Olá, sou Leonardo Pereira e esse é mais um estudo do evangelho dentro do nosso projeto Quartas com evangelho - Grupo Espírita Lamartine Palhano Jr em Vitória do ES
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2. Capítulo 7 – Bem
aventurados os
pobres de Espírito
O Que Se Deve
Entender Por Pobres
de Espírito
3. Recordações
No poético e magnífico
manual de vida que o
Mestre nos legou,
chamado pela tradição de
“O Sermão da
Montanha”, lembramos
ter lido que, no elenco
das bem-aventuranças,
Jesus nos ensinou:
5. Acreditando estar ouvindo tal
afirmação vinda de Jesus, nosso
entendimento atual fica, de
imediato, confuso. Sem aceitar a
primeira impressão que ela nos dá,
recorremos ao Aurélio e, no
verbete próprio, lemos a seguinte
definição para a expressão “pobre
de espírito”:
7. O que é isso?
”nos perguntamos, surpresos.? É evidente,
para nós, que o Mestre dos Mestres não
estaria a dizer que o Reino dos Céus pertence
aos parvos, aos tolos ou ingênuos.
8. Desse modo, se a informação que nos
chega nos parece absurda, cabe a nós
investigarmos mais aprofundando a
questão até que o sentido se faça.
Façamo-lo, pois, sem mais delongas..
10. O Capítulo VII de O Evangelho Segundo o
Espiritismo leva o título que demos ao
nosso estudo, isto é, “Bem-aventurados
os pobres de espírito”.
Como era de se esperar, dados a lógica
impecável e o bom-senso lapidar do
Consolador, ele abre o capítulo com o
tema “O que se deve entender por pobres
de espírito”, iniciando seus comentários
com as seguintes sábias palavras:
11. “A incredulidade zombou desta
máxima: Bem-aventurados os pobres
de espírito, como tem zombado de
muitas outras coisas que não
compreende. Por pobres de espírito
Jesus não entende os baldos de
inteligência, mas os humildes, tanto
que diz ser para estes o reino dos céus
e não para os orgulhosos”.
13. “O orgulho é o pai de muitos vícios. É
também a negação de muitas
virtudes. Ele se encontra na base e
como móvel de todas as ações
humanas.
Essa é a razão porque Jesus se
empenhou tanto em combatê-lo,
como principal obstáculo ao
progresso”. (ESE – cap. X – Item 10)
14. “Só o orgulho pode impedir
que vos vejais quais
realmente sois. Mas, se vós
mesmos não o vedes, outros
o vêem por vós”.(LM – cap. XXXI item IV)
15.
16. Com efeito, cumpre não perder de
vista que "Os homens, quando se
houverem despojado do egoísmo
que os domina, viverão como
irmãos, sem se fazerem mal algum,
auxiliando-se reciprocamente,
impelidos pelo sentimento mútuo
da solidariedade
17. Então, o forte será o amparo e não o
opressor do fraco e não mais serão
vistos homens a quem falte o
indispensável, porque todos praticarão
a lei de justiça.", assim como convém
não esquecer que "O egoísmo se
enfraquecerá à proporção que a vida
moral for predominando sobre a vida
material" (trechos encontráveis nas respostas dadas às questões números
916 e 917 de "O Livro dos Espíritos", a obra basilar do Espiritismo, 75ª edição, FEB, 1994,
página 420).
18. “Dizendo que o reino dos céus é dos
simples, quis Jesus significar que a
ninguém é concedida entrada nesse
reino, sem a simplicidade de coração e
humildade de espírito; que o ignorante
possuidor dessas qualidades será
preferido ao sábio que mais crê em si do
que em Deus. m espírito, conforme o
entende o mundo, e rico em qualidades
morais.”
19. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a
humildade na categoria das virtudes
que aproximam de Deus e o orgulho
entre os vícios que dele afastam a
criatura, e isso por uma razão muito
natural: a de ser a humildade um ato de
submissão a Deus, ao passo que o
orgulho é a revolta contra ele.
20. Mais vale, pois, que o
homem, para felicidade do
seu futuro, seja pobre em
espírito, conforme o
entende o mundo, e rico
em qualidades morais.”
21. Os homens cultos e inteligentes, segundo o
mundo, fazem geralmente tão elevada
opinião de si mesmos e de sua própria
superioridade, que consideram as coisas
divinas como indignas de sua atenção.
