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Espaços self media de jornalismo em redes sociais 
por Márcio Coutinho 
Resumo 
Este artigo discute o conceito de self media enquanto comunicação alternativa e novo paradigma na difusão de conteúdos e a participação dos consumidores de informação na produção de material informativo em redes sociais. Foi usado como objeto de análise as fanpages sobre bairros do Rio de Janeiro que relatam problemas enfrentados pelos moradores locais e onde os usuários se assumem como produtores de conteúdo. A intenção não será a de ponderar sobre as estratégias discursivas utilizadas neste tipo de mídia e sim o poder de interatividade, influência e a perspectiva de adoção de uma nova forma de jornalismo open source a partir das redes sociais. 
Palavras-chave: comunicação alternativa, self media, fanpages, jornalismo, open source 
Com as novas ferramentas colaborativas de produção de conteúdo na rede, a difusão de informações, deixou de ser exclusiva de grandes corporações e permitiu que qualquer cidadão não vinculado à mídias participasse do processo produtivo. Dentro desse quadro, os self media surgiram como espaços de informação produzida pelo utilizador comum que não cumpre requisitos formalizados como os jornalísticos. Eles nasceram com o fenômeno da blogosfera nos anos 90 e atualmente apresentam-se como blogs, sites, redes sociais ou canais de jornalismo hiperlocal, e caracteriza-se por serem produzidos por indivíduos que não estão limitados por qualquer tipo de regras jornalísticas, afetada por lobbys ou com qualquer outro comprometimento exterior. 
Nesse sentido possuem alta capacidade de personalização, de gerar empatia e debate, pois os consumidores percebem que a informação não é
proveniente de uma fonte influente ou influenciada, mas originária de um usuário comum como eles. Paradoxalmente essa mesma característica pode também atribuir-lhes a falta de credibilidade, por não se tratar de um gestor dos fluxos de informação com privilégios que os grandes órgãos de comunicação possuem. 
Analisar os aspectos relacionados à essas novas formas de difusão de conteúdos com a participação dos consumidores de informação, torna-se uma questão central para a compreensão do modo como os conteúdos são construídos nesse modelo de comunicação alternativa. Com o efeito da crescente dependência social às plataformas virtuais, as redes sociais permitem cada vez mais que o indivíduo isolado dos processos de produção formais ganhe legitimidade para noticiar algo. A comunicação passou a ser bidirecional e houve uma explosão de colaboração e distribuição de informação entre os utilizadores das redes. Nesses ambiente o processo e o fluxo de comunicação acontece de forma horizontal, onde a informação é construída em diálogos com os leitores e é possível ir direto às fontes primárias. Além disso vão se construindo outros pontos de vista a partir da discussão das informações e do debate entre os leitores, como verdadeiros fóruns públicos noticiosos. Em grande parte são publicação amadoras, muitas vezes limitando- se a relatar pontos de vistas pessoais de alguém ou um apanhado de informações coletadas no ciberespaço, simplesmente linkadas e comentadas. 
Tomaremos aqui como objeto de análise um conceito relativamente recente de jornalismo hiperlocal que são as fanpages criadas no Facebook com nomes de diversos bairros da cidade e o complemento "da Depressão". São páginas sobre bairros do Rio de Janeiro que relatam na maioria das vezes de forma bem-humorada problemas enfrentados pelos moradores na região. Baseados nos princípios de microconteúdo e atualização frequente, possuem uma estrutura comum, organizada em função do tempo onde a interação faz com que o leitor se sinta parte do processo. Caracteriza-se por produzir conteúdos específicos de uma área bastante localizada e por uma lógica corporativa onde os próprios habitantes da região provêm o canal com conteúdo. A ideia nasceu a partiu do site americano Depression Dog e se espalhou pelas redes até chegar aos bairros do Rio. Bairros como Botafogo, Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Recreio, Vila da Penha, Copacabana e Tijuca
têm suas páginas onde relatam problemas nos serviços públicos, ocorrências de assaltos, denúncias contra estabelecimentos comerciais, problemas no transporte público, entre outros. Também funcionam como um canal de comunicação e mobilização entre os moradores dos bairros divulgando campanhas de doação de sangue, eventos, destacando peculiaridades e protagonistas locais. Este modelo comunicacional open source descentralizado da figura do jornalista e grandes meios, traz à cena o debate sobre as potencialidades das mídias alternativas e seu impacto na sociedade. O ato do cidadão, ou grupo de cidadãos, exercerem um papel ativo no processo de coletar, relatar, analisar e disseminar notícias, proporciona uma nova fonte de informação independente e abrangente, que mesmo longe de se definir como prática homogênea compartilha responsabilidades e envolvimento coletivo a partir da forma como os conteúdos são construídos em parceria. A consolidação do uso desse tipo de mídia pode ser compreendida como a criação de espaços mais amplos para a produção de material noticioso que partiu da necessidade de ambientes para um discurso que transpõem as barreiras políticas existentes da comunicação em rede e a oportunidade de participação daqueles que não fazem parte do mainstream quebrarem o monopólio do controle sobre os meios de publicação. 
