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Março 2015 | Edição N°02
bendita
panelinha
Por Andreas Müller e Leonardo Pujol
aos 40 anos, rita lobo se projeta como a chef
que não cozinha para os outros, mas ensina
os outros a cozinhar – um papel que faz de
sua empresa um fenômeno nacional de vendas
Quando as câmeras entram em ação, a libriana Rita Lobo, 40
anos, torna-se o rosto da simplicidade. Move-se desenvolta
por entre panelas e talheres, manuseia com desassombro
os ingredientes à mesa e estabelece um bate-papo afetuoso
com espectador – quase como se entrasse na casa dele para
preparar-lhe uma comidinha. Quando as câmeras descansam,
porém, Rita Lobo assume outros papéis. E não são poucos:
gerencia um site sobre receitas (e com sucesso), atua
como comentarista de rádio, é escritora e editora de livros,
empresária, esposa e (ufa!) mãe. Chega a ser difícil entender
como ela consegue transmitir tanta calma e simplicidade
mesmo mergulhada em um cotidiano tão complexo. “É
dureza a minha rotina”, reconhece ela.
Mas a verdade é que Rita não tem segredos. Sua receita para
conciliar tantos projetos e ambições diferentes passa por algo
elementar: ela sabe o que quer. “Não vou ter restaurantes. Não
vou vender alimentos e nem criar minha linha de comida. O
que eu quero é que as pessoas entrem mais na cozinha. Tudo
que eu faço tem a ver com ensiná-las a cozinhar”, decreta.
Com essa missão, Rita consegue organizar o dia a dia,
dedicando-se a cada tarefa como se fosse única. Mais do que
isso, consegue ter energia para se projetar como uma das
grandes personalidades da culinária brasileira.
“ “Não vou ter restaurantes, não
vou vender alimentos. o que eu
quero é que as
pessoas entrem mais
na cozinha.
Em seu site, o Panelinha, ela compartilha dicas e receitas que ficam ao
alcance dos leigos na cozinha. Tem para todos os gostos. Procurando um
pouquinho, dá para encontrar um prosaico tutorial para fritar um ovo e
também a apresentação de uma destemida moqueca de peixe baiana. E
dá certo. A cada mês, o site registra mais de 2,1 milhões de pageviews. No
Facebook, a fanpage do Panelinha congrega quase 130 mil seguidores. No
Instagram, são cerca de 136 mil seguidores no perfil pessoal de Rita
(@ritalobo) e outros 76 mil no da Editora Panelinha (@editorapanelinha).
No Youtube, já acumula mais de 2 milhões de visualizações a partir de
conteúdos que ela mesma produz e estrela – como é o caso da websérie “Em
Uma Panela Só”, que integra o projeto Receitas que Brilham, da Tramontina.
Sem esquecer, é claro, das aparições na TV, à frente de programas como o
Cozinha Prática com Rita Lobo – que, neste ano, chega à quarta temporada
no Canal GNT.
Cada projeto se desdobra em mais e mais iniciativas, empreendimentos
e ambições. O site Panelinha, por exemplo, rendeu um livro de sucesso.
Panelinha: Receitas Que Funcionam contabiliza mais de 100 mil exemplares
vendidos desde o lançamento, em 2010. “É meio que um receituário
daqueles pratos que toda casa precisa ter”, explica a autora. Ao todo, Rita já
contabiliza cinco livros próprios, todos inspirados na ideia de desvendar os
segredos de uma culinária sofisticada e sem frescuras. A procura é tão grande
que o Panelinha se tornou também um selo editorial, tocado em parceria
com a Companhia das Letras. Mais do que traduzir autores consagrados no
mundo da gastronomia – como Yotam Ottolenghi e Katie Quinn Davies –, o
objetivo também é garimpar novos chefs-escritores. “Às vezes, a pessoa tem
experiência na cozinha mas não sabe como entrar no mercado editorial. Eu
faço o trabalho de pensar o livro: para quem falar, como falar, etc”, ilustra
Rita. Para este ano, a grande expectativa recai sobre a nova obra de Nina
Horta, colunista de gastronomia da Folha de S. Paulo. “Ela é, certamente, a
maior autora sobre comida do Brasil, mas não publicava nada há pelo menos
20 anos. Agora, nós conseguimos trazê-la de volta”, comemora a editora.
