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P á g i n a  | 1 
© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                18 jan. 11 
 




                                            Oficina de
                                            Estratégia
                                                 Nº 4
 

                                  




Oficina de Estratégia                         
P á g i n a  | 2 
     © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                  18 jan. 11 
      
      




                                                                                     

       Setor de vinhos passa por transformações e
                  inspira novos negócios

      O mercado mudou com a chegada dos chineses, dispostos a comprar
                            grandes vinícolas.


Programa Mundo SA1                                                 Dois críticos de vinho, uma profissão
                                                                   das mais respeitadas na França,
                                                                   criaram um modelo de empresa em
                                                                   que fazem da credibilidade que eles
http://video.globo.com/Videos/Player/No                            conquistaram o ponto de partida para
ticias/0,,GIM1404116-7823-                                         outros     negócios.     Entre   eles,
SETOR+DE+VINHOS+PASSA+POR+TRA                                      publicações especializadas e um salão
NSFORMACOES+E+INSPIRA+NOVOS+                                       de vinhos que reúne os maiores
NEGOCIOS,00.html                                                   produtores do país, em um formato
                                                                   que começa a ser exportado e vai
                                                                   chegar     ao    brasil.    Veja    as
                                                                   transformações que o setor está
                                                                   passando na França, com a chegada
                                                                   dos chineses, dispostos a comprar
                                                            
1   Este Estudo de Caso foi veiculado no                           grandes vinícolas, e como uma bebida
    Programa da GloboNews Mundo SA –                               milenar consegue ser inspiração para
    http://globonews.globo.com/Jornalismo/G                        novos negócios que não param de ser
    N/0,,MUL1639317-17665-                                         inventados.
    315,00.htmlacesso em 13/01/2011.


     Oficina de Estratégia                                      
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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                     18 jan. 11 
 
                                                                   vinhos finos possam ser considerados
                                                                   investimento, seu comportamento não
                                                                   é significativamente diferente do de
       Vinhos e petróleo,                                          outras commodities, e desse modo eles
        muita coisa em                                             podem não servir para melhorar a
                                                                   diversificação de uma carteira",
           comum                                                   escreveram eles.

                                                                   Cevik e Sedik afirmam que fatores que
Por Javier Blas, Financial Times, de Londres -                     influem na oferta - como clima,
11/01/2011                                                         qualidade das uvas, envelhecimento e
                                                                   classificações de qualidade - conduzem
                                                                   os preços. "Os preços dos vinhos finos
                                                                   são       sensíveis    aos      choques
Investimentos Alternativos: Estudo de                              macroeconômicos, assim como o
economistas do FMI mostra que aplicação em                         petróleo e de outras commodities",
bebida traz pouca diversificação.                                  disseram,     acrescentando     que   a
                                                                   demanda é o que realmente importa.
                                                                   "O comércio de vinhos aumentou
Jornal Valor Econômico2                                            rapidamente na última década, assim
                                                                   como os níveis de renda, sobretudo nas
                                                                   economias emergentes, estimulando os
                                                                   vinhos 'investment grade' como ativo
O sabor é muito melhor, mas vinhos                                 alternativo."
finos como os Bordeaux e os Rioja não
oferecem mais diversificação ao                                    Os dois economistas estudaram o
investidor do que o petróleo bruto do                              comportamento do petróleo e os preços
tipo Brent. A constatação é de uma                                 dos vinhos finos entre janeiro de 2002
pesquisa feita por dois economistas do                             e junho de 2010. A correlação entre
Fundo Monetário Internacional (FMI).                               eles se fortaleceu desde a crise
Os     investimentos      em    vinhos                             financeira, aponta o estudo dos
aumentaram muito nos últimos anos,                                 economistas, intitulado "A Barrel of Oil
em parte pela crença de que eles são                               or a Bottle of Wine: How Do Global
uma diversificação ao riscos de se ter                             Growth Dynamics Affect Commodity
apenas ações, bônus e commodities                                  Prices?"
como o petróleo e o cobre.
                                                                   Eles      constataram      que     "o
Mas os economistas Serhan Cevik e                                  comportamento estatístico do petróleo
Tahsin Saadi Sedik estão agora                                     bruto e os preços dos vinhos finos
lançando dúvidas sobre isso. Eles                                  demonstraram uma correlação de mais
descobriram que o comportamento dos                                de 90% durante o período de amostra".
preços do petróleo e dos vinhos finos                              Após caírem em conjunto durante a
têm uma similaridade incrível. "Nossos                             recessão, a recuperação do pós-crise
resultados sugerem que, embora os                                  proporcionou uma alta aos preços do
                                                                   petróleo e dos vinhos finos, que foi
                                                                   respectivamente de 86% e 62% entre
2   Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal                    janeiro de 2009 e junho de 2010.
     Valor        Econômico           –      –
     http://www.valoronline.com.br/impresso/i
     nvestimentos/119/366393/vinhos-e-                             Segundo     as   estimativas dos
     petroleo-muita-coisa-em-comum acesso                          economistas, uma queda de pontos
     em 13/01/2011.


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                      18 jan. 11 
 
porcentuais    no    crescimento da                                próximo acessório fundamental para
produção industrial nos mercados                                   todo consumidor chinês rico.
emergentes, que estão conduzindo os
preços das commodities, induziria a                                Vinherias     estão   se     espalhando
uma queda de 22% nos preços do                                     rapidamente por Xangai, a reluzente
petróleo e uma queda de 15% nos                                    capital financeira do país, onde jovens
preços reais dos vinhos.                                           profissionais chineses se reúnem
                                                                   depois do trabalho e costumam gastar
Cevik disse ter ficado surpreso com os                             cerca de 1.000 iuans (152 dólares) em
resultados, que ele chamou de                                      uma garrafa de vinho.
experimentais. Ele disse que a pesquisa
não se concentrou inicialmente na                                  "O povo chinês tem muitas ambições e
correlação dos preços do petróleo e dos                            é muito materialista, portanto, tão logo
vinhos, e sim em quais eram os fatores                             tenha comprado a melhor marca local
mais    importantes     que    estavam                             eles começam a procurar algo melhor e
conduzindo os preços das commodities                               mais caro", disse Ch'ng Poh Tiong,
para cima.                                                         colunista especializado em vinhos e
                                                                   editor da revista The Wine Review, que
                                                                   tem como base o Sudeste Asiático,
                                                                   Hong Kong e China continental.
    Novos ricos da China                                           Embora a China tenha uma crescente
    anseiam por vinhos                                             produção interna de vinho, peritos do
                                                                   setor dizem que está mais na moda
      europeus caros                                               beber o produto importado. Eles
                                                                   prevêem que o consumo vá dobrar nos
                                                                   próximos cinco anos.
Plantão | Publicada em 03/01/2011 às
                                                                   Os favoritos incluem rótulos de
13h01m - Reuters/Brasil Online
                                                                   vinícolas francesas como o Chateau
Por Farah Master
                                                                   Lafite Rothschild, cujo preço inicial é
                                                                   de 1.000 dólares uma garrafa, e o
                                                                   Chateau Latour.

Jornal O Globo3                                                    "Há pelo menos duas camadas de
                                                                   apreciação de vinho na China. Se uma
                                                                   pessoas está comprando e servindo o
                                                                   vinho para agradecer muito a alguém
XANGAI (Reuters Life!) - Depois da                                 que lhe fez um favor, então há uma
explosão na demanda por bolsas de                                  classificação social que significa que ela
estilistas, ternos italianos e carros                              vai oferecer o vinho caro", disse Ch'ng.
velozes, os vinhos caros franceses e
italianos estão prestes a se tornarem o                            "Mas você tem também a mesma
                                                                   pessoa bebendo com amigos e família,
                                                                   e aí não há mais status ligado à
                                                            
3   Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal
                                                                   garrafa".
     O            Globo             –            –
     http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/01                     Aficcionados por vinho dizem que o
     /03/novos‐ricos‐da‐china‐anseiam‐por‐vinhos‐                  consumo na China continental cresceu
     europeus‐caros‐923409309.asp acesso em                        na base de dois dígitos nos últimos dez
     13/01/2011.


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                     18 jan. 11 
 
anos, resultando em forte incentivo                                importados. O consumo de vinhos
para vinícolas e empresas que visam o                              tintos finos (feitos de uvas vinífera, de
lucrativo mercado chinês, o qual deve                              melhor qualidade) produzidos em solo
superar fortemente a demanda no                                    nacional cresceu 14,6% em 2009, ante
Ocidente nos próximos anos.                                        uma alta de apenas 2% do produto do
                                                                   exterior.
O     Chateau    Lafite Rothschild
incorporou o caracter chinês do                                    As vinícolas gaúchas, que representam
número 8 nas garrafas de sua safra                                 90% do mercado nacional, produziram
2008, que deverá ser colocada no                                   13 milhões de litros de vinhos finos
mercado em 2011.                                                   tintos, ante uma comercialização de 59
                                                                   milhões de litros de vinhos finos de
Para ampliar as vendas, a vinícola não                             procedência internacional. Incluindo
só usou o auspicioso número "oito",                                vinho de mesa (de menor qualidade),
mas também a cor vermelha,                                         além das variedades branca e rosada, a
considerada um símbolo da sorte na                                 produção gaúcha de vinhos sobe para
tradição chinesa.                                                  240 milhões -alta de 12% ante 2008.

O Chateau Mouton Rothschild usou                                   "O setor vive um momento de
um design do artista chinês Xu Lei                                 recuperação",     diz     Júlio   Fante,
para sua garrafa vintage 2008.                                     presidente do Ibravin (Instituto
                                                                   Brasileiro do Vinho). "Nos últimos dez
Em cidades cosmopolitas como Xangai                                anos, foi feito um investimento forte na
e Pequim, há também robusto apetite                                viticultura, no plantio da uva, na
por vinho como investimento de classe.                             escolha dos terrenos e em termos de
                                                                   variedade das mudas."

                                                                   Dados inéditos compilados pelo
                                                                   Ibravin mostram que a indústria
       Aumenta fatia do                                            nacional de vinhos e espumantes
       vinho nacional no                                           movimentou R$ 2,5 bilhões no ano
                                                                   passado --considerando como base os
           mercado                                                 valores pagos pelo consumidor final.

MARIANA BARBOSA da Reportagem Local -                              A importação de vinhos somou R$ 345
26/04/2010 - 11h21                                                 milhões, segundo dados do Ministério
                                                                   do Desenvolvimento.

                                                                   Considerando os valores pagos pelo
Jornal Folha de São Paulo4                                         consumidor,     o    faturamento  da
                                                                   categoria de importados sobe para
                                                                   quase R$ 900 milhões, de acordo com
                                                                   estimativas do Ibravin.
Os vinhos finos nacionais estão em alta
e ganharam mercado sobre os                                        Além de ganhar mercado em relação
                                                                   aos importados, os vinhos finos
4   Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal                    conquistam espaço dentro da produção
     Folha      de    São      Paulo       –    –                  nacional. O Ibravin projeta que a
     http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/                  participação dos vinhos finos em
     ult91u725978.shtml       acesso          em                   relação ao total dos vinhos produzidos
     13/01/2011.


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                  18 jan. 11 
 
no país deve passar dos atuais 18%              é da ordem de R$ 100 milhões. "Nós
para 80% até 2025. Mas isso não                 somos grandes no Rio Grande do Sul,
significa o fim do plantio das chamadas         mas nossa ideia, para este ano, é
uvas híbridas, ou americanas, usadas            conquistar o mercado de São Paulo."
para produzir vinho de mesa. Estas              A cooperativa já fechou com algumas
continuarão sendo plantadas, mas com            redes de supermercados, como Sonda e
foco na produção de suco.                       Hirota, e está investindo em
                                                degustação no ponto de venda.
Produto saudável
                                                Estratégia similar tem a vinícola Perini,
Com apelo de produto saudável, o suco           que faturou R$ 40 milhões no ano
de uva tem crescido a taxas de 40% ao           passado e planeja investimentos de R$
ano. Tradicionalmente, 30% da safra             4,5 milhões para este ano. A intenção
de uva americana é destinada à                  de Benildo Perini, presidente da
produção de sucos. Mas, no ano                  vinícola, é triplicar o faturamento em
passado, essa fatia subiu para 45% e a          cinco anos.
expectativa é que, neste ano, 60% da
safra seja transformada em suco. Além           Há hoje 1.200 vinícolas em atividade
da crescente demanda pelo produto, o            no Brasil, o dobro de cinco anos atrás.
suco de uva garante retornos                    A maioria é formada por vinícolas de
financeiros melhores para as vinícolas.         pequeno porte. Juntas, elas faturaram
                                                R$ 1,2 bilhão no ano passado, alta de
Enquanto o vinho tinto de qualidade             60% em relação a 2007. "O volume de
garante prestígio para as vinícolas, o          uvas se manteve praticamente igual
suco de uva e os espumantes (que                nos últimos dois anos. O crescimento,
crescem 20% o ano) impulsionam o                portanto, representa aumento do valor
crescimento e os novos investimentos            agregado."
no setor.

