SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
Muros para demolir: da fábrica de ensinar ao espaço aberto da
aprendizagem1
Carlos Nogueira Fino
Universidade da Madeira
1. Introdução
Quando Gaston Mialaret introduziu o conceito de isomorfismo na formação dos
professores, nos primeiros e heróicos anos das “ciências da educação”, pretendia
exprimir, com esse conceito, a necessidade e a conveniência de os futuros professores
serem educados segundo as mesmas metodologias que se esperaria que viessem a
utilizar com os seus futuros alunos. No entanto, o que parece ser tão evidente no
conceito de Mialaret, talvez não o seja assim tanto quando aplicado ao contexto mais
alargado da instituição, como um todo, dentro da qual os (futuros) professores se
formam. De facto, apesar de clamarem pela necessidade da mudança, e apesar do
aparente consenso geral em redor dessa ideia de mudança, os formadores de professores
raras vezes se apercebem da contradição que existe entre o propósito de formar
professores verdadeiramente e inovadores e fazê-lo sob a influência de um sistema que
foi fundado para responder às necessidades de uma sociedade que já não existe, a
extinta ou quase extinta sociedade industrial.
Este é o dilema principal, e nem sempre é evidente que todos os formadores de
professores actuem como se tivessem consciência que ele existe, mesmo quando
enfatizam a urgência de mudanças paradigmáticas nas escolas.
É indubitável que os futuros professores são educados, não apenas pela influência
directa dos formadores de professores, mas também pela cultura escolar que absorvem
enquanto são educados. Assim, os futuros professores correm o risco de serem expostos
a influências ambíguas e contraditórias: um possível incentivo, dos seus formadores, em
1
Este texto é a tradução, adaptada, de uma comunicação intitulada “Walls to be demolished: Moving from
a closed teaching factory towards an open learning place”, apresentada no âmbito do RDC-19 da ATEE
na 28th ATEE Annual Conference, que se realizou em Malta, Malta University, no verão de 2003.
2
direcção à inovação, e o poder imenso da centenar cultura escolar embebida nas rotinas
e nas paredes das escolas.
É altura de demolir essas paredes, sendo o primeiro passo dessa demolição o exorcismo
da influência da cultura da escola do relacionamento entre futuros professores e os seus
formadores.
2. Que significa cultura da escola?
Alvin Toffler (1970) escreveu que temos uma limitada capacidade biológica de absorver
mudança e, quando essa capacidade é ultrapassada, sofremos um choque de futuro. Se
um homem, programado pela Natureza para se adaptar a um envolvimento em mudança,
corre o risco de saturar a capacidade de mudar, que dizer das escolas, construídas para
satisfazerem necessidades que se imaginavam estáveis e perenes? Pensemos na escola
onde trabalhamos: qual será a flexibilidade das suas rotinas, da sua agenda, das suas
paredes?
As escolas a que estamos acostumados foram desenhadas para satisfazerem
necessidades da sociedade industrial. A antiga ordem industrial necessitava de uma
“espécie” de homem, equipada com habilidades que nem a família nem a igreja eram
capazes de proporcionar. A antiga ordem precisava de crianças familiarizadas com
trabalho repetitivo, capazes de permanecerem entre paredes durante dias a fio, e
habituadas a um mundo de fumo, ruído, maquinaria, disciplina colectiva e espaços
superpovoados. Além disso, o homem “industrial” deveria sentir-se à vontade num
universo controlado pelo relógio e pela sirene da fábrica, em vez de ser regulado pelos
ciclos naturais dos dias e das estações (Toffler, 1970). A sociedade industrial, uma vez
fundada sobre trabalho sincronizado, necessitava de indivíduos com poucas coisas em
comum com um passado rural e bucólico, onde prevaleciam esses ciclos naturais.
Devemos ter em conta que, com excepção da Inglaterra, três quartos da população
europeia vivia no campo durante a segunda década do século XIX, e mais de metade
dos activos trabalhavam na agricultura (Mialaret & Vial, 1981).
Nesse tempo, a única questão que se colocava a quem “desenhava” as escolas era que
3
modelo de escola poderia produzir o que a sociedade industrial pretendia: baixo custo,
paz social e homens adaptados às exigências de um modelo novo de produção. Uma
escola tão barata que ninguém, ao contrário do que se passa hoje em dia, pusesse em
causa o seu preço, mesmo os que eram contra a educação para todos.
De acordo com Toffler (1970), o ensino em massa foi a extraordinária máquina criada
pela civilização industrial para obter o tipo de adultos de que precisava. A solução só
poderia ser mesmo um sistema de ensino cuja estrutura fosse a simulação do n ovo
mundo industrial. Esse sistema não apareceu de repente, como é evidente, e ainda hoje
inclui elementos da sociedade pré-industrial. No entanto, a ideia de reunir multidões de
estudantes (matéria-prima) para serem “processados” por professores (operários) numa
escola (fábrica) é, segundo Toffler, uma demonstração do génio industrial.
Portanto, o desenvolvimento da administração hierárquica da educação inspirou-se no
modelo de burocracia industrial e os elementos mais criticados desse sistema (falta de
individualização, normas rígidas e o papel autoritário do professor) acabaram por se
tornar os mais eficientes, dados os objectivos da educação massificada.
Esses são os elementos centrais da cultura escolar tradicional. Mas não são únicos:
outras crenças e suposições foram-se-lhes juntando ao longo do tempo em que existe
este tipo de escola. Uma dessas suposições é a de que “a escola deve preparar para a
vida” e todo o conhecimento envolvido nessa preparação está dentro dos muros da
escola, retalhado em disciplinas. Outra suposição é que “a aprendizagem é a
consequência do ensino”, apesar de ser indubitável que o conhecimento é construído
pelo aprendiz e não fornecido pelo professor. Nem os alunos são recipiente vazios, nem
os professores fontes de conhecimento pronto a usar, ainda que as rotinas da escola
raramente reconheçam este facto.
Isto é, em resumo, o que entendo por cultura da escola. E é esta, evidentemente, a
cultura que foi embebendo, não apenas nos muros da escola, mas também na mente das
pessoas (professores incluídos) ao longo de dois séculos (Fino, 2006). E é esta cultura
que é absorvida por todos aqueles que são expostos à atmosfera da escola enquanto são
educados para serem professores, mesmo quando são educados por formadores
inovadores e de espírito particularmente aberto.
4
3. Que significa mudança de paradigma?
Há dois séculos, o génio industrial inventou a escola modelada na produção em massa e
esse modelo transformou-se rapidamente num paradigma de educação em massa.
Durante este longo período de tempo, as escolas devolveram à sociedade muito mais do
que a sociedade gastava para manter as escolas. As escolas forneceram o que se
supunha que fornecessem: a um nível mais profundo, pessoas socializadas a seguirem as
instruções e a obedecerem às ordens dos superiores, pessoas familiarizadas com a
pontualidade e com o trabalho sincronizado, e, a um nível explícito, pessoas que
preenchiam os requisitos cognitivos de qualquer tipo de produção insdustrial.
Entretanto, as coisas têm vindo a mudar cada vez mais rapidamente na sociedade,
particularmente ao longo dos últimos cinquenta anos. De repente, começou a ser
evidente que as escolas não eram mais capazes de preparar as pessoas como no passado,
porque a sociedade para as quais tinham sido desenhadas já não existia, pelo menos da
mesma maneira. O número de alunos tinha aumentado, dentro das escolas, até atingir
