3. SUMÁRIO
Agradecimentos ................................................................................................. 9
Prefácio ............................................................................................................. 11
Antonio Carlos Xavier
Internet & Ensino: Novos Gêneros, Outros Desafios ..................................... 15
Júlio César Araújo
PARTE I
Gêneros Digitais: descrição e implicações para o ensino
Momentos Interativos de um Chat Aberto: A Composição do Gênero ........ 21
Júlio César Araújo
Nonato Costa
A Ortografia no Gênero Weblog:
Entre A Escrita Digital e a Escrita Escolar ....................................................... 35
Roberta Varginha Ramos Caiado
O Chat quando não é Chato: O Papel da Mediação
Pedagógica em Chats Educacionais ................................................................ 48
Viviane Pereira Lima Verde Leal
O Uso de Emoticons em Chats: Afetividade em Ensino a Distância ............. 64
Maria do Carmo Martins Fontes
Questões de Estilo no Gênero Chat Aberto e
Implicações para o Ensino de Língua Materna .............................................. 78
Júlio César Araújo
Bernardete Biasi-Rodrigues
E-Zine: Uma Instância da Voz dos E-xcluídos ................................................ 93
Aurea Zavam
Gêneros Introdutórios Mediados pela Web: O Caso da Homepage ............ 113
Benedito Gomes Bezerra
4. O Gênero Página Pessoal e o Ensino de Produção Textual em Inglês ......... 126
Désirée Motta-Roth
Susana Cristina dos Reis
Débora Marshall
O Footing do Moderador em Fóruns Educacionais .................................... 144
Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva
Adail Sebastião Rodrigues-Júnior
“Tia, Eu já Escrevi o site do ‘Rotimeio’. Agora é só Apertar o Enter?”
O Endereço Eletrônico na Sala de Aula ......................................................... 165
Márcia Maria Ribeiro
Júlio César Araújo
PARTE II
O Professor e a Internet: Alternativas & Dilemas
Práticas Letradas Digitais: Considerações sobre Possibilidades de
Ensino e de Reflexão Social Crítica ............................................................... 181
Denise Bértoli Braga
As Formas de Interação na Internet e suas
Implicações para o Ensino de Língua Materna ............................................ 196
Socorro Claudia Tavares de Sousa
Aprendizagem em Regime Tandem: Uma Alternativa no
Ensino de Línguas Estrangeiras OnLine ....................................................... 205
Ricardo Augusto de Souza
Kd o Prof ? Tb foi Navegar ............................................................................. 221
Ana Elisa Ribeiro
Leitura na Internet: Mudanças no Perfil do Leitor e Desafios Escolares ..... 244
Iúta Lerche Vieira
Pesquisa na Internet: Copia/Cola??? ............................................................. 268
Else Martins dos Santos
Sobre os Autores ............................................................................................ 279
a
5. AGRADECIMENTOS
Ao editor Evanildo Bechara e à sua equipe pela seriedade e profissionalismo
dedicados ao presente livro e aos seus autores, a quem também agradeço pela
produtiva parceria e pela confiança.
Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Xavier (UFPE) pela apresentação do livro e pe-
las constantes interlocuções sobre hipertexto e gêneros digitais.
À Profa. Dra. Roxane Rojo (UNICAMP) pela leitura atenta dos originais e pela
apresentação que figura na orelha e na quarta capa.
6. PREFÁCIO
O lançamento de um novo livro no mercado é sempre um bom motivo para
comemorar. Todos ganham: o autor, o editor, o livreiro, o bibliotecário e, sobre-
tudo, o leitor. Além de ser mais uma fonte de informação, conhecimento e saber
– que fique claro: não são as mesmas coisas –, dependendo do tema, do autor e da
abordagem, ele atiça as labaredas do debate, acende a fogueira de vaidades (inte-
lectuais), ao mesmo tempo em que leva o leitor a refletir sobre o que sabe e/ou o
quanto não sabe, mas deveria saber, sobre o tema em pauta. É assim que devemos
receber uma nova edição, isto é, com muita festa, pois publicar o que pensamos é
um ato de muita coragem e ousadia, haja vista a quantidade de olhos atentos e
ávidos lançados sobre o texto prontos para apontar os equívocos, mostrar as fa-
lhas e, eventualmente, elogiar.
