1) O documento descreve um projeto de extensão na escola que visa ensinar estudantes sobre mídia e jornalismo.
2) O projeto inclui dinâmicas como entrevistas simuladas entre os estudantes para apresentá-los e uma visita a uma rádio local.
3) O objetivo é iniciar os estudantes no universo da mídia para que se tornem leitores, ouvintes e produtores críticos de conteúdo.
Slides Lição 3, Betel, Ordenança para congregar e prestar culto racional, 2Tr...
Formação Leitores
1. A Fonte, a Entrevista e o Repórter na Dinâmica de Apresentação
Uma experiência no Projeto de Extensão “Formação de Novos Leitores e Ouvintes na
Escola”1
Ed Wilson ARAÚJO2
Carla Ferreira AZEVEDO3
Maria de Jesus NASCIMENTO4
Rosana Oliveira PIRES5
PALAVRAS-CHAVE: comunicação; educação; jornalismo.
O projeto de extensão Formação de Novos Leitores e Ouvintes na Escola,
desenvolvido junto aos alunos do Ensino Médio, no Colégio Universitário (Colun), foi
concebido com o objetivo de contribuir para que os estudantes iniciem uma inserção no
campo midiático, a partir de leitura crítica dos conteúdos produzidos pelos jornais, emissoras
de televisão e rádio, possibilitando aos mesmos as ferramentas adequadas de leitura e audição,
interpretação e escrita, de modo a continuarem, ao longo da vida, o aprendizado e o exercício
da cidadania. Paralelamente à compreensão crítica dos meios formais, o projeto visou
proporcionar mecanismos práticos de produção de conteúdo pelos próprios estudantes, a partir
das atividades desenvolvidas durante a execução do projeto.
Propomo-nos a pensar o jornal, o rádio e a televisão (TV) como documentos de
compreensão do mundo e das suas diversas dimensões e não mais somente como um
instrumento de informação, entretenimento e lazer. No plano mais amplo, a iniciativa volta-se
para aumentar o número e a qualidade de leitores de jornais, ouvintes de rádio e TV e
1 Trabalho apresentado na I Jornada de Pesquisa e Extensão, evento componente da XI Semana de Comunicação da
Universidade Federal do Maranhão, realizada de 31 de maio a 03 de junho de 2011.
2 Professor do Departamento de Comunicação da UFMA, mestre em Educação (UFMA). e-mail:
edwilson_araujo@yahoo.com.br
3 Estudante de Graduação do 6º semestre do Curso Comunicação Social – habilitação Relações Públicas da UFMA, email:
alracazevedo@hotmail.com
4 Estudante de Graduação do 6º semestre do Curso Comunicação Social – habilitação Rádio/TV da UFMA, email:
maria_ufma@hotmail.com
5 Estudante de Graduação do 6º semestre do Curso Comunicação Social – habilitação Rádio/TV da UFMA, email:
rosanaufma@gmail.com
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TEXTO DO RESUMO
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2. formadores de opinião pública, contribuindo para reverter os baixos índices de leitura e de
audição entre os estudantes. A idéia de pensar o jornal, o rádio e a TV como documentos
públicos a serem apreendidos numa perspectiva de formas de conhecimento significa pensá-los
como dispositivos culturais capazes de despertar no aluno novas possibilidades de
interpretação e de compreensão do mundo, por meio do campo midiático.
As escolas e os educadores devem, cada vez mais, buscar nos meios de comunicação
apoios e subsídios para sua missão. Segundo Soares (2006, p. 15.)
O elo entre educação e comunicação se materializa ao questionar não
apenas o compromisso político-pedagógico da mensagem, forma e
conteúdo e intenção explícita de comunicar. Mas, também ao questionar o
potencial dos ambientes criados a partir de tecnologias educacionais
informatizadas em sua capacidade de promover a integração e a
participação democrática de todos os indivíduos aos benefícios que
produzem.
Nesse sentido, uma das intenções do projeto foi oportunizar o acesso ao jornal, ao
rádio e à TV como dimensões do prazer da leitura, da escrita e da audição, permitindo a
criação de alternativas para a expressão de atitudes cidadãs. A utilização de algumas
ferramentas dos meios de comunicação na sala de aula fundamenta-se na aproximação entre
duas áreas de conhecimento – educação e comunicação – já denominada Educomunicação.
