O documento descreve os conceitos e técnicas de descrição. A descrição representa verbalmente um objeto através de seus aspectos mais característicos e detalhes que o individualizam. Uma boa descrição destaca os traços mais singulares do objeto para criar uma impressão dominante. A descrição pode ter perspectivas físicas ou psicológicas e enfoques objetivos ou subjetivos.
2. Descrição é a representação verbal de
um objeto sensível (ser, coisa,
paisagem), através da indicação dos
seus aspectos mais característicos,
dos pormenores que o
individualizam, que o distinguem.
3. Descrever não é enumerar o maior
número possível de detalhes, mas
assinalar os traços mais singulares, mais
salientes; é fazer ressaltar do conjunto
uma impressão dominante e singular.
Dependendo da intenção do autor, varia o
grau de exatidão e minúcia na descrição.
4. O texto de base descritiva tem como
objetivo oferecer ao leitor /ouvinte a
oportunidade de visualizar o cenário onde
uma ação se desenvolve e as personagens
que dela participam;
5. A descrição está
presente no nosso dia-
a-dia, tanto na ficção
(nos romances, nas
novelas, nos contos,
nos poemas) como em
outros tipos de textos
(nas obras técnico-
científicas, nas
enciclopédias, nas
propagandas, nos
textos de jornais e
revistas);
6. A descrição pode ter uma finalidade
subsidiária na construção de outros tipos
de texto, funcionando como um plano de
fundo, o que explica e situa a ação (na
narração) ou que comenta e justifica a
argumentação;
7. Físico
É a perspectiva que o observador tem do
objeto; pode determinar a ordem na enumeração dos
pormenores significativos. Enquanto uma fotografia ou
uma tela apresentam o objeto de uma só vez, a
descrição apresenta-o progressivamente, detalhe por
detalhe, levando o leitor a combinar impressões
isoladas para formar uma imagem unificada. Por esse
motivo, os detalhes não são todos apresentados num
único período, mas pouco a pouco, para que o leitor,
associando-os, interligando-os, possa compor a imagem
do objeto da descrição.
8. Psicológico
A descrição pode ser apresentada de
modo a manifestar uma impressão pessoal,
uma interpretação do objeto. A simpatia ou
antipatia do observador pode resultar em
imagens bastante diferenciadas do mesmo
objecto. Deste ponto de vista, dois tipos
de descrição podem ocorrer: a objectiva e a
subjectiva.
9. Na descrição objetiva, como
literalmente ela traduz, o objetivo principal é
relatar as características do “objeto” de modo
preciso, isentando-se de comentários pessoais
ou atribuições de quaisquer termos que
possibilitem a múltiplas interpretações.
10. Enfoque objetivo
Na descrição objetiva , o autor reproduz a
realidade como a vê.
Exemplo: Ele tem uma estrutura de
madeira, recoberta de espuma. Sobre a
espuma há um tecido grosso. Tem assento
para 4 pessoas, encosto e dois braços. É
o sofá da minha sala.
12. Enfoque subjetivo
A realidade descrita não
é apenas observada pelo autor, é também
sentida. O objeto descrito apresenta-se
transfigurado de acordo com a sensibilidade
de quem o descreve. O autor procura
transmitir a
impressão, a emoção que a realidade lhe
causa.
Exemplo : O sujeitão, que parecia um carro
de boi cruzando com trem de ferro, já entrou
soltando fogo pela folga do dente de ouro.
(José Cândido de Carvalho
13. Os aventureiros
Cenário
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se
dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu
curso de dez léguas, torna-se rio caudal. É o Paquequer: saltando de
cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se
espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em
seu vasto leito. Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, ...
curva-se humildemente aos pés do suserano. (...) Aí, o Paquequer lança-se
rápido sobre o seu leito, e atravessa as florestas como o tapir,
espumando, ... enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. (...) se
estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza
formou, ... sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. (...) florestas
virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das
arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.
(...) No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos de descrever estava
deserto e inculto; (..)
O Guarani de José de Alencar
14. "Era alto , magro, vestido todo de preto, com o
pescoço entalado num colarinho direito. O rosto
aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e
polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos
que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás
da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo
contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o
bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da
boca. Era muito pálido; nunca tirava as
lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as
orelhas grandes muito despegadas do crânio.”
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)