A cooperativa Garibaldi reúne 340
produtores     localizados   em    dez
municípios da Serra Gaúcha e pretende
investir R$ 7 milhões em aumento de
capacidade nos dois segmentos.
Segundo o presidente da Garibaldi,
Oscar Ló, a produção de espumantes,
que foi de 1,2 milhão de garrafas no
ano passado, deve crescer 30%. O suco
deve avançar na mesma proporção,
para 2,1 milhões de litros. "Os vinhos
de uvas viníferas também estão
crescendo, mas é um mercado mais
difícil, com forte concorrência com as
estrangeiras", diz Ló.

Com um faturamento de R$ 44
milhões no ano passado, a Garibaldi
pretende alcançar o time das grandes
vinícolas como Miolo, Salton ou
Aurora, cujo faturamento, com vinhos,


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                    18 jan. 11 
 
                                                                   produção, reconversão de vinhedos e
                                                                   até na contratação de profissionais
                                                                   mais especializados.
           Setor de vinhos
              precisa de                                           “Ainda há carência de profissionais que
                                                                   tenham entendimento do mercado
           especialistas em                                        para     elaborar    estratégias     de
              marketing                                            posicionamento, comercialização e
                                                                   distribuição dos vinhos nacionais”,
                                                                   afirma Flávio Eduardo Martins,
Talita Abrantes, de EXAME.com - Veja São                           coordenador do curso de pós-
Paulo/Arquivo                                                      graduação em marketing do vinho da
                                                                   Escola Superior de Propaganda e
                                                                   Marketing (ESPM).

                                                                   O espaço no mercado de trabalho para
                                                                   quem consegue conciliar técnicas de
                                                                   marketing     com     um      profundo
                                                                   conhecimento do mercado de vinhos
                                                                   nacional é extenso. As opções vão
                                                                   desde um trabalho mais próximo das
                                                                   vinícolas e centros de distribuição até
                                                                   os chamados setores no entorno do
                                                                   vinho, como supermercados, hotéis e
                                                                   restaurantes.

                                                                   Esse ano, a ESPM que já mantém uma
                                                                   pós em marketing do vinho no Rio
Revista Exame5
                                                                   Grande do Sul irá lançar um curso nos
                                                                   mesmos moldes em São Paulo. Já a
                                                                   unidade paulista da Fundação Getúlio
                                                                   Vargas deve abrir um curso de
São Paulo – De olho no crescimento do                              extensão em Negócios do Vinho em
consumo de vinho no Brasil, setor de                               março.
vinhos quer consolidar reputação do
produto brasileiro no país. E, para isso,
precisa de profissionais especializados
em posicionamento de marca.

Geridas por grupos familiares, as
principais vinícolas brasileiras viveram
uma revolução nos últimos dez anos.
As mudanças foram materializadas em
investimentos em novas tecnologias de

                                                            
5   Este Estudo de Caso foi publicado na Revista
     Exame                     –                  –
     http://exame.abril.com.br/carreira/galerias/pr
     ofissoes‐em‐alta/setor‐de‐vinhos‐precisa‐de‐
     especialistas‐em‐marketing     acesso      em
     13/01/2011.


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                     18 jan. 11 
 
                                                                   165,4 mil, em 2002, para um valor
                                                                   estimado de cerca de US$ 2,2 milhões
                                                                   em 2007, ou seja, um crescimento
Setor de vinhos finos                                              superior a 1.200 % em cinco anos.
    investe R$ 3,8
                                                                   O projeto iniciou suas atividades com a
milhões na promoção                                                adesão de apenas seis vinícolas
   de exportações                                                  brasileiras. Hoje, já são 28, sendo que
                                                                   75% delas já efetivaram exportações e
                                                                   outras    estão    em     processo   de
                                                                   preparação. O mercado internacional
                                                                   tem mostrado uma tendência de
                                                                   demanda por vinhos vindos de áreas de
                                                                   produção mais novas, como é o caso do
                                                                   Brasil. A meta de exportações do Wines
                                                                   From Brazil até o final de 2009 é
                                                                   chegar a US$ 4 milhões, com
                                                                   crescimento ainda maior para os
                                                                   próximos anos. “Queremos cada vez
                                                                   mais mostrar não só para o nosso
                                                                   mercado, mas também para o mundo,
                                                                   que temos um produto de qualidade e
                                                                   queremos poder encher a boca para
                                                                   dizer que temos um dos melhores
Segunda-Feira, 03 de março de 2008
                                                                   vinhos do mundo”, disse o Presidente
                                                                   da Apex-Brasil, Alessandro Teixeira,
                                                                   durante o evento de assinatura do
News Comex6                                                        convênio.
Nos próximos dois anos serão                                       De acordo com o Presidente do
investidos R$ 3,8 milhões em ações de                              Conselho Deliberativo do Ibravin,
marketing     internacional   e    de                              Denis      Debiasi,     os    resultados
aproximação com o comprador. As                                    alcançados até agora atestam o sucesso
exportações brasileiras de vinhos                                  do projeto que tem por objetivo
cresceram mais de cinco vezes nos                                  promover internacionalmente o vinho
últimos cinco anos, passando de US$                                brasileiro. Ele salienta que as ações do
772 mil em 2003 para US$ 4 milhões                                 WFB incluindo a participação em feiras
em 2007, sendo que as empresas                                     e eventos internacionais trouxeram
participantes do Wines From Brazil                                 inúmeros benefícios às vinícolas
foram responsáveis por 57% deste                                   participantes do projeto. Entre eles
valor. O Brasil começou a exportar                                 destacam-se: o volume exportado e o
vinhos finos no início desta década.                               número de empresas exportadoras que
Desde então, as exportações de vinhos                              era de apenas duas e chegou a 14 no
finos das empresas beneficiadas pelo                               ano passado.
projeto de promoção passaram de US$
                                                                   Outros       resultados      positivos
                                                            
6   Este Estudo de Caso foi publicado na News
                                                                   apresentados pelo Wines From Brazil
     Comex                   –               –                     referem-se ao Projeto Comprador e ao
     http://www.newscomex.com.br/mostra_notici                     Projeto Imagem. O primeiro, contou
     a.php?codigo=8732        acesso       em                      com 23 participantes e uma expectativa
     13/01/2011.


Oficina de Estratégia                                           
P á g i n a  | 9 
© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                     18 jan. 11 
 
de negócios de U$ 1 milhão em 12                                   semestre, a estimativa é que o
meses. Já o Projeto Imagem reuniu 37                               crescimento médio tenha ficado em
jornalistas,  resultando   em     57                               28% em relação ao mesmo período do
publicações na mídia especializada,                                ano passado.
sendo 50 só em 2007.
                                                                   As razões que impulsionam esse
                                                                   cenário são, de um lado, a retração do
                                                                   mercado consumidor europeu, que faz
                                                                   do Brasil um destino para os
            Importação de                                          produtores desovarem estoques, de
           vinhos no Brasil                                        outro, um movimento de antecipação
                                                                   de compras pelos importadores para
            cresce 28% no                                          evitar gastos com a entrada em vigor,
                                                                   em novembro, do novo selo fiscal de
              semestre                                             controle.
                                           
                                                                   Entre janeiro e maio, segundo os dados
     Retração do mercado consumidor                                consolidados do Instituto Brasileiro do
         europeu favorece o Brasil                                 Vinho (Ibravin), com base em
                                                                   informações      do    Ministério    do
                   - Consumo | 31/07/2010 11:25                    Desenvolvimento,        Indústria     e
                                                                   Comércio Exterior, a importação de
                                                                   vinho italiano aumentou 58,57%. A alta
                                                                   nas importações de vinho português foi
                                                                   de 24,8%, quase similar à compra de
                                                                   vinhos espanhóis, que cresceu 22,32%.
                                                                   Já a de vinhos franceses aumentou
                                                                   11,76%.

                                                                   Como a demanda não experimenta
                                                                   uma explosão de consumo, a tendência
                                                                   é que o preço do vinho caia, já que a
                                                                   oferta vai se expandir e o produto é
                                                                   perecível. "O mercado europeu está
Crise na Europa impulsiona exportações para o                      realmente muito ruim", diz o dono da
                   Brasil                                          Mistral, Ciro Lilla. Ele alerta: "Há
                                                                   muito vinho ruim nessa oferta,
                                                                   produtores de pouca tradição e adegas
Revista Exame7                                                     pequenas sem produto de qualidade."

                                                                   A implantação do selo fiscal para
                                                                   garantir maior fiscalização sobre o
São Paulo - O ritmo de entrada de                                  contrabando       e      diminuir      a
                                                                   informalidade era uma reivindicação
vinhos importados no mercado
                                                                   antiga do setor vitivinícola do País. Os
nacional acelerou. No primeiro
                                                                   produtores acreditam que o selo
7   Este Estudo de Caso foi publicado na Revista                   servirá     para        estimular      a
     Exame                    –                  –                 competitividade do vinho nacional. As
     http://exame.abril.com.br/economia/noticias/i                 informações são do jornal O Estado de
     mportacao‐vinhos‐brasil‐cresce‐28‐semestre‐                   S. Paulo.
     583508 acesso em 13/01/2011.


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                     18 jan. 11 
 
                                                                   que só comem frutas e verduras que
                                                                   nunca tiveram contato com substâncias
                                                                   químicas podem ficar felizes ao saber
          O vinho "Verde"                                          que um dos melhores vinhos do mundo
       Cresce a procura pelos vinhos                               é tão orgânico quanto as folhas de
      orgânicos, feitos sem adição de                              alface, chicória e acelga que eles
                                                                   adoram devorar. O Romanée-Conti é o
    substâncias químicas ‐‐ e que, dizem                           mais célebre representante de um tipo
      os admiradores, não dão dor de                               de bebida que vem causando frisson
          cabeça no dia seguinte                                   entre os ecochatos: o vinho orgânico.
                                                                   Trata-se de uma classificação pouco
Marcelo Onaga, da EXAME - 15/12/2006 17:48                         utilizada até poucos anos atrás, mas
                                                                   que começou a ganhar força com a
                                                                   onda natureba que vem invadindo os
                                                                   mercados do mundo inteiro. A procura
                                                                   é tão grande que já surgiram na Europa
                                                                   lojas especializadas na comercialização
                                                                   dos vinhos ecochatos.

                                                                   Os vinhos naturais entraram na moda
                                                                   nos últimos anos, principalmente na
                                                                   França. Atualmente, são consumidos
                                                                   cerca de 160 milhões de litros da
                                                                   bebida, o que representa 5% do total de
                                                                   3,2 bilhões de litros vendidos por ano.
                                                                   Há cinco anos, a participação dos
                                                                   orgânicos não chegava a 2% do
                                                                   consumo total. "A divulgação dos
                                                                   produtos orgânicos como um todo e a
       Em alguns países da Europa, há lojas                        conscientização das pessoas, que se
     especializadas que vendem apenas vinhos                       preocupam mais com a saúde e com a
                     orgânicos                                     preservação da natureza, foram
                                                                   decisivas para elevar o consumo de
                                                                   vinhos orgânicos", diz Jean Pierre
Revista Exame8                                                     Amoreau, dono do Château Le Puy,
                                                                   que desde 1610 produz vinhos naturais.
                                                                   É da vinícola de Amoreau que sai o
                                                                   Barthélemy, um dos melhores vinhos
O que uma garrafa de Romanée-Conti                                 naturais da França na opinião de
pode ter em comum com aqueles                                      especialistas. "É um vinho sem
saquinhos estufados de rúcula que                                  nenhuma adição de sulfito", diz o
ficam à venda nos balcões refrigerados                             consultor francês Jacques Trefois, um
dos supermercados? Nada, responderá,                               dos maiores especialistas no assunto. O
com razão, quem pensar apenas em                                   sulfito, aliás, é uma espécie de satanás
preço e sabor. Mas os consumidores                                 dos vinhos para um ecoenófilo.
                                                                   Segundo os críticos, essa substância,
                                                            
8    Este Estudo de Caso foi publicado na
                                                                   utilizada para ajudar a conservar o
     Revista           Exame           –      –                    vinho, é a culpada pelas dores de
     http://exame.abril.com.br/seu‐                                cabeça que aparecem na manhã
     dinheiro/noticias/o‐vinho‐verde‐m0119342                      seguinte a uma noite de degustação de
     acesso em 13/01/2011.


