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Considerações sobre a
do sistema digestório
dos equinos:
aplicações no manejo
nutricional
Considerations about the anatomophysiology
of the digestive system in horses:
applications in nutritional management

FONTE: ARQUIVO PIERRE BARNABÉ ESCODRO

Lilian de Rezende Jordão (lilianjordao@gmail.com)
MV, Mestre em Zootecnia e Produção Animal - Univ. Fed. de Minas Gerais

1. INTRODUÇÃO
O conhecimento da anatomofisiologia
digestória do eqüino e da nutrição, é fundamental na manutenção da vida do animal e para a busca dos resultados nas diversas modalidades exercidas por este enorme monogástrico. As exigências nutricionais, aliadas as peculiaridades anatomofisiológicas do trato digestório dos equídeos, afetam sua saúde, seu bem-estar e seu
desempenho. O comportamento alimentar
é reflexo da anatomia e da fisiologia do sistema digestório, que nos equinos se apresenta como um intermediário entre os ruminantes e os não ruminantes, como o cão,
o suíno e o homem.16
Os equinos são herbívoros não ruminantes que possuem um trato gastrintestinal
adaptado para realizar a fermentação dos
carboidratos estruturais no intestino grosso. Diferindo dos ruminantes, eles possuem estômago simples com capacidade reduzida (nos adultos,cerca de 15 a 18 litros),
seguido por 18 a 22 m de intestino delgado, onde a digestão e a absorção dos elementos nobres da ração são realizadas. A
fermentação microbiana ocorre no ceco e
no cólon maior, os quais contêm 80 a 100

Adalgiza Souza Carneiro de Rezende (adalgizavetufmg@gmail.com)
Profa. Associada do Depto. de Zootecnia - Escola de Veterinária
da Univ. Fed. de Minas Gerais
Hélio Martins de Aquino Neto (hvet51@yahoo.com.br)
Prof. Assistente de Clínica Médica de Ruminantes do Curso de Med.
Vet. da Univ. Fed. de Alagoas
Pierre Barnabé Escodro (pierre.vet@gmail.com)
Prof. Assistente de Clínica Cirúrgica e Médica de Equídeos do Curso
de Med. Vet. da Univ. Fed. de Alagoas

RESUMO: Desde a domesticação da espécie, a criação de equinos desenvolve-se em ritmo
acelerado. Esta situação impõe na prática uma série de condições a que os animais não
estavam submetidos na vida selvagem. Uma das principais mudanças está ligada ao manejo
nutricional, o qual é negligenciado ou realizado de maneira inadequada, muitas vezes por
desconhecimento da anatomia e fisiologia do cavalo. A cólica equina ainda é considerada
uma das causas mais comuns de óbito nesses animais e um bom entendimento do funcionamento do sistema digestório é fundamental para a adoção de práticas corretas de manejo
alimentar. Existem inúmeras características anatômicas e fisiológicas do sistema digestório
que são particulares aos equinos. Conhecer e respeitar estas particularidades morfofisiológicas são medidas fundamentais para a manutenção dos animais saudáveis e aptos ao desenvolvimento das suas funções.
Unitermos: cavalo, manejo alimentar, morfofisiologia, sistema digestório.
ABSTRACT: Since the domestication of the horses, their creation develops rapidly. This situation requires in practice a number of conditions to which the animals were not submitted in the
wildlife. A key change is linked to nutritional management, which is neglected or performed
improperly, often through ignorance of horse’s anatomy and physiology. The equine colic is
still considered one of the most common causes of death in these animals, and a good understanding of the digestive system is essential to adopt correct practices for feed management.
There are numerous anatomical and physiological characteristics of the digestive system that
are particular to the horse. Know and respect these morphological and physiological features
are fundamental to keeping animals healthy and able to develop their functions.
Keywords: horse, feed management, morphophysiology, digestive system.

L de líquido e hospedam bilhões de bactérias e protozoários, que degradam a fibra
das plantas liberando ácidos graxos voláteis, principalmente acetato, propionato e
butirato17.
Na natureza, a espécie equina passa até
60% de seu tempo realizando pastejo19 e é
geneticamente projetada tanto física como
mentalmente para se alimentar ao longo do
dia com frequentes e pequenas refeições ri-

cas em fibras9. Esse tipo de estratégia alimentar permite que os animais sobrevivam
a uma dieta com grande quantidade de forragem rica em fibras. Por outro lado, os
equinos não estão adaptados para digerirem grandes volumes de ração concentrada de uma só vez15.
Em condições naturais, o fato de possuir um estômago pequeno representa uma
vantagem evolutiva para o equino selva-
gem, pois contribui para que o animal alcance maiores velocidades ao fugir dos predadores20. Ao ser domesticado e trazido do
campo para as cidades, foi confinado a um
pequeno espaço, sendo muitas vezes mantido em baias o dia todo e recebendo sua
ração na forma de duas ou três refeições
diárias. Com isso, houve modificações no
seu comportamento, frente à necessidade
de adaptação a um ambiente restrito, e dessa
forma duas características do equino selvagem estão ausentes ou restritas na do estabulado: a vida em grupo e o tempo de
pastejo29.
Infelizmente, muitos dos produtores,
treinadores e tratadores não possuem conhecimento suficiente do correto manejo
nutricional a ser utilizado na criação de
equinos. Principalmente por desconhecerem a anatomia e a fisiologia do equino
como um todo e as particularidades do sistema digestório dessa espécie. Com isso,
são grandes as perdas econômicas e de bemestar físico e mental para o animal. A consequência mais evidente, onerosa e prejudicial é a síndrome cólica, que muitas vezes pode ser evitada por técnicas simples e
baratas de manejo nutricional14,15.
A síndrome cólica equina ainda é considerada uma das causas mais comuns de
óbito nesses animais, mesmo com o advento
do uso de fármacos anti-helmínticos no controle de parasitas intestinais11. Falhas no
manejo nutricional, provavelmente, têm
causado mais problemas do que uma dieta
mal formulada. Mesmo porque, o uso crescente de rações comerciais e de sal mineral
na ração diminuiu grandemente a incidência de deficiências nutricionais simples12.
Além disso, dietas ricas em grãos e pobres
em fibras, alterações súbitas na dieta e/ou
baixo consumo de água têm sido associados à laminite31.
Para permitir que esses animais alcancem seu pleno potencial, é importante o conhecimento do funcionamento do sistema
digestório. O objetivo dessa revisão é apresentar o manejo nutricional da espécie equina, ditado pelas estruturas e funções desse
sistema.