Esse novo conceito rompe com o tradicional jornalismo e se constrói com base na interlocução de emissores e receptores na formação das mensagens e acaba por gerar uma mediação social entre produtores e consumidores da informação. O ambiente das redes nesse sentido é um espaço próspero para a superação de barreiras encontradas nos métodos convencionais, como as limitações de espaço e tempo e formatos editoriais. Existe uma ética e um conjunto de regras mais flexíveis, menos disciplinadoras do que as que são aplicadas aos meios de comunicação tradicionais onde a linha editorial e outros critérios ficam muitas vezes subjetivos. Vemos então surgir um modelo alternativo ao que geralmente encontramos em mídias tradicionais, com um ou mais editores de informação com o poder de escolher o que deve ser noticiado e como deve ser noticiado, em conformidade com a linha editorial de sua instituição. Trata-se de modelo de rede pensante, na qual todos os envolvidos no processo comunicativo representam forças equivalentes, ocupando as lacunas deixadas pelas mídias tradicionais.
O impacto desse novo molde de comunicação vem se refletindo nas rotinas produtivas dos meios de massa que demonstraram evolução apesar do retardamento da maioria deles em adaptar-se à interatividade e se manterem fixados em um modelo restritivo. Pode-se perceber visivelmente a tentativa de tradicionais veículos atraírem a participação dos leitores utilizando-se de ferramentas de produções colaborativas. Nesse sentido o modelo open source veio provocar além de instabilidade, mudanças num processo em que poucos veículos interagiam com o usuário. No entanto, ao mesmo tempo em que atribuímos aos self medias um papel dilatador como ferramenta de mudanças nas práticas comunicativas, alguns questionamento devem ser feitos. Quando falamos de self media temos normalmente um individuo ou um conjunto deles isolados publicando o que quer sem dar contas a ninguém. Isso não é preocupante tendo em vista que se trata de uma forma espontânea de liberdade de expressão que não podem ser confundidas com o jornalismo formalizado. As desvantagens da utilização de desse tipo de alternativa de mídia residem na grande multiplicidade de fontes de informação que pode acarretar na criação de ruído na mensagem e na dificuldade do leitor em agrupar os fatos de forma que o seu conteúdo possa ser entendido como notícia. Segundo o jornalista e professor Mário Erbolato, notícia deve ser recente, inédita, verdadeira, objetiva e de interesse público. Partindo dessa conceituação é possível considerar que muito do material publicado nesses fóruns são de caráter noticioso. No entanto as informações verídicas e as falsas coexistem nesse ambiente e muitas vezes ambas são publicadas por indivíduos que não seguem a regra de confirmar as informações junto à várias 
Post de morador informando sobre área de risco
fontes. Essas regras e éticas dos meios tradicionais são muito frequentemente atravessadas, exatamente porque não se submeteram à lógica jornalística com relação à pesquisa e confirmação de fatos. 
Quando falamos de self media temos de ter todos estes pontos de vistas em conta e saber fazer um equilíbrio entre as mídias colaborativas e as mainstream. No entanto nunca devemos pensar que os self media vieram para desmantelar o jornalismo, mas talvez modificá-lo, completá-lo e mesmo vigiá- lo. Eles também podem examinar e autenticar o que as mídias tradicionais veicularam, podendo reenquadrar uma notícia de modo que esta ganhe outro impacto, amplificando-a e conferindo-lhe outra importância. 
