sistematização lógico-formal-dedutiva e suas formulações conceituais com base nas
‘estruturas’ [...] está longe de ser suficiente para dar conta das questões que se colocam para o
professor em sua prática pedagógica”, como acontece com a disciplina de Análise
Matemática.
A respeito das concepções de matemática e de ciência que, a nosso ver, têm
influenciado o currículo dos cursos de licenciatura e, conseqüentemente, os conteúdos das
disciplinas, vale ressaltar ainda que não se trata de um contexto simples e definido. Ocorre um
amontoado de partes de cada uma dessas concepções misturando tendências pedagógicas e
concepções filosóficas de ciência e da ciência Matemática, como é o caso da tendência
tecnicista-formalista (FIORENTINI, 1995). No entanto, segundo Cury (1994, p.68), para o
professor em sala de aula, não ocorre uma associação direta entre a sua concepção do
pensamento matemático e a sua prática pedagógica, mesmo porque nem sempre ele tem
definida e clara a sua concepção. Isso nos sugere a importância de se investigar a prática
pedagógica nas licenciaturas em matemática, sobretudo investigar aspectos referentes ao
currículo oculto.
Referências
BELLO, S. E. L. et al Trabalho de Pesquisa: Diagnóstico do Projeto Político do Curso de
Matemática. UNIOESTE, campus de Cascavel, 2002, 23p.
BRASIL. Secretaria de Estado da Educação, SP. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional: texto na íntegra lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP
28/2001. Brasília, 2001. Disponível em:
<http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/pareceres/02801formprof.doc>. Acesso em 30 nov 2005.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP
09/2001. Brasília, 2001a. Disponível em:
<http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/pareceres/02801formprof.doc>. Acesso em 30 nov. 2005.
CIANI, A. B et al. Uma interpretação sobre o ponto de vista dos egressos da licenciatura em
Matemática. In: SEMANA DA MATEMÁTICA DA UNIOESTE, 17, 2004, Cascavel-PR.
Anais.../Cascavel, 2004.
CURY, H. N. Concepções filosóficas da matemática: algumas considerações sobre as idéias
que têm influenciado os matemáticos e professores de matemática. In: ____ As concepções de
matemática dos professores e suas formas de considerar os erros dos alunos. Tese de
Doutorado. Porto Alegre: UFRGS, 1994.
DAVIS, P. J.; HERSH, P. A. A experiência matemática. Rio de Janeiro: Franscisco Alves,
1985.
FIORENTINI, D. Alguns modos de ver e conceber o ensino da matemática no Brasil.
Zetetike, Campinas, n.4, 3. 1995, p.1-37.
GONÇALVES, T. O.; GONÇALVES, T. V. O. Reflexões sobre uma prática docente situada:
buscando novas perspectivias para a formação de professores. In: GERALDI; C. M. G.;
FIORENTINI, D.; PEREIRA, E. M. de A. (orgs.) Cartografia do trabalho docente: professor
(a)-pesquisador(a). Campinas: Mercado de Letras, 1998. p. 105-136.
MOREIRA, P. C. M.; CURY, H. N. ; VIANNA, C. R. Por que análise real na licenciatura?
Zetetiké, v.13, n.23, p.11-42, jan./jun. 2005
PÉREZ, D. G. et al. Para uma imagem não deformada do trabalho cientifico. Ciência e
Educação. Bauru, n.2, v.7. 2001, p.125-153.
PIRES, C. M. C. Currículos de Matemática: da organização linear à idéia de rede. São Paulo:
FTD, 2000.
SCHON, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a
aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Didaticgeoaula12
Didaticgeoaula12Didaticgeoaula12
Didaticgeoaula12Ana Beatriz
 
A viabilidade da construção do conhecimento de números
A viabilidade da construção do conhecimento de númerosA viabilidade da construção do conhecimento de números
A viabilidade da construção do conhecimento de númerosslucarz
 
A viabilidade da construção do conhecimento
A viabilidade da construção do conhecimentoA viabilidade da construção do conhecimento
A viabilidade da construção do conhecimentoslucarz
 
Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo Igor13Reis
 
Ciências humanas e suas tecnologias - história
Ciências humanas e suas tecnologias - históriaCiências humanas e suas tecnologias - história
Ciências humanas e suas tecnologias - históriaLucas Guimarães
 
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...MarianaBauer
 
Políticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superior
Políticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superiorPolíticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superior
Políticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superiorSolange Soares
 
A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...
A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...
A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...ProfessorPrincipiante
 

Mais procurados (10)

