SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
Resistência dos Materiais
Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla0
SUMÁRIO
1. TENSÕES DE CISALHAMENTO ................................1
1.1 DIMENSIONAMENTO .................................................2
1.2 EXEMPLOS...............................................................2
Resistência dos Materiais
Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla1
1. Tensões de Cisalhamento
Quando duas forças cortantes estão
infinitesimalmente próximas, o efeito do
momento existente entre elas pode ser
desconsiderado. Desta forma, aas tensões
provocadas nos pontos de uma seção podem
ser atribuídas apenas a estas forças.
Sejam duas forças cortantes em
equilíbrio, atuando em duas seções
infinitesimalmente próximas, como mostra a
figura 1:
Figura 1 – força cortante em equilíbrio
Desprezendo-se o efeito do momento, o
elemento sofrerá uma deformação fazendo com
que as seções permaneçam planas e paralelas
entre si. Podemos encarar este movimento
como sendo um escorregamento entre as
seções.
Figura 2 – Elemento deformado
Para que as seções possuam este
movimento é necessário que em cada ponto
delas atue uma tensão, que provoque no ponto
uma deformação como a mostrada na figura 3.
Esta tensão possui direção contida no plano da
seção. A este tipo de tensão damos o nome de
Tensão de Cisalhamento e representamos pela
letra grega taú ().
Figura 3 – força cortante em equilíbrio
Como podemos encarar que a tensão de
cisalhamento é a distribuição pelos pontos da
área da força cortante existente, podemos
escrever que:
 
A
dAV
Para que as seções possuam este
movimento relativo e não sofram alteração na
forma e no tamanho, é necessário que todos os
pontos da área de cada seção tenham a mesma
deformação. Dentro do regime elástico, se dois
pontos de um mesmo material possuem a
mesma deformação é porque neles atua a
mesma tensão.
Assim, se pode escrever:
AdAdAV
AA
 
A
V

Quando se observa as figuras 2 e 3, se
nota que as linhas que unem os pontos
correspondentes, das seções adjacentes, sofrem
uma inclinação. O ângulo desta inclinação é
representado pela letra grega gama () e é
denominado por distorção.
Figura 4 – Ângulo de distorção
O ângulo de distorção e a tensão de
cisalhamento dependem exclusivamente do
Resistência dos Materiais
Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla2
material. O que se observa é que para materiais
diferentes submetidos à mesma tensão, se
encontra a mesma tensão. A esta propriedade
do material se dá o nome de Módulo de Rigidez
Transversal e se indica pela letra “G”.
Com isto é possível escrever:
G


  G
Esta última expressão é conhecida
como Lei de Hooke para o cisalhamento.
1.1 Dimensionamento
Da mesma maneira que a tensão normal
é possível definir para a tensão de cisalhamento
uma tensão de ruína. Mais à frente poder-se-á
verificar que, para os materiais dúcteis, existe
uma relação entre a tensão normal de ruína e a
tensão de ruína ao cisalhamento.
Da mesma forma, o dimensionamento
deve prever algum tipo de segurança e com
isto; é possível escrever:

A
V
Sendo
s
r

Onde:
 é a tensão admissível ao cisalhamento
r é a tensão e ruína ao cisalhamento
s é o coeficiente de segurança.
1.2 Exemplos
1. A junta articulada da figura 5 foi construída
com ferro fundido comum que possui 650
MPa de resistência à compressão e 150
MPa de resistência à tração. Para unir as
duas partes, foi usado um pino, com 20 mm
de diâmetro, feito com aço ABNT 1020, que
possui limite de resistência igual a 550 MPa
e limite de escoamento igual a 240 MPa.
Considerando que a resistência ao
cisalhamento do aço seja igual à metade da
resistência ao escoamento; determinar,
usando um coeficiente de segurança igual a
3, a máxima força F que se pode aplicar na
junta sem que o cisalhamento no pino
ultrapasse as condições de
dimensionamento.
Figura 5 – Junta articulada
F F
Pino
Figura 6 – Corte na Junta articulada
Solução
O pino sofrerá cisalhamento em duas
seções, como mostra a figura 7.
Figura 7 – Seções cisalhadas do pino.
F
F
Pino
Seções
Cisalhadas
Resistência dos Materiais
Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla3
Desta maneira, a força que irá cisalhar
cada uma das seções é igual a F/2; isto é, em
cada seção:
2
F
V 
Como

