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Educação
                                                  sem fronteiras

                                      SERVIÇO
                                       SOCIAL

                                                                       Autores
                                                 Edilene Maria de Oliveira Araújo
                                             Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre
                                     Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho
                                                          Maria Aparecida da Silva
                                                 Maria Roney de Queiroz Leandro


                                                                              5
                                                         www.interativa.uniderp.br
                                                       www.unianhanguera.edu.br


                                                           Anhanguera Publicações
                                                                  Valinhos/SP, 2009




00 - Servico Social - 5 Sem.indd 1                                                    1/5/09 3:52:57 PM
© 2009 Anhanguera Publicações
                                                                                                                          Ficha Catalográfica produzida pela Biblioteca Central da
              Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica,                                  Anhanguera Educacional
              resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.
              Impresso no Brasil 2009
                                                                                                               S514    Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al]. - Valinhos :
                                                                                                                       Anhanguera Publicações, 2009.
                                                                                                                       224 p. - (Educação sem fronteiras ; 5).


                                                                                                                       ISBN: 978-85-62280-06


                                                                                                                       1. Serviço social – Processo de trabalho. 2. Serviço social –
                                                                                                                       Cidadania. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série.


              ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.                                                                              CDD: 360
              CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS

              Presidente
              Prof. Antonio Carbonari Netto

              Diretor Acadêmico
              Prof. José Luis Poli

              Diretor Administrativo
              Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior

              CAMPUS I

              Reitor                                                                                                                                          ANHANGUERA PUBLICAÇÕES
              Prof. Guilherme Marback Neto
              Vice-Reitor                                                                                                                                                               Diretor
              Profa. Heloísa Gianotti Pereira                                                                                                                     Prof. Diógenes da Silva Júnior
              Pró-Reitores
              Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior                                                                                            Gerente Acadêmico
              Pró-Reitora de Graduação: Prof. Paulo de Tarso Camillo de Carvalho                                                                                            Prof. Adauto Damásio
              Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo
              Busato                                                                                                                                                  Gerente Administrativo
                                                                                                                                                                    Prof. Cássio Alvarenga Netto




                                                                                                          PROJETO DOS CURSOS
                                                                                                          Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani
              ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.                                                                 Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli
              UNIDERP INTERATIVA                                                                          Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins /
                                                                                                          Profa. Roberta Machado Pereira
              Diretor                                                                                     Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha
              Prof. Ednilson Aparecido Guioti                                                             Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz / Profa. Líliam Cristina Caldeira
                                                                                                          Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis /
              Coodernação                                                                                 Profa. Ana Lucia Américo Antonio
              Prof. Wilson Buzinaro                                                                       Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas:
                                                                                                          Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira
              COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA                                                                      Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario
              Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Eva Maria Katayama Negrisolli /                      Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias
              Profa.Evanir Bordim Sandim / Profa. Maria Massae Sakate /                                   Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias
              Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)                                                  Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias




00 - Servico Social - 5 Sem.indd 2                                                                                                                                                                  1/5/09 3:52:57 PM
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico


            Nossa Missão, Nossos Valores
               ____________________

  A Anhanguera Educacional completa, em 2009, 15 anos. Desde sua fundação, buscou a ino-
vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
  A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
relação qualidade/custo, adotou-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de
ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da
Anhanguera.
  Atuando também no Ensino à Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da UNIDERP Interativa, nos seus pólos
espalhados por todo o Brasil.


                                                              Boa aprendizagem e bons estudos!




                                                                  Prof. Antonio Carbonari Netto
                                                          Presidente — Anhanguera Educacional




                                                    iii
Apresentação
                      ____________________

  A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
arrojados, pluralistas, democráticos.
  Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
ceiros e congêneres no País e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo seu compromisso com
a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos seus
propósitos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e ascensão social.
   Reconhecida por sua ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais
um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportuni-
dades de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação
a Distância.
  Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que em pouco tempo saiu das fronteiras
do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do País, possibilitando o
acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
  O Centro de Educação a Distância, atua por meio de duas unidades operacionais, a Uniderp
Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN), em função dos modelos alternativos ofe-
recidos e seus respectivos pólos de apoio presencial, localizados em diversas regiões do País e ex-
terior, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada e possibilitando,
dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras.
  Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na sua estrutura organizacional e acadêmica, com
reflexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
a compra pelos alunos de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e
estimula-os a formar sua própria biblioteca, promovendo, dessa forma, a melhoria na qualidade
de sua aprendizagem.
  É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena em sociedade.




                                                                   Prof. Guilherme Marback Neto
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico


              Autores
        ____________________

                                               EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO
Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986
               Especialização: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos –
                                           Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
                                              Especialização: Gestão de Iniciativas Sociais –
                                      Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002

                                         ELISA CLÉIA PINHEIRO RODRIGUES NObRE
              Graduação: Serviço Social – Universidade Católica Dom Bosco, UCDB – 1992
                                     Especialização em Políticas Sociais – Universidade do
                                       Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 2003
        Mestrado em Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS – 2007

                                HELENROSE APARECIDA DA SILVA PEDROSO COELHO
                                      Graduação: Ciências Sociais/Universidade Estadual de
                                              Campinas – UNICAMP, Campinas /SP – 1982
                                               Graduação: Psicologia/Universidade Católica
                                           Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1992
                               Graduação: Direito/Universidade para o Desenvolvimento do
                     Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, Campo Grande/MS – 2004
                                                Especialização: Gestão Judiciária Estratégica
                 Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, CEFETMT – 2007
                                       Mestrado: A Construção dos Sentidos de Promoção e
                 Prevenção de Saúde na Mídia Impressa – UCDB – Campo Grande/MS, 2006

                                                           MARIA APARECIDA DA SILVA
                                               Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas
                                Católicas Dom Bosco – FUCMT/ Campo Grande-MS – 1984
                         Especialização: Educação na Área da Saúde/Universidade Federal do
                                                      Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 1985
                                             Mestrado: Saúde Coletiva/Universidade Federal
                                          de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS, 1998

                                                MARIA RONEY DE QUEIROZ LEANDRO
                                               Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas
                                  Católicas Dom Bosco – FUCMT/Campo Grande-MS/1987
                                             Especialização: Saúde Pública – Escola Nacional
                                            de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz/1993




                                              v
Servico social 2009_5_1
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico


                                     Sumário
                               ____________________
MÓDULO – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL

UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁGIO SUPERVIONADO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  O diagnóstico como ferramenta de trabalho do serviço social .........................................                                    3
AULA 2
  Projetos sociais: solucionando problemas ..........................................................................                     10


UNIDADE DIDÁTICA – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  Trabalho e relações sociais na sociedade contemporânea .................................................                                19
AULA 2
  Divisão social do trabalho ...................................................................................................          24
AULA 3
  Produção social e valor ........................................................................................................        29
AULA 4
  Trabalho assalariado, capital e propriedade ........................................................................                    37
AULA 5
  Processos de trabalho e produção da riqueza social ...........................................................                          43
AULA 6
  O trabalho coletivo – trabalho e cooperação ......................................................................                      48
AULA 7
  Trabalho produtivo e improdutivo ......................................................................................                 52
AULA 8
  A polêmica em torno da crise da sociedade do trabalho ....................................................                              59
AULA 9
  Trabalho e sociedade em rede ..............................................................................................             65


UNIDADE DIDÁTICA – ESTRATÉGIAS DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  A inserção do assistente social nos processos do trabalho e as estratégias de trabalho
  em serviço social ...................................................................................................................   75
AULA 2
  Trabalho e serviço social: demandas tradicionais e demandas atuais ................................                                     78
AULA 3
  O redimensionamento da profissão: o mercado, as condições de trabalho, as
  perspectivas e competências profissionais...........................................................................                    81

                                                                              vii
AULA 4
  Condições de trabalho e respostas profissionais. A relação assistente social e usuários
  dos serviços sociais ............................................................................................................... 86
AULA 5
  As demandas e a intervenção profissional no âmbito das relações entre o estado e a
  sociedade ............................................................................................................................... 89
AULA 6
  A dimensão ético-política da prática profissional e o serviço social como instrumento
  de cidadania e garantia de direitos....................................................................................... 92
AULA 7
  Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do
  trabalho profissional – Parte 1 ............................................................................................. 95
AULA 8
  Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do
  trabalho profissional – Parte 2 ............................................................................................. 99
AULA 9
  Instrumentos, metodologias e técnicas utilizados pelo serviço social na busca de
  respostas as demandas do trabalho...................................................................................... 103

SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 108


MÓDULO – SOCIEDADE E CIDADANIA

UNIDADE DIDÁTICA – TERCEIRO SETOR E SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
  Considerações históricas sobre a emergência do terceiro setor .........................................                                  111
AULA 2
  Terceiro setor: conceitos, objetivos e características ...........................................................                       114
AULA 3
  Questões sociais, serviço social e as relações com o terceiro setor .....................................                                118
AULA 4
  Organizações de interesse público e legislações pertinentes ..............................................                               122
AULA 5
  As organizações de interesse público e a gestão das políticas sociais .................................                                  127
AULA 6
  Responsabilidade social e suas dimensões...........................................................................                      131
AULA 7
  Voluntariado .........................................................................................................................   135
AULA 8
  O voluntariado no terceiro setor..........................................................................................               140
AULA 9
  Financiamento do terceiro setor ..........................................................................................               144
AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico

UNIDADE DIDÁTICA – CONSELHOS POPULARES E CIDADANIA
AULA 1
  Contexto da cidadania ..........................................................................................................   153
AULA 2
  Participação e controle social: instâncias de cidadania.......................................................                     159
AULA 3
  Conselhos de políticas públicas: assistência social ..............................................................                 169
AULA 4
  Conselhos de políticas públicas: saúde ................................................................................            174
AULA 5
  Conselhos de defesa de direitos: do idoso e da pessoa com deficiência .............................                                179
AULA 6
  Conselhos de defesa de direitos: da criança e do adolescente (ECA).................................                                187
AULA 7
  Conselhos de defesa de direitos: da mulher ........................................................................                192
AULA 8
  Conselhos de defesa de direitos: do indígena e do negro ...................................................                        199
AULA 9
  Atuação do profissional na efetivação do controle social ...................................................                       207

SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 215




                                                                            ix
Servico social 2009_5_1
Módulo

                  PROCESSO DE
                 TRABALHO EM
                SERVIÇO SOCIAL




      Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo
     Professora Especialista Maria Roney de Queiroz Leandro
Professora MSc. Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social


      Apresentação

Caro acadêmico!

   Você irá começar o Estágio Supervisionado II do Curso de Serviço Social da UNIDERP Interativa. O está-
gio, sem dúvida alguma, é o momento de aprendizado prático, em meio a gama de conhecimentos teóricos
vivenciados no espaço da universidade, dando continuidade à prática de seu Estágio I. Porém, além da expe-
riência prática adquirida, o estágio também lhe proporcionará um estudo dessa vivência que engloba todas as
etapas, desde sua observação, supervisão, execução até a sua avaliação; enfim, um envolvimento das situações
reais vividas visando à integração do saber com o fazer, visão essa que atribuirá ao estágio um caráter de refle-
xão, o qual colocará você frente a inúmeras situações do dia-a-dia profissional, fazendo com que compreenda
o contexto da profissão que irá exercer a partir do conhecimento adquirido.
   “O estágio é o locus onde a identidade profissional do aluno é gerada, construída e referida; volta-se para
o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e siste-
maticamente.” (BURIOLLA, 001, p. 13).
   Para que o Estágio Supervisionado realmente contribua em sua formação, de vital importância serão as
seguintes atitudes:

  •   Ser responsável em todas as suas ações
  •   Ter atitudes éticas
  •   Realizar constantes reflexões
  •   Usar da autocrítica
  •   Ser colaborativo

                                                                                               Bom trabalho!
                                                      Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo

                                              “O possível não é o provável. Esse é o previsível, algo que podemos
                                          calcular e antever, porque é uma probabilidade contida nos fatos e nos
                                            dados que analisamos. O possível, porém, é aquilo criado pela nossa
                                                      própria ação. O que vem à existência graças ao nosso agir.”
                                                                                                  Marilena Chauí
AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social


                                              AULA

                       ____________________        1




                                                                                                            Unidade Didática – Estágio Supervionado em
          O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE
             TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL

  Conteúdo




                                                                                                                               Serviço Social
  •   Considerações sobre o estágio supervisionado
  •   O serviço social
  •   O diagnóstico como ferramenta para o assistente social
  •   Diagnóstico institucional
  •   Diagnóstico social

  Competências e habilidades
  • Entender o Estágio Supervisionado como o momento da prática das teorias aprendidas em sala
  • Compreender as questões sociais como foco do trabalho do assistente social
  • Verificar a importância do diagnóstico como ferramenta de trabalho para o assistente social

  Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal

  Duração
  h/a – via satélite com o professor interativo
  h/a – presenciais com o professor local
  6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo




CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTÁGIO                                  visão de um assistente social, fazendo com que o
SUPERVISIONADO                                                 acadêmico comece a correlacionar teoria e prá-
  O Estágio Supervisionado é a exteriorização do               tica, colaborando com o campo concedente de
aprendizado acadêmico fora dos limites da Uni-                 estágio.
versidade. É aquele ambiente onde o acadêmico irá                 O ambiente destinado ao estágio deverá propor-
aplicar e desenvolver os conhecimentos teóricos ad-            cionar ao acadêmico a consolidação de seus conhe-
quiridos.                                                      cimentos por meio do que o cotidiano pode lhe
  O estágio poderá ser realizado em instituições               oferecer. Diante disso, a troca de experiência deverá
de direito privado, órgãos públicos, organizações              levar o futuro profissional a tornar-se mais prepa-
não-governamentais, projetos sociais, como tam-                rado para atuar em diferentes campos e trabalhar a
bém em movimentos sociais, mediante a super-                   complexidade da realidade em seu dia-a-dia.