Didaticgeoaula12
Didaticgeoaula12Didaticgeoaula12
Didaticgeoaula12
 
A viabilidade da construção do conhecimento de números
A viabilidade da construção do conhecimento de númerosA viabilidade da construção do conhecimento de números
A viabilidade da construção do conhecimento de números
 
A viabilidade da construção do conhecimento
A viabilidade da construção do conhecimentoA viabilidade da construção do conhecimento
A viabilidade da construção do conhecimento
 
1 estudo do_meio
1 estudo do_meio1 estudo do_meio
1 estudo do_meio
 
Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo
 
Ciências humanas e suas tecnologias - história
Ciências humanas e suas tecnologias - históriaCiências humanas e suas tecnologias - história
Ciências humanas e suas tecnologias - história
 
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
Estado do Conhecimento em Administração da Educação: Uma análise de artigos p...
 
Freitas luizcarlosde ld (1)
Freitas luizcarlosde ld (1)Freitas luizcarlosde ld (1)
Freitas luizcarlosde ld (1)
 
Políticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superior
Políticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superiorPolíticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superior
Políticas públicas de formação docente e a ação pedagógica no ensino superior
 
A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...
A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...
A PROBLEMÁTICA DO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE EM MATEMÁTICA: MAPEAMENTO DOS ES...
 

Destaque

Poème inédit miroir d'orfée version 2
Poème inédit miroir d'orfée  version 2Poème inédit miroir d'orfée  version 2
Poème inédit miroir d'orfée version 2abdelmalek aghzaf
 
Профессия повар
Профессия поварПрофессия повар
Профессия поварviktorovasv
 
Viaje De 9ºB 2008 bariloche
Viaje De 9ºB 2008 barilocheViaje De 9ºB 2008 bariloche
Viaje De 9ºB 2008 barilocheguest625612
 
Evolusion Company Brochure
Evolusion Company BrochureEvolusion Company Brochure
Evolusion Company BrochureKelvinLysaght
 
ITM Solutions Business Plan - Q1 2015
ITM Solutions Business Plan - Q1 2015ITM Solutions Business Plan - Q1 2015
ITM Solutions Business Plan - Q1 2015Matt Simon
 
Marcas y marketing
Marcas y marketingMarcas y marketing
Marcas y marketingideazzione1
 
TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12
TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12
TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12adrrivseq
 
Reis de portugal da 4ª dinastia
Reis de portugal da 4ª dinastiaReis de portugal da 4ª dinastia
Reis de portugal da 4ª dinastiagugalx
 
Haiku Margaritas
Haiku MargaritasHaiku Margaritas
Haiku Margaritasmechy09
 
zilveren ring met jade - opdracht
zilveren ring met jade - opdrachtzilveren ring met jade - opdracht
zilveren ring met jade - opdrachtAnnette Gorny
 
Story board for Little Honey Bear and The Smiley Moon
Story board for Little Honey Bear and The Smiley MoonStory board for Little Honey Bear and The Smiley Moon
Story board for Little Honey Bear and The Smiley MoonTracey Box
 
PROYECTO DE VIDA
PROYECTO DE VIDA PROYECTO DE VIDA
PROYECTO DE VIDA 14eduar98
 
Ibm at sae2012 highlights
Ibm at sae2012 highlightsIbm at sae2012 highlights
Ibm at sae2012 highlightsibmsae
 

Destaque (20)

Resumen tarea 3
Resumen tarea 3Resumen tarea 3
Resumen tarea 3
 
Poème inédit miroir d'orfée version 2
Poème inédit miroir d'orfée  version 2Poème inédit miroir d'orfée  version 2
Poème inédit miroir d'orfée version 2
 
Профессия повар
Профессия поварПрофессия повар
Профессия повар
 
Viaje De 9ºB 2008 bariloche
Viaje De 9ºB 2008 barilocheViaje De 9ºB 2008 bariloche
Viaje De 9ºB 2008 bariloche
 
Grecia.ptere
Grecia.ptereGrecia.ptere
Grecia.ptere
 
Evolusion Company Brochure
Evolusion Company BrochureEvolusion Company Brochure
Evolusion Company Brochure
 
F Formiga
F FormigaF Formiga
F Formiga
 
ITM Solutions Business Plan - Q1 2015
ITM Solutions Business Plan - Q1 2015ITM Solutions Business Plan - Q1 2015
ITM Solutions Business Plan - Q1 2015
 
Marcas y marketing
Marcas y marketingMarcas y marketing
Marcas y marketing
 
TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12
TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12
TAREA 8:REFWORKS Y WRITE-N-CITE -12
 