Estes dois campos de conhecimento, anteriormente de costas um para o outro, apesar de seus
aspectos similares, passaram a convergir em um amplo esforço teórico-prático.
A cada invenção tecnológica, a sociedade atribui aos processos
comunicacionais, desenvolvidos em torno da invenção, uma expectativa
educacional. Paralelamente, a questão comunicacional, para além de seu
espaço próprio, interessa a todas as atividades humanas. Os dois campos
se investem de uma competência e se invadem mutuamente numa forte
relação de fluxo (BRAGA 2001, p.10).
Nesse processo de convergência de saberes, o projeto de extensão “Formação de
Novos Leitores e Ouvintes” procurou iniciar os estudantes do Colun nas ferramentas de
compreensão do universo dos meios de comunicação, não só como leitores, ouvintes e
telespectadores, mas também como produtores de conteúdo a partir da própria realidade da
escola e do ambiente onde vivem, com mecanismos de exercício da capacidade de serem
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3. autores de suas próprias idéias e formas de expressão, conquistando progressiva autonomia no
seu modo de agir, pensar e ler diante de si mesmo, diante dos outros homens e diante do
mundo. Observa-se ainda que, no processo de seleção dos alunos foram consideradas
tendências, afinidades, habilidades de cada um, bem como os respectivos interesses por meios
impresso ou audiovisual, mapeados através de pesquisa de opinião feita por questionários no
início do projeto. Esse procedimento foi aprimorado em uma perspectiva participativa e
dialogada, permitindo a construção coletiva do conhecimento.
Dinâmica de apresentação: entrevista, repórter e fonte
A atividade inicial em sala de aula consistiu em uma dinâmica de apresentação
envolvendo os alunos no primeiro contato com alguns jargões essenciais presentes no
cotidiano dos meios de comunicações: entrevista, repórter e fonte. O coordenador da atividade
organizou os alunos em duplas, procedendo em seguida à explicação de como deveria ser
feita a apresentação. A cada dupla foi concedido um tempo para entrevistar o colega. Cada
aluno perguntava ao colega o nome, a idade, o bairro onde mora, qual (is) a(s) sua(s)
música(s) predileta(s), as expectativas em relação ao projeto e as preferências sobre os meios
de comunicação, ou seja, com que tipo de mídia o aluno tem mais contato (jornal, rádio,
televisão ou internet). As perguntas foram colocadas no quadro para facilitar a visualização e
fixar a atenção dos alunos na obtenção das informações solicitadas.
As respostas de cada aluno entrevistado eram anotadas para, em seguida, fazer a
apresentação na frente da sala, diante de toda a turma. Após o tempo de 10 minutos, iniciou-se
a apresentação. Cada componente das duplas apresentava o colega e vice-versa,
construindo um breve perfil dos participantes, como se fosse a abertura de um programa de
rádio no qual o apresentador estivesse recebendo um convidado. Esse tipo de dinâmica
tornou-se interessante porque ofereceu aos alunos a prática informal de uma entrevista,
oportunizando o conhecimento de termos fundamentais na prática do jornalismo: o
entrevistador (repórter), o entrevistado (fonte) e o processo de obtenção das informações
(entrevista). Tem-se então a pertinência do sentido básico da Comunicação. Segundo
Marcondes (2001, p.46.) “o ato de fala é um contrato entre falante e ouvinte, é um ato comum
que só pode ser realizado intersubjetivamente.”