                                                         3
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

Estágio supervisionado II                                        O Serviço Social atua consciente da ação social recí-
   O Estágio Supervisionado II deve oportunizar                  proca e dinâmica dos elementos biológicos, psicoló-
ao acadêmico conhecer e sistematizar o diagnós-                  gicos e socioeconômicos do ambiente em que vive o
tico da realidade organizacional em que estiver                  ser humano. No seu diagnóstico e planejamento para
                                                                 encontrar a solução para os problemas de ajustamen-
inserido, de maneira que sejam identificadas as
                                                                 to social, o assistente social não pode excluir qualquer
demandas dos usuários, bem como as possibi-
                                                                 aspecto da vida do indivíduo com o qual trabalha,
lidades profissionais. Consiste na continuidade
                                                                 nem qualquer consição social que exista na comuni-
da aproximação com a realidade das instituições
                                                                 dade a que serve. (FRIEDLANDER 1975, p. 0).
iniciada no Estágio Supervisionado I. É inerente
ao Estágio II a iniciação do uso pelos alunos do               Essa abordagem não tem apenas o objetivo de
instrumental técnico-operativo empregado pelo               ajudar o indivíduo, a família e o grupo de pessoas
assistente social.                                          nos seus relacionamentos sociais, mas sim o intui-
   O Estágio Supervisionado II deve contemplar              to da melhoria das condições sociais do ambiente,
ainda:                                                      elevando padrões sanitários e econômicos na busca
   • Levantamento de necessidades sociais e conhe-          de condições dignas de moradia e trabalho, não dei-
      cimento institucional.                                xando de observar legislações sociais que atendam a
                                                            essa população.
   • Ênfase no diagnóstico sócio-institucional e na
      elaboração dos projetos de ação profissional.            Para Iamamoto (007), o serviço social, hoje,
                                                            deixa de ser um mecanismo de distribuição de ca-
   • Aprofundamento da articulação teórico-prá-
                                                            ridade, que até pouco tempo atrás era privativo das
      tica por meio da mediação das expressões das
                                                            classes dominantes, para se transformar em uma
      questões sociais apresentadas nos campos de
                                                            das engrenagens de políticas sociais.
      estágio mediante a caracterização da popula-
      ção usuária.                                             O serviço social somente poderá ser considerado
                                                            uma prática institucionalizada e legítima dentro da
   • Estudos de demandas e elaboração de registros
                                                            sociedade quando “responder a necessidades sociais
      técnicos.
                                                            derivadas da prática histórica das classes sociais na
   • Vivência do planejamento no âmbito dos pro-
                                                            produção e reprodução dos meios de vida e de tra-
      cessos de trabalho do serviço social (metodolo-
                                                            balho de forma socialmente determinada”. (IAMA-
      gias e procedimentos).
                                                            MOTO 007, p. 55).
   • Articulação permanente no campo de estágio
                                                               Ainda segundo a autora, o serviço social se insti-
      dos conceitos teóricos estudados nas demais
                                                            tucionaliza e legitima como profissão quando dei-
      disciplinas do currículo.
                                                            xa à parte sua forte tendência religiosa, e o Estado
   Nessa etapa, os estagiários deverão escolher uma         centraliza as políticas assistenciais, efetivadas pela
instituição para realizar o diagnóstico das condições       prestação de serviços sociais implementados pelas
concretas de trabalho para posterior proposição de          grandes instituições.
um projeto de intervenção, o qual será elaborado
                                                               O Assistente Social está diretamente ligado às
nessa etapa, mas executado na próxima.
                                                            mais diversas expressões das questões sociais, a ma-
                                                            téria-prima de seu trabalho. Confronta-se diaria-
O SERVIÇO SOCIAL                                            mente com as diversas manifestações dramáticas
   Dentro de uma estrutura básica de valores, para          das muitas questões sociais, tanto no nível indivi-
Friedlander (1975), o serviço social deve trabalhar         dual como no coletivo. (ABESS/CEDEPSS, 1996).
para ajudar os indivíduos, grupos e comunidades a              Nesse sentido, o assistente social passa a trabalhar
conseguir atingir um elevado índice de bem-estar            as questões sociais como executor e proponente de
social, mental e físico.                                    políticas sociais.
AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social

O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE                                             Diagnóstico institucional
TRABALHO PARA O ASSISTENTE SOCIAL                                               Quando se busca modificar a realidade dos pro-
   Diagnóstico é uma palavra de origem grega (giag-                          cessos ou organizações, elabora-se um diagnóstico.
nósis) que significa “por meio da verdade”. Reme-                            Diagnostica-se para entender e compreender as
tendo-nos ao significado contemporâneo do termo                              condições em que se encontram os processos e a
a “exame, discernimento e conhecimento, leva-nos                             própria organização ou para medir e avaliar o quan-
também à noção de que não é um fim em si mesmo,                              to foi modificada em relação à realidade inicial, bem
mas algo através do que acontece”. (Oliveira, 003).                         como a qualidade dessa modificação.
   O diagnóstico é a etapa do trabalho que irá sub-                             Pelo diagnóstico institucional pode-se ter uma
sidiar a base para os procedimentos de um planeja-                           melhor compreensão de diversos elementos anali-
mento de mudança e de desenvolvimento. Por meio                              sados dentro da instituição, possibilitando tomadas
dessa ferramenta procura-se identificar claramente                           de decisão julgadas necessárias. Segundo Krausz
uma dada situação, construindo uma opinião sobre                             (199), alguns dos seguintes elementos podem ser
ela, concretizando um conhecimento a partir do                               analisados: clima institucional, elementos de cul-
qual podem ser avaliadas possibilidades e alternati-                         tura, comunicação, relação interpessoal, estilos de
vas existentes para, então, definir o que se pretende                        liderança, motivação, trabalho em equipe, relações
realizar, a fim de se atingirem as metas e os objetivos                      interpessoais, tomadas de decisão, entre outros.
desejados. Para Oliveira (003), pode-se usar a figu-                           Para Oliveira (003), observar algo que não vai
ra do infinito ilustrando o processo do diagnóstico:                         bem no mundo físico é simples, porém, quando se
                                                                             observa o mundo das relações humanas, fica um
 Fatos, percepções                                  Objetivos                pouco mais complicado verificar onde estão as cau-
                                                                             sas do problema, como é o caso das instituições,


                               ?
                                                                             pois é dentro do contexto delas que acontecem as
     Caminho do                                   Caminho da                 relações dos indivíduos que formam essa empresa/
    conhecimento                                   escolha
                                                                             instituição.
                                                                                Se as pessoas que trabalham na instituição não
Conceitos, conclusões                                 Meios                  pararem para refletir a respeito do que não está fun-
                                                                             cionando a contento, o risco de haver um colapso
Fonte: Oliveira – 003 (Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social)
                                                                             em suas atividades aumentará cada vez mais. Para
                                                                             a autora, “no campo social, efeitos e conseqüências
   A autora fala que podemos entender o lado es-
                                                                             de determinados problemas só vão aparecer quando
querdo da figura como sendo o caminho para o
                                                                             estiverem num estágio mais adiantado”. Isso ocor-
conhecimento. Trata-se de um processo que ocorre
                                                                             rendo, os transtornos serão bem maiores do que se
dinamicamente por meio de diálogos, observações
                                                                             tivessem sido identificados logo no início.
de fatos, até chegar às devidas conclusões.
                                                                                Para que as instituições caminhem em seus pro-
   Em relação ao lado direito, a autora enfatiza que                         pósitos sem falhas que venham a prejudicar o bom
se trata do caminho para a ação, onde é definida por                         andamento dos trabalhos, de tempos em tempos,
meio do diálogo a ponderação dos objetivos e das di-                         principalmente se observado que algo não está de
versas alternativas em que se apresenta a situação.                          acordo ou mesmo quando estiver com expectativas
      “... esses dois caminhos se iniciam com perguntas e                    de alterações em suas atuações, é muito importan-
      estão interligados dinâmica e ciclicamente na vida                     te realizar reflexões para a verificação dos processos
      prática, de tal forma que a vida prática e o que se                    que estão sendo desenvolvidos na instituição, veri-
      pensa sobre ela influenciam-se mútua e continua-                       ficando como está a sua situação. Podemos então
      mente”. (Oliveira, 003, p. 3)                                         dizer que é saudável e necessária a realização de um

                                                                         5
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

diagnóstico institucional, para que se possa analisar           homem em uma sociedade, e também do propósito
se os propósitos dessa instituição estão no caminho             técnico-social.
correto. Em caso de haver alguma alteração, pode-se
                                                                     O conhecimento geral e principalmente o conheci-
retomar sua rota em prol do alcance dos objetivos
                                                                     mento social são formas de expressão de uma cons-
inicialmente propostos.
                                                                     telação de fatores psicológicos, históricos, culturais,
     O diagnóstico institucional deve se constituir como             políticos, econômicos e sociais que se interligam.
     um acontecimento ou uma ocasião específica den-                 Como hipótese inicial admite-se que todo conhe-
     tro de um processo dinâmico contínuo que altera                 cimento possui uma base socioeconômica, isto é,
     as atividades práticas da instituição com a reflexão            exprime a visão do mundo própria de uma deter-
     e a aprendizagem, que se realiza em momentos es-                minada época, de uma camada social e de um de-
     truturados de monitoramento e avaliação das mu-                 terminado povo. (Faleiros, 1978, p. 1)
     danças pelas quais a instituição passa. (Oliveira,
                                                                As questões sociais
     003, p. )
                                                                   Para Machado (1999), a questão social está en-
   Segundo a autora, ao se fazer um diagnóstico ins-            raizada na contradição capital versus trabalho. Em
titucional, realiza-se uma pesquisa para se conhecer            outros termos, é uma categoria que tem sua especi-
a realidade em que a instituição analisada está inse-           ficidade definida no âmbito do modo capitalista de
rida, identificando pontos fortes e fracos, podendo             produção.
até ser ressaltados em relação as suas limitações para
                                                                     A questão social não é senão as expressões do pro-
que sejam sanados os problemas diagnosticados.
                                                                     cesso de formação e desenvolvimento da classe
                                                                     operária e de seu ingresso no cenário político da so-
Diagnóstico social                                                   ciedade, exigindo seu reconhecimento como classe
   O que antecede o diagnóstico social é a fase de re-               por parte do empresariado e do Estado. É a mani-
conhecimento da questão social. Segundo Friedlan-                    festação, no cotidiano da vida social, da contradi-
der (1975), é onde o assistente social revê o projeto                ção entre o proletariado e a burguesia, a qual passa
de planejamento e a viabilidade de sua adequação.                    a exigir outros tipos de intervenção mais além da
Após essa análise vem o diagnóstico e, nesse mo-                     caridade e repressão. (CARVALHO e IAMAMOTO,
                                                                     1983, p. 77)
mento, o problema é especificado e são estabeleci-
dos os canais e meios de abordagem. O diagnóstico                  As diferenças sociais são diversas. Se houver a
social vai permitir que as ações sejam planejadas a             comparação de classes sociais, verifica-se a exterio-
partir do conhecimento mais profundo da realidade               rização de forma injusta, pois existe uma diferença
estudada.                                                       muito grande das classes mais abastadas em rela-
   O diagnóstico social permitirá a compreensão da              ção às mais pobres. Estas não possuem poder cul-
realidade social local ao incluir a identificação das           tural, econômico e político. De acordo com a lei, o
necessidades e a detecção dos problemas prioritários            povo deveria se posicionar melhor. Muito se fala
e respectivas causalidades, bem como os recursos e              em democracia participativa. A priori todos teriam
potencialidades locais que constituem reais oportu-             direitos iguais, livre-arbítrio e o compromisso de
nidades de desenvolvimento. Estabelece uma análi-               participar nas questões sociais com o objetivo de
se por áreas problemáticas e por temas, permitindo              reivindicar e oferecer propostas para a construção
uma compreensão mais abrangente dos problemas                   de uma sociedade mais justa. Infelizmente o que
que afetam o segmento trabalhado.                               ocorre é o oposto, ou seja, quem tem mais exer-
   Já Faleiros (1978) apresenta o diagnóstico como              ce também maior influência na política, na eco-
um instrumento que relaciona a existência das re-               nomia, no acesso a educação, moradia, trabalho,
lações sociais, em relação ao que depende a vida do             saúde etc.