De onde vem tanta inspiração e energia? Rita tem um palpite de que
tudo começou na infância, época em que ela tinha a mania de observar a
cozinheira da família, Zete, no manejo das panelas e pratos que iam à mesa.
“Minha mãe não sabia nem fritar ovo. Na casa dela, sempre teve cozinheira,
tudo tinha muita regra. Mas eu achava que cozinhar seria legal para a
minha vida, profissionalmente ou não”. Os encontros de família também
contribuíram. As festas de Natal costumavam reunir mais de 70 convidados
e tinham muita, mas muita comida – e foi assim, aos poucos, que Rita
começou a descobrir o fascínio pela arte de prepará-la.
Mas o mergulho na culinária não foi imediato. Antes, Rita se aventurou
pelo mercado da moda e da mídia. Aos 15 anos, os olhos azul-piscina e o
sorriso resplandescente abriram-lhe as portas para atuar como modelo,
daquelas super-requisitadas. Viajou o mundo, conheceu diversos países,
desvendou a Europa e os Estados Unidos, morou no Japão. Na volta, tornou-
se apresentadora do programa MTV a Go Go, que percorria as principais
tendências da moda com uma linguagem leve e descontraída – quase um
estágio para a carreira que construiria anos mais tarde, entre a cozinha e a
câmeras. “Para mim, trabalhar como modelo ou VJ da MTV sempre foi algo
temporário, uma espécie de summer job. Eu queria achar uma profissão de
fato, algo que me fizesse sentir mais produtiva”.
Aos 18 anos, as passarelas e a MTV ficaram para trás. Em busca de sua
verdadeira essência, Rita partiu para Nova York, rumo à Peter Kump’s School
62 63
RitaemváriospapéisAlém de apresentar o Cozinha Prática, Rita Lobo divide o
tempo entre diferentes papéis: é apresentadora de rádio,
escritora e editora de livros, empresária, esposa e mãe de
dois filhos – Gabriel, de 12 anos, e Dora, de 10, que se unem
às enteadas Gabriela, de 14 anos, e Daniela, de 12.
of Cooking Arts. Uma escola peculiar, diferente de instituições que
formam os mais requisitados chefs do mundo, como a Culinary
Institute of America ou a Le Cordon Bleu, da França. Aberta a
profissionais de qualquer área, a Peter Kump’s se notabiliza por
formar bons amantes da cozinha. Isto é: pessoas que simplesmente
apreciam a arte de preparar boas receitas, sem a pretensão de
emular os ases da gastronomia. Foi lá que a paixão pela cozinha
despontou. Mais tarde, Rita também se especializaria na Leith
School of Food and Wine, em Londres. “Fiquei fascinada com o
aprender. Foi tão libertador e rico que eu queria que os outros
aprendessem a cozinhar também”, explica.
De volta ao Brasil, em 1995, Rita já havia se tornado uma
especialista no manejo das caçarolas. Em pouco tempo, surgiram
convites para trabalhar em restaurantes e escrever sobre o tema
– como na coluna semanal que manteve na Folha de S.Paulo
entre 1995 e 2000. Nos textos, ela indicava receitas, restaurantes,
passeios, livros e dietas. “Depois de muita observação e alguns
testes, parece que descobri o verdadeiro segredo para conciliar os
prazeres da mesa com os do espelho: quantidades. O segredo está
nas quantidades. Coma de tudo um pouco, mas só um pouco”,
aconselhava ela em uma das colunas do período da Folha.
O hábito de escrever despertou em Rita a habilidade de combinar
ideias e palavras em textos – com o perdão do trocadilho –
saborosos. As colunas davam boa repercussão e os leitores se
mostravam cada vez mais engajados. Foi esse interesse súbito que
inspirou Rita a criar, em 2000, o Panelinha. A ideia era simples:
revelar truques e macetes que qualquer pessoa fosse capaz de
aplicar – até mesmo aquela que nunca fritou um ovo. Para Rita,
cozinhar deveria ser como ler e escrever: uma habilidade universal.