Reis de portugal da 4ª dinastia
Reis de portugal da 4ª dinastiaReis de portugal da 4ª dinastia
Reis de portugal da 4ª dinastia
 
Haiku Margaritas
Haiku MargaritasHaiku Margaritas
Haiku Margaritas
 
Herramentas de sistemas
Herramentas  de  sistemasHerramentas  de  sistemas
Herramentas de sistemas
 
zilveren ring met jade - opdracht
zilveren ring met jade - opdrachtzilveren ring met jade - opdracht
zilveren ring met jade - opdracht
 
7ºbásico
7ºbásico7ºbásico
7ºbásico
 
Historieta
HistorietaHistorieta
Historieta
 
Slide 4ºeso global 1ªev
Slide 4ºeso global 1ªevSlide 4ºeso global 1ªev
Slide 4ºeso global 1ªev
 
Story board for Little Honey Bear and The Smiley Moon
Story board for Little Honey Bear and The Smiley MoonStory board for Little Honey Bear and The Smiley Moon
Story board for Little Honey Bear and The Smiley Moon
 
PROYECTO DE VIDA
PROYECTO DE VIDA PROYECTO DE VIDA
PROYECTO DE VIDA
 
Ibm at sae2012 highlights
Ibm at sae2012 highlightsIbm at sae2012 highlights
Ibm at sae2012 highlights
 

Semelhante a Formação de Professores de Matemática

Denise medina texto completo
Denise medina texto completoDenise medina texto completo
Denise medina texto completodenise. Medina
 
A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...
A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...
A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...ProfessorPrincipiante
 
Educacao matematica
Educacao matematicaEducacao matematica
Educacao matematicamichaelmelo
 
O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
 O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICAEliane Maciel
 
Conteúdos e Metodologias no Ensino de Matemática
Conteúdos e Metodologias no Ensino de MatemáticaConteúdos e Metodologias no Ensino de Matemática
Conteúdos e Metodologias no Ensino de MatemáticaDaizeCunha
 
Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...
Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...
Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...Carlos Rocha
 
9 apresentacao elenilton.
9 apresentacao elenilton.9 apresentacao elenilton.
9 apresentacao elenilton.Rômulo Garcia
 
SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...
SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...
SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...Everaldo Gomes
 
A interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidade
A interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidadeA interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidade
A interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidadefreitassud
 
Union seq. perspctiva logio-historica
Union seq.   perspctiva logio-historicaUnion seq.   perspctiva logio-historica
Union seq. perspctiva logio-historicaAilton Barcelos
 
DIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdf
DIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdfDIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdf
DIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdfFernandaMorais83
 
O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...
O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...
O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...Seminário Latino-Americano SLIEC
 
Paradigmas para o Ensino da Matemática
Paradigmas para o Ensino da MatemáticaParadigmas para o Ensino da Matemática
Paradigmas para o Ensino da MatemáticaCival Alberto Alberto
 

Semelhante a Formação de Professores de Matemática (20)

Denise medina texto completo
Denise medina texto completoDenise medina texto completo
Denise medina texto completo
 
5131 2330 id
5131 2330 id5131 2330 id
5131 2330 id
 
A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...
A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...
A DISCIPLINA DIDÁTICA DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MAT...
 
A10v31n1
A10v31n1A10v31n1
A10v31n1
 
Educacao matematica
Educacao matematicaEducacao matematica
Educacao matematica
 
Relatorio final puic
Relatorio final puicRelatorio final puic
Relatorio final puic
 
O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
 O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
 
Conteúdos e Metodologias no Ensino de Matemática
Conteúdos e Metodologias no Ensino de MatemáticaConteúdos e Metodologias no Ensino de Matemática
Conteúdos e Metodologias no Ensino de Matemática
 
Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...
Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...
Conhecimento da Matemática para o Ensino: um estudo colaborativo sobre número...
 
9 apresentacao elenilton.
9 apresentacao elenilton.9 apresentacao elenilton.
9 apresentacao elenilton.
 
SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...
SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...
SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA À APRESENTAÇÃO DA HIST...
 
