1. YáYáMassemba
Maria Bethânia
DEBRET, Jean-Basptiste. Escravas
de varias etnias, 1839.
Ouvindo o batuque das ondas
Que noite mais funda calunga
Compasso de um coração de pássaro
No porão de um navio negreiro
No fundo do cativeiro
Que viagem mais longa candonga
É o semba do mundo calunga
Ouvindo o batuque das ondas
Batendo samba em meu peito
Compasso de um coração de pássaro
KawoKabiecileKawo
No fundo do cativeiro
Okêarôoke
É o semba do mundo calunga
Quem me pariu foi o ventre de um navio
Batendo samba em meu peito
Quem me ouviu foi o vento no vazio
KawoKabiecileKawo
Do ventre escuro de um porão
Okêarôoke
Vou baixar o seu terreiro
Quem me pariu foi o ventre de um navio
Epa raio, machado, trovão
Quem me ouviu foi o vento no vazio
Epa justiça de guerreiro
Do ventre escuro de um porão
Ê sembaê ê samba á
Vou baixar o seu terreiro
é o céu que cobriu nas noites de frio
Epa raio, machado, trovão
minha solidão
Epa justiça de guerreiro
Ê semba ê ê samba á
Ê semba ê
é oceano sem, fim sem amor, sem irmão
Samba á
ê kaô quero ser seu tambor
o Batuque das ondas
Nas noites mais longas
Ê sembaê ê samba á
Me ensinou a cantar
eu faço a lua brilhar o esplendor e clarão
Ê semba ê
luar de luanda em meu coração
Samba á
Dor é o lugar mais fundo
É o umbigo do mundo umbigo da cor
É o fundo do mar abrigo da dor
a primeira umbigada massembayáyá
No balanço das ondas
Okê aro massemba é o samba que dá
Me ensinou a bater seu tambor
Ê semba ê Vou aprender a ler
Samba á Pra ensinar os meus camaradas!
No escuro porão eu vi o clarão
Do giro do mundo Vou aprender a ler
Pra ensinar os meus camaradas!
Que noite mais funda calunga
No porão de um navio negreiro
Que viagem mais longa candonga