O Panelinha começou oferecendo 200 receitas, todas com o modo
de preparo destrinchado e fotografado. Alguém leu, repassou a
receita e, rapidamente, as histórias começaram a cair no gosto dos
leitores. Rita começou a receber uma enxurrada de e-mails com
questionamentos não de receitas, mas de procedimentos simples:
como deixar o arroz soltinho? Qual é a melhor carne para o rosbife?
Como fazer o feijão ficar cremoso? “Aí percebi que as pessoas não
sabiam mais cozinhar”, rememora.
Desde então, a receita de sucesso de Rita traz um ingrediente
especial: mais do que saber o que quer, ela faz questão de saber
o que o público quer. Um ideal que passa por pesquisas, testes e
muitas maneiras de entender a cabeça de quem busca informação
sobre culinária. “O Panelinha, em si, acabou se tornando uma
ferramenta de pesquisa. Tenho todos os dados sobre o meu
consumidor, além da minha esperiência de estar há quase 20
anos me comunicando diretamente com ele, de uma forma muito
próxima”, explica. Um de seus hábitos é cozinhar sempre com
a caneta à mão, anotando as medidas, o modo de preparo e as
“ “Fiquei fascinada com o aprender.
Foi tão libertador e rico que eu
queria que os outros
aprendessem a
cozinhar também.
64 65
“ “O Panelinha se tornou uma
ferramenta de pesquisa.
Tenho todos os
dados sobre o meu
consumidor.
receitaFRANGO À PARMIGIANA LIGHT
Ingredientes:
2 filés de 350 g cada de frango
1/2 xícara (chá) de molho de tomate
4 fatias de muçarela
1 colher (chá) de orégano
2 colheres (chá) de queijo parmesão ralado
sal e pimenta-do-reino a gosto
suco de 1 limão
Modo de preparo:
Preaqueça o forno a uma temperatura média de 180ºC. Coloque
dúvidas que surgen no decorrer do processo. Foi assim que o
Panelinha se tornou sinônimo de “receitas que funcionam”. Todos os
passos são traduzidos em uma linguagem elegantemente fácil.
Difícil, mesmo, é dar o acabamento final aos programas que ela
apresenta na TV. Rita participa ativamente da produção e não
abre mão da perfeição em cada detalhe. A luz tem de estar sempre
impecável. A roupa precisa ser a mais adequada – nada muito formal
ou provocante. O som tem de ser puro. Para cortar uma cebola,
todas as luzes do set são posicionadas no ângulo adequado. Para
mostrar a mesma cebola sendo despejada na panela, as filmagens
param e todas as lâmpadas são rearranjadas para valorizar as cores
e texturas da comida e evitar sombras indesejadas. Em média, um
episódio de 30 minutos do Cozinha Prática leva 12 horas para ser
gravado. “Eu sou perfeccionista, sim, e aí entra a questão estética. Me
incomodo muito com coisas feias. Não gosto de toscolândia”, diverte-
se Rita. O marido, Ilan Kow, reconhece o esforço – e exerce um papel
fundamental na condução de cada iniciativa. Casado com Rita há seis
anos, ele se tornou o mentor comercial dos negócios. “Fazer algo
diferente era um sonho antigo meu. Felizmente consegui”, diz ele.
Com Ilan, Rita Lobo encontrou um importante aliado para consolidar
as atividades do Panelinha. Com um site, uma editora e vários outros
produtos de mídia, a empresa precisava de maior integração e
posicionamento. Ao mesmo tempo, carecia de uma operação mais
ágil. Até então, a cozinha de testes era em um local e a redação
em outro. O acervo de panelas e talheres ficava na própria casa de
Rita, onde eram gravados os vídeos. Em 2015, Rita inaugurou uma
casa nova que incorpora tudo: os escritórios, a redação, o acervo, a
cozinha de testes e o estúdio. A ajuda de Ilan foi providencial. “Somos
perfis diferentes, mas complementares”, reconhece Rita.