Conclusões 
Percebe-se que os self medias representam uma importante ruptura no modo através do qual a informação é disponibilizada para as pessoas e a notícia está deixando de ser exclusividade do jornalista para ser cada vez mais um produto da interatividade social. Esses canais modificam de modo considerável o fluxo de comunicação típico dos veículos tradicionais de massa através dos quais a sociedade acostumou-se a consumir informação, atuando como alternativa do debate público. Parecem, através das características que observamos, representar uma mudança, especialmente para o jornalismo, na contextualização de informações e de fontes, procurando tentar formar fóruns públicos de debate e transformando o fluxo de informação predominantemente vertical em um fluxo horizontal. 
Entretanto, cabe observar que toda a informação precisa ser analisada, ratificada e editada, seja ela decorrência do trabalho de um jornalista, cientista, historiador ou mesmo informação produzida pelo cidadão comum. Resta saber o quanto esse novo modelo vai influenciar ou não o jornalismo e em que medida seu potencial vai modificar os fluxos de comunicação na sociedade.
Referências Bibliográficas 
RECUERO, Raquel (2003). Warblogs : Os Blogs, a Guerra do Iraque e o Jornalismo Online. Acessado em 07 de Setembro de 2014, em http://www.bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-war-blogs.pdf 
MARQUES,Sheila (2008). O Cidadão Jornalista: Realidade ou Ficção?. Acessado em 09 de Setembro de 2014, em http://www.bocc.ubi.pt/pag/marques-cheila-cidadao-jornalista-realidade-ou- ficcao.pdf; 
ERBOLATO, Mário. Técnicas de Codificação em Jornalismo - 
Edição no Jornal Diário. São Paulo: Ática, 1991. 
CORREIA, Frederico. (2008) Jornalismo Cidadão – quem és tu? Acessado em 07 de Setembro de 2014 em http://www.bocc.ubi.pt/pag/correia-frederico- jornalismo-do-cidadao.pdf

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Espaços self media de jornalismo em redes sociais

  • 1. Espaços self media de jornalismo em redes sociais por Márcio Coutinho Resumo Este artigo discute o conceito de self media enquanto comunicação alternativa e novo paradigma na difusão de conteúdos e a participação dos consumidores de informação na produção de material informativo em redes sociais. Foi usado como objeto de análise as fanpages sobre bairros do Rio de Janeiro que relatam problemas enfrentados pelos moradores locais e onde os usuários se assumem como produtores de conteúdo. A intenção não será a de ponderar sobre as estratégias discursivas utilizadas neste tipo de mídia e sim o poder de interatividade, influência e a perspectiva de adoção de uma nova forma de jornalismo open source a partir das redes sociais. Palavras-chave: comunicação alternativa, self media, fanpages, jornalismo, open source Com as novas ferramentas colaborativas de produção de conteúdo na rede, a difusão de informações, deixou de ser exclusiva de grandes corporações e permitiu que qualquer cidadão não vinculado à mídias participasse do processo produtivo. Dentro desse quadro, os self media surgiram como espaços de informação produzida pelo utilizador comum que não cumpre requisitos formalizados como os jornalísticos. Eles nasceram com o fenômeno da blogosfera nos anos 90 e atualmente apresentam-se como blogs, sites, redes sociais ou canais de jornalismo hiperlocal, e caracteriza-se por serem produzidos por indivíduos que não estão limitados por qualquer tipo de regras jornalísticas, afetada por lobbys ou com qualquer outro comprometimento exterior. Nesse sentido possuem alta capacidade de personalização, de gerar empatia e debate, pois os consumidores percebem que a informação não é