                                                            6
AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social

   Segundo Melo Neto e Froes (00), problemas                   ciedade dos sujeitos sociais”. (IAMAMOTO, 007,
sociais são desvios entre o que existe e o que deve-             p. 1)
ria existir ou, mesmo, a diferença de algo que de-                  Para Andler (1987), a caracterização de uma ati-
veria ser alcançado e o que realmente se alcançou.               vidade constituída sobre a noção de problema não
Os problemas sociais representam um estado de                    pode ser completa sem a presença do conceito de so-
carência dos serviços sociais básicos, afetando um               lução, noção essa que certamente se aplica aos pro-
determinado segmento da população, que reside                    blemas sociais, reais ou potenciais, que num mundo
em uma dada área geográfica, com características                 globalizado afetam diretamente todo o planeta.
social, cultural, econômica e demográfica restritas
a essa população.
                                                                 O reconhecimento da questão social e o
   Quando existe a ocorrência de problemas so-                   diagnóstico social
ciais, verifica-se a carência ou mesmo a inexistência
                                                                    Para a realização do reconhecimento da ques-
de serviços fundamentais para a sobrevivência, ou
                                                                 tão social é necessário realizar um exame da via-
ainda a melhoria da qualidade de vida de um dado
                                                                 bilidade do problema ou projeto. Para Friedlan-
segmento da população.
                                                                 der (1975, p. 98), “... a primeira inspeção total do
   A relevância dos problemas sociais, ainda segun-              problema, sua posição prioritária nos encargos to-
do os autores, está ligada a extensão dos efeitos ad-            tais, sua conveniência quanto ao tempo, à função
vindos dessa realidade, como, por exemplo, aumen-                da agência e aos recursos humanos disponíveis e
to dos índices de mortalidade, desnutrição, doen-                capacitados”.
ças, analfabetismo, violência, fome etc., em relação                Ao determinar a real questão a ser trabalhada, o
a essa população, levando em conta o seu tamanho,                autor sugere que sejam feitas as seguintes perguntas:
suas características e peculiaridades.                           Quem está interessado? Por que está interessado?
  Iamamoto (007), em sua abordagem sobre tra-                   Qual é o histórico do problema? Quais são as causas
balho e serviço social, constata que a evolução de               subjacentes? Ocorreu algum incidente ou crise para
um dos problemas centrais do mundo contemporâ-                   que o problema fosse focalizado? Qual a amplitude
neo em relação ao capital financeiro é o domínio do              do problema – público, privado, campanha para ar-
capital produtivo:                                               recadar fundos, compromisso com o local trabalha-
                                                                 do, alguma questão de status do local em que traba-
     O desemprego e a crescente exclusão de contingen-
     tes expressivos de trabalhadores da possibilidade de        lha ou mesmo o desejo de um único cidadão? O que
     inserção ou reinserção no mercado de trabalho, que          existe a respeito de disposições? Deveriam outros
     se torna estreito em relação à força de trabalho dis-       problemas ser resolvidos antes? Por quê? Quais são
     ponível. Essa redução do emprego, aliada à retração         as dificuldades práticas ou restrições legais? Quais
     do Estado em suas responsabilidades públicas no             são os recursos de tempo e de pesquisa da liderança
     âmbito dos serviços e direitos sociais, faz crescerem       interessada e do pessoal técnico?
     a pobreza e a miséria, passa a comprometer os di-              Em geral, a questão do reconhecimento é de
     reitos sociais e humanos, inclusive o direito à pró-        responsabilidade do assistente social e das pessoas
     pria vida. (IAMAMOTO, 007, p. 87)                          envolvidas na questão, interessadas e preocupadas
   A autora também ressalta que numa dinâmica                    com o problema e que desejam que algo seja feito.
tensa da vida social é que surgem possibilidades e                  Após o reconhecimento da situação a ser traba-
esperanças de se realizarem e ampliarem direitos                 lhada inicia-se o período de realização do diagnós-
próprios à condição de cidadania, como também                    tico social.
“possibilidades de universalização da democracia,                  Para Friedlander (1975), o diagnóstico social
irradiada para múltiplas esferas e dimensões da so-              ocorrerá quando os envolvidos acreditarem que o

                                                             7
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

problema merece um maior exame. Nesse momen-                   A busca dos dados para que se transformem em
to, a área do problema será identificada.                      informações na execução do diagnóstico social
   O autor também menciona que na fase do diag-                    Dados são registros do que está sendo estuda-
nóstico o assistente social terá dois objetivos bem            do. Correspondem a uma anotação bastante direta
definidos:                                                     das observações, ou seja, com relativamente pouca
                                                               elaboração ou tratamento. Uma vez coletados, são
     1) Estabelecimento de relacionamento a ser uti-           compreendidos como um reflexo razoavelmente
        lizado mais tarde quando o projeto estiver em          confiável dos acontecimentos concretos.
        andamento.
                                                                   São classificados em dois grupos: os dados primá-
     ) Coleta de dados quanto à opinião, influências,
                                                               rios e os dados secundários. Os primários são aqueles
        reações e soluções dos problema que forneçam
                                                               que ainda não foram coletados, estando em posse dos
        uma base para a análise da situação-problema.
                                                               pesquisados, e que são coletados com o propósito de
        O assistente social poderá fazer uma coleta de
        dados preliminar.                                      atender às necessidades de um problema em parti-
                                                               cular, o qual se encontra em investigação. Os se-
   Apesar de a coleta de dados preliminar poder ser re-        cundários são aqueles que já foram coletados, tabula-
alizada somente pelo assistente social, é necessário que       dos, organizados e catalogados, estando à disposição
o estudo e as indagações da situação analisada sejam           dos interessados. (Mattar, 199)
debatidos com a participação de todos os envolvidos.               Após coletados os dados, transformamo-os em
   O Assistente Social, além da coleta de dados, pode          informação, pois uma informação são dados tra-
utilizar-se de outros instrumentais, como revisão de           balhados, organizados e interpretados. Por exem-
estudos anteriores, leituras, revisão de minutas e re-         plo: um nome (Maria José) ou um endereço (Rua
gistros existentes sobre o assunto já trabalhados em           Tiradentes, no 35) são dados que, por si sós, não
outras ocasiões. Também poderá se valer de estudos             dizem nada. Porém, quando combinados, podem
de programas locais que ofereçam serviços seme-                representar muita coisa. Se Maria José for cadastra-
lhantes ou que tenham os mesmos interesses, man-               da num projeto social de geração de renda e a Rua
ter contato com outros conselhos ou técnicos sobre             Tiradentes, no 35 for seu endereço, já podemos saber
o assunto, realizar reuniões que interessam ou es-             se ela mora perto ou longe desse projeto. Com uma
tão ligadas ao problema verificado, poderá também              lista dos seus participantes e endereços podemos
estar planejando algum tipo de ação. Outro fator               traçar a área de abrangência desse projeto.
apontado pelo autor, que é de extrema importância,                 É necessário saber diferenciar dados de informa-
é manter reuniões estratégicas com as pessoas que              ções e também saber transformar dados em infor-
estão em posições decisivas para influenciar na to-            mações para que elas sejam ferramentas úteis na
                                                               elaboração de um diagnóstico. Para transformar
mada de decisões.
                                                               os dados coletados em informação é preciso
   O diagnóstico deve ser um instrumento dinâmi-
                                                               analisar e interpretar os dados coletados.
co que possibilitará o levantamento, análise e inter-
pretação das causas dos problemas sociais, definindo                ... quando os dados são registrados num questio-
também as prioridades de intervenção com base em                    nário ou formulário, o pesquisador, primeiro, exa-
                                                                    mina cada formulário para assegurar-se de que ele
critérios, como a dificuldade de resolução, gravidade
                                                                    tenha sido preenchido completa e adequadamente.
ou dimensão dos problemas, entre outros aspectos.
                                                                    Então o pesquisador codifica os dados, ou seja, atri-
   Quando se realiza um diagnóstico social, tem-se                  bui símbolos ou números às respostas. Em seguida
como objetivo adquirir conhecimentos mais apro-                     os dados são tabulados, o que significa que o núme-
fundados da realidade social, por meio da constru-                  ro de casos que se encaixam em cada categoria ou
ção de uma base que sirva de referência para a pla-                 combinação de categoria de respostas são contados.
nificação e a tomada de decisões na área social.                    (CHURCHILL, 005, p. 13)

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AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social

   As questões sociais envolvem pessoas de uma so-           o pai, o provedor da família, saía para o mercado de
ciedade, seus valores, crenças e comportamentos.             trabalho. Atualmente são mínimas as famílias que
Para se realizar um diagnóstico de um determinado            se encaixam nesse velho modelo.
problema social torna-se necessário analisar essas
                                                                  As famílias de hoje incluem famílias compostas (a
pessoas em relação à idade, renda, sexo, padrão de
                                                                  fusão de duas famílias por meio de um segundo
moradia, cidade natal etc., como também suas ca-
                                                                  casamento ou união), família de pai/mãe solteiros,
racterísticas e cultura. Essa análise se dará por meio
                                                                  família de pais adotivos e famílias de homossexuais.
do estudo demográfico dessa população.                            Até mesmo a composição de família de apenas pai
   Conforme Churchill (005), a demografia trata                  ou mãe está mudando: embora a maioria dos filhos
do estudo das características de uma população hu-                de casais separados more com a mãe, os homens
mana, incluindo idade, índices de natalidade e de                 estão recebendo a custódia dos filhos com mais
mortalidade, estado civil, instrução, renda, crença               freqüência. Além disso, embora muitos dos pais
religiosa, etnia, imigração, como também distribui-               nessa situação sejam divorciados, outros nunca se
ção geográfica. Geralmente, para se conhecer me-                  casaram, o que cria mais uma categoria de família.
lhor a população trabalhada combinam-se dados                     (CHURCHILL, 005, p. 38)
das diversas características demográficas. Em um                A análise demográfica ajuda a conhecer a po-
diagnóstico, dependendo do projeto que será reali-           pulação-alvo, identifica padrões de diversidade e
zado, saber quantas pessoas são aposentadas, mães            fornece os subsídios indispensáveis para a reali-
de família, desempregadas, portadoras de alguma              zação do diagnóstico social, permitindo a com-
doença, sem moradia ou negras é que vai propor-              preensão da realidade social local ao incluir a
cionar o conhecimento da real situação.                      identificação das necessidades e a detecção dos
   Para realizar um diagnóstico, também é possí-             problemas prioritários, por meio de análise das
vel utilizar fontes de informações secundárias. No           áreas problemáticas, fornecendo meios para me-
Brasil, temos diversas. O governo federal coloca à           lhor compreensão dos problemas que afetam o
disposição dados demográficos por meio do IBGE               segmento trabalhado.
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do           Outro ponto relevante em relação ao diagnósti-
Ministério do Trabalho e Emprego, do MEC (Mi-                co, conforme Friedlander (1975), é a habilidade do
nistério da Educação e Cultura), do Ministério da            assistente social, pois ele tem que ter a capacidade
Previdência e Assistência Social e do IPEA (Instituto        de não antecipar sua opinião a respeito das possí-
de Pesquisa Econômica Aplicada), todos importan-             veis alternativas ou resultados, devendo manter-se
tes fornecedores de dados sobre a população brasi-           atento a uma grande variedade de opiniões e re-
leira. Também encontramos publicações em orga-               ações. O assistente social deve ainda promover e
nizações privadas, como o Instituto Gallup.                  manter o interesse das diversas pessoas ligadas à
   A população brasileira é muito variada. Chur-             questão. Nesse momento, segundo o autor, o as-
chill (005) relata que, mesmo antes de os euro-             sistente social deve perceber rapidamente as inte-
peus chegarem ao Brasil, nosso país já era povoado           rações, pois uma falsa avaliação dos motivos ou
por diversas tribos. Hoje, a diversidade de nossa            interesses, durante o início da fase do diagnósti-
população é muito grande. Muitos imigrantes, di-             co, pode criar falta de confiança e desinteresse por
versas línguas, trazendo com eles novos costumes             parte das pessoas envolvidas.
e valores.                                                      Portanto, o diagnóstico social tem como objetivo
   A mudança da composição da família também é               possuir um conhecimento mais aprofundado da re-
um dado demográfico importante. Antigamente as               alidade social pela construção de uma base que sirva
famílias eram compostas de uma mãe que permane-              de referência para a planificação e a tomada de deci-
cia em casa, cuidando dos diversos filhos, enquanto          sões na área trabalhada.

                                                         9
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social


                                                                                         AULA

                                                                  ____________________          2
Unidade Didática – Estágio Supervionado em




                                                          PROjETOS SOCIAIS: SOLUCIONANDO
                                                                    PROBLEMAS

                                             Conteúdo
                   Serviço Social




                                             •   Projetos e projetos sociais
                                             •   Planejamentos
                                             •   Ciclo de vida do projeto
                                             •   Etapas para a elaboração de projetos


                                             Competências e habilidades
                                             • Entender o projeto como ferramenta de trabalho para o assistente social
                                             • Identificar e compreender as diversas fases e etapas de um projeto
                                             • Compreender as etapas da elaboração de um projeto


                                             Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal

                                             Duração
                                             h/a – via satélite com o professor interativo
                                             h/a – presenciais com o professor local
                                             6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo




           PROJETOS SOCIAIS: SOLUCIONANDO                                                     Projetos e projetos sociais
           PROBLEMAS                                                                             Para Maximiniano (006, p. 6), “projetos são
              Projeto é um termo que vem do latim projec-                                     sistemas ou seqüências de atividades finitas com
           tus, tendo como significado lançar para frente uma                                 começo, meio e fim bem definidos”. Uma atividade
           idéia formada de algo que será realizado, um plano,                                que a instituição tem repetitivamente ou de duração
           um intento, um desígnio. Para se realizar algo não                                 contínua não é um projeto, trata-se de uma ativi-
           basta apenas a nossa imaginação. É de primordial                                   dade desenvolvida pelas funções inerentes daquela
           importância se conhecer a realidade a ser traba-                                   instituição. O autor ainda menciona que os proje-
           lhada para que se possam diferenciar as potencia-                                  tos são seqüências de atividades temporárias, tendo
           lidades e os riscos dos possíveis cursos alternativos                              como objetivo fornecer um produto final ou trazer
           da ação.                                                                           a resolução de um problema.

