O documento descreve cenas de uma rua no início da manhã, com o despertar das pessoas e o aumento do barulho e agitação. A música crioula toca e desperta emoções fortes nos presentes.
2. NATURALISMO
linhas gerais
Eram
cinco
horas
da
manhã
e
o
cor/ço
acordava,
abrindo,
não
os
olhos,
mas
a
sua
infinidade
de
portas
e
janelas
alinhadas.
Um
acordar
alegre
e
farto
de
quem
dormiu
de
uma
assentada,
sete
horas
de
chumbo.
[…].
O
rumor
crescia,
condensando-‐se;
o
zunzum
de
todos
os
dias
acentuava-‐
se;
já
se
não
destacavam
vozes
dispersas,
mas
um
só
ruído
compacto
que
enchia
todo
o
cor/ço.
Começavam
a
fazer
compras
na
venda;
ensarilhavam-‐se
discussões
e
rezingas;
ouviam-‐se
gargalhadas
e
pragas;
já
se
não
falava,
gritava-‐se.
Sen/a-‐se
naquela
fermentação
sanguínea,
naquela
gula
viçosa
de
plantas
rasteiras
que
mergulham
os
pés
vigorosos
na
lama
preta
e
nutriente
da
vida,
o
prazer
animal
de
exis/r,
a
triunfante
sa/sfação
de
respirar
sobre
a
terra.
AZEVEDO,
Aluísio.
O
cor&ço.
15.
ed.
São
Paulo:
Á/ca,
1984.
cien%ficismo
determinismo
[biológico
e
social]
coloquialismo
classes
baixas
análise
da
realidade
social
zoomorfismo
desidealização
arrivismo
3. TEXTO
o naturalismo
Aba/dos
pelo
fadinho
harmonioso
e
nostálgico
dos
desterrados,
iam
todos,
até
mesmo
os
brasileiros,
se
concentrando
e
caindo
em
tristeza;
mas,
de
repente,
o
cavaquinho
de
PorZrio,
acompanhado
pelo
violão
do
Firmo,
romperam
vibrantemente
com
um
chorado
baiano.
Nada
mais
que
os
primeiros
acordes
da
música
crioula
para
que
o
sangue
de
toda
aquela
gente
despertasse
logo,
como
se
alguém
lhe
fus/gasse
o
corpo
com
ur/gas
bravas.
E
seguiram-‐se
outras
notas,
e
outras,
cada
vez
mais
ardentes
e
mais
delirantes.
Já
não
eram
dois
instrumentos
que
soavam,
eram
lúbricos
gemidos
e
suspiros
soltos
em
torrente,
a
correrem
serpenteando,
como
cobras
numa
floresta
incendiada;
eram
ais
convulsos,
chorados
em
frenesi
de
amor:
música
feita
de
beijos
e
soluços
gostosos;
carícia
de
fera,
carícia
de
doer,
fazendo
estalar
de
gozo.
AZEVEDO,
A.
O
cor&ço.
São
Paulo:
Á/ca,
1983.
4. QUESTÃO 01
ENEM-2011
No
romance
O
cor&ço
(1890),
de
Aluísio
Azevedo,
as
personagens
são
observadas
como
elementos
cole/vos
caracterizados
por
condicionantes
de
origem
social,
sexo
e
etnia.
Na
passagem
transcrita,
o
confronto
entre
brasileiros
e
portugueses
revela
prevalência
do
elemento
brasileiro,
pois
destaca
o
nome
de
personagens
brasileiras
e
omite
o
de
personagens
portuguesas.
exalta
a
força
do
cenário
natural
brasileiro
e
considera
o
do
português
inexpressivo.
mostra
o
poder
envolvente
da
música
brasileira,
que
cala
o
fado
português.
destaca
o
sen/mentalismo
brasileiro,
contrário
à
tristeza
dos
portugueses.
atribui
aos
brasileiros
uma
habilidade
maior
com
instrumentos
musicais.
5. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2011
Se,
no
início
do
fragmento,
as
personagens
mostravam-‐se
seduzidos
pela
tristeza
oriunda
da
música
portuguesa,
bastam
os
primeiros
acordes
sensuais
da
música
crioula
para
que
toda
aquela
gente
despertasse
logo
pelos
ais
convulsos,
chorados
em
frenesi
de
amor.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“c”.
6. QUESTÃO 02
o naturalismo
(MACKENZIE)
Vários
autores
afirmam
que
a
diferença
entre
Realismo
e
Naturalismo
é
muito
su/l.
Um
dos
trechos
a
seguir
é
claramente
naturalista.
Assinale
a
alterna/va
em
que
ele
aparece.
Desesperado,
deixou
o
cravo,
pegou
do
papel
escrito
e
rasgou-‐o.
Nesse
momento,
a
moça,
embebida
no
olhar
do
marido,
começou
a
cantarolar
à
toa,
inconscientemente,
uma
cousa
nunca
antes
cantada
nem
sabida...
Enfim
chegou
a
hora
da
encomendação
e
da
par/da.
Sancha
quis
despedir-‐se
do
marido,
e
o
desespero
daquele
lance
consternou
a
todos.
Entretanto,
das
portas
surgiam
cabeças
conges/onadas
de
sono;
ouviam-‐se
amplos
bocejos,
fortes
como
o
marulhar
das
ondas;
pigarreava-‐se
grosso
por
toda
a
parte;
começavam
as
xícaras
a
/lintar;
o
cheiro
do
café
aquecia,
suplantando
todos
os
outros...
Foi
por
esse
tempo
que
eu
me
reconciliei
outra
vez
com
o
Cotrim,
sem
chegar
a
saber
a
causa
do
dissen/mento.
Reconciliação
oportuna,
porque
a
solidão
pesava-‐me,
e
a
vida
era
para
mim
a
pior
das
fadigas,
que
é
a
fadiga
sem
trabalho.
E
enquanto
uma
chora,
outra
ri;
é
a
lei
do
mundo,
meu
rico
senhor;
é
a
perfeição
universal.
Tudo
chorando
seria
monótono,
tudo
rindo,
cansa/vo;
mas
uma
boa
distribuição
de
lágrimas
e
polcas,
soluços
e
sarabandas,
acaba
por
trazer
à
alma
do
mundo
a
variedade
necessária,
e
faz-‐se
o
equilíbrio
da
vida.
7. SOLUÇÃO COMENTADA
o naturalismo
O
fragmento
transcrito
na
alterna/va
“c”
apresenta
apenas
elementos
referentes
ao
mundo
exterior
à
personagem.
Trata-‐se,
pois,
de
um
excerto
de
obra
naturalista.
8. TEXTO
o naturalismo
O
msico
do
número
7
há
dias
esperava
o
seu
momento
de
morrer,
estendido
na
cama,
os
olhos
cravados
no
ar,
a
boca
muito
aberta,
porque
já
lhe
ia
faltando
o
fôlego.
Não
tossia;
apenas,
de
quando
em
quando,
o
esforço
convulsivo
para
atravessar
os
pulmões
desfeitos
sacudia-‐lhe
todo
o
corpo
e
arrancava-‐lhe
da
garganta
uma
ronqueira
lúgubre,
que
lembrava
o
arrular
ominoso
dos
pombos.
AZEVEDO,
A.
O
cor&ço.
São
Paulo:
Á/ca,
1983.
9. QUESTÃO 03
o naturalismo
(ITA)
Das
caracterís/cas
a
seguir,
pertencentes
ao
realismo-‐naturalismo,
apenas
uma
não
aparece
no
excerto
anterior.
Assinale-‐a.
Animalização
do
homem.
Visão
determinista
e
mecanicista
do
homem.
Patologismo.
Veracidade.
Retrato
da
realidade
co/diana.
10. SOLUÇÃO COMENTADA
o naturalismo
O
trecho
citado
não
apresenta
traços
deterministas.
Assinale-‐se,
pois,
a
alterna/va
“b”.