eqüídeos devem pastejar em forrageiras
mais baixas que os ruminantes, com até 15
centímetros. A boca contém os dentes, a língua e as glândulas salivares. Nela, o alimento é triturado mecanicamente pelos
dentes e sofre insalivação para torná-lo
mais brando e lubrificado, prevenindo que
fique alojado no esôfago9,14.
A saliva é produzida e liberada por três
grandes pares de glândulas salivares, parótida, submandibular e sublingual e outras pequenas glândulas salivares encontradas na boca10,32. A espécie equina possui
pequena quantidade de alfa-amilase salivar com ação enzimática irrisória na digestão dos carboidratos, no entanto possui
importante ação tamponante28. Um equino
adulto secreta em média 38 litros de saliva
por dia e diferentemente dos outros animais,
precisa mastigar ou realizar movimentos
mecânicos da mandíbula para que a salivação ocorra9,10.
Dentes saudáveis possuem um importante papel na digestão. Mesmo a melhor
dieta não vai ser suficientemente aproveitada se o equino não puder mastigar adequadamente9. Problemas dentários podem
ser identificados pela ingestão lenta dos alimentos, relutância em beber água fria, redução do consumo20, obstrução simples e
distensão do intestino grosso1 e emagrecimento progressivo. O dente transforma o
alimento em partículas menores, produzindo maior área de superfície para a ação das
enzimas digestivas. Isso permite que a ingesta (ou quimo) seja digerida com melhor
efetividade durante a passagem pelo sistema digestório15.
Os equinos possuem mais problemas
dentários que qualquer outra espécie doméstica, sendo as pontas dentárias os mais
comuns, pois apresentam anisognatia ( arcada maxilar cerca de 30 % mais larga que
a mandibular), são hipsodontes ( tem coroa de reserva) e elodontes ( os dentes crescem de 2 a 3 mm por anos, porém no caso
de não ter oclusão podem crescer centímetros), assim requerem acompanhamento veterinário periódico. Os animais mantidos
em pastagem mais tenra, ou que se alimentam de ração concentrada, tendem a reque-

rer, com mais frequência, o nivelamento da
mesa dentária9. O equino idoso que sofreu
um desgaste normal de sua arcada dentária e o animal jovem com uma afecção dentária podem se beneficiar do uso de ração
concentrada peletizada desde que o tamanho da partícula tenha sido mecanicamente reduzido pelo processo de peletização.
O exame semestral dos dentes do equino
deve ser uma parte integral do programa
de manejo nutricional de uma propriedade13,14.
Dacre (2006) afirmou que os equinos
que se alimentam exclusivamente de volumoso passam mais tempo mastigando do
que aqueles que se alimentam com dieta
rica em concentrado (Tabela 1), portanto
um animal que tenha baixa relação de
volumoso:concentrado em sua dieta produzirá quantidades insuficientes de saliva, em
virtude da menor mastigação do alimento
o que provocará menor capacidade tamponante da ingesta.
2.2. Esôfago
O esôfago é um tubo musculomembranoso com comprimento médio de 1,50 m,
que se estende desde a faringe e tem a função de transportar rapidamente a ingesta
da boca ao estômago (Sisson, 1986). A abertura do esôfago para o estômago é regulada pelo cárdia, um esfíncter muito eficiente, que nos equinos previne o retorno da
ingesta. Por essa razão, o vômito é um evento raro, que ocorre somente em distúrbios
digestivos graves, como rupturas9,16.
2.3. Estômago
Atualmente, é muito comum em várias
propriedades, alimentar os equinos como
se fossem animais ruminantes (Tabela 2),
muitas vezes pelo desconhecimento das diferenças anatômicas e fisiológicas entre esses animais28.
No estômago do equino ocorrem a hidrólise ácida e o início do processo da digestão enzimática14,34, sendo contínua a
produção de ácido clorídrico21. Sua capacidade relativamente pequena (Tabela 3), de
oito a quinze litros em um animal adulto,
está relacionada com a alta frequência ali-

2. REVISÃO DA LITERATURA
Tabela 1: Tempo requerido para um equino de 500 Kg mastigar uma ração
Dieta

Tempo de Mastigação

12,5 Kg de forragem

16 horas

8 Kg de forragem e 4 Kg de concentrado

11,5 horas

3 Kg de forragem e 7 Kg de concentrado

6,1 horas

FONTE: DACRE (2006)

2.1. Boca
O processo digestivo do equino se inicia com a apreensão do alimento. Os alimentos são apreendidos e arrancados com
os dentes que recebem auxílio dos lábios,
os quais são extremamente móveis, diferentemente dos ruminantes, que fazem preensão com a língua.Isso reflete em que os
Tabela 2: Comparação do estômago dos equinos com o de bovinos
BOVINOS

Natureza

Não ruminante / monogástrico

Ruminante / poligástrico

Capacidade Média

15 litros

200 litros

Trânsito da digesta

Intenso

Lento

Retorno do alimento

Em condições fisiológicas
à boca não ocorre

Ocorre

Ação Microbiana

Pequena. Ocorre significante
produção de ácido láctico
proveniente da fermentação
microbiana de carboidratos
solúveis na região fúndica

Intensa

Digestão da celulose

–

Intensa

Aproveitamento do
nitrogênio não protéico

–

Ocorre

Síntese de Vitaminas

–

Ocorre

FONTE: FRAPE & BOXAL (1974) CITADOS POR REZENDE (2006); JACKSON (1998)

EQUINOS

Tabela 3: Relação do estômago equino com seus outros órgãos do sistema digestório
Capacidade Relativa (%)

Capacidade Absoluta Média (L)

8,5

17,96

Intestino Delgado

30,2

63,82

Ceco

15,9

33,54

Cólon e Reto

45,4

96,02

A

B

C

D

FONTE: JACKSON & PAGAN (2002)

mentar, um hábito que foi desenvolvido ao
longo da evolução da espécie6. Ao considerar sua capacidade (Figura 1), deve ser lembrado que a saliva junto à ingesta aumenta
muito seu volume. Devido ao fato de que o
equino digere somente pequenas quantidades de ingesta de cada vez, existem vantagens já bem definidas em dividir a ração
diária em várias frações8,10.
A taxa de passagem da ingesta no estômago é muito rápida, pois ela permanece
nesse órgão por um período médio de apenas 15 minutos16. A digestão enzimática é
mais eficiente quando o estômago não está
completamente cheio. Se grandes quantidades de alimento forem ingeridas numa
só refeição, a ingesta vai rapidamente preencher o estômago. Esta vai então se dirigir para o intestino delgado antes do ácido
clorídrico e das enzimas pepsina e lipase
gástrica secretadas pelo estômago agirem
plenamente sobre o quimo9.
O tamanho reduzido do estômago, que
promove um comportamento alimentar altamente seletivo, aliado à maior capacidade digestiva com maior tempo de retenção
da digesta no intestino grosso são estratégias que facilitam uma digestão adequada
e um melhor aproveitamento dos nutrientes presentes no alimento33.
O piloro é um esfíncter muito sensível
à água gelada e aos materiais fibrosos como
palha de arroz, sendo formado por um anel

FONTE: REECE (2006)

Órgão
Estômago

Figura 1: Sistema digestório do equino
e o tamanho relativo de seus segmentos.
A: Estômago, B: Intestino delgado,
C: Ceco, D: Cólon

de tecido muscular. Ele comunica o estômago com o intestino delgado29,33. O breve
tempo de retenção do alimento no estômago e o gradiente de pH dorso-ventral (5,46
na região fúndica a 2,7 na região pilórica)
fazem com que a fermentação gástrica seja