                                                                                        10
AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas

   A ISO 10006 (1997) já o define como “um pro-                 Para Woiller (1996), o processo de planejamento
cesso único, consistindo de um grupo de atividades           de uma instituição se dá por meio de informações
coordenadas e controladas com datas para início e            parciais. A fim de se tomar uma decisão correta,
término, empreendido para alcance de um objetivo             processa-se uma coleta de informações para se che-
conforme requisitos específicos, incluindo limita-           gar a uma certeza. Esse processo é inerente ao pla-
ções de tempo, custo e recursos”.                            nejamento de uma instituição. Para o autor, enten-
   Para se dar início a um projeto, Maximiniano diz          de-se o planejamento como um processo de decisão
que é preciso ter três questões bem definidas:               interdependente que tem por finalidade conduzir a
   • Qual o produto que será fornecido? (Qual é o            instituição a uma situação desejada.
     escopo do projeto?)                                        Portanto, planejar é decidir com antecipação
   • Quando será fornecido? (Qual é o prazo do               quais alternativas deverão ser analisadas para uma
     projeto?)                                               futura ação, escolhendo um curso para essa ação,
   • Quanto custará? (Qual é o orçamento do pro-             fixando objetivos a serem atingidos, verificando as
     jeto?)                                                  atividades que deverão ser desenvolvidas, a fim de
   Para o início de um projeto também deverá ser             que sejam alcançados os objetivos da instituição em
estabelecido, previamente, o público-alvo a ser tra-         um determinado tempo.
balhado ou seus beneficiários.                                  O processo do planejamento é uma das tarefas
   Todo projeto deve ter como resultado a presta-            mais importantes da administração de projetos, es-
ção específica de um serviço ou a produção de um             pecialmente quando se trata da fase de preparação,
respectivo bem. Segundo uma definição da ONU,                fase essa em que se definem as necessidades a se-
de 198, “um projeto é um empreendimento plane-              rem atendidas, os objetivos a serem alcançados e os
jado que consiste num conjunto de atividades inter-          recursos necessários. Sem o planejamento torna-se
relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos           impossível não só o início do projeto, como tam-
específicos dentro dos limites de um orçamento e de          bém a avaliação do seu andamento. (MAXIMINIA-
um período de tempo dados”.                                  NO, 1997)
   Portanto, ao pensarmos em um projeto, temos
também que pensar nas atividades que serão desen-
                                                             Ciclos de vida do projeto
volvidas, nos recursos que serão necessários para a
sua execução, isto é, tempo, dinheiro, equipamento              Conforme Maximiano (006), todo projeto ini-
e pessoas. Para tanto, é necessário contar com o pla-        cia-se como uma idéia, passando por diversas fases
nejamento e a programação das atividades.                    antes de se concretizar como produto ou servi-
                                                             ço que possa ser utilizado ou experimentado. As
   Os projetos sociais não diferem dos que já apre-
sentamos, surgem da necessidade de um problema               idéias podem nascer de problemas que têm que ser
concreto em relação a questões sociais. No desenvol-         solucionados, necessidades de mercado, encomen-
vimento dos projetos sociais são fundamentais que            das realizadas por clientes ou, mesmo, por em-
sejam claros os objetivos, especificados os recursos,        preendedores com idéias visionárias. Muitas vezes
declaradas as parcerias e como serão analisados os           uma sugestão ou uma lembrança pode levar a uma
resultados.                                                  idéia.
                                                                Para o autor, a idéia corresponde a 10% do proje-
Planejamento                                                 to, o que ele chama de fase de inspiração; e os 90%
  É o processo que tem por finalidade estabelecer,           restantes, chama de fase de transpiração, pois é o ato
com antecedência, decisões e ações a serem executa-          de executar o projeto. Contudo, os 10% de inspira-
das para se poder atingir um objetivo definido (VA-          ção são o mais difícil em um projeto, pois requerem
LERIANO, 00)                                               criatividade e talento.

                                                        11
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

  Embora cada projeto tenha características dife-             tas vezes, em função de alguns pressupostos, exis-
rentes, ele tem, pelo menos, quatro fases de seu ciclo        te a necessidade de se alterar a programação do
de vida bem definidas, a saber:                               projeto.

    1a) Preparação ou idéia: é o momento da iden-                4a) Encerramento: o projeto é concluído, ne-
tificação do problema e do tema a ser trabalhado.             cessitando realizar a análise de seus resultados e
Define-se os objetivos do projeto, pautando-se nas            impactos, comparando-se o que se pretendia origi-
expectativas do cliente (usuário). Nessa fase reali-          nalmente com o realmente alcançado. Também é o
zam-se a programação das atividades e a confecção             momento de cuidar da desmobilização do projeto,
da proposta técnica do projeto.                               caso não haja prosseguimento. Porém, algumas ve-
                                                              zes, muitas atividades precisam ser realizadas após
   2a) Estruturação ou desenho: é a fase que predo-
                                                              o término do projeto, como por exemplo: manu-
minam o detalhamento e o planejamento do plano
                                                              tenção, treinamentos ou mesmo a identificação e o
operacional. Uma vez decidido que o projeto vai ser
                                                              planejamento de novos projetos.
realizado, o próximo passo é o momento de organi-
                                                                 Ainda Maximiniano (006, p. 5), “cada tipo de
zar a equipe executora e mobilizar os meios neces-
                                                              projeto tem um tipo de ciclo de vida específico, e
sários para executá-lo.
                                                              o número de fases pode aumentar ou diminuir”.
   3a) Desenvolvimento e implementação: nes-                  O início e o fim de cada fase se sobrepõem. Antes
se momento os planos são colocados em prática,                de terminar uma fase do ciclo de vida, a próxima
começando a execução do projeto. É o período                  fase inicia-se. Sempre há elementos para que uma
em que as atividades previstas são realizadas e               nova fase se inicie quando a anterior ainda não se
acompanhadas de acordo com o planejado. Mui-                  concluiu.



                                      Etapas da elaboração do projeto



                IDENTIFICAÇÃO E
               ESCLARECIMENTO                   PLANEJAMENTO
               DE NECESSIDADES                   DO PROJETO




                                                 EXECUÇÃO DO                        CONTROLE
                                                   PROJETO                         DO PROJETO




                                                                                   CONCLUSÃO
                                                                                   DO PROJETO




       Processos principais de administração do projeto, segundo o PMBOK. Fonte: Maximiniano (2006)

                                                         1
AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas

DIAGNÓSTICO                                                  Podemos também acrescentar a criatividade e a ori-
   Diagnosticar é identificar as reais necessidades          ginalidade às soluções buscadas pelos projetos de
daquela pessoa, grupo ou organização social que re-          intervenção social.
ceberá a ação. Conforme já verificado, para Faleiros            A realização dos objetivos dá possibilidade de
(1978), o diagnóstico é que irá permitir a compreen-         atendimento às necessidades e justifica a realização
são da realidade social da localidade que se pretende        do projeto.
trabalhar, incluindo a identificação das necessidades
e a detecção dos problemas prioritários e também             JUSTIFICATIVA
as respectivas causalidades, recursos e potencialida-           Na justificativa, apresentam-se os elementos que
des locais. É nessa fase que se contextualiza o pro-         responderão à questão: “Por que se pretende realizar
blema ou idéia, estabelecendo-se uma análise por             o trabalho:” Para Barros e Lehfeld (00), a justificati-
áreas problemáticas e por temas, permitindo uma              va determina a importância do projeto em relação ao
compreensão mais abrangente dos problemas que                contexto social atual. Esse item é considerado como
afetam o segmento que se pretende trabalhar.                 defensor da necessidade e da efetivação dos problemas
                                                             levantados na fase do diagnóstico. A justificativa expli-
OBJETIVO                                                     ca os motivos da execução do projeto, como também a
   É o ponto focal do projeto. Segundo Valeriano             importância dele para a comunidade trabalhada.
(1998), é por meio dos objetivos que convergem to-
das as ações do projeto desde o início dos trabalhos.        PÚBLICO-ALVO
Somente a partir dos objetivos, expressos de forma
                                                                Quando falamos de público-alvo, entendemos o
clara e lógica, é que se poderá elaborar o planeja-
                                                             conjunto de pessoas ao qual se destina o projeto. É
mento preliminar que deve guiar todas as demais              o grupo de pessoas pertencente ao um dado local,
fases e etapas do ciclo de vida do projeto. “Um pro-         com atributos, carências ou potencialidades em co-
jeto sem objetivos bem definidos é um barco à deri-          mum que o projeto tem como pretensão atender. O
va.” (VALERIANO, 1998, p. 185)                               público-alvo são beneficiários diretamente ligados
   Para Maximiniano (006, p. 56), “os objetivos são         ao projeto. Existem também os indiretos, aquelas
resultados esperados de algum tipo de esforço, ação          pessoas que de alguma forma recebem os impactos
ou decisão que envolve a utilização de recursos”.            positivos do projeto sem terem sido alvo do proje-
  Os objetivos são divididos em gerais e específicos:        to inicialmente. Portanto, público-alvo são pessoas
  – Objetivos gerais: é o que se pretende com o pro-         ou grupos sociais que direta ou indiretamente serão
    jeto, conforme descrito na fase do diagnóstico.          beneficiados com o projeto.
  – Objetivos específicos: serão os caminhos para
    o alcance dos objetivos gerais.                          PARCEIROS TÉCNICOS E FINANCEIROS
   Os objetivos devem ser verificáveis, pois têm que             Nessa etapa procuram-se os parceiros que colabora-
ser passíveis de comparação. Para serem alcançáveis,         rão com a execução do projeto. É o momento de iden-
eles têm que indicar uma situação para que seja pos-         tificar os órgãos ou instituições que, de alguma forma,
sível seu alcance. As avaliações das condições para a        participarão das atividades do projeto, podendo ser por
realização dos objetivos necessitam que elas sejam           meio de financiamentos (promovendo recursos finan-
realistas. Em relação a ser específicos, têm que ser         ceiros) como por ação de apoiadores (não provêm re-
claros, bem-definidos e completamente compreen-              cursos, mas dão apoio logístico, de recursos humanos
síveis para terceiros. E, por fim, têm que ser adap-         e outros para o desenvolvimento e/ou implementação
táveis ao tempo, isto é, devem ter condições plenas          do projeto). É necessário relatar todas as instituições
de serem alcançados no tempo previsto no projeto.            parceiras com suas respectivas colaborações.

                                                        13
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

PRODUTOS DO PROJETO                                                    prazo de execução do projeto, indicando o início e o
   Após estabelecer os objetivos do projeto, define-                   término de cada uma.
se o produto ou serviço real que atenda a esses obje-                     Para que sejam realizadas as atividades do proje-
tivos, ou seja, são resultados entregues pelo projeto                  to, é necessária a utilização de recursos. Maximinia-
para a solução do problema. Esse produto físico ou                     no (006) nos mostra que em teoria deve-se primei-
serviço é denominado produto, que pode ser de ca-                      ro listar todas as atividades e, em seguida, realizar a
ráter quantitativo ou qualitativo. Demonstra o que                     previsão de recursos. Essa seria a ação correta a ser
de fato se alcançou em relação aos compromissos                        incrementada, porém menciona que na prática, em
assumidos pelo projeto.                                                determinados casos, há uma previsão inicial de re-
   Exemplo: a realização de um festival beneficente                    cursos que determina o que se pode fazer.
tem como objetivo angariar fundos para que seja                           A preparação do cronograma baseia-se na duração
atendido o seu objetivo final, a sobrevivência da ins-                 das atividades. A estimativa da sua duração também
tituição. O produto será o festival beneficente.                       se baseia em lógica, decisão e dependências externas.
                                                                       Segundo Maximiano (006), outro ponto que deve
   CONCEITO            DEFINIÇÃO                EXEMPLO
                                                                       ser observado é que a duração das atividades depen-
                                                                       de da quantidade de recursos previstos. Para o autor,
  NECESSIDADE
                       Problema que
                                              Falta de recursos        teoricamente quanto maior o número de pessoas en-
                         o projeto
 DIAGNOSTICADA                                   financeiros
                      procura resolver                                 volvidas e recursos disponíveis para o projeto, maior
                                                                       velocidade tem o ciclo de vida do projeto.
                     Produto ou serviço
                                                FESTIVAL                  O cronograma do projeto indica as decisões so-
    PRODUTO             que resolve
                                              BENEFICENTE
                        o problema                                     bre a duração e as seqüências das atividades que se-
                                                                       rão desenvolvidas para que se atinjam os objetivos.
                    Utilidade do produto                               Esse cronograma pode ter diversos modelos, porém
                     e sua contribuição
    OBJETIVO           para resolver o        Angariar fundos          optamos por acrescentar a seguir o Gráfico de Bar-
                    problema do objetivo
                          específico                                   ras, ou seja, o Gráfico de Gantt.
                                                                          Exemplo: Cronograma ou Gráfico de Barras (ou
                 Fonte: Maximiniano (006).
                                                                       Gráfico de Gantt):

IMPACTOS ESPERADOS
   Essa fase descreve os resultados e/ou produtos es-
                                                                                     JAN                FEV             MAR
perados. Verificam-se a repercussão e/ou os impactos
socioeconômicos, técnico-científicos e ambientais dos
                                                                       ATIVIDADE 1
resultados esperados. Na realidade, trata-se da solução
                                                                       ATIVIDADE 2
do problema em foco. Também podem ser compre-
endidas como as alterações percebidas em relação ao                    ATIVIDADE 3

público-alvo, podendo ser atribuídas exclusivamente                    ATIVIDADE 4

ao projeto social realizado. Os impactos são os resul-                 ATIVIDADE 5
tados fornecidos por meio dos efeitos dos projetos.
                                                                                           Fonte: Maximiniano (006).

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
   Nesse item se realiza a descrição das atividades                    INVESTIMENTOS
a serem desenvolvidas no projeto com a duração                            Na primeira etapa para a elaboração de um orça-
(dias, meses, anos) para cada etapa especificada. To-                  mento, segundo Maximiniano (006), deve-se elabo-
das as etapas devem estar programadas ao longo do                      rar uma relação dos recursos necessários para a reali-

                                                                  1
AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas

zação do projeto. Isso quer dizer que essa fase inicia-        não esquecendo nenhum valor. Depois de prepara-
se juntamente com o planejamento das atividades.               do o orçamento em detalhes, realiza-se o orçamento
   Ainda conforme o autor, os recursos necessários             simplificado, é a somatória total dos custos.
para o andamento do projeto classificam-se nor-                  Exemplo: orçamento simplificado*.
malmente em quatro tipos:
   – Mão-de-obra: gastos com funcionários da pró-              METAS FÍSICAS
     pria instituição ou serviços eventuais contrata-             As metas físicas traduzem os objetivos em aspec-
     dos. Este item divide-se em algumas categorias,           tos quantitativos, definindo o produto final a ser
     como coordenação, pessoal técnico, sênior, ad-            obtido em relação à quantidade de pessoas atendi-
     ministrativo etc.                                         das, dentro de um limite de tempo.
   – Material permanente: trata-se de bens, instala-
     ções, equipamentos e bens, construídos, aluga-            METODOLOGIA
     dos ou mesmos comprados.
                                                                  Durante a elaboração da metodologia, deve ser
   – Material de consumo: material de escritório,              relatada a forma que se pretende atingir em relação
     combustível, canetas, lápis etc.                          aos objetivos do projeto, quem faz parte da equi-
   – Serviços de terceiros: viagens, hospedagens,              pe, coordenadores e demais participantes, forma de
     transportes estaduais, municipais, serviços de            acompanhamento e avaliação do projeto, se haverá
     empresas especializadas etc.                              reuniões de acompanhamento semanais, periódicas
   Após a verificação dos recursos necessários pre-            ou mensais, ou seja, a forma que se pretende reali-
para-se a estimativa de custo, para tanto, é necessá-          zar, acompanhar e avaliar o andamento e resultados
rio atentar para três informações:                             do projeto.
   – Custo unitário de cada recurso: preço de uma
     resma de papel, de uma hora trabalhada etc.               INDICADORES DE DESEMPENHO
   – Duração das atividades: devem ser multiplica-               Indicadores de desempenho são os dados ou
     das pelo custo unitário, permitindo estimar o             mesmo informações, de preferência numéricos,
     custo total.                                              que representam um determinado fenômeno, os
   – Custos indiretos: trata-se das despesas que não           quais são utilizados para verificação de processos e
     são produzidas pelo projeto, mas atribuídas a             seus resultados. Podem ser conseguidos ao final do
     ele. Por exemplo: custos relacionados ao admi-            processo ou, ainda, durante a execução do projeto.
     nistrativo.                                               Portanto, os indicadores de desempenho têm por
   O orçamento é a estimativa dos custos do proje-             função medir o grau de realização das ações dos
to. Os custos devem ser lançados detalhadamente,               projetos.

*Orçamento simplificado

 ITENS DE CUSTO                   jAN.              FEV.                MAR.              ABR.           TOTAL

Mão-de-obra                       100               100                  100              100               400

Material permanente                50                50                   50               50               200

Material de consumo                50                50                   50               50               200

Terceiros                          50                50                   50               50               200

TOTAL                             250               250                  250              250             1.000

Fonte: Maximiniano (2006)



                                                          15
Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social

  Referências                                              BURIOLLA, Marta Alice Feiten. Estágio
BARROS, Aidil de Jesus Paes e LEHFELD,                     Supervisionado. a ed. São Paulo: Cortez, 006.
Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa:             _________, Estratégias em Serviço Social. 8a ed.,
Propostas Metodológicas. 15a ed., Rio de Janeiro:          São Paulo: Cortez, 008.
Ed. Vozes, 00.                                           _________, Saber Profissional e Poder
BIANCHI, Ana Maria de Moraes. Manual de                    Institucional. 7a ed., São Paulo: Cortez, 007.
Orientação: estágio supervisionado/Ana Cecília             __________, Administração de Projetos. Como
de Moraes Bianchi, Marina Alvarenga, Roberto               Transformar Idéias em Resultados. a ed., São
Bianchi. 3a ed., São Paulo: Cengage Learning, 008.        Paulo: Atlas, 006.




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  • 1. Educação sem fronteiras SERVIÇO SOCIAL Autores Edilene Maria de Oliveira Araújo Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho Maria Aparecida da Silva Maria Roney de Queiroz Leandro 5 www.interativa.uniderp.br www.unianhanguera.edu.br Anhanguera Publicações Valinhos/SP, 2009 00 - Servico Social - 5 Sem.indd 1 1/5/09 3:52:57 PM
  • 2. © 2009 Anhanguera Publicações Ficha Catalográfica produzida pela Biblioteca Central da Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, Anhanguera Educacional resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Impresso no Brasil 2009 S514 Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009. 224 p. - (Educação sem fronteiras ; 5). ISBN: 978-85-62280-06 1. Serviço social – Processo de trabalho. 2. Serviço social – Cidadania. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série. ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. CDD: 360 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS Presidente Prof. Antonio Carbonari Netto Diretor Acadêmico Prof. José Luis Poli Diretor Administrativo Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior CAMPUS I Reitor ANHANGUERA PUBLICAÇÕES Prof. Guilherme Marback Neto Vice-Reitor Diretor Profa. Heloísa Gianotti Pereira Prof. Diógenes da Silva Júnior Pró-Reitores Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior Gerente Acadêmico Pró-Reitora de Graduação: Prof. Paulo de Tarso Camillo de Carvalho Prof. Adauto Damásio Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato Gerente Administrativo Prof. Cássio Alvarenga Netto PROJETO DOS CURSOS Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli UNIDERP INTERATIVA Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado Pereira Diretor Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha Prof. Ednilson Aparecido Guioti Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz / Profa. Líliam Cristina Caldeira Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Coodernação Profa. Ana Lucia Américo Antonio Prof. Wilson Buzinaro Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Eva Maria Katayama Negrisolli / Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias Profa.Evanir Bordim Sandim / Profa. Maria Massae Sakate / Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora) Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espíndola Dias 00 - Servico Social - 5 Sem.indd 2 1/5/09 3:52:57 PM
  • 3. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Nossa Missão, Nossos Valores ____________________ A Anhanguera Educacional completa, em 2009, 15 anos. Desde sua fundação, buscou a ino- vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho. A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis- tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor relação qualidade/custo, adotou-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da Anhanguera. Atuando também no Ensino à Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es- tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da UNIDERP Interativa, nos seus pólos espalhados por todo o Brasil. Boa aprendizagem e bons estudos! Prof. Antonio Carbonari Netto Presidente — Anhanguera Educacional iii
  • 4. Apresentação ____________________ A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos, arrojados, pluralistas, democráticos. Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par- ceiros e congêneres no País e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo seu compromisso com a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos seus propósitos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e ascensão social. Reconhecida por sua ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportuni- dades de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a Distância. Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que em pouco tempo saiu das fronteiras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do País, possibilitando o acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída. O Centro de Educação a Distância, atua por meio de duas unidades operacionais, a Uniderp Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN), em função dos modelos alternativos ofe- recidos e seus respectivos pólos de apoio presencial, localizados em diversas regiões do País e ex- terior, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada e possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras. Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na sua estrutura organizacional e acadêmica, com reflexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro- Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza a compra pelos alunos de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e estimula-os a formar sua própria biblioteca, promovendo, dessa forma, a melhoria na qualidade de sua aprendizagem. É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos, preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena em sociedade. Prof. Guilherme Marback Neto
  • 5. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Autores ____________________ EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986 Especialização: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003 Especialização: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002 ELISA CLÉIA PINHEIRO RODRIGUES NObRE Graduação: Serviço Social – Universidade Católica Dom Bosco, UCDB – 1992 Especialização em Políticas Sociais – Universidade do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 2003 Mestrado em Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS – 2007 HELENROSE APARECIDA DA SILVA PEDROSO COELHO Graduação: Ciências Sociais/Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas /SP – 1982 Graduação: Psicologia/Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1992 Graduação: Direito/Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, Campo Grande/MS – 2004 Especialização: Gestão Judiciária Estratégica Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, CEFETMT – 2007 Mestrado: A Construção dos Sentidos de Promoção e Prevenção de Saúde na Mídia Impressa – UCDB – Campo Grande/MS, 2006 MARIA APARECIDA DA SILVA Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas Católicas Dom Bosco – FUCMT/ Campo Grande-MS – 1984 Especialização: Educação na Área da Saúde/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 1985 Mestrado: Saúde Coletiva/Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS, 1998 MARIA RONEY DE QUEIROZ LEANDRO Graduação: Serviço Social/Faculdades Unidas Católicas Dom Bosco – FUCMT/Campo Grande-MS/1987 Especialização: Saúde Pública – Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz/1993 v
  • 7. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Sumário ____________________ MÓDULO – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁGIO SUPERVIONADO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 O diagnóstico como ferramenta de trabalho do serviço social ......................................... 3 AULA 2 Projetos sociais: solucionando problemas .......................................................................... 10 UNIDADE DIDÁTICA – PROCESSO DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 Trabalho e relações sociais na sociedade contemporânea ................................................. 19 AULA 2 Divisão social do trabalho ................................................................................................... 24 AULA 3 Produção social e valor ........................................................................................................ 29 AULA 4 Trabalho assalariado, capital e propriedade ........................................................................ 37 AULA 5 Processos de trabalho e produção da riqueza social ........................................................... 43 AULA 6 O trabalho coletivo – trabalho e cooperação ...................................................................... 48 AULA 7 Trabalho produtivo e improdutivo ...................................................................................... 52 AULA 8 A polêmica em torno da crise da sociedade do trabalho .................................................... 59 AULA 9 Trabalho e sociedade em rede .............................................................................................. 65 UNIDADE DIDÁTICA – ESTRATÉGIAS DE TRAbALHO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 A inserção do assistente social nos processos do trabalho e as estratégias de trabalho em serviço social ................................................................................................................... 75 AULA 2 Trabalho e serviço social: demandas tradicionais e demandas atuais ................................ 78 AULA 3 O redimensionamento da profissão: o mercado, as condições de trabalho, as perspectivas e competências profissionais........................................................................... 81 vii
  • 8. AULA 4 Condições de trabalho e respostas profissionais. A relação assistente social e usuários dos serviços sociais ............................................................................................................... 86 AULA 5 As demandas e a intervenção profissional no âmbito das relações entre o estado e a sociedade ............................................................................................................................... 89 AULA 6 A dimensão ético-política da prática profissional e o serviço social como instrumento de cidadania e garantia de direitos....................................................................................... 92 AULA 7 Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do trabalho profissional – Parte 1 ............................................................................................. 95 AULA 8 Estratégia profissional e instrumental técnico-operativo utilizados no desempenho do trabalho profissional – Parte 2 ............................................................................................. 99 AULA 9 Instrumentos, metodologias e técnicas utilizados pelo serviço social na busca de respostas as demandas do trabalho...................................................................................... 103 SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 108 MÓDULO – SOCIEDADE E CIDADANIA UNIDADE DIDÁTICA – TERCEIRO SETOR E SERVIÇO SOCIAL AULA 1 Considerações históricas sobre a emergência do terceiro setor ......................................... 111 AULA 2 Terceiro setor: conceitos, objetivos e características ........................................................... 114 AULA 3 Questões sociais, serviço social e as relações com o terceiro setor ..................................... 118 AULA 4 Organizações de interesse público e legislações pertinentes .............................................. 122 AULA 5 As organizações de interesse público e a gestão das políticas sociais ................................. 127 AULA 6 Responsabilidade social e suas dimensões........................................................................... 131 AULA 7 Voluntariado ......................................................................................................................... 135 AULA 8 O voluntariado no terceiro setor.......................................................................................... 140 AULA 9 Financiamento do terceiro setor .......................................................................................... 144
  • 9. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico UNIDADE DIDÁTICA – CONSELHOS POPULARES E CIDADANIA AULA 1 Contexto da cidadania .......................................................................................................... 153 AULA 2 Participação e controle social: instâncias de cidadania....................................................... 159 AULA 3 Conselhos de políticas públicas: assistência social .............................................................. 169 AULA 4 Conselhos de políticas públicas: saúde ................................................................................ 174 AULA 5 Conselhos de defesa de direitos: do idoso e da pessoa com deficiência ............................. 179 AULA 6 Conselhos de defesa de direitos: da criança e do adolescente (ECA)................................. 187 AULA 7 Conselhos de defesa de direitos: da mulher ........................................................................ 192 AULA 8 Conselhos de defesa de direitos: do indígena e do negro ................................................... 199 AULA 9 Atuação do profissional na efetivação do controle social ................................................... 207 SEMINÁRIO INTEGRADO...................................................................................................... 215 ix
  • 11. Módulo PROCESSO DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo Professora Especialista Maria Roney de Queiroz Leandro Professora MSc. Helenrose Aparecida da Silva Pedroso Coelho
  • 12. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social Apresentação Caro acadêmico! Você irá começar o Estágio Supervisionado II do Curso de Serviço Social da UNIDERP Interativa. O está- gio, sem dúvida alguma, é o momento de aprendizado prático, em meio a gama de conhecimentos teóricos vivenciados no espaço da universidade, dando continuidade à prática de seu Estágio I. Porém, além da expe- riência prática adquirida, o estágio também lhe proporcionará um estudo dessa vivência que engloba todas as etapas, desde sua observação, supervisão, execução até a sua avaliação; enfim, um envolvimento das situações reais vividas visando à integração do saber com o fazer, visão essa que atribuirá ao estágio um caráter de refle- xão, o qual colocará você frente a inúmeras situações do dia-a-dia profissional, fazendo com que compreenda o contexto da profissão que irá exercer a partir do conhecimento adquirido. “O estágio é o locus onde a identidade profissional do aluno é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e siste- maticamente.” (BURIOLLA, 001, p. 13). Para que o Estágio Supervisionado realmente contribua em sua formação, de vital importância serão as seguintes atitudes: • Ser responsável em todas as suas ações • Ter atitudes éticas • Realizar constantes reflexões • Usar da autocrítica • Ser colaborativo Bom trabalho! Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo “O possível não é o provável. Esse é o previsível, algo que podemos calcular e antever, porque é uma probabilidade contida nos fatos e nos dados que analisamos. O possível, porém, é aquilo criado pela nossa própria ação. O que vem à existência graças ao nosso agir.” Marilena Chauí
  • 13. AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social AULA ____________________ 1 Unidade Didática – Estágio Supervionado em O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL Conteúdo Serviço Social • Considerações sobre o estágio supervisionado • O serviço social • O diagnóstico como ferramenta para o assistente social • Diagnóstico institucional • Diagnóstico social Competências e habilidades • Entender o Estágio Supervisionado como o momento da prática das teorias aprendidas em sala • Compreender as questões sociais como foco do trabalho do assistente social • Verificar a importância do diagnóstico como ferramenta de trabalho para o assistente social Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal Duração h/a – via satélite com o professor interativo h/a – presenciais com o professor local 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTÁGIO visão de um assistente social, fazendo com que o SUPERVISIONADO acadêmico comece a correlacionar teoria e prá- O Estágio Supervisionado é a exteriorização do tica, colaborando com o campo concedente de aprendizado acadêmico fora dos limites da Uni- estágio. versidade. É aquele ambiente onde o acadêmico irá O ambiente destinado ao estágio deverá propor- aplicar e desenvolver os conhecimentos teóricos ad- cionar ao acadêmico a consolidação de seus conhe- quiridos. cimentos por meio do que o cotidiano pode lhe O estágio poderá ser realizado em instituições oferecer. Diante disso, a troca de experiência deverá de direito privado, órgãos públicos, organizações levar o futuro profissional a tornar-se mais prepa- não-governamentais, projetos sociais, como tam- rado para atuar em diferentes campos e trabalhar a bém em movimentos sociais, mediante a super- complexidade da realidade em seu dia-a-dia. 3
  • 14. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social Estágio supervisionado II O Serviço Social atua consciente da ação social recí- O Estágio Supervisionado II deve oportunizar proca e dinâmica dos elementos biológicos, psicoló- ao acadêmico conhecer e sistematizar o diagnós- gicos e socioeconômicos do ambiente em que vive o tico da realidade organizacional em que estiver ser humano. No seu diagnóstico e planejamento para encontrar a solução para os problemas de ajustamen- inserido, de maneira que sejam identificadas as to social, o assistente social não pode excluir qualquer demandas dos usuários, bem como as possibi- aspecto da vida do indivíduo com o qual trabalha, lidades profissionais. Consiste na continuidade nem qualquer consição social que exista na comuni- da aproximação com a realidade das instituições dade a que serve. (FRIEDLANDER 1975, p. 0). iniciada no Estágio Supervisionado I. É inerente ao Estágio II a iniciação do uso pelos alunos do Essa abordagem não tem apenas o objetivo de instrumental técnico-operativo empregado pelo ajudar o indivíduo, a família e o grupo de pessoas assistente social. nos seus relacionamentos sociais, mas sim o intui- O Estágio Supervisionado II deve contemplar to da melhoria das condições sociais do ambiente, ainda: elevando padrões sanitários e econômicos na busca • Levantamento de necessidades sociais e conhe- de condições dignas de moradia e trabalho, não dei- cimento institucional. xando de observar legislações sociais que atendam a essa população. • Ênfase no diagnóstico sócio-institucional e na elaboração dos projetos de ação profissional. Para Iamamoto (007), o serviço social, hoje, deixa de ser um mecanismo de distribuição de ca- • Aprofundamento da articulação teórico-prá- ridade, que até pouco tempo atrás era privativo das tica por meio da mediação das expressões das classes dominantes, para se transformar em uma questões sociais apresentadas nos campos de das engrenagens de políticas sociais. estágio mediante a caracterização da popula- ção usuária. O serviço social somente poderá ser considerado uma prática institucionalizada e legítima dentro da • Estudos de demandas e elaboração de registros sociedade quando “responder a necessidades sociais técnicos. derivadas da prática histórica das classes sociais na • Vivência do planejamento no âmbito dos pro- produção e reprodução dos meios de vida e de tra- cessos de trabalho do serviço social (metodolo- balho de forma socialmente determinada”. (IAMA- gias e procedimentos). MOTO 007, p. 55). • Articulação permanente no campo de estágio Ainda segundo a autora, o serviço social se insti- dos conceitos teóricos estudados nas demais tucionaliza e legitima como profissão quando dei- disciplinas do currículo. xa à parte sua forte tendência religiosa, e o Estado Nessa etapa, os estagiários deverão escolher uma centraliza as políticas assistenciais, efetivadas pela instituição para realizar o diagnóstico das condições prestação de serviços sociais implementados pelas concretas de trabalho para posterior proposição de grandes instituições. um projeto de intervenção, o qual será elaborado O Assistente Social está diretamente ligado às nessa etapa, mas executado na próxima. mais diversas expressões das questões sociais, a ma- téria-prima de seu trabalho. Confronta-se diaria- O SERVIÇO SOCIAL mente com as diversas manifestações dramáticas Dentro de uma estrutura básica de valores, para das muitas questões sociais, tanto no nível indivi- Friedlander (1975), o serviço social deve trabalhar dual como no coletivo. (ABESS/CEDEPSS, 1996). para ajudar os indivíduos, grupos e comunidades a Nesse sentido, o assistente social passa a trabalhar conseguir atingir um elevado índice de bem-estar as questões sociais como executor e proponente de social, mental e físico. políticas sociais.
  • 15. AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE Diagnóstico institucional TRABALHO PARA O ASSISTENTE SOCIAL Quando se busca modificar a realidade dos pro- Diagnóstico é uma palavra de origem grega (giag- cessos ou organizações, elabora-se um diagnóstico. nósis) que significa “por meio da verdade”. Reme- Diagnostica-se para entender e compreender as tendo-nos ao significado contemporâneo do termo condições em que se encontram os processos e a a “exame, discernimento e conhecimento, leva-nos própria organização ou para medir e avaliar o quan- também à noção de que não é um fim em si mesmo, to foi modificada em relação à realidade inicial, bem mas algo através do que acontece”. (Oliveira, 003). como a qualidade dessa modificação. O diagnóstico é a etapa do trabalho que irá sub- Pelo diagnóstico institucional pode-se ter uma sidiar a base para os procedimentos de um planeja- melhor compreensão de diversos elementos anali- mento de mudança e de desenvolvimento. Por meio sados dentro da instituição, possibilitando tomadas dessa ferramenta procura-se identificar claramente de decisão julgadas necessárias. Segundo Krausz uma dada situação, construindo uma opinião sobre (199), alguns dos seguintes elementos podem ser ela, concretizando um conhecimento a partir do analisados: clima institucional, elementos de cul- qual podem ser avaliadas possibilidades e alternati- tura, comunicação, relação interpessoal, estilos de vas existentes para, então, definir o que se pretende liderança, motivação, trabalho em equipe, relações realizar, a fim de se atingirem as metas e os objetivos interpessoais, tomadas de decisão, entre outros. desejados. Para Oliveira (003), pode-se usar a figu- Para Oliveira (003), observar algo que não vai ra do infinito ilustrando o processo do diagnóstico: bem no mundo físico é simples, porém, quando se observa o mundo das relações humanas, fica um Fatos, percepções Objetivos pouco mais complicado verificar onde estão as cau- sas do problema, como é o caso das instituições, ? pois é dentro do contexto delas que acontecem as Caminho do Caminho da relações dos indivíduos que formam essa empresa/ conhecimento escolha instituição. Se as pessoas que trabalham na instituição não Conceitos, conclusões Meios pararem para refletir a respeito do que não está fun- cionando a contento, o risco de haver um colapso Fonte: Oliveira – 003 (Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social) em suas atividades aumentará cada vez mais. Para a autora, “no campo social, efeitos e conseqüências A autora fala que podemos entender o lado es- de determinados problemas só vão aparecer quando querdo da figura como sendo o caminho para o estiverem num estágio mais adiantado”. Isso ocor- conhecimento. Trata-se de um processo que ocorre rendo, os transtornos serão bem maiores do que se dinamicamente por meio de diálogos, observações tivessem sido identificados logo no início. de fatos, até chegar às devidas conclusões. Para que as instituições caminhem em seus pro- Em relação ao lado direito, a autora enfatiza que pósitos sem falhas que venham a prejudicar o bom se trata do caminho para a ação, onde é definida por andamento dos trabalhos, de tempos em tempos, meio do diálogo a ponderação dos objetivos e das di- principalmente se observado que algo não está de versas alternativas em que se apresenta a situação. acordo ou mesmo quando estiver com expectativas “... esses dois caminhos se iniciam com perguntas e de alterações em suas atuações, é muito importan- estão interligados dinâmica e ciclicamente na vida te realizar reflexões para a verificação dos processos prática, de tal forma que a vida prática e o que se que estão sendo desenvolvidos na instituição, veri- pensa sobre ela influenciam-se mútua e continua- ficando como está a sua situação. Podemos então mente”. (Oliveira, 003, p. 3) dizer que é saudável e necessária a realização de um 5
  • 16. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social diagnóstico institucional, para que se possa analisar homem em uma sociedade, e também do propósito se os propósitos dessa instituição estão no caminho técnico-social. correto. Em caso de haver alguma alteração, pode-se O conhecimento geral e principalmente o conheci- retomar sua rota em prol do alcance dos objetivos mento social são formas de expressão de uma cons- inicialmente propostos. telação de fatores psicológicos, históricos, culturais, O diagnóstico institucional deve se constituir como políticos, econômicos e sociais que se interligam. um acontecimento ou uma ocasião específica den- Como hipótese inicial admite-se que todo conhe- tro de um processo dinâmico contínuo que altera cimento possui uma base socioeconômica, isto é, as atividades práticas da instituição com a reflexão exprime a visão do mundo própria de uma deter- e a aprendizagem, que se realiza em momentos es- minada época, de uma camada social e de um de- truturados de monitoramento e avaliação das mu- terminado povo. (Faleiros, 1978, p. 1) danças pelas quais a instituição passa. (Oliveira, As questões sociais 003, p. ) Para Machado (1999), a questão social está en- Segundo a autora, ao se fazer um diagnóstico ins- raizada na contradição capital versus trabalho. Em titucional, realiza-se uma pesquisa para se conhecer outros termos, é uma categoria que tem sua especi- a realidade em que a instituição analisada está inse- ficidade definida no âmbito do modo capitalista de rida, identificando pontos fortes e fracos, podendo produção. até ser ressaltados em relação as suas limitações para A questão social não é senão as expressões do pro- que sejam sanados os problemas diagnosticados. cesso de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da so- Diagnóstico social ciedade, exigindo seu reconhecimento como classe O que antecede o diagnóstico social é a fase de re- por parte do empresariado e do Estado. É a mani- conhecimento da questão social. Segundo Friedlan- festação, no cotidiano da vida social, da contradi- der (1975), é onde o assistente social revê o projeto ção entre o proletariado e a burguesia, a qual passa de planejamento e a viabilidade de sua adequação. a exigir outros tipos de intervenção mais além da Após essa análise vem o diagnóstico e, nesse mo- caridade e repressão. (CARVALHO e IAMAMOTO, 1983, p. 77) mento, o problema é especificado e são estabeleci- dos os canais e meios de abordagem. O diagnóstico As diferenças sociais são diversas. Se houver a social vai permitir que as ações sejam planejadas a comparação de classes sociais, verifica-se a exterio- partir do conhecimento mais profundo da realidade rização de forma injusta, pois existe uma diferença estudada. muito grande das classes mais abastadas em rela- O diagnóstico social permitirá a compreensão da ção às mais pobres. Estas não possuem poder cul- realidade social local ao incluir a identificação das tural, econômico e político. De acordo com a lei, o necessidades e a detecção dos problemas prioritários povo deveria se posicionar melhor. Muito se fala e respectivas causalidades, bem como os recursos e em democracia participativa. A priori todos teriam potencialidades locais que constituem reais oportu- direitos iguais, livre-arbítrio e o compromisso de nidades de desenvolvimento. Estabelece uma análi- participar nas questões sociais com o objetivo de se por áreas problemáticas e por temas, permitindo reivindicar e oferecer propostas para a construção uma compreensão mais abrangente dos problemas de uma sociedade mais justa. Infelizmente o que que afetam o segmento trabalhado. ocorre é o oposto, ou seja, quem tem mais exer- Já Faleiros (1978) apresenta o diagnóstico como ce também maior influência na política, na eco- um instrumento que relaciona a existência das re- nomia, no acesso a educação, moradia, trabalho, lações sociais, em relação ao que depende a vida do saúde etc. 6
  • 17. AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social Segundo Melo Neto e Froes (00), problemas ciedade dos sujeitos sociais”. (IAMAMOTO, 007, sociais são desvios entre o que existe e o que deve- p. 1) ria existir ou, mesmo, a diferença de algo que de- Para Andler (1987), a caracterização de uma ati- veria ser alcançado e o que realmente se alcançou. vidade constituída sobre a noção de problema não Os problemas sociais representam um estado de pode ser completa sem a presença do conceito de so- carência dos serviços sociais básicos, afetando um lução, noção essa que certamente se aplica aos pro- determinado segmento da população, que reside blemas sociais, reais ou potenciais, que num mundo em uma dada área geográfica, com características globalizado afetam diretamente todo o planeta. social, cultural, econômica e demográfica restritas a essa população. O reconhecimento da questão social e o Quando existe a ocorrência de problemas so- diagnóstico social ciais, verifica-se a carência ou mesmo a inexistência Para a realização do reconhecimento da ques- de serviços fundamentais para a sobrevivência, ou tão social é necessário realizar um exame da via- ainda a melhoria da qualidade de vida de um dado bilidade do problema ou projeto. Para Friedlan- segmento da população. der (1975, p. 98), “... a primeira inspeção total do A relevância dos problemas sociais, ainda segun- problema, sua posição prioritária nos encargos to- do os autores, está ligada a extensão dos efeitos ad- tais, sua conveniência quanto ao tempo, à função vindos dessa realidade, como, por exemplo, aumen- da agência e aos recursos humanos disponíveis e to dos índices de mortalidade, desnutrição, doen- capacitados”. ças, analfabetismo, violência, fome etc., em relação Ao determinar a real questão a ser trabalhada, o a essa população, levando em conta o seu tamanho, autor sugere que sejam feitas as seguintes perguntas: suas características e peculiaridades. Quem está interessado? Por que está interessado? Iamamoto (007), em sua abordagem sobre tra- Qual é o histórico do problema? Quais são as causas balho e serviço social, constata que a evolução de subjacentes? Ocorreu algum incidente ou crise para um dos problemas centrais do mundo contemporâ- que o problema fosse focalizado? Qual a amplitude neo em relação ao capital financeiro é o domínio do do problema – público, privado, campanha para ar- capital produtivo: recadar fundos, compromisso com o local trabalha- do, alguma questão de status do local em que traba- O desemprego e a crescente exclusão de contingen- tes expressivos de trabalhadores da possibilidade de lha ou mesmo o desejo de um único cidadão? O que inserção ou reinserção no mercado de trabalho, que existe a respeito de disposições? Deveriam outros se torna estreito em relação à força de trabalho dis- problemas ser resolvidos antes? Por quê? Quais são ponível. Essa redução do emprego, aliada à retração as dificuldades práticas ou restrições legais? Quais do Estado em suas responsabilidades públicas no são os recursos de tempo e de pesquisa da liderança âmbito dos serviços e direitos sociais, faz crescerem interessada e do pessoal técnico? a pobreza e a miséria, passa a comprometer os di- Em geral, a questão do reconhecimento é de reitos sociais e humanos, inclusive o direito à pró- responsabilidade do assistente social e das pessoas pria vida. (IAMAMOTO, 007, p. 87) envolvidas na questão, interessadas e preocupadas A autora também ressalta que numa dinâmica com o problema e que desejam que algo seja feito. tensa da vida social é que surgem possibilidades e Após o reconhecimento da situação a ser traba- esperanças de se realizarem e ampliarem direitos lhada inicia-se o período de realização do diagnós- próprios à condição de cidadania, como também tico social. “possibilidades de universalização da democracia, Para Friedlander (1975), o diagnóstico social irradiada para múltiplas esferas e dimensões da so- ocorrerá quando os envolvidos acreditarem que o 7
  • 18. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social problema merece um maior exame. Nesse momen- A busca dos dados para que se transformem em to, a área do problema será identificada. informações na execução do diagnóstico social O autor também menciona que na fase do diag- Dados são registros do que está sendo estuda- nóstico o assistente social terá dois objetivos bem do. Correspondem a uma anotação bastante direta definidos: das observações, ou seja, com relativamente pouca elaboração ou tratamento. Uma vez coletados, são 1) Estabelecimento de relacionamento a ser uti- compreendidos como um reflexo razoavelmente lizado mais tarde quando o projeto estiver em confiável dos acontecimentos concretos. andamento. São classificados em dois grupos: os dados primá- ) Coleta de dados quanto à opinião, influências, rios e os dados secundários. Os primários são aqueles reações e soluções dos problema que forneçam que ainda não foram coletados, estando em posse dos uma base para a análise da situação-problema. pesquisados, e que são coletados com o propósito de O assistente social poderá fazer uma coleta de dados preliminar. atender às necessidades de um problema em parti- cular, o qual se encontra em investigação. Os se- Apesar de a coleta de dados preliminar poder ser re- cundários são aqueles que já foram coletados, tabula- alizada somente pelo assistente social, é necessário que dos, organizados e catalogados, estando à disposição o estudo e as indagações da situação analisada sejam dos interessados. (Mattar, 199) debatidos com a participação de todos os envolvidos. Após coletados os dados, transformamo-os em O Assistente Social, além da coleta de dados, pode informação, pois uma informação são dados tra- utilizar-se de outros instrumentais, como revisão de balhados, organizados e interpretados. Por exem- estudos anteriores, leituras, revisão de minutas e re- plo: um nome (Maria José) ou um endereço (Rua gistros existentes sobre o assunto já trabalhados em Tiradentes, no 35) são dados que, por si sós, não outras ocasiões. Também poderá se valer de estudos dizem nada. Porém, quando combinados, podem de programas locais que ofereçam serviços seme- representar muita coisa. Se Maria José for cadastra- lhantes ou que tenham os mesmos interesses, man- da num projeto social de geração de renda e a Rua ter contato com outros conselhos ou técnicos sobre Tiradentes, no 35 for seu endereço, já podemos saber o assunto, realizar reuniões que interessam ou es- se ela mora perto ou longe desse projeto. Com uma tão ligadas ao problema verificado, poderá também lista dos seus participantes e endereços podemos estar planejando algum tipo de ação. Outro fator traçar a área de abrangência desse projeto. apontado pelo autor, que é de extrema importância, É necessário saber diferenciar dados de informa- é manter reuniões estratégicas com as pessoas que ções e também saber transformar dados em infor- estão em posições decisivas para influenciar na to- mações para que elas sejam ferramentas úteis na elaboração de um diagnóstico. Para transformar mada de decisões. os dados coletados em informação é preciso O diagnóstico deve ser um instrumento dinâmi- analisar e interpretar os dados coletados. co que possibilitará o levantamento, análise e inter- pretação das causas dos problemas sociais, definindo ... quando os dados são registrados num questio- também as prioridades de intervenção com base em nário ou formulário, o pesquisador, primeiro, exa- mina cada formulário para assegurar-se de que ele critérios, como a dificuldade de resolução, gravidade tenha sido preenchido completa e adequadamente. ou dimensão dos problemas, entre outros aspectos. Então o pesquisador codifica os dados, ou seja, atri- Quando se realiza um diagnóstico social, tem-se bui símbolos ou números às respostas. Em seguida como objetivo adquirir conhecimentos mais apro- os dados são tabulados, o que significa que o núme- fundados da realidade social, por meio da constru- ro de casos que se encaixam em cada categoria ou ção de uma base que sirva de referência para a pla- combinação de categoria de respostas são contados. nificação e a tomada de decisões na área social. (CHURCHILL, 005, p. 13) 8
  • 19. AULA 1 — O Diagnóstico como Ferramenta de Trabalho do Serviço Social As questões sociais envolvem pessoas de uma so- o pai, o provedor da família, saía para o mercado de ciedade, seus valores, crenças e comportamentos. trabalho. Atualmente são mínimas as famílias que Para se realizar um diagnóstico de um determinado se encaixam nesse velho modelo. problema social torna-se necessário analisar essas As famílias de hoje incluem famílias compostas (a pessoas em relação à idade, renda, sexo, padrão de fusão de duas famílias por meio de um segundo moradia, cidade natal etc., como também suas ca- casamento ou união), família de pai/mãe solteiros, racterísticas e cultura. Essa análise se dará por meio família de pais adotivos e famílias de homossexuais. do estudo demográfico dessa população. Até mesmo a composição de família de apenas pai Conforme Churchill (005), a demografia trata ou mãe está mudando: embora a maioria dos filhos do estudo das características de uma população hu- de casais separados more com a mãe, os homens mana, incluindo idade, índices de natalidade e de estão recebendo a custódia dos filhos com mais mortalidade, estado civil, instrução, renda, crença freqüência. Além disso, embora muitos dos pais religiosa, etnia, imigração, como também distribui- nessa situação sejam divorciados, outros nunca se ção geográfica. Geralmente, para se conhecer me- casaram, o que cria mais uma categoria de família. lhor a população trabalhada combinam-se dados (CHURCHILL, 005, p. 38) das diversas características demográficas. Em um A análise demográfica ajuda a conhecer a po- diagnóstico, dependendo do projeto que será reali- pulação-alvo, identifica padrões de diversidade e zado, saber quantas pessoas são aposentadas, mães fornece os subsídios indispensáveis para a reali- de família, desempregadas, portadoras de alguma zação do diagnóstico social, permitindo a com- doença, sem moradia ou negras é que vai propor- preensão da realidade social local ao incluir a cionar o conhecimento da real situação. identificação das necessidades e a detecção dos Para realizar um diagnóstico, também é possí- problemas prioritários, por meio de análise das vel utilizar fontes de informações secundárias. No áreas problemáticas, fornecendo meios para me- Brasil, temos diversas. O governo federal coloca à lhor compreensão dos problemas que afetam o disposição dados demográficos por meio do IBGE segmento trabalhado. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do Outro ponto relevante em relação ao diagnósti- Ministério do Trabalho e Emprego, do MEC (Mi- co, conforme Friedlander (1975), é a habilidade do nistério da Educação e Cultura), do Ministério da assistente social, pois ele tem que ter a capacidade Previdência e Assistência Social e do IPEA (Instituto de não antecipar sua opinião a respeito das possí- de Pesquisa Econômica Aplicada), todos importan- veis alternativas ou resultados, devendo manter-se tes fornecedores de dados sobre a população brasi- atento a uma grande variedade de opiniões e re- leira. Também encontramos publicações em orga- ações. O assistente social deve ainda promover e nizações privadas, como o Instituto Gallup. manter o interesse das diversas pessoas ligadas à A população brasileira é muito variada. Chur- questão. Nesse momento, segundo o autor, o as- chill (005) relata que, mesmo antes de os euro- sistente social deve perceber rapidamente as inte- peus chegarem ao Brasil, nosso país já era povoado rações, pois uma falsa avaliação dos motivos ou por diversas tribos. Hoje, a diversidade de nossa interesses, durante o início da fase do diagnósti- população é muito grande. Muitos imigrantes, di- co, pode criar falta de confiança e desinteresse por versas línguas, trazendo com eles novos costumes parte das pessoas envolvidas. e valores. Portanto, o diagnóstico social tem como objetivo A mudança da composição da família também é possuir um conhecimento mais aprofundado da re- um dado demográfico importante. Antigamente as alidade social pela construção de uma base que sirva famílias eram compostas de uma mãe que permane- de referência para a planificação e a tomada de deci- cia em casa, cuidando dos diversos filhos, enquanto sões na área trabalhada. 9
  • 20. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social AULA ____________________ 2 Unidade Didática – Estágio Supervionado em PROjETOS SOCIAIS: SOLUCIONANDO PROBLEMAS Conteúdo Serviço Social • Projetos e projetos sociais • Planejamentos • Ciclo de vida do projeto • Etapas para a elaboração de projetos Competências e habilidades • Entender o projeto como ferramenta de trabalho para o assistente social • Identificar e compreender as diversas fases e etapas de um projeto • Compreender as etapas da elaboração de um projeto Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal Duração h/a – via satélite com o professor interativo h/a – presenciais com o professor local 6h/a – mínimo sugerido para auto-estudo PROJETOS SOCIAIS: SOLUCIONANDO Projetos e projetos sociais PROBLEMAS Para Maximiniano (006, p. 6), “projetos são Projeto é um termo que vem do latim projec- sistemas ou seqüências de atividades finitas com tus, tendo como significado lançar para frente uma começo, meio e fim bem definidos”. Uma atividade idéia formada de algo que será realizado, um plano, que a instituição tem repetitivamente ou de duração um intento, um desígnio. Para se realizar algo não contínua não é um projeto, trata-se de uma ativi- basta apenas a nossa imaginação. É de primordial dade desenvolvida pelas funções inerentes daquela importância se conhecer a realidade a ser traba- instituição. O autor ainda menciona que os proje- lhada para que se possam diferenciar as potencia- tos são seqüências de atividades temporárias, tendo lidades e os riscos dos possíveis cursos alternativos como objetivo fornecer um produto final ou trazer da ação. a resolução de um problema. 10
  • 21. AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas A ISO 10006 (1997) já o define como “um pro- Para Woiller (1996), o processo de planejamento cesso único, consistindo de um grupo de atividades de uma instituição se dá por meio de informações coordenadas e controladas com datas para início e parciais. A fim de se tomar uma decisão correta, término, empreendido para alcance de um objetivo processa-se uma coleta de informações para se che- conforme requisitos específicos, incluindo limita- gar a uma certeza. Esse processo é inerente ao pla- ções de tempo, custo e recursos”. nejamento de uma instituição. Para o autor, enten- Para se dar início a um projeto, Maximiniano diz de-se o planejamento como um processo de decisão que é preciso ter três questões bem definidas: interdependente que tem por finalidade conduzir a • Qual o produto que será fornecido? (Qual é o instituição a uma situação desejada. escopo do projeto?) Portanto, planejar é decidir com antecipação • Quando será fornecido? (Qual é o prazo do quais alternativas deverão ser analisadas para uma projeto?) futura ação, escolhendo um curso para essa ação, • Quanto custará? (Qual é o orçamento do pro- fixando objetivos a serem atingidos, verificando as jeto?) atividades que deverão ser desenvolvidas, a fim de Para o início de um projeto também deverá ser que sejam alcançados os objetivos da instituição em estabelecido, previamente, o público-alvo a ser tra- um determinado tempo. balhado ou seus beneficiários. O processo do planejamento é uma das tarefas Todo projeto deve ter como resultado a presta- mais importantes da administração de projetos, es- ção específica de um serviço ou a produção de um pecialmente quando se trata da fase de preparação, respectivo bem. Segundo uma definição da ONU, fase essa em que se definem as necessidades a se- de 198, “um projeto é um empreendimento plane- rem atendidas, os objetivos a serem alcançados e os jado que consiste num conjunto de atividades inter- recursos necessários. Sem o planejamento torna-se relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos impossível não só o início do projeto, como tam- específicos dentro dos limites de um orçamento e de bém a avaliação do seu andamento. (MAXIMINIA- um período de tempo dados”. NO, 1997) Portanto, ao pensarmos em um projeto, temos também que pensar nas atividades que serão desen- Ciclos de vida do projeto volvidas, nos recursos que serão necessários para a sua execução, isto é, tempo, dinheiro, equipamento Conforme Maximiano (006), todo projeto ini- e pessoas. Para tanto, é necessário contar com o pla- cia-se como uma idéia, passando por diversas fases nejamento e a programação das atividades. antes de se concretizar como produto ou servi- ço que possa ser utilizado ou experimentado. As Os projetos sociais não diferem dos que já apre- sentamos, surgem da necessidade de um problema idéias podem nascer de problemas que têm que ser concreto em relação a questões sociais. No desenvol- solucionados, necessidades de mercado, encomen- vimento dos projetos sociais são fundamentais que das realizadas por clientes ou, mesmo, por em- sejam claros os objetivos, especificados os recursos, preendedores com idéias visionárias. Muitas vezes declaradas as parcerias e como serão analisados os uma sugestão ou uma lembrança pode levar a uma resultados. idéia. Para o autor, a idéia corresponde a 10% do proje- Planejamento to, o que ele chama de fase de inspiração; e os 90% É o processo que tem por finalidade estabelecer, restantes, chama de fase de transpiração, pois é o ato com antecedência, decisões e ações a serem executa- de executar o projeto. Contudo, os 10% de inspira- das para se poder atingir um objetivo definido (VA- ção são o mais difícil em um projeto, pois requerem LERIANO, 00) criatividade e talento. 11
  • 22. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social Embora cada projeto tenha características dife- tas vezes, em função de alguns pressupostos, exis- rentes, ele tem, pelo menos, quatro fases de seu ciclo te a necessidade de se alterar a programação do de vida bem definidas, a saber: projeto. 1a) Preparação ou idéia: é o momento da iden- 4a) Encerramento: o projeto é concluído, ne- tificação do problema e do tema a ser trabalhado. cessitando realizar a análise de seus resultados e Define-se os objetivos do projeto, pautando-se nas impactos, comparando-se o que se pretendia origi- expectativas do cliente (usuário). Nessa fase reali- nalmente com o realmente alcançado. Também é o zam-se a programação das atividades e a confecção momento de cuidar da desmobilização do projeto, da proposta técnica do projeto. caso não haja prosseguimento. Porém, algumas ve- zes, muitas atividades precisam ser realizadas após 2a) Estruturação ou desenho: é a fase que predo- o término do projeto, como por exemplo: manu- minam o detalhamento e o planejamento do plano tenção, treinamentos ou mesmo a identificação e o operacional. Uma vez decidido que o projeto vai ser planejamento de novos projetos. realizado, o próximo passo é o momento de organi- Ainda Maximiniano (006, p. 5), “cada tipo de zar a equipe executora e mobilizar os meios neces- projeto tem um tipo de ciclo de vida específico, e sários para executá-lo. o número de fases pode aumentar ou diminuir”. 3a) Desenvolvimento e implementação: nes- O início e o fim de cada fase se sobrepõem. Antes se momento os planos são colocados em prática, de terminar uma fase do ciclo de vida, a próxima começando a execução do projeto. É o período fase inicia-se. Sempre há elementos para que uma em que as atividades previstas são realizadas e nova fase se inicie quando a anterior ainda não se acompanhadas de acordo com o planejado. Mui- concluiu. Etapas da elaboração do projeto IDENTIFICAÇÃO E ESCLARECIMENTO PLANEJAMENTO DE NECESSIDADES DO PROJETO EXECUÇÃO DO CONTROLE PROJETO DO PROJETO CONCLUSÃO DO PROJETO Processos principais de administração do projeto, segundo o PMBOK. Fonte: Maximiniano (2006) 1
  • 23. AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas DIAGNÓSTICO Podemos também acrescentar a criatividade e a ori- Diagnosticar é identificar as reais necessidades ginalidade às soluções buscadas pelos projetos de daquela pessoa, grupo ou organização social que re- intervenção social. ceberá a ação. Conforme já verificado, para Faleiros A realização dos objetivos dá possibilidade de (1978), o diagnóstico é que irá permitir a compreen- atendimento às necessidades e justifica a realização são da realidade social da localidade que se pretende do projeto. trabalhar, incluindo a identificação das necessidades e a detecção dos problemas prioritários e também JUSTIFICATIVA as respectivas causalidades, recursos e potencialida- Na justificativa, apresentam-se os elementos que des locais. É nessa fase que se contextualiza o pro- responderão à questão: “Por que se pretende realizar blema ou idéia, estabelecendo-se uma análise por o trabalho:” Para Barros e Lehfeld (00), a justificati- áreas problemáticas e por temas, permitindo uma va determina a importância do projeto em relação ao compreensão mais abrangente dos problemas que contexto social atual. Esse item é considerado como afetam o segmento que se pretende trabalhar. defensor da necessidade e da efetivação dos problemas levantados na fase do diagnóstico. A justificativa expli- OBJETIVO ca os motivos da execução do projeto, como também a É o ponto focal do projeto. Segundo Valeriano importância dele para a comunidade trabalhada. (1998), é por meio dos objetivos que convergem to- das as ações do projeto desde o início dos trabalhos. PÚBLICO-ALVO Somente a partir dos objetivos, expressos de forma Quando falamos de público-alvo, entendemos o clara e lógica, é que se poderá elaborar o planeja- conjunto de pessoas ao qual se destina o projeto. É mento preliminar que deve guiar todas as demais o grupo de pessoas pertencente ao um dado local, fases e etapas do ciclo de vida do projeto. “Um pro- com atributos, carências ou potencialidades em co- jeto sem objetivos bem definidos é um barco à deri- mum que o projeto tem como pretensão atender. O va.” (VALERIANO, 1998, p. 185) público-alvo são beneficiários diretamente ligados Para Maximiniano (006, p. 56), “os objetivos são ao projeto. Existem também os indiretos, aquelas resultados esperados de algum tipo de esforço, ação pessoas que de alguma forma recebem os impactos ou decisão que envolve a utilização de recursos”. positivos do projeto sem terem sido alvo do proje- Os objetivos são divididos em gerais e específicos: to inicialmente. Portanto, público-alvo são pessoas – Objetivos gerais: é o que se pretende com o pro- ou grupos sociais que direta ou indiretamente serão jeto, conforme descrito na fase do diagnóstico. beneficiados com o projeto. – Objetivos específicos: serão os caminhos para o alcance dos objetivos gerais. PARCEIROS TÉCNICOS E FINANCEIROS Os objetivos devem ser verificáveis, pois têm que Nessa etapa procuram-se os parceiros que colabora- ser passíveis de comparação. Para serem alcançáveis, rão com a execução do projeto. É o momento de iden- eles têm que indicar uma situação para que seja pos- tificar os órgãos ou instituições que, de alguma forma, sível seu alcance. As avaliações das condições para a participarão das atividades do projeto, podendo ser por realização dos objetivos necessitam que elas sejam meio de financiamentos (promovendo recursos finan- realistas. Em relação a ser específicos, têm que ser ceiros) como por ação de apoiadores (não provêm re- claros, bem-definidos e completamente compreen- cursos, mas dão apoio logístico, de recursos humanos síveis para terceiros. E, por fim, têm que ser adap- e outros para o desenvolvimento e/ou implementação táveis ao tempo, isto é, devem ter condições plenas do projeto). É necessário relatar todas as instituições de serem alcançados no tempo previsto no projeto. parceiras com suas respectivas colaborações. 13
  • 24. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social PRODUTOS DO PROJETO prazo de execução do projeto, indicando o início e o Após estabelecer os objetivos do projeto, define- término de cada uma. se o produto ou serviço real que atenda a esses obje- Para que sejam realizadas as atividades do proje- tivos, ou seja, são resultados entregues pelo projeto to, é necessária a utilização de recursos. Maximinia- para a solução do problema. Esse produto físico ou no (006) nos mostra que em teoria deve-se primei- serviço é denominado produto, que pode ser de ca- ro listar todas as atividades e, em seguida, realizar a ráter quantitativo ou qualitativo. Demonstra o que previsão de recursos. Essa seria a ação correta a ser de fato se alcançou em relação aos compromissos incrementada, porém menciona que na prática, em assumidos pelo projeto. determinados casos, há uma previsão inicial de re- Exemplo: a realização de um festival beneficente cursos que determina o que se pode fazer. tem como objetivo angariar fundos para que seja A preparação do cronograma baseia-se na duração atendido o seu objetivo final, a sobrevivência da ins- das atividades. A estimativa da sua duração também tituição. O produto será o festival beneficente. se baseia em lógica, decisão e dependências externas. Segundo Maximiano (006), outro ponto que deve CONCEITO DEFINIÇÃO EXEMPLO ser observado é que a duração das atividades depen- de da quantidade de recursos previstos. Para o autor, NECESSIDADE Problema que Falta de recursos teoricamente quanto maior o número de pessoas en- o projeto DIAGNOSTICADA financeiros procura resolver volvidas e recursos disponíveis para o projeto, maior velocidade tem o ciclo de vida do projeto. Produto ou serviço FESTIVAL O cronograma do projeto indica as decisões so- PRODUTO que resolve BENEFICENTE o problema bre a duração e as seqüências das atividades que se- rão desenvolvidas para que se atinjam os objetivos. Utilidade do produto Esse cronograma pode ter diversos modelos, porém e sua contribuição OBJETIVO para resolver o Angariar fundos optamos por acrescentar a seguir o Gráfico de Bar- problema do objetivo específico ras, ou seja, o Gráfico de Gantt. Exemplo: Cronograma ou Gráfico de Barras (ou Fonte: Maximiniano (006). Gráfico de Gantt): IMPACTOS ESPERADOS Essa fase descreve os resultados e/ou produtos es- JAN FEV MAR perados. Verificam-se a repercussão e/ou os impactos socioeconômicos, técnico-científicos e ambientais dos ATIVIDADE 1 resultados esperados. Na realidade, trata-se da solução ATIVIDADE 2 do problema em foco. Também podem ser compre- endidas como as alterações percebidas em relação ao ATIVIDADE 3 público-alvo, podendo ser atribuídas exclusivamente ATIVIDADE 4 ao projeto social realizado. Os impactos são os resul- ATIVIDADE 5 tados fornecidos por meio dos efeitos dos projetos. Fonte: Maximiniano (006). CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Nesse item se realiza a descrição das atividades INVESTIMENTOS a serem desenvolvidas no projeto com a duração Na primeira etapa para a elaboração de um orça- (dias, meses, anos) para cada etapa especificada. To- mento, segundo Maximiniano (006), deve-se elabo- das as etapas devem estar programadas ao longo do rar uma relação dos recursos necessários para a reali- 1
  • 25. AULA 2 — Projetos Sociais: Solucionando Problemas zação do projeto. Isso quer dizer que essa fase inicia- não esquecendo nenhum valor. Depois de prepara- se juntamente com o planejamento das atividades. do o orçamento em detalhes, realiza-se o orçamento Ainda conforme o autor, os recursos necessários simplificado, é a somatória total dos custos. para o andamento do projeto classificam-se nor- Exemplo: orçamento simplificado*. malmente em quatro tipos: – Mão-de-obra: gastos com funcionários da pró- METAS FÍSICAS pria instituição ou serviços eventuais contrata- As metas físicas traduzem os objetivos em aspec- dos. Este item divide-se em algumas categorias, tos quantitativos, definindo o produto final a ser como coordenação, pessoal técnico, sênior, ad- obtido em relação à quantidade de pessoas atendi- ministrativo etc. das, dentro de um limite de tempo. – Material permanente: trata-se de bens, instala- ções, equipamentos e bens, construídos, aluga- METODOLOGIA dos ou mesmos comprados. Durante a elaboração da metodologia, deve ser – Material de consumo: material de escritório, relatada a forma que se pretende atingir em relação combustível, canetas, lápis etc. aos objetivos do projeto, quem faz parte da equi- – Serviços de terceiros: viagens, hospedagens, pe, coordenadores e demais participantes, forma de transportes estaduais, municipais, serviços de acompanhamento e avaliação do projeto, se haverá empresas especializadas etc. reuniões de acompanhamento semanais, periódicas Após a verificação dos recursos necessários pre- ou mensais, ou seja, a forma que se pretende reali- para-se a estimativa de custo, para tanto, é necessá- zar, acompanhar e avaliar o andamento e resultados rio atentar para três informações: do projeto. – Custo unitário de cada recurso: preço de uma resma de papel, de uma hora trabalhada etc. INDICADORES DE DESEMPENHO – Duração das atividades: devem ser multiplica- Indicadores de desempenho são os dados ou das pelo custo unitário, permitindo estimar o mesmo informações, de preferência numéricos, custo total. que representam um determinado fenômeno, os – Custos indiretos: trata-se das despesas que não quais são utilizados para verificação de processos e são produzidas pelo projeto, mas atribuídas a seus resultados. Podem ser conseguidos ao final do ele. Por exemplo: custos relacionados ao admi- processo ou, ainda, durante a execução do projeto. nistrativo. Portanto, os indicadores de desempenho têm por O orçamento é a estimativa dos custos do proje- função medir o grau de realização das ações dos to. Os custos devem ser lançados detalhadamente, projetos. *Orçamento simplificado ITENS DE CUSTO jAN. FEV. MAR. ABR. TOTAL Mão-de-obra 100 100 100 100 400 Material permanente 50 50 50 50 200 Material de consumo 50 50 50 50 200 Terceiros 50 50 50 50 200 TOTAL 250 250 250 250 1.000 Fonte: Maximiniano (2006) 15
  • 26. Unidade Didática — Estágio Supervisionado em Serviço Social Referências BURIOLLA, Marta Alice Feiten. Estágio BARROS, Aidil de Jesus Paes e LEHFELD, Supervisionado. a ed. São Paulo: Cortez, 006. Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa: _________, Estratégias em Serviço Social. 8a ed., Propostas Metodológicas. 15a ed., Rio de Janeiro: São Paulo: Cortez, 008. Ed. Vozes, 00. _________, Saber Profissional e Poder BIANCHI, Ana Maria de Moraes. Manual de Institucional. 7a ed., São Paulo: Cortez, 007. Orientação: estágio supervisionado/Ana Cecília __________, Administração de Projetos. Como de Moraes Bianchi, Marina Alvarenga, Roberto Transformar Idéias em Resultados. a ed., São Bianchi. 3a ed., São Paulo: Cengage Learning, 008. Paulo: Atlas, 006. 16