cifras imaginadas. O estatuto social dos professores, cujo número aumentava, tinha
começado a diminuir. Os alunos deixaram de ser aqueles grupos homogéneos, vindos da
mesma vizinhança. As escolas foram adquirindo novas, mas menos nobres, funções,
como a de serem armazéns onde os adolescentes esperavam, cada vez mais tempo, a sua
vez de baterem à porta do mercado de trabalho. E, para complicar ainda mais as coisas,
as escolas deixaram de ser suficientemente grandes para conter todo o conhecimento (ou
será informação?) relevante no interior dos seus muros. Para não mencionar o fosso
cultural entre a sociedade e as escolas, crescendo para lá do ponto de não retorno.
Chegámos ao momento, portanto, em que o velho paradigma, exausto, deve dar lugar a
um outro, capaz de ir ao encontro de novas e indeterminadas necessidades de uma nova
ordem pós industrial emergente. Talvez ainda seja demasiado cedo para antevermos os
contornos exactos do paradigma que segue. Não obstante, todos nós testemunhamos as
mudanças que o tempo traz, e podemos compreender que elementos como sincronização
e concentração, por exemplo, já não têm nem o significado nem a importância que uma
vez tiveram. Por outro lado, as tecnologias emergentes que invadiram as nossas vidas
5
fazem-nos perceber que há, agora, meios e possibilidades com as quais nem
sonharíamos há apenas poucos anos. E eis o ponto crucial: devido ao avanço
exponencial da ciência, pende sobre o conhecimento a ameaça permanente da
instabilidade. O que sabemos desactualiza-se dramaticamente depressa. As escolas já
não preparam mais para a vida. Então, servem para quê?
Conforme Khun (1962), paradigma é uma constelação de conceitos, valores, percepções
e práticas partilhadas por uma comunidade, as quais formam uma visão particular da
realidade, visão essa que é a base da maneira como a sociedade se organiza. É escusado
frisar que a nossa sociedade progrediu enormemente a partir do momento em que se
compreenderam as vantagens de dar aos futuros trabalhadores uma oportunidade de
frequentarem a escola. É verdade que as escolas evoluíram também. O problema é que,
um dia qualquer, no passado, as escolas não tiveram agilidade para igualarem a
velocidade da mudança da sociedade e começaram a ficar para trás. Entregues a si
mesmas, as escolas começaram a rearranjar a sua constelação de conceitos, valores,
percepções e práticas num círculo vicioso, procurando a legitimidade cada vez mais
dentro delas próprias e, por essa via, esticando os seus laços com o resto do mundo até
ao ponto de ruptura.
Portanto, quando falo de mudança paradigmática, falo em recomeçar tudo de novo.
Quisera ser um mago pós-industrial, com sabedoria e poder para tocar as escolas com a
minha varinha mágica e dar às novas gerações uma nova instituição de aprendizagem,
tão perfeita quanto as escolas foram instituições de ensino.
4. Que poderei fazer entretanto?
Antes de mais, acordemos nos seguintes tópicos:
• As escolas já não prepararam para a vida.
• A cada dia que passa, a escola vai tendo menos que ver com o mundo que a
rodeia.
• As escolas tornaram-se num lugar onde os alunos aguardam não se sabe bem o
quê.
6
• Escasseiam recursos nas escolas, nomeadamente tecnologias actualizadas.
• Supõe-se que os professores devam fazer o máximo com o mínimo.
• Os professores devem ensinar independentemente da vontade de aprender dos
alunos.
• Aprender não é uma consequência directa de se ser ensinado.
• Os alunos de hoje, finda a escola, não terão um, mas vários empregos ao longo
da vida, alguns dos quais para lá de qualquer conjectura.
• Os professores não deviam ser educados tendo como referência uma escola
imutável, concebida para durar eternamente..
Se concordarmos com os tópicos anteriores, talvez possamos também concordar como
os seguintes:
• Não existe transmissão de conhecimento: com sorte, talvez o professor possa
fornecer informação (ou indicar onde ela se encontra), que possa ser usada pelos
alunos no seu processo autónomo de construção.
• Se são os aprendizes quem constrói o conhecimento, talvez a actividade da
escola devesse focar-se no processo de construção.
• Se acreditamos que a aprendizagem é um fenómeno secundário da prática social,
sendo esta o fenómeno primário (Lave, & Wenger, 1991), deveríamos dar aos
alunos reais oportunidades de construção, proporcionando-lhes um ambiente
social em que possam interagir com outras pessoas para além do professor
(pares, outros adultos, etc.).
• Os professores devem considera-se como guides on the side, em vez de, como
até aqui, sages on stage.
• O currículo é uno: se o dividimos em fatias, por razões didácticas, também
deveríamos dar aos alunos a possibilidade de o reunir.
• As escolas não proporcionam contextos de aprendizagem autênticos e os
aprendizes merecem oportunidades de aprendizagem situada.
• O currículo é um constrangimento e não um caminho para o conhecimento e
para a a inovação.
• Os alunos deveriam ser treinados para sobreviverem num mundo em
transformação como aprendizes autónomos ao longo da vida.
7
• O pensamento crítico é crucial para se ter sucesso.
Apesar da pressão da cultura escolar, que tende a uniformizar a educação e o modo
como o cidadão comum (neste particular, quase toda a gente é cidadão comum)
representa a escola, alguma coisa pode ser feita, para antecipar o futuro. É indubitável
que uma nova sociedade, em que a importância das manufactoras está a ser substituída
pela importância da informação, está a substituir a sociedade industrial. Também é
evidente que a produção de conteúdos não necessita da mesma estrutura industrial que
vem modelando as escolas ao longo dos últimos duzentos anos. Talvez ainda seja muito
cedo para antecipar a forma de que se deverão revestir as instituições educativas do
futuro, assumindo que essas hipotéticas instituições também serão inspiradas por um
novo paradigma pós-industrial, de que já conhecemos algumas das tendências:
dessincronização, desconcentração, deslocalização, acesso instantâneo (à informação) e
responsabilização de cada um pela sobrevivência numa selva de terabytes. Por outro
lado, é impressionante verificarmos como um provável futuro design das escolas já está
dentro das teorias com as quais temos vindo a conviver há muitas décadas.
Consideremos os construtivistas, por exemplo. Eles descreveram o processo pelo qual
construímos as nossas estruturas cognitivas e os seus trabalhos respondem a uma das
previsíveis demandas do futuro, porque já é do presente: a necessidade de se aprender
autonomamente ao longo de toda a vida. Recordemos Vygotsky (a quem muitos
chamam social-construtivista) e a ênfase que ele colocava na mediação e na interacção
social e na importância que ele atribuía à acção dos outros como tutores, ajudando os
aprendizes a resolverem problemas ao nível mais elevado das respectivas zonas de
desenvolvimento proximal, proporcionando-lhes scaffolding2
.
Demos uma olhadela ao que se tem escrito sobre aprendizagem situada e da forma como
os verdadeiros praticantes aprendem. Atentemos na diferença entre currículo de ensinar
e currículo de aprender. Para Lave & Wenger (1991), aprender é uma consequência de
se estar no mundo, desempenhando determinados papéis sociais, e não m processo
2
A zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é o intervalo de competência que pode ser
desenvolvida sob a orientação de um adulto ou através de colaboração com pares. Isto
conduz a uma ideia de ensinar como processo de scaffolding (colocar andaimes),
apontando para o próximo estádio de desenvolvimento da criança em vez de se dirigir