Anexo 010 matemática moderna nas salas de aula
Anexo 010   matemática moderna nas salas de aulaAnexo 010   matemática moderna nas salas de aula
Anexo 010 matemática moderna nas salas de aula
 
A interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidade
A interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidadeA interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidade
A interrelaoentreaspedagogiaseastendnciasda educaomatemticanaatualidade
 
Union seq. perspctiva logio-historica
Union seq.   perspctiva logio-historicaUnion seq.   perspctiva logio-historica
Union seq. perspctiva logio-historica
 
DIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdf
DIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdfDIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdf
DIDÁTICA-E-METODOLOGIA-DO-ENSINO-SUPERIOR-.pdf
 
Apostilade metodologiadamatematicanaisis pdf
Apostilade metodologiadamatematicanaisis pdfApostilade metodologiadamatematicanaisis pdf
Apostilade metodologiadamatematicanaisis pdf
 
O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...
O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...
O dilema da Interdisciplinaridade : Algumas questões para quem forma professo...
 
Paradigmas para o Ensino da Matemática
Paradigmas para o Ensino da MatemáticaParadigmas para o Ensino da Matemática
Paradigmas para o Ensino da Matemática
 
Ditatica.
Ditatica.Ditatica.
Ditatica.
 
artigo 1.pdf
artigo 1.pdfartigo 1.pdf
artigo 1.pdf
 

Último

Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Susana Stoffel
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxOsnilReis1
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxfabiolalopesmartins1
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 

Último (20)

Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
 
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptxATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
ATIVIDADE AVALIATIVA VOZES VERBAIS 7º ano.pptx
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptxLírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
Lírica Camoniana- A mudança na lírica de Camões.pptx
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 