A
V
Temos:



4
2
d
2
F
sd
2
F



4
2

  3
275
4
20
2
2
mm
N
mm
2
F


 
23
4
20
275
2
2




mm
mm
N
F
NF
423
20275 2



N.F 40014
2. Duas peças de madeira serão unidas por
uma peça de alumínio extrudado que possui
limite de escoamento igual a 48 MPa. Estas
peças estão sujeitas a uma força F=10 kN,
como mostra a figura 8.
Sabendo-se que a madeira possui as
características indicadas na tabela 1,
determinar as dimensões desta junta para
que o coeficiente de segurança seja igual a
2.
Tabela 1 – Propriedades da madeira.
Resistência Tração Compressão Cisalhamento
Paralelo às
fibras
24 MPa 26 MPa 3,8 MPa
Perpendicular
às fibras
0,4 MPa 6,3 MPa 3,8 MPa
d
a b
c
50
e
40
F F
F F
Madeira
Aluminio
Direção das fibras
Figura 8
OBS. – Considere que a resitência ao
cisalhamento do alumínio seja igual à metade
do limite de scoamento.
Solução
Para determinar a dimensão a se deve
lembrar que este trecho da peça está sujeito a
um cisalhamento. Assim, é possível escrever:



mm50a
2
F
s
fibras)às(paralelo
mm50a
2
N10.000




2
mm
N
8,3
mm50a
2
N10.000
2


2
mm
N
8,3
mm50a
2
N10.000
2


 amm
508,32
100002



mm6,52a 
Para determinar a dimensão c se deve
lembrar que este trecho da peça está sujeito à
tração. Assim, é possível escrever:
Resistência dos Materiais
Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla4

A
F
s50mmc
F e


2
mm
N
48
50mmc
N10.000 2


cmm
5084
10.0002



mm3,8c 
Para determinar a dimensão b se deve
lembrar que este trecho da peça está sujeito ao
cisalhamento. Assim, é possível escrever:



mm50b
2
F
smm50b
2
N10.000




2
mm
N
24
mm50b
2
N10.000
2


2
mm
N
24
mm50b
2
N10.000
2


 bmm
50242
100002



mm3,8b 
Para determinar a dimensão e se deve
lembrar que este trecho da peça está sujeito a
uma compressão entre o alumínio e a madeira.
Como a área em contato é a mesma, o
dimensionamento deve ser feito pelo material
que possui menor resistência. Neste caso,
como, na madeira, a compressão é paralela às
fibras, se pode escrever:

A
F
s50mmc)-(e
F e


2
mm
N
26
50mmc)-(e
N10.000


)ce(mm
5026
10.000


 ecmm
5026
10.000


emm3,8mm
5026
10.000


mm16e 
Para determinar a dimensão d se deve
lembrar que este trecho da peça de madeira
está sujeito a uma tração paralela às fibras.
Neste caso, se pode escrever:

A
F
s50mm)ed(
F e


2
mm
N
24
50mme)-(d
N10.000


)ed(mm
5024
10.000


 demm
5024
10.000


dmm6.1mm
5024
10.000


mm3,24d 

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 2 ensaios mecânicos e end - ensaio de tração
Aula 2   ensaios mecânicos e end - ensaio de traçãoAula 2   ensaios mecânicos e end - ensaio de tração
Aula 2 ensaios mecânicos e end - ensaio de traçãoAlex Leal
 
Catalogo borrachas
Catalogo borrachasCatalogo borrachas
Catalogo borrachasDiogo Zeni
 
Aula 02 ensaio de tração - cálculo da tensão
Aula 02   ensaio de tração - cálculo da tensãoAula 02   ensaio de tração - cálculo da tensão
Aula 02 ensaio de tração - cálculo da tensãoRenaldo Adriano
 
Chumbador fisher dados técnicos
Chumbador fisher dados técnicosChumbador fisher dados técnicos
Chumbador fisher dados técnicosAluizio Alves
 
Aula 1 ensaios mecânicos e end - introdução
Aula 1   ensaios mecânicos e end - introduçãoAula 1   ensaios mecânicos e end - introdução
Aula 1 ensaios mecânicos e end - introduçãoAlex Leal
 
estruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdf
estruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdfestruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdf
estruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdfEstevaoAquino
 
Apostila resistência materiais
Apostila resistência materiaisApostila resistência materiais
Apostila resistência materiaisMoacir Junges
 