ao actual. De acordo com esta ideia, o professor deve prover materiais educacionais e
conteúdos que vão para além das capacidades actuais do aprendiz.
8
separado do restante pelos muros da escola. Portanto, o que os aprendizes necessitam
não é de mera instrução institucionalizada, mas de estarem em contacto com o mundo
real.
Demos atenção ao que Seymour Papert tem vindo a reclamar quanto ao papel e ao uso
das TIC na educação, nomeadamente quanto ao uso de tecnologia para aumentar as
oportunidades dos aprendizes, permitindo-lhes não ficarem reféns dos constrangimentos
curriculares. Prestemos também atenção à importância que ele atribui à manipulação de
coisas concretas e à construção de coisas partilháveis:
Constructionism also has the connotation of “construction set”, starting with sets in the literal
sense, such as Lego, and extending to include programming languages considered as “sets” from
which programs can be made, and kitchens as “sets” from which not only cakes but recipes and
forms of mathematics-in-use are constructed. One of my central mathetic tenets is that the
construction that takes place “in the head” often happens especially felicitously when it is
supported by construction of a more public sort “in the world” -- a sand castle or a cake, a Lego
house or a corporation, a computer program, a poem, or a theory of the universe (Papert,
1993:142).
Também poderíamos reflectir na sua opinião acerca da preferência dos educadores pelo
pensamento abstracto, ao ponto de os tentarem fazer pensar como adultos:
Most of his [Piaget’s] followers in education set out to hasten (or at least consolidate) the
passage of the child beyond concrete operations. My strategy is to strengthen and perpetuate the
typical concrete process even at my age. Rather than pushing children to think like adults, we
might do better to remember that they are great learners and to try harder to be more like them.
(Papert, 1993:155).
Todos estes autores têm em comum contrariarem os principais postulados que fundaram
a escola industrial, incluindo outros, que adquiriram entretanto. Todos eles
desenvolveram investigações que contradizem crenças essenciais (como o dogma da
relação de causalidade entre ensinar e aprender) e negam práticas profundamente
enraizadas (como as behavioristas de condicionamento operante) da escola industrial.
Todos têm em comum inspirarem-nos para imaginarmos novos papéis para os alunos
(como aprendizes) e para os professores (como facilitadores).
Assim, enquanto a escola industrial agoniza, e antes que as suas paredes se desmoronem
definitivamente, os formadores de professores podem usar as contribuições destes
autores como utensílios contra a pressão da cultura escolar, ajudando os seus aprendizes
9
a contrastarem a realidade das escolas com algumas brilhantes e desafiadoras sobre
aprender num mundo em mudança. Ninguém garante, no entanto, que, apenas pela
exposição a estas teorias, os futuros professores se tornem educadores realmente
inovadores. Talvez ainda prevaleça, no final, o peso da tradição. Mas só um professor
reflexivo, capaz de usar pensamento crítico, e bem equipado teoricamente pode desafiar
a ortodoxia com uma prática em que os seus alunos sejam os protagonistas. E essa pode
ser a inflexão em direcção a um novo paradigma de instituição educativa, a que não
ousaria chamar escola: os professores saindo do palco para que os projectores iluminem
os aprendizes.
5. Conclusão
Voltando ao isomorfismo de Mialaret, é tempo de fechar o círculo. Um formador de
professores, familiarizado com os contributos dos autores referidos, só pode orientar os
seus formandos da mesma maneira que espera que estes orientem os seus futuros alunos
na prática real de professores-como-facilitadores. Um formador de professores deve ser
também um facilitador (não no sentido do facilitismo, obviamente), que é como quem
diz, um agente de mudança. Mas não há garantia que, fazendo isso, o formador de
professores agite as paredes da escola até ao ponto de colapso. As paredes físicas, de
resto, são o problema menor. Hoje em dia, com todos os gadgets que nos trouxe o
desenvolvimento tecnológico, é fácil ignorar as paredes, excepto as que deixámos
erguer nas nossas mentes.
É, portanto, dentro da nossa mente que devem ser demolidos os muros. Só depois
estaremos aptos a ajudar à materialização de algo novo.
6. Bibliografia
Bruner, J. (1985). ‘Vygotsky: a historical and conceptual perpective’. In J. W. Wertsch
(Ed), Culture, communication and cognition: Vygotskian perspectives (pp. 21-34).
Cambridge USA: Cambridge University Press.
Bruner, J. (1996). The culture of education. Cambridge, MA: Harvard University Press.
Fino, C. N. (2006). "Inovação e invariante (cultural) ". Actas do VII Colóquio sobre
Questões Curriculares. Braga: Universidade do Minho.
10
Kuhn, T. (1962). The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: The University of
Chicago Press.
Lave, J. (1988). Cognition in Practice. Cambridge MA: Cambridge University Press.
Lave, J. (1993). ‘The practice of learning’. In S. Chaiklin & J. Lave (Ed),
Understanding practice: Perspectives on activity and context (pp. 3-32). Cambridge
MA: Cambridge University Press.
Lave, J. & Wenger, E. (1991). Situated learning: Legitimate peripheral participation.
Cambridge USA: Cambridge University Press.
Mialaret, G. e Vial, J. (1981). Histoire Mondiale de l’Education. Paris: P. U. F..
Papert, S. (1980). Mindstorms - Children, Computers and Powerful Ideas. New York:
Basic Books, Inc..
Papert, S. (1986). Constructionism: A New Opportunity for Science Education - A
Proposal to the National Science Foundation. Cambridge - Massachussets: MIT Media
Laboratory.
Papert, S. (1990). ‘Introduction’. In I. Harel (Ed), Constructionist Learning. Cambridge,
MA: MIT Media Laboratory.
Papert, S. (1991). ‘Situating Constructionism’. In I. Harel & S. Papert (Ed),
Constructionism (pp. 1-12). Norwood, NJ: Ablex Publishing.
Papert, S. (1993). The cildren’s machine: Rethinking schools in the age of computer.
New York: Basic Books.
Piaget, J. (1937). La construction du réel chez l'enfant. Paris et Neuchatêl: Delachaux et
Niestlé.
Piaget, J. (1969). Psychologie et Pédagogie. Paris: Editions Denoël.
Toffler, A. (1970). Future Schock. New York: Bantam Books
Toffler, A. (1984). A terceira vaga. Lisboa: Livros do Brasil.
Veer, R. & Valsiner, J. (1991). Understanding Vygotsky - A Quest for Synthesis.
Cambridge MA: Blackwell.
Veer, R. & Valsiner, J. (1994). The Vygotsky Reader. Oxford: Blackwell.
Vygotsky L. S. (1978). Mind in Society - The Development of Higher Psychological
Processes. Cambridge MA: Harvard University Press.
Wertsch, J. (1985). Vygotsky and the social formation of mind. Cambridge MA:
Harvard University Press.
11
Wertsch, J. (1993). ‘Forword’. In L. S. Vygotsky e A. R. Luria (Ed), Studies on the
History of Behavior: Ape, Primitive, and Child (pp. ix - xiii). Hillsdale NJ: Lawrence
Erlbaum Associates.
Wertsch, J. & Stone, C. (1985). ‘The concept of internalization in Vygotsky's account of
the genesis of higher mental functions’. In J. V. Wertsch (Ed), Culture, communication
and cognition: Vygotskian perspectives (pp. 162 - 179). Cambridge MA: Cambridge
University Press.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Texto : o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...
Texto :  o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...Texto :  o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...
Texto : o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...Claudinéia da Silva
 
Saviani novas tecnologias[1]
Saviani novas tecnologias[1]Saviani novas tecnologias[1]
Saviani novas tecnologias[1]Flávia Bia
 
O trabalho como principio educativo frente as novas
O trabalho como principio educativo frente as novasO trabalho como principio educativo frente as novas
O trabalho como principio educativo frente as novasClaudinéia da Silva
 
CULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
CULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORESCULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
CULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORESProfessorPrincipiante
 
Entrevista a sampaio da nóvoa 1
Entrevista a sampaio da nóvoa 1Entrevista a sampaio da nóvoa 1
Entrevista a sampaio da nóvoa 1Isabel Cunha
 
Nóvoa educação 2021 para uma história do futuro
Nóvoa educação 2021 para uma história do futuroNóvoa educação 2021 para uma história do futuro
Nóvoa educação 2021 para uma história do futuroJosé Matias Alves
 
Dubet desigualdade social_exclusão_escolar
Dubet desigualdade social_exclusão_escolarDubet desigualdade social_exclusão_escolar
Dubet desigualdade social_exclusão_escolardonveridico
 

Mais procurados (13)

2
22
2
 
Texto : o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...
Texto :  o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...Texto :  o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...
Texto : o trabalho com principio educativo - novas tecnologias - DERMEVAL SA...
 
A aventura da_universidade
A aventura da_universidadeA aventura da_universidade
A aventura da_universidade
 
Saviani novas tecnologias[1]
Saviani novas tecnologias[1]Saviani novas tecnologias[1]
Saviani novas tecnologias[1]
 
O trabalho como principio educativo frente as novas
O trabalho como principio educativo frente as novasO trabalho como principio educativo frente as novas
O trabalho como principio educativo frente as novas
 
CULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
CULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORESCULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
CULTURA DIGITAL NA CONTEMPORANEIDADE E A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
 
Entrevista a sampaio da nóvoa 1
Entrevista a sampaio da nóvoa 1Entrevista a sampaio da nóvoa 1
Entrevista a sampaio da nóvoa 1
 
Ad1 EAD
Ad1   EADAd1   EAD
Ad1 EAD
 
2010revunicamp
2010revunicamp2010revunicamp
2010revunicamp
 
5a familaoprimeiro
5a familaoprimeiro5a familaoprimeiro
5a familaoprimeiro
 
Nóvoa educação 2021 para uma história do futuro
Nóvoa educação 2021 para uma história do futuroNóvoa educação 2021 para uma história do futuro
Nóvoa educação 2021 para uma história do futuro
 
Saber academicosociedade
Saber academicosociedadeSaber academicosociedade
Saber academicosociedade
 
Dubet desigualdade social_exclusão_escolar
Dubet desigualdade social_exclusão_escolarDubet desigualdade social_exclusão_escolar
Dubet desigualdade social_exclusão_escolar
 

Destaque (9)

Aeroportos
AeroportosAeroportos
Aeroportos
 
Wlan - Infraestrutura
Wlan - InfraestruturaWlan - Infraestrutura
Wlan - Infraestrutura
 
Utilidades del correo
Utilidades del correo   Utilidades del correo
Utilidades del correo
 
Representação
RepresentaçãoRepresentação
Representação
 
Engenharias
EngenhariasEngenharias
Engenharias
 
Garganta Funda
Garganta FundaGarganta Funda
Garganta Funda
 
Cereais de merda!
Cereais de merda!Cereais de merda!
Cereais de merda!
 
How to post_01
How to post_01How to post_01
How to post_01
 
Estudos culturais - Design
Estudos culturais - DesignEstudos culturais - Design
Estudos culturais - Design
 

Semelhante a Muros para demolir

As novas tecnologias na escola e no mundo atual
As novas tecnologias na escola e no mundo atualAs novas tecnologias na escola e no mundo atual
As novas tecnologias na escola e no mundo atualNaelma Bezerra
 
Novos contextos de aprendizagem e educação online net
Novos contextos de aprendizagem e educação online   netNovos contextos de aprendizagem e educação online   net
Novos contextos de aprendizagem e educação online netisabepaiva
 
Marcos davi and gabriel araujo
Marcos davi and gabriel araujoMarcos davi and gabriel araujo
Marcos davi and gabriel araujotesteeee0111
 
Mutações sociais
Mutações sociaisMutações sociais
Mutações sociaisAna Taveira
 
Os caminhos do Ensino Politecnico
Os caminhos do Ensino PolitecnicoOs caminhos do Ensino Politecnico
Os caminhos do Ensino PolitecnicoAlexandre Protásio
 
2º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/2014
2º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/20142º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/2014
2º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/2014Mônica Cristina Souza
 
Diário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdf
Diário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdfDiário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdf
Diário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdfjuraciescolas2023
 
As Repercussões do Currículo Oculto na Sociedade
As Repercussões do Currículo Oculto na SociedadeAs Repercussões do Currículo Oculto na Sociedade
As Repercussões do Currículo Oculto na SociedadeRaquel Camacho
 
Currículo escolar em debate
Currículo escolar em debateCurrículo escolar em debate
Currículo escolar em debateFatima Costa
 
Pedagogia, ciências da educação e o lugar da história
Pedagogia, ciências da educação e o lugar da históriaPedagogia, ciências da educação e o lugar da história
Pedagogia, ciências da educação e o lugar da históriaOtávio Sales
 
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...FGVces
 
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...riccab
 
Citelli, a. o.inflexoes educomu desconhecido
Citelli, a. o.inflexoes educomu   desconhecidoCitelli, a. o.inflexoes educomu   desconhecido
Citelli, a. o.inflexoes educomu desconhecidoETEC Piedade
 

Semelhante a Muros para demolir (20)

As novas tecnologias na escola e no mundo atual
As novas tecnologias na escola e no mundo atualAs novas tecnologias na escola e no mundo atual
As novas tecnologias na escola e no mundo atual
 
Trabfinal rossana
Trabfinal rossanaTrabfinal rossana
Trabfinal rossana
 
Novos contextos de aprendizagem e educação online net
Novos contextos de aprendizagem e educação online   netNovos contextos de aprendizagem e educação online   net
Novos contextos de aprendizagem e educação online net
 
Marcos davi and gabriel araujo
Marcos davi and gabriel araujoMarcos davi and gabriel araujo
Marcos davi and gabriel araujo
 
A aventura da universidade
A aventura da universidadeA aventura da universidade
A aventura da universidade
 
A aventura da universidade
A aventura da universidadeA aventura da universidade
A aventura da universidade
 
N107a08
N107a08N107a08
N107a08
 
Apostila proinfo
Apostila   proinfoApostila   proinfo
Apostila proinfo
 
Mutações sociais
Mutações sociaisMutações sociais
Mutações sociais
 
Os caminhos do Ensino Politecnico
Os caminhos do Ensino PolitecnicoOs caminhos do Ensino Politecnico
Os caminhos do Ensino Politecnico
 
2º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/2014
2º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/20142º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/2014
2º Encontro do Curso do Proinfo Integrado TICs. 22/04/2014
 
Diário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdf
Diário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdfDiário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdf
Diário de Notícias 22 de fevereiro de 2023 António Nóvoa.pdf
 
As Repercussões do Currículo Oculto na Sociedade
As Repercussões do Currículo Oculto na SociedadeAs Repercussões do Currículo Oculto na Sociedade
As Repercussões do Currículo Oculto na Sociedade
 
Currículo escolar em debate
Currículo escolar em debateCurrículo escolar em debate
Currículo escolar em debate
 
Pedagogia, ciências da educação e o lugar da história
Pedagogia, ciências da educação e o lugar da históriaPedagogia, ciências da educação e o lugar da história
Pedagogia, ciências da educação e o lugar da história
 
Não-Escolas
Não-EscolasNão-Escolas
Não-Escolas
 
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
 
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
Formação Integrada para Sustentabilidade: Guia de Fundamentos e Práticas (Ver...
 
Papel E Funcao Da Be (1)
Papel E Funcao Da Be (1)Papel E Funcao Da Be (1)
Papel E Funcao Da Be (1)
 
Citelli, a. o.inflexoes educomu desconhecido
Citelli, a. o.inflexoes educomu   desconhecidoCitelli, a. o.inflexoes educomu   desconhecido
Citelli, a. o.inflexoes educomu desconhecido
 

Mais de Amorim Albert

Relatorio missão argus 23 09-2013
Relatorio missão argus 23 09-2013Relatorio missão argus 23 09-2013
Relatorio missão argus 23 09-2013Amorim Albert
 
Relatório de pesquisa planetário na escola - atualizado
Relatório de pesquisa   planetário na escola - atualizadoRelatório de pesquisa   planetário na escola - atualizado
Relatório de pesquisa planetário na escola - atualizadoAmorim Albert
 
Correio da paz out nov 2013
Correio da paz out nov 2013Correio da paz out nov 2013
Correio da paz out nov 2013Amorim Albert
 
Crimes na internet_denuncie!
Crimes na internet_denuncie!Crimes na internet_denuncie!
Crimes na internet_denuncie!Amorim Albert
 
Como planejar tipos_de_conteúdos
Como planejar tipos_de_conteúdosComo planejar tipos_de_conteúdos
Como planejar tipos_de_conteúdosAmorim Albert
 
Normas academicas mestrado_matemática
Normas academicas mestrado_matemáticaNormas academicas mestrado_matemática
Normas academicas mestrado_matemáticaAmorim Albert
 
Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011
Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011
Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011Amorim Albert
 
Kepler sonda espacial
Kepler   sonda espacialKepler   sonda espacial
Kepler sonda espacialAmorim Albert
 
I nicolau copérnico
I nicolau copérnicoI nicolau copérnico
I nicolau copérnicoAmorim Albert
 
Web 2.0-erros-e-acertos
Web 2.0-erros-e-acertosWeb 2.0-erros-e-acertos
Web 2.0-erros-e-acertosAmorim Albert
 
Socialização ava na_escola_pública
Socialização ava na_escola_públicaSocialização ava na_escola_pública
Socialização ava na_escola_públicaAmorim Albert
 
Virtualdj 5.1 user guide
Virtualdj 5.1   user guideVirtualdj 5.1   user guide
Virtualdj 5.1 user guideAmorim Albert
 
Como implementar rádio_escolar
Como implementar rádio_escolarComo implementar rádio_escolar
Como implementar rádio_escolarAmorim Albert
 
Projetos rádio escolares
Projetos rádio escolaresProjetos rádio escolares
Projetos rádio escolaresAmorim Albert
 

Mais de Amorim Albert (20)

Relatorio missão argus 23 09-2013
Relatorio missão argus 23 09-2013Relatorio missão argus 23 09-2013
Relatorio missão argus 23 09-2013
 
Relatório de pesquisa planetário na escola - atualizado
Relatório de pesquisa   planetário na escola - atualizadoRelatório de pesquisa   planetário na escola - atualizado
Relatório de pesquisa planetário na escola - atualizado
 
Correio da paz out nov 2013
Correio da paz out nov 2013Correio da paz out nov 2013
Correio da paz out nov 2013
 
Crimes na internet_denuncie!
Crimes na internet_denuncie!Crimes na internet_denuncie!
Crimes na internet_denuncie!
 
Br oozine001
Br oozine001Br oozine001
Br oozine001
 
Como planejar tipos_de_conteúdos
Como planejar tipos_de_conteúdosComo planejar tipos_de_conteúdos
Como planejar tipos_de_conteúdos
 
Espaçonave terra
Espaçonave terraEspaçonave terra
Espaçonave terra
 
Normas academicas mestrado_matemática
Normas academicas mestrado_matemáticaNormas academicas mestrado_matemática
Normas academicas mestrado_matemática
 
Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011
Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011
Mestrado matemática ead_diretrizes_exame_nacional_acesso_2011
 
Missão cassini
Missão cassiniMissão cassini
Missão cassini
 
Kepler sonda espacial
Kepler   sonda espacialKepler   sonda espacial
Kepler sonda espacial
 
I nicolau copérnico
I nicolau copérnicoI nicolau copérnico
I nicolau copérnico
 
Júlio verne
Júlio verneJúlio verne
Júlio verne
 
Web 2.0-erros-e-acertos
Web 2.0-erros-e-acertosWeb 2.0-erros-e-acertos
Web 2.0-erros-e-acertos
 
Socialização ava na_escola_pública
Socialização ava na_escola_públicaSocialização ava na_escola_pública
Socialização ava na_escola_pública
 
Defesa tcc uneb
Defesa tcc unebDefesa tcc uneb
Defesa tcc uneb
 
Projet cetv digital
Projet cetv digitalProjet cetv digital
Projet cetv digital
 
Virtualdj 5.1 user guide
Virtualdj 5.1   user guideVirtualdj 5.1   user guide
Virtualdj 5.1 user guide
 
Como implementar rádio_escolar
Como implementar rádio_escolarComo implementar rádio_escolar
Como implementar rádio_escolar
 
Projetos rádio escolares
Projetos rádio escolaresProjetos rádio escolares
Projetos rádio escolares
 

Último

HABILIDADES ESSENCIAIS - MATEMÁTICA 4º ANO.pdf
HABILIDADES ESSENCIAIS  - MATEMÁTICA 4º ANO.pdfHABILIDADES ESSENCIAIS  - MATEMÁTICA 4º ANO.pdf
HABILIDADES ESSENCIAIS - MATEMÁTICA 4º ANO.pdfdio7ff
 
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parteDança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira partecoletivoddois
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasCasa Ciências
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAlexandreFrana33
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoSilvaDias3
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirIedaGoethe
 
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASQUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASEdinardo Aguiar
 
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxSlide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxconcelhovdragons
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfEyshilaKelly1
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxBiancaNogueira42
 
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOVALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOBiatrizGomes1
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOMarcosViniciusLemesL
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfpaulafernandes540558
 
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptxSlides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...Martin M Flynn
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfAnaGonalves804156
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 

Último (20)

HABILIDADES ESSENCIAIS - MATEMÁTICA 4º ANO.pdf
HABILIDADES ESSENCIAIS  - MATEMÁTICA 4º ANO.pdfHABILIDADES ESSENCIAIS  - MATEMÁTICA 4º ANO.pdf
HABILIDADES ESSENCIAIS - MATEMÁTICA 4º ANO.pdf
 
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parteDança Contemporânea na arte da dança primeira parte
Dança Contemporânea na arte da dança primeira parte
 