Formação de Professores de Matemática

  • 1. FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA: UM PONTO DE VISTA DE EGRESSOS Andréia Büttner Ciani Dulcyene Maria Ribeiro Marcos Antonio Gonçalves Júnior1 Resumo Entender, mediante um breve olhar pela história da Educação Matemática, como chegou a ser o que é hoje o currículo dos cursos de licenciatura em matemática, estabelecer relações e analisar alguns comentários de alunos egressos do curso de Matemática da UNIOESTE sobre o curso e os conteúdos envolvidos são os principais objetivos dessa pesquisa que se encontra em fase inicial. Assim, discute-se como a Reforma Matemática Moderna e a estrutura curricular das licenciaturas pode ter influenciado a concepção de matemática subjacente a esses cursos e, por conseguinte, também a visão que os alunos constroem sobre a importância de alguns conteúdos da sua formação profissional e sobre a própria Matemática. Palavras-Chave: Educação Matemática; Formação de Professores de Matemática; Currículo Introdução Este trabalho pretende aprofundar o estudo sobre a formação dos professores de Matemática com enfoque no currículo. Toma-se como ponto de partida as opiniões de alguns alunos egressos do curso de Licenciatura em Matemática da UNIOESTE, campus de Cascavel, sobre os conteúdos presentes na grade curricular da sua formação. Isso foi possível por meio dos registros do projeto de pesquisa intitulado: Diagnóstico do Projeto Político Pedagógico do Curso de Matemática (BELLO et al, 2002). O objetivo principal desse projeto foi aprofundar as discussões acerca da formação inicial dos professores nos cursos de Licenciatura. O projeto contou com um questionário (19 questões), dirigido aos alunos egressos do curso, dos anos de 1997 a 2000, formados segundo a mesma grade curricular. Neste estudo nos centramos na análise de apenas uma das questões. Uma primeira interpretação às respostas dessa questão ocorreu em (CIANI et al, 2004). No momento, buscamos ampliar a compreensão das respostas por meio de uma pesquisa bibliográfica. Alguns Aspectos Curriculares da Matemática Pensamos que atentar o olhar para a recente história das reformas curriculares no ensino da Matemática e para a história dos cursos de formação de professores no Brasil pode ajudar na compreensão geral de como o currículo dos cursos de licenciatura em Matemática chegou a ser o que é hoje. 1 Docentes do curso de Matemática da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), integrantes do Grupo de Pesquisa: Formação de Professores de Ciências e Matemática. E-mails, respectivamente: andbciani@ibest.com.br, dulcyenemr@yahoo.com.br, margonjunior@yahoo.com.br.
  • 2. Segundo Fiorentini (1995, p.5), até o final da década de 50, “o ensino da Matemática no Brasil, salvo raras exceções, caracterizava-se pela ênfase às idéias e formas da Matemática clássica, sobretudo ao modelo euclidiano e à concepção platônica de Matemática”. Era um ensino livresco e centrado no professor como o detentor e o transmissor que iria expor o conteúdo. De maneira geral, a licenciatura brasileira encontrava-se nesse contexto quando, no mundo, começava a surgir idéias de reformulação e modernização do currículo escolar. As propostas de reformas curriculares pelas quais passaram a Matemática não estiveram imunes a possíveis distorções e a avaliações, muitas vezes, negativas. Um exemplo característico foi a reforma curricular, iniciada por volta de 1960, intitulada Matemática Moderna. Uma proposta que “inscreveu-se muito claramente numa política de formação a serviço da modernização econômica” (PIRES, 2000, p. 9). A modernização era desejo das elites ocidentais, posto que viram, preocupadas, em 1957, os russos lançar o Sputnik2 . Para o contexto histórico da época, modernizar-se significava conseguir avançar tecnologicamente e, conseqüentemente, implicava na necessidade de se realizar melhores pesquisas. A Matemática era vista, então, como a chave para esse avanço. Por isso a “preocupação central [da reforma Matemática Moderna] era a de se ter uma Matemática útil para a técnica, para a ciência e para a economia moderna” (PIRES, 2000, p. 11). Do ponto de vista educacional, era preciso, portanto, “aumentar a competência dos jovens e formar, particularmente, cientistas e engenheiros de alto nível”, com o objetivo de elevar o nível técnico e científico. Isso, com certeza, passava pelo âmbito da Matemática. (PIRES, 2000, p. 19). Resumidamente, a reforma intitulada Matemática Moderna: 1) Preconizava o estudo dos conjuntos e das relações, colocando ênfase nas definições como algo que daria um sentido preciso a determinados termos matemáticos, aos quais os alunos deveriam se ajustar; 2) Concebia uma Matemática prioritariamente algébrica, lógica, na qual se estudava estruturas e sistemas de símbolos, preocupada com maior generalidade e acesso a um nível de abstração superior – característica esta considerada a mais moderna da Matemática. Enfim, concebia a Matemática como linguagem universal, ou linguagem da “racionalidade moderna”, que era chave para o acesso ao pensamento científico (PIRES, 2000, p.11). Para os níveis Secundário e Universitário, a reforma no ensino baseou-se na idéia da apresentação formalista da Matemática, ou seja, o professor deveria partir das hipóteses ou axiomas para articular as deduções lógicas, chegando assim aos resultados - os teoremas 2 Em 4 de outubro de 1957, a União Soviética lançou no espaço o primeiro satélite artificial da história, o Sputnik, marcando o começo da exploração espacial e da corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética. (http://www.hq.nasa.gov/office/pao/History/sputnik/).