  • 2. proveniente de uma fonte influente ou influenciada, mas originária de um usuário comum como eles. Paradoxalmente essa mesma característica pode também atribuir-lhes a falta de credibilidade, por não se tratar de um gestor dos fluxos de informação com privilégios que os grandes órgãos de comunicação possuem. Analisar os aspectos relacionados à essas novas formas de difusão de conteúdos com a participação dos consumidores de informação, torna-se uma questão central para a compreensão do modo como os conteúdos são construídos nesse modelo de comunicação alternativa. Com o efeito da crescente dependência social às plataformas virtuais, as redes sociais permitem cada vez mais que o indivíduo isolado dos processos de produção formais ganhe legitimidade para noticiar algo. A comunicação passou a ser bidirecional e houve uma explosão de colaboração e distribuição de informação entre os utilizadores das redes. Nesses ambiente o processo e o fluxo de comunicação acontece de forma horizontal, onde a informação é construída em diálogos com os leitores e é possível ir direto às fontes primárias. Além disso vão se construindo outros pontos de vista a partir da discussão das informações e do debate entre os leitores, como verdadeiros fóruns públicos noticiosos. Em grande parte são publicação amadoras, muitas vezes limitando- se a relatar pontos de vistas pessoais de alguém ou um apanhado de informações coletadas no ciberespaço, simplesmente linkadas e comentadas. Tomaremos aqui como objeto de análise um conceito relativamente recente de jornalismo hiperlocal que são as fanpages criadas no Facebook com nomes de diversos bairros da cidade e o complemento "da Depressão". São páginas sobre bairros do Rio de Janeiro que relatam na maioria das vezes de forma bem-humorada problemas enfrentados pelos moradores na região. Baseados nos princípios de microconteúdo e atualização frequente, possuem uma estrutura comum, organizada em função do tempo onde a interação faz com que o leitor se sinta parte do processo. Caracteriza-se por produzir conteúdos específicos de uma área bastante localizada e por uma lógica corporativa onde os próprios habitantes da região provêm o canal com conteúdo. A ideia nasceu a partiu do site americano Depression Dog e se espalhou pelas redes até chegar aos bairros do Rio. Bairros como Botafogo, Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Recreio, Vila da Penha, Copacabana e Tijuca
  • 3. têm suas páginas onde relatam problemas nos serviços públicos, ocorrências de assaltos, denúncias contra estabelecimentos comerciais, problemas no transporte público, entre outros. Também funcionam como um canal de comunicação e mobilização entre os moradores dos bairros divulgando campanhas de doação de sangue, eventos, destacando peculiaridades e protagonistas locais. Este modelo comunicacional open source descentralizado da figura do jornalista e grandes meios, traz à cena o debate sobre as potencialidades das mídias alternativas e seu impacto na sociedade. O ato do cidadão, ou grupo de cidadãos, exercerem um papel ativo no processo de coletar, relatar, analisar e disseminar notícias, proporciona uma nova fonte de informação independente e abrangente, que mesmo longe de se definir como prática homogênea compartilha responsabilidades e envolvimento coletivo a partir da forma como os conteúdos são construídos em parceria. A consolidação do uso desse tipo de mídia pode ser compreendida como a criação de espaços mais amplos para a produção de material noticioso que partiu da necessidade de ambientes para um discurso que transpõem as barreiras políticas existentes da comunicação em rede e a oportunidade de participação daqueles que não fazem parte do mainstream quebrarem o monopólio do controle sobre os meios de publicação. Esse novo conceito rompe com o tradicional jornalismo e se constrói com base na interlocução de emissores e receptores na formação das mensagens e acaba por gerar uma mediação social entre produtores e consumidores da informação. O ambiente das redes nesse sentido é um espaço próspero para a superação de barreiras encontradas nos métodos convencionais, como as limitações de espaço e tempo e formatos editoriais. Existe uma ética e um conjunto de regras mais flexíveis, menos disciplinadoras do que as que são aplicadas aos meios de comunicação tradicionais onde a linha editorial e outros critérios ficam muitas vezes subjetivos. Vemos então surgir um modelo alternativo ao que geralmente encontramos em mídias tradicionais, com um ou mais editores de informação com o poder de escolher o que deve ser noticiado e como deve ser noticiado, em conformidade com a linha editorial de sua instituição. Trata-se de modelo de rede pensante, na qual todos os envolvidos no processo comunicativo representam forças equivalentes, ocupando as lacunas deixadas pelas mídias tradicionais.