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4. Observou-se durante a dinâmica certa resistência na revelação do bairro/localidade
dos entrevistados. Os bairros periféricos eram geralmente recebidos pelo público com tons
pejorativos pelos colegas e constrangimento da parte de quem anunciava seu local de
moradia. Esse fato levou o coordenador do projeto a fazer uma intervenção sobre a
necessidade de eliminar preconceitos, antecipando eventuais restrições da turma a um dos
alunos que é deficiente visual. A dinâmica de apresentação gerou também o primeiro
resultado prático do projeto: a definição do “nome artístico” de cada aluno da turma, seguido
da confecção de um crachá que deveria ser utilizado em todas as aulas. A definição do “nome
artístico”, composto do primeiro nome e de um dos sobrenomes, teve o objetivo de valorizar a
estima da turma, fazendo com que cada aluno assumisse uma identidade midiática de repórter
ou apresentador. Na aula seguinte, cada aluno confeccionou seu próprio crachá. Essa
iniciativa surgiu diante da necessidade de contrapor-se às referências pejorativas sobre alguns
bairros. O status de repórter ou apresentador, a partir de então, suplantou os comentários
jocosos sobre os locais de moradia feitos sobre alguns alunos.
Na sequência das atividades, os extensionistas ministraram uma oficina de produção
de lead, tendo como pauta uma visita técnica à Rádio Universidade FM. Nas aulas seguintes
houve o trabalho de seleção e hierarquização das informações colhidas na rádio, com o
objetivo de mostrar aos alunos todos os passos necessários à elaboração do lead. Com a
participação de todos os alunos, procedeu-se à sistematização das informações obtidas durante
a visita. Nessa dinâmica, o monitor/extensionista ia montando os dados essenciais à produção
do núcleo básico notícia. Os textos em formato de lead, produzidos pelos alunos, foram
expostos em um jornal mural – também confeccionado pelos alunos, como atividade
decorrente da oficina de conteúdo jornalístico.
Nessa dinâmica, os alunos puderam perceber a cadeia básica de uma rotina produtiva
em um processo de planejamento de pauta, coleta de informações, redação e edição de
conteúdos. Além disso, puderam expor o trabalho produzido em sala de aula, através do mural
confeccionado coletivamente a partir de suas próprias produções.
O projeto de extensão Formação de Novos Leitores e Ouvintes na Escola
demonstrou um razoável potencial de execução dentro das metas e objetivos propostos
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Considerações finais
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5. inicialmente. Das dinâmicas de apresentação à elaboração dos produtos, passando pela visita
às dependências da rádio Universidade FM, observou-se um forte despertar do interesse dos
alunos pelo universo dos meios de comunicação. Além do interesse, registrou-se também uma
efetiva participação na elaboração dos conteúdos. Ainda que de forma incipiente, conseguiu-se
conectar os dois campos de conhecimento – comunicação e educação – introduzindo na
sala de aula algumas questões essenciais do universo midiático.
A partir da premissa de que a sociedade interage com e sobre os meios de
comunicação e seus produtos, buscamos estimular o acesso às ferramentas essenciais do
processo de produção da notícia, introduzindo-os no uso dos dispositivos mediadores da
experiência cotidiana. Nesta perspectiva, o método adotado caracterizou-se pela
interacionalidade dialógica entre os alunos, possibilitando a apropriação das ferramentas de
produção da notícia.
Oportunizou-se ainda a experiência do relato como forma de conhecimento do
mundo, dando pistas sobre os dispositivos mediadores e construtores da realidade
concretizados na atividade jornalística. O aprofundamento dessa temática levaria à leitura e à
audição como formas de permitir uma re-interpretação da realidade social e,
conseqüentemente, levando à criação de alternativas para a expressão de atitudes cidadãs em
relação aos meios de comunicação.
Trabalhou-se buscando mecanismos de democratização do saber e de abertura a
outros saberes a partir da realidade da sala de aula e de ambientes nunca antes percebidos,
como as instalações de uma emissora de rádio. O despertar da curiosidade, o afinco e
dedicação no exercício das tarefas, o envolvimento e até o deslumbre com a atividade de
comunicação já deram demonstração do quanto é cada vez mais convergente os campos da
educação e da comunicação.
Ao sair da condição de ouvintes, leitores e telespectadores-consumidores de
produtos previamente elaborados, abrindo a janela de um processo comunicativo dialogado,
com a geração de conteúdos, a meta cumprida no projeto ampliou os horizontes para novos
olhares na comunicação.
Referências
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SAVIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. Campinas:
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SOARES, Suely Galli. Educação e comunicação: o ideal de inclusão pelas tecnologias de
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