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de PartículasRecurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
Recurso Casa das Ciências: Sistemas de Partículas
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
 
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASQUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
 
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptxSlide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
Slide de exemplo sobre o Sítio do Pica Pau Amarelo.pptx
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
 
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOVALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
 
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptxSlides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
Slides Lição 2, Central Gospel, A Volta Do Senhor Jesus , 1Tr24.pptx
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 

Muros para demolir

  • 1. Muros para demolir: da fábrica de ensinar ao espaço aberto da aprendizagem1 Carlos Nogueira Fino Universidade da Madeira 1. Introdução Quando Gaston Mialaret introduziu o conceito de isomorfismo na formação dos professores, nos primeiros e heróicos anos das “ciências da educação”, pretendia exprimir, com esse conceito, a necessidade e a conveniência de os futuros professores serem educados segundo as mesmas metodologias que se esperaria que viessem a utilizar com os seus futuros alunos. No entanto, o que parece ser tão evidente no conceito de Mialaret, talvez não o seja assim tanto quando aplicado ao contexto mais alargado da instituição, como um todo, dentro da qual os (futuros) professores se formam. De facto, apesar de clamarem pela necessidade da mudança, e apesar do aparente consenso geral em redor dessa ideia de mudança, os formadores de professores raras vezes se apercebem da contradição que existe entre o propósito de formar professores verdadeiramente e inovadores e fazê-lo sob a influência de um sistema que foi fundado para responder às necessidades de uma sociedade que já não existe, a extinta ou quase extinta sociedade industrial. Este é o dilema principal, e nem sempre é evidente que todos os formadores de professores actuem como se tivessem consciência que ele existe, mesmo quando enfatizam a urgência de mudanças paradigmáticas nas escolas. É indubitável que os futuros professores são educados, não apenas pela influência directa dos formadores de professores, mas também pela cultura escolar que absorvem enquanto são educados. Assim, os futuros professores correm o risco de serem expostos a influências ambíguas e contraditórias: um possível incentivo, dos seus formadores, em 1 Este texto é a tradução, adaptada, de uma comunicação intitulada “Walls to be demolished: Moving from a closed teaching factory towards an open learning place”, apresentada no âmbito do RDC-19 da ATEE na 28th ATEE Annual Conference, que se realizou em Malta, Malta University, no verão de 2003.
  • 2. 2 direcção à inovação, e o poder imenso da centenar cultura escolar embebida nas rotinas e nas paredes das escolas. É altura de demolir essas paredes, sendo o primeiro passo dessa demolição o exorcismo da influência da cultura da escola do relacionamento entre futuros professores e os seus formadores. 2. Que significa cultura da escola? Alvin Toffler (1970) escreveu que temos uma limitada capacidade biológica de absorver mudança e, quando essa capacidade é ultrapassada, sofremos um choque de futuro. Se um homem, programado pela Natureza para se adaptar a um envolvimento em mudança, corre o risco de saturar a capacidade de mudar, que dizer das escolas, construídas para satisfazerem necessidades que se imaginavam estáveis e perenes? Pensemos na escola onde trabalhamos: qual será a flexibilidade das suas rotinas, da sua agenda, das suas paredes? As escolas a que estamos acostumados foram desenhadas para satisfazerem necessidades da sociedade industrial. A antiga ordem industrial necessitava de uma “espécie” de homem, equipada com habilidades que nem a família nem a igreja eram capazes de proporcionar. A antiga ordem precisava de crianças familiarizadas com trabalho repetitivo, capazes de permanecerem entre paredes durante dias a fio, e habituadas a um mundo de fumo, ruído, maquinaria, disciplina colectiva e espaços superpovoados. Além disso, o homem “industrial” deveria sentir-se à vontade num universo controlado pelo relógio e pela sirene da fábrica, em vez de ser regulado pelos ciclos naturais dos dias e das estações (Toffler, 1970). A sociedade industrial, uma vez fundada sobre trabalho sincronizado, necessitava de indivíduos com poucas coisas em comum com um passado rural e bucólico, onde prevaleciam esses ciclos naturais. Devemos ter em conta que, com excepção da Inglaterra, três quartos da população europeia vivia no campo durante a segunda década do século XIX, e mais de metade dos activos trabalhavam na agricultura (Mialaret & Vial, 1981). Nesse tempo, a única questão que se colocava a quem “desenhava” as escolas era que
  • 3. 3 modelo de escola poderia produzir o que a sociedade industrial pretendia: baixo custo, paz social e homens adaptados às exigências de um modelo novo de produção. Uma escola tão barata que ninguém, ao contrário do que se passa hoje em dia, pusesse em causa o seu preço, mesmo os que eram contra a educação para todos. De acordo com Toffler (1970), o ensino em massa foi a extraordinária máquina criada pela civilização industrial para obter o tipo de adultos de que precisava. A solução só poderia ser mesmo um sistema de ensino cuja estrutura fosse a simulação do n ovo mundo industrial. Esse sistema não apareceu de repente, como é evidente, e ainda hoje inclui elementos da sociedade pré-industrial. No entanto, a ideia de reunir multidões de estudantes (matéria-prima) para serem “processados” por professores (operários) numa escola (fábrica) é, segundo Toffler, uma demonstração do génio industrial. Portanto, o desenvolvimento da administração hierárquica da educação inspirou-se no modelo de burocracia industrial e os elementos mais criticados desse sistema (falta de individualização, normas rígidas e o papel autoritário do professor) acabaram por se tornar os mais eficientes, dados os objectivos da educação massificada. Esses são os elementos centrais da cultura escolar tradicional. Mas não são únicos: outras crenças e suposições foram-se-lhes juntando ao longo do tempo em que existe este tipo de escola. Uma dessas suposições é a de que “a escola deve preparar para a vida” e todo o conhecimento envolvido nessa preparação está dentro dos muros da escola, retalhado em disciplinas. Outra suposição é que “a aprendizagem é a consequência do ensino”, apesar de ser indubitável que o conhecimento é construído pelo aprendiz e não fornecido pelo professor. Nem os alunos são recipiente vazios, nem os professores fontes de conhecimento pronto a usar, ainda que as rotinas da escola raramente reconheçam este facto. Isto é, em resumo, o que entendo por cultura da escola. E é esta, evidentemente, a cultura que foi embebendo, não apenas nos muros da escola, mas também na mente das pessoas (professores incluídos) ao longo de dois séculos (Fino, 2006). E é esta cultura que é absorvida por todos aqueles que são expostos à atmosfera da escola enquanto são educados para serem professores, mesmo quando são educados por formadores inovadores e de espírito particularmente aberto.