11. QUESTÃO 04
o naturalismo
Todas
as
seguintes
passagens
de
O
homem,
de
Aluísio
Azevedo,
são
representa/vas
da
esté/ca
realista-‐naturalista,
EXCETO
Não
havia
linhas
de
horizonte,
não
havia
contornos
definidos;
era
tudo
uma
acumulação
de
névoas,
onde
mal
se
pressen/am
apagadas
sombras.
[...]
E
aos
olhos
de
Magdá,
tudo
aquilo
principiou
de
afigurar
uma
natureza
em
embrião,
um
mundo
ainda
informe,
em
estado
gasoso;
alguma
coisa
que
já
exis/a
e
que
ainda
não
vivia:
um
ovo
ainda
não
galado
por
Deus.
Era
a
essa
infeliz
criança,
tão
cedo
privada
do
amor
de
mãe,
que
o
Conselheiro
dedicava
a
melhor
parte
dos
seus
afetos
[...]
E
era
ainda
essa
criança,
já
mulher,
que
o
desgraçado
via
agora
escapar-‐lhe
dos
braços
e
fugir-‐lhe
para
a
morte,
arrastando
atrás
de
si
um
triste
sudário
de
mágoas
brancas,
mágoas
de
donzela,
mágoas
flutuantes,
que
pareciam
feitas
de
espuma...
Um
candeeiro
de
querosene
iluminava
a
pobre
sala
de
duas
braças
de
largura
e
três
de
comprimento,
toda
caiada
de
cima
a
baixo,
e
com
uma
pequena
barra
de
roxo-‐terra.
Havia
um
armário
de
pinho
sem
pintura,
onde
se
guardava
a
louça,
aquela
grossa
louça
de
doze
vinténs
o
prato,
e
aquelas
canecas
de
pó
de
pedra,
onde
eles
tomavam
café
antes
de
levantar
o
dia.
–
Ora,
aí
tem!
É
a
febre
histérica!
classificou
logo
o
Dr.
Lobão.
E
em
resposta
às
perguntas
do
Conselheiro,
despejou
um
chorrilho
de
nomes
técnicos,
dizendo
que:
“Aquilo
não
podia
ser
febre
/fóide,
nem
ter
sua
origem
na
fleugmasia
encefálica,
nem
tampouco
na
alteração
de
algum
órgão
esplâncnico...
12. SOLUÇÃO COMENTADA
o naturalismo
As
imagens
construídas
na
alterna/va
“b”
apresentam
um
caráter
vago,
impreciso,
diáfano,
tal
qual
ocorria
durante
o
Simbolismo.
13. INSTRUÇÃO
o naturalismo
Leia
atentamente
o
fragmento
a
seguir.
14. TEXTO
o naturalismo
Depois
seguiam-‐se
a
Marciana
e
a
sua
filha
Florinda.
A
primeira,
mulata
an/ga,
muito
séria
e
asseada
em
exagero:
a
sua
casa
estava
sempre
úmida
das
consecu/vas
lavagens.
Em
lhe
apanhando
o
mau
humor
punha-‐se
logo
a
espanar,
a
varrer
febrilmente,
e,
quando
a
raiva
era
grande,
corria
a
buscar
um
balde
de
água
e
descarregava-‐o
com
fúria
pelo
chão
da
sala.
A
filha
de
quinze
anos,
a
pele
de
um
moreno
quente,
beiços
sensuais,
bonitos
dentes,
olhos
luxuriosos
de
macaca.
Toda
ela
estava
a
pedir
homem,
mas
sustentava
ainda
a
sua
virgindade
e
não
cedia,
nem
à
mão
de
Deus
Padre,
aos
rogos
de
João
Romão.
AZEVEDO,
A.
O
cor&ço.
São
Paulo:
Á/ca,
1983.
15. QUESTÃO 05
o naturalismo
No
trecho
acima,
é
possível
perceber
todas
as
seguintes
caracterís/cas,
EXCETO:
determinismo
obje/vismo
análise
psicológica
descrições
detalhadas
16. SOLUÇÃO COMENTADA
o naturalismo
Assinale-‐se
a
alterna/va
“c”,
pois
não
há,
no
fragmento,
análise
psicológica.
O
que
interessa,
no
trecho
em
análise,
é
o
aspecto
exterior
das
personagens.