E é para isso também que servem os prefácios, que de fácil só têm mesmo o
‘pré’. Enquanto gênero textual, ele pertence à mesma família do discurso pane-
gírico, aquele em que o sujeito tem que falar bem, bonito e breve do texto e do
autor. Todavia, falar bem desta obra, que agora nos chega às mãos, organizada
pelo jovem e audacioso lingüista Dr. Júlio César Araújo, não é difícil (difícil
mesmo é falar bonito e breve). E dou os porquês, sem enumerá-los explicita-
mente como é próprio de nós professores.
A temática do livro – a utilização da linguagem na rede mundial de compu-
tadores pelos estudantes e o que as instituições de ensino/aprendizagem devem
fazer –, além de atual e relevante, levanta questões intrigantes para o modo
tradicional de lidar com a língua e com a variação lingüística suscitadas pelos
gêneros digitais nascidos neste novo espaço de interação. Como tratar os inu-
meráveis “erros” ortográficos, abreviações de palavras, neologismos no texto
dos e-mails, chats, blogs e flogs dos adolescentes? Deve o professor, a pretexto de
impedir a corrupção e morte do idioma pátrio, proibir os alunos de usar o
“internetês”? Seria isso possível? Seria a proposta deste livro: liderar uma cam-
panha nacional contra essa língua absurda da rede e assim salvar a “última flor
do Lácio” dos ataques infames dos imberbes internautas? Não. Ele não defende
essa tese.
Mas, então, o que defende o livro? O “vale tudo” no emprego da Língua
Portuguesa na Internet? Trata-se da apologia a um laisser faire, laisser passer
linguageiro? Nos autores prevalece a sensatez. Nem tecnófilos nem tecnófobos.
7. 12 I NTE RN ET & E NSI NO : N OVOS G ÊN E ROS , O UTROS D ESAFIOS
Diria que os autores assumem uma postura que chamo de tecno-equilibrada,
mostrando formas alternativas de lidar com esse “tisuname lingüístico”, para
retomar uma expressão cunhada pelos alunos do organizador.
A harmonia da obra está no fato dos autores sustentarem, cada um com seu
estilo e argumentos, a mesma posição científica e politicamente correta ampla-
mente aceita hoje na Ciência da Linguagem quanto à variedade e à flexibilidade
características de toda e qualquer língua viva, cuja eficiência no uso é resultado
do bom senso de usuários sensíveis ao contexto e à história nos quais vivem e
estão inseridos.
O time de autores que o organizador conseguiu formar neste livro é de dar
inveja a qualquer técnico de seleção brasileira. São 20 pesquisadores de 12 ins-
tituições de ensino diferentes, que, dessa forma, cobrem uma boa parte do pen-
samento lingüístico brasileiro sobre essa questão. O livro conta com especialis-
tas em língua materna, estrangeira, estudiosos da interação presencial e da
educação à distância. Da Lingüística Textual à Análise do Discurso, há artigos
magníficos que vão ao encontro da posição de muitos professores antenados
com seu tempo, e, paradoxalmente, vão de encontro a pontos de vista passadis-
tas de alguns mestres nostálgicos no que se refere ao tratamento da escrita e de
seu ensino em face das estripulias lingüísticas dos blogueiros, orkuteiros e chatters
que também freqüentam as escolas.
Convém alertar o leitor para não esperar dos artigos aqui presentes receitas
ou fórmulas prontas, o que para uns é uma pena. Neles, o que encontramos
facilmente são reflexões, pistas e sugestões interessantes frutos do esforço das
pesquisas e experiências dos autores com seus alunos em sala de aula. Esses en-
saios e relatos revelam o modo como eles vêem a questão, como lidam com esses
novos gêneros digitais no ambiente escolar e o que fazem para que seus alunos
percebam a pluralidade de gêneros textuais e a necessidade de comportarem-se
adequadamente ao usarem cada um deles. Inclusive o artigo que fecha o livro
analisa uma questão polêmica: a cópia. Prática de alguns alunos que tem sido
combatida estranhamente por alguns professores com a proibição do uso da
Internet na escola. Como se o aluno não pudesse acessá-la de outro local ou se
essa esperteza milenar tivesse nascido com a grande rede e não pertencesse à
natureza humana. Ledo engano de ambos, tanto de quem copia, que nada aprende,
quanto de quem busca coibir essa prática impedindo o uso de pesquisas on-line.
No geral, o conjunto das idéias compiladas neste trabalho nos convence a
concluir que precisamos urgentemente aprender a lidar com essas inovações
que aparecem a todo instante e em todas as esferas da vida, e, principalmente,
na linguagem onde elas se propagam e se consolidam socialmente. Os artigos
todos aqui reunidos apontam para alguns caminhos que podem nos ajudar,
8. P R E FÁC IO 13
enquanto educadores e professores, a lidar com os novos fenômenos lingüísti-
cos que vêm da Internet e chegam à escola sem pânico, ansiolíticos ou antide-
pressivos. Está nas entrelinhas dos textos o desejo de nos levar a reconhecer que
precisamos, a partir das inúmeras reflexões e sugestões apresentadas nesta obra,
encontrar nosso próprio caminho, achar nossa própria medida, já que cada um
de nós professores vivemos situações diferentes, singulares e só uma análise
profunda da realidade lingüística e cognitiva de nossos escolares vai nos permi-
tir criar “condições ideais de temperatura e pressão” para fazer funcionar ade-
quadamente o processo de aprendizagem em consonância com as tecnologias e
exigências contemporâneas.
Acerca dos propósitos comunicativos do gênero prefácio, não sei se falei
bonito, talvez tenha sido breve, mas sei que falei (de) bem do livro, isso porque
virtudes não lhe faltam e reitero-as: tema atual, time excepcional e tratamento
científico, por isso recomendo. Quanto aos defeitos, vejo pelo menos um: não
ter chegado antes às nossas mãos, pois poderia já ter explicitado muitas
questiúnculas com as quais não deveríamos mais perder nosso precioso e irre-
cuperável tempo em discuti-las.
Dr. Antonio Carlos Xavier
Programa de Pós-Graduação em Letras
Universidade Federal de Pernambuco
Recife – PE, novembro de 2006
9. Internet & Ensino:
Novos Gêneros, Outros Desafios
O computador será nos próximos anos uma
necessidade tão fundamental como a geladeira,
o fogão ou a escova dental.
A epígrafe acima foi retirada da introdução da obra Hipertexto & Gêneros
Digitais, organizada por Marcuschi & Xavier e publicada pela Lucerna em ju-
nho de 2004. Seus autores dão ao computador o mesmo status de funcionalida-
de que damos aqueles objetos supracitados. Corroborando o que falaram os
organizadores daquela coletânea, os autores do presente livro pretendem mos-
trar que, de fato, o computador está presente em quase todas as áreas do coti-
diano das pessoas, como nas corriqueiras operações bancárias que fazemos em
caixas eletrônicos espalhados pelos quatro cantos do país. Contudo, o foco de
discussão aqui aponta para aquilo que parece ser o uso mais freqüente do compu-
tador: a navegação pela Internet, considerada por muitos pesquisadores como
um genuíno espaço humano de práticas sociais.
O acesso à Internet se popularizou tanto que tem despertado a atenção dos
cientistas, pois é comum vermos lingüistas (MARCUSCHI & XAVIER, 2004), peda-
gogos (PEREIRA, 2004), psicólogos (WALLACE, 2001), antropólogos e sociólogos
(MAYANS, 2002) preocupados em compreender o fenômeno da comunicação
digital. Tanto interesse se justifica porque a Internet gera novas formas de usar
a linguagem, suscitando novos gêneros, inclusive inimagináveis até a sua cria-
ção. Por exemplo, até o verão de 1988, ano da criação do chat1, era impensável
que as pessoas pudessem utilizar a escrita para conversar em tempo real, através
de um computador. Hoje, esta prática já é comum e tem crescido tanto que os
seus usos engendram uma verdadeira constelação de gêneros, já que existem
vários tipos de bate-papos, cujas funções sociais variam muito (ARAÚJO, 2006).
Infelizmente, segundo os PCN, “a discussão sobre a incorporação das novas
tecnologias na prática de sala de aula é muitas vezes acompanhada pela crença
de que elas podem substituir os professores em muitas circunstâncias. Existe o
medo dá máquina como se ela tivesse vida própria” (BRASIL, 2002). Diante desse
mito, os autores dos ensaios reunidos neste livro afirmam que não há riscos de
os professores serem substituídos pelos computadores, mas reconhecem que
1
Para outros detalhes, cf. a homepage <http://damiel.haxx.se/irchistory.html>.