  • 4. 4 3. Que significa mudança de paradigma? Há dois séculos, o génio industrial inventou a escola modelada na produção em massa e esse modelo transformou-se rapidamente num paradigma de educação em massa. Durante este longo período de tempo, as escolas devolveram à sociedade muito mais do que a sociedade gastava para manter as escolas. As escolas forneceram o que se supunha que fornecessem: a um nível mais profundo, pessoas socializadas a seguirem as instruções e a obedecerem às ordens dos superiores, pessoas familiarizadas com a pontualidade e com o trabalho sincronizado, e, a um nível explícito, pessoas que preenchiam os requisitos cognitivos de qualquer tipo de produção insdustrial. Entretanto, as coisas têm vindo a mudar cada vez mais rapidamente na sociedade, particularmente ao longo dos últimos cinquenta anos. De repente, começou a ser evidente que as escolas não eram mais capazes de preparar as pessoas como no passado, porque a sociedade para as quais tinham sido desenhadas já não existia, pelo menos da mesma maneira. O número de alunos tinha aumentado, dentro das escolas, até atingir cifras imaginadas. O estatuto social dos professores, cujo número aumentava, tinha começado a diminuir. Os alunos deixaram de ser aqueles grupos homogéneos, vindos da mesma vizinhança. As escolas foram adquirindo novas, mas menos nobres, funções, como a de serem armazéns onde os adolescentes esperavam, cada vez mais tempo, a sua vez de baterem à porta do mercado de trabalho. E, para complicar ainda mais as coisas, as escolas deixaram de ser suficientemente grandes para conter todo o conhecimento (ou será informação?) relevante no interior dos seus muros. Para não mencionar o fosso cultural entre a sociedade e as escolas, crescendo para lá do ponto de não retorno. Chegámos ao momento, portanto, em que o velho paradigma, exausto, deve dar lugar a um outro, capaz de ir ao encontro de novas e indeterminadas necessidades de uma nova ordem pós industrial emergente. Talvez ainda seja demasiado cedo para antevermos os contornos exactos do paradigma que segue. Não obstante, todos nós testemunhamos as mudanças que o tempo traz, e podemos compreender que elementos como sincronização e concentração, por exemplo, já não têm nem o significado nem a importância que uma vez tiveram. Por outro lado, as tecnologias emergentes que invadiram as nossas vidas
  • 5. 5 fazem-nos perceber que há, agora, meios e possibilidades com as quais nem sonharíamos há apenas poucos anos. E eis o ponto crucial: devido ao avanço exponencial da ciência, pende sobre o conhecimento a ameaça permanente da instabilidade. O que sabemos desactualiza-se dramaticamente depressa. As escolas já não preparam mais para a vida. Então, servem para quê? Conforme Khun (1962), paradigma é uma constelação de conceitos, valores, percepções e práticas partilhadas por uma comunidade, as quais formam uma visão particular da realidade, visão essa que é a base da maneira como a sociedade se organiza. É escusado frisar que a nossa sociedade progrediu enormemente a partir do momento em que se compreenderam as vantagens de dar aos futuros trabalhadores uma oportunidade de frequentarem a escola. É verdade que as escolas evoluíram também. O problema é que, um dia qualquer, no passado, as escolas não tiveram agilidade para igualarem a velocidade da mudança da sociedade e começaram a ficar para trás. Entregues a si mesmas, as escolas começaram a rearranjar a sua constelação de conceitos, valores, percepções e práticas num círculo vicioso, procurando a legitimidade cada vez mais dentro delas próprias e, por essa via, esticando os seus laços com o resto do mundo até ao ponto de ruptura. Portanto, quando falo de mudança paradigmática, falo em recomeçar tudo de novo. Quisera ser um mago pós-industrial, com sabedoria e poder para tocar as escolas com a minha varinha mágica e dar às novas gerações uma nova instituição de aprendizagem, tão perfeita quanto as escolas foram instituições de ensino. 4. Que poderei fazer entretanto? Antes de mais, acordemos nos seguintes tópicos: • As escolas já não prepararam para a vida. • A cada dia que passa, a escola vai tendo menos que ver com o mundo que a rodeia. • As escolas tornaram-se num lugar onde os alunos aguardam não se sabe bem o quê.
  • 6. 6 • Escasseiam recursos nas escolas, nomeadamente tecnologias actualizadas. • Supõe-se que os professores devam fazer o máximo com o mínimo. • Os professores devem ensinar independentemente da vontade de aprender dos alunos. • Aprender não é uma consequência directa de se ser ensinado. • Os alunos de hoje, finda a escola, não terão um, mas vários empregos ao longo da vida, alguns dos quais para lá de qualquer conjectura. • Os professores não deviam ser educados tendo como referência uma escola imutável, concebida para durar eternamente.. Se concordarmos com os tópicos anteriores, talvez possamos também concordar como os seguintes: • Não existe transmissão de conhecimento: com sorte, talvez o professor possa fornecer informação (ou indicar onde ela se encontra), que possa ser usada pelos alunos no seu processo autónomo de construção. • Se são os aprendizes quem constrói o conhecimento, talvez a actividade da escola devesse focar-se no processo de construção. • Se acreditamos que a aprendizagem é um fenómeno secundário da prática social, sendo esta o fenómeno primário (Lave, & Wenger, 1991), deveríamos dar aos alunos reais oportunidades de construção, proporcionando-lhes um ambiente social em que possam interagir com outras pessoas para além do professor (pares, outros adultos, etc.). • Os professores devem considera-se como guides on the side, em vez de, como até aqui, sages on stage. • O currículo é uno: se o dividimos em fatias, por razões didácticas, também deveríamos dar aos alunos a possibilidade de o reunir. • As escolas não proporcionam contextos de aprendizagem autênticos e os aprendizes merecem oportunidades de aprendizagem situada. • O currículo é um constrangimento e não um caminho para o conhecimento e para a a inovação. • Os alunos deveriam ser treinados para sobreviverem num mundo em transformação como aprendizes autónomos ao longo da vida.
  • 7. 7 • O pensamento crítico é crucial para se ter sucesso. Apesar da pressão da cultura escolar, que tende a uniformizar a educação e o modo como o cidadão comum (neste particular, quase toda a gente é cidadão comum) representa a escola, alguma coisa pode ser feita, para antecipar o futuro. É indubitável que uma nova sociedade, em que a importância das manufactoras está a ser substituída pela importância da informação, está a substituir a sociedade industrial. Também é evidente que a produção de conteúdos não necessita da mesma estrutura industrial que vem modelando as escolas ao longo dos últimos duzentos anos. Talvez ainda seja muito cedo para antecipar a forma de que se deverão revestir as instituições educativas do futuro, assumindo que essas hipotéticas instituições também serão inspiradas por um novo paradigma pós-industrial, de que já conhecemos algumas das tendências: dessincronização, desconcentração, deslocalização, acesso instantâneo (à informação) e responsabilização de cada um pela sobrevivência numa selva de terabytes. Por outro lado, é impressionante verificarmos como um provável futuro design das escolas já está dentro das teorias com as quais temos vindo a conviver há muitas décadas. Consideremos os construtivistas, por exemplo. Eles descreveram o processo pelo qual construímos as nossas estruturas cognitivas e os seus trabalhos respondem a uma das previsíveis demandas do futuro, porque já é do presente: a necessidade de se aprender autonomamente ao longo de toda a vida. Recordemos Vygotsky (a quem muitos chamam social-construtivista) e a ênfase que ele colocava na mediação e na interacção social e na importância que ele atribuía à acção dos outros como tutores, ajudando os aprendizes a resolverem problemas ao nível mais elevado das respectivas zonas de desenvolvimento proximal, proporcionando-lhes scaffolding2 . Demos uma olhadela ao que se tem escrito sobre aprendizagem situada e da forma como os verdadeiros praticantes aprendem. Atentemos na diferença entre currículo de ensinar e currículo de aprender. Para Lave & Wenger (1991), aprender é uma consequência de se estar no mundo, desempenhando determinados papéis sociais, e não m processo 2 A zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é o intervalo de competência que pode ser desenvolvida sob a orientação de um adulto ou através de colaboração com pares. Isto conduz a uma ideia de ensinar como processo de scaffolding (colocar andaimes), apontando para o próximo estádio de desenvolvimento da criança em vez de se dirigir ao actual. De acordo com esta ideia, o professor deve prover materiais educacionais e conteúdos que vão para além das capacidades actuais do aprendiz.