A nova sede do Panelinha fica a três quadras da escola das crianças
– os filhos Gabriel e Dora, de 12 e 10 anos, respectivamente, além
das enteadas Gabriela e Daniela, de 14 e 12 anos. “Eles se dão tão
bem que brigam”, comenta, aos risos. A proximidade é conveniente.
A empresária não abre mão de reunir a família para almoçar junto
durante a semana. “É o jeito que tenho de acompanhar minha família.
Raramente consigo chegar cedo da noite em casa. O almoço é o meu
momento com os filhos”, explica.
Ao completar 20 anos de carreira, em 2015, Rita Lobo se projeta
como a chef que, em vez de cozinhar para os outros, prefere ensinar
os outros a cozinhar. E o futuro reserva novos projetos e novas
ambições pessoais. Uma delas é voltar às cavalgadas – um prazer
de infância que, hoje, espreme-se nas poucas brechas dos afazeres
diários. Outro é expandir o papel do Panelinha. Alguém se apaixona
e precisa preparar um jantar especial? Lá estará o Panelinha. Precisa
fazer um almoço rápido para os filhos? Panelinha neles. Não aguenta
mais comer a mesma coisa todos os dias? O Panelinha terá a solução.
Ou, no mínimo, dará caminhos preciosos para quem está descobrindo
o prazer de cozinhar, tal como Rita descobriu no alvorecer da
infância, antes de se tornar tudo que, hoje, ela é.
os filés entre duas folhas de filme e bata levemente com um
batedor de carne ou com o pulso. Retire o filme e transfira os
filés para uma assadeira pequena. Tempere-os com sal e limão e
cubra a assadeira com papel-alumínio. Em seguida, leve ao forno
para assar. Aguarde 20 minutos para retirar a assadeira do forno
e regue os filés com o molho de tomate. Cubra com as fatias de
queijo, polvilhe com o orégano e parmesão. Recoloque os filés
ao forno (agora sem o papel-alumínio) e deixe gratinar por mais
cinco minutos, até que o queijo tenha derretido. Pronto: é só
servir.
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Achefqueensina

  • 2. bendita panelinha Por Andreas Müller e Leonardo Pujol aos 40 anos, rita lobo se projeta como a chef que não cozinha para os outros, mas ensina os outros a cozinhar – um papel que faz de sua empresa um fenômeno nacional de vendas Quando as câmeras entram em ação, a libriana Rita Lobo, 40 anos, torna-se o rosto da simplicidade. Move-se desenvolta por entre panelas e talheres, manuseia com desassombro os ingredientes à mesa e estabelece um bate-papo afetuoso com espectador – quase como se entrasse na casa dele para preparar-lhe uma comidinha. Quando as câmeras descansam, porém, Rita Lobo assume outros papéis. E não são poucos: gerencia um site sobre receitas (e com sucesso), atua como comentarista de rádio, é escritora e editora de livros, empresária, esposa e (ufa!) mãe. Chega a ser difícil entender como ela consegue transmitir tanta calma e simplicidade mesmo mergulhada em um cotidiano tão complexo. “É dureza a minha rotina”, reconhece ela. Mas a verdade é que Rita não tem segredos. Sua receita para conciliar tantos projetos e ambições diferentes passa por algo elementar: ela sabe o que quer. “Não vou ter restaurantes. Não vou vender alimentos e nem criar minha linha de comida. O que eu quero é que as pessoas entrem mais na cozinha. Tudo que eu faço tem a ver com ensiná-las a cozinhar”, decreta. Com essa missão, Rita consegue organizar o dia a dia, dedicando-se a cada tarefa como se fosse única. Mais do que isso, consegue ter energia para se projetar como uma das grandes personalidades da culinária brasileira. “ “Não vou ter restaurantes, não vou vender alimentos. o que eu quero é que as pessoas entrem mais na cozinha. Em seu site, o Panelinha, ela compartilha dicas e receitas que ficam ao alcance dos leigos na cozinha. Tem para todos os gostos. Procurando