Preocupados somente com eles mesmos, não
podem elevar o pensamento a Deus. Essa
tendência a se acreditarem superiores a tudo
leva-os muito frequentemente a negar o que,
sendo-lhes superior, pudesse rebaixá-los, e a
negar até mesmo a Divindade.
22. E, se concordam em admiti-la, contestam-
lhe um dos seus mais belos atributos: a ação
providencial sobre as coisas deste mundo,
convencidos de que são suficientes para
bem governá-lo. Tomando sua inteligência
como medida da inteligência universal, e
julgando-se aptos a tudo compreender, não
podem admitir como possível aquilo que
não compreendem. Quando se pronunciam
sobre alguma coisa, seu julgamento é para
eles inapelável.
23. A explicação de Kardec é clara e faz total
sentido, dando às palavras de Jesus o caráter
que se pode esperar delas. Fica, no entanto, a
dúvida. Se Jesus quis se referir aos humildes de
espírito e aos simples de coração, por que ele
usou a expressão “pobres de espírito” e não
outra mais adequada?
Mas ... será que Jesus usou mesmo a expressão
“pobres de espírito”?
24. Para conferir se a expressão usada pelo Mestre
foi mesmo “pobres de espírito”, consultamos
três edições da Bíblia em Português e uma na
sua versão em Francês. Vejamos o resultado de
nossa consulta:
25. Recorremos, primeiramente, uma edição
feita pela Enciclopédia Barsa de uma das
Bíblias católicas mais utilizadas no Brasil, isto
é, a tradução feita pelo padre Antônio
Pereira de Figueiredo no século XVIII, com
base na Vulgata Latina, tradução feita por
Jerônimo no Século V. A outra tradução mais
usada no Brasil é aquela feita pelo Padre
Matos Soares, em 1930, igualmente a partir
da Vulgata latina.
26. Como veremos, fala de Jesus aparece
transcrita nas traduções da Vulgata de
forma idêntica a como aparece em O
Evangelho Segundo o Espiritismo.
Essa constatação confirma o que era de se
esperar, isto é, que a Bíblia em francês
utilizada por Kardec era, também ela, uma
tradução da Vulgata. Dizemos isso porque
a comunidade católica,
27. durante séculos, desde o Concílio de
Trento, em 1546, até algum tempo após
1943, ano em que o Papa Pio XII liberou
oficialmente que novas traduções fossem
feitas a partir dos originais, só tinha à sua
disposição para consulta e estudo a
Vulgata ou traduções da Vulgata para suas
línguas nativas. E o que será que diz a
Vulgata?
28. “Bem aventurados os pobres de
espírito: porque deles é o reino dos
céus”
Jesus (Mt: 5.3)
29. Vejamos, finalmente, o que nos ensina o
Professor Pastorino em A Sabedoria do
Evangelho:
“Uma variedade imensa de traduções tem
sido dada às palavras de Mateus ptôchoi tôi
pnéumati. Vamos analisá-las. O primeiro
elemento, ptóchos, significa, exatamente,
”aquele que caminha humilde a mendigar".
Sua construção normal com acusativo de
relação poderia significar o que costumam
dar as traduções correntes: "mendigos
(pobres, humildes) no (quanto ao) espírito".
30. Acontece, porém, que aí aparece
construído com dativo. à semelhança de
tapeinoús tôi pnéumati (Salmo 34: 18),
"submissos ao Espírito"; ou zéôn tôi
pnéumati (At. 18:25), "fervorosos para
com Espírito"; ou hagía kai tôi sôrnati
kaì tôi pnéumati (1 Cor. 7:34), "santos
tanto para o corpo, como para com o
espírito".
31. Após havermos considerando numerosas
traduções, aceitamos a que propôs José de
Oiticica, MENDIGOS DE ESPIRITO, por ser
mais conforme ao original grego, e por ser
a mais lógica e racional: pois realmente são
felizes aqueles que mendigam o Espírito;
aqueles que, algemados ainda no cárcere
da carne, buscam espiritualizar-se por
todos os meios ao seu alcance, pedem,
imploram, mendigam esse Espírito que
neles reside, mas que tão oculto se acha.”
32. Mais vale, pois, que o
homem, para felicidade do
seu futuro, seja pobre em
espírito, conforme o
entende o mundo, e rico
em qualidades morais.”