  • 3. (PIRES, 2000, p.14). Essa é basicamente a concepção de que a Matemática é a ciência das demonstrações rigorosas, é uma tendência formalista (DAVIS e HERSH, 1985, p.357-361). No Brasil, a introdução das idéias da Matemática Moderna começa a ser discutida, com pouca atenção, a partir do ano de 1955, em Congressos Brasileiros do Ensino de Matemática. E, em 1967, também num desses congressos, é que se discute com mais objetividade e atenção essa introdução de reforma no ensino secundário (PIRES, 2000, p.32). Fiorentini (1995) e Pires (2000) colocam também que, em 1961, foi fundado em São Paulo o GEEM (Grupos de Estudos sobre o Ensino da Matemática), que contribuiu decisivamente para a difusão do ideário da Matemática Moderna e, muitos professores universitários, influenciados pelos trabalhos do grupo francês ´Bourbaki´, também difundiram, por longo tempo – ocorrendo ainda hoje em algumas universidades – esse ideário e, sobretudo, a concepção estrutural-formalista da Matemática, através dos cursos de Licenciatura em Matemática (FIORENTINI, 1995, p.15) Nessa época, décadas de 60 e 70, o ensino no Brasil mostrava uma tendência tecnicista, na qual a educação escolar teria a “finalidade de preparar e ‘integrar’ o indivíduo à sociedade, tornando-o capaz e útil ao sistema”, baseada numa concepção behavorista de aprendizagem, segundo a qual aprender é mudar de comportamento mediante estímulos (FIORENTINI, 1995, p.15). Configurava-se um contexto composto por uma maneira de conceber o processo de ensino e aprendizagem – tecnicista - e por uma maneira de conceber a Matemática - a reforma Matemática Moderna. Tem-se, então, o “tecnicismo-formalista” (FIORENTINI, 1995, p.15). Segundo Pires (2000), no estado de São Paulo, essa introdução de idéias ficou registrada na elaboração dos chamados Guias Curriculares, que já datam de 1976, usados para orientar as escolas de 1o grau no que se refere aos aspectos metodológicos, aos objetivos e à apresentação dos conteúdos. Os manuais para o ensino priorizavam o [...] treino/desenvolvimento de habilidades estritamente técnicas. Os conteúdos, sob esse enfoque [tecncista-formalista], aparecem dispostos em passos seqüenciais em forma de instrução programada onde o aluno deve realizar uma série de exercícios do tipo: ‘resolva os exercícios abaixo, segundo o seguinte modelo...’ (FIORENTINI, 1995, p.16). O ensino passa a deixar para segundo plano a essência dos significados epistemológicos dos conceitos, enfatizando a Matemática pelas fórmulas, definições, aspectos estruturais, pelo rigor no uso da linguagem matemática, e pela precisão, entre outros; é como se a Matemática não tivesse relações com interesses políticos e sociais (FIORENTINI, 1995, p.16).
  • 4. Os conteúdos passam a ser encarados como informações, regras e princípios que devem ser memorizados, passam a ser organizados com a finalidade de que os alunos se tornem habilidosos na utilização de algoritmos e fórmulas e na resolução de problemas-tipo (FIORENTINI, 1995). Este último aspecto, segundo o método da descoberta, “que compreende técnicas da redescoberta, da resolução de problemas e de projetos”, é bastante experimentado na educação científica (FIORENTINI, 1995, p.16). O II Congresso da International Comisson on Mathematical Instruction, em 1972, marcou o fim da Matemática Moderna. Começava-se, então, a perceber a necessidade de novas propostas: A crítica à excessiva valorização dos conteúdos em lugar dos métodos, as primeiras discussões sobre a resolução de problemas e a ligação da Matemática com a vida real, os debates sobre o uso de calculadoras e de outros materiais de ensino foram colocando em xeque o ideário do movimento anterior. A compreensão de que aspectos sociais, antropológicos, psicológicos, lingüísticos têm grande importância na aprendizagem da Matemática trouxe novos rumos às discussões curriculares (PIRES, 2000, p. 12-13). Gonçalves e Gonçalves (1998) colocam que os cursos de licenciatura das universidades brasileiras seguem, de maneira geral, o modelo chamado “racionalidade técnica” (SCHON, 2000), numa concepção de estrutura curricular em que as disciplinas dos conteúdos específicos são ministradas antes das disciplinas pedagógicas. No entanto, percebe- se alguma mudança nessa estrutura, sobretudo com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1996, e as Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores para a Educação Básica, do Conselho Nacional de Educação, de 2001. De fato, há poucas pesquisas que relatam como estão as licenciaturas atuais. Sabe-se que as disciplinas pedagógicas e a prática de ensino ganharam uma maior carga horária com as novas diretrizes. A LDB sugere 300 horas de prática de ensino e as diretrizes de 2001 sugerem 800 horas de prática pedagógica escolar. No entanto, parece ainda haver uma grande desarticulação entre as disciplinas chamadas pedagógicas e as chamadas de matemática. Inseridos numa formação com fortes influências de uma Matemática formalista, ensinada sob as características tecnicistas, os licenciandos encontram-se numa situação na qual alguns conhecimentos que lhes são apresentados como importantes para sua formação profissional parecem desnecessários e estão distantes da realidade de sala de aula. Analisando as Respostas de Alguns Egressos Como parte do projeto de pesquisa, referido anteriormente, 12 alunos egressos do curso de Licenciatura em Matemática da UNIOESTE, campus de Cascavel, expressaram sua
