SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 24
Baixar para ler offline
DIRECTOR    JORGE CASTILHO




| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |
Autorizado a circular em invólucro
de plástico fechado (DE53742006MPC)
                                                           Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA             Telef.: 309 801 277


               ANO IV                       N.º 70 (II série)                         26 de Junho de 2009                                 1 euro (iva incluído)


           TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS



            O fascínio das estrelas
            em Coimbra
                     com Gil Vicente, Camões
                     Vieira, Pessoa e “jazz”




                                                                                                                                                           PÁG. 5


       CIC’09                                                   LITERATURA                             CHOUPAL                         FOTOGRAFIA


   Indústria                                                    Novas obras                            Plataforma                      Imagens
   e comércio                                                   de M.ª Helena                          exige                           aéreas
   mostram-se                                                   Teixeira                               explicações                     de Varela
   em Coimbra                                                   e J. H. Dias                           sobre viaduto                   Pècurto
                                            PÁG. 12 e 13                            PÁG. 2 e 19                         PÁG. 10                             PÁG. 11
2       COIMBRA                                                                                                                      26 DE JUNHO DE 2009


NO PRÓXIMO DIA 8, NA CASA DA CULTURA DE COIMBRA

Livro de crónicas de José Henrique Dias
apresentado por Cristina Robalo Cordeiro
   No próximo dia 8 de Julho (quarta-fei-                                                                                                   junto à estação do Rossio, frequentada por
ra), pelas 18 horas, na Casa Municipal da                                                                                                   nomes cimeiros da literatura e da arte por-
Cultura de Coimbra, decorre a sessão de                                                                                                     tuguesas, publicando entre 1956 e 1969,
lançamento do livro de crónicas intitulado                                                                                                  ininterruptamente, séries de crónicas se-
“A Outra face do Espelho”. O autor é                                                                                                        manais. Tendo-se dedicado ao ensino e à
José Henrique Dias, e a apresentação será                                                                                                   actividade teatral como encenador, o seu
feita por Cristina Robalo Cordeiro, Vice-                                                                                                   trabalho centrou-se mais na investigação
Reitora da Universidade de Coimbra.                                                                                                         sobre o século XIX, primeiro no domínio
   Com edição de “Campo da Comunica-                                                                                                        das ideias políticas, depois na sociocomu-
ção”, a obra de José Henrique Dias é                                                                                                        nicação teatral.
composta pelas crónicas que o professor
universitário publicou, nos anos mais re-
centes, nos jornais de Coimbra “O Des-
pertar” e “Centro”.
   Inclui desenhos inéditos de Nadir Afon-
so e prefácio do romancista Fernando
Campos.
    “Os lugares são sobretudo Coimbra e
Lisboa, uma fugidia referência a Chaves
e à Figueira e pouco mais. O tempo re-
cua para trás da vida do Autor, memória
das memórias dos mais velhos, e vem até
aos nossos dias. Se se fizesse um índice
de pessoas e factos referidos, que acervo
de riqueza de cultura, humanismo e hu-
manidade, desde o nomear de escritores,
artistas, cientistas, actores, médicos, ad-             José Henrique Dias
vogados, professores, músicos, políticos,
saltimbancos, contorcionistas, trapezistas,        dela, está o Autor e este sentimento de     Ideias Sociais. Depois de uma longa car-
que sei eu!...” – escreve Fernando Cam-            eco autobiográfico mais de uma vez nos      reira no ensino público, leccionou na Uni-
pos no prefácio, acrescentando:                    acode ao espírito…O médico (que não         versidade Nova de Lisboa, depois de apo-
   “O antes e depois do 25 de Abril não            quis ser) está presente e o filósofo e o    sentado no ISCEM e actualmente é pre-           Instado por colegas, regressou às cró-
podia deixar de ter especial lugar… com            poeta, além, claro, do jornalista… .”.      sidente do Conselho Científico do Institu-   nicas em jornais de Coimbra, primeiro em
nomes, factos e rememorações…e, se se                                                          to Superior Miguel Torga.                    “O Despertar”, depois no “Centro”, reto-
verrinam os tempos da “outra senhora”,             UM CONIMBRICENSE                               Desde os verdes anos ligado à escrita,    mando um dos seus velhos títulos, “A ou-
não se deixa de lançar olhar crítico aos           ILUSTRE                                     integrou em Coimbra tertúlias de que en-     tra face do espelho”. É uma colectânea
grafitti que maculam tudo quanto é pare-                                                       tre outros faziam parte Zeca Afonso, Lou-    dessas crónicas que agora se apresentam
de (“…a arte e os equívocos…”), as flo-               José Henrique Dias nasceu em Coim-       zã Henriques, Manuel Alegre, António         neste livro, onde, ficcionadas, passam
restas de cimento que desfiguram, nas              bra, em 1934. Licenciado em História, fez   Portugal e Levi Baptista. A partir de fi-    momentos de vidas marcadamente no
cidades, o que era écloga…                         Mestrado em História Cultural e Política    nais dos anos cinquenta e primeiros anos     espaço e tempos de uma Coimbra sem-
   Notável a “capacidade de lidar com as           na UNL e é doutorado pela mesma uni-        da década de sessenta do século passa-       pre mítica e evocações de figuras da mú-
palavras e as imagens”, diz uma persona-           versidade em História e Teoria das Idei-    do, integra o grupo polarizado por Edmun-    sica coimbrã, de que também foi, ainda
gem, mas nós sentimos que, por detrás              as, com especialidade em História das       do de Bettencourt, no Café Restauração,      vai sendo, cultor.



                                                     Aos Assinantes do “Centro”
  Director: Jorge Castilho                           Como tem sido bem evidente nas notícias vindas a público, o sector da comunicação social
      (Carteira Profissional n.º 99)
                                                     é um dos mais afectados pela crise que se abateu sobre toda a sociedade, sobretudo pelo brutal
  Editor/Propriedade: Audimprensa                    decréscimo nos investimentos publicitários.
     NIF: 501 863 109                                Perante isto, até os grandes grupos de comunicação social estão a fazer despedimentos
  Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho            em massa, para além de haver muitos jornais regionais que se viram já obrigados
                                                     a suspender a publicação.
  ISSN: 1647-0540
                                                     Aqui no “Centro” estamos a fazer um enorme esforço para superar as dificuldades.
  Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930                 Mas esse esforço só será bem sucedido se conseguirmos receitas de publicidade e se os nossos
  Composição e montagem: Audimprensa
                                                     Assinantes tiverem a gentileza de proceder ao pagamento da respectiva assinatura anual
  Rua da Sofia, 95, 2.º e 3.º - 3000-390 Coimbra     - que se mantém em 20 euros desde o início do jornal.
                                                     Se quer que esta tribuna livre possa manter-se, muito agradecemos que nos envie o pagamento
  Telefone: 309 801 277 - Fax: 309 819 913
                                                     da sua assinatura - uma verba que representa apenas o equivalente a cerca de 5 cêntimos por dia,
  e-mail:   centro.jornal@gmail.com                  menos de 40 cêntimos por semana!
  Impressão: CORAZE                                  Outra forma de ajudar este projecto independente é conseguir-nos novos Assinantes,
     Oliveira de Azeméis                             por exemplo entre os seus familiares e amigos (veja a página ao lado).
  Depósito legal n.º 250930/06

  Tiragem média: 5.000 exemplares
                                                     Contamos consigo!
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                        COIMBRA                3
NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA, NO MUSEU DA ÁGUA


Francisco Bandeira em debate promovido
pelo Clube de Empresários de Coimbra
   Na próxima sexta-feira (dia 3 de Ju-                                                presários, Pedro Vaz Serra. “Por outro        Machado de Castro.
lho) o Clube de Empresários de Coim-                                                   lado, a pertinência do tema é indiscutí-         Francisco Marques Bandeira é Vice-
bra promove o primeiro de uma série de                                                 vel, pois a conquista de novos mercados       Presidente do Conselho de Administra-
jantares-debate do Museu da Água des-                                                  é algo de incontornável para a esmaga-        ção da CGD desde Janeiro de 2008.
tinados “a dinamizar o tecido empresari-                                               dora maioria das empresas portuguesas”,       Entre outros cargos, integra os conse-
al da região” e em que trarão a esta ci-                                               sublinha.                                     lhos de administração do Grupo Pestana
dade “figuras de relevo do panorama                                                       De resto, nem a escolha do próprio         Pousadas, da AdP - Águas de Portugal
económico e financeiro”                                                                espaço onde decorrerá o debate foi dei-       e da Visabeira. É ainda presidente do
   Neste primeiro debate, o convidado é                                                xada ao acaso. “Queremos, mais uma            Banco Caixa Geral, presidente do Con-
Francisco Bandeira, Vice-Presidente da                                                 vez, efectuar a ponte entre o meio em-        selho Directivo da Caixa Geral de Apo-
Caixa Geral de Depósitos (CGD). No                                                     presarial e o património cultural que te-     sentações e presidente dos conselhos de
jantar-debate, para o qual foram convi-                                                mos em Coimbra, razão pela qual resol-        administração da Locarent - Companhia
dados todos os sócios do Clube, Francis-                                               vermos promover este jantar-palestra no       Portuguesa de Aluguer de Viaturas e da
co Bandeira deverá explicar aos empre-                                                 Museu da Água que, desta forma e pela         Caixa Leasing e Factoring - Instituição
                                           Francisco Bandeira
sários como é que a Caixa Geral de De-                                                 primeira vez desde a sua inauguração,         Financeira de Crédito.
pósitos os pode ajudar a conquistar no-    zões: é um cidadão de Coimbra e ocupa,      recebe uma iniciativa deste género”, fri-        Licenciado em Economia pela Univer-
vos mercados, abrindo assim novas pers-    neste momento, funções de grande res-       sa. Recorde-se que já a tomada de pos-        sidade de Coimbra, Francisco Bandeira
pectivas para o desenvolvimento econó-     ponsabilidade na maior instituição finan-   se dos actuais órgãos sociais, a 5 de         foi agraciado pelo Presidente da Repú-
mico da região.                            ceira portuguesa, com grandes e direc-      Maio, teve como palco um dos princi-          blica, Jorge Sampaio, com o grau de
   “Tivemos a preocupação de convidar      tas repercussões no meio empresarial”,      pais pólos culturais da região e do país, o   Comendador da Ordem do Infante D.
o vice-presidente da CGD por duas ra-      explica o Presidente do Clube de Em-        recém-reinaugurado Museu Nacional             Henrique em Julho de 1999.


 ORIGINAL PRESENTE POR APENAS 20 EUROS                                                                                                    AUDIMPRENSA
                                                                                                                                           Jornal “Centro”
 Ofereça uma assinatura do “Centro”                                                                                                       Rua da Sofia. 95 - 3.º
                                                                                                                                          3000–390 COIMBRA

 e ganhe valiosa obra de arte                                                                                                           Poderá também dirigir-nos o seu pe-
                                                                                                                                     dido de assinatura através de:
                                                                                                                                          telefone 309 801 277
    Temos uma excelente sugestão           ma tão original, está a desabrochar,        sua casa (ou no local que nos indicar),            fax 309 819 913
 para uma oferta a um Amigo, a um          simbolizando o crescente desenvolvi-        o jornal “Centro”, que o manterá                   ou para o seguinte endereço
 Familiar ou mesmo para si próprio:        mento desta Região Centro de Portu-         sempre bem informado sobre o que de                de e-mail:
 uma assinatura anual do jornal            gal, tão rica de potencialidades, de His-   mais importante vai acontecendo nes-             centro.jornal@gmail.com
 “Centro”                                  tória, de Cultura, de património arqui-     ta Região, no País e no Mundo.
                                                                                                                                        Para além da obra de arte que des-
    Custa apenas 20 euros e ainda re-      tectónico, de deslumbrantes paisagens          Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo,
                                                                                                                                     de já lhe oferecemos, estamos a pre-
 cebe de imediato, completamente           (desde as praias magníficas até às ser-     por APENAS 20 EUROS!
                                                                                                                                     parar muitas outras regalias para os
 grátis, uma valiosa obra de arte.         ras imponentes) e, ainda, de gente hos-        Não perca esta campanha promo-
                                                                                                                                     nossos assinantes, pelo que os 20 eu-
    Trata-se de um belíssimo trabalho      pitaleira e trabalhadora.                   cional e ASSINE JÁ o “Centro”.
                                                                                                                                     ros da assinatura serão um excelente
 da autoria de Zé Penicheiro, expres-         Não perca, pois, a oportunidade de          Para tanto, basta cortar e preen-
                                                                                                                                     investimento.
 samente concebido para o jornal           receber já, GRATUITAMENTE,                  cher o cupão que abaixo publicamos,
                                                                                                                                        O seu apoio é imprescindível para
 “Centro”, com o cunho bem carac-          esta magnífica obra de arte (cujas di-      e enviá-lo, acompanhado do valor de
                                                                                                                                     que o “Centro” cresça e se desen-
 terístico deste artista plástico – um     mensões são 50 cm x 34 cm).                 20 euros (de preferência em cheque
                                                                                                                                     volva, dando voz a esta Região.
 dos mais prestigiados pintores portu-        Para além desta oferta, o beneficiá-     passado em nome de AUDIMPREN-
 gueses, com reconhecimento mesmo          rio passará a receber directamente em       SA), para a seguinte morada:                    CONTAMOS CONSIGO!
 a nível internacional, estando repre-
 sentado em colecções espalhadas por
 vários pontos do Mundo.
    Neste trabalho, Zé Penicheiro,               Desejo oferecer/subscrever uma assinatura anual do CENTRO
 com o seu traço peculiar e a incon-
 fundível utilização de uma invulgar
 paleta de cores, criou uma obra que
 alia grande qualidade artística a um
 profundo simbolismo.
    De facto, o artista, para represen-
 tar a Região Centro, concebeu uma
 flor, composta pelos seis distritos que
 integram esta zona do País: Aveiro,
 Castelo Branco, Coimbra, Guarda,
 Leiria e Viseu.
    Cada um destes distritos é repre-
 sentado por um elemento (remeten-
 do para o respectivo património his-
 tórico, arquitectónico ou natural).
    A flor, assim composta desta for-
4       INTERNACIONAL                                                                                                             26 DE JUNHO DE 2009


UM EXEMPLO QUE VEM DO BRASIL

Supermercados suspendem compras a empresas
envolvidas na desflorestação da Amazónia
   A Wal-Mart, o Carrefour e o Pão de         acordo com a associação de supermer-          comprou gado de fazendas multadas pelo          A decisão foi resultado da acção civil
Açúcar, as três maiores redes de super-       cados, inclui notificar as empresas de pro-   Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e      pública do Ministério Público Federal que
mercados do Brasil, suspenderam as            cessamento de carne, exigir delas as gui-     dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-       encaminhou, na última semana, uma re-
compras de produtos bovinos de fazen-         as de trânsito animal junto às notas fis-     ma) e de outra que fica dentro de uma        comendação às grandes redes de super-
das envolvidas na desflorestação da           cais, e suspender compras das fazendas        reserva indígena.                            mercados e outros 72 compradores de
Amazónia.                                     denunciadas pelo Ministério Público Fe-          A ONG informa que foram propostas         produtos bovinos para que parem de ad-
   Numa reunião realizada este mês na         deral (MPF) do Pará.                          21 acções ao Ministério Público do Pará      quirir carne proveniente da destruição da
Associação Brasileira de Supermercados           “Como medida adicional, as três redes      pedindo o pagamento de 2,1 mil milhões       floresta.
(Abras), o Carrefour, Wal-Mart e o Pão        solicitarão, ainda, um plano de auditoria     de reais (770 milhões euros) em indemni-        O desrespeito do pedido poderá resul-
de Açúcar tomaram esta medida em re-          independente e de reconhecimento inter-       zações pelos danos ambientais à socieda-     tar em multa de 500 reais (180 euros) por
púdio de práticas denunciadas pela orga-      nacional que assegure que os produtos que     de brasileira. A área total desflorestada,   quilo de produto comercializado.
nização não-governamental Greenpeace.         comercializam não são procedentes de          diz o Greenpeace, corresponde à superfí-        O Ministério Público Federal pretende
   Segundo um comunicado da Abras, “o         áreas de devastação da Amazónia”, des-        cie da cidade de São Paulo.                  ainda ampliar estas acções de combate à
sector de supermercados não irá compac-       tacou o comunicado.                              A decisão foi tomada pelas três maio-     desflorestação com responsabilização da
tuar com as acções denunciadas e reagi-          Entre as empresas processadas está         res redes de supermercados por não ha-       cadeia produtiva da pecuária para outros
rá energicamente”.                            uma das maiores do sector no Brasil, a        ver “garantias de que a carne não vem de     estados da chamada Amazónia Legal,
   A posição definida pelas empresas, de      Bertin S.A, que, segundo a Greenpeace,        áreas desmatadas na Amazónia”.               como Mato Grosso e Rondónia.




                                                 Um forte abraço de concorrência
                                              uma combinação de interacção e con-           Paquistão.                                   dos militares empenhados em tarefas
                    Fiodor Lukyanov *         corrência.                                      Hoje em dia, Washington tenta, sem         «práticas e concretas» nos campos de
                                                O facto da China e da Rússia faze-          sucesso, activizar os seus aliados euro-     combate no Afeganistão e no Paquistão.
   As duas cimeiras, decorridas em me-        rem parte da OCX já é mais que sufici-        peios que não querem afastar-se muito        Portanto, o papel da OCX na arena glo-
ados de Junho em Ekaterinburgo, no            ente para a organização estar em              das zonas tradicionais da responsabilida-    bal irá crescer gradualmente, o que cor-
coração dos Urais – da Organização de                                                                                                    responde aos interesses de Moscovo e
Cooperação de Xangai e de BRIC (Bra-                                                                                                     Pequim.
sil, Rússia, Índia e China) – tiveram por                                                                                                   Ao nível global, os interesses da Chi-
objectivo demonstrar uma maior diver-                                                                                                    na e da Rússia são, em princípio, conci-
sificação política externa da Rússia.                                                                                                    dentes. Mas ao nível regional, estes paí-
   Do encontro dos dirigentes do Brasil,                                                                                                 ses são, e cada vez serão mais, fortes
da Rússia, da Índia e da China pode-se                                                                                                   rivais.
tirar uma conclusão parodoxal: os seus                                                                                                      Pequim vê na OCX um instrumento
participantes, vistos neste formato, não                                                                                                 de reforço da sua presença nos merca-
têm praticamente nada em comum.                                                                                                          dos da Ásia Central e de acesso ao re-
   De facto, os 4 países têm diferentes                                                                                                  cursos energéticos da região. Moscovo
sistemas políticos, tipos de identifiicação                                                                                              pretende o mesmo. Percebe-se que o
nacional, modelos económicos, priorida-                                                                                                  domínio económico da China na OCX é
des de desenvolvimento e relações com                                                                                                    inegável. Assim, na cimeira de Ekaterin-
os maiores jogadores na arena interna-                                                                                                   burgo, Pequim prometeu 10 mil milhões
cional. O formato de BRIC é como um                                                                                                      de dólares de ajuda para financiar pro-
mundo não ocidental em miniatura, e as                                                                                                   jectos no quadro da organização. Mas
discussões travadas no quadro da nova                                                                                                    as capitais dos países da Ásia Central
organização reflectem toda a multicida-                                                                                                  conhecem muito bem o pragmatismo
de dos problemas globais. Já que os pon-                                                                                                 chinês: Pequim não concede ajudas mas
tos de vista ocidentais sobre os proces-      foco.Nos últimos anos os políticos oci-       de da Organização do Tratado do Atlân-       apenas financia projectos que lhe são
sos internacionais predominam no mun-         dentais receavam uma nova e verdadei-         tico Norte. Entretanto, tanto Moscovo,       vantajosas economica e politicamente.
do, pode, aliás, ser útil escutar as opini-   ra aliança entre Moscovo e Pequim. Na         como Pequim e os países da Ásia Cen-            O trunfo russo é a cooperação políti-
ões destes quatro Estados importantes.        primeira metade dos anos 2000, a força        tral, percebem a importância vital do nó     co-militar, já que a China, devido à sua
   No caso de BRIC não se pode falar          motora da aproximação política no qua-        afegão-paquistanês. No caso paquista-        filosofia política externa, não dá garanti-
sobre qualquer tipo de bloco, aliança ou      dro da OCX foi o desejo de mostrar aos        nês, já não se pode fazer nada sem Pe-       as de segurança a ninguém. E os peque-
organização formal a tomar decisões           «forasteiros» (leia os EUA) os limites do     quim: a influência da China sobre a elite    nos vizinhos da China preferem não usá-
práticas. A concordância tem apenas um        permissível na região cujos «donos» são       militar paquistanesa começa a superar a      las, pois têm mais medo do domínio de
carácter geral. Qualquer tentativa de         a Rússia e a China.                           influência norte-americana.                  Pequim de que do de Moscovo.
concretizar algo embaterá numa insupe-           Um exempo desta audácia foi o ulti-           Claro que os pontos de vista e as pri-       À medida que a OCX, de uma organi-
rável diferença de interesses contradi-       mato para Washington definir os prazos        oridades da OCX e da coligação ociden-       zação simbólica a censurar o expansio-
tórios. No caso de BRIC, é difícil falar      da estadia das forças armadas norte-          tal ainda divergem bastante. Mas o mun-      nismo norte-americano transforma-se
numa concorrência interna. Esta estru-        americanas na Ásia Central, assim como        do em rápida mudança e as capacidades        numa estrutura com importantes objec-
tura dificilmente adquirirá um grau de        o convite para o Irão ocupar na OCX           limitadas dos EUA obrigam a alterar as       tivos concretos a alcançar ao nível regi-
maturidade quando as divergências dos         um lugar de observador.                       táticas e estratégias ocidentais.            onal, a tarefa de Moscovo complica-se.
participantes impedem a fazer algo.              A importância da OCX não pára de              Nos últimos meses surgiram sintomas       Exige-se um árduo e consequente tra-
   Na Organização de Cooperação de            crescer. Até agora, os EUA e a NATO           de uma atitude mais prática de Washing-      balho com os vizinhos e uma estratégia
Xangai a situação é muito diferente. Os       têm evitado uma interacção com esta           ton para com a OCX. Mas. Os impulsos         acertada de relações com o «amigo-con-
interesses dos países membros entrela-        estrutura na solução dos sérios proble-       não partem dos políticos, que continuam      corrente» chinês.
çam-se de modo tão estreito que surge         mas que enfrentam no Afeganistão e no         a recear alianças concorrentes, mas sim            * in revista A Rússia na Política Global
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                              COIMBRA                  5

Rotary Club de Coimbra/Olivais
tem novo Conselho Director
   Realiza-se no próximo dia 6 de Julho,       Jorge Humberto (Tesoureiro). Os restan-       no decorrer do seu mandato irá promover        nhecida reputação em cada uma das áre-
pelas 21,30 horas (no Hotel Tryp de Co-        tes lugares passam a ser ocupados por         o debate sobre diversos temas de grande        as focadas.
imbra), uma Assembleia Geral do Rotary         Jorge Corte-Real, Amílcar Carvalho, Jor-      actualidade, dos quais salientou “Coimbra
Club de Coimbra / Olivais, onde acaba de       ge Castilho, Santos Cabral, Ernesto Viei-     e o seu Património”, “Nutrição e Saúde”        RIBEIRO FERREIRA PRESIDE
decorrer a transmissão de poderes.             ra, Isolina Mesquita e António Pato.          e “Água e Recuros Hídricos”.                   AO CLUBE DE COIMBRA
   Assim, a presidente cessante, Maria            Na cerimónia de transmissão de po-            No âmbito do primeiro tema, vão ser
Helena Goulão, passou o cargo a Alber-         deres, Albertino de Sousa elogiou o tra-      organizadas visitas guiadas a monumen-            Também no Rotary Clube de Coim-
tino de Reis e Sousa.                          balho desenvolvido por Helena Goulão e        tos de Coimbra e da Região, alargando a        bra se procedeu à cerimónia detransmis-
   O novo Presidente constituiu o seu          saudou também Agostinho Almeida San-          participação nessas iniciativas aos ele-       são de poderes.
Conselho Director com os seguintes ele-        tos, já designado para assumir a Presi-       mentos dos outros Clubes Rotários.                O novo Presidente é José Ribeiro Fer-
mentos: Rodrigo Santiago (Vice-Presi-          dência do Club no próximo ano.                   Para abordar os outros temas irão sen-      reira, que referiu que a sua aposta vai ser
dente), António José Gala (Secretário),           Albertino de Sousa revelou ainda que       do convidadas personalidades de reco-          sobretudo na Cultura.



TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS

O fascínio das estrelas em Coimbra
com Gil Vicente, Camões, Vieira, Pessoa e “jazz”
   Sabia que a música também deu ori-                                                                                                       avança José António Paixão.
gem a uma teoria astronómica? E que o                                                                                                          Mas, acrescenta, os astros foram tam-
Padre António Vieira estava atento às                                                                                                       bém uma importante fonte de inspiração
inovações da Astronomia? E o que terá                                                                                                       para a música e, em particular, para o jazz.
ele dito sobre a revolução iniciada por                                                                                                     “Já na obra dos ‘veteranos’ Duke Elling-
Copérnico, também jesuíta, mas com                                                                                                          ton e Charlie Parker encontramos temas
uma teoria que abalaria as crenças da                                                                                                       que remetem directamente para os astros.
Igreja? O dramaturgo Mário Montene-                                                                                                         Com o advento do free jazz e do jazz de
gro, a matemática Carlota Simões e o                                                                                                        fusão, nas década de 60 e 70, muitos são
físico José António Paixão dão a conhe-                                                                                                     os artistas que gravaram composições ins-
cer em Coimbra cruzamentos inespera-                                                                                                        piradas na aventura espacial. E são mui-
dos entre a Arte e a Astronomia.                                                                                                            tas as referências ao cosmos na música
   Acompanharam de perto as revoluções                                                                                                      contemporânea, do “Big Bang” aos bura-
na Astronomia e as suas obras estão re-                                                                                                     cos negros”, revela o também responsá-
pletas de referências rigorosas a fenóme-                                                                                                   vel pelo projecto ‘Quark!’, uma escola
nos celestes: o fascínio pelas estrelas con-                                                                                                olímpica da Universidade de Coimbra des-
tagiou alguns dos expoentes da arte em                                                                                                      tinada a jovens pré-universitários e onde
Portugal, e não só. O dramaturgo Mário                                                                                                      a Física e o Jazz se entrecruzam.
Montenegro, a matemática Carlota Si-                                                                                                           A sessão na Almedina, subordinada ao
mões e o físico José António Paixão vão          :Intervenientes da última sessão do ciclo “O Universo da Astronomia” deram                 tema “A Astronomia e as Artes” é a ter-
                                                 dicas preciosas para que todos possam desfrutar ao máximo das estrelas
dar a conhecer em Coimbra o lado este-                                                                                                      ceira do ciclo “O Universo da Astrono-
lar do teatro, da literatura e da música. A                                                                                                 mia”, organizado pela Almedina e pela
                                               e ‘Os Lusíadas’ de Camões coincidem           da Universidade de Coimbra, onde inves-
sessão terá lugar no dia 30 de Junho (ter-                                                                                                  Ideias Concertadas no âmbito das come-
                                               com a época áurea dos Descobrimentos,         tiga a relação entre o teatro e a ciência, o
ça-feira) às 18 horas na livraria Almedina                                                                                                  morações do Ano Internacional da As-
                                               quando as caravelas cruzaram a linha do       dramaturgo irá ainda dar a conhecer o tra-
Estádio, em Coimbra. A entrada é livre.                                                                                                     tronomia (AIA 2009).
                                               equador e tiveram finalmente acesso ao        balho da Marionet na área da divulgação
   Carlota Simões, professora e investi-                                                                                                       Depois de sessões dedicadas a Gali-
                                               céu do hemisfério Sul, desconhecido até       das temáticas astronómicas.
gadora do Departamento de Matemáti-                                                                                                         leu, às observações astronómicas e, ago-
ca da Universidade de Coimbra, irá re-         então”, lembra a investigadora.               A MÚSICA TAMBÉM                                ra, às Artes, o “Universo da Astronomia”
velar uma face menos conhecida de al-             Na Almedina, Carlota Simões irá ain-                                                      termina a 9 de Julho às 18 horas com
                                                                                             INFLUENCIOU AS ESTRELAS
guns dos nomes maiores da escrita em           da mostrar como em alguns autores, como                                                      uma conferência sobre o ensino da As-
português: a sua relação com os céus.          Camões e Alberto Pimenta, é possível             Mas se o Universo inspirou a litera-        tronomia. Os convidados serão Rosa
Pela mão da investigadora da Faculdade         descobrir ou confirmar a data de aconte-      tura e o teatro, a Astronomia influen-         Doran, do NUCLIO - Núcleo Interacti-
de Ciências e Tecnologia, os participan-       cimentos associados na escrita a eventos      ciou também a música. E, não menos             vo de Astronomia, Joana Marques, do
tes poderão conhecer o lado astronómi-         astronómicos. A investigadora irá, por fim,   importante, deixou-se influenciar por          Museu da Ciência da Universidade de
co de Leão Hebreu, Gil Vicente, Luís de        revelar o que é que Padre António Vieira      ela, explica o professor do Departa-           Coimbra, e Victor Gil, presidente da di-
Camões, Padre António Vieira, Fernan-          achou do sistema heliocêntrico do tam-        mento de Física da UC José António             recção do Exploratório - Centro Ciência
do Pessoa e Alberto Pimenta.                   bém jesuíta Nicolau Copérnico, que, ao        Paixão.                                        Viva de Coimbra.
   Algumas das descobertas mais impor-         sugerir que o Sol (e não a Terra) era o          “As regularidades que se observam              O Ano Internacional da Astronomia é
tantes da Astronomia foram imortaliza-         centro do Sistema Solar, abalaria uma das     nos movimentos dos astros e nos sons           coordenado em Portugal pela Sociedade
das por incontornáveis da literatura. As       principais convicções da Igreja.              musicais levaram os primeiros astróno-         Portuguesa de Astronomia, com o apoio
obras do tempo da expansão marítima,              Já Mário Montenegro, director artísti-     mos a intuir a existência de uma relação       da Fundação para a Ciência e Tecnolo-
como ‘Os Lusíadas’, são, de resto, fon-        co da companhia de teatro Marionet, vai       entre a harmonia cósmica e a musical –         gia, da Agência Nacional Ciência Viva,
tes ricas sobre a evolução da Ciência,         debruçar-se sobre a forma como a As-          como a proposta na ‘música das esfe-           do Museu da Ciência da Universidade
explica Carlota Simões. “A publicação          tronomia tem influenciado o universo tea-     ras’ de Kepler, uma teoria para o movi-        de Coimbra e da Fundação Calouste
de ‘Diálogos de Amor’ de Leão Hebreu           tral. Doutorando na Faculdade de Letras       mento planetário inspirada na música”,         Gulbenkian.
6      CRÓNICA                                                                                                         26 DE JUNHO DE 2009



                        A OUTRA FACE
                         DO ESPELHO
                                                                                Parque Verde
                       José Henrique Dias*
                         jhrdias@gmail.com