  • 4. O impacto desse novo molde de comunicação vem se refletindo nas rotinas produtivas dos meios de massa que demonstraram evolução apesar do retardamento da maioria deles em adaptar-se à interatividade e se manterem fixados em um modelo restritivo. Pode-se perceber visivelmente a tentativa de tradicionais veículos atraírem a participação dos leitores utilizando-se de ferramentas de produções colaborativas. Nesse sentido o modelo open source veio provocar além de instabilidade, mudanças num processo em que poucos veículos interagiam com o usuário. No entanto, ao mesmo tempo em que atribuímos aos self medias um papel dilatador como ferramenta de mudanças nas práticas comunicativas, alguns questionamento devem ser feitos. Quando falamos de self media temos normalmente um individuo ou um conjunto deles isolados publicando o que quer sem dar contas a ninguém. Isso não é preocupante tendo em vista que se trata de uma forma espontânea de liberdade de expressão que não podem ser confundidas com o jornalismo formalizado. As desvantagens da utilização de desse tipo de alternativa de mídia residem na grande multiplicidade de fontes de informação que pode acarretar na criação de ruído na mensagem e na dificuldade do leitor em agrupar os fatos de forma que o seu conteúdo possa ser entendido como notícia. Segundo o jornalista e professor Mário Erbolato, notícia deve ser recente, inédita, verdadeira, objetiva e de interesse público. Partindo dessa conceituação é possível considerar que muito do material publicado nesses fóruns são de caráter noticioso. No entanto as informações verídicas e as falsas coexistem nesse ambiente e muitas vezes ambas são publicadas por indivíduos que não seguem a regra de confirmar as informações junto à várias Post de morador informando sobre área de risco
  • 5. fontes. Essas regras e éticas dos meios tradicionais são muito frequentemente atravessadas, exatamente porque não se submeteram à lógica jornalística com relação à pesquisa e confirmação de fatos. Quando falamos de self media temos de ter todos estes pontos de vistas em conta e saber fazer um equilíbrio entre as mídias colaborativas e as mainstream. No entanto nunca devemos pensar que os self media vieram para desmantelar o jornalismo, mas talvez modificá-lo, completá-lo e mesmo vigiá- lo. Eles também podem examinar e autenticar o que as mídias tradicionais veicularam, podendo reenquadrar uma notícia de modo que esta ganhe outro impacto, amplificando-a e conferindo-lhe outra importância. Conclusões Percebe-se que os self medias representam uma importante ruptura no modo através do qual a informação é disponibilizada para as pessoas e a notícia está deixando de ser exclusividade do jornalista para ser cada vez mais um produto da interatividade social. Esses canais modificam de modo considerável o fluxo de comunicação típico dos veículos tradicionais de massa através dos quais a sociedade acostumou-se a consumir informação, atuando como alternativa do debate público. Parecem, através das características que observamos, representar uma mudança, especialmente para o jornalismo, na contextualização de informações e de fontes, procurando tentar formar fóruns públicos de debate e transformando o fluxo de informação predominantemente vertical em um fluxo horizontal. Entretanto, cabe observar que toda a informação precisa ser analisada, ratificada e editada, seja ela decorrência do trabalho de um jornalista, cientista, historiador ou mesmo informação produzida pelo cidadão comum. Resta saber o quanto esse novo modelo vai influenciar ou não o jornalismo e em que medida seu potencial vai modificar os fluxos de comunicação na sociedade.
  • 6. Referências Bibliográficas RECUERO, Raquel (2003). Warblogs : Os Blogs, a Guerra do Iraque e o Jornalismo Online. Acessado em 07 de Setembro de 2014, em http://www.bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-war-blogs.pdf MARQUES,Sheila (2008). O Cidadão Jornalista: Realidade ou Ficção?. Acessado em 09 de Setembro de 2014, em http://www.bocc.ubi.pt/pag/marques-cheila-cidadao-jornalista-realidade-ou- ficcao.pdf; ERBOLATO, Mário. Técnicas de Codificação em Jornalismo - Edição no Jornal Diário. São Paulo: Ática, 1991. CORREIA, Frederico. (2008) Jornalismo Cidadão – quem és tu? Acessado em 07 de Setembro de 2014 em http://www.bocc.ubi.pt/pag/correia-frederico- jornalismo-do-cidadao.pdf