um pouquinho, dá para encontrar um prosaico tutorial para fritar um ovo e também a apresentação de uma destemida moqueca de peixe baiana. E dá certo. A cada mês, o site registra mais de 2,1 milhões de pageviews. No Facebook, a fanpage do Panelinha congrega quase 130 mil seguidores. No Instagram, são cerca de 136 mil seguidores no perfil pessoal de Rita (@ritalobo) e outros 76 mil no da Editora Panelinha (@editorapanelinha). No Youtube, já acumula mais de 2 milhões de visualizações a partir de conteúdos que ela mesma produz e estrela – como é o caso da websérie “Em Uma Panela Só”, que integra o projeto Receitas que Brilham, da Tramontina. Sem esquecer, é claro, das aparições na TV, à frente de programas como o Cozinha Prática com Rita Lobo – que, neste ano, chega à quarta temporada no Canal GNT. Cada projeto se desdobra em mais e mais iniciativas, empreendimentos e ambições. O site Panelinha, por exemplo, rendeu um livro de sucesso. Panelinha: Receitas Que Funcionam contabiliza mais de 100 mil exemplares vendidos desde o lançamento, em 2010. “É meio que um receituário daqueles pratos que toda casa precisa ter”, explica a autora. Ao todo, Rita já contabiliza cinco livros próprios, todos inspirados na ideia de desvendar os segredos de uma culinária sofisticada e sem frescuras. A procura é tão grande que o Panelinha se tornou também um selo editorial, tocado em parceria com a Companhia das Letras. Mais do que traduzir autores consagrados no mundo da gastronomia – como Yotam Ottolenghi e Katie Quinn Davies –, o objetivo também é garimpar novos chefs-escritores. “Às vezes, a pessoa tem experiência na cozinha mas não sabe como entrar no mercado editorial. Eu faço o trabalho de pensar o livro: para quem falar, como falar, etc”, ilustra Rita. Para este ano, a grande expectativa recai sobre a nova obra de Nina Horta, colunista de gastronomia da Folha de S. Paulo. “Ela é, certamente, a maior autora sobre comida do Brasil, mas não publicava nada há pelo menos 20 anos. Agora, nós conseguimos trazê-la de volta”, comemora a editora. De onde vem tanta inspiração e energia? Rita tem um palpite de que tudo começou na infância, época em que ela tinha a mania de observar a cozinheira da família, Zete, no manejo das panelas e pratos que iam à mesa. “Minha mãe não sabia nem fritar ovo. Na casa dela, sempre teve cozinheira, tudo tinha muita regra. Mas eu achava que cozinhar seria legal para a minha vida, profissionalmente ou não”. Os encontros de família também contribuíram. As festas de Natal costumavam reunir mais de 70 convidados e tinham muita, mas muita comida – e foi assim, aos poucos, que Rita começou a descobrir o fascínio pela arte de prepará-la. Mas o mergulho na culinária não foi imediato. Antes, Rita se aventurou pelo mercado da moda e da mídia. Aos 15 anos, os olhos azul-piscina e o sorriso resplandescente abriram-lhe as portas para atuar como modelo, daquelas super-requisitadas. Viajou o mundo, conheceu diversos países, desvendou a Europa e os Estados Unidos, morou no Japão. Na volta, tornou- se apresentadora do programa MTV a Go Go, que percorria as principais tendências da moda com uma linguagem leve e descontraída – quase um estágio para a carreira que construiria anos mais tarde, entre a cozinha e a câmeras. “Para mim, trabalhar como modelo ou VJ da MTV sempre foi algo temporário, uma espécie de summer job. Eu queria achar uma profissão de fato, algo que me fizesse sentir mais produtiva”. Aos 18 anos, as passarelas e a MTV ficaram para trás. Em busca de sua verdadeira essência, Rita partiu para Nova York, rumo à Peter Kump’s School 62 63