   Podemos dar uma volta no Parque Verde. Foi as-
sim que começou a conversa, quando a tarde se ex-
tinguia na sala onde acabara a conferência, sobre
aquelas coisas que às vezes nos pedem e a que não
podemos dizer não, por dever de ofício. Nem sem-
pre os temas nos agradam, quantas vezes nos obri-
gam a trabalho suplementar, leituras apressadas, umas
nótulas securitárias para não corrermos risco de aba-
far, mas sempre esta obrigação de estar ali, a funci-
onar no funcionalismo gratuito da contribuição cul-
tural, porque nunca ninguém se lembra de quanto
vale o que sabemos e podemos disponibilizar, paga-
se ao médico, ao advogado, ao arquitecto, paga-se
ao pintor, ao carpinteiro, ao canalizador, mas ao tra-
balhador intelectual faz-se o favor de convidar para
uma mesa-redonda, uma palestra, conferência, sei
lá o quê, venha daí em viagem à sua própria custa,
que fará parte do adorno ou servirá para compor o
currículo.
   Quando me disse podemos dar uma volta no Par-
que Verde, senti que era a compensação de que dis-
punha para me colocar no limbo dos bons momen-
tos. O certo é que eu não sabia o que era o Parque          A mulher já não tinha muita paciência para aturar   as formas ridículas que afinal são as que valem a
Verde. Aprendi depois que é um lugar aprazível, à        os pequenos caprichos do senhor administrador, gos-    pena, pronto, o Parque Verde está visto e agora, se-
beira de um Mondego que é outro naquele passear          tava das festas sociais e sair nas revistas ao lado    nhor engenheiro, vou levá-lo ao hotel.
de horas mais ou menos lânguidas, onde as mãos se        dele, mas era bem mais interessante o motorista, que      Foi então que ele olhou e viu um pequeno cartaz
podem encontrar, os sorrisos adormecerem, os olha-       um dia a levou ao Algarve para uma festa de notá-      que falava numa homenagem ao António Portugal.
res multiplicarem cumplicidades e, quem sabe, tal-       veis a que ele não podia ir.                           Lembrou então os idos de finais dos anos quarenta,
vez um regato nascente para um rio de ternura, que          Depois, bem, passado o embaraço da timidez foi      todos os anos cinquenta do século passado, a Coim-
a ternura é sempre o esperável que vale a pena es-       tudo o jogo da glória e nem uma pitada de remorso,     bra dos preparatórios de engenharia, que então não
perar. Ai de quem não sabe isto, quem apenas se          ele também mas faz, logo estamos quites, penso que     havia licenciatura, os encontros com o António e a
prende nas realizações de futuros organizados, arru-     não disse assim, o motorista é que ficou sem saber     Teresa, todos os daquela tertúlia depois de almoço,
madinhos, muito conseguidos para. Quem funciona-         como tratá-la, também para que interessa a maneira     que se espreguiçava pela tarde, se repetia depois de
liza o amor ou isso a que é costume chamar amor,         como as pessoas se tratam na intimidade, há sempre     jantar até horas mortas.
como querem sempre funcionalizar a inteligência a                                                                  O António Portugal ficará como um símbolo, não
recibos verdes ou contratos a termo certo, que é sem-                                                           de uma geração, mas de um esforço renovador. Que
pre termo sabido, amar com horário e relógio de pon-                                                            é muito mais do que marcar um tempo, é ser o pró-
to, que horror, disse-me ela no Parque Verde, quan-                                                             prio tempo. A partir daquela noite em que Artur Pa-
do isto tudo me saía torrencial para expurgar a re-                                                             redes, com o filho Carlos, Arménio Silva e Ferreira
volta, que horror, senhor engenheiro, nem sei se hei-                                                           Alves, no Avenida, nas comemorações das Bodas
de chamar-lhe engenheiro ou economista, repetia,                                                                de Diamante do Orfeon trouxeram uma outra sono-
mas não se chama a ninguém senhor economista,                                                                   ridade à guitarra, o António Portugal ficou depositá-
reparo agora, disse com ar gaiato, diz-se sempre se-                                                            rio da responsabilidade de mudar tudo no espaço
nhor doutor, também serve para tudo, mas senhor                                                                 coimbrão. Assumiu com tranquilidade exaltante. Com
economista também soa mal, não acha?                                                                            a guitarra e uma maneira de se dobrar com ela. Ar-
   Divertia-me ouvi-la e pensei no curso de enge-                                                               rebatado. Como em tudo. Até o coração aguentar.
nharia do Técnico e depois nos estudos de econo-                                                                   Naquele rés-do-chão da Avenida Afonso Henri-
mia, o doutoramento em Boston, os conselhos de ad-                                                              ques. Corria o ano de 1955. Eu sei que isto pode
ministração e as aulas, os convites das televisões                                                              incomodar alguns, não sou evidentemente especia-
em programas para dizer o que se quer ouvir, pensei                                                             lista. Tenho memória. Sei que semeava a diferença.
em tudo, julgo que pensei, porque na verdade apenas                                                             Que construiu a diferença.
andava à solta nos canteiros dos seus olhares de                                                                   O António, que então tocava com o Jorge Godi-
desafio, penso que eram de desafio, que a madureza                                                              nho, o Manuel Pepe e o Levi Baptista, percebeu bem
da minha idade talvez abrisse alguma especial curio-                                                            o que eram cromáticos, é assim que se diz?, agarrou
sidade, como será na cama este tipo tido por sábio                                                              na guitarra e meteu-se a fazer a Aguarela Portu-
em questões económicas, ora ora, são todos iguais,                                                              guesa. Seguiu-se um salto enorme, com os poemas
mas talvez haja alguma coisa que a gente não sabe,                                                              do Alegre, a voz do Goes e do Adriano, quantas mais.
um qualquer viciozito privado, qualquer surpresa, isto                                                             A resistência activa mas acima de tudo um toque
andava vagamente na cabeça dela, ou talvez apenas                                                               de qualidade que repercutiu em tantos dos que vie-
na minha cabeça, eu é que estava a pensar o que                                                                 ram depois, e não vou nomeá-los, que agora já nem
queria que ela pensasse, faltava-me coragem para                                                                me importam os olhos da mulher que acaba de dizer
verbalizar um convite.                                                                                          é altura de ir para o hotel…
   Aquela coragem com que era capaz de demolir                                                                     Valeu a pena saber o que é o Parque Verde. Para
as grandes opções de um qualquer plano de um qual-                                                              poder marcar este encontro com o António Portugal.
quer governo. Interfiro agora na história, mudo a        António Portugal
pessoa, a conjugação neutraliza o que pode.                                                                                                   * Professor universitário
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                   OPINIÃO            7
 ponto . por . ponto
Por Sertório Pinho Martins                                        mata-mata!
   Há cerca de um ano, esta coluna       riga vazia dos contribuintes bate        derrocada de sonhos para uns tantos       do parceiro a contra-gosto) e PS + BE
dava à luz um texto cujo título balan-   mais forte do que a vozearia dos         que nada fizeram para merecer outro       (que vai durar o tempo de um sopro,
çava entre o real e o jocoso: “a cor-    debates sobre o estado da nação ?        destino, e um quebra-cabeças para mi-     porque os tempos não são de nacio-
da e o circo”. E passo a citar dois      Remodelando agora, terá no míni-         lhões de portugueses que só querem        nalizar sectores de que o BE quer a
excertos, que parece terem parado no     mo o benefício da dúvida de quem         apostar certo e garantir que não lhes     todo o transe pôr-e-dispor).
tempo.                                   foi solidário até ao limite do tole-     tiram o resto da pele que já deixaram        E um governo minoritário, como
    “Cada um faz o seu número de         rável, mas que não hesitou em dar        nos desfiles de rua, na dobradiça das     fará passar o seu ‘programa’? Se for
circo, a corda vai esticando debai-      o passo patriótico quando esgotou        portas do emprego fechadas com es-        do PS, o PCP não lhe dará mais que o
xo das nossas desilusões e não nos       todas as esperanças em homens que        trondo, nos salários em atraso, nas fi-   benefício da ‘abstenção’, e o BE pode
demos conta que já estamos a tra-        afinal desapontaram o país real. E       las de espera de uma esperança cada       não chegar para que passe rés-vés
balhar sem rede! Numa conjuntura                                                                                            contra a aliança parlamentar PSD-
económico-social sem precedentes                                                                                            CDS, – sendo certo que, se for um
desde há décadas, o que passa a                                                                                             BE-fiel-de-balança, fará duras exi-
valer é o chorrilho de asneiras, a          E depois de 27 de Setembro? Ninguém vai                                         gências que lhe continuem a dar visi-
surdez à voz do bom-senso, a com-                                                                                           bilidade e protagonismo. Mas o mun-
petição pela maior parvoíce políti-         sobreviver sozinho, e os ‘fiéis-de-balança’                                     do que Francisco Louçã sonha não é
ca – porque no fim alguém há-de             (CDS e BE), emergentes de um desnorte                                           o que aí vem, feito de consensos ao
apagar as luzes! ... Qualquer even-                                                                                         centro, de privatização da economia,
to (por mais insignificante) serve          que atacou os indecisos e os desalentados,                                      de liberalização das leis laborais e de
para tocar a rebate e a lançar re-
cados que não têm segunda leitu-
                                            voltam a ser (Deus nos acuda!) os decisores                                     esbatimento do Estado como golden-
                                                                                                                            share dos sectores-chave do século
ra, cruzam-se ameaças por cima das          do equilíbrio político que nos é necessário                                     XXI. Se for do PSD, o CDS ajudará
nossas cabeças atarantadas com                                                                                              mas quererá também contrapartidas,
tanto despudor político, e o hori-
                                            como pão para a boca!                                                           e com toda a certeza que o PCP, PS e
zonte continua nublado a perder de                                                                                          BE votarão contra – e aí, adeus pro-
vista. Cheira cada vez mais a quei-                                                                                         grama de governo!
mado e ninguém repara na direc-                                                                                                Conclusão? A batata pode voltar às
ção do vento!”                           se ele tem por onde escolher!”.          vez mais ténue. E quando em 27 de         mãos de Cavaco Silva, que decerto
    “José Sócrates tem nas mãos uma         Escrevi isto em Julho de 2008, an-    Setembro e 11 de Outubro chegar o         não hesitará em pôr ordem na bagun-
maioria absoluta, base primeira          tes do big-bang do suprime america-      momento de fazer escolhas, receio         ça. E ai de quem lhe apontar que não
para a estabilidade política que ou-     no que já corroía a economia ameri-      muito que o “mata-mata” assassino e       foi um gajo-porreiro-pá e deu aos par-
tros vão ter que conquistar, esgri-      cana e que os gurus europeus acha-       sem discernimento se sobreponha ao        tidos todas as oportunidades de se en-
mindo argumentos que levem a dar         vam que não se atreveria a passar o      razoável de uma realidade que deixou      tenderem em nome da paz política que
um passo atrás aos que em 2005           Atlântico a vau, e antes das catástro-   de ter esperança.                         o país (que os sustenta!) exige, e que
votaram claramente no PS. Dir-se-        fes universais em cadeia que se lhe         E depois de 27 de Setembro? Nin-       já está assegurada noutros parceiros
á que nessa altura já havia no ar        seguiram. Mas também nunca tive          guém vai sobreviver sozinho, e os ‘fi-    europeus que vão dar as mãos para
uma ‘dinâmica de mudança’ ; mas          veleidades (há que dizê-lo) de que al-   éis-de-balança’ (CDS e BE), emer-         chegar ao lado de lá do terramoto que
chegar à maioria absoluta foi um         guém ligasse a mais uma voz perdida      gentes de um desnorte que atacou os       varre o mundo desde há um ano a esta
feito indiscutível. Porém, ao primei-    no deserto. Diz-se tanta coisa que não   indecisos e os desalentados, voltam a     parte.
ro-ministro falta-lhe dominar es-        passa do ‘diz-se-diz-se’…                ser (Deus nos acuda!) os decisores           Quem não enxergar isto, não me-
pontaneidades, dosear ímpetos, si-          E fico perplexo com o que mudou       do equilíbrio político que nos é neces-   rece mais que o “mata-mata” adivi-
mular contrições e sacrificar peões      num ano! E fico doente com o que se      sário como pão para a boca! Cenári-       nhado dos próximos actos eleitorais
para chegar ao pleno em 2009. Ora        vai passar nos próximos três meses!      os? Todos eles são de cedências fei-      que decidirão o nosso futuro colecti-
sacrificar peões é algo que Sócra-       E fico em pânico com a eventual in-      tos: PSD + CDS (natural, até onde         vo. Muita cabeça vai rolar e algumas
tes ainda não absorveu e interiori-      governabilidade que se desenha no ho-    Manuela Ferreira Leite tiver paciên-      promissoras carreiras cairão sob a gui-
zou do mundo da política, a ponto        rizonte descalcificado das nossas        cia para segurar Paulo Portas), PS +      lhotina inexorável do voto popular.
de ir remodelar tão só para as elei-     energias nacionais.                      CDS (em que o primeiro dá ao segun-       Mas não merecem outra coisa, por-
ções de 2009. Senão, que outros             As eleições europeias foram uma       do dois ou três ministérios — Defesa,     que a esperança de um amanhã me-
trunfos ou actos de propaganda lhe       agradável surpresa para alguns, uma      Assuntos Sociais, Negócios Estrangei-     lhor vale por todos os pessimismos do
restam, numa altura em que a bar-        alegria esfusiante para outros, uma      ros?– para usar como quiser os votos      hoje.




                           VENDE-SE
     Casa com 3 pisos
  grande quintal e anexos
    num dos melhores locais de Coimbra
                        (Rua Pinheiro Chagas,
               junto à Avenida Afonso Henriques)

                                          Informa telemóvel 919 447 780
8 OPINIÃO                                                                                                                         26 DE JUNHO DE 2009


                                               gência de prazer e de poder está a von-       Egipto fazer um discurso que agradou           Mais avisados, os do Norte da Euro-
                                               tade de sentido. (...)                        tanto a judeus como a muçulmanos, a         pa desataram a andar de bicicleta e a
                                                                      Anselmo Borges         tese de que o Presidente americano é        descobrir o charme de compartilhar odo-
                                                                    Diário de Notícias       Satanás ganhou força. Talvez este ho-       res e sabores a próximo nos transportes
                                                                                             mem seja, de facto, o Anticristo respon-    públicos. (...)
                                               EMERGÊNCIA                                    sável pelo Apocalipse, na medida em                                  Rui Reininho
                                               DO PODER PIRATA                               que parece capaz de acabar com o                                Jornal de Notícias
                                                                                             mundo tal como o conhecemos. Apa-
                                                  O muito jovem Partido Pirata sueco
                                               fez uma entrada assinalável no Parla-
                                               mento Europeu, tendo obtido 7,1% dos
                                               votos na eleição de 7 de Junho de 2009.
                                               Para Estrasburgo vai enviar dois depu-
                                               tados. (...)
UM ÚLTIMO OLHAR                                   É preciso levar a sério a emergência
SOBRE AS EUROPEIAS                             desta nova oferta política. Depois de
                                               apenas três anos de existência, o Pira-
   (...) As sondagens das eleições europeias   tpartiet reúne cerca de 50.000 aderen-
portuguesas eram, afinal, quase tão fanta-     tes e é a terceira força militante da polí-
siosas como os resultados das eleições         tica sueca, logo atrás dos Moderados.
nacionais iranianas. Há que dizer, contudo,    (Os adversários do Partido Pirata subli-
que não era fácil a tarefa de quem sonda.      nham que a adesão ali é gratuita.) Em
Boa parte dos resultados eleitorais era qua-   2009, houve uma adesão maciça dos jo-
se impossível de prever. A vitória do PSD,     vens entre os 18 e os 30 anos – na gran-
por exemplo, acaba por ser surpreenden-        de maioria, homens – a um programa
te, sobretudo se tivermos em conta que         fundado na legalização da partilha de fi-
Paulo Rangel teve de superar algumas di-       cheiros. O principal detonador deste
ficuldades sérias: a falta de apoio de mui-    movimento foi o processo «The Pirate
tos dos principais militantes do partido, a    Bay», do nome de um sítio sueco na In-
sua relativa inexperiência política e uma      ternet que propunha um motor de busca
perturbadora semelhança física com o           especializado nos ficheiros torrents, que
Manelinho, da Mafalda, poderiam ter dei-       permitem descarregar e partilhar, entre
tado tudo a perder.                            utilizadores, filmes, música, programas
   Outra surpresa: o candidato ideal do        informáticos, etc (...)
PS, percebemo-lo agora, era Basílio                                     Philippe Rivière
Horta. Recordo que, segundo o ministro                       Le Monde Diplomatique
Manuel Pinho, Paulo Rangel teria de
comer muita papa Maizena para chegar           A CRISE DA JUSTIÇA                            rentemente, está interessado em trocá-
                                                                                                                                         “NÃO ABRACE TÁXI,
aos calcanhares de Basílio Horta. No                                                         lo por outro melhor, mas não deixa de
                                                                                             destruir o nosso. Obama já tinha torna-     JUNTE COM CAMBITO”
entanto, e mantendo a metáfora da fari-           Custa-me abordar este assunto, pelo
nha láctea, que é realmente elegante,          seu especial melindre. Mas, em consci-        do claro que o nosso sistema de pre-
                                                                                             conceitos, que era tão fiável e seguro,        Rio Branco (Acre) – Se alguém pe-
Rangel comeu as papas na cabeça de             ência, não posso deixar de o fazer. A cri-                                                dir: por favor, pode me destentar este che-
Vital Moreira. Imaginem agora a quanti-        se da Justiça está aí, é uma evidência        estava pervertido. Um respeitável se-
                                                                                             nhor branco de alguma idade como Ber-       que, e você souber que o sujeito é fari-
dade de papa Maizena que Vital Morei-          incontornável. Não pode deixar de preo-                                                   nha de cruzeiro, destente. Se tiver dinhei-
ra teria de comer para chegar aos cal-         cupar os cidadãos responsáveis.               nard Madoff roubou-nos a todos e deu
                                                                                             cabo da economia, e um negro relativa-      ro, tudo bem, é tarefa que você pode re-
canhares de Basílio Horta. (...)                  A Justiça, em demasiados casos, não                                                    alizar sem abraçar táxi. Vai ser como
                 Ricardo Araújo Pereira        funciona, nomeadamente quando envol-          mente jovem deseja endireitá-la outra
                                                                                             vez. Confesso que já não sei quem hei-      juntar com cambito. E se avistar um ho-
                                      Visão    ve políticos mediáticos ou desportistas                                                   mem usando bosoroca não estranhe, ele
                                               igualmente mediáticos. Os juízes não se       de temer, quando passo por um beco
                                                                                             escuro. (...)                               é homem mesmo. Ao ouvir “cuida, me-
                                               entendem com os procuradores e estes                                                      nina”, não se preocupe. Agora, saindo
                                               não se entendem com os responsáveis                          Ricardo Araújo Pereira
QUE NOS ESPERA?                                                                                                                          por ai, cuidado com as peremas. Grande
                                               da Polícia Judiciária. Há a sensação de                                        Visão
                                                                                                                                         e vasto é o Brasil, digo sempre, sem
    (...) O Homem vem ao mundo por             que disputam, entre si, para aparecerem                                                   medo do clichê. Porque é mesmo.
fazer e quer queira quer não tem essa          nas televisões, como vedetas. Não re-         NORMAL OU SUPER?
                                                                                                                                            Felizmente, viajar por causa da litera-
tarefa constitutiva: fazer-se a si mesmo.      sistem a responder a perguntas dispara-                                                   tura tem me ajudado a conhecer o país
E tanto podemos fazer de nós uma obra          tadas ou mal intencionadas e nem sem-            (...) Quando os carros andavam a
                                                                                                                                         e, principalmente, descobrir as múltiplas
de arte como fracassar.                        pre o fazem com o bom senso que seria         Normal, os dos remediados cujos pais se
                                                                                                                                         variações de nossa língua. Vou incorpo-
    Einstein constatou que quem sente a        de esperar.                                   deslocavam a pé ou de carroça no senti-
                                                                                                                                         rando aos meus caderninhos os vocabu-
vida vazia de sentido não é feliz e sobre-        Assim sendo, perdem a distância - tão      do de dar estudos e educação aos filhos,
                                                                                                                                         lários locais, além de trazer dicionários
vive mal. O Homem não pode viver sem           necessária à profissão que exercem - e        o gasóleo era para quem trabalhava e se
                                                                                                                                         regionais. Destentar é descontar. Abra-
sentido. Aliás, a existência humana está       desacreditam as magistraturas. Parece         tinha que fazer à estrada; os do normal
                                                                                                                                         çar táxi é trabalho difícil (diga tachi e não
baseada na convicção do sentido. A sua         não perceberem que o silêncio é de ouro       tiravam o coberto ao carro, limpavam-
                                                                                                                                         táxi), é sofrer. Bosoroca é uma bolsinha
própria negação ainda o afirma. No limi-       e a palavra, em certas circunstâncias,        lhe pó e iam ali até à praia ou à ribeira
                                                                                                                                         onde se carregam cartuchos. Cuida,
te, não é possível o “suicídio lógico”, pois   lhes é bastante inconveniente. O que          mais próxima ouvir o relato enquanto se
                                                                                                                                         menina significa se apresse, avie-se!
quem pegasse numa arma para suicidar-          contribui, com alguma frequência, para        fazia um croché e as crianças suspira-
                                                                                                                                         Farinha de cruzeiro é gente boa, confiá-
se, porque tudo é absurdo, negaria o ab-       o descrédito da Justiça, nos espíritos dos    vam pela sumol e pelos bolos de coco.
                                                                                                                                         vel, enquanto juntar com cambito é coi-
surdo e afirmaria o sentido.                   telespectadores, que nas suas casas, num         Nesse Mesozóico, também houve uma
                                                                                                                                         sa fácil de fazer. Peremas são mulheres
    O famoso psiquiatra Viktor Frankl,         contexto diferente, os vêem, escutam,         gravíssima crise de combustíveis por
                                                                                                                                         dadas, oferecidas, assanhadas e até mais
fundador da logoterapia, mostrou, a par-       avaliam. E não gostam... (...)                causa dos ayatollas que contestavam as
                                                                                                                                         do que isso.
tir dos estudos que realizou com base na                                 Mário Soares        modernices do xá da Pérsia. As viaturas
                                                                                                                                            Aos dicionários de gauchês e de per-
sua terrível experiência nos campos de                                             Visão     tinham só um depósito com que se haver
                                                                                                                                         nambucanês, já acrescentei o baianês e
concentração nazis, que a exigência mais                                                     aos fins-de- semana, de matrículas par
                                                                                                                                         o cearês. Agora tenho o acreano, do Gil-
radical do ser humano é o sentido, ra-         OBAMA ANTICRISTO?                             ou ímpar para circular e o Júlio Isidro
                                                                                                                                         berto Braga de Mello, delicioso. Gilber-
zões para viver. Contra Freud e Adler,                                                       aproveitou para inventar a Música na TV,
                                                                                                                                         to, como todo acreano, firma pé. Apesar
no mais fundo de nós, mais do que a exi-         (...) Quando, há dias, Obama foi ao         como o Bernstein cá do burgo.
                                                                                                                                         da reforma ortográfica, os acreanos, com
26 DE JUNHO DE 2009                                                                                                                  OPINIÃO               9
E, se recusam a se tornar acrianos, com        se pela “eficácia” do discurso e pela “for-     ser prejudicial (veja-se a Educação). Só-     vas bases: continuando o barrosismo
I. Que se mantenha o E, clamam, indig-         ça” da sua imagem. Ao ponto de a linha de       crates gosta de governar sozinho. Ideias,     sem Barroso, assim como Guterres inau-
nados. Ouçamos, minha gente, essas             rumo, de que tantos falam agora, ter sido,      precisam-se. E coerência. Não basta co-       gurara um cavaquismo de “rosto huma-
vozes distantes, elas não estão separa-        nos últimos dois anos, substituída por uma      piar a música e o slogan de Obama. Por-       no”.
das do Brasil. (...)                           sucessão ininterrupta de momentos de pro-       que ao PSD basta-lhe uma ideia: estar no         Durão Barroso revelou-se, no entan-
          Ignácio de Loyola Brandão            paganda ao longo dos quais o Governo sal-       poder. E querer estar no poder. Ser o balu-   to, um excelente presidente da Comis-
            “O Estado de São Paulo”            tava de anúncio em anúncio, de promessa         arte contra o avanço da esquerda.             são Europeia. Reabilitou a imagem da
                                               em promessa, de inauguração em inaugu-                             Clara Ferreira Alves       “coisa”, depois dos desastres de Santer
PENSAR NO FUTURO                               ração como se o país fosse um palco, imu-                                      Expresso       e Prodi, tratou dos assuntos essenciais,
                                               ne às contingências da realidade.                                                             e sobretudo antecipou estratégias, numa
   (...) Quando a crise chegou, Portugal já       Daí que os apelos que se fazem sentir,       O CAMINHO DE DURÃO                            União sonâmbula e pouco atenta. Foi
era outro país, apesar das raivas que late-    no interior do PS, a uma mudança de estilo                                                    um dos primeiros a advertir para a cri-
javam em muitos sectores e que foram           não deixem de ser um retrato fiel da deso-         Aos costumes digo que sou amigo e          se energética e a hiperdependência da
ampliados pelas traições internas e acções     rientação que existe hoje em todo o parti-      fui colega de Durão Barroso. Conheci-         Europa face ao ex-Leste. E a agir aí. (...)
inusitadas como as de Manuel Alegre. Se        do: porque o estilo é a única marca de uma      o, era ele um dirigente do MRPP já com                                 Nuno Rogeiro
Sócrates resistiu a tudo, até chegar a crise   maioria que privilegiou a forma ao conteú-      muitas dúvidas, em trânsito para uma si-                          Jornal de Notícias
que devastou todos os países do mundo,         do, a ficção à realidade e a propaganda a
não teve força para o ‘tsunami’ que apare-     qualquer linha de rumo. Mudar o que pode                                                      O NOSSO FADO
ceu. Apesar dos erros cometidos pelo Go-       parecer acessório é, neste caso, mudar o
verno, foi nessa altura precisa que Sócra-     essencial. É que por trás do acessório, exis-                                                    Não, nunca iremos tornar-nos um
tes começou a desfalecer.                      te apenas um imenso vazio.                                                                    imenso Portugal. O nosso fado está tra-
   A maior acção de contra-informação                          Constança Cunha e Sá                                                          çado e, após oportunidades e mais opor-
desencadeada no sentido de afirmar que o                             Correio da Manhã                                                        tunidades desperdiçadas, vamos ser ape-
culpado da crise era o governo produziu os                                                                                                   nas um Portugal dos pequeninos, um
efeitos desejados. Sócrates não soube tra-     AIRBUS SAI DO SILÊNCIO                                                                        Portugal pequenino.
var mais esta investida, ainda por cima com                                                                                                     Vamos ser o Portugal onde os melho-
porta-vozes, como Santos Silva, que em vez        Doze dias depois do acidente com o                                                         res já não querem governar porque não
de mudarem a onda agravaram os seus            A330-200 do voo AF 447 onde morrem                                                            aguentam a eterna maledicência da rua.
efeitos, com tantas baboseiras. Foi por tudo   228 pessoas o fabricante Airbus aban-                                                         Onde o povo tanto lhe faz ser mal ou
isto que Sócrates perdeu. Agora é hora de      dona o silêncio costumeiro para defen-                                                        bem governado porque é sempre con-
renovar a estratégia para novos desafios       der sua cria. “O A330 é um dos melho-                                                         tra. Onde ninguém - pessoa, corporação,
que aí vêm.                                    res e está entre os mais seguros aviões                                                       empresa, sindicato - deixa de achar sem-
                            Emídio Rangel      construídos até hoje”, disse o alemão                                                         pre que tudo lhe é devido e nada lhe é
                      Correio da Manhã         Thomas Enders, presidente da compa-                                                           exigível. Onde as grandes construtoras
                                               nhia européia. Ele se baseia na ficha                                                         vivem quase todas de sacar ao Estado
A MATAMORFOSE                                  corrida do A330-200. Desde que o avião                                                        obras inúteis, porque de outro modo não
                                               foi brevetado, em 1996, houve apenas um         tuação de independência, primeiro, e para     sabem viver. Onde ninguém pensa a pra-
   (...) Embora o País tenha dito nas ur-      acidente com vítimas fatais: o vôo AF           o PPD, depois.                                zo porque há sempre uma eleição pelo
nas que já chega ao actual primeiro-mi-        447 do 1 junho que fazia o trajeto Rio-            Não nos aproximava nem a doutrina,         meio que não se pode perder, mesmo que
nistro, convém não o subestimar. Sócra-        Paris. “Um avião Airbus decola a cada           nem a história, nem as “opções políticas”,    seja a feijões, como as europeias que
tes transformar-se-á no que os guerrei-        dois segundos no mundo, a aviação civil         nem sequer a formação intelectual, mas        acabamos de atravessar. (...)
ros do marketing político lho ditarem. E       continua sendo o meio de transporte mais        penso que nos juntava a curiosidade de           A mediocridade há-de sempre que-
como agora tantos falam em humildade,          seguro do planeta.”                             compreensão dos motivos, pensamento           rer que o nivelamento se faça por bai-
o primeiro-ministro será humilde. Talvez          O pronunciamento inédito de diretor          e expressão dos aparentes “inimigos”, e       xo. Há-de sempre querer afastar cri-
até sereno e simpático para com os seus        alto graduado da Airbus depois de um            a previsão dessa era que hoje se chama        térios que assentem no mérito, no tra-
adversários. Nem que tenha de ensaiar a        acidente envolvendo uma de suas aero-           de “pós-ideológica”. Teremos também           balho, no talento, na honestidade, nos
metamorfose mil vezes, só aparentemen-         naves não acontece por acaso. Nunca             tido uma certa cumplicidade no entendi-       valores. O que distingue um país com
te contrariando a sua natureza (o que quer     houve uma pressão tão grande da opi-            mento dos rumos, nem sempre fáceis ou         futuro de outro que o não tem é justa-
é o mesmo). E agradece a moção de cen-         nião pública mundial para saber as cau-         explicáveis, do “interesse nacional”.         mente o desfecho desse embate. Em
sura. Não nos iludamos, será o mesmo.          sas de um acidente de avião. (...)                 O seu projecto de governo, depois de       Portugal premeia-se o absentismo e a
                Paula Teixeira da Cruz                                 António Ribeiro         muitas peripécias de saúde, de muitas         rotina; desculpa-se a incompetência e
                     Correio da Manhã                                              Veja        negociações e subidas a pulso, de mui-        aceita-se resignadamente a burocracia
                                                                                               tos caminhos solitários, ou incompreen-       e o autoritarismo imbecil; perdoa-se a
OFERTA CULTURAL                                A DECADÊNCIA                                    didos, acabou na coligação “pragmática”       ausência de valores éticos a todos os
                                               DO SOCIALISMO                                   com um ex-aliado, ex-adversário, ex-po-       níveis e trata-se socialmente por se-
   O primeiro-ministro admitiu que o                                                           lemista, Paulo Portas. Apesar das previ-      nhores os que nada mais são do que
                                                  (...) Olhamos para o PS e que vemos?
Governo errou (aqui está uma novidade)                                                         sões de catástrofe, conseguiu rumar pe-       bandidos; condecora-se o triunfo em-
                                               As caras e aproveitadores do costume. A
por não ter investido muito na cultura e                                                       los escolhos complicados do “país de tan-     presarial por favor político; perdoam-
                                               larga testa do dr. Vitorino, o único ‘inteli-
lamentou a falta de oferta cultural. Se é                                                      ga”, manteve unidas facções díspares, e       se os impostos e os crimes fiscais aos
                                               gente’ do partido, que tem um think tank só
verdade que José Sócrates quer ‘arrepi-                                                        entrou no Campeonato Europeu de Fu-           grandes vigaristas, enquanto se perse-
                                               para ele. A oportunista testa do dr. Carri-
ar caminho’ e aparecer com um imagem                                                           tebol, feito em estádios que não tinha        gue implacavelmente o pequeno e ho-
                                               lho, sentado na sinecura da UNESCO.
diferente, convém que saiba do que fala.                                                       previsto nem aprovado, com altos níveis       nesto devedor ou aqueles que mais im-
                                               Vemos alegristas e guterristas, senhoras do
A oferta cultural só é diminuta para quem                                                      de confiança.                                 postos pagam e que não fogem ao fis-
                                               costume, apparatchiks obsoletos, luta pela
anda distraído; há bastantes coisas a                                                             A saída para Bruxelas fracturou a sua      co; arquivam-se os crimes que são di-
                                               sobrevivência e confrangedora ausência de
acontecer todos os dias e o Governo não                                                        própria base de apoio.                        fíceis de investigar e tortura-se a mãe
                                               discussão e de temas. Vemos que uma
fez falta, a não ser para quem quer ter                                                           Achei-a, na altura, incompreensível,       da Joana, transformando os responsá-
                                               certa intelligentsia que votaria no PS pas-
emprego fácil. (...)                                                                           prejudicial, má para Portugal, para a es-     veis em vedetas mediáticas; consen-
                                               sou a votar no Bloco de Esquerda, por ra-
                 Francisco José Viegas                                                         tabilidade, para a confiança nos políti-      te-se o indecoroso tráfico de influên-
                                               zões éticas e estéticas, ou porque o Bloco
                     Correio da Manhã                                                          cos. Com a opção comissarial abriu-se         cias entre o poder político e a advoca-
                                               é uma ‘vanguarda’ não ‘corrompida’. E
                                                                                               uma crise de legitimidade, cujos efeitos      cia de negócios e pretende-se calar o
                                               tem o poder de não ser poder. O Bloco fez
MUDAR DE RUMO                                                                                  ainda sentimos, obrigando Santana Lo-         bastonário dos advogados que, à reve-
                                               do PS o seu inimigo principal. E o PS dei-
                                                                                               pes a um sacrifício de emergência, Jor-       lia dos bons costumes, denuncia o que
                                               xou. A hemorragia do PS é culpa do PS.
   (...) Por oposição à dra. Ferreira Leite,                                                   ge Sampaio a um bizarro presidencia-          todos sabem ser verdade. (...)
                                               Tal como o PCP, foi derrotado. Sócrates
capaz de comunicar apenas a sua própria                                                        lismo de tutela e vigilância, e à recria-                      Miguel Sousa Tavares
                                               tem a vantagem do voluntarismo e da re-
incapacidade, o eng. Sócrates distinguia-                                                      ção do PS pós-Ferro Rodrigues em no-                                        Expresso
                                               sistência. Voluntarismo não chega e pode
10          COIMBRA                                                                       arte em café
                                                                                                                          26 DE JUNHO DE 2009



CARLOS ENCARNAÇÃO ACUSA ESTADO DE SE DISTRAIR DAS QUESTÕES SOCIAIS

Coimbra é uma lição em projecto integrador
de comunidade cigana
   O Presidente da Câmara de Coimbra                                                 pal lançou do ponto de vista humano e       experiência poderá ser alargada a cida-
afirmou há dias que o Estado “continua                                               social.                                     dãos não ciganos, a outras comunidades
distraído” no que respeita a questões                                                   “Esta é uma missão insubstituível do     que também vivem em situação de ex-
sociais, tendo as autarquias de assumir                                              Estado, que continua distraído das ques-    clusão social.
essas competências para minimizar os                                                 tões sociais. É obrigação do Estado fa-        “Portugal devia adoptar o lema “Por-
problemas.                                                                           zer isto. É uma questão nacional que tem    tugal País de Todos”, disse, em adapta-
    “O que mais me ofende é que o Es-                                                cambiantes locais”, observou.               ção do lema escolhido por Coimbra para
tado faça de conta que não sabe dos pro-                                                Para Carlos Encarnação, “não vai ser     o projecto, que contempla o acompanha-
blemas. Que seja distraído”, declarou                                                possível ao Estado deixar de ter atenção    mento multisectorial de famílias ciganas
Carlos Encarnação, ao encerrar, em                                                   a estas soluções” que o projecto pionei-    num centro de estágio habitacional; um
Coimbra, um debate nacional sobre a                                                  ro de Coimbra apresenta ao nível da in-     espaço de conquista de competências
população cigana em situação de preca-                                               tegração da comunidade cigana.              para a sua integração em bairros da ci-
riedade habitacional”.                                                                  Também Artur Trindade, secretário-       dade.
   Na sessão, que contou com o envolvi-                                              geral da ANMP criticou o Estado por            Sara Carvalhal, responsável por esse
mento da Associação Nacional de Mu-                                                  deixar nas mãos dos municípios a reso-      centro de estágio habitacional da Câma-
nicípios Portugueses (ANMP), a Câma-       Carlos Encarnação
                                                                                     lução de problemas sociais sem lhes         ra de Coimbra, por onde passam as fa-
ra de Coimbra apresentou aos técnicos      bém impressão que as comunidades não      transferir essa competência, e sem as       mílias ciganas, afirmou que o seu perfil
de várias autarquias do país um projecto   compreendam estes problemas”, afirmou     dotar de meios financeiros para tal.        não difere de qualquer família multipro-
pioneiro de intervenção junto da popula-   o autarca.                                    “Tenho orgulho pela Câmara Muni-        blemática pobre, isolada, que não tive
ção cigana, que já está a ser adoptado        Reportando-se ao projecto “Coimbra     cipal de Coimbra que, em representação      acesso a oportunidades.
pela Câmara Municipal de Ovar.             Cidade de Todos”, que a sua autarquia     do poder local, tenha tido esta iniciati-      Também a Alta Comissária para a
    “Não fico bem com a minha consci-      lançou em 2004 para intervir junto da     va”, afirmou o dirigente, desejando que     Imigração e Diálogo Intercultural, Rosá-
ência quando vejo cidadãos a degradar      comunidade cigana a viver em barracas,    a experiência seja adaptada e transpor-     rio Farmhouse, defendeu na sessão que
a sua situação, e abandonados a si pró-    Carlos Encarnação disse tratar-se “das    tada para outros municípios.                o projecto de Coimbra seja aplicado nou-
prios a viver na cidade. Causa-me tam-     melhores coisas” que a Câmara Munici-        Na perspectiva de Artur Trindade, esta   tros municípios.




“Plataforma do Choupal” quer Câmara
a dar explicações sobre projecto de novo viaduto
   O movimento Plataforma do Chou-         mo que a Câmara de Coimbra “tenho         ressados observassem a circulação           po que entenderem”, explicou o bió-
pal considerou ontem (dia 25) que a        o mesmo estatuto no processo, com o       rodoviária.                                 logo Miguel Dias, que integra o movi-
Câmara Municipal de Coimbra “deve          argumento de que estão a defender os         “Ficou comprovado que não há si-         mento.
explicações” sobre a necessidade de        interesses do município”.                 tuações de entupimento, apenas situ-           A iniciativa começa hoje (sexta-fei-
se construir uma nova ponte na cida-          “Parece-nos haver vontade das Es-      ações pontuais de dificuldades no es-       ra) às 18:00 e, durante 48 horas, os
de, na zona da Mata do Choupal.            tradas de Portugal de não deixar de       coamento”, disse Luís de Sousa, re-         participantes podem “correr, andar de
   O movimento, que contesta a cons-       fora uma parte interessada no proces-     ferindo que a Plataforma do Choupal         bicicleta ou caminhar”.
trução de um viaduto rodoviário com        so”, referiu.                             está contra o “desperdício de dinhei-          No caso da corrida, os participan-
40 metros de largura e que atraves-           A Plataforma do Choupal conside-       ros públicos num troço sem necessi-         tes devem fazer uma pré-inscrição
sa o Choupal numa extensão de 150          rou ainda “extremamente positiva” a       dade”.                                      através do e-mail
metros, no âmbito do novo IC2, re-         iniciativa designada por “Desafio Elec-      No âmbito do processo de contes-            plataformadochoupal@gmail.com.
velou hoje, em conferência de im-          trónico à População!, que procurou        tação à construção do viaduto sobre            Segundo Luís Sousa, estão já ins-
prensa, que o município “está desde        mostrar “a total ausência de entupi-      a Mata do Choupal, iniciado em Fe-          critos cerca de 150 participantes.
o primeiro momento por detrás desta        mentos ou engarrafamentos” de trân-       vereiro deste ano, o movimento pro-            Entre eles os candidatos à autarquia
solução”.                                  sito na Ponte Açude, junto à Mata do      move entre os dias 26 e 28 de Junho         de Coimbra Pina Prata (independen-
   Luís Sousa, do movimento, disse à       Choupal, onde o Governo pretende          mais uma iniciativa desportiva, que se      te), Francisco Queirós (CDU), Cata-
Agência Lusa que, na contestação do        construir o viaduto rodoviário.           designa “Uma espécie de corrida”.           rina Martins (BE) e as deputadas so-
Ministério do Ambiente e das Estra-           Através de uma câmara, o movi-            “Trata-se de uma espécie de corri-       cialistas Teresa Portugal e Matilde
das de Portugal à acção popular in-        mento disponibilizou durante uma se-      da desportiva sem regras, em que to-        Sousa Franco, para além do provedor
terposta no tribunal por sete cidadãos,    mana imagens permanentes em direc-        dos os participantes podem praticar a       do Ambiente de Coimbra, Massano
foi requerida por este último organis-     to da Ponte Açude para que os inte-       actividade que quiserem durante o tem-      Cardoso.
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa
O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho
A Inaudita Guerra da Avenida Gago CoutinhoA Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho
A Inaudita Guerra da Avenida Gago CoutinhoPaula Oliveira Cruz
 
Os Maias - a ação & titulo e subtítulo
Os Maias - a ação & titulo e subtítuloOs Maias - a ação & titulo e subtítulo
Os Maias - a ação & titulo e subtítuloDaniela Filipa Sousa
 
Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012Concurso Virtual
 
Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012
Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012
Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012Concurso Virtual
 
Um olhar sobre os maias
Um olhar sobre os maiasUm olhar sobre os maias
Um olhar sobre os maiasjoes34
 
Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"
Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"
Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"Aurora Teixeira
 
Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012Concurso Virtual
 
Prova 2 bim - ENSINO MÉDIO
Prova 2  bim - ENSINO MÉDIOProva 2  bim - ENSINO MÉDIO
Prova 2 bim - ENSINO MÉDIOJomari
 
Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...
Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...
Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...Javier Andreu
 
Esquema síntese crónica de costumes os maias
Esquema síntese crónica de costumes   os maiasEsquema síntese crónica de costumes   os maias
Esquema síntese crónica de costumes os maiasPatricia Pereira
 
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida RomânticaTrabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida RomânticaLuisMagina
 
Esquemas d'os maias
Esquemas d'os maiasEsquemas d'os maias
Esquemas d'os maiasjoes34
 
Prova Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJ
Prova Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJProva Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJ
Prova Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJConcurso Virtual
 
Contextualização literária de "Os Maias"
Contextualização literária de "Os Maias"Contextualização literária de "Os Maias"
Contextualização literária de "Os Maias"Rita Costa
 

Mais procurados (20)

Modernismo
ModernismoModernismo
Modernismo
 
Enem 2009: Artes
Enem 2009: ArtesEnem 2009: Artes
Enem 2009: Artes
 
Os Maias
Os MaiasOs Maias
Os Maias
 
Maias
MaiasMaias
Maias
 
A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho
A Inaudita Guerra da Avenida Gago CoutinhoA Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho
A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho
 
Os Maias - a ação & titulo e subtítulo
Os Maias - a ação & titulo e subtítuloOs Maias - a ação & titulo e subtítulo
Os Maias - a ação & titulo e subtítulo
 
Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova Tipo 002 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
 
Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012
Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012
Prova tipo 01 Analista Judiciário sem especialidade TJ-RJ 2012
 
Um olhar sobre os maias
Um olhar sobre os maiasUm olhar sobre os maias
Um olhar sobre os maias
 
Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"
Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"
Vida e Obra de Eça de Queirós "Os Maias"
 
Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
Prova tipo 05 Analista Judiciário TJ-RJ 2012
 
Prova 2 bim - ENSINO MÉDIO
Prova 2  bim - ENSINO MÉDIOProva 2  bim - ENSINO MÉDIO
Prova 2 bim - ENSINO MÉDIO
 
Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...
Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...
Cidades imagens de Roma no norte peninsular: os paradigmas de Los Bañales de ...
 