irrisória (Tabela 2). Contudo, quando o
tempo de retenção do material alimentar
aumenta, como ocorre no espasmo pilórico, a fermentação nesse órgão pode se tornar significativa, com possível ruptura do
estômago e a evolução para o óbito13.
Após ou durante o intervalo de uma atividade física, quando alguns dos parâmetros físicos elevam-se, o animal pode receber água, mas a taxa de consumo deve ser
cuidadosamente controlada, somente permitindo-se pequenos goles de água tépida,
a intervalos regulares. Se um equino com
temperatura corporal elevada, taquicardia
e taquipnéia ingerir grandes quantidades
de água (principalmente gelada e juntamente com ar) pode haver espasmo do piloro e
ocorrer o desenvolvimento de cólica e laminite10,18.
Um equino deve restabelecer seus parâmetros físicos basais (andar com o animal ao passo até que ele apresente frequências cardíaca e respiratória normais,
além de não haver mais sudorese) antes que
obtenha livre acesso à água9. Contudo, se
submetido a um exercício submáximo por
longo prazo, como no enduro, deve-se oferecer água sempre que possível, evitandose ingestão de grandes volumes de uma só
vez, caso o equino não continue imediatamente a trabalhar26. Quando em repouso, o
equino deve ter acesso a água “ad libitum”,
em temperatura ambiente. Deve beber água
até 30 minutos antes de esforço sub-máximo, sem comprometimento da performance por “estômago” repleto, como acreditam
muitos treinadores. Além disso, os equinos,
em temperaturas acima de 25ºC podem desidratar muito rápido, sendo que até a indicação do jejum hídrico pré-cirúrgico é de
apenas de duas horas, evitando complicações anestésicas por hipotensão.
2.4. Intestino Delgado
O intestino delgado é formado pelo
duodeno, jejuno e íleo (Sisson, 1986). Possui em média 21 metros de comprimento e
a capacidade para 56 litros de ingesta (Jackson, 1998). É a principal região de absorção de nutrientes, como carboidratos
solúveis, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais,
sendo caracterizado principalmente por seu
comprimento e pelos seus complexos enzimáticos, tais como a alfa-amilase, alfa-glicosidases e beta-galactosidases, que hidrolisam os carboidratos solúveis6,13. A passagem da ingesta no intestino delgado dura
em média 30 a 90 minutos16.
Nem todas as categorias animais irão
precisar de ração concentrada. Entretanto,
B

FONTE: ARQUIVO PIERRE BARNABÉ ESCODRO

A

C

Figuras 2: O capim elefante velho (A), devido ao alto teor de lignina e ligno-celulose, pode causar cólicas por compactação no intestino grosso
(A), evoluindo para cirurgia de enterotomia (C)
..............................................................................................................................................................................................................................................................

éguas a partir do terço médio da gestação24,
animais jovens em crescimento e animais
de esporte ou trabalho demandam um maior aporte energético, que normalmente não
é suprido apenas pelo volumoso. O concentrado deve ser ofertado cerca de duas horas
após o volumoso, a fim de maximizar seu
aproveitamento no intestino delgado, reduzindo sua taxa de passagem28.
Os equinos não possuem vesícula biliar32, sendo sua bile constantemente lançada no lúmen do intestino delgado. Por essa
razão, apesar de na natureza a dieta do equino ser pobre em lipídios (cerca de 4%)
quando comparado a outros nutrientes,
como os carboidratos, seu sistema digestório possui alta tolerância à adição de óleos
e gorduras em sua ração3,18, contanto que
haja um período de adaptação de três a quatro semanas34.
Uma forma alternativa de aumentar o
teor de energia da dieta sem aumentar o
conteúdo de matéria seca é adicionar óleos
ou gorduras na ração15. Junior et al. (2004)
recomendaram a adição diária de até 750
ml de óleo de milho na ração concentrada
dos equinos (8,3% da dieta total), sendo
que seu uso durante 23 dias não alterou a
digestibilidade da matéria seca, proteína
bruta, fibra em detergente neutro e fibra em
detergente ácido e aumentou a digestibilidade da energia bruta e do extrato etéreo.
Os lipídios mais utilizados são os óleos vegetais. O óleo de milho é o mais palatável,
mas de alto custo, sendo muitas vezes substituído pelo óleo de soja, que por sua baixa
aceitação pelos equinos é muitas vezes administrado oralmente na seringa29.
Para evitar que os animais engordem
ou emagreçam demais com o fornecimento de concentrado e óleo na ração, após
agrupar os animais por categoria e peso, é

importante estabelecer a condição corporal de cada indivíduo, avaliando periodicamente seu escore de condição corporal
(ECC), a fim de verificar se existe necessidade de realizar modificações no manejo
nutricional e na formulação da ração28.
Carrol & Huntington (1988) preconizaram
uma prática metodologia de avaliação de
ECC com intervalo de 1 a 5.
2.5. Intestino Grosso
O material não digerido no intestino
delgado alcança o intestino grosso através
do orifício ileocecal32. O grande desenvolvimento de seu ceco e cólon e seu funcionamento como local de intensa fermentação microbiana representam uma importante adaptação evolucionária aos mecanismos
de defesa das plantas, que incluem uma
baixa disponibilidade de nutrientes33. O
ceco e o cólon nos equinos possuem capacidades semelhantes ao rúmen e retículo
nos ruminantes, com uma grande diferença: nos primeiros a maior parte da fermentação, realizada por uma população microbiana ativa, ocorre após o intestino delgado. Devido a isso, os equinos são denominados como animais não ruminantes de
ceco e cólon funcionais28.
O ceco, principalmente, e o cólon são
fisiológica e anatomicamente estruturados
para terem um maior tempo de retenção da
digesta, permitindo maior período para a
microbiota intestinal agir sobre os carboidratos estruturais presentes no volumoso.
A sua taxa de passagem através do ceco e
do cólon dura de 36 a 72 horas. Em oposição, o estômago e o intestino delgado possuem alta taxa de passagem. Entretanto, um
maior tempo de retenção não representa
uma vantagem significativa sobre a digestão de proteínas e carboidratos solúveis7,34.

Os equinos, assim como todos os animais superiores, não possuem enzimas que
possam digerir os carboidratos estruturais
das fibras, e por isso mantêm uma relação
simbiótica com os microorganismos que
possuem enzimas como celulases, hemicelulases e pectinases33. Essa microbiota intestinal é composta de bactérias, principalmente Gram-negativas não esporuladas,
protozoários e fungos anaeróbios12,33. Forrageiras como o capim elefante, Napier ou
Cameron (Pennisetum schum), quando
mais velho, possuem alto teor de lignina e
ligno-celulose, fibras indigeríveis pelos
eqüinos, que predispões cólicas por compactação no ceco e cólon, podendo evoluir
para a enterotomia (Figura 2)30,34.
Os principais produtos da fermentação
microbiana são os ácidos graxos voláteis,
principalmente acetato, propionato e butirato, além de CO2, metano, possivelmente
hidrogênio, vitaminas do complexo B e alguns lipídios33. Existe uma intensa síntese
de proteína microbiana no intestino grosso
dos equinos. No entanto, se essa proteína
contribui para preencher as suas necessidades nutricionais de aminoácidos, é ainda bastante controverso14. De acordo com
Van Soest (1996), o aproveitamento dessa
proteína requer digestão gástrica, portanto
os equinos não aproveitam essa fonte de
aminoácidos, a qual seria excretada nas
fezes.
A água e os eletrólitos são absorvidos
principalmente no ceco e cólon. Num equino adulto, a água constitui de 65 a 75% de
seu peso corporal e num animal jovem pode
chegar a 80%, sendo um componente fundamental nas reações bioquímicas vitais e
nos processos digestivos. Em sua dieta,
água fresca e potável à vontade deve estar
sempre disponível30.
FONTE: PIERRE BARNABÉ ESCODRO

Figuras 3: Aliar o conhecimento da anatomofisiologia do equídeo e a necessidade nutricional de cada categoria animal é de importância relevante na qualidade de vida dos animais, sempre levando-os às condições mais próximas das selvagens
.............................................................................................................................................................................................................................................................