  • 3. RitaemváriospapéisAlém de apresentar o Cozinha Prática, Rita Lobo divide o tempo entre diferentes papéis: é apresentadora de rádio, escritora e editora de livros, empresária, esposa e mãe de dois filhos – Gabriel, de 12 anos, e Dora, de 10, que se unem às enteadas Gabriela, de 14 anos, e Daniela, de 12. of Cooking Arts. Uma escola peculiar, diferente de instituições que formam os mais requisitados chefs do mundo, como a Culinary Institute of America ou a Le Cordon Bleu, da França. Aberta a profissionais de qualquer área, a Peter Kump’s se notabiliza por formar bons amantes da cozinha. Isto é: pessoas que simplesmente apreciam a arte de preparar boas receitas, sem a pretensão de emular os ases da gastronomia. Foi lá que a paixão pela cozinha despontou. Mais tarde, Rita também se especializaria na Leith School of Food and Wine, em Londres. “Fiquei fascinada com o aprender. Foi tão libertador e rico que eu queria que os outros aprendessem a cozinhar também”, explica. De volta ao Brasil, em 1995, Rita já havia se tornado uma especialista no manejo das caçarolas. Em pouco tempo, surgiram convites para trabalhar em restaurantes e escrever sobre o tema – como na coluna semanal que manteve na Folha de S.Paulo entre 1995 e 2000. Nos textos, ela indicava receitas, restaurantes, passeios, livros e dietas. “Depois de muita observação e alguns testes, parece que descobri o verdadeiro segredo para conciliar os prazeres da mesa com os do espelho: quantidades. O segredo está nas quantidades. Coma de tudo um pouco, mas só um pouco”, aconselhava ela em uma das colunas do período da Folha. O hábito de escrever despertou em Rita a habilidade de combinar ideias e palavras em textos – com o perdão do trocadilho – saborosos. As colunas davam boa repercussão e os leitores se mostravam cada vez mais engajados. Foi esse interesse súbito que inspirou Rita a criar, em 2000, o Panelinha. A ideia era simples: revelar truques e macetes que qualquer pessoa fosse capaz de aplicar – até mesmo aquela que nunca fritou um ovo. Para Rita, cozinhar deveria ser como ler e escrever: uma habilidade universal. O Panelinha começou oferecendo 200 receitas, todas com o modo de preparo destrinchado e fotografado. Alguém leu, repassou a receita e, rapidamente, as histórias começaram a cair no gosto dos leitores. Rita começou a receber uma enxurrada de e-mails com questionamentos não de receitas, mas de procedimentos simples: como deixar o arroz soltinho? Qual é a melhor carne para o rosbife? Como fazer o feijão ficar cremoso? “Aí percebi que as pessoas não sabiam mais cozinhar”, rememora. Desde então, a receita de sucesso de Rita traz um ingrediente especial: mais do que saber o que quer, ela faz questão de saber o que o público quer. Um ideal que passa por pesquisas, testes e muitas maneiras de entender a cabeça de quem busca informação sobre culinária. “O Panelinha, em si, acabou se tornando uma ferramenta de pesquisa. Tenho todos os dados sobre o meu consumidor, além da minha esperiência de estar há quase 20 anos me comunicando diretamente com ele, de uma forma muito próxima”, explica. Um de seus hábitos é cozinhar sempre com a caneta à mão, anotando as medidas, o modo de preparo e as “ “Fiquei fascinada com o aprender. Foi tão libertador e rico que eu queria que os outros aprendessem a cozinhar também. 64 65