Esquema síntese crónica de costumes os maias
Esquema síntese crónica de costumes   os maiasEsquema síntese crónica de costumes   os maias
Esquema síntese crónica de costumes os maias
 
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida RomânticaTrabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
 
Os Maias - intriga
Os Maias - intrigaOs Maias - intriga
Os Maias - intriga
 
Esquemas d'os maias
Esquemas d'os maiasEsquemas d'os maias
Esquemas d'os maias
 
Prova Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJ
Prova Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJProva Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJ
Prova Analista Sem Especialidade-tipo-004 - TJ-RJ
 
Prova aa-tipo-004
Prova aa-tipo-004Prova aa-tipo-004
Prova aa-tipo-004
 
Contextualização literária de "Os Maias"
Contextualização literária de "Os Maias"Contextualização literária de "Os Maias"
Contextualização literária de "Os Maias"
 

Destaque

O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009MANCHETE
 
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009MANCHETE
 
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009MANCHETE
 
Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008
Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008
Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008MANCHETE
 
The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938MANCHETE
 
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votosCosta vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votosMANCHETE
 
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009MANCHETE
 
Costa ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. BentoCosta ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. BentoMANCHETE
 

Destaque (8)

O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
O Centro - n.º 69 – 05.06.2009
 
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
O Centro - n.º 67 – 06.03.2009
 
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
O Centro - n.º 68 – 24.04.2009
 
Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008
Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008
Jornal da Mealhada - n.º 676 – 30.01.2008
 
The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938The Register – 01.02.1938
The Register – 01.02.1938
 
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votosCosta vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
Costa vence em Coimbra com 78% em 3.372 votos
 
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
O Centro - n.º 66 – 21.01.2009
 
Costa ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. BentoCosta ganha PS e corre a S. Bento
Costa ganha PS e corre a S. Bento
 

Semelhante a O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa

Artes - Professor Beto Cavalcante
Artes - Professor Beto CavalcanteArtes - Professor Beto Cavalcante
Artes - Professor Beto CavalcantePré-Enem Seduc
 
A arte e a cultura em portugal do século xix
A arte e a cultura em portugal do século xixA arte e a cultura em portugal do século xix
A arte e a cultura em portugal do século xixAnabela Sobral
 
A arte e a cultura em Portugal do século XIX
A arte e a cultura em Portugal do século XIXA arte e a cultura em Portugal do século XIX
A arte e a cultura em Portugal do século XIXanabelasilvasobral
 
Futurismo katia vasconcelos
Futurismo katia vasconcelosFuturismo katia vasconcelos
Futurismo katia vasconceloskatianesteldien
 
Cinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O Cruzeiro
Cinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O CruzeiroCinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O Cruzeiro
Cinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O Cruzeiro+ Aloisio Magalhães
 
Aula - As vanguardas europeias.pptx
Aula - As vanguardas europeias.pptxAula - As vanguardas europeias.pptx
Aula - As vanguardas europeias.pptxMariaGabriellaFlores
 
Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)
Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)
Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)JHFLS
 
artescnicas-210920150554001.pdf
artescnicas-210920150554001.pdfartescnicas-210920150554001.pdf
artescnicas-210920150554001.pdfhevellin1
 
Do folhetim à crônica artigo científico
Do folhetim à crônica   artigo científicoDo folhetim à crônica   artigo científico
Do folhetim à crônica artigo científicoPaulo Konzen
 
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digitalQuevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digitalAcervo_DAC
 
Contraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus Heterónimos
Contraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus HeterónimosContraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus Heterónimos
Contraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus HeterónimosAna Oliveira
 
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoUFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoNome Sobrenome
 
Ilustres figuras portuquesas do sec XX
Ilustres figuras portuquesas do sec XXIlustres figuras portuquesas do sec XX
Ilustres figuras portuquesas do sec XXAgostinho.Gouveia
 
Slides em PDF sobre as Vanguardas Europeias
Slides em PDF sobre as Vanguardas EuropeiasSlides em PDF sobre as Vanguardas Europeias
Slides em PDF sobre as Vanguardas EuropeiasAdrianoMoura44
 
LITERATURA - REALISMO
LITERATURA - REALISMOLITERATURA - REALISMO
LITERATURA - REALISMOSônia Guedes
 

Semelhante a O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa (20)

Artes - Professor Beto Cavalcante
Artes - Professor Beto CavalcanteArtes - Professor Beto Cavalcante
Artes - Professor Beto Cavalcante
 
Novos
NovosNovos
Novos
 
A arte e a cultura em portugal do século xix
A arte e a cultura em portugal do século xixA arte e a cultura em portugal do século xix
A arte e a cultura em portugal do século xix
 
Aula 3 Vanguardas Europeias
Aula 3 Vanguardas EuropeiasAula 3 Vanguardas Europeias
Aula 3 Vanguardas Europeias
 
A arte e a cultura em Portugal do século XIX
A arte e a cultura em Portugal do século XIXA arte e a cultura em Portugal do século XIX
A arte e a cultura em Portugal do século XIX
 
Futurismo katia vasconcelos
Futurismo katia vasconcelosFuturismo katia vasconcelos
Futurismo katia vasconcelos
 
Cinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O Cruzeiro
Cinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O CruzeiroCinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O Cruzeiro
Cinelândia: o Cinema no 1º Ano da Revista O Cruzeiro
 
Aula - As vanguardas europeias.pptx
Aula - As vanguardas europeias.pptxAula - As vanguardas europeias.pptx
Aula - As vanguardas europeias.pptx
 
Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)
Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)
Felizmenteluar 100523085443-phpapp02 (1)
 
Ppt realismo (2)
Ppt realismo (2)Ppt realismo (2)
Ppt realismo (2)
 
artescnicas-210920150554001.pdf
artescnicas-210920150554001.pdfartescnicas-210920150554001.pdf
artescnicas-210920150554001.pdf
 
Artes cênicas: Tempo e espaço
Artes cênicas: Tempo e espaçoArtes cênicas: Tempo e espaço
Artes cênicas: Tempo e espaço
 
Do folhetim à crônica artigo científico
Do folhetim à crônica   artigo científicoDo folhetim à crônica   artigo científico
Do folhetim à crônica artigo científico
 
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digitalQuevedo; ruan pina   humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
Quevedo; ruan pina humor como crítica da sociedade-do carnavalo ao digital
 
Contraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus Heterónimos
Contraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus HeterónimosContraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus Heterónimos
Contraste Cidade Campo Focando Fernando Pessoa E Seus Heterónimos
 
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoUFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
 
Ilustres figuras portuquesas do sec XX
Ilustres figuras portuquesas do sec XXIlustres figuras portuquesas do sec XX
Ilustres figuras portuquesas do sec XX
 
Slides em PDF sobre as Vanguardas Europeias
Slides em PDF sobre as Vanguardas EuropeiasSlides em PDF sobre as Vanguardas Europeias
Slides em PDF sobre as Vanguardas Europeias
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
LITERATURA - REALISMO
LITERATURA - REALISMOLITERATURA - REALISMO
LITERATURA - REALISMO
 

Mais de MANCHETE

O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920MANCHETE
 
Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001MANCHETE
 
Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997MANCHETE
 
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009MANCHETE
 
Acção Socialista 1330 – 17.06.2009
Acção Socialista 1330 – 17.06.2009Acção Socialista 1330 – 17.06.2009
Acção Socialista 1330 – 17.06.2009MANCHETE
 
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006MANCHETE
 
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006MANCHETE
 
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008MANCHETE
 
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009MANCHETE
 
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008MANCHETE
 
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008MANCHETE
 
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005MANCHETE
 
Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008MANCHETE
 
Boletim Informativo - Município de Ílhavo
Boletim Informativo - Município de ÍlhavoBoletim Informativo - Município de Ílhavo
Boletim Informativo - Município de ÍlhavoMANCHETE
 
Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008
Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008
Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008MANCHETE
 
Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007
Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007
Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007MANCHETE
 
Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008
Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008
Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008MANCHETE
 
NATIONAL - 167 - 12.06.2008
NATIONAL - 167 - 12.06.2008NATIONAL - 167 - 12.06.2008
NATIONAL - 167 - 12.06.2008MANCHETE
 
NATIONAL - 166 - 05.06.2008
NATIONAL - 166 - 05.06.2008NATIONAL - 166 - 05.06.2008
NATIONAL - 166 - 05.06.2008MANCHETE
 
NATIONAL – 164 – 22.05.2008
NATIONAL – 164 – 22.05.2008NATIONAL – 164 – 22.05.2008
NATIONAL – 164 – 22.05.2008MANCHETE
 

Mais de MANCHETE (20)

O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
O Figueirense, 8 de Janeiro de 1920
 
Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001Nisa Economia – Janeiro 2001
Nisa Economia – Janeiro 2001
 
Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997Savana, 20.06.1997
Savana, 20.06.1997
 
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
Jornal da Tarde - n.º 14124 – 25.04.2009
 
Acção Socialista 1330 – 17.06.2009
Acção Socialista 1330 – 17.06.2009Acção Socialista 1330 – 17.06.2009
Acção Socialista 1330 – 17.06.2009
 
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
Cargo n.º 170 – Julho/Agosto 2006
 
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
Cargo n.º 164 – Janeiro 2006
 
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
O Centro - n.º 64 – 17.12.2008
 
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
Gazeta Rural - n.º 108 – 30.04.2009
 
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
O Centro - n.º 65 – 31.12.2008
 
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
O Centro - n.º 63 – 03.12.2008
 
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
Cargo n.º 163 – Dezembro 2005
 
Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008Público – 6657 – 22.06.2008
Público – 6657 – 22.06.2008
 
Boletim Informativo - Município de Ílhavo
Boletim Informativo - Município de ÍlhavoBoletim Informativo - Município de Ílhavo
Boletim Informativo - Município de Ílhavo
 
Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008
Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008
Diário da Cidade - n.º 267 - 2.07.2008
 
Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007
Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007
Diário da Cidade - n.º 105 - 31.10.2007
 
Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008
Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008
Diário da Cidade - n.º 264 - 26.06.2008
 
NATIONAL - 167 - 12.06.2008
NATIONAL - 167 - 12.06.2008NATIONAL - 167 - 12.06.2008
NATIONAL - 167 - 12.06.2008
 
NATIONAL - 166 - 05.06.2008
NATIONAL - 166 - 05.06.2008NATIONAL - 166 - 05.06.2008
NATIONAL - 166 - 05.06.2008
 
NATIONAL – 164 – 22.05.2008
NATIONAL – 164 – 22.05.2008NATIONAL – 164 – 22.05.2008
NATIONAL – 164 – 22.05.2008
 

O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira e Pessoa

  • 1. DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA Telef.: 309 801 277 ANO IV N.º 70 (II série) 26 de Junho de 2009 1 euro (iva incluído) TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões Vieira, Pessoa e “jazz” PÁG. 5 CIC’09 LITERATURA CHOUPAL FOTOGRAFIA Indústria Novas obras Plataforma Imagens e comércio de M.ª Helena exige aéreas mostram-se Teixeira explicações de Varela em Coimbra e J. H. Dias sobre viaduto Pècurto PÁG. 12 e 13 PÁG. 2 e 19 PÁG. 10 PÁG. 11
  • 2. 2 COIMBRA 26 DE JUNHO DE 2009 NO PRÓXIMO DIA 8, NA CASA DA CULTURA DE COIMBRA Livro de crónicas de José Henrique Dias apresentado por Cristina Robalo Cordeiro No próximo dia 8 de Julho (quarta-fei- junto à estação do Rossio, frequentada por ra), pelas 18 horas, na Casa Municipal da nomes cimeiros da literatura e da arte por- Cultura de Coimbra, decorre a sessão de tuguesas, publicando entre 1956 e 1969, lançamento do livro de crónicas intitulado ininterruptamente, séries de crónicas se- “A Outra face do Espelho”. O autor é manais. Tendo-se dedicado ao ensino e à José Henrique Dias, e a apresentação será actividade teatral como encenador, o seu feita por Cristina Robalo Cordeiro, Vice- trabalho centrou-se mais na investigação Reitora da Universidade de Coimbra. sobre o século XIX, primeiro no domínio Com edição de “Campo da Comunica- das ideias políticas, depois na sociocomu- ção”, a obra de José Henrique Dias é nicação teatral. composta pelas crónicas que o professor universitário publicou, nos anos mais re- centes, nos jornais de Coimbra “O Des- pertar” e “Centro”. Inclui desenhos inéditos de Nadir Afon- so e prefácio do romancista Fernando Campos. “Os lugares são sobretudo Coimbra e Lisboa, uma fugidia referência a Chaves e à Figueira e pouco mais. O tempo re- cua para trás da vida do Autor, memória das memórias dos mais velhos, e vem até aos nossos dias. Se se fizesse um índice de pessoas e factos referidos, que acervo de riqueza de cultura, humanismo e hu- manidade, desde o nomear de escritores, artistas, cientistas, actores, médicos, ad- José Henrique Dias vogados, professores, músicos, políticos, saltimbancos, contorcionistas, trapezistas, dela, está o Autor e este sentimento de Ideias Sociais. Depois de uma longa car- que sei eu!...” – escreve Fernando Cam- eco autobiográfico mais de uma vez nos reira no ensino público, leccionou na Uni- pos no prefácio, acrescentando: acode ao espírito…O médico (que não versidade Nova de Lisboa, depois de apo- “O antes e depois do 25 de Abril não quis ser) está presente e o filósofo e o sentado no ISCEM e actualmente é pre- Instado por colegas, regressou às cró- podia deixar de ter especial lugar… com poeta, além, claro, do jornalista… .”. sidente do Conselho Científico do Institu- nicas em jornais de Coimbra, primeiro em nomes, factos e rememorações…e, se se to Superior Miguel Torga. “O Despertar”, depois no “Centro”, reto- verrinam os tempos da “outra senhora”, UM CONIMBRICENSE Desde os verdes anos ligado à escrita, mando um dos seus velhos títulos, “A ou- não se deixa de lançar olhar crítico aos ILUSTRE integrou em Coimbra tertúlias de que en- tra face do espelho”. É uma colectânea grafitti que maculam tudo quanto é pare- tre outros faziam parte Zeca Afonso, Lou- dessas crónicas que agora se apresentam de (“…a arte e os equívocos…”), as flo- José Henrique Dias nasceu em Coim- zã Henriques, Manuel Alegre, António neste livro, onde, ficcionadas, passam restas de cimento que desfiguram, nas bra, em 1934. Licenciado em História, fez Portugal e Levi Baptista. A partir de fi- momentos de vidas marcadamente no cidades, o que era écloga… Mestrado em História Cultural e Política nais dos anos cinquenta e primeiros anos espaço e tempos de uma Coimbra sem- Notável a “capacidade de lidar com as na UNL e é doutorado pela mesma uni- da década de sessenta do século passa- pre mítica e evocações de figuras da mú- palavras e as imagens”, diz uma persona- versidade em História e Teoria das Idei- do, integra o grupo polarizado por Edmun- sica coimbrã, de que também foi, ainda gem, mas nós sentimos que, por detrás as, com especialidade em História das do de Bettencourt, no Café Restauração, vai sendo, cultor. Aos Assinantes do “Centro” Director: Jorge Castilho Como tem sido bem evidente nas notícias vindas a público, o sector da comunicação social (Carteira Profissional n.º 99) é um dos mais afectados pela crise que se abateu sobre toda a sociedade, sobretudo pelo brutal Editor/Propriedade: Audimprensa decréscimo nos investimentos publicitários. NIF: 501 863 109 Perante isto, até os grandes grupos de comunicação social estão a fazer despedimentos Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho em massa, para além de haver muitos jornais regionais que se viram já obrigados a suspender a publicação. ISSN: 1647-0540 Aqui no “Centro” estamos a fazer um enorme esforço para superar as dificuldades. Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930 Mas esse esforço só será bem sucedido se conseguirmos receitas de publicidade e se os nossos Composição e montagem: Audimprensa Assinantes tiverem a gentileza de proceder ao pagamento da respectiva assinatura anual Rua da Sofia, 95, 2.º e 3.º - 3000-390 Coimbra - que se mantém em 20 euros desde o início do jornal. Se quer que esta tribuna livre possa manter-se, muito agradecemos que nos envie o pagamento Telefone: 309 801 277 - Fax: 309 819 913 da sua assinatura - uma verba que representa apenas o equivalente a cerca de 5 cêntimos por dia, e-mail: centro.jornal@gmail.com menos de 40 cêntimos por semana! Impressão: CORAZE Outra forma de ajudar este projecto independente é conseguir-nos novos Assinantes, Oliveira de Azeméis por exemplo entre os seus familiares e amigos (veja a página ao lado). Depósito legal n.º 250930/06 Tiragem média: 5.000 exemplares Contamos consigo!
  • 3. 26 DE JUNHO DE 2009 COIMBRA 3 NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA, NO MUSEU DA ÁGUA Francisco Bandeira em debate promovido pelo Clube de Empresários de Coimbra Na próxima sexta-feira (dia 3 de Ju- presários, Pedro Vaz Serra. “Por outro Machado de Castro. lho) o Clube de Empresários de Coim- lado, a pertinência do tema é indiscutí- Francisco Marques Bandeira é Vice- bra promove o primeiro de uma série de vel, pois a conquista de novos mercados Presidente do Conselho de Administra- jantares-debate do Museu da Água des- é algo de incontornável para a esmaga- ção da CGD desde Janeiro de 2008. tinados “a dinamizar o tecido empresari- dora maioria das empresas portuguesas”, Entre outros cargos, integra os conse- al da região” e em que trarão a esta ci- sublinha. lhos de administração do Grupo Pestana dade “figuras de relevo do panorama De resto, nem a escolha do próprio Pousadas, da AdP - Águas de Portugal económico e financeiro” espaço onde decorrerá o debate foi dei- e da Visabeira. É ainda presidente do Neste primeiro debate, o convidado é xada ao acaso. “Queremos, mais uma Banco Caixa Geral, presidente do Con- Francisco Bandeira, Vice-Presidente da vez, efectuar a ponte entre o meio em- selho Directivo da Caixa Geral de Apo- Caixa Geral de Depósitos (CGD). No presarial e o património cultural que te- sentações e presidente dos conselhos de jantar-debate, para o qual foram convi- mos em Coimbra, razão pela qual resol- administração da Locarent - Companhia dados todos os sócios do Clube, Francis- vermos promover este jantar-palestra no Portuguesa de Aluguer de Viaturas e da co Bandeira deverá explicar aos empre- Museu da Água que, desta forma e pela Caixa Leasing e Factoring - Instituição Francisco Bandeira sários como é que a Caixa Geral de De- primeira vez desde a sua inauguração, Financeira de Crédito. pósitos os pode ajudar a conquistar no- zões: é um cidadão de Coimbra e ocupa, recebe uma iniciativa deste género”, fri- Licenciado em Economia pela Univer- vos mercados, abrindo assim novas pers- neste momento, funções de grande res- sa. Recorde-se que já a tomada de pos- sidade de Coimbra, Francisco Bandeira pectivas para o desenvolvimento econó- ponsabilidade na maior instituição finan- se dos actuais órgãos sociais, a 5 de foi agraciado pelo Presidente da Repú- mico da região. ceira portuguesa, com grandes e direc- Maio, teve como palco um dos princi- blica, Jorge Sampaio, com o grau de “Tivemos a preocupação de convidar tas repercussões no meio empresarial”, pais pólos culturais da região e do país, o Comendador da Ordem do Infante D. o vice-presidente da CGD por duas ra- explica o Presidente do Clube de Em- recém-reinaugurado Museu Nacional Henrique em Julho de 1999. ORIGINAL PRESENTE POR APENAS 20 EUROS AUDIMPRENSA Jornal “Centro” Ofereça uma assinatura do “Centro” Rua da Sofia. 95 - 3.º 3000–390 COIMBRA e ganhe valiosa obra de arte Poderá também dirigir-nos o seu pe- dido de assinatura através de: telefone 309 801 277 Temos uma excelente sugestão ma tão original, está a desabrochar, sua casa (ou no local que nos indicar), fax 309 819 913 para uma oferta a um Amigo, a um simbolizando o crescente desenvolvi- o jornal “Centro”, que o manterá ou para o seguinte endereço Familiar ou mesmo para si próprio: mento desta Região Centro de Portu- sempre bem informado sobre o que de de e-mail: uma assinatura anual do jornal gal, tão rica de potencialidades, de His- mais importante vai acontecendo nes- centro.jornal@gmail.com “Centro” tória, de Cultura, de património arqui- ta Região, no País e no Mundo. Para além da obra de arte que des- Custa apenas 20 euros e ainda re- tectónico, de deslumbrantes paisagens Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, de já lhe oferecemos, estamos a pre- cebe de imediato, completamente (desde as praias magníficas até às ser- por APENAS 20 EUROS! parar muitas outras regalias para os grátis, uma valiosa obra de arte. ras imponentes) e, ainda, de gente hos- Não perca esta campanha promo- nossos assinantes, pelo que os 20 eu- Trata-se de um belíssimo trabalho pitaleira e trabalhadora. cional e ASSINE JÁ o “Centro”. ros da assinatura serão um excelente da autoria de Zé Penicheiro, expres- Não perca, pois, a oportunidade de Para tanto, basta cortar e preen- investimento. samente concebido para o jornal receber já, GRATUITAMENTE, cher o cupão que abaixo publicamos, O seu apoio é imprescindível para “Centro”, com o cunho bem carac- esta magnífica obra de arte (cujas di- e enviá-lo, acompanhado do valor de que o “Centro” cresça e se desen- terístico deste artista plástico – um mensões são 50 cm x 34 cm). 20 euros (de preferência em cheque volva, dando voz a esta Região. dos mais prestigiados pintores portu- Para além desta oferta, o beneficiá- passado em nome de AUDIMPREN- gueses, com reconhecimento mesmo rio passará a receber directamente em SA), para a seguinte morada: CONTAMOS CONSIGO! a nível internacional, estando repre- sentado em colecções espalhadas por vários pontos do Mundo. Neste trabalho, Zé Penicheiro, Desejo oferecer/subscrever uma assinatura anual do CENTRO com o seu traço peculiar e a incon- fundível utilização de uma invulgar paleta de cores, criou uma obra que alia grande qualidade artística a um profundo simbolismo. De facto, o artista, para represen- tar a Região Centro, concebeu uma flor, composta pelos seis distritos que integram esta zona do País: Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu. Cada um destes distritos é repre- sentado por um elemento (remeten- do para o respectivo património his- tórico, arquitectónico ou natural). A flor, assim composta desta for-
  • 4. 4 INTERNACIONAL 26 DE JUNHO DE 2009 UM EXEMPLO QUE VEM DO BRASIL Supermercados suspendem compras a empresas envolvidas na desflorestação da Amazónia A Wal-Mart, o Carrefour e o Pão de acordo com a associação de supermer- comprou gado de fazendas multadas pelo A decisão foi resultado da acção civil Açúcar, as três maiores redes de super- cados, inclui notificar as empresas de pro- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e pública do Ministério Público Federal que mercados do Brasil, suspenderam as cessamento de carne, exigir delas as gui- dos Recursos Naturais Renováveis (Iba- encaminhou, na última semana, uma re- compras de produtos bovinos de fazen- as de trânsito animal junto às notas fis- ma) e de outra que fica dentro de uma comendação às grandes redes de super- das envolvidas na desflorestação da cais, e suspender compras das fazendas reserva indígena. mercados e outros 72 compradores de Amazónia. denunciadas pelo Ministério Público Fe- A ONG informa que foram propostas produtos bovinos para que parem de ad- Numa reunião realizada este mês na deral (MPF) do Pará. 21 acções ao Ministério Público do Pará quirir carne proveniente da destruição da Associação Brasileira de Supermercados “Como medida adicional, as três redes pedindo o pagamento de 2,1 mil milhões floresta. (Abras), o Carrefour, Wal-Mart e o Pão solicitarão, ainda, um plano de auditoria de reais (770 milhões euros) em indemni- O desrespeito do pedido poderá resul- de Açúcar tomaram esta medida em re- independente e de reconhecimento inter- zações pelos danos ambientais à socieda- tar em multa de 500 reais (180 euros) por púdio de práticas denunciadas pela orga- nacional que assegure que os produtos que de brasileira. A área total desflorestada, quilo de produto comercializado. nização não-governamental Greenpeace. comercializam não são procedentes de diz o Greenpeace, corresponde à superfí- O Ministério Público Federal pretende Segundo um comunicado da Abras, “o áreas de devastação da Amazónia”, des- cie da cidade de São Paulo. ainda ampliar estas acções de combate à sector de supermercados não irá compac- tacou o comunicado. A decisão foi tomada pelas três maio- desflorestação com responsabilização da tuar com as acções denunciadas e reagi- Entre as empresas processadas está res redes de supermercados por não ha- cadeia produtiva da pecuária para outros rá energicamente”. uma das maiores do sector no Brasil, a ver “garantias de que a carne não vem de estados da chamada Amazónia Legal, A posição definida pelas empresas, de Bertin S.A, que, segundo a Greenpeace, áreas desmatadas na Amazónia”. como Mato Grosso e Rondónia. Um forte abraço de concorrência uma combinação de interacção e con- Paquistão. dos militares empenhados em tarefas Fiodor Lukyanov * corrência. Hoje em dia, Washington tenta, sem «práticas e concretas» nos campos de O facto da China e da Rússia faze- sucesso, activizar os seus aliados euro- combate no Afeganistão e no Paquistão. As duas cimeiras, decorridas em me- rem parte da OCX já é mais que sufici- peios que não querem afastar-se muito Portanto, o papel da OCX na arena glo- ados de Junho em Ekaterinburgo, no ente para a organização estar em das zonas tradicionais da responsabilida- bal irá crescer gradualmente, o que cor- coração dos Urais – da Organização de responde aos interesses de Moscovo e Cooperação de Xangai e de BRIC (Bra- Pequim. sil, Rússia, Índia e China) – tiveram por Ao nível global, os interesses da Chi- objectivo demonstrar uma maior diver- na e da Rússia são, em princípio, conci- sificação política externa da Rússia. dentes. Mas ao nível regional, estes paí- Do encontro dos dirigentes do Brasil, ses são, e cada vez serão mais, fortes da Rússia, da Índia e da China pode-se rivais. tirar uma conclusão parodoxal: os seus Pequim vê na OCX um instrumento participantes, vistos neste formato, não de reforço da sua presença nos merca- têm praticamente nada em comum. dos da Ásia Central e de acesso ao re- De facto, os 4 países têm diferentes cursos energéticos da região. Moscovo sistemas políticos, tipos de identifiicação pretende o mesmo. Percebe-se que o nacional, modelos económicos, priorida- domínio económico da China na OCX é des de desenvolvimento e relações com inegável. Assim, na cimeira de Ekaterin- os maiores jogadores na arena interna- burgo, Pequim prometeu 10 mil milhões cional. O formato de BRIC é como um de dólares de ajuda para financiar pro- mundo não ocidental em miniatura, e as jectos no quadro da organização. Mas discussões travadas no quadro da nova as capitais dos países da Ásia Central organização reflectem toda a multicida- conhecem muito bem o pragmatismo de dos problemas globais. Já que os pon- chinês: Pequim não concede ajudas mas tos de vista ocidentais sobre os proces- foco.Nos últimos anos os políticos oci- de da Organização do Tratado do Atlân- apenas financia projectos que lhe são sos internacionais predominam no mun- dentais receavam uma nova e verdadei- tico Norte. Entretanto, tanto Moscovo, vantajosas economica e politicamente. do, pode, aliás, ser útil escutar as opini- ra aliança entre Moscovo e Pequim. Na como Pequim e os países da Ásia Cen- O trunfo russo é a cooperação políti- ões destes quatro Estados importantes. primeira metade dos anos 2000, a força tral, percebem a importância vital do nó co-militar, já que a China, devido à sua No caso de BRIC não se pode falar motora da aproximação política no qua- afegão-paquistanês. No caso paquista- filosofia política externa, não dá garanti- sobre qualquer tipo de bloco, aliança ou dro da OCX foi o desejo de mostrar aos nês, já não se pode fazer nada sem Pe- as de segurança a ninguém. E os peque- organização formal a tomar decisões «forasteiros» (leia os EUA) os limites do quim: a influência da China sobre a elite nos vizinhos da China preferem não usá- práticas. A concordância tem apenas um permissível na região cujos «donos» são militar paquistanesa começa a superar a las, pois têm mais medo do domínio de carácter geral. Qualquer tentativa de a Rússia e a China. influência norte-americana. Pequim de que do de Moscovo. concretizar algo embaterá numa insupe- Um exempo desta audácia foi o ulti- Claro que os pontos de vista e as pri- À medida que a OCX, de uma organi- rável diferença de interesses contradi- mato para Washington definir os prazos oridades da OCX e da coligação ociden- zação simbólica a censurar o expansio- tórios. No caso de BRIC, é difícil falar da estadia das forças armadas norte- tal ainda divergem bastante. Mas o mun- nismo norte-americano transforma-se numa concorrência interna. Esta estru- americanas na Ásia Central, assim como do em rápida mudança e as capacidades numa estrutura com importantes objec- tura dificilmente adquirirá um grau de o convite para o Irão ocupar na OCX limitadas dos EUA obrigam a alterar as tivos concretos a alcançar ao nível regi- maturidade quando as divergências dos um lugar de observador. táticas e estratégias ocidentais. onal, a tarefa de Moscovo complica-se. participantes impedem a fazer algo. A importância da OCX não pára de Nos últimos meses surgiram sintomas Exige-se um árduo e consequente tra- Na Organização de Cooperação de crescer. Até agora, os EUA e a NATO de uma atitude mais prática de Washing- balho com os vizinhos e uma estratégia Xangai a situação é muito diferente. Os têm evitado uma interacção com esta ton para com a OCX. Mas. Os impulsos acertada de relações com o «amigo-con- interesses dos países membros entrela- estrutura na solução dos sérios proble- não partem dos políticos, que continuam corrente» chinês. çam-se de modo tão estreito que surge mas que enfrentam no Afeganistão e no a recear alianças concorrentes, mas sim * in revista A Rússia na Política Global
  • 5. 26 DE JUNHO DE 2009 COIMBRA 5 Rotary Club de Coimbra/Olivais tem novo Conselho Director Realiza-se no próximo dia 6 de Julho, Jorge Humberto (Tesoureiro). Os restan- no decorrer do seu mandato irá promover nhecida reputação em cada uma das áre- pelas 21,30 horas (no Hotel Tryp de Co- tes lugares passam a ser ocupados por o debate sobre diversos temas de grande as focadas. imbra), uma Assembleia Geral do Rotary Jorge Corte-Real, Amílcar Carvalho, Jor- actualidade, dos quais salientou “Coimbra Club de Coimbra / Olivais, onde acaba de ge Castilho, Santos Cabral, Ernesto Viei- e o seu Património”, “Nutrição e Saúde” RIBEIRO FERREIRA PRESIDE decorrer a transmissão de poderes. ra, Isolina Mesquita e António Pato. e “Água e Recuros Hídricos”. AO CLUBE DE COIMBRA Assim, a presidente cessante, Maria Na cerimónia de transmissão de po- No âmbito do primeiro tema, vão ser Helena Goulão, passou o cargo a Alber- deres, Albertino de Sousa elogiou o tra- organizadas visitas guiadas a monumen- Também no Rotary Clube de Coim- tino de Reis e Sousa. balho desenvolvido por Helena Goulão e tos de Coimbra e da Região, alargando a bra se procedeu à cerimónia detransmis- O novo Presidente constituiu o seu saudou também Agostinho Almeida San- participação nessas iniciativas aos ele- são de poderes. Conselho Director com os seguintes ele- tos, já designado para assumir a Presi- mentos dos outros Clubes Rotários. O novo Presidente é José Ribeiro Fer- mentos: Rodrigo Santiago (Vice-Presi- dência do Club no próximo ano. Para abordar os outros temas irão sen- reira, que referiu que a sua aposta vai ser dente), António José Gala (Secretário), Albertino de Sousa revelou ainda que do convidadas personalidades de reco- sobretudo na Cultura. TERÇA-FEIRA (DIA 30), ÁS 18 HORAS O fascínio das estrelas em Coimbra com Gil Vicente, Camões, Vieira, Pessoa e “jazz” Sabia que a música também deu ori- avança José António Paixão. gem a uma teoria astronómica? E que o Mas, acrescenta, os astros foram tam- Padre António Vieira estava atento às bém uma importante fonte de inspiração inovações da Astronomia? E o que terá para a música e, em particular, para o jazz. ele dito sobre a revolução iniciada por “Já na obra dos ‘veteranos’ Duke Elling- Copérnico, também jesuíta, mas com ton e Charlie Parker encontramos temas uma teoria que abalaria as crenças da que remetem directamente para os astros. Igreja? O dramaturgo Mário Montene- Com o advento do free jazz e do jazz de gro, a matemática Carlota Simões e o fusão, nas década de 60 e 70, muitos são físico José António Paixão dão a conhe- os artistas que gravaram composições ins- cer em Coimbra cruzamentos inespera- piradas na aventura espacial. E são mui- dos entre a Arte e a Astronomia. tas as referências ao cosmos na música Acompanharam de perto as revoluções contemporânea, do “Big Bang” aos bura- na Astronomia e as suas obras estão re- cos negros”, revela o também responsá- pletas de referências rigorosas a fenóme- vel pelo projecto ‘Quark!’, uma escola nos celestes: o fascínio pelas estrelas con- olímpica da Universidade de Coimbra des- tagiou alguns dos expoentes da arte em tinada a jovens pré-universitários e onde Portugal, e não só. O dramaturgo Mário a Física e o Jazz se entrecruzam. Montenegro, a matemática Carlota Si- A sessão na Almedina, subordinada ao mões e o físico José António Paixão vão :Intervenientes da última sessão do ciclo “O Universo da Astronomia” deram tema “A Astronomia e as Artes” é a ter- dicas preciosas para que todos possam desfrutar ao máximo das estrelas dar a conhecer em Coimbra o lado este- ceira do ciclo “O Universo da Astrono- lar do teatro, da literatura e da música. A mia”, organizado pela Almedina e pela e ‘Os Lusíadas’ de Camões coincidem da Universidade de Coimbra, onde inves- sessão terá lugar no dia 30 de Junho (ter- Ideias Concertadas no âmbito das come- com a época áurea dos Descobrimentos, tiga a relação entre o teatro e a ciência, o ça-feira) às 18 horas na livraria Almedina morações do Ano Internacional da As- quando as caravelas cruzaram a linha do dramaturgo irá ainda dar a conhecer o tra- Estádio, em Coimbra. A entrada é livre. tronomia (AIA 2009). equador e tiveram finalmente acesso ao balho da Marionet na área da divulgação Carlota Simões, professora e investi- Depois de sessões dedicadas a Gali- céu do hemisfério Sul, desconhecido até das temáticas astronómicas. gadora do Departamento de Matemáti- leu, às observações astronómicas e, ago- ca da Universidade de Coimbra, irá re- então”, lembra a investigadora. A MÚSICA TAMBÉM ra, às Artes, o “Universo da Astronomia” velar uma face menos conhecida de al- Na Almedina, Carlota Simões irá ain- termina a 9 de Julho às 18 horas com INFLUENCIOU AS ESTRELAS guns dos nomes maiores da escrita em da mostrar como em alguns autores, como uma conferência sobre o ensino da As- português: a sua relação com os céus. Camões e Alberto Pimenta, é possível Mas se o Universo inspirou a litera- tronomia. Os convidados serão Rosa Pela mão da investigadora da Faculdade descobrir ou confirmar a data de aconte- tura e o teatro, a Astronomia influen- Doran, do NUCLIO - Núcleo Interacti- de Ciências e Tecnologia, os participan- cimentos associados na escrita a eventos ciou também a música. E, não menos vo de Astronomia, Joana Marques, do tes poderão conhecer o lado astronómi- astronómicos. A investigadora irá, por fim, importante, deixou-se influenciar por Museu da Ciência da Universidade de co de Leão Hebreu, Gil Vicente, Luís de revelar o que é que Padre António Vieira ela, explica o professor do Departa- Coimbra, e Victor Gil, presidente da di- Camões, Padre António Vieira, Fernan- achou do sistema heliocêntrico do tam- mento de Física da UC José António recção do Exploratório - Centro Ciência do Pessoa e Alberto Pimenta. bém jesuíta Nicolau Copérnico, que, ao Paixão. Viva de Coimbra. Algumas das descobertas mais impor- sugerir que o Sol (e não a Terra) era o “As regularidades que se observam O Ano Internacional da Astronomia é tantes da Astronomia foram imortaliza- centro do Sistema Solar, abalaria uma das nos movimentos dos astros e nos sons coordenado em Portugal pela Sociedade das por incontornáveis da literatura. As principais convicções da Igreja. musicais levaram os primeiros astróno- Portuguesa de Astronomia, com o apoio obras do tempo da expansão marítima, Já Mário Montenegro, director artísti- mos a intuir a existência de uma relação da Fundação para a Ciência e Tecnolo- como ‘Os Lusíadas’, são, de resto, fon- co da companhia de teatro Marionet, vai entre a harmonia cósmica e a musical – gia, da Agência Nacional Ciência Viva, tes ricas sobre a evolução da Ciência, debruçar-se sobre a forma como a As- como a proposta na ‘música das esfe- do Museu da Ciência da Universidade explica Carlota Simões. “A publicação tronomia tem influenciado o universo tea- ras’ de Kepler, uma teoria para o movi- de Coimbra e da Fundação Calouste de ‘Diálogos de Amor’ de Leão Hebreu tral. Doutorando na Faculdade de Letras mento planetário inspirada na música”, Gulbenkian.
  • 6. 6 CRÓNICA 26 DE JUNHO DE 2009 A OUTRA FACE DO ESPELHO Parque Verde José Henrique Dias* jhrdias@gmail.com Podemos dar uma volta no Parque Verde. Foi as- sim que começou a conversa, quando a tarde se ex- tinguia na sala onde acabara a conferência, sobre aquelas coisas que às vezes nos pedem e a que não podemos dizer não, por dever de ofício. Nem sem- pre os temas nos agradam, quantas vezes nos obri- gam a trabalho suplementar, leituras apressadas, umas nótulas securitárias para não corrermos risco de aba- far, mas sempre esta obrigação de estar ali, a funci- onar no funcionalismo gratuito da contribuição cul- tural, porque nunca ninguém se lembra de quanto vale o que sabemos e podemos disponibilizar, paga- se ao médico, ao advogado, ao arquitecto, paga-se ao pintor, ao carpinteiro, ao canalizador, mas ao tra- balhador intelectual faz-se o favor de convidar para uma mesa-redonda, uma palestra, conferência, sei lá o quê, venha daí em viagem à sua própria custa, que fará parte do adorno ou servirá para compor o currículo. Quando me disse podemos dar uma volta no Par- que Verde, senti que era a compensação de que dis- punha para me colocar no limbo dos bons momen- tos. O certo é que eu não sabia o que era o Parque A mulher já não tinha muita paciência para aturar as formas ridículas que afinal são as que valem a Verde. Aprendi depois que é um lugar aprazível, à os pequenos caprichos do senhor administrador, gos- pena, pronto, o Parque Verde está visto e agora, se- beira de um Mondego que é outro naquele passear tava das festas sociais e sair nas revistas ao lado nhor engenheiro, vou levá-lo ao hotel. de horas mais ou menos lânguidas, onde as mãos se dele, mas era bem mais interessante o motorista, que Foi então que ele olhou e viu um pequeno cartaz podem encontrar, os sorrisos adormecerem, os olha- um dia a levou ao Algarve para uma festa de notá- que falava numa homenagem ao António Portugal. res multiplicarem cumplicidades e, quem sabe, tal- veis a que ele não podia ir. Lembrou então os idos de finais dos anos quarenta, vez um regato nascente para um rio de ternura, que Depois, bem, passado o embaraço da timidez foi todos os anos cinquenta do século passado, a Coim- a ternura é sempre o esperável que vale a pena es- tudo o jogo da glória e nem uma pitada de remorso, bra dos preparatórios de engenharia, que então não perar. Ai de quem não sabe isto, quem apenas se ele também mas faz, logo estamos quites, penso que havia licenciatura, os encontros com o António e a prende nas realizações de futuros organizados, arru- não disse assim, o motorista é que ficou sem saber Teresa, todos os daquela tertúlia depois de almoço, madinhos, muito conseguidos para. Quem funciona- como tratá-la, também para que interessa a maneira que se espreguiçava pela tarde, se repetia depois de liza o amor ou isso a que é costume chamar amor, como as pessoas se tratam na intimidade, há sempre jantar até horas mortas. como querem sempre funcionalizar a inteligência a O António Portugal ficará como um símbolo, não recibos verdes ou contratos a termo certo, que é sem- de uma geração, mas de um esforço renovador. Que pre termo sabido, amar com horário e relógio de pon- é muito mais do que marcar um tempo, é ser o pró- to, que horror, disse-me ela no Parque Verde, quan- prio tempo. A partir daquela noite em que Artur Pa- do isto tudo me saía torrencial para expurgar a re- redes, com o filho Carlos, Arménio Silva e Ferreira volta, que horror, senhor engenheiro, nem sei se hei- Alves, no Avenida, nas comemorações das Bodas de chamar-lhe engenheiro ou economista, repetia, de Diamante do Orfeon trouxeram uma outra sono- mas não se chama a ninguém senhor economista, ridade à guitarra, o António Portugal ficou depositá- reparo agora, disse com ar gaiato, diz-se sempre se- rio da responsabilidade de mudar tudo no espaço nhor doutor, também serve para tudo, mas senhor coimbrão. Assumiu com tranquilidade exaltante. Com economista também soa mal, não acha? a guitarra e uma maneira de se dobrar com ela. Ar- Divertia-me ouvi-la e pensei no curso de enge- rebatado. Como em tudo. Até o coração aguentar. nharia do Técnico e depois nos estudos de econo- Naquele rés-do-chão da Avenida Afonso Henri- mia, o doutoramento em Boston, os conselhos de ad- ques. Corria o ano de 1955. Eu sei que isto pode ministração e as aulas, os convites das televisões incomodar alguns, não sou evidentemente especia- em programas para dizer o que se quer ouvir, pensei lista. Tenho memória. Sei que semeava a diferença. em tudo, julgo que pensei, porque na verdade apenas Que construiu a diferença. andava à solta nos canteiros dos seus olhares de O António, que então tocava com o Jorge Godi- desafio, penso que eram de desafio, que a madureza nho, o Manuel Pepe e o Levi Baptista, percebeu bem da minha idade talvez abrisse alguma especial curio- o que eram cromáticos, é assim que se diz?, agarrou sidade, como será na cama este tipo tido por sábio na guitarra e meteu-se a fazer a Aguarela Portu- em questões económicas, ora ora, são todos iguais, guesa. Seguiu-se um salto enorme, com os poemas mas talvez haja alguma coisa que a gente não sabe, do Alegre, a voz do Goes e do Adriano, quantas mais. um qualquer viciozito privado, qualquer surpresa, isto A resistência activa mas acima de tudo um toque andava vagamente na cabeça dela, ou talvez apenas de qualidade que repercutiu em tantos dos que vie- na minha cabeça, eu é que estava a pensar o que ram depois, e não vou nomeá-los, que agora já nem queria que ela pensasse, faltava-me coragem para me importam os olhos da mulher que acaba de dizer verbalizar um convite. é altura de ir para o hotel… Aquela coragem com que era capaz de demolir Valeu a pena saber o que é o Parque Verde. Para as grandes opções de um qualquer plano de um qual- poder marcar este encontro com o António Portugal. quer governo. Interfiro agora na história, mudo a António Portugal pessoa, a conjugação neutraliza o que pode. * Professor universitário
  • 7. 26 DE JUNHO DE 2009 OPINIÃO 7 ponto . por . ponto Por Sertório Pinho Martins mata-mata! Há cerca de um ano, esta coluna riga vazia dos contribuintes bate derrocada de sonhos para uns tantos do parceiro a contra-gosto) e PS + BE dava à luz um texto cujo título balan- mais forte do que a vozearia dos que nada fizeram para merecer outro (que vai durar o tempo de um sopro, çava entre o real e o jocoso: “a cor- debates sobre o estado da nação ? destino, e um quebra-cabeças para mi- porque os tempos não são de nacio- da e o circo”. E passo a citar dois Remodelando agora, terá no míni- lhões de portugueses que só querem nalizar sectores de que o BE quer a excertos, que parece terem parado no mo o benefício da dúvida de quem apostar certo e garantir que não lhes todo o transe pôr-e-dispor). tempo. foi solidário até ao limite do tole- tiram o resto da pele que já deixaram E um governo minoritário, como “Cada um faz o seu número de rável, mas que não hesitou em dar nos desfiles de rua, na dobradiça das fará passar o seu ‘programa’? Se for circo, a corda vai esticando debai- o passo patriótico quando esgotou portas do emprego fechadas com es- do PS, o PCP não lhe dará mais que o xo das nossas desilusões e não nos todas as esperanças em homens que trondo, nos salários em atraso, nas fi- benefício da ‘abstenção’, e o BE pode demos conta que já estamos a tra- afinal desapontaram o país real. E las de espera de uma esperança cada não chegar para que passe rés-vés balhar sem rede! Numa conjuntura contra a aliança parlamentar PSD- económico-social sem precedentes CDS, – sendo certo que, se for um desde há décadas, o que passa a BE-fiel-de-balança, fará duras exi- valer é o chorrilho de asneiras, a E depois de 27 de Setembro? Ninguém vai gências que lhe continuem a dar visi- surdez à voz do bom-senso, a com- bilidade e protagonismo. Mas o mun- petição pela maior parvoíce políti- sobreviver sozinho, e os ‘fiéis-de-balança’ do que Francisco Louçã sonha não é ca – porque no fim alguém há-de (CDS e BE), emergentes de um desnorte o que aí vem, feito de consensos ao apagar as luzes! ... Qualquer even- centro, de privatização da economia, to (por mais insignificante) serve que atacou os indecisos e os desalentados, de liberalização das leis laborais e de para tocar a rebate e a lançar re- cados que não têm segunda leitu- voltam a ser (Deus nos acuda!) os decisores esbatimento do Estado como golden- share dos sectores-chave do século ra, cruzam-se ameaças por cima das do equilíbrio político que nos é necessário XXI. Se for do PSD, o CDS ajudará nossas cabeças atarantadas com mas quererá também contrapartidas, tanto despudor político, e o hori- como pão para a boca! e com toda a certeza que o PCP, PS e zonte continua nublado a perder de BE votarão contra – e aí, adeus pro- vista. Cheira cada vez mais a quei- grama de governo! mado e ninguém repara na direc- Conclusão? A batata pode voltar às ção do vento!” se ele tem por onde escolher!”. vez mais ténue. E quando em 27 de mãos de Cavaco Silva, que decerto “José Sócrates tem nas mãos uma Escrevi isto em Julho de 2008, an- Setembro e 11 de Outubro chegar o não hesitará em pôr ordem na bagun- maioria absoluta, base primeira tes do big-bang do suprime america- momento de fazer escolhas, receio ça. E ai de quem lhe apontar que não para a estabilidade política que ou- no que já corroía a economia ameri- muito que o “mata-mata” assassino e foi um gajo-porreiro-pá e deu aos par- tros vão ter que conquistar, esgri- cana e que os gurus europeus acha- sem discernimento se sobreponha ao tidos todas as oportunidades de se en- mindo argumentos que levem a dar vam que não se atreveria a passar o razoável de uma realidade que deixou tenderem em nome da paz política que um passo atrás aos que em 2005 Atlântico a vau, e antes das catástro- de ter esperança. o país (que os sustenta!) exige, e que votaram claramente no PS. Dir-se- fes universais em cadeia que se lhe E depois de 27 de Setembro? Nin- já está assegurada noutros parceiros á que nessa altura já havia no ar seguiram. Mas também nunca tive guém vai sobreviver sozinho, e os ‘fi- europeus que vão dar as mãos para uma ‘dinâmica de mudança’ ; mas veleidades (há que dizê-lo) de que al- éis-de-balança’ (CDS e BE), emer- chegar ao lado de lá do terramoto que chegar à maioria absoluta foi um guém ligasse a mais uma voz perdida gentes de um desnorte que atacou os varre o mundo desde há um ano a esta feito indiscutível. Porém, ao primei- no deserto. Diz-se tanta coisa que não indecisos e os desalentados, voltam a parte. ro-ministro falta-lhe dominar es- passa do ‘diz-se-diz-se’… ser (Deus nos acuda!) os decisores Quem não enxergar isto, não me- pontaneidades, dosear ímpetos, si- E fico perplexo com o que mudou do equilíbrio político que nos é neces- rece mais que o “mata-mata” adivi- mular contrições e sacrificar peões num ano! E fico doente com o que se sário como pão para a boca! Cenári- nhado dos próximos actos eleitorais para chegar ao pleno em 2009. Ora vai passar nos próximos três meses! os? Todos eles são de cedências fei- que decidirão o nosso futuro colecti- sacrificar peões é algo que Sócra- E fico em pânico com a eventual in- tos: PSD + CDS (natural, até onde vo. Muita cabeça vai rolar e algumas tes ainda não absorveu e interiori- governabilidade que se desenha no ho- Manuela Ferreira Leite tiver paciên- promissoras carreiras cairão sob a gui- zou do mundo da política, a ponto rizonte descalcificado das nossas cia para segurar Paulo Portas), PS + lhotina inexorável do voto popular. de ir remodelar tão só para as elei- energias nacionais. CDS (em que o primeiro dá ao segun- Mas não merecem outra coisa, por- ções de 2009. Senão, que outros As eleições europeias foram uma do dois ou três ministérios — Defesa, que a esperança de um amanhã me- trunfos ou actos de propaganda lhe agradável surpresa para alguns, uma Assuntos Sociais, Negócios Estrangei- lhor vale por todos os pessimismos do restam, numa altura em que a bar- alegria esfusiante para outros, uma ros?– para usar como quiser os votos hoje. VENDE-SE Casa com 3 pisos grande quintal e anexos num dos melhores locais de Coimbra (Rua Pinheiro Chagas, junto à Avenida Afonso Henriques) Informa telemóvel 919 447 780