Apostila de análise matricial de estruturas (1)
Apostila de análise matricial de estruturas (1)Apostila de análise matricial de estruturas (1)
Apostila de análise matricial de estruturas (1)JAIRO SALA
 
download-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdf
download-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdfdownload-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdf
download-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdfIvo Nunes de Oliveira
 
Relatório de tração
Relatório de traçãoRelatório de tração
Relatório de traçãoAlmir Luis
 
Muros de arrimo, dimensionamento e detalhamento
Muros de arrimo, dimensionamento e detalhamentoMuros de arrimo, dimensionamento e detalhamento
Muros de arrimo, dimensionamento e detalhamentorubensmax
 
Relatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais I
Relatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais IRelatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais I
Relatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais IVictoria Maia
 
Analise de falha em motores
Analise de falha em motoresAnalise de falha em motores
Analise de falha em motoresdragavitt
 

Mais procurados (20)

Catalogo Geremia Redutores Linha gs 9
Catalogo Geremia Redutores Linha gs 9Catalogo Geremia Redutores Linha gs 9
Catalogo Geremia Redutores Linha gs 9
 
Aula 2 ensaios mecânicos e end - ensaio de tração
Aula 2   ensaios mecânicos e end - ensaio de traçãoAula 2   ensaios mecânicos e end - ensaio de tração
Aula 2 ensaios mecânicos e end - ensaio de tração
 
Catalogo borrachas
Catalogo borrachasCatalogo borrachas
Catalogo borrachas
 
Aula 02 ensaio de tração - cálculo da tensão
Aula 02   ensaio de tração - cálculo da tensãoAula 02   ensaio de tração - cálculo da tensão
Aula 02 ensaio de tração - cálculo da tensão
 
Apostila - Operador de Betoneira
Apostila  -  Operador de BetoneiraApostila  -  Operador de Betoneira
Apostila - Operador de Betoneira
 
Chumbador fisher dados técnicos
Chumbador fisher dados técnicosChumbador fisher dados técnicos
Chumbador fisher dados técnicos
 
Aula 1 ensaios mecânicos e end - introdução
Aula 1   ensaios mecânicos e end - introduçãoAula 1   ensaios mecânicos e end - introdução
Aula 1 ensaios mecânicos e end - introdução
 
estruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdf
estruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdfestruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdf
estruturas metalicas - calculo, detalhes ,exercicios e projetos (1).pdf
 
Apostila resistência materiais
Apostila resistência materiaisApostila resistência materiais
Apostila resistência materiais
 
Calculo de apoio e flecha
Calculo de apoio e flechaCalculo de apoio e flecha
Calculo de apoio e flecha
 
Deflexão fwd
Deflexão fwdDeflexão fwd
Deflexão fwd
 
8.4 soldagem
8.4   soldagem8.4   soldagem
8.4 soldagem
 
Apostila de análise matricial de estruturas (1)
Apostila de análise matricial de estruturas (1)Apostila de análise matricial de estruturas (1)
Apostila de análise matricial de estruturas (1)
 
download-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdf
download-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdfdownload-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdf
download-manual-correia-transportadora-ft-portugues-f5e02edc96.pdf
 
Relatório de tração
Relatório de traçãoRelatório de tração
Relatório de tração
 
Muros de arrimo, dimensionamento e detalhamento
Muros de arrimo, dimensionamento e detalhamentoMuros de arrimo, dimensionamento e detalhamento
Muros de arrimo, dimensionamento e detalhamento
 
Relatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais I
Relatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais IRelatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais I
Relatório Pontes de Macarrão - Resistencia dos Materiais I
 
Ensaio de materiais
Ensaio de materiaisEnsaio de materiais
Ensaio de materiais
 
Analise de falha em motores
Analise de falha em motoresAnalise de falha em motores
Analise de falha em motores
 
38429893 roscas-abnt
38429893 roscas-abnt38429893 roscas-abnt
38429893 roscas-abnt
 

Destaque

Artigo ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante
Artigo   ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante Artigo   ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante
Artigo ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante Lowrrayny Franchesca
 
Young e freedman ( resolução todos os volumes)
Young e freedman ( resolução todos os volumes)Young e freedman ( resolução todos os volumes)
Young e freedman ( resolução todos os volumes)Lowrrayny Franchesca
 
Um engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenharia
Um engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenhariaUm engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenharia
Um engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenhariaLowrrayny Franchesca
 
Tipler para cientistas e engenheiros resolução 6 edição
Tipler para cientistas e engenheiros resolução 6 ediçãoTipler para cientistas e engenheiros resolução 6 edição
Tipler para cientistas e engenheiros resolução 6 ediçãoLowrrayny Franchesca
 
Conceitos Básicos - Materiais de Construção
Conceitos Básicos - Materiais de ConstruçãoConceitos Básicos - Materiais de Construção
Conceitos Básicos - Materiais de ConstruçãoDavid Grubba
 
Livro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco Brunetti
Livro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco BrunettiLivro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco Brunetti
Livro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco BrunettiLowrrayny Franchesca
 

Destaque (6)

Artigo ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante
Artigo   ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante Artigo   ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante
Artigo ensaios de impacto envolvendo corpos de prova à base de aglomerante
 
Young e freedman ( resolução todos os volumes)
Young e freedman ( resolução todos os volumes)Young e freedman ( resolução todos os volumes)
Young e freedman ( resolução todos os volumes)
 
Um engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenharia
Um engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenhariaUm engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenharia
Um engenheiro civil e o seu papel de gerente na obra de engenharia
 
Tipler para cientistas e engenheiros resolução 6 edição
Tipler para cientistas e engenheiros resolução 6 ediçãoTipler para cientistas e engenheiros resolução 6 edição
Tipler para cientistas e engenheiros resolução 6 edição
 
Conceitos Básicos - Materiais de Construção
Conceitos Básicos - Materiais de ConstruçãoConceitos Básicos - Materiais de Construção
Conceitos Básicos - Materiais de Construção
 
Livro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco Brunetti
Livro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco BrunettiLivro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco Brunetti
Livro Mecânica dos fluídos segunda edição - Franco Brunetti
 

Semelhante a ResMat Cisalhamento

Deformaçoes plano tensoes
Deformaçoes plano tensoesDeformaçoes plano tensoes
Deformaçoes plano tensoesJosimarFarias3
 
Resistencia dos materiais e dimensionamento de estruturas
Resistencia dos materiais e dimensionamento de estruturasResistencia dos materiais e dimensionamento de estruturas
Resistencia dos materiais e dimensionamento de estruturasEduardo Spech
 
1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armado1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armadoBarto Freitas
 
1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armado1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armadoBarto Freitas
 
Aula 05 ensaio de tração - análise dos resultados
Aula 05   ensaio de tração - análise dos resultadosAula 05   ensaio de tração - análise dos resultados
Aula 05 ensaio de tração - análise dos resultadosRenaldo Adriano
 
Aula 06 ensaio de compressão
Aula 06   ensaio de compressãoAula 06   ensaio de compressão
Aula 06 ensaio de compressãoRenaldo Adriano
 
Aula 4 dimensionamento elementos comprimido
Aula 4   dimensionamento elementos comprimidoAula 4   dimensionamento elementos comprimido
Aula 4 dimensionamento elementos comprimidoGerson Justino
 
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)Marcio Lis
 
Estruturas de madeira aulas 4 e 5
Estruturas de madeira   aulas 4 e 5Estruturas de madeira   aulas 4 e 5
Estruturas de madeira aulas 4 e 5Bruno Vasconcelos
 
Capítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdf
Capítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdfCapítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdf
Capítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdfGISELEFERREIRALIMONT
 

Semelhante a ResMat Cisalhamento (20)

Deformaçoes plano tensoes
Deformaçoes plano tensoesDeformaçoes plano tensoes
Deformaçoes plano tensoes
 
Resistencia materiais e dimensionamento
Resistencia materiais e dimensionamentoResistencia materiais e dimensionamento
Resistencia materiais e dimensionamento
 
Resistencia
ResistenciaResistencia
Resistencia
 
Resistencia dos materiais e dimensionamento de estruturas
Resistencia dos materiais e dimensionamento de estruturasResistencia dos materiais e dimensionamento de estruturas
Resistencia dos materiais e dimensionamento de estruturas
 
Dimensão
DimensãoDimensão
Dimensão
 
Apostila molas 1
Apostila molas 1Apostila molas 1
Apostila molas 1
 
Apostila molas
Apostila molas Apostila molas
Apostila molas
 
Apostila molas
Apostila molasApostila molas
Apostila molas
 
Equipamento estáticos
Equipamento estáticosEquipamento estáticos
Equipamento estáticos
 