  • 4. “ “O Panelinha se tornou uma ferramenta de pesquisa. Tenho todos os dados sobre o meu consumidor. receitaFRANGO À PARMIGIANA LIGHT Ingredientes: 2 filés de 350 g cada de frango 1/2 xícara (chá) de molho de tomate 4 fatias de muçarela 1 colher (chá) de orégano 2 colheres (chá) de queijo parmesão ralado sal e pimenta-do-reino a gosto suco de 1 limão Modo de preparo: Preaqueça o forno a uma temperatura média de 180ºC. Coloque dúvidas que surgen no decorrer do processo. Foi assim que o Panelinha se tornou sinônimo de “receitas que funcionam”. Todos os passos são traduzidos em uma linguagem elegantemente fácil. Difícil, mesmo, é dar o acabamento final aos programas que ela apresenta na TV. Rita participa ativamente da produção e não abre mão da perfeição em cada detalhe. A luz tem de estar sempre impecável. A roupa precisa ser a mais adequada – nada muito formal ou provocante. O som tem de ser puro. Para cortar uma cebola, todas as luzes do set são posicionadas no ângulo adequado. Para mostrar a mesma cebola sendo despejada na panela, as filmagens param e todas as lâmpadas são rearranjadas para valorizar as cores e texturas da comida e evitar sombras indesejadas. Em média, um episódio de 30 minutos do Cozinha Prática leva 12 horas para ser gravado. “Eu sou perfeccionista, sim, e aí entra a questão estética. Me incomodo muito com coisas feias. Não gosto de toscolândia”, diverte- se Rita. O marido, Ilan Kow, reconhece o esforço – e exerce um papel fundamental na condução de cada iniciativa. Casado com Rita há seis anos, ele se tornou o mentor comercial dos negócios. “Fazer algo diferente era um sonho antigo meu. Felizmente consegui”, diz ele. Com Ilan, Rita Lobo encontrou um importante aliado para consolidar as atividades do Panelinha. Com um site, uma editora e vários outros produtos de mídia, a empresa precisava de maior integração e posicionamento. Ao mesmo tempo, carecia de uma operação mais ágil. Até então, a cozinha de testes era em um local e a redação em outro. O acervo de panelas e talheres ficava na própria casa de Rita, onde eram gravados os vídeos. Em 2015, Rita inaugurou uma casa nova que incorpora tudo: os escritórios, a redação, o acervo, a cozinha de testes e o estúdio. A ajuda de Ilan foi providencial. “Somos perfis diferentes, mas complementares”, reconhece Rita. A nova sede do Panelinha fica a três quadras da escola das crianças – os filhos Gabriel e Dora, de 12 e 10 anos, respectivamente, além das enteadas Gabriela e Daniela, de 14 e 12 anos. “Eles se dão tão bem que brigam”, comenta, aos risos. A proximidade é conveniente. A empresária não abre mão de reunir a família para almoçar junto durante a semana. “É o jeito que tenho de acompanhar minha família. Raramente consigo chegar cedo da noite em casa. O almoço é o meu momento com os filhos”, explica. Ao completar 20 anos de carreira, em 2015, Rita Lobo se projeta como a chef que, em vez de cozinhar para os outros, prefere ensinar os outros a cozinhar. E o futuro reserva novos projetos e novas ambições pessoais. Uma delas é voltar às cavalgadas – um prazer de infância que, hoje, espreme-se nas poucas brechas dos afazeres diários. Outro é expandir o papel do Panelinha. Alguém se apaixona e precisa preparar um jantar especial? Lá estará o Panelinha. Precisa fazer um almoço rápido para os filhos? Panelinha neles. Não aguenta mais comer a mesma coisa todos os dias? O Panelinha terá a solução. Ou, no mínimo, dará caminhos preciosos para quem está descobrindo o prazer de cozinhar, tal como Rita descobriu no alvorecer da infância, antes de se tornar tudo que, hoje, ela é. os filés entre duas folhas de filme e bata levemente com um batedor de carne ou com o pulso. Retire o filme e transfira os filés para uma assadeira pequena. Tempere-os com sal e limão e cubra a assadeira com papel-alumínio. Em seguida, leve ao forno para assar. Aguarde 20 minutos para retirar a assadeira do forno e regue os filés com o molho de tomate. Cubra com as fatias de queijo, polvilhe com o orégano e parmesão. Recoloque os filés ao forno (agora sem o papel-alumínio) e deixe gratinar por mais cinco minutos, até que o queijo tenha derretido. Pronto: é só servir. 66 67