  • 8. 8 OPINIÃO 26 DE JUNHO DE 2009 gência de prazer e de poder está a von- Egipto fazer um discurso que agradou Mais avisados, os do Norte da Euro- tade de sentido. (...) tanto a judeus como a muçulmanos, a pa desataram a andar de bicicleta e a Anselmo Borges tese de que o Presidente americano é descobrir o charme de compartilhar odo- Diário de Notícias Satanás ganhou força. Talvez este ho- res e sabores a próximo nos transportes mem seja, de facto, o Anticristo respon- públicos. (...) EMERGÊNCIA sável pelo Apocalipse, na medida em Rui Reininho DO PODER PIRATA que parece capaz de acabar com o Jornal de Notícias mundo tal como o conhecemos. Apa- O muito jovem Partido Pirata sueco fez uma entrada assinalável no Parla- mento Europeu, tendo obtido 7,1% dos votos na eleição de 7 de Junho de 2009. Para Estrasburgo vai enviar dois depu- tados. (...) UM ÚLTIMO OLHAR É preciso levar a sério a emergência SOBRE AS EUROPEIAS desta nova oferta política. Depois de apenas três anos de existência, o Pira- (...) As sondagens das eleições europeias tpartiet reúne cerca de 50.000 aderen- portuguesas eram, afinal, quase tão fanta- tes e é a terceira força militante da polí- siosas como os resultados das eleições tica sueca, logo atrás dos Moderados. nacionais iranianas. Há que dizer, contudo, (Os adversários do Partido Pirata subli- que não era fácil a tarefa de quem sonda. nham que a adesão ali é gratuita.) Em Boa parte dos resultados eleitorais era qua- 2009, houve uma adesão maciça dos jo- se impossível de prever. A vitória do PSD, vens entre os 18 e os 30 anos – na gran- por exemplo, acaba por ser surpreenden- de maioria, homens – a um programa te, sobretudo se tivermos em conta que fundado na legalização da partilha de fi- Paulo Rangel teve de superar algumas di- cheiros. O principal detonador deste ficuldades sérias: a falta de apoio de mui- movimento foi o processo «The Pirate tos dos principais militantes do partido, a Bay», do nome de um sítio sueco na In- sua relativa inexperiência política e uma ternet que propunha um motor de busca perturbadora semelhança física com o especializado nos ficheiros torrents, que Manelinho, da Mafalda, poderiam ter dei- permitem descarregar e partilhar, entre tado tudo a perder. utilizadores, filmes, música, programas Outra surpresa: o candidato ideal do informáticos, etc (...) PS, percebemo-lo agora, era Basílio Philippe Rivière Horta. Recordo que, segundo o ministro Le Monde Diplomatique Manuel Pinho, Paulo Rangel teria de comer muita papa Maizena para chegar A CRISE DA JUSTIÇA rentemente, está interessado em trocá- “NÃO ABRACE TÁXI, aos calcanhares de Basílio Horta. No lo por outro melhor, mas não deixa de destruir o nosso. Obama já tinha torna- JUNTE COM CAMBITO” entanto, e mantendo a metáfora da fari- Custa-me abordar este assunto, pelo nha láctea, que é realmente elegante, seu especial melindre. Mas, em consci- do claro que o nosso sistema de pre- conceitos, que era tão fiável e seguro, Rio Branco (Acre) – Se alguém pe- Rangel comeu as papas na cabeça de ência, não posso deixar de o fazer. A cri- dir: por favor, pode me destentar este che- Vital Moreira. Imaginem agora a quanti- se da Justiça está aí, é uma evidência estava pervertido. Um respeitável se- nhor branco de alguma idade como Ber- que, e você souber que o sujeito é fari- dade de papa Maizena que Vital Morei- incontornável. Não pode deixar de preo- nha de cruzeiro, destente. Se tiver dinhei- ra teria de comer para chegar aos cal- cupar os cidadãos responsáveis. nard Madoff roubou-nos a todos e deu cabo da economia, e um negro relativa- ro, tudo bem, é tarefa que você pode re- canhares de Basílio Horta. (...) A Justiça, em demasiados casos, não alizar sem abraçar táxi. Vai ser como Ricardo Araújo Pereira funciona, nomeadamente quando envol- mente jovem deseja endireitá-la outra vez. Confesso que já não sei quem hei- juntar com cambito. E se avistar um ho- Visão ve políticos mediáticos ou desportistas mem usando bosoroca não estranhe, ele igualmente mediáticos. Os juízes não se de temer, quando passo por um beco escuro. (...) é homem mesmo. Ao ouvir “cuida, me- entendem com os procuradores e estes nina”, não se preocupe. Agora, saindo não se entendem com os responsáveis Ricardo Araújo Pereira QUE NOS ESPERA? por ai, cuidado com as peremas. Grande da Polícia Judiciária. Há a sensação de Visão e vasto é o Brasil, digo sempre, sem (...) O Homem vem ao mundo por que disputam, entre si, para aparecerem medo do clichê. Porque é mesmo. fazer e quer queira quer não tem essa nas televisões, como vedetas. Não re- NORMAL OU SUPER? Felizmente, viajar por causa da litera- tarefa constitutiva: fazer-se a si mesmo. sistem a responder a perguntas dispara- tura tem me ajudado a conhecer o país E tanto podemos fazer de nós uma obra tadas ou mal intencionadas e nem sem- (...) Quando os carros andavam a e, principalmente, descobrir as múltiplas de arte como fracassar. pre o fazem com o bom senso que seria Normal, os dos remediados cujos pais se variações de nossa língua. Vou incorpo- Einstein constatou que quem sente a de esperar. deslocavam a pé ou de carroça no senti- rando aos meus caderninhos os vocabu- vida vazia de sentido não é feliz e sobre- Assim sendo, perdem a distância - tão do de dar estudos e educação aos filhos, lários locais, além de trazer dicionários vive mal. O Homem não pode viver sem necessária à profissão que exercem - e o gasóleo era para quem trabalhava e se regionais. Destentar é descontar. Abra- sentido. Aliás, a existência humana está desacreditam as magistraturas. Parece tinha que fazer à estrada; os do normal çar táxi é trabalho difícil (diga tachi e não baseada na convicção do sentido. A sua não perceberem que o silêncio é de ouro tiravam o coberto ao carro, limpavam- táxi), é sofrer. Bosoroca é uma bolsinha própria negação ainda o afirma. No limi- e a palavra, em certas circunstâncias, lhe pó e iam ali até à praia ou à ribeira onde se carregam cartuchos. Cuida, te, não é possível o “suicídio lógico”, pois lhes é bastante inconveniente. O que mais próxima ouvir o relato enquanto se menina significa se apresse, avie-se! quem pegasse numa arma para suicidar- contribui, com alguma frequência, para fazia um croché e as crianças suspira- Farinha de cruzeiro é gente boa, confiá- se, porque tudo é absurdo, negaria o ab- o descrédito da Justiça, nos espíritos dos vam pela sumol e pelos bolos de coco. vel, enquanto juntar com cambito é coi- surdo e afirmaria o sentido. telespectadores, que nas suas casas, num Nesse Mesozóico, também houve uma sa fácil de fazer. Peremas são mulheres O famoso psiquiatra Viktor Frankl, contexto diferente, os vêem, escutam, gravíssima crise de combustíveis por dadas, oferecidas, assanhadas e até mais fundador da logoterapia, mostrou, a par- avaliam. E não gostam... (...) causa dos ayatollas que contestavam as do que isso. tir dos estudos que realizou com base na Mário Soares modernices do xá da Pérsia. As viaturas Aos dicionários de gauchês e de per- sua terrível experiência nos campos de Visão tinham só um depósito com que se haver nambucanês, já acrescentei o baianês e concentração nazis, que a exigência mais aos fins-de- semana, de matrículas par o cearês. Agora tenho o acreano, do Gil- radical do ser humano é o sentido, ra- OBAMA ANTICRISTO? ou ímpar para circular e o Júlio Isidro berto Braga de Mello, delicioso. Gilber- zões para viver. Contra Freud e Adler, aproveitou para inventar a Música na TV, to, como todo acreano, firma pé. Apesar no mais fundo de nós, mais do que a exi- (...) Quando, há dias, Obama foi ao como o Bernstein cá do burgo. da reforma ortográfica, os acreanos, com
  • 9. 26 DE JUNHO DE 2009 OPINIÃO 9 E, se recusam a se tornar acrianos, com se pela “eficácia” do discurso e pela “for- ser prejudicial (veja-se a Educação). Só- vas bases: continuando o barrosismo I. Que se mantenha o E, clamam, indig- ça” da sua imagem. Ao ponto de a linha de crates gosta de governar sozinho. Ideias, sem Barroso, assim como Guterres inau- nados. Ouçamos, minha gente, essas rumo, de que tantos falam agora, ter sido, precisam-se. E coerência. Não basta co- gurara um cavaquismo de “rosto huma- vozes distantes, elas não estão separa- nos últimos dois anos, substituída por uma piar a música e o slogan de Obama. Por- no”. das do Brasil. (...) sucessão ininterrupta de momentos de pro- que ao PSD basta-lhe uma ideia: estar no Durão Barroso revelou-se, no entan- Ignácio de Loyola Brandão paganda ao longo dos quais o Governo sal- poder. E querer estar no poder. Ser o balu- to, um excelente presidente da Comis- “O Estado de São Paulo” tava de anúncio em anúncio, de promessa arte contra o avanço da esquerda. são Europeia. Reabilitou a imagem da em promessa, de inauguração em inaugu- Clara Ferreira Alves “coisa”, depois dos desastres de Santer PENSAR NO FUTURO ração como se o país fosse um palco, imu- Expresso e Prodi, tratou dos assuntos essenciais, ne às contingências da realidade. e sobretudo antecipou estratégias, numa (...) Quando a crise chegou, Portugal já Daí que os apelos que se fazem sentir, O CAMINHO DE DURÃO União sonâmbula e pouco atenta. Foi era outro país, apesar das raivas que late- no interior do PS, a uma mudança de estilo um dos primeiros a advertir para a cri- javam em muitos sectores e que foram não deixem de ser um retrato fiel da deso- Aos costumes digo que sou amigo e se energética e a hiperdependência da ampliados pelas traições internas e acções rientação que existe hoje em todo o parti- fui colega de Durão Barroso. Conheci- Europa face ao ex-Leste. E a agir aí. (...) inusitadas como as de Manuel Alegre. Se do: porque o estilo é a única marca de uma o, era ele um dirigente do MRPP já com Nuno Rogeiro Sócrates resistiu a tudo, até chegar a crise maioria que privilegiou a forma ao conteú- muitas dúvidas, em trânsito para uma si- Jornal de Notícias que devastou todos os países do mundo, do, a ficção à realidade e a propaganda a não teve força para o ‘tsunami’ que apare- qualquer linha de rumo. Mudar o que pode O NOSSO FADO ceu. Apesar dos erros cometidos pelo Go- parecer acessório é, neste caso, mudar o verno, foi nessa altura precisa que Sócra- essencial. É que por trás do acessório, exis- Não, nunca iremos tornar-nos um tes começou a desfalecer. te apenas um imenso vazio. imenso Portugal. O nosso fado está tra- A maior acção de contra-informação Constança Cunha e Sá çado e, após oportunidades e mais opor- desencadeada no sentido de afirmar que o Correio da Manhã tunidades desperdiçadas, vamos ser ape- culpado da crise era o governo produziu os nas um Portugal dos pequeninos, um efeitos desejados. Sócrates não soube tra- AIRBUS SAI DO SILÊNCIO Portugal pequenino. var mais esta investida, ainda por cima com Vamos ser o Portugal onde os melho- porta-vozes, como Santos Silva, que em vez Doze dias depois do acidente com o res já não querem governar porque não de mudarem a onda agravaram os seus A330-200 do voo AF 447 onde morrem aguentam a eterna maledicência da rua. efeitos, com tantas baboseiras. Foi por tudo 228 pessoas o fabricante Airbus aban- Onde o povo tanto lhe faz ser mal ou isto que Sócrates perdeu. Agora é hora de dona o silêncio costumeiro para defen- bem governado porque é sempre con- renovar a estratégia para novos desafios der sua cria. “O A330 é um dos melho- tra. Onde ninguém - pessoa, corporação, que aí vêm. res e está entre os mais seguros aviões empresa, sindicato - deixa de achar sem- Emídio Rangel construídos até hoje”, disse o alemão pre que tudo lhe é devido e nada lhe é Correio da Manhã Thomas Enders, presidente da compa- exigível. Onde as grandes construtoras nhia européia. Ele se baseia na ficha vivem quase todas de sacar ao Estado A MATAMORFOSE corrida do A330-200. Desde que o avião obras inúteis, porque de outro modo não foi brevetado, em 1996, houve apenas um tuação de independência, primeiro, e para sabem viver. Onde ninguém pensa a pra- (...) Embora o País tenha dito nas ur- acidente com vítimas fatais: o vôo AF o PPD, depois. zo porque há sempre uma eleição pelo nas que já chega ao actual primeiro-mi- 447 do 1 junho que fazia o trajeto Rio- Não nos aproximava nem a doutrina, meio que não se pode perder, mesmo que nistro, convém não o subestimar. Sócra- Paris. “Um avião Airbus decola a cada nem a história, nem as “opções políticas”, seja a feijões, como as europeias que tes transformar-se-á no que os guerrei- dois segundos no mundo, a aviação civil nem sequer a formação intelectual, mas acabamos de atravessar. (...) ros do marketing político lho ditarem. E continua sendo o meio de transporte mais penso que nos juntava a curiosidade de A mediocridade há-de sempre que- como agora tantos falam em humildade, seguro do planeta.” compreensão dos motivos, pensamento rer que o nivelamento se faça por bai- o primeiro-ministro será humilde. Talvez O pronunciamento inédito de diretor e expressão dos aparentes “inimigos”, e xo. Há-de sempre querer afastar cri- até sereno e simpático para com os seus alto graduado da Airbus depois de um a previsão dessa era que hoje se chama térios que assentem no mérito, no tra- adversários. Nem que tenha de ensaiar a acidente envolvendo uma de suas aero- de “pós-ideológica”. Teremos também balho, no talento, na honestidade, nos metamorfose mil vezes, só aparentemen- naves não acontece por acaso. Nunca tido uma certa cumplicidade no entendi- valores. O que distingue um país com te contrariando a sua natureza (o que quer houve uma pressão tão grande da opi- mento dos rumos, nem sempre fáceis ou futuro de outro que o não tem é justa- é o mesmo). E agradece a moção de cen- nião pública mundial para saber as cau- explicáveis, do “interesse nacional”. mente o desfecho desse embate. Em sura. Não nos iludamos, será o mesmo. sas de um acidente de avião. (...) O seu projecto de governo, depois de Portugal premeia-se o absentismo e a Paula Teixeira da Cruz António Ribeiro muitas peripécias de saúde, de muitas rotina; desculpa-se a incompetência e Correio da Manhã Veja negociações e subidas a pulso, de mui- aceita-se resignadamente a burocracia tos caminhos solitários, ou incompreen- e o autoritarismo imbecil; perdoa-se a OFERTA CULTURAL A DECADÊNCIA didos, acabou na coligação “pragmática” ausência de valores éticos a todos os DO SOCIALISMO com um ex-aliado, ex-adversário, ex-po- níveis e trata-se socialmente por se- O primeiro-ministro admitiu que o lemista, Paulo Portas. Apesar das previ- nhores os que nada mais são do que (...) Olhamos para o PS e que vemos? Governo errou (aqui está uma novidade) sões de catástrofe, conseguiu rumar pe- bandidos; condecora-se o triunfo em- As caras e aproveitadores do costume. A por não ter investido muito na cultura e los escolhos complicados do “país de tan- presarial por favor político; perdoam- larga testa do dr. Vitorino, o único ‘inteli- lamentou a falta de oferta cultural. Se é ga”, manteve unidas facções díspares, e se os impostos e os crimes fiscais aos gente’ do partido, que tem um think tank só verdade que José Sócrates quer ‘arrepi- entrou no Campeonato Europeu de Fu- grandes vigaristas, enquanto se perse- para ele. A oportunista testa do dr. Carri- ar caminho’ e aparecer com um imagem tebol, feito em estádios que não tinha gue implacavelmente o pequeno e ho- lho, sentado na sinecura da UNESCO. diferente, convém que saiba do que fala. previsto nem aprovado, com altos níveis nesto devedor ou aqueles que mais im- Vemos alegristas e guterristas, senhoras do A oferta cultural só é diminuta para quem de confiança. postos pagam e que não fogem ao fis- costume, apparatchiks obsoletos, luta pela anda distraído; há bastantes coisas a A saída para Bruxelas fracturou a sua co; arquivam-se os crimes que são di- sobrevivência e confrangedora ausência de acontecer todos os dias e o Governo não própria base de apoio. fíceis de investigar e tortura-se a mãe discussão e de temas. Vemos que uma fez falta, a não ser para quem quer ter Achei-a, na altura, incompreensível, da Joana, transformando os responsá- certa intelligentsia que votaria no PS pas- emprego fácil. (...) prejudicial, má para Portugal, para a es- veis em vedetas mediáticas; consen- sou a votar no Bloco de Esquerda, por ra- Francisco José Viegas tabilidade, para a confiança nos políti- te-se o indecoroso tráfico de influên- zões éticas e estéticas, ou porque o Bloco Correio da Manhã cos. Com a opção comissarial abriu-se cias entre o poder político e a advoca- é uma ‘vanguarda’ não ‘corrompida’. E uma crise de legitimidade, cujos efeitos cia de negócios e pretende-se calar o tem o poder de não ser poder. O Bloco fez MUDAR DE RUMO ainda sentimos, obrigando Santana Lo- bastonário dos advogados que, à reve- do PS o seu inimigo principal. E o PS dei- pes a um sacrifício de emergência, Jor- lia dos bons costumes, denuncia o que xou. A hemorragia do PS é culpa do PS. (...) Por oposição à dra. Ferreira Leite, ge Sampaio a um bizarro presidencia- todos sabem ser verdade. (...) Tal como o PCP, foi derrotado. Sócrates capaz de comunicar apenas a sua própria lismo de tutela e vigilância, e à recria- Miguel Sousa Tavares tem a vantagem do voluntarismo e da re- incapacidade, o eng. Sócrates distinguia- ção do PS pós-Ferro Rodrigues em no- Expresso sistência. Voluntarismo não chega e pode
  • 10. 10 COIMBRA arte em café 26 DE JUNHO DE 2009 CARLOS ENCARNAÇÃO ACUSA ESTADO DE SE DISTRAIR DAS QUESTÕES SOCIAIS Coimbra é uma lição em projecto integrador de comunidade cigana O Presidente da Câmara de Coimbra pal lançou do ponto de vista humano e experiência poderá ser alargada a cida- afirmou há dias que o Estado “continua social. dãos não ciganos, a outras comunidades distraído” no que respeita a questões “Esta é uma missão insubstituível do que também vivem em situação de ex- sociais, tendo as autarquias de assumir Estado, que continua distraído das ques- clusão social. essas competências para minimizar os tões sociais. É obrigação do Estado fa- “Portugal devia adoptar o lema “Por- problemas. zer isto. É uma questão nacional que tem tugal País de Todos”, disse, em adapta- “O que mais me ofende é que o Es- cambiantes locais”, observou. ção do lema escolhido por Coimbra para tado faça de conta que não sabe dos pro- Para Carlos Encarnação, “não vai ser o projecto, que contempla o acompanha- blemas. Que seja distraído”, declarou possível ao Estado deixar de ter atenção mento multisectorial de famílias ciganas Carlos Encarnação, ao encerrar, em a estas soluções” que o projecto pionei- num centro de estágio habitacional; um Coimbra, um debate nacional sobre a ro de Coimbra apresenta ao nível da in- espaço de conquista de competências população cigana em situação de preca- tegração da comunidade cigana. para a sua integração em bairros da ci- riedade habitacional”. Também Artur Trindade, secretário- dade. Na sessão, que contou com o envolvi- geral da ANMP criticou o Estado por Sara Carvalhal, responsável por esse mento da Associação Nacional de Mu- deixar nas mãos dos municípios a reso- centro de estágio habitacional da Câma- nicípios Portugueses (ANMP), a Câma- Carlos Encarnação lução de problemas sociais sem lhes ra de Coimbra, por onde passam as fa- ra de Coimbra apresentou aos técnicos bém impressão que as comunidades não transferir essa competência, e sem as mílias ciganas, afirmou que o seu perfil de várias autarquias do país um projecto compreendam estes problemas”, afirmou dotar de meios financeiros para tal. não difere de qualquer família multipro- pioneiro de intervenção junto da popula- o autarca. “Tenho orgulho pela Câmara Muni- blemática pobre, isolada, que não tive ção cigana, que já está a ser adoptado Reportando-se ao projecto “Coimbra cipal de Coimbra que, em representação acesso a oportunidades. pela Câmara Municipal de Ovar. Cidade de Todos”, que a sua autarquia do poder local, tenha tido esta iniciati- Também a Alta Comissária para a “Não fico bem com a minha consci- lançou em 2004 para intervir junto da va”, afirmou o dirigente, desejando que Imigração e Diálogo Intercultural, Rosá- ência quando vejo cidadãos a degradar comunidade cigana a viver em barracas, a experiência seja adaptada e transpor- rio Farmhouse, defendeu na sessão que a sua situação, e abandonados a si pró- Carlos Encarnação disse tratar-se “das tada para outros municípios. o projecto de Coimbra seja aplicado nou- prios a viver na cidade. Causa-me tam- melhores coisas” que a Câmara Munici- Na perspectiva de Artur Trindade, esta tros municípios. “Plataforma do Choupal” quer Câmara a dar explicações sobre projecto de novo viaduto O movimento Plataforma do Chou- mo que a Câmara de Coimbra “tenho ressados observassem a circulação po que entenderem”, explicou o bió- pal considerou ontem (dia 25) que a o mesmo estatuto no processo, com o rodoviária. logo Miguel Dias, que integra o movi- Câmara Municipal de Coimbra “deve argumento de que estão a defender os “Ficou comprovado que não há si- mento. explicações” sobre a necessidade de interesses do município”. tuações de entupimento, apenas situ- A iniciativa começa hoje (sexta-fei- se construir uma nova ponte na cida- “Parece-nos haver vontade das Es- ações pontuais de dificuldades no es- ra) às 18:00 e, durante 48 horas, os de, na zona da Mata do Choupal. tradas de Portugal de não deixar de coamento”, disse Luís de Sousa, re- participantes podem “correr, andar de O movimento, que contesta a cons- fora uma parte interessada no proces- ferindo que a Plataforma do Choupal bicicleta ou caminhar”. trução de um viaduto rodoviário com so”, referiu. está contra o “desperdício de dinhei- No caso da corrida, os participan- 40 metros de largura e que atraves- A Plataforma do Choupal conside- ros públicos num troço sem necessi- tes devem fazer uma pré-inscrição sa o Choupal numa extensão de 150 rou ainda “extremamente positiva” a dade”. através do e-mail metros, no âmbito do novo IC2, re- iniciativa designada por “Desafio Elec- No âmbito do processo de contes- plataformadochoupal@gmail.com. velou hoje, em conferência de im- trónico à População!, que procurou tação à construção do viaduto sobre Segundo Luís Sousa, estão já ins- prensa, que o município “está desde mostrar “a total ausência de entupi- a Mata do Choupal, iniciado em Fe- critos cerca de 150 participantes. o primeiro momento por detrás desta mentos ou engarrafamentos” de trân- vereiro deste ano, o movimento pro- Entre eles os candidatos à autarquia solução”. sito na Ponte Açude, junto à Mata do move entre os dias 26 e 28 de Junho de Coimbra Pina Prata (independen- Luís Sousa, do movimento, disse à Choupal, onde o Governo pretende mais uma iniciativa desportiva, que se te), Francisco Queirós (CDU), Cata- Agência Lusa que, na contestação do construir o viaduto rodoviário. designa “Uma espécie de corrida”. rina Martins (BE) e as deputadas so- Ministério do Ambiente e das Estra- Através de uma câmara, o movi- “Trata-se de uma espécie de corri- cialistas Teresa Portugal e Matilde das de Portugal à acção popular in- mento disponibilizou durante uma se- da desportiva sem regras, em que to- Sousa Franco, para além do provedor terposta no tribunal por sete cidadãos, mana imagens permanentes em direc- dos os participantes podem praticar a do Ambiente de Coimbra, Massano foi requerida por este último organis- to da Ponte Açude para que os inte- actividade que quiserem durante o tem- Cardoso.