  • 5. opinião como resposta ao seguinte questionamento: “Dê uma nota de 0 (zero) a 10 (dez) para avaliar os conteúdos abaixo quanto a presença no curso, a sua compreensão dos mesmos e a importância destes na sua prática cotidiana de sala de aula. Justifique sua resposta” (grifo dos autores). Ao justificarem a importância dos conteúdos, os entrevistados explicitaram que alguns são mais relevantes referindo-se ao potencial de aplicação direta dos conteúdos: (i) no seu trabalho imediato na sala de aula (como era perguntado), ou (ii) em cursos de pós- graduação em Matemática Pura ou Aplicada. Os egressos responderam que os conteúdos relevantes são os referentes a conjuntos numéricos (números inteiros, divisibilidade; números racionais e propriedades; grandezas incomensuráveis e números irracionais; números reais) e funções (funções reais, propriedades e gráficos; função afim e quadrática; função exponencial e sua inversa, função logarítmica; funções trigonométricas). O egresso B, por exemplo, respondeu que “são conteúdos básicos como esses que precisamos saber para ensinar para nossos alunos, como o curso é licenciatura, acho que aparecem pouco”. Já um outro ex-aluno, egresso C, refere-se à não importância em conhecer o conjunto dos números complexos e suas propriedades, pois responde que “não é dada muita importância para números complexos no Ensino Médio”. Por outro lado, as disciplinas do curso de graduação, para as quais os egressos não conseguem visualizar uma transposição direta ao campo de atuação profissional, no caso a docência nos Ensinos Fundamental e Médio, são consideradas disciplinas proveitosas somente aos que ingressarem, posteriormente, num curso de pós-graduação. Essas disciplinas, para eles, parecem não ter razão de existir na grade curricular de um curso de formação de professores de Matemática, como é o caso da Análise Matemática e de Estruturas Algébricas. Elencamos duas respostas referentes à Análise Matemática: • “Se o curso é de licenciatura, pouco será usado no ensino fundamental e médio, é interessante para quem quiser fazer mestrado ou doutorado” (Egresso A). • É “uma disciplina bastante teórica e voltada especialmente para estudos futuros não vejo, até agora, aplicações diretas” (Egresso B). Essa referência a cursos de pós-graduação nos chama a atenção para o que Pérez et al (2001, p.133, grifo dos autores) classificaram como uma “visão elitista e individualista” da ciência: os “conhecimentos científicos aparecem como obras de gênios isolados, ignorando-se o papel do trabalho coletivo e cooperativo, dos intercâmbios entre equipes”. Para a maioria das pessoas, incluindo alunos e professores, o trabalho científico é reservado a uma minoria, “especialmente dotada”. Transmite-se expectativas negativas e discriminação de natureza social e mesmo sexual em relação à produção da ciência. Os
  • 6. egressos também se colocam nessa condição, muitas vezes acreditando não serem capazes de fazer um curso de pós-graduação e, portanto, acreditam que algumas disciplinas do curso não são necessárias para a sua vida científica modesta e servem somente para alguns privilegiados. Em relação à disciplina Análise Matemática, Moreira et al (2005, p.21), baseados em autores como Shulmam, Lins e Llinares, defendem que conhecer este tipo de matemática, “submetida a um modelo de organização axiomática, utilizando uma linguagem formal, com os conceitos ‘unificados’ num alto grau de abstração e generalidade, etc.”, nem sempre significa “ser capaz de dar respostas às questões que se colocam para o professor em sua prática docente escolar”. Parece que, no nosso caso de estudo, temos um fato que corrobora essa idéia, pois os licenciados nem se quer vêem essa possibilidade – da ‘matemática avançada’ ajudar a explicar a ‘matemática escolar’ – pois não percebem conexões entre os conteúdos da disciplina Análise na Reta com a sua prática escolar. Então, ou essa ‘matemática avançada’ é apresentada com tamanha expectativa de cumprir com a tendência formalista, pelo viés do tecnicismo, que se torna quase inacessível e distante, ou realmente essa “matemática avançada” é desnecessária para a formação do professor. Os egressos também utilizaram argumentos que indicaram uma “visão exclusivamente analítica, a qual destaca a necessária divisão parcelar dos estudos, o seu carácter limitado, simplificador” (PÉREZ, 2001, p.131, grifo dos autores). Ela é um reflexo das idéias expostas por Descartes, o qual formalizou um método para chegar à verdade científica, e, segundo Cury (1994), influenciou de forma marcante a formação das concepções dos matemáticos. O pensamento cartesiano exposto no Discurso do Método influenciou todo o pensamento científico a partir do século XVII. Consistia na decomposição do pensamento e dos problemas em suas partes componentes, até se chegar a um grau de simplicidade suficiente para a sua disposição numa ordem lógica. Acreditava que todo o universo pudesse ser explicado por leis matemáticas e pelo entendimento de suas partes. Por isso a necessária divisão do conhecimento em partes. Entendemos que essa disposição impossibilita, de certo modo, até os dias atuais, que o aluno consiga novamente compor e resgatar o todo do conhecimento a partir de suas partes. O significado de cada uma delas pode não comtemplar a essência do conhecimento original. Esquece-se a origem de determinados conteúdos como se eles existissem por eles mesmos, independentes, e não como partes integrantes e relacionadas a outros.
