2. Além de selecionar um ponto de
vista, outro requisito importante na
composição de uma dissertação é
determinar o objetivo do texto. O autor,
ao escrever um texto, deve ter
claramente definido o que pretende
desenvolver.
Suponhamos que o assunto de seu
texto seja favelas. Inicialmente, você deve
selecionar o ponto de vista, isto é, o foco
a partir do qual será desenvolvido o
3. Observe alguns pontos de vista possíveis:
· a formação das favelas;
· a violência presente nas favelas;
· a ação policial nas favelas;
· a ausência de uma política habitacional
para solucionar o problema das favelas,
· etc.
4. Selecionado o ponto de vista, você deve pensar o
que pretende com o texto. 'Digamos que você
selecionou o seguinte ponto de vista: a formação das
favelas. Com base nesse ponto de vista, você pode
desenvolver o texto de acordo com um dos seguintes
objetivos:
· descrever (mostrar, apresentar) as várias formas
como se organizam as favelas;
· analisar (enumerar, discutir) as principais causas da
formação de favelas;
· apontar e comentar o êxodo rural como a principal
causa da formação de favelas;
· discutir o baixo poder aquisitivo da população como
elemento desencadeador da formação de favelas.
5. De acordo com o objetivo selecionado,
você irá desenvolver o texto.
É evidente que esse objetivo deve
constituir-se no elemento monopolizador
de suas reflexões. Em torno dele e a partir
dele, o texto será estruturado.
Em todo ato de escrita, coexistem duas
atividades mentais: síntese e análise. Ao
escrever, você parte de uma síntese
(objetivo), que é desdobrada em suas partes
pela análise.
6.
7. Veja a concretização desse processo
mental no texto a seguir.
Assunto: Educação.
Ponto de vista: A importância da educação no
desenvolvimento econômico do Brasil.
Objetivo: Refletir sobre a importância da
educação na formação de mão-de-obra
qualificada, condição essencial para o
desenvolvimento econômico do Brasil.
8. Construir o saber
Neste fim de século XX, depois de perder todas as oportunidades históricas anteriores, o Brasil
precisa mais do que nunca tratar a educação básica
como investimento indispensável a qualquer país
que pretenda um lugar no mundo moderno.
Porque nunca a educação foi tão decisiva para
construir uma economia próspera e uma
democracia participativa, fundada no pacto dos
cidadãos. A informática e a automação criaram um
cenário de competição internacional em que, tanto
para os produtores de tecnologia como para seus
consumidores, se exige cada vez mais competência
9. cognitiva de nações inteiras. Elas sepultaram o
axioma marxista de que o avanço da tecnologia
desqualificaria a mão-de-obra.
Aconteceu o contrário. As formas de produção
pedem trabalhadores com habilidades técnicas
superiores à medida que, promovida a fator essencial
da competitividade, a inovação tecnológica sai dos
laboratórios de pesquisa e desenvolvimento para o
chão das fábricas.
Também a velocidade na mudança de produtos
e na maneira de fazê-los ameaça a supremacia das
grandes empresas em favor das pequenas ágeis e
versáteis.
10. Cai o valor das matérias-primas e da energia.
Aumenta o do trabalho. Esfarelam-se as vantagens
dos países de modelos econômicos baseados no uso
intensivo de mão-de-obra barata e não qualificada,
no uso predatório de matérias-primas abundantes.
Neste mundo novo, a sobrevivência econô-mica
está ligada, como jamais esteve, à com-petência da
mão-de-obra e até dos consumidores - portanto, de
populações inteiras. A educação fundamental quer
dizer, o ensino universalizado e eficaz do idioma,
da matemática, das ciências virou condição
prevalente do desenvolvimento econômico.
Sérgio Costa Ribeiro, Veja 25 anos - Reflexões para o futuro.
São Paulo, Abril Cultural, 1993