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                   18 jan. 11 
 
taças e mais taças de vinhos comuns.            não garante qualidade ao vinho. "Há
"Vinhos naturais não dão dor de                 orgânicos maravilhosos e outros que
cabeça. A ressaca é culpa do sulfito",          são intragáveis", diz Veronique Raskin,
diz o cantor Ed Motta, assumidamente            fundadora da Organic Wine, uma das
radical na defesa dos vinhos naturais.          primeiras lojas de vinho orgânico da
"Hoje em dia só bebo vinhos orgânicos           Califórnia. "O problema é que quem
da Borgonha."                                   prova um orgânico de má qualidade
                                                acha que todos os vinhos do tipo são
Mais sabor                                      ruins."

A predileção de Ed Motta pelos                  A classificação orgânica entre os vinhos
naturais nada tem a ver com o cuidado           é um pouco mais complexa que a usada
com o corpo. O cantor é um dos                  entre verduras, frutas e legumes. Há
entusiastas que tentam reproduzir no            três divisões: orgânicos simples,
Brasil o sucesso que os vinhos                  biodinâmicos e naturais. Os primeiros
orgânicos fazem na França. Ele é                são vinhos que usam apenas uvas
responsável, junto com o executivo              cultivadas sem nenhum agrotóxico,
Marcos Mikulis, pela nova carta de              mas que podem ter substâncias
vinhos do Hotel Emiliano, de São                químicas adicionadas durante o
Paulo. Parte dela terá vinhos orgânicos,        processo de produção da bebida (como
biodinâmicos e naturais. "Os clientes           o odiado sulfito). Os biodinâmicos são
começam a procurar produtos desse               uma espécie de "orgânicos esotéricos".
tipo e queremos mostrar o que há de             Além de não utilizar química no
melhor entre os vinhos", diz Mikulis.           plantio das uvas, os produtores
Também o restaurante paulistano                 respeitam o calendário lunar e fazem
D.O.M., do premiado chef Alex Atala,            preparos com ervas, água da chuva e
começa a trabalhar com vinhos                   até chá de pêlos de rabo de cavalo e
naturais. "É uma tendência. Os vinhos           raspas de chifres de boi para borrifar
naturais são melhores que seus pares            nas parreiras. Mas, durante o processo
não-orgânicos", diz Celso La Pastina,           de fabricação, a adição de compostos
dono     da   World      Wine,    maior         químicos também é permitida. Já os
importadora de vinhos orgânicos do              naturais são os xiitas, os mais radicais -
país. Por ter uma produtividade                 - e os mais desejados entre os
reduzida e um processo de fabricação            ecoenófilos. O cultivo das uvas é feito
quase artesanal, os vinhos orgânicos            com base nos preceitos orgânicos ou
são mais caros do que seus similares            biodinâmicos. A grande diferença está
não-orgânicos -- chegam a custar o              no processo de fabricação. "Nada pode
dobro de um vinho de qualidade                  ser acrescentado. É um vinho
equivalente. Muitas vezes, toda uma             totalmente natural que reflete toda a
colheita é perdida porque pragas que            sua origem", diz o consultor Trefois.
não foram combatidas com agrotóxicos
degustaram as uvas antes de elas
virarem vinho.
                                                Tem até chifre de boi
Os fãs do produto dizem que vale a
pena. "São vinhos feitos por gente              Não basta ser livre de agrotóxicos para
preocupada não só com dinheiro mas              o vinho agradar aos enonaturistas mais
também em espalhar um estilo de vida            radicais
mais saudável", diz Ed Motta. A
                                                Orgânicos
classificação de orgânico, no entanto,


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                                18 jan. 11 
 
Feitos com uvas cultivadas de forma
totalmente natural, sem inseticidas,
pesticidas nem agrotóxicos. Mas                           Setor de vinhos
permitem        a      adição      de
substâncias químicas para conservação                      cresce e atrai
ou correção de sabor
                                                         empreendedores
Biodinâmicos
O cultivo das uvas também é
totalmente livre de produtos químicos.          Por Jorge Lucki | De São Paulo - 09/09/2010
Os produtores respeitam o calendário
lunar e utilizam poções à base de ervas,
água da chuva e até raspas de chifre de
boi para borrifar nas parreiras                 Jornal Valor Econômico9

Naturais
São os melhores. Podem usar uvas
produzidas de forma orgânica ou                 Há cerca de seis anos, uma amiga que
biodinâmica, mas os produtores não              trabalhava em uma importadora de
acrescentam nenhuma substância                  vinhos havia recebido convite de uma
(química ou não) durante e depois do            concorrente com significativa presença
processo de fermentação                         no mercado para mudar de empresa. O
                                                que a atraia na proposta não era, a
                                                rigor, eventuais vantagens financeiras
                                                nem o posto que iria ocupar, mas a
Claro, a ausência completa de                   possibilidade     de    poder      dar
conservante traz reflexos negativos             continuidade a um trabalho que
(por exemplo, as lesmas que                     desenvolvera e lhe dava prazer.
acompanham as folhas de alface                  Imaginava que corria o risco perder o
orgânica). A maioria dos vinhos                 que conquistara se ali permanecesse
naturais não pode ser guardada por              em função de uma suposta tendência
muito tempo, tampouco suporta ser               de concentração do setor, o que levaria
deslocada por grandes distâncias.               ao enfraquecimento/desaparecimento
Qualquer variação de temperatura                das pequenas e médias importadoras.
pode provocar uma nova fermentação -
- e, nesse caso, o melhor que se                Tentei mostrar que no médio e longo
consegue é um vinagre para temperar a           prazos o cenário seria diferente do que
rúcula orgânica.                                ela supunha. Argumentei que o
                                                mercado brasileiro estava se alargando
                                                e que havia um número cada vez maior
                                                de novos e bons produtores surgindo
                                                mundo afora, e que era inviável uma
                                                importadora montar uma estrutura
                                                que pudesse abranger tantos nomes

                                                                                                            
                                                9   Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal
                                                     Valor        Econômico           –        –
                                                     http://www.valoronline.com.br/impresso/cons
                                                     umo/117/306310/setor‐de‐vinhos‐cresce‐e‐
                                                     atrai‐empreendedores?quicktabs_3=0 acesso
                                                     em 13/01/2011.


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novos e trabalhá-los com eficiência.            conseguidas nas feiras Vinitaly e
Acreditava que novas importadoras               Vinexpo de 2009, e no fim daquele ano
apareceriam, o que seria benéfico para          chegaram os vinhos sul-africanos e
o mercado, atingindo mais e melhor o            chilenos da Viña Maipo. A proposta é
consumidor, o que de fato ocorreu.              chegar a 200 rótulos em 5 anos,
Favorecido pelo bom comportamento               cobrindo os cinco continentes e suas
da economia, o mercado nacional de              regiões mais importantes, e depois de
vinhos cresceu de forma consistente             estabilizar, fazendo um trabalho de
nos últimos anos, atraindo cada vez             implantação das marcas, estender um
mais interessados em abrir novas                pouco a linha de produtos.
importadoras.
                                                Como canais de atuação a Ravin
O que realmente deve ser levado em              estabeleceu dividir suas atenções entre
consideração é que o setor de vinhos            restaurantes,     delis     e      lojas
importados é bastante competitivo,              especializadas,    e    supermercados,
exigindo profissionalismo. Mais do que          representando 30% cada, e 10% para o
um ou outro bom produtor, é essencial           consumidor final por meio da loja
definir foco e ter um portfólio                 virtual (www.ravin.com.br), conjunto
adequado,     além     de   estruturas          que deve atingir receita de R$ 20
administrativa e comercial bem                  milhões neste ano. Nada mal para
montada.                                        quem investiu R$ 6,5 milhões no
                                                negócio. A boa gestão faz com que não
Atendendo      esses    requisitos   foi        haja necessidade de mais aportes, e a
montada     a    Ravin,     importadora         "máquina" está rodando com o próprio
comandada por Rogério d'Avila, que foi          fluxo.
diretor comercial da Expand durante
vários anos, e Alberto Porto Alegre,            O segredo para atingir essas metas é
responsável por três anos pela Wine             estar bem representado nos principais
Premium, empresa do grupo Expand.               centros de consumo espalhados pelo
A Ravin é tema da coluna de hoje e dá           Brasil. Nesse aspecto, a Ravin conta
início a uma série de artigos abordando         com representantes e equipe própria,
algumas dessas novas importadoras.              essa    encarregada      de mercados
                                                importantes, caso de São Paulo, capital
Rogério e Alberto - as iniciais dos dois        e interior, Brasília, Rio de Janeiro,
compõem o nome da importadora - se              Curitiba e Porto Alegre.
conhecem há 20 anos, desde o tempo
em que trabalhavam na antiga                    Na tabela, o portfólio completo da
Antarctica - um era diretor comercial e         importadora, comentado, com as
o outro, diretor financeiro. Fizeram            respectivas avaliações.
MBA juntos e resolveram montar a
empresa em março de 2009, trazendo              colaborador-
junto    alguns     produtores      que         jorge.lucki@valor.com.br
supostamente estavam descontentes
com sua então representante no Brasil.

O primeiro nome foi a Bodega
Argentina Zuccardi, conhecida por
aqui sobretudo pelos rótulos mais
populares Santa Julia. Vieram a seguir
vinícolas   italianas   e   francesas,


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                                                                   vendido em garrafão e não era sequer
                                                                   feito com uvas próprias para a
                                                                   vinificação. Em suma, um desastre
                    A aposta na                                    completo. Foi quando as vinícolas
                    qualidade                                      familiares do sul do país decidiram
                                                                   apostar com mais força em vinhos
  As vinícolas nacionais lançam uma                                elaborados com castas européias, como
 leva de vinhos considerada a melhor                               cabernet sauvignon e merlot, vendidos
          da história do país                                      na faixa dos 20 reais. Nada que
                                                                   colocasse o Brasil em lugar de destaque
                                                                   no     mundo     do    vinho,    porém.
                                                                   Entendidos como o crítico americano
Tiago Lethbridge e Ricardo Cesa, da EXAME -                        Robert Parker jamais enfiaram o nariz
06/10/2006 17:56                                                   numa taça que contivesse exemplar
                                                                   dessa categoria. A segunda revolução,
                                                                   que ainda está em andamento,
                                                                   pretende levar os vinhos do país para
                                                                   outro nível. Com investimento inédito
                                                                   na qualidade das uvas e na tecnologia
                                                                   de produção, os fabricantes nacionais
                                                                   estão colocando no mercado o que os
                                                                   especialistas consideram os melhores
                                                                   já feitos no país. Comercializados por
                                                                   cerca de 70 reais, vinhos como Talento,
                                                                   da Salton, e Terroir, da Miolo,
                                                                   desbravam um território desconhecido
                                                                   para os nacionais, no qual a
                                                                   competição com os importados pode
                                                                   ser ainda mais ingrata do que nas
                                                                   faixas de preço inferior. "O vinho
                                                                   brasileiro vai surpreender", diz Ângelo
                                                                   Salton Neto, presidente da Salton.
Barricas de carvalho na Salton: origem
francesa                                                           Para elaborar vinhos com capacidade
                                                                   para disputar esse segmento de
                                                                   mercado, as empresas nacionais foram
Revista Exame10                                                    forçadas, basicamente, a passar uma
                                                                   borracha no modo de produção
                                                                   anterior -- e investir pesadamente na
O vinho brasileiro passou por duas
                                                                   modernização das vinícolas. A Miolo,
revoluções na última década. A
                                                                   por exemplo, aplicou 50 milhões de
primeira delas, iniciada em meados
                                                                   reais nos últimos anos. Entre as
dos anos 90, tirou o produto nacional
                                                                   práticas mais comuns estão a troca das
do patamar anterior -- o intragável. Até
                                                                   videiras antigas por novas variedades,
então, o vinho brasileiro típico era
                                                                   importadas da Europa, a aquisição de
                                                                   barricas de carvalho produzidas na
10   Este Estudo de Caso foi publicado na
     Revista          Exame             –    –                     França e nos Estados Unidos e a
     http://exame.abril.com.br/revista‐                            adoção de novas técnicas de cultivo. A
     exame/edicoes/0878/negocios/noticias/a‐                       Salton, uma das maiores do país,
     aposta‐na‐qualidade‐m0113175 acesso em                        importa 300 barricas por ano. Cada
     13/01/2011.