  • 7. Considerações Percebe-se que, atualmente, enquanto a matemática formalista parece ser a concepção predominantemente pretendida pelos cursos de Matemática, a concepção de ciência está fortemente influenciada pela visão cartesiana de mundo, o que nos remete à visão parcelar dos estudos. No ensinar Matemática, o tecnicismo parece se potencializar, pois o ensino de Matemática acaba centralizando seus esforços na ênfase à importância das estruturas, às regras isoladas e à aplicação de algoritmos; o tecnicismo se impõe à compreensão epistemológica dos conceitos. Por estas características coexistirem e fundamentarem o ensino de Matemática, parece coerente que as respostas e justificativas dos egressos convirjam à idéia de que as disciplinas importantes na formação do licenciado em matemática são aquelas para as quais eles percebem uma transposição direta dos saberes na prática docente. As disciplinas nas quais eles não percebem essa transposição são consideradas proveitosas somente aos que pretendem lecionar no Ensino Superior ou ingressar num curso de pós-graduação. Além de sua apresentação formalista, podemos citar o fato desta disciplina tratar também de algumas questões do Cálculo, de maneira mais aprofundada e generalizada, sem que, no entanto, os alunos percebam claramente as conexões existentes entre essas disciplinas. Se, aparentemente, existe desarticulação entre as próprias disciplinas do curso, fica difícil esperar que os alunos considerem esses conteúdos como informações importantes para sua atuação pedagógica. Como salientam Moreira et al (2005, p.23), “[...] o conhecimento matemático, em sua sistematização lógico-formal-dedutiva e suas formulações conceituais com base nas ‘estruturas’ [...] está longe de ser suficiente para dar conta das questões que se colocam para o professor em sua prática pedagógica”, como acontece com a disciplina de Análise Matemática. A respeito das concepções de matemática e de ciência que, a nosso ver, têm influenciado o currículo dos cursos de licenciatura e, conseqüentemente, os conteúdos das disciplinas, vale ressaltar ainda que não se trata de um contexto simples e definido. Ocorre um amontoado de partes de cada uma dessas concepções misturando tendências pedagógicas e concepções filosóficas de ciência e da ciência Matemática, como é o caso da tendência tecnicista-formalista (FIORENTINI, 1995). No entanto, segundo Cury (1994, p.68), para o professor em sala de aula, não ocorre uma associação direta entre a sua concepção do
  • 8. pensamento matemático e a sua prática pedagógica, mesmo porque nem sempre ele tem definida e clara a sua concepção. Isso nos sugere a importância de se investigar a prática pedagógica nas licenciaturas em matemática, sobretudo investigar aspectos referentes ao currículo oculto. Referências BELLO, S. E. L. et al Trabalho de Pesquisa: Diagnóstico do Projeto Político do Curso de Matemática. UNIOESTE, campus de Cascavel, 2002, 23p. BRASIL. Secretaria de Estado da Educação, SP. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: texto na íntegra lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 28/2001. Brasília, 2001. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/pareceres/02801formprof.doc>. Acesso em 30 nov 2005. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 09/2001. Brasília, 2001a. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/pareceres/02801formprof.doc>. Acesso em 30 nov. 2005. CIANI, A. B et al. Uma interpretação sobre o ponto de vista dos egressos da licenciatura em Matemática. In: SEMANA DA MATEMÁTICA DA UNIOESTE, 17, 2004, Cascavel-PR. Anais.../Cascavel, 2004. CURY, H. N. Concepções filosóficas da matemática: algumas considerações sobre as idéias que têm influenciado os matemáticos e professores de matemática. In: ____ As concepções de matemática dos professores e suas formas de considerar os erros dos alunos. Tese de Doutorado. Porto Alegre: UFRGS, 1994. DAVIS, P. J.; HERSH, P. A. A experiência matemática. Rio de Janeiro: Franscisco Alves, 1985. FIORENTINI, D. Alguns modos de ver e conceber o ensino da matemática no Brasil. Zetetike, Campinas, n.4, 3. 1995, p.1-37. GONÇALVES, T. O.; GONÇALVES, T. V. O. Reflexões sobre uma prática docente situada: buscando novas perspectivias para a formação de professores. In: GERALDI; C. M. G.; FIORENTINI, D.; PEREIRA, E. M. de A. (orgs.) Cartografia do trabalho docente: professor (a)-pesquisador(a). Campinas: Mercado de Letras, 1998. p. 105-136. MOREIRA, P. C. M.; CURY, H. N. ; VIANNA, C. R. Por que análise real na licenciatura? Zetetiké, v.13, n.23, p.11-42, jan./jun. 2005 PÉREZ, D. G. et al. Para uma imagem não deformada do trabalho cientifico. Ciência e Educação. Bauru, n.2, v.7. 2001, p.125-153. PIRES, C. M. C. Currículos de Matemática: da organização linear à idéia de rede. São Paulo: FTD, 2000.
  • 9. SCHON, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.