Existem diversos fatores que afetam a
ingestão de água pelos equinos, como a
composição da dieta, exercício, temperatura e palatabilidade da água4. O equino
possui preferência pela água na temperatura entre 7,22ºC e 18,33ºC23. Quando confinado, o principal momento de consumo
da água ocorre dentro de poucos minutos
após a ingestão de grãos ou cerca de uma
hora após o consumo de feno. A ausência
ou restrição de água nesses momentos críticos pode explicar o porquê da queda de
desempenho ou a causa de certas cólicas
transitórias30.
Equinos ao serem transportados para
outras localidades como exposições ou competições podem diminuir o consumo ou se
negarem a beber uma nova água, principalmente se ela tiver baixa palatabilidade,
como as de maior dureza. De acordo com
Mowrey (2007), um baixo consumo de água
é diretamente relacionado com o aumento
da incidência da cólica por compactação.
A melhor forma de habituar o animal com
uma nova água é gradualmente misturar a
fonte nova com a antiga de água. Se isso
não for possível, ele deve ser monitorado
para se evitar uma desidratação. Também
é possível adicionar um flavorizante como
o melaço ou preparado em pó sólido para
refresco na água de bebida a fim de mascarar o sabor da água9.
O reto é a porção terminal do intestino,
estendendo-se da entrada pélvica até o
ânus32. Sua função é estocar os produtos
fecais que não foram digeridos. Seu conteúdo material é mantido neste segmento
do sistema digestório até acumular suficientemente, quando então ocorre um estímulo nervoso e as fezes são evacuadas através do ânus14.
Uma prática essencial no manejo nu-

tricional consiste em oferecer quantidades
suficientes de fibra na dieta do equino. As
fibras digeríveis são necessárias como fontes de nutrientes para os microorganismos
do ceco e cólon e para proporcionarem energia ao animal, através dos ácidos graxos
voláteis. Já as fibras indigeríveis são importantes na manutenção do pH, motilidade e funções gastrintestinais normais20.
Segundo Jackson & Pagan (2002), o mínimo de fibra recomendado é de 5 Kg por
dia para um animal de 500 Kg de peso vivo
(1% do peso vivo). Quantidades maiores
vão reduzir grandemente a incidência de
cólica na maioria dos equinos. O ideal é
que a dieta contenha pelo menos 50% da
matéria seca na forma de volumoso20.
Em relação ao comportamento alimentar, ao comparar equinos alimentados principalmente com concentrado, com equinos
alimentados com feno, constatou-se que
estes passaram mais tempo se alimentando, com menos tempo ocioso para adquirir
distúrbios do comportamento, como coprofagia e aerofagia, do que os animais que
comeram essencialmente concentrado. Se
quantidade insuficiente de fibra for oferecida aos animais, os indicadores de saciedade podem não ser ativados, deixando os
equinos com uma alta motivação alimentar29.
Aumentar a relação volumoso : concentrado e aumentar a frequência de alimentação evita que o equino possa se sentir entediado e predisposto a desenvolver distúrbios digestivos, como cólicas e úlceras gástricas, além de alterações comportamentais,
hormonais e metabólicas1,22,30.
Um princípio fundamental do manejo
nutricional é fornecer substratos adequados para a microbiota intestinal12. A manutenção e a estabilidade de seu crescimento

dependem da qualidade dos carboidratos
presentes na fibra dietética33. Dessa forma,
muita atenção deve ser dada à qualidade e
quantidade do pasto ou do feno, porque a
ração volumosa é a mais importante fonte
de energia e de nutrientes para animais em
reprodução e em crescimento numa propriedade30.
Para animais estabulados e com acesso
limitado às pastagens, recomenda-se aumentar a frequência diária de fornecimento da ração, com o intuito de que haja melhor digestão e aproveitamento dos nutrientes14. Inúmeras pequenas refeições ao dia
são preferíveis à somente duas grandes refeições, principalmente quando quantidades maiores de concentrado estiverem presentes na dieta. Uma atitude prática é dividir esse concentrado em ao menos quatro
porções homogêneas ao longo do dia, sempre no mesmo horário. 0,4 Kg de concentrado/100 Kg de peso vivo / fornecimento
é a quantidade máxima de grãos a serem
ingeridos de uma só vez, nunca ultrapassando 0,4% do peso corporal por refeição
(2 Kg para um equino de 500 Kg)13,33.
Quando a dieta é divida em duas ou três
refeições diárias, normalmente ocorre uma
ingestão de grande quantidade de concentrado. Como o estômago equino possui pequena capacidade, a velocidade de passagem da digesta aumenta através do trato
gastrintestinal e grande parte desse concentrado na forma de carboidratos solúveis
chega intacta ao ceco e cólon sofrendo rápida e intensa fermentação pela microbiota, com grande produção de gases e intensa produção de lactato, que é mal absorvido. Dessa forma, graves consequências
como baixo pH intestinal, atonia cecal, endotoxemia e laminite podem se desenvolver. Também, ocorre menor aproveitamen-
to dos nutrientes, já que a maior parte de
sua digestão é deslocada do intestino delgado para o intestino grosso, ocorrendo
menor rendimento energético por molécula de substrato13,24.
Em animais estabulados, o fornecimento da ração somente duas vezes ao dia também é prejudicial à microbiota intestinal.
Quando o intestino grosso se encontra vazio por um longo período, as bactérias morrem, já que dependem da constante presença da digesta para sobreviver. Bactérias são
essenciais para a adequada digestão da fibra, tanto quanto para a síntese protéica e
de vitaminas do complexo B9.
Alterações bruscas nas práticas alimentares são significantemente relacionadas
com maior risco de cólica1, já que equinos
parecem ser sensíveis às pequenas variações no conteúdo dietético de amido em sua
ração, principalmente no conteúdo de ração concentrada13. Por isso, o período de
adaptação à uma nova quantidade ou qualidade de concentrado deve se estender ao
menos por uma semana, para permitir que
a microbiota gastrointestinal se adapte ao
novo substrato28.
Apesar da importância da microbiota
intestinal ser bem difundida, pouco tem sido
feito para se manipular o ambiente intestinal dos equinos12. A adição de probióticos
na dieta na forma de leveduras vivas pode
auxiliar a estabilizar ou restaurar a fermentação microbiana no intestino grosso e a
combater a ação de bactérias patogênicas
oportunistas, como Escherichia coli e Clostridium perfringens6,22.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Para desenvolver um adequado manejo
nutricional e permitir que os equinos alcancem seu máximo potencial genético é
essencial conhecer e respeitar a morfofisiologia e as particularidades do sistema digestório dessa espécie.
• É importante criar condições nutricionais
dentro das realidades regionais, atividade
exercida pelo equino e condições financeiras do proprietário, buscando atingir os
percentuais nutricionais mínimos e condições satisfatórias de manejo.
• Lembrar que afecções graves, como cólica e laminite, são muitas vezes induzidas
pelo ambiente e pelo manejo proporcionado pelo homem. Ao criar um equino devese sempre que possível criar um regime alimentar o mais próximo ao do equino selvagem, ou seja, uma dieta rica em volumoso e pobre em grãos, ingerida em frequentes e pequenas frações ao longo do dia.
Manter um ambiente propício e estável

ao ecossistema gastrintestinal deve ser um
dos objetivos primários no manejo nutricional do equino. Uma forma promissora de
atender essa meta é a suplementação da
dieta dos equinos com probióticos.
Referências
1 - ARCHER, D.C.; PROUDMAN, C.J. Epidemiological clues to preventing colic. Vet. J. 172:29-39, 2006.
2 - CARROL, C.L.; HUNTINGTON, P.J. Body condition scoring and weight estimation of horses. Equine Vet.
J. 20:41-45, 1988.
3 - CUNHA, T.J. Horse feeding and nutrition. 2ª ed. Academic, San Diego, p.445, 1991.
4 - CYMBALUK, N.F. Water balance of horses fed various diets. Equine Pract. 11(1):19-24, 1989.
5 - DACRE, I.T. Physiology of mastication. American
Association of Equine Practitioners – AAEP. Capturado em 1 de maio 2010. Online. Disponível na Internet
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Considerações sobre a anatomofisiologia do sistema digestório dos equinos