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uma custa quase 3 000 reais. Além               Paralelo 8 R$ 68
disso, os produtores estão desbravando
outras áreas, como a Campanha                   Por         que         é        caro
Gaúcha e o Vale do São Francisco, o             Produzido com cinco uvas do Vale do
que requer ainda mais investimento na           São Francisco, o novo tinto da Expand
compra de lotes de terra. Tome-se o             terá produção limitada de 3 000
exemplo da importadora Expand, do               garrafas
empresário       Otávio      Piva      de
Albuquerque. A empresa iniciou há               Fonte: empresas
três anos a produção de vinhos. Em vez
de apostar no tradicional Vale dos              O maior desafio dos Produtores
Vinhedos, na Serra Gaúcha, optou pelo           nacionais, claro, é convencer o
Nordeste. Os primeiros exemplares               consumidor de que investir 70 reais
não chamaram atenção, mas a versão              num vinho brasileiro não é um ato de
reserva do Rio Sol, produzido com a             loucura ou um sinal de patriotismo
uva syrah, foi vista como promissora.           patológico. De acordo com os
Piva, então, tomou uma atitude rara             especialistas,   as    prateleiras   de
entre seus pares: mandou um exemplar            importadoras e supermercados estão
para avaliação da conceituada revista           repletas de excelentes vinhos nessa
inglesa     Decanter,      que     então        faixa    de     preço,   especialmente
recomendou       sua    compra.     "Nas        argentinos e chilenos. "A grande
próximas semanas, vamos lançar nosso            dificuldade das vinícolas é apagar a
mais ousado vinho, o Paralelo 8, que            imagem do produto nacional como
custará 68 reais", diz Piva. O Paralelo 8       sinônimo de vinho de garrafão", diz
já chega com boas credenciais.                  Adriano Miolo. Para auxiliar nessa
Recentemente, o vinho recebeu a                 tarefa, os brasileiros têm contratado
classificação 83 -- de um total de 100 --       especialistas consagrados do mundo do
da prestigiada revista Wine Spectator.          vinho, que atuam como consultores na
                                                produção -- e podem servir para
                                                convencer os consumidores céticos, já
                                                que seus nomes são vistos como uma
As novidades dos brasileiros                    espécie de atestado de qualidade. O
                                                mais destacado membro dessa turma é
Os vinhos premium que as vinícolas              o francês Michel Rolland. Considerado
nacionais estão lançando no mercado             um dos mais experientes enólogos do
Salton Desejo R$ 70                             planeta, Rolland foi contratado há três
                                                anos para transformar a produção da
Por que é caro Elaborado com as                 Miolo. Uma de suas sugestões foi um
melhores uvas merlot da Salton, teve            drástico corte na produção. Com o
toda a produção acompanhada por                 objetivo de aumentar a concentração
enólogos estrangeiros                           de açúcar nas uvas, Rolland mandou
                                                reduzir de 20 para apenas 2 quilos a
Miolo Terroir R$ 58                             quantidade de uvas produzidas por
                                                videira. As outras vinícolas fizeram o
Por         que          é         caro         mesmo. Para elaborar seu vinho mais
Com tiragem de apenas 18 000                    caro, o Talento, a Salton trouxe da
garrafas, o Terroir é considerado o             argentina um consultor que ganhou
melhor tinto já produzido pela Miolo            fama na Trapiche, Angel Mendoza. Nos
                                                próximos meses, a companhia lança o
                                                primeiro vinho produzido do início ao


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fim com o auxílio de Mendoza, o Salton
Desejo, elaborado com uvas merlot e
vendido por 70 reais. "Os melhores
vinhos brasileiros são até comparáveis                  Hora de brindar?
aos chilenos, argentinos e australianos               Depois de quase falir, a Vinícola 
da mesma faixa de preço", diz Arthur                 Aurora volta a lucrar. Mas ainda é 
Azevedo, presidente da Associação
                                                       cedo demais para comemorar 
Brasileira de Sommeliers. "Isso já é um
grande feito para o Brasil, pois há
poucos anos não cabia comparação
alguma."                                        Suzana Naiditch - 05/03/2002 17:48

Nessa aposta de qualidade, os
produtores nacionais tentam seguir
caminho semelhante ao trilhado por              Revista Exame11
seus pares argentinos. Até dez anos
atrás, o vinho do país vizinho era
destinado basicamente ao consumo
interno. Empresários como Nicolás               Na segunda semana de novembro do
Catena,      da      Catena     Zapata,         ano passado, a gaúcha Aurora, a maior
transformaram o vinho argentino                 fabricante brasileira de vinhos, não
investindo em pesquisa do solo, seleção         tinha mais o espumante da marca
de videiras e, inclusive, adotando uma          Marcus James para atender aos
uva "nacional", a malbec. O resultado é         pedidos do varejo. As vendas
que hoje alguns vinhos argentinos               alcançavam 192 mil garrafas, quase
atingem pontuações altíssimas nas               130% a mais que o volume
degustações internacionais. O malbec            comercializado em 2000. Alguns
Achaval Ferrer, considerado o melhor            meses antes o espumante já havia sido
da América do Sul, levou 96 pontos da           aprovado pela crítica -- sua versão Brut
Wine Spectator, feito inimaginável até          2000 recebeu medalha de ouro no
uma década atrás. No Chile, a Concha y          concurso     Vinalies    Internationales
Toro elabora o Don Melchor, que já              2001, em Paris, França. "Ganhar
ganhou 95 pontos da mesma revista e é           medalha de ouro na terra do
vendido no Brasil por 250 reais. É              champanhe é como ganhar um Oscar",
justamente nessa faixa de preço que os          diz o advogado Hermes Zaneti, 58
brasileiros miram quando preparam               anos, superintendente da empresa. "A
sua próxima investida. "Vamos lançar            consagração     do     nosso    produto
um vinho de 100 dólares nos próximos            simboliza a recuperação da Aurora."
cinco anos", diz Adriano Miolo. Resta
ao consumidor torcer para que a                 Por recuperação entenda-se ter
qualidade cresça na mesma proporção             fechado o ano passado com um lucro
do preço.                                       de 2 milhões de reais, modesto para o
                                                faturamento de 100 milhões, mas uma
                                                mudança -- perdoem o trocadilho -- da
                                                                                                            
                                                11   Este Estudo de Caso foi publicado na
                                                     Revista          Exame             –     –
                                                     http://exame.abril.com.br/revista‐
                                                     exame/edicoes/0761/empresas/noticias/hora‐
                                                     de‐brindar‐m0052387         acesso     em
                                                     13/01/2011.


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água para o vinho, já que seis anos             Gonçalves. Orçado inicialmente em 6
atrás a empresa enfrentava um                   milhões de reais, no fim de 1995 já
prejuízo de 34 milhões de reais (veja           havia consumido uma soma quase
quadro na pág. XX). Controlada por              cinco vezes maior. Outro projeto, o de
uma cooperativa de produtores de uva            uma fábrica de suco concentrado, foi
de Bento Gonçalves, a Aurora havia              ainda mais infeliz: engoliu pelo menos
chegado a um ponto crítico: para cada           8 milhões de reais e é hoje um
real de faturamento contabilizava 2,84          esqueleto abandonado. "Queríamos
reais de dívida vencida. No início de           eliminar a ociosidade dos produtores e
1996, um comitê de 12 bancos credores           fugir da monocultura, mas a crise nos
liderado pelo Banco do Brasil afastou a         pegou", diz José Alberici, ex-presidente
diretoria da empresa e indicou dois             da Aurora e hoje dono de uma
executivos para negociar o passivo de           distribuidora de vinhos. "Com a
84 milhões de reais, somente com as             abertura do mercado, o setor de vinhos
instituições financeiras. No total,             sofreu muito."
considerando         atrasos       com
fornecedores, impostos, associados e            A Aurora também foi prejudicada por
outros, o débito chegava a 127 milhões.         uma orientação assistencialista. Entre
                                                1989 e 1996, cerca de 40 milhões de
Alguns meses depois, Zaneti, nascido e          reais, boa parte deles emprestada por
criado entre parreirais da serra gaúcha,        bancos, foram gastos com planos de
foi chamado pelos associados da                 saúde, odontológico e farmacêutico
cooperativa para assumir as rédeas do           para os associados da cooperativa e
negócio e representá-los perante os             seus familiares. "Estávamos investindo
bancos credores. Ele ficara conhecido           no bem-estar do cooperado", afirma
no Rio Grande do Sul na década de 70            Alberici. Eram cerca de 6 mil pessoas
por sua atuação como líder sindical dos         recebendo benefícios bancados pela
professores, quando se acostumou a              empresa. "A política de assistência
comandar greves do magistério.                  tinha de acabar ou iria afundar de vez a
Depois, fez carreira política como              Aurora", diz Zaneti. "Os associados
deputado federal e representou a                estavam distanciados do negócio, e foi
região vinícola em Brasília por dois            duro explicar a eles que não eram
mandatos. "Meu maior desafio passou             funcionários, e sim os donos." Zeferino
a ser recuperar uma empresa que                 Riboldi, o presidente da cooperativa,
estava praticamente quebrada", diz.             confirma a falta de informação dos
                                                associados. "Foi um baque para nós",
Como a Aurora havia chegado a tal               diz. "Os antigos gestores escondiam as
situação? A crise financeira da empresa         coisas. Éramos donos de direito, mas
resultou de uma combinação de má                não de fato." Uma das providências de
gestão    com      investimentos   mal          Zaneti foi criar canais de comunicação.
dimensionados e falta de condições              Atualmente,         os       associados
para concorrer com os vinhos                    acompanham o dia-a-dia da empresa
estrangeiros que invadiram o mercado            por um programa de rádio de cinco
brasileiro desde a abertura da                  minutos. Na festa dos 70 anos da
economia, na primeira metade dos                Aurora, em abril de 2001, a família dos
anos 90. Um dos projetos que                    produtores foi convidada a visitar a
sangraram o caixa da vinícola foi o da          sede, no centro de Bento Gonçalves.
construção de um vinhoduto de 4,5               Muitos cooperados nunca haviam
quilômetros de extensão entre as duas           colocado os pés lá.
unidades de produção em Bento