  • 8. 8 separado do restante pelos muros da escola. Portanto, o que os aprendizes necessitam não é de mera instrução institucionalizada, mas de estarem em contacto com o mundo real. Demos atenção ao que Seymour Papert tem vindo a reclamar quanto ao papel e ao uso das TIC na educação, nomeadamente quanto ao uso de tecnologia para aumentar as oportunidades dos aprendizes, permitindo-lhes não ficarem reféns dos constrangimentos curriculares. Prestemos também atenção à importância que ele atribui à manipulação de coisas concretas e à construção de coisas partilháveis: Constructionism also has the connotation of “construction set”, starting with sets in the literal sense, such as Lego, and extending to include programming languages considered as “sets” from which programs can be made, and kitchens as “sets” from which not only cakes but recipes and forms of mathematics-in-use are constructed. One of my central mathetic tenets is that the construction that takes place “in the head” often happens especially felicitously when it is supported by construction of a more public sort “in the world” -- a sand castle or a cake, a Lego house or a corporation, a computer program, a poem, or a theory of the universe (Papert, 1993:142). Também poderíamos reflectir na sua opinião acerca da preferência dos educadores pelo pensamento abstracto, ao ponto de os tentarem fazer pensar como adultos: Most of his [Piaget’s] followers in education set out to hasten (or at least consolidate) the passage of the child beyond concrete operations. My strategy is to strengthen and perpetuate the typical concrete process even at my age. Rather than pushing children to think like adults, we might do better to remember that they are great learners and to try harder to be more like them. (Papert, 1993:155). Todos estes autores têm em comum contrariarem os principais postulados que fundaram a escola industrial, incluindo outros, que adquiriram entretanto. Todos eles desenvolveram investigações que contradizem crenças essenciais (como o dogma da relação de causalidade entre ensinar e aprender) e negam práticas profundamente enraizadas (como as behavioristas de condicionamento operante) da escola industrial. Todos têm em comum inspirarem-nos para imaginarmos novos papéis para os alunos (como aprendizes) e para os professores (como facilitadores). Assim, enquanto a escola industrial agoniza, e antes que as suas paredes se desmoronem definitivamente, os formadores de professores podem usar as contribuições destes autores como utensílios contra a pressão da cultura escolar, ajudando os seus aprendizes
  • 9. 9 a contrastarem a realidade das escolas com algumas brilhantes e desafiadoras sobre aprender num mundo em mudança. Ninguém garante, no entanto, que, apenas pela exposição a estas teorias, os futuros professores se tornem educadores realmente inovadores. Talvez ainda prevaleça, no final, o peso da tradição. Mas só um professor reflexivo, capaz de usar pensamento crítico, e bem equipado teoricamente pode desafiar a ortodoxia com uma prática em que os seus alunos sejam os protagonistas. E essa pode ser a inflexão em direcção a um novo paradigma de instituição educativa, a que não ousaria chamar escola: os professores saindo do palco para que os projectores iluminem os aprendizes. 5. Conclusão Voltando ao isomorfismo de Mialaret, é tempo de fechar o círculo. Um formador de professores, familiarizado com os contributos dos autores referidos, só pode orientar os seus formandos da mesma maneira que espera que estes orientem os seus futuros alunos na prática real de professores-como-facilitadores. Um formador de professores deve ser também um facilitador (não no sentido do facilitismo, obviamente), que é como quem diz, um agente de mudança. Mas não há garantia que, fazendo isso, o formador de professores agite as paredes da escola até ao ponto de colapso. As paredes físicas, de resto, são o problema menor. Hoje em dia, com todos os gadgets que nos trouxe o desenvolvimento tecnológico, é fácil ignorar as paredes, excepto as que deixámos erguer nas nossas mentes. É, portanto, dentro da nossa mente que devem ser demolidos os muros. Só depois estaremos aptos a ajudar à materialização de algo novo. 6. Bibliografia Bruner, J. (1985). ‘Vygotsky: a historical and conceptual perpective’. In J. W. Wertsch (Ed), Culture, communication and cognition: Vygotskian perspectives (pp. 21-34). Cambridge USA: Cambridge University Press. Bruner, J. (1996). The culture of education. Cambridge, MA: Harvard University Press. Fino, C. N. (2006). "Inovação e invariante (cultural) ". Actas do VII Colóquio sobre Questões Curriculares. Braga: Universidade do Minho.
  • 10. 10 Kuhn, T. (1962). The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: The University of Chicago Press. Lave, J. (1988). Cognition in Practice. Cambridge MA: Cambridge University Press. Lave, J. (1993). ‘The practice of learning’. In S. Chaiklin & J. Lave (Ed), Understanding practice: Perspectives on activity and context (pp. 3-32). Cambridge MA: Cambridge University Press. Lave, J. & Wenger, E. (1991). Situated learning: Legitimate peripheral participation. Cambridge USA: Cambridge University Press. Mialaret, G. e Vial, J. (1981). Histoire Mondiale de l’Education. Paris: P. U. F.. Papert, S. (1980). Mindstorms - Children, Computers and Powerful Ideas. New York: Basic Books, Inc.. Papert, S. (1986). Constructionism: A New Opportunity for Science Education - A Proposal to the National Science Foundation. Cambridge - Massachussets: MIT Media Laboratory. Papert, S. (1990). ‘Introduction’. In I. Harel (Ed), Constructionist Learning. Cambridge, MA: MIT Media Laboratory. Papert, S. (1991). ‘Situating Constructionism’. In I. Harel & S. Papert (Ed), Constructionism (pp. 1-12). Norwood, NJ: Ablex Publishing. Papert, S. (1993). The cildren’s machine: Rethinking schools in the age of computer. New York: Basic Books. Piaget, J. (1937). La construction du réel chez l'enfant. Paris et Neuchatêl: Delachaux et Niestlé. Piaget, J. (1969). Psychologie et Pédagogie. Paris: Editions Denoël. Toffler, A. (1970). Future Schock. New York: Bantam Books Toffler, A. (1984). A terceira vaga. Lisboa: Livros do Brasil. Veer, R. & Valsiner, J. (1991). Understanding Vygotsky - A Quest for Synthesis. Cambridge MA: Blackwell. Veer, R. & Valsiner, J. (1994). The Vygotsky Reader. Oxford: Blackwell. Vygotsky L. S. (1978). Mind in Society - The Development of Higher Psychological Processes. Cambridge MA: Harvard University Press. Wertsch, J. (1985). Vygotsky and the social formation of mind. Cambridge MA: Harvard University Press.
  • 11. 11 Wertsch, J. (1993). ‘Forword’. In L. S. Vygotsky e A. R. Luria (Ed), Studies on the History of Behavior: Ape, Primitive, and Child (pp. ix - xiii). Hillsdale NJ: Lawrence Erlbaum Associates. Wertsch, J. & Stone, C. (1985). ‘The concept of internalization in Vygotsky's account of the genesis of higher mental functions’. In J. V. Wertsch (Ed), Culture, communication and cognition: Vygotskian perspectives (pp. 162 - 179). Cambridge MA: Cambridge University Press.