1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armado1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armado
 
1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armado1 estrutura do concreto armado
1 estrutura do concreto armado
 
Aula 05 ensaio de tração - análise dos resultados
Aula 05   ensaio de tração - análise dos resultadosAula 05   ensaio de tração - análise dos resultados
Aula 05 ensaio de tração - análise dos resultados
 
Capítulo 1 e 2
Capítulo 1 e 2Capítulo 1 e 2
Capítulo 1 e 2
 
Aula 06 ensaio de compressão
Aula 06   ensaio de compressãoAula 06   ensaio de compressão
Aula 06 ensaio de compressão
 
02 concreto
02 concreto02 concreto
02 concreto
 
Dimensionamento TRAÇÃO.pdf
Dimensionamento TRAÇÃO.pdfDimensionamento TRAÇÃO.pdf
Dimensionamento TRAÇÃO.pdf
 
Aula 4 dimensionamento elementos comprimido
Aula 4   dimensionamento elementos comprimidoAula 4   dimensionamento elementos comprimido
Aula 4 dimensionamento elementos comprimido
 
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
1 flambagem _teoria_das_estruturas_ii (1) (1)
 
Estruturas de madeira aulas 4 e 5
Estruturas de madeira   aulas 4 e 5Estruturas de madeira   aulas 4 e 5
Estruturas de madeira aulas 4 e 5
 
Capítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdf
Capítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdfCapítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdf
Capítulo 5 - Craig Materiais Dentários Restauradores 13 Ed.pdf
 

ResMat Cisalhamento

  • 1. Resistência dos Materiais Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla0 SUMÁRIO 1. TENSÕES DE CISALHAMENTO ................................1 1.1 DIMENSIONAMENTO .................................................2 1.2 EXEMPLOS...............................................................2
  • 2. Resistência dos Materiais Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla1 1. Tensões de Cisalhamento Quando duas forças cortantes estão infinitesimalmente próximas, o efeito do momento existente entre elas pode ser desconsiderado. Desta forma, aas tensões provocadas nos pontos de uma seção podem ser atribuídas apenas a estas forças. Sejam duas forças cortantes em equilíbrio, atuando em duas seções infinitesimalmente próximas, como mostra a figura 1: Figura 1 – força cortante em equilíbrio Desprezendo-se o efeito do momento, o elemento sofrerá uma deformação fazendo com que as seções permaneçam planas e paralelas entre si. Podemos encarar este movimento como sendo um escorregamento entre as seções. Figura 2 – Elemento deformado Para que as seções possuam este movimento é necessário que em cada ponto delas atue uma tensão, que provoque no ponto uma deformação como a mostrada na figura 3. Esta tensão possui direção contida no plano da seção. A este tipo de tensão damos o nome de Tensão de Cisalhamento e representamos pela letra grega taú (). Figura 3 – força cortante em equilíbrio Como podemos encarar que a tensão de cisalhamento é a distribuição pelos pontos da área da força cortante existente, podemos escrever que:   A dAV Para que as seções possuam este movimento relativo e não sofram alteração na forma e no tamanho, é necessário que todos os pontos da área de cada seção tenham a mesma deformação. Dentro do regime elástico, se dois pontos de um mesmo material possuem a mesma deformação é porque neles atua a mesma tensão. Assim, se pode escrever: AdAdAV AA   A V  Quando se observa as figuras 2 e 3, se nota que as linhas que unem os pontos correspondentes, das seções adjacentes, sofrem uma inclinação. O ângulo desta inclinação é representado pela letra grega gama () e é denominado por distorção. Figura 4 – Ângulo de distorção O ângulo de distorção e a tensão de cisalhamento dependem exclusivamente do
  • 3. Resistência dos Materiais Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla2 material. O que se observa é que para materiais diferentes submetidos à mesma tensão, se encontra a mesma tensão. A esta propriedade do material se dá o nome de Módulo de Rigidez Transversal e se indica pela letra “G”. Com isto é possível escrever: G     G Esta última expressão é conhecida como Lei de Hooke para o cisalhamento. 1.1 Dimensionamento Da mesma maneira que a tensão normal é possível definir para a tensão de cisalhamento uma tensão de ruína. Mais à frente poder-se-á verificar que, para os materiais dúcteis, existe uma relação entre a tensão normal de ruína e a tensão de ruína ao cisalhamento. Da mesma forma, o dimensionamento deve prever algum tipo de segurança e com isto; é possível escrever:  A V Sendo s r  Onde:  é a tensão admissível ao cisalhamento r é a tensão e ruína ao cisalhamento s é o coeficiente de segurança. 1.2 Exemplos 1. A junta articulada da figura 5 foi construída com ferro fundido comum que possui 650 MPa de resistência à compressão e 150 MPa de resistência à tração. Para unir as duas partes, foi usado um pino, com 20 mm de diâmetro, feito com aço ABNT 1020, que possui limite de resistência igual a 550 MPa e limite de escoamento igual a 240 MPa. Considerando que a resistência ao cisalhamento do aço seja igual à metade da resistência ao escoamento; determinar, usando um coeficiente de segurança igual a 3, a máxima força F que se pode aplicar na junta sem que o cisalhamento no pino ultrapasse as condições de dimensionamento. Figura 5 – Junta articulada F F Pino Figura 6 – Corte na Junta articulada Solução O pino sofrerá cisalhamento em duas seções, como mostra a figura 7. Figura 7 – Seções cisalhadas do pino. F F Pino Seções Cisalhadas
  • 4. Resistência dos Materiais Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla3 Desta maneira, a força que irá cisalhar cada uma das seções é igual a F/2; isto é, em cada seção: 2 F V  Como  A V Temos:    4 2 d 2 F sd 2 F    4 2    3 275 4 20 2 2 mm N mm 2 F     23 4 20 275 2 2     mm mm N F NF 423 20275 2    N.F 40014 2. Duas peças de madeira serão unidas por uma peça de alumínio extrudado que possui limite de escoamento igual a 48 MPa. Estas peças estão sujeitas a uma força F=10 kN, como mostra a figura 8. Sabendo-se que a madeira possui as características indicadas na tabela 1, determinar as dimensões desta junta para que o coeficiente de segurança seja igual a 2. Tabela 1 – Propriedades da madeira. Resistência Tração Compressão Cisalhamento Paralelo às fibras 24 MPa 26 MPa 3,8 MPa Perpendicular às fibras 0,4 MPa 6,3 MPa 3,8 MPa d a b c 50 e 40 F F F F Madeira Aluminio Direção das fibras Figura 8 OBS. – Considere que a resitência ao cisalhamento do alumínio seja igual à metade do limite de scoamento. Solução Para determinar a dimensão a se deve lembrar que este trecho da peça está sujeito a um cisalhamento. Assim, é possível escrever:    mm50a 2 F s fibras)às(paralelo mm50a 2 N10.000     2 mm N 8,3 mm50a 2 N10.000 2   2 mm N 8,3 mm50a 2 N10.000 2    amm 508,32 100002    mm6,52a  Para determinar a dimensão c se deve lembrar que este trecho da peça está sujeito à tração. Assim, é possível escrever:
  • 5. Resistência dos Materiais Cisalhamento Prof. José Carlos Morilla4  A F s50mmc F e   2 mm N 48 50mmc N10.000 2   cmm 5084 10.0002    mm3,8c  Para determinar a dimensão b se deve lembrar que este trecho da peça está sujeito ao cisalhamento. Assim, é possível escrever:    mm50b 2 F smm50b 2 N10.000     2 mm N 24 mm50b 2 N10.000 2   2 mm N 24 mm50b 2 N10.000 2    bmm 50242 100002    mm3,8b  Para determinar a dimensão e se deve lembrar que este trecho da peça está sujeito a uma compressão entre o alumínio e a madeira. Como a área em contato é a mesma, o dimensionamento deve ser feito pelo material que possui menor resistência. Neste caso, como, na madeira, a compressão é paralela às fibras, se pode escrever:  A F s50mmc)-(e F e   2 mm N 26 50mmc)-(e N10.000   )ce(mm 5026 10.000    ecmm 5026 10.000   emm3,8mm 5026 10.000   mm16e  Para determinar a dimensão d se deve lembrar que este trecho da peça de madeira está sujeito a uma tração paralela às fibras. Neste caso, se pode escrever:  A F s50mm)ed( F e   2 mm N 24 50mme)-(d N10.000   )ed(mm 5024 10.000    demm 5024 10.000   dmm6.1mm 5024 10.000   mm3,24d 