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A ruína financeira comprometeu a tal            safras passadas. "O que manteve a
ponto a competitividade da Aurora que           Aurora de pé foi a confiança dos
ela perdeu seu principal contrato de            cooperados", diz Cézar Lindemeyer,
exportação. Os vinhos Marcus James,             hoje gerente-geral da SLC Alimentos e,
vendidos nos Estados Unidos desde               na época, consultor da Aurora. "Eles
1988, garantiam à cooperativa 12                continuaram entregando sua produção
milhões de dólares em 1997. Mas, no             sem saber se receberiam por ela e se as
fim daquele ano, a importadora                  dívidas acumuladas seriam pagas."
americana rompeu o contrato. Zaneti             Para convencê-los, Zaneti promoveu 15
então reuniu sua equipe de vendedores           assembléias.      "Eles      acabaram
e fez um discurso inflamado como nos            compreendendo que precisávamos
tempos de sindicalista. Pediu a eles que        pagar primeiro os fornecedores e os
conseguissem o que parecia impossível           impostos atrasados", diz.
-- colocar no mercado interno os
vinhos que não iriam mais para os               Mesmo há dois anos, quando faltou
Estados Unidos. Deu certo. Sem                  uva e os produtores da Aurora foram
exportar, a Aurora faturou em 1998 os           assediados por outras vinícolas, a
mesmos 57 milhões de reais que havia            maioria     deles    resistiu.   "Outras
registrado quando ainda contava com o           empresas esfregaram cheques no nariz
contrato de exportação.                         dos associados, oferecendo preço
                                                superior, à vista, enquanto a Aurora
As relações políticas do ex-deputado            pagava o preço de mercado em dez
foram fundamentais para conseguir               vezes", diz Zaneti. Os que sucumbiram
um acordo com os bancos credores,               foram expulsos da cooperativa. Alguns
firmado como protocolo de intenções             saíram por vontade própria. Das 1,5
em 1997, mas só assinado dois anos              mil famílias que havia em 1996, restam
depois. Ele resultou na formação de             1,2 mil. Para cortar custos, o quadro de
duas novas empresas: a Ativos e a               funcionários também foi reduzido: de
Aurora Vinhos, ambas controladas pela           518 há seis anos para 280 atualmente.
Cooperativa Vinícola Aurora. A Vinhos
é a gestora do negócio. A Ativos                A relação mais pragmática com os
assumiu o patrimônio, as marcas e as            associados permitiu contornar um
dívidas com os bancos, hoje ainda na            problema comum da cooperativa: não
casa dos 76 milhões de reais. O acordo,         conseguir vender toda a produção que
atualmente sob análise da Comissão de           é obrigada a receber. "A Aurora está
Valores Mobiliários (CVM), prevê a              fazendo o associado produzir aquilo
abertura de capital da Ativos para que          que o mercado pode absorver", diz
sejam emitidas debêntures no valor de           Adolfo Lona, diretor de operações e
56 milhões de reais, com prazo de               enólogo responsável da concorrente
resgate de até 20 anos. Um patrimônio           Bacardi, Martini do Brasil. Adaptar a
estimado em 20 milhões de reais será            produção às mudanças do mercado é
vendido para quitar o restante da               vital no setor. Há poucos anos, o país
dívida.                                         viveu a euforia dos vinhos brancos --
                                                chegou a importar grandes volumes
Dos débitos com fornecedores e                  dos alemães de garrafa azul, de
impostos, que somavam 21 milhões de             qualidade duvidosa. Depois, veio a
reais em 1996, mais de 85% foram                onda do tinto. Foi quando faltou
quitados e o restante foi renegociado. A        matéria-prima para as vinícolas. Em
cooperativa ainda deve também aos               1998, percebendo que não teria
próprios associados o pagamento de              condições de atender à expansão do


Oficina de Estratégia                        
P á g i n a  | 19 
© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                                                18 jan. 11 
 
mercado, a Aurora montou uma
subsidiária no Uruguai, onde produz
vinhos tintos, como o Marcus James e                         DA ÁGUA PARA O VINHO
o Conde de Foucauld.
                                                O desempenho da Vinícola Aurora
O acordo com os bancos deu fôlego à             melhorou em comparação com o de
cooperativa para investir na qualidade          cinco anos atrás
do produto. Os rótulos e as garrafas
                                                                                                   1996 2001
foram renovados e a Aurora passou a
aproveitar a força dos produtos mais            Faturamento*                                       43          100
tradicionais, como os vinhos Marcus
James, para manter a liderança.                 Lucro líquido*                                     -34         2
Muitas marcas e linhas foram retiradas          Dívidas*                                           127         91
do catálogo: dos 179 itens que vendia
em 1996, restam 62. Entre eles, marcas          Volume de vendas**                                 25          38
populares tradicionais, como o Sangue
de Boi, que explicam por que a Aurora           Funcionários                                       518         250
é líder do mercado em volume, com
28% da comercialização de vinhos
comuns engarrafados no país. A aposta
principal, porém, se dá nos vinhos
finos, a categoria mais rentável e que
                                                         (Quase) como na
mais tem crescido -- nos últimos dois                       Borgonha
anos, o consumo per capita no Brasil
aumentou 15%.                                              Surgem no Brasil pequenos 
                                                           produtores que apostam no 
Ainda é cedo para dizer se a                                  artesanato de vinhos 
recuperação da empresa é sólida.
Segundo o ex-presidente Alberici, ela
se deve, principalmente, à mudança na
conjuntura, hoje propícia ao vinho              Ricardo Cesar, da EXAME - 02/03/2007 17:08
nacional. Pode ser. Além de reduzir um
endividamento ainda elevado, Zaneti e           Revista Exame12
seu time têm agora o desafio de tentar
recuperar a posição da Aurora como
exportadora e abrir novos mercados.
Em 2001, a Aurora faturou 500 mil               Os amantes de vinhos podem ser
dólares com exportações para países             divididos em duas esferas ideológicas -
como Japão, Finlândia e Paraguai. A             - a pragmática e a romântica. A
meta para 2002 é exportar 6 milhões             primeira é formada por defensores da
de dólares. A empresa começou o ano             tecnologia e da produção em larga
embarcando sua primeira remessa de              escala, combinação cujo resultado é um
vinhos e espumantes para a China.               tipo de vinho moderno, sempre ao
"Meu sonho é vender uma colher de               gosto     dos   maiores      mercados
vinho para cada chinês", diz Zaneti.
                                                                                                            
                                                12   Este Estudo de Caso foi publicado na
                                                     Revista          Exame             –    –
                                                     http://exame.abril.com.br/revista‐
                                                     exame/edicoes/0887/consumo/noticias/quase‐
                                                     como‐na‐borgonha‐m0123036 acesso em
                                                     13/01/2011.


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© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                       18 jan. 11 
 
consumidores. Os ídolos dessa turma                  estilo de vinho que ganham
são o influente crítico americano                    seja "natural" ao características
Robert Parker e o onipresente francês                clima da região     regionais e não
Michel Rolland, o mais destacado                                         são padronizados
consultor globalizado do mundo. As
regiões produtoras onde essa ideologia               Evitam         uso    As características
grassa são a Califórnia e a Austrália. Já            excessivo de barris   da uva ficam mais
o grupo dos românticos é formado                     de carvalho na        evidentes e não
pelos adeptos da produção artesanal,                 produção de seus      são    disfarçadas
que empregam técnicas tradicionais de                vinhos                pelo gosto e pelo
plantio e vinificação e acham que                                          aroma de madeira
Parker e Rolland são responsáveis por
                                                     Supervisionam         São vinhos de
uma padronização dos vinhos que
                                                     toda a vinificação    autor, que levam a
ameaça antigas tradições. Esse pessoal
                                                                           assinatura e a
tem entre seus mais fervorosos
                                                                           marca de quem
defensores os pequenos produtores
                                                                           produz
italianos e franceses. Sua região-
símbolo é a Borgonha, conhecida pela
infinidade de pequenas vinícolas. Até                Em sua maioria, os novos produtores
recentemente, esse embate ideológico                 brasileiros são tão apaixonados por
não existia entre os produtores                      vinho que largaram tudo e decidiram
brasileiros.   Os    fabricantes     que             estudar enologia para produzir os
dominam o mercado, como Salton e                     próprios rótulos. Enquanto uns
Miolo, são exemplares típicos do                     sonham em sair da cidade para abrir
primeiro grupo (a Miolo usa os serviços              sua pousada na praia, eles decidiram
de Rolland, por sinal). Nos últimos                  construir vinícolas. Foi o que fizeram o
anos, porém, o pessoal pró-Borgonha                  administrador de empresas Luís
começou a surgir. De forma discreta,                 Henrique Zanini, da Vallontano;
apareceram      no     sul    do     país            Werner Schumacher, da Quinta
pequeníssimos produtores artesanais,                 Ribeiro de Mattos, que durante 26
que fazem quantidades muito limitadas                anos vendeu equipamentos e insumos
de vinhos -- e a boa notícia é que                   para vinícolas, mas nunca havia
alguns têm qualidade surpreendente.                  produzido; o economista Álvaro
                                                     Escher, da Cave Ouvidor; e o
                                                     publicitário e fotógrafo profissional
O avanço dos pequenos
                                                     Marco Danielle, da Tormentas. Todos
O que diferencia as microvinícolas das               trabalham com poucos recursos,
grandes produtoras do país                           produção reduzida -- alguns não
                                                     chegam a 300 garrafas anuais, menos
O que eles fazem         Qual o resultado            de 1% do volume dos concorrentes de
Colhem           e       Isso evita que              maior estrutura --, nenhuma verba de
selecionam      os       galhos ou grãos             marketing e, em alguns casos, nem
grãos                    defeituosos sejam           contam com distribuidores. Quem
manualmente,             fermentados por             estiver interessado tem de entrar em
enquanto        as       engano,                     contato direto para efetuar a compra. É
grandes      usam        melhorando       a          preciso     muita      curiosidade     e
máquinas                 qualidade       do          persistência para dar-se ao trabalho de
sofisticadas             produto final               descobrir esses vinhos e encomendar
                                                     algumas garrafas.
Procuram            um Os               vinhos



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P á g i n a  | 21 
© José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.                                 18 jan. 11 
 
O que diferencia esses produtores das           caprichada com métodos modernos de
vinícolas comerciais é que para eles o          vinificação, o que resulta em vinhos
vinho não é apenas um negócio, mas              que se encaixam com mais facilidade
um estilo de vida. Escher, da Cave              no gosto popular. Outra vinícola que
Ouvidor, refugiou-se em um sítio sem            tem recebido muitos comentários
eletricidade em Garopaba, em Santa              favoráveis de especialistas é a gaúcha
Catarina, onde usa a rara uva peverella         Dal Pizzol, espécie de precursora na
para produzir o branco Insólito, um             fabricação de vinhos de qualidade no
dos vinhos que estão ganhando                   Brasil. Recentemente, o americano
entusiastas nas rodas de especialistas.         Jonathan      Nossiter,    autor     do
Seu método de produção é a antítese             documentário Mondovino e notório
dos grandes projetos de Salton e Miolo.         defensor do jeitão da Borgonha, levou
Alguns produtores, como Marco                   uma garrafa do Dal Pizzol Merlot da
Danielle, da Tormentas, exigem que a            safra 1981 para que José Bonifácio de
seleção das uvas que serão vinificadas          Oliveira Sobrinho, o Boni, o degustasse
seja manual, grão por grão -- e não por         às cegas (ou seja, sem que soubesse de
meio de máquinas, como acontece nas             que vinho se tratava). Boni, dono de
maiores vinícolas. "Quero expressar o           uma das maiores adegas do país,
que o solo e o clima nos dão", diz              chutou alto. "Ele achou que era um
Schumacher, da Ribeiro de Mattos.               Saint-Emilion, uma sub-região de
"Meu trabalho é artesanal, nunca vou            Bordeaux", diz Nossiter. Para um
competir com empresários que têm                brasileiro que sonha em fazer vinhos
700 hectares de vinhedos." O resultado          como na Borgonha, ver seu produto
são garrafas que, se ainda estão a anos-        confundido com um Bordeaux não
luz de ícones da Borgonha, como o               chega a ser má notícia.
Romanée-Conti, entusiasmam alguns
conhecedores. Um deles, o músico Ed
Motta, escreveu recentemente que o
Insólito o "emocionou além da conta" e
que o Minimus Anima, da Tormentas,
é o tinto brasileiro de maior
personalidade que já degustou.