  • 1. Considerações sobre a do sistema digestório dos equinos: aplicações no manejo nutricional Considerations about the anatomophysiology of the digestive system in horses: applications in nutritional management FONTE: ARQUIVO PIERRE BARNABÉ ESCODRO Lilian de Rezende Jordão (lilianjordao@gmail.com) MV, Mestre em Zootecnia e Produção Animal - Univ. Fed. de Minas Gerais 1. INTRODUÇÃO O conhecimento da anatomofisiologia digestória do eqüino e da nutrição, é fundamental na manutenção da vida do animal e para a busca dos resultados nas diversas modalidades exercidas por este enorme monogástrico. As exigências nutricionais, aliadas as peculiaridades anatomofisiológicas do trato digestório dos equídeos, afetam sua saúde, seu bem-estar e seu desempenho. O comportamento alimentar é reflexo da anatomia e da fisiologia do sistema digestório, que nos equinos se apresenta como um intermediário entre os ruminantes e os não ruminantes, como o cão, o suíno e o homem.16 Os equinos são herbívoros não ruminantes que possuem um trato gastrintestinal adaptado para realizar a fermentação dos carboidratos estruturais no intestino grosso. Diferindo dos ruminantes, eles possuem estômago simples com capacidade reduzida (nos adultos,cerca de 15 a 18 litros), seguido por 18 a 22 m de intestino delgado, onde a digestão e a absorção dos elementos nobres da ração são realizadas. A fermentação microbiana ocorre no ceco e no cólon maior, os quais contêm 80 a 100 Adalgiza Souza Carneiro de Rezende (adalgizavetufmg@gmail.com) Profa. Associada do Depto. de Zootecnia - Escola de Veterinária da Univ. Fed. de Minas Gerais Hélio Martins de Aquino Neto (hvet51@yahoo.com.br) Prof. Assistente de Clínica Médica de Ruminantes do Curso de Med. Vet. da Univ. Fed. de Alagoas Pierre Barnabé Escodro (pierre.vet@gmail.com) Prof. Assistente de Clínica Cirúrgica e Médica de Equídeos do Curso de Med. Vet. da Univ. Fed. de Alagoas RESUMO: Desde a domesticação da espécie, a criação de equinos desenvolve-se em ritmo acelerado. Esta situação impõe na prática uma série de condições a que os animais não estavam submetidos na vida selvagem. Uma das principais mudanças está ligada ao manejo nutricional, o qual é negligenciado ou realizado de maneira inadequada, muitas vezes por desconhecimento da anatomia e fisiologia do cavalo. A cólica equina ainda é considerada uma das causas mais comuns de óbito nesses animais e um bom entendimento do funcionamento do sistema digestório é fundamental para a adoção de práticas corretas de manejo alimentar. Existem inúmeras características anatômicas e fisiológicas do sistema digestório que são particulares aos equinos. Conhecer e respeitar estas particularidades morfofisiológicas são medidas fundamentais para a manutenção dos animais saudáveis e aptos ao desenvolvimento das suas funções. Unitermos: cavalo, manejo alimentar, morfofisiologia, sistema digestório. ABSTRACT: Since the domestication of the horses, their creation develops rapidly. This situation requires in practice a number of conditions to which the animals were not submitted in the wildlife. A key change is linked to nutritional management, which is neglected or performed improperly, often through ignorance of horse’s anatomy and physiology. The equine colic is still considered one of the most common causes of death in these animals, and a good understanding of the digestive system is essential to adopt correct practices for feed management. There are numerous anatomical and physiological characteristics of the digestive system that are particular to the horse. Know and respect these morphological and physiological features are fundamental to keeping animals healthy and able to develop their functions. Keywords: horse, feed management, morphophysiology, digestive system. L de líquido e hospedam bilhões de bactérias e protozoários, que degradam a fibra das plantas liberando ácidos graxos voláteis, principalmente acetato, propionato e butirato17. Na natureza, a espécie equina passa até 60% de seu tempo realizando pastejo19 e é geneticamente projetada tanto física como mentalmente para se alimentar ao longo do dia com frequentes e pequenas refeições ri- cas em fibras9. Esse tipo de estratégia alimentar permite que os animais sobrevivam a uma dieta com grande quantidade de forragem rica em fibras. Por outro lado, os equinos não estão adaptados para digerirem grandes volumes de ração concentrada de uma só vez15. Em condições naturais, o fato de possuir um estômago pequeno representa uma vantagem evolutiva para o equino selva-
  • 2. gem, pois contribui para que o animal alcance maiores velocidades ao fugir dos predadores20. Ao ser domesticado e trazido do campo para as cidades, foi confinado a um pequeno espaço, sendo muitas vezes mantido em baias o dia todo e recebendo sua ração na forma de duas ou três refeições diárias. Com isso, houve modificações no seu comportamento, frente à necessidade de adaptação a um ambiente restrito, e dessa forma duas características do equino selvagem estão ausentes ou restritas na do estabulado: a vida em grupo e o tempo de pastejo29. Infelizmente, muitos dos produtores, treinadores e tratadores não possuem conhecimento suficiente do correto manejo nutricional a ser utilizado na criação de equinos. Principalmente por desconhecerem a anatomia e a fisiologia do equino como um todo e as particularidades do sistema digestório dessa espécie. Com isso, são grandes as perdas econômicas e de bemestar físico e mental para o animal. A consequência mais evidente, onerosa e prejudicial é a síndrome cólica, que muitas vezes pode ser evitada por técnicas simples e baratas de manejo nutricional14,15. A síndrome cólica equina ainda é considerada uma das causas mais comuns de óbito nesses animais, mesmo com o advento do uso de fármacos anti-helmínticos no controle de parasitas intestinais11. Falhas no manejo nutricional, provavelmente, têm causado mais problemas do que uma dieta mal formulada. Mesmo porque, o uso crescente de rações comerciais e de sal mineral na ração diminuiu grandemente a incidência de deficiências nutricionais simples12. Além disso, dietas ricas em grãos e pobres em fibras, alterações súbitas na dieta e/ou baixo consumo de água têm sido associados à laminite31. Para permitir que esses animais alcancem seu pleno potencial, é importante o conhecimento do funcionamento do sistema digestório. O objetivo dessa revisão é apresentar o manejo nutricional da espécie equina, ditado pelas estruturas e funções desse sistema. eqüídeos devem pastejar em forrageiras mais baixas que os ruminantes, com até 15 centímetros. A boca contém os dentes, a língua e as glândulas salivares. Nela, o alimento é triturado mecanicamente pelos dentes e sofre insalivação para torná-lo mais brando e lubrificado, prevenindo que fique alojado no esôfago9,14. A saliva é produzida e liberada por três grandes pares de glândulas salivares, parótida, submandibular e sublingual e outras pequenas glândulas salivares encontradas na boca10,32. A espécie equina possui pequena quantidade de alfa-amilase salivar com ação enzimática irrisória na digestão dos carboidratos, no entanto possui importante ação tamponante28. Um equino adulto secreta em média 38 litros de saliva por dia e diferentemente dos outros animais, precisa mastigar ou realizar movimentos mecânicos da mandíbula para que a salivação ocorra9,10. Dentes saudáveis possuem um importante papel na digestão. Mesmo a melhor dieta não vai ser suficientemente aproveitada se o equino não puder mastigar adequadamente9. Problemas dentários podem ser identificados pela ingestão lenta dos alimentos, relutância em beber água fria, redução do consumo20, obstrução simples e distensão do intestino grosso1 e emagrecimento progressivo. O dente transforma o alimento em partículas menores, produzindo maior área de superfície para a ação das enzimas digestivas. Isso permite que a ingesta (ou quimo) seja digerida com melhor efetividade durante a passagem pelo sistema digestório15. Os equinos possuem mais problemas dentários que qualquer outra espécie doméstica, sendo as pontas dentárias os mais comuns, pois apresentam anisognatia ( arcada maxilar cerca de 30 % mais larga que a mandibular), são hipsodontes ( tem coroa de reserva) e elodontes ( os dentes crescem de 2 a 3 mm por anos, porém no caso de não ter oclusão podem crescer centímetros), assim requerem acompanhamento veterinário periódico. Os animais mantidos em pastagem mais tenra, ou que se alimentam de ração concentrada, tendem a reque- rer, com mais frequência, o nivelamento da mesa dentária9. O equino idoso que sofreu um desgaste normal de sua arcada dentária e o animal jovem com uma afecção dentária podem se beneficiar do uso de ração concentrada peletizada desde que o tamanho da partícula tenha sido mecanicamente reduzido pelo processo de peletização. O exame semestral dos dentes do equino deve ser uma parte integral do programa de manejo nutricional de uma propriedade13,14. Dacre (2006) afirmou que os equinos que se alimentam exclusivamente de volumoso passam mais tempo mastigando do que aqueles que se alimentam com dieta rica em concentrado (Tabela 1), portanto um animal que tenha baixa relação de volumoso:concentrado em sua dieta produzirá quantidades insuficientes de saliva, em virtude da menor mastigação do alimento o que provocará menor capacidade tamponante da ingesta. 2.2. Esôfago O esôfago é um tubo musculomembranoso com comprimento médio de 1,50 m, que se estende desde a faringe e tem a função de transportar rapidamente a ingesta da boca ao estômago (Sisson, 1986). A abertura do esôfago para o estômago é regulada pelo cárdia, um esfíncter muito eficiente, que nos equinos previne o retorno da ingesta. Por essa razão, o vômito é um evento raro, que ocorre somente em distúrbios digestivos graves, como rupturas9,16. 2.3. Estômago Atualmente, é muito comum em várias propriedades, alimentar os equinos como se fossem animais ruminantes (Tabela 2), muitas vezes pelo desconhecimento das diferenças anatômicas e fisiológicas entre esses animais28. No estômago do equino ocorrem a hidrólise ácida e o início do processo da digestão enzimática14,34, sendo contínua a produção de ácido clorídrico21. Sua capacidade relativamente pequena (Tabela 3), de oito a quinze litros em um animal adulto, está relacionada com a alta frequência ali- 2. REVISÃO DA LITERATURA Tabela 1: Tempo requerido para um equino de 500 Kg mastigar uma ração Dieta Tempo de Mastigação 12,5 Kg de forragem 16 horas 8 Kg de forragem e 4 Kg de concentrado 11,5 horas 3 Kg de forragem e 7 Kg de concentrado 6,1 horas FONTE: DACRE (2006) 2.1. Boca O processo digestivo do equino se inicia com a apreensão do alimento. Os alimentos são apreendidos e arrancados com os dentes que recebem auxílio dos lábios, os quais são extremamente móveis, diferentemente dos ruminantes, que fazem preensão com a língua.Isso reflete em que os
  • 3. Tabela 2: Comparação do estômago dos equinos com o de bovinos BOVINOS Natureza Não ruminante / monogástrico Ruminante / poligástrico Capacidade Média 15 litros 200 litros Trânsito da digesta Intenso Lento Retorno do alimento Em condições fisiológicas à boca não ocorre Ocorre Ação Microbiana Pequena. Ocorre significante produção de ácido láctico proveniente da fermentação microbiana de carboidratos solúveis na região fúndica Intensa Digestão da celulose – Intensa Aproveitamento do nitrogênio não protéico – Ocorre Síntese de Vitaminas – Ocorre FONTE: FRAPE & BOXAL (1974) CITADOS POR REZENDE (2006); JACKSON (1998) EQUINOS Tabela 3: Relação do estômago equino com seus outros órgãos do sistema digestório Capacidade Relativa (%) Capacidade Absoluta Média (L) 8,5 17,96 Intestino Delgado 30,2 63,82 Ceco 15,9 33,54 Cólon e Reto 45,4 96,02 A B C D FONTE: JACKSON & PAGAN (2002) mentar, um hábito que foi desenvolvido ao longo da evolução da espécie6. Ao considerar sua capacidade (Figura 1), deve ser lembrado que a saliva junto à ingesta aumenta muito seu volume. Devido ao fato de que o equino digere somente pequenas quantidades de ingesta de cada vez, existem vantagens já bem definidas em dividir a ração diária em várias frações8,10. A taxa de passagem da ingesta no estômago é muito rápida, pois ela permanece nesse órgão por um período médio de apenas 15 minutos16. A digestão enzimática é mais eficiente quando o estômago não está completamente cheio. Se grandes quantidades de alimento forem ingeridas numa só refeição, a ingesta vai rapidamente preencher o estômago. Esta vai então se dirigir para o intestino delgado antes do ácido clorídrico e das enzimas pepsina e lipase gástrica secretadas pelo estômago agirem plenamente sobre o quimo9. O tamanho reduzido do estômago, que promove um comportamento alimentar altamente seletivo, aliado à maior capacidade digestiva com maior tempo de retenção da digesta no intestino grosso são estratégias que facilitam uma digestão adequada e um melhor aproveitamento dos nutrientes presentes no alimento33. O piloro é um esfíncter muito sensível à água gelada e aos materiais fibrosos como palha de arroz, sendo formado por um anel FONTE: REECE (2006) Órgão Estômago Figura 1: Sistema digestório do equino e o tamanho relativo de seus segmentos. A: Estômago, B: Intestino delgado, C: Ceco, D: Cólon de tecido muscular. Ele comunica o estômago com o intestino delgado29,33. O breve tempo de retenção do alimento no estômago e o gradiente de pH dorso-ventral (5,46 na região fúndica a 2,7 na região pilórica) fazem com que a fermentação gástrica seja irrisória (Tabela 2). Contudo, quando o tempo de retenção do material alimentar aumenta, como ocorre no espasmo pilórico, a fermentação nesse órgão pode se tornar significativa, com possível ruptura do estômago e a evolução para o óbito13. Após ou durante o intervalo de uma atividade física, quando alguns dos parâmetros físicos elevam-se, o animal pode receber água, mas a taxa de consumo deve ser cuidadosamente controlada, somente permitindo-se pequenos goles de água tépida, a intervalos regulares. Se um equino com temperatura corporal elevada, taquicardia e taquipnéia ingerir grandes quantidades de água (principalmente gelada e juntamente com ar) pode haver espasmo do piloro e ocorrer o desenvolvimento de cólica e laminite10,18. Um equino deve restabelecer seus parâmetros físicos basais (andar com o animal ao passo até que ele apresente frequências cardíaca e respiratória normais, além de não haver mais sudorese) antes que obtenha livre acesso à água9. Contudo, se submetido a um exercício submáximo por longo prazo, como no enduro, deve-se oferecer água sempre que possível, evitandose ingestão de grandes volumes de uma só vez, caso o equino não continue imediatamente a trabalhar26. Quando em repouso, o equino deve ter acesso a água “ad libitum”, em temperatura ambiente. Deve beber água até 30 minutos antes de esforço sub-máximo, sem comprometimento da performance por “estômago” repleto, como acreditam muitos treinadores. Além disso, os equinos, em temperaturas acima de 25ºC podem desidratar muito rápido, sendo que até a indicação do jejum hídrico pré-cirúrgico é de apenas de duas horas, evitando complicações anestésicas por hipotensão. 2.4. Intestino Delgado O intestino delgado é formado pelo duodeno, jejuno e íleo (Sisson, 1986). Possui em média 21 metros de comprimento e a capacidade para 56 litros de ingesta (Jackson, 1998). É a principal região de absorção de nutrientes, como carboidratos solúveis, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas lipossolúveis e alguns minerais, sendo caracterizado principalmente por seu comprimento e pelos seus complexos enzimáticos, tais como a alfa-amilase, alfa-glicosidases e beta-galactosidases, que hidrolisam os carboidratos solúveis6,13. A passagem da ingesta no intestino delgado dura em média 30 a 90 minutos16. Nem todas as categorias animais irão precisar de ração concentrada. Entretanto,
  • 4. B FONTE: ARQUIVO PIERRE BARNABÉ ESCODRO A C Figuras 2: O capim elefante velho (A), devido ao alto teor de lignina e ligno-celulose, pode causar cólicas por compactação no intestino grosso (A), evoluindo para cirurgia de enterotomia (C) .............................................................................................................................................................................................................................................................. éguas a partir do terço médio da gestação24, animais jovens em crescimento e animais de esporte ou trabalho demandam um maior aporte energético, que normalmente não é suprido apenas pelo volumoso. O concentrado deve ser ofertado cerca de duas horas após o volumoso, a fim de maximizar seu aproveitamento no intestino delgado, reduzindo sua taxa de passagem28. Os equinos não possuem vesícula biliar32, sendo sua bile constantemente lançada no lúmen do intestino delgado. Por essa razão, apesar de na natureza a dieta do equino ser pobre em lipídios (cerca de 4%) quando comparado a outros nutrientes, como os carboidratos, seu sistema digestório possui alta tolerância à adição de óleos e gorduras em sua ração3,18, contanto que haja um período de adaptação de três a quatro semanas34. Uma forma alternativa de aumentar o teor de energia da dieta sem aumentar o conteúdo de matéria seca é adicionar óleos ou gorduras na ração15. Junior et al. (2004) recomendaram a adição diária de até 750 ml de óleo de milho na ração concentrada dos equinos (8,3% da dieta total), sendo que seu uso durante 23 dias não alterou a digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido e aumentou a digestibilidade da energia bruta e do extrato etéreo. Os lipídios mais utilizados são os óleos vegetais. O óleo de milho é o mais palatável, mas de alto custo, sendo muitas vezes substituído pelo óleo de soja, que por sua baixa aceitação pelos equinos é muitas vezes administrado oralmente na seringa29. Para evitar que os animais engordem ou emagreçam demais com o fornecimento de concentrado e óleo na ração, após agrupar os animais por categoria e peso, é importante estabelecer a condição corporal de cada indivíduo, avaliando periodicamente seu escore de condição corporal (ECC), a fim de verificar se existe necessidade de realizar modificações no manejo nutricional e na formulação da ração28. Carrol & Huntington (1988) preconizaram uma prática metodologia de avaliação de ECC com intervalo de 1 a 5. 2.5. Intestino Grosso O material não digerido no intestino delgado alcança o intestino grosso através do orifício ileocecal32. O grande desenvolvimento de seu ceco e cólon e seu funcionamento como local de intensa fermentação microbiana representam uma importante adaptação evolucionária aos mecanismos de defesa das plantas, que incluem uma baixa disponibilidade de nutrientes33. O ceco e o cólon nos equinos possuem capacidades semelhantes ao rúmen e retículo nos ruminantes, com uma grande diferença: nos primeiros a maior parte da fermentação, realizada por uma população microbiana ativa, ocorre após o intestino delgado. Devido a isso, os equinos são denominados como animais não ruminantes de ceco e cólon funcionais28. O ceco, principalmente, e o cólon são fisiológica e anatomicamente estruturados para terem um maior tempo de retenção da digesta, permitindo maior período para a microbiota intestinal agir sobre os carboidratos estruturais presentes no volumoso. A sua taxa de passagem através do ceco e do cólon dura de 36 a 72 horas. Em oposição, o estômago e o intestino delgado possuem alta taxa de passagem. Entretanto, um maior tempo de retenção não representa uma vantagem significativa sobre a digestão de proteínas e carboidratos solúveis7,34. Os equinos, assim como todos os animais superiores, não possuem enzimas que possam digerir os carboidratos estruturais das fibras, e por isso mantêm uma relação simbiótica com os microorganismos que possuem enzimas como celulases, hemicelulases e pectinases33. Essa microbiota intestinal é composta de bactérias, principalmente Gram-negativas não esporuladas, protozoários e fungos anaeróbios12,33. Forrageiras como o capim elefante, Napier ou Cameron (Pennisetum schum), quando mais velho, possuem alto teor de lignina e ligno-celulose, fibras indigeríveis pelos eqüinos, que predispões cólicas por compactação no ceco e cólon, podendo evoluir para a enterotomia (Figura 2)30,34. Os principais produtos da fermentação microbiana são os ácidos graxos voláteis, principalmente acetato, propionato e butirato, além de CO2, metano, possivelmente hidrogênio, vitaminas do complexo B e alguns lipídios33. Existe uma intensa síntese de proteína microbiana no intestino grosso dos equinos. No entanto, se essa proteína contribui para preencher as suas necessidades nutricionais de aminoácidos, é ainda bastante controverso14. De acordo com Van Soest (1996), o aproveitamento dessa proteína requer digestão gástrica, portanto os equinos não aproveitam essa fonte de aminoácidos, a qual seria excretada nas fezes. A água e os eletrólitos são absorvidos principalmente no ceco e cólon. Num equino adulto, a água constitui de 65 a 75% de seu peso corporal e num animal jovem pode chegar a 80%, sendo um componente fundamental nas reações bioquímicas vitais e nos processos digestivos. Em sua dieta, água fresca e potável à vontade deve estar sempre disponível30.
  • 5. FONTE: PIERRE BARNABÉ ESCODRO Figuras 3: Aliar o conhecimento da anatomofisiologia do equídeo e a necessidade nutricional de cada categoria animal é de importância relevante na qualidade de vida dos animais, sempre levando-os às condições mais próximas das selvagens ............................................................................................................................................................................................................................................................. Existem diversos fatores que afetam a ingestão de água pelos equinos, como a composição da dieta, exercício, temperatura e palatabilidade da água4. O equino possui preferência pela água na temperatura entre 7,22ºC e 18,33ºC23. Quando confinado, o principal momento de consumo da água ocorre dentro de poucos minutos após a ingestão de grãos ou cerca de uma hora após o consumo de feno. A ausência ou restrição de água nesses momentos críticos pode explicar o porquê da queda de desempenho ou a causa de certas cólicas transitórias30. Equinos ao serem transportados para outras localidades como exposições ou competições podem diminuir o consumo ou se negarem a beber uma nova água, principalmente se ela tiver baixa palatabilidade, como as de maior dureza. De acordo com Mowrey (2007), um baixo consumo de água é diretamente relacionado com o aumento da incidência da cólica por compactação. A melhor forma de habituar o animal com uma nova água é gradualmente misturar a fonte nova com a antiga de água. Se isso não for possível, ele deve ser monitorado para se evitar uma desidratação. Também é possível adicionar um flavorizante como o melaço ou preparado em pó sólido para refresco na água de bebida a fim de mascarar o sabor da água9. O reto é a porção terminal do intestino, estendendo-se da entrada pélvica até o ânus32. Sua função é estocar os produtos fecais que não foram digeridos. Seu conteúdo material é mantido neste segmento do sistema digestório até acumular suficientemente, quando então ocorre um estímulo nervoso e as fezes são evacuadas através do ânus14. Uma prática essencial no manejo nu- tricional consiste em oferecer quantidades suficientes de fibra na dieta do equino. As fibras digeríveis são necessárias como fontes de nutrientes para os microorganismos do ceco e cólon e para proporcionarem energia ao animal, através dos ácidos graxos voláteis. Já as fibras indigeríveis são importantes na manutenção do pH, motilidade e funções gastrintestinais normais20. Segundo Jackson & Pagan (2002), o mínimo de fibra recomendado é de 5 Kg por dia para um animal de 500 Kg de peso vivo (1% do peso vivo). Quantidades maiores vão reduzir grandemente a incidência de cólica na maioria dos equinos. O ideal é que a dieta contenha pelo menos 50% da matéria seca na forma de volumoso20. Em relação ao comportamento alimentar, ao comparar equinos alimentados principalmente com concentrado, com equinos alimentados com feno, constatou-se que estes passaram mais tempo se alimentando, com menos tempo ocioso para adquirir distúrbios do comportamento, como coprofagia e aerofagia, do que os animais que comeram essencialmente concentrado. Se quantidade insuficiente de fibra for oferecida aos animais, os indicadores de saciedade podem não ser ativados, deixando os equinos com uma alta motivação alimentar29. Aumentar a relação volumoso : concentrado e aumentar a frequência de alimentação evita que o equino possa se sentir entediado e predisposto a desenvolver distúrbios digestivos, como cólicas e úlceras gástricas, além de alterações comportamentais, hormonais e metabólicas1,22,30. Um princípio fundamental do manejo nutricional é fornecer substratos adequados para a microbiota intestinal12. A manutenção e a estabilidade de seu crescimento dependem da qualidade dos carboidratos presentes na fibra dietética33. Dessa forma, muita atenção deve ser dada à qualidade e quantidade do pasto ou do feno, porque a ração volumosa é a mais importante fonte de energia e de nutrientes para animais em reprodução e em crescimento numa propriedade30. Para animais estabulados e com acesso limitado às pastagens, recomenda-se aumentar a frequência diária de fornecimento da ração, com o intuito de que haja melhor digestão e aproveitamento dos nutrientes14. Inúmeras pequenas refeições ao dia são preferíveis à somente duas grandes refeições, principalmente quando quantidades maiores de concentrado estiverem presentes na dieta. Uma atitude prática é dividir esse concentrado em ao menos quatro porções homogêneas ao longo do dia, sempre no mesmo horário. 0,4 Kg de concentrado/100 Kg de peso vivo / fornecimento é a quantidade máxima de grãos a serem ingeridos de uma só vez, nunca ultrapassando 0,4% do peso corporal por refeição (2 Kg para um equino de 500 Kg)13,33. Quando a dieta é divida em duas ou três refeições diárias, normalmente ocorre uma ingestão de grande quantidade de concentrado. Como o estômago equino possui pequena capacidade, a velocidade de passagem da digesta aumenta através do trato gastrintestinal e grande parte desse concentrado na forma de carboidratos solúveis chega intacta ao ceco e cólon sofrendo rápida e intensa fermentação pela microbiota, com grande produção de gases e intensa produção de lactato, que é mal absorvido. Dessa forma, graves consequências como baixo pH intestinal, atonia cecal, endotoxemia e laminite podem se desenvolver. Também, ocorre menor aproveitamen-
  • 6. to dos nutrientes, já que a maior parte de sua digestão é deslocada do intestino delgado para o intestino grosso, ocorrendo menor rendimento energético por molécula de substrato13,24. Em animais estabulados, o fornecimento da ração somente duas vezes ao dia também é prejudicial à microbiota intestinal. Quando o intestino grosso se encontra vazio por um longo período, as bactérias morrem, já que dependem da constante presença da digesta para sobreviver. Bactérias são essenciais para a adequada digestão da fibra, tanto quanto para a síntese protéica e de vitaminas do complexo B9. Alterações bruscas nas práticas alimentares são significantemente relacionadas com maior risco de cólica1, já que equinos parecem ser sensíveis às pequenas variações no conteúdo dietético de amido em sua ração, principalmente no conteúdo de ração concentrada13. Por isso, o período de adaptação à uma nova quantidade ou qualidade de concentrado deve se estender ao menos por uma semana, para permitir que a microbiota gastrointestinal se adapte ao novo substrato28. Apesar da importância da microbiota intestinal ser bem difundida, pouco tem sido feito para se manipular o ambiente intestinal dos equinos12. A adição de probióticos na dieta na forma de leveduras vivas pode auxiliar a estabilizar ou restaurar a fermentação microbiana no intestino grosso e a combater a ação de bactérias patogênicas oportunistas, como Escherichia coli e Clostridium perfringens6,22. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Para desenvolver um adequado manejo nutricional e permitir que os equinos alcancem seu máximo potencial genético é essencial conhecer e respeitar a morfofisiologia e as particularidades do sistema digestório dessa espécie. • É importante criar condições nutricionais dentro das realidades regionais, atividade exercida pelo equino e condições financeiras do proprietário, buscando atingir os percentuais nutricionais mínimos e condições satisfatórias de manejo. • Lembrar que afecções graves, como cólica e laminite, são muitas vezes induzidas pelo ambiente e pelo manejo proporcionado pelo homem. Ao criar um equino devese sempre que possível criar um regime alimentar o mais próximo ao do equino selvagem, ou seja, uma dieta rica em volumoso e pobre em grãos, ingerida em frequentes e pequenas frações ao longo do dia. Manter um ambiente propício e estável ao ecossistema gastrintestinal deve ser um dos objetivos primários no manejo nutricional do equino. Uma forma promissora de atender essa meta é a suplementação da dieta dos equinos com probióticos. Referências 1 - ARCHER, D.C.; PROUDMAN, C.J. Epidemiological clues to preventing colic. Vet. J. 172:29-39, 2006. 2 - CARROL, C.L.; HUNTINGTON, P.J. Body condition scoring and weight estimation of horses. Equine Vet. J. 20:41-45, 1988. 3 - CUNHA, T.J. Horse feeding and nutrition. 2ª ed. Academic, San Diego, p.445, 1991. 4 - CYMBALUK, N.F. Water balance of horses fed various diets. Equine Pract. 11(1):19-24, 1989. 5 - DACRE, I.T. Physiology of mastication. American Association of Equine Practitioners – AAEP. Capturado em 1 de maio 2010. Online. Disponível na Internet http://www.ivis.org/proceedings/aaepfocus/2006/ itdacre1.pdf. 6 - FERREIRA ,W.M. Digestão Comparada. ppt. Estratégias digestivas comparadas em animais não-ruminantes. Belo Horizonte, 28 ago. 2007. CD-ROM. Power Point for Windows XP. 7 - FRAPE, D.L.; BOXALL, R.C. 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