Se os microprodutores brasileiros já
começam a conquistar os especialistas,
seu estilo nem sempre agradará
bebedores habituados aos chilenos e
argentinos que invadiram o Brasil na
década de 90. Por recusar fórmulas
modernas a que os consumidores estão
acostumados      --   vinhos    muito
concentrados, com uso intensivo de
barris de carvalho e teor alcoólico
elevado --, alguns produtos artesanais
podem causar estranheza em um
primeiro momento. A Villa Francioni,
da região serrana de Santa Catarina, é
vista como a com mais potencial para
agradar ao grande público. A vinícola
reúne uma produção extremamente


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Vinhos e petróleo: correlação de preços surpreende economistas do FMI

  • 1. P á g i n a  | 1  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    Oficina de Estratégia Nº 4       Oficina de Estratégia   
  • 2. P á g i n a  | 2  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11        Setor de vinhos passa por transformações e inspira novos negócios O mercado mudou com a chegada dos chineses, dispostos a comprar grandes vinícolas. Programa Mundo SA1 Dois críticos de vinho, uma profissão das mais respeitadas na França, criaram um modelo de empresa em que fazem da credibilidade que eles http://video.globo.com/Videos/Player/No conquistaram o ponto de partida para ticias/0,,GIM1404116-7823- outros negócios. Entre eles, SETOR+DE+VINHOS+PASSA+POR+TRA publicações especializadas e um salão NSFORMACOES+E+INSPIRA+NOVOS+ de vinhos que reúne os maiores NEGOCIOS,00.html produtores do país, em um formato que começa a ser exportado e vai chegar ao brasil. Veja as transformações que o setor está passando na França, com a chegada dos chineses, dispostos a comprar                                                              1 Este Estudo de Caso foi veiculado no grandes vinícolas, e como uma bebida Programa da GloboNews Mundo SA – milenar consegue ser inspiração para http://globonews.globo.com/Jornalismo/G novos negócios que não param de ser N/0,,MUL1639317-17665- inventados. 315,00.htmlacesso em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 3. P á g i n a  | 3  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    vinhos finos possam ser considerados investimento, seu comportamento não é significativamente diferente do de Vinhos e petróleo, outras commodities, e desse modo eles muita coisa em podem não servir para melhorar a diversificação de uma carteira", comum escreveram eles. Cevik e Sedik afirmam que fatores que Por Javier Blas, Financial Times, de Londres - influem na oferta - como clima, 11/01/2011 qualidade das uvas, envelhecimento e classificações de qualidade - conduzem os preços. "Os preços dos vinhos finos são sensíveis aos choques Investimentos Alternativos: Estudo de macroeconômicos, assim como o economistas do FMI mostra que aplicação em petróleo e de outras commodities", bebida traz pouca diversificação. disseram, acrescentando que a demanda é o que realmente importa. "O comércio de vinhos aumentou Jornal Valor Econômico2 rapidamente na última década, assim como os níveis de renda, sobretudo nas economias emergentes, estimulando os vinhos 'investment grade' como ativo O sabor é muito melhor, mas vinhos alternativo." finos como os Bordeaux e os Rioja não oferecem mais diversificação ao Os dois economistas estudaram o investidor do que o petróleo bruto do comportamento do petróleo e os preços tipo Brent. A constatação é de uma dos vinhos finos entre janeiro de 2002 pesquisa feita por dois economistas do e junho de 2010. A correlação entre Fundo Monetário Internacional (FMI). eles se fortaleceu desde a crise Os investimentos em vinhos financeira, aponta o estudo dos aumentaram muito nos últimos anos, economistas, intitulado "A Barrel of Oil em parte pela crença de que eles são or a Bottle of Wine: How Do Global uma diversificação ao riscos de se ter Growth Dynamics Affect Commodity apenas ações, bônus e commodities Prices?" como o petróleo e o cobre. Eles constataram que "o Mas os economistas Serhan Cevik e comportamento estatístico do petróleo Tahsin Saadi Sedik estão agora bruto e os preços dos vinhos finos lançando dúvidas sobre isso. Eles demonstraram uma correlação de mais descobriram que o comportamento dos de 90% durante o período de amostra". preços do petróleo e dos vinhos finos Após caírem em conjunto durante a têm uma similaridade incrível. "Nossos recessão, a recuperação do pós-crise resultados sugerem que, embora os proporcionou uma alta aos preços do petróleo e dos vinhos finos, que foi                                                              respectivamente de 86% e 62% entre 2 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal janeiro de 2009 e junho de 2010. Valor Econômico – – http://www.valoronline.com.br/impresso/i nvestimentos/119/366393/vinhos-e- Segundo as estimativas dos petroleo-muita-coisa-em-comum acesso economistas, uma queda de pontos em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 4. P á g i n a  | 4  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    porcentuais no crescimento da próximo acessório fundamental para produção industrial nos mercados todo consumidor chinês rico. emergentes, que estão conduzindo os preços das commodities, induziria a Vinherias estão se espalhando uma queda de 22% nos preços do rapidamente por Xangai, a reluzente petróleo e uma queda de 15% nos capital financeira do país, onde jovens preços reais dos vinhos. profissionais chineses se reúnem depois do trabalho e costumam gastar Cevik disse ter ficado surpreso com os cerca de 1.000 iuans (152 dólares) em resultados, que ele chamou de uma garrafa de vinho. experimentais. Ele disse que a pesquisa não se concentrou inicialmente na "O povo chinês tem muitas ambições e correlação dos preços do petróleo e dos é muito materialista, portanto, tão logo vinhos, e sim em quais eram os fatores tenha comprado a melhor marca local mais importantes que estavam eles começam a procurar algo melhor e conduzindo os preços das commodities mais caro", disse Ch'ng Poh Tiong, para cima. colunista especializado em vinhos e editor da revista The Wine Review, que tem como base o Sudeste Asiático, Hong Kong e China continental. Novos ricos da China Embora a China tenha uma crescente anseiam por vinhos produção interna de vinho, peritos do setor dizem que está mais na moda europeus caros beber o produto importado. Eles prevêem que o consumo vá dobrar nos próximos cinco anos. Plantão | Publicada em 03/01/2011 às Os favoritos incluem rótulos de 13h01m - Reuters/Brasil Online vinícolas francesas como o Chateau Por Farah Master Lafite Rothschild, cujo preço inicial é de 1.000 dólares uma garrafa, e o Chateau Latour. Jornal O Globo3 "Há pelo menos duas camadas de apreciação de vinho na China. Se uma pessoas está comprando e servindo o vinho para agradecer muito a alguém XANGAI (Reuters Life!) - Depois da que lhe fez um favor, então há uma explosão na demanda por bolsas de classificação social que significa que ela estilistas, ternos italianos e carros vai oferecer o vinho caro", disse Ch'ng. velozes, os vinhos caros franceses e italianos estão prestes a se tornarem o "Mas você tem também a mesma pessoa bebendo com amigos e família, e aí não há mais status ligado à                                                              3 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal garrafa". O Globo – – http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/01 Aficcionados por vinho dizem que o /03/novos‐ricos‐da‐china‐anseiam‐por‐vinhos‐ consumo na China continental cresceu europeus‐caros‐923409309.asp acesso em na base de dois dígitos nos últimos dez 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 5. P á g i n a  | 5  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    anos, resultando em forte incentivo importados. O consumo de vinhos para vinícolas e empresas que visam o tintos finos (feitos de uvas vinífera, de lucrativo mercado chinês, o qual deve melhor qualidade) produzidos em solo superar fortemente a demanda no nacional cresceu 14,6% em 2009, ante Ocidente nos próximos anos. uma alta de apenas 2% do produto do exterior. O Chateau Lafite Rothschild incorporou o caracter chinês do As vinícolas gaúchas, que representam número 8 nas garrafas de sua safra 90% do mercado nacional, produziram 2008, que deverá ser colocada no 13 milhões de litros de vinhos finos mercado em 2011. tintos, ante uma comercialização de 59 milhões de litros de vinhos finos de Para ampliar as vendas, a vinícola não procedência internacional. Incluindo só usou o auspicioso número "oito", vinho de mesa (de menor qualidade), mas também a cor vermelha, além das variedades branca e rosada, a considerada um símbolo da sorte na produção gaúcha de vinhos sobe para tradição chinesa. 240 milhões -alta de 12% ante 2008. O Chateau Mouton Rothschild usou "O setor vive um momento de um design do artista chinês Xu Lei recuperação", diz Júlio Fante, para sua garrafa vintage 2008. presidente do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). "Nos últimos dez Em cidades cosmopolitas como Xangai anos, foi feito um investimento forte na e Pequim, há também robusto apetite viticultura, no plantio da uva, na por vinho como investimento de classe. escolha dos terrenos e em termos de variedade das mudas." Dados inéditos compilados pelo Ibravin mostram que a indústria Aumenta fatia do nacional de vinhos e espumantes vinho nacional no movimentou R$ 2,5 bilhões no ano passado --considerando como base os mercado valores pagos pelo consumidor final. MARIANA BARBOSA da Reportagem Local - A importação de vinhos somou R$ 345 26/04/2010 - 11h21 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. Considerando os valores pagos pelo Jornal Folha de São Paulo4 consumidor, o faturamento da categoria de importados sobe para quase R$ 900 milhões, de acordo com estimativas do Ibravin. Os vinhos finos nacionais estão em alta e ganharam mercado sobre os Além de ganhar mercado em relação                                                              aos importados, os vinhos finos 4 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal conquistam espaço dentro da produção Folha de São Paulo – – nacional. O Ibravin projeta que a http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ participação dos vinhos finos em ult91u725978.shtml acesso em relação ao total dos vinhos produzidos 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 6. P á g i n a  | 6  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    no país deve passar dos atuais 18% é da ordem de R$ 100 milhões. "Nós para 80% até 2025. Mas isso não somos grandes no Rio Grande do Sul, significa o fim do plantio das chamadas mas nossa ideia, para este ano, é uvas híbridas, ou americanas, usadas conquistar o mercado de São Paulo." para produzir vinho de mesa. Estas A cooperativa já fechou com algumas continuarão sendo plantadas, mas com redes de supermercados, como Sonda e foco na produção de suco. Hirota, e está investindo em degustação no ponto de venda. Produto saudável Estratégia similar tem a vinícola Perini, Com apelo de produto saudável, o suco que faturou R$ 40 milhões no ano de uva tem crescido a taxas de 40% ao passado e planeja investimentos de R$ ano. Tradicionalmente, 30% da safra 4,5 milhões para este ano. A intenção de uva americana é destinada à de Benildo Perini, presidente da produção de sucos. Mas, no ano vinícola, é triplicar o faturamento em passado, essa fatia subiu para 45% e a cinco anos. expectativa é que, neste ano, 60% da safra seja transformada em suco. Além Há hoje 1.200 vinícolas em atividade da crescente demanda pelo produto, o no Brasil, o dobro de cinco anos atrás. suco de uva garante retornos A maioria é formada por vinícolas de financeiros melhores para as vinícolas. pequeno porte. Juntas, elas faturaram R$ 1,2 bilhão no ano passado, alta de Enquanto o vinho tinto de qualidade 60% em relação a 2007. "O volume de garante prestígio para as vinícolas, o uvas se manteve praticamente igual suco de uva e os espumantes (que nos últimos dois anos. O crescimento, crescem 20% o ano) impulsionam o portanto, representa aumento do valor crescimento e os novos investimentos agregado." no setor. A cooperativa Garibaldi reúne 340 produtores localizados em dez municípios da Serra Gaúcha e pretende investir R$ 7 milhões em aumento de capacidade nos dois segmentos. Segundo o presidente da Garibaldi, Oscar Ló, a produção de espumantes, que foi de 1,2 milhão de garrafas no ano passado, deve crescer 30%. O suco deve avançar na mesma proporção, para 2,1 milhões de litros. "Os vinhos de uvas viníferas também estão crescendo, mas é um mercado mais difícil, com forte concorrência com as estrangeiras", diz Ló. Com um faturamento de R$ 44 milhões no ano passado, a Garibaldi pretende alcançar o time das grandes vinícolas como Miolo, Salton ou Aurora, cujo faturamento, com vinhos, Oficina de Estratégia   
  • 7. P á g i n a  | 7  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    produção, reconversão de vinhedos e até na contratação de profissionais mais especializados. Setor de vinhos precisa de “Ainda há carência de profissionais que tenham entendimento do mercado especialistas em para elaborar estratégias de marketing posicionamento, comercialização e distribuição dos vinhos nacionais”, afirma Flávio Eduardo Martins, Talita Abrantes, de EXAME.com - Veja São coordenador do curso de pós- Paulo/Arquivo graduação em marketing do vinho da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). O espaço no mercado de trabalho para quem consegue conciliar técnicas de marketing com um profundo conhecimento do mercado de vinhos nacional é extenso. As opções vão desde um trabalho mais próximo das vinícolas e centros de distribuição até os chamados setores no entorno do vinho, como supermercados, hotéis e restaurantes. Esse ano, a ESPM que já mantém uma pós em marketing do vinho no Rio Revista Exame5 Grande do Sul irá lançar um curso nos mesmos moldes em São Paulo. Já a unidade paulista da Fundação Getúlio Vargas deve abrir um curso de São Paulo – De olho no crescimento do extensão em Negócios do Vinho em consumo de vinho no Brasil, setor de março. vinhos quer consolidar reputação do produto brasileiro no país. E, para isso, precisa de profissionais especializados em posicionamento de marca. Geridas por grupos familiares, as principais vinícolas brasileiras viveram uma revolução nos últimos dez anos. As mudanças foram materializadas em investimentos em novas tecnologias de                                                              5 Este Estudo de Caso foi publicado na Revista Exame – – http://exame.abril.com.br/carreira/galerias/pr ofissoes‐em‐alta/setor‐de‐vinhos‐precisa‐de‐ especialistas‐em‐marketing acesso em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 8. P á g i n a  | 8  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    165,4 mil, em 2002, para um valor estimado de cerca de US$ 2,2 milhões em 2007, ou seja, um crescimento Setor de vinhos finos superior a 1.200 % em cinco anos. investe R$ 3,8 O projeto iniciou suas atividades com a milhões na promoção adesão de apenas seis vinícolas de exportações brasileiras. Hoje, já são 28, sendo que 75% delas já efetivaram exportações e outras estão em processo de preparação. O mercado internacional tem mostrado uma tendência de demanda por vinhos vindos de áreas de produção mais novas, como é o caso do Brasil. A meta de exportações do Wines From Brazil até o final de 2009 é chegar a US$ 4 milhões, com crescimento ainda maior para os próximos anos. “Queremos cada vez mais mostrar não só para o nosso mercado, mas também para o mundo, que temos um produto de qualidade e queremos poder encher a boca para dizer que temos um dos melhores Segunda-Feira, 03 de março de 2008 vinhos do mundo”, disse o Presidente da Apex-Brasil, Alessandro Teixeira, durante o evento de assinatura do News Comex6 convênio. Nos próximos dois anos serão De acordo com o Presidente do investidos R$ 3,8 milhões em ações de Conselho Deliberativo do Ibravin, marketing internacional e de Denis Debiasi, os resultados aproximação com o comprador. As alcançados até agora atestam o sucesso exportações brasileiras de vinhos do projeto que tem por objetivo cresceram mais de cinco vezes nos promover internacionalmente o vinho últimos cinco anos, passando de US$ brasileiro. Ele salienta que as ações do 772 mil em 2003 para US$ 4 milhões WFB incluindo a participação em feiras em 2007, sendo que as empresas e eventos internacionais trouxeram participantes do Wines From Brazil inúmeros benefícios às vinícolas foram responsáveis por 57% deste participantes do projeto. Entre eles valor. O Brasil começou a exportar destacam-se: o volume exportado e o vinhos finos no início desta década. número de empresas exportadoras que Desde então, as exportações de vinhos era de apenas duas e chegou a 14 no finos das empresas beneficiadas pelo ano passado. projeto de promoção passaram de US$ Outros resultados positivos                                                              6 Este Estudo de Caso foi publicado na News apresentados pelo Wines From Brazil Comex – – referem-se ao Projeto Comprador e ao http://www.newscomex.com.br/mostra_notici Projeto Imagem. O primeiro, contou a.php?codigo=8732 acesso em com 23 participantes e uma expectativa 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 9. P á g i n a  | 9  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    de negócios de U$ 1 milhão em 12 semestre, a estimativa é que o meses. Já o Projeto Imagem reuniu 37 crescimento médio tenha ficado em jornalistas, resultando em 57 28% em relação ao mesmo período do publicações na mídia especializada, ano passado. sendo 50 só em 2007. As razões que impulsionam esse cenário são, de um lado, a retração do mercado consumidor europeu, que faz do Brasil um destino para os Importação de produtores desovarem estoques, de vinhos no Brasil outro, um movimento de antecipação de compras pelos importadores para cresce 28% no evitar gastos com a entrada em vigor, em novembro, do novo selo fiscal de semestre controle.   Entre janeiro e maio, segundo os dados Retração do mercado consumidor  consolidados do Instituto Brasileiro do europeu favorece o Brasil  Vinho (Ibravin), com base em informações do Ministério do - Consumo | 31/07/2010 11:25 Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a importação de vinho italiano aumentou 58,57%. A alta nas importações de vinho português foi de 24,8%, quase similar à compra de vinhos espanhóis, que cresceu 22,32%. Já a de vinhos franceses aumentou 11,76%. Como a demanda não experimenta uma explosão de consumo, a tendência é que o preço do vinho caia, já que a oferta vai se expandir e o produto é perecível. "O mercado europeu está Crise na Europa impulsiona exportações para o realmente muito ruim", diz o dono da Brasil Mistral, Ciro Lilla. Ele alerta: "Há muito vinho ruim nessa oferta, produtores de pouca tradição e adegas Revista Exame7 pequenas sem produto de qualidade." A implantação do selo fiscal para garantir maior fiscalização sobre o São Paulo - O ritmo de entrada de contrabando e diminuir a informalidade era uma reivindicação vinhos importados no mercado antiga do setor vitivinícola do País. Os nacional acelerou. No primeiro                                                              produtores acreditam que o selo 7 Este Estudo de Caso foi publicado na Revista servirá para estimular a Exame – – competitividade do vinho nacional. As http://exame.abril.com.br/economia/noticias/i informações são do jornal O Estado de mportacao‐vinhos‐brasil‐cresce‐28‐semestre‐ S. Paulo. 583508 acesso em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 10. P á g i n a  | 10  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    que só comem frutas e verduras que nunca tiveram contato com substâncias químicas podem ficar felizes ao saber O vinho "Verde" que um dos melhores vinhos do mundo Cresce a procura pelos vinhos  é tão orgânico quanto as folhas de orgânicos, feitos sem adição de  alface, chicória e acelga que eles adoram devorar. O Romanée-Conti é o substâncias químicas ‐‐ e que, dizem  mais célebre representante de um tipo os admiradores, não dão dor de  de bebida que vem causando frisson cabeça no dia seguinte  entre os ecochatos: o vinho orgânico. Trata-se de uma classificação pouco Marcelo Onaga, da EXAME - 15/12/2006 17:48 utilizada até poucos anos atrás, mas que começou a ganhar força com a onda natureba que vem invadindo os mercados do mundo inteiro. A procura é tão grande que já surgiram na Europa lojas especializadas na comercialização dos vinhos ecochatos. Os vinhos naturais entraram na moda nos últimos anos, principalmente na França. Atualmente, são consumidos cerca de 160 milhões de litros da bebida, o que representa 5% do total de 3,2 bilhões de litros vendidos por ano. Há cinco anos, a participação dos orgânicos não chegava a 2% do consumo total. "A divulgação dos produtos orgânicos como um todo e a Em alguns países da Europa, há lojas conscientização das pessoas, que se especializadas que vendem apenas vinhos preocupam mais com a saúde e com a orgânicos preservação da natureza, foram decisivas para elevar o consumo de vinhos orgânicos", diz Jean Pierre Revista Exame8 Amoreau, dono do Château Le Puy, que desde 1610 produz vinhos naturais. É da vinícola de Amoreau que sai o Barthélemy, um dos melhores vinhos O que uma garrafa de Romanée-Conti naturais da França na opinião de pode ter em comum com aqueles especialistas. "É um vinho sem saquinhos estufados de rúcula que nenhuma adição de sulfito", diz o ficam à venda nos balcões refrigerados consultor francês Jacques Trefois, um dos supermercados? Nada, responderá, dos maiores especialistas no assunto. O com razão, quem pensar apenas em sulfito, aliás, é uma espécie de satanás preço e sabor. Mas os consumidores dos vinhos para um ecoenófilo. Segundo os críticos, essa substância,                                                              8 Este Estudo de Caso foi publicado na utilizada para ajudar a conservar o Revista Exame – – vinho, é a culpada pelas dores de http://exame.abril.com.br/seu‐ cabeça que aparecem na manhã dinheiro/noticias/o‐vinho‐verde‐m0119342 seguinte a uma noite de degustação de acesso em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 11. P á g i n a  | 11  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    taças e mais taças de vinhos comuns. não garante qualidade ao vinho. "Há "Vinhos naturais não dão dor de orgânicos maravilhosos e outros que cabeça. A ressaca é culpa do sulfito", são intragáveis", diz Veronique Raskin, diz o cantor Ed Motta, assumidamente fundadora da Organic Wine, uma das radical na defesa dos vinhos naturais. primeiras lojas de vinho orgânico da "Hoje em dia só bebo vinhos orgânicos Califórnia. "O problema é que quem da Borgonha." prova um orgânico de má qualidade acha que todos os vinhos do tipo são Mais sabor ruins." A predileção de Ed Motta pelos A classificação orgânica entre os vinhos naturais nada tem a ver com o cuidado é um pouco mais complexa que a usada com o corpo. O cantor é um dos entre verduras, frutas e legumes. Há entusiastas que tentam reproduzir no três divisões: orgânicos simples, Brasil o sucesso que os vinhos biodinâmicos e naturais. Os primeiros orgânicos fazem na França. Ele é são vinhos que usam apenas uvas responsável, junto com o executivo cultivadas sem nenhum agrotóxico, Marcos Mikulis, pela nova carta de mas que podem ter substâncias vinhos do Hotel Emiliano, de São químicas adicionadas durante o Paulo. Parte dela terá vinhos orgânicos, processo de produção da bebida (como biodinâmicos e naturais. "Os clientes o odiado sulfito). Os biodinâmicos são começam a procurar produtos desse uma espécie de "orgânicos esotéricos". tipo e queremos mostrar o que há de Além de não utilizar química no melhor entre os vinhos", diz Mikulis. plantio das uvas, os produtores Também o restaurante paulistano respeitam o calendário lunar e fazem D.O.M., do premiado chef Alex Atala, preparos com ervas, água da chuva e começa a trabalhar com vinhos até chá de pêlos de rabo de cavalo e naturais. "É uma tendência. Os vinhos raspas de chifres de boi para borrifar naturais são melhores que seus pares nas parreiras. Mas, durante o processo não-orgânicos", diz Celso La Pastina, de fabricação, a adição de compostos dono da World Wine, maior químicos também é permitida. Já os importadora de vinhos orgânicos do naturais são os xiitas, os mais radicais - país. Por ter uma produtividade - e os mais desejados entre os reduzida e um processo de fabricação ecoenófilos. O cultivo das uvas é feito quase artesanal, os vinhos orgânicos com base nos preceitos orgânicos ou são mais caros do que seus similares biodinâmicos. A grande diferença está não-orgânicos -- chegam a custar o no processo de fabricação. "Nada pode dobro de um vinho de qualidade ser acrescentado. É um vinho equivalente. Muitas vezes, toda uma totalmente natural que reflete toda a colheita é perdida porque pragas que sua origem", diz o consultor Trefois. não foram combatidas com agrotóxicos degustaram as uvas antes de elas virarem vinho. Tem até chifre de boi Os fãs do produto dizem que vale a pena. "São vinhos feitos por gente Não basta ser livre de agrotóxicos para preocupada não só com dinheiro mas o vinho agradar aos enonaturistas mais também em espalhar um estilo de vida radicais mais saudável", diz Ed Motta. A Orgânicos classificação de orgânico, no entanto, Oficina de Estratégia   
  • 12. P á g i n a  | 12  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    Feitos com uvas cultivadas de forma totalmente natural, sem inseticidas, pesticidas nem agrotóxicos. Mas Setor de vinhos permitem a adição de substâncias químicas para conservação cresce e atrai ou correção de sabor empreendedores Biodinâmicos O cultivo das uvas também é totalmente livre de produtos químicos. Por Jorge Lucki | De São Paulo - 09/09/2010 Os produtores respeitam o calendário lunar e utilizam poções à base de ervas, água da chuva e até raspas de chifre de boi para borrifar nas parreiras Jornal Valor Econômico9 Naturais São os melhores. Podem usar uvas produzidas de forma orgânica ou Há cerca de seis anos, uma amiga que biodinâmica, mas os produtores não trabalhava em uma importadora de acrescentam nenhuma substância vinhos havia recebido convite de uma (química ou não) durante e depois do concorrente com significativa presença processo de fermentação no mercado para mudar de empresa. O que a atraia na proposta não era, a rigor, eventuais vantagens financeiras nem o posto que iria ocupar, mas a Claro, a ausência completa de possibilidade de poder dar conservante traz reflexos negativos continuidade a um trabalho que (por exemplo, as lesmas que desenvolvera e lhe dava prazer. acompanham as folhas de alface Imaginava que corria o risco perder o orgânica). A maioria dos vinhos que conquistara se ali permanecesse naturais não pode ser guardada por em função de uma suposta tendência muito tempo, tampouco suporta ser de concentração do setor, o que levaria deslocada por grandes distâncias. ao enfraquecimento/desaparecimento Qualquer variação de temperatura das pequenas e médias importadoras. pode provocar uma nova fermentação - - e, nesse caso, o melhor que se Tentei mostrar que no médio e longo consegue é um vinagre para temperar a prazos o cenário seria diferente do que rúcula orgânica. ela supunha. Argumentei que o mercado brasileiro estava se alargando e que havia um número cada vez maior de novos e bons produtores surgindo mundo afora, e que era inviável uma importadora montar uma estrutura que pudesse abranger tantos nomes                                                              9 Este Estudo de Caso foi publicado na Jornal Valor Econômico – – http://www.valoronline.com.br/impresso/cons umo/117/306310/setor‐de‐vinhos‐cresce‐e‐ atrai‐empreendedores?quicktabs_3=0 acesso em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 13. P á g i n a  | 13  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    novos e trabalhá-los com eficiência. conseguidas nas feiras Vinitaly e Acreditava que novas importadoras Vinexpo de 2009, e no fim daquele ano apareceriam, o que seria benéfico para chegaram os vinhos sul-africanos e o mercado, atingindo mais e melhor o chilenos da Viña Maipo. A proposta é consumidor, o que de fato ocorreu. chegar a 200 rótulos em 5 anos, Favorecido pelo bom comportamento cobrindo os cinco continentes e suas da economia, o mercado nacional de regiões mais importantes, e depois de vinhos cresceu de forma consistente estabilizar, fazendo um trabalho de nos últimos anos, atraindo cada vez implantação das marcas, estender um mais interessados em abrir novas pouco a linha de produtos. importadoras. Como canais de atuação a Ravin O que realmente deve ser levado em estabeleceu dividir suas atenções entre consideração é que o setor de vinhos restaurantes, delis e lojas importados é bastante competitivo, especializadas, e supermercados, exigindo profissionalismo. Mais do que representando 30% cada, e 10% para o um ou outro bom produtor, é essencial consumidor final por meio da loja definir foco e ter um portfólio virtual (www.ravin.com.br), conjunto adequado, além de estruturas que deve atingir receita de R$ 20 administrativa e comercial bem milhões neste ano. Nada mal para montada. quem investiu R$ 6,5 milhões no negócio. A boa gestão faz com que não Atendendo esses requisitos foi haja necessidade de mais aportes, e a montada a Ravin, importadora "máquina" está rodando com o próprio comandada por Rogério d'Avila, que foi fluxo. diretor comercial da Expand durante vários anos, e Alberto Porto Alegre, O segredo para atingir essas metas é responsável por três anos pela Wine estar bem representado nos principais Premium, empresa do grupo Expand. centros de consumo espalhados pelo A Ravin é tema da coluna de hoje e dá Brasil. Nesse aspecto, a Ravin conta início a uma série de artigos abordando com representantes e equipe própria, algumas dessas novas importadoras. essa encarregada de mercados importantes, caso de São Paulo, capital Rogério e Alberto - as iniciais dos dois e interior, Brasília, Rio de Janeiro, compõem o nome da importadora - se Curitiba e Porto Alegre. conhecem há 20 anos, desde o tempo em que trabalhavam na antiga Na tabela, o portfólio completo da Antarctica - um era diretor comercial e importadora, comentado, com as o outro, diretor financeiro. Fizeram respectivas avaliações. MBA juntos e resolveram montar a empresa em março de 2009, trazendo colaborador- junto alguns produtores que jorge.lucki@valor.com.br supostamente estavam descontentes com sua então representante no Brasil. O primeiro nome foi a Bodega Argentina Zuccardi, conhecida por aqui sobretudo pelos rótulos mais populares Santa Julia. Vieram a seguir vinícolas italianas e francesas, Oficina de Estratégia   
  • 14. P á g i n a  | 14  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    vendido em garrafão e não era sequer feito com uvas próprias para a vinificação. Em suma, um desastre A aposta na completo. Foi quando as vinícolas qualidade familiares do sul do país decidiram apostar com mais força em vinhos As vinícolas nacionais lançam uma  elaborados com castas européias, como leva de vinhos considerada a melhor  cabernet sauvignon e merlot, vendidos da história do país  na faixa dos 20 reais. Nada que colocasse o Brasil em lugar de destaque no mundo do vinho, porém. Entendidos como o crítico americano Tiago Lethbridge e Ricardo Cesa, da EXAME - Robert Parker jamais enfiaram o nariz 06/10/2006 17:56 numa taça que contivesse exemplar dessa categoria. A segunda revolução, que ainda está em andamento, pretende levar os vinhos do país para outro nível. Com investimento inédito na qualidade das uvas e na tecnologia de produção, os fabricantes nacionais estão colocando no mercado o que os especialistas consideram os melhores já feitos no país. Comercializados por cerca de 70 reais, vinhos como Talento, da Salton, e Terroir, da Miolo, desbravam um território desconhecido para os nacionais, no qual a competição com os importados pode ser ainda mais ingrata do que nas faixas de preço inferior. "O vinho brasileiro vai surpreender", diz Ângelo Salton Neto, presidente da Salton. Barricas de carvalho na Salton: origem francesa Para elaborar vinhos com capacidade para disputar esse segmento de mercado, as empresas nacionais foram Revista Exame10 forçadas, basicamente, a passar uma borracha no modo de produção anterior -- e investir pesadamente na O vinho brasileiro passou por duas modernização das vinícolas. A Miolo, revoluções na última década. A por exemplo, aplicou 50 milhões de primeira delas, iniciada em meados reais nos últimos anos. Entre as dos anos 90, tirou o produto nacional práticas mais comuns estão a troca das do patamar anterior -- o intragável. Até videiras antigas por novas variedades, então, o vinho brasileiro típico era importadas da Europa, a aquisição de                                                              barricas de carvalho produzidas na 10 Este Estudo de Caso foi publicado na Revista Exame – – França e nos Estados Unidos e a http://exame.abril.com.br/revista‐ adoção de novas técnicas de cultivo. A exame/edicoes/0878/negocios/noticias/a‐ Salton, uma das maiores do país, aposta‐na‐qualidade‐m0113175 acesso em importa 300 barricas por ano. Cada 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 15. P á g i n a  | 15  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    uma custa quase 3 000 reais. Além Paralelo 8 R$ 68 disso, os produtores estão desbravando outras áreas, como a Campanha Por que é caro Gaúcha e o Vale do São Francisco, o Produzido com cinco uvas do Vale do que requer ainda mais investimento na São Francisco, o novo tinto da Expand compra de lotes de terra. Tome-se o terá produção limitada de 3 000 exemplo da importadora Expand, do garrafas empresário Otávio Piva de Albuquerque. A empresa iniciou há Fonte: empresas três anos a produção de vinhos. Em vez de apostar no tradicional Vale dos O maior desafio dos Produtores Vinhedos, na Serra Gaúcha, optou pelo nacionais, claro, é convencer o Nordeste. Os primeiros exemplares consumidor de que investir 70 reais não chamaram atenção, mas a versão num vinho brasileiro não é um ato de reserva do Rio Sol, produzido com a loucura ou um sinal de patriotismo uva syrah, foi vista como promissora. patológico. De acordo com os Piva, então, tomou uma atitude rara especialistas, as prateleiras de entre seus pares: mandou um exemplar importadoras e supermercados estão para avaliação da conceituada revista repletas de excelentes vinhos nessa inglesa Decanter, que então faixa de preço, especialmente recomendou sua compra. "Nas argentinos e chilenos. "A grande próximas semanas, vamos lançar nosso dificuldade das vinícolas é apagar a mais ousado vinho, o Paralelo 8, que imagem do produto nacional como custará 68 reais", diz Piva. O Paralelo 8 sinônimo de vinho de garrafão", diz já chega com boas credenciais. Adriano Miolo. Para auxiliar nessa Recentemente, o vinho recebeu a tarefa, os brasileiros têm contratado classificação 83 -- de um total de 100 -- especialistas consagrados do mundo do da prestigiada revista Wine Spectator. vinho, que atuam como consultores na produção -- e podem servir para convencer os consumidores céticos, já que seus nomes são vistos como uma As novidades dos brasileiros espécie de atestado de qualidade. O mais destacado membro dessa turma é Os vinhos premium que as vinícolas o francês Michel Rolland. Considerado nacionais estão lançando no mercado um dos mais experientes enólogos do Salton Desejo R$ 70 planeta, Rolland foi contratado há três anos para transformar a produção da Por que é caro Elaborado com as Miolo. Uma de suas sugestões foi um melhores uvas merlot da Salton, teve drástico corte na produção. Com o toda a produção acompanhada por objetivo de aumentar a concentração enólogos estrangeiros de açúcar nas uvas, Rolland mandou reduzir de 20 para apenas 2 quilos a Miolo Terroir R$ 58 quantidade de uvas produzidas por videira. As outras vinícolas fizeram o Por que é caro mesmo. Para elaborar seu vinho mais Com tiragem de apenas 18 000 caro, o Talento, a Salton trouxe da garrafas, o Terroir é considerado o argentina um consultor que ganhou melhor tinto já produzido pela Miolo fama na Trapiche, Angel Mendoza. Nos próximos meses, a companhia lança o primeiro vinho produzido do início ao Oficina de Estratégia   
  • 16. P á g i n a  | 16  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    fim com o auxílio de Mendoza, o Salton Desejo, elaborado com uvas merlot e vendido por 70 reais. "Os melhores vinhos brasileiros são até comparáveis Hora de brindar? aos chilenos, argentinos e australianos Depois de quase falir, a Vinícola  da mesma faixa de preço", diz Arthur Aurora volta a lucrar. Mas ainda é  Azevedo, presidente da Associação cedo demais para comemorar  Brasileira de Sommeliers. "Isso já é um grande feito para o Brasil, pois há poucos anos não cabia comparação alguma." Suzana Naiditch - 05/03/2002 17:48 Nessa aposta de qualidade, os produtores nacionais tentam seguir caminho semelhante ao trilhado por Revista Exame11 seus pares argentinos. Até dez anos atrás, o vinho do país vizinho era destinado basicamente ao consumo interno. Empresários como Nicolás Na segunda semana de novembro do Catena, da Catena Zapata, ano passado, a gaúcha Aurora, a maior transformaram o vinho argentino fabricante brasileira de vinhos, não investindo em pesquisa do solo, seleção tinha mais o espumante da marca de videiras e, inclusive, adotando uma Marcus James para atender aos uva "nacional", a malbec. O resultado é pedidos do varejo. As vendas que hoje alguns vinhos argentinos alcançavam 192 mil garrafas, quase atingem pontuações altíssimas nas 130% a mais que o volume degustações internacionais. O malbec comercializado em 2000. Alguns Achaval Ferrer, considerado o melhor meses antes o espumante já havia sido da América do Sul, levou 96 pontos da aprovado pela crítica -- sua versão Brut Wine Spectator, feito inimaginável até 2000 recebeu medalha de ouro no uma década atrás. No Chile, a Concha y concurso Vinalies Internationales Toro elabora o Don Melchor, que já 2001, em Paris, França. "Ganhar ganhou 95 pontos da mesma revista e é medalha de ouro na terra do vendido no Brasil por 250 reais. É champanhe é como ganhar um Oscar", justamente nessa faixa de preço que os diz o advogado Hermes Zaneti, 58 brasileiros miram quando preparam anos, superintendente da empresa. "A sua próxima investida. "Vamos lançar consagração do nosso produto um vinho de 100 dólares nos próximos simboliza a recuperação da Aurora." cinco anos", diz Adriano Miolo. Resta ao consumidor torcer para que a Por recuperação entenda-se ter qualidade cresça na mesma proporção fechado o ano passado com um lucro do preço. de 2 milhões de reais, modesto para o faturamento de 100 milhões, mas uma mudança -- perdoem o trocadilho -- da                                                              11 Este Estudo de Caso foi publicado na Revista Exame – – http://exame.abril.com.br/revista‐ exame/edicoes/0761/empresas/noticias/hora‐ de‐brindar‐m0052387 acesso em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 17. P á g i n a  | 17  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    água para o vinho, já que seis anos Gonçalves. Orçado inicialmente em 6 atrás a empresa enfrentava um milhões de reais, no fim de 1995 já prejuízo de 34 milhões de reais (veja havia consumido uma soma quase quadro na pág. XX). Controlada por cinco vezes maior. Outro projeto, o de uma cooperativa de produtores de uva uma fábrica de suco concentrado, foi de Bento Gonçalves, a Aurora havia ainda mais infeliz: engoliu pelo menos chegado a um ponto crítico: para cada 8 milhões de reais e é hoje um real de faturamento contabilizava 2,84 esqueleto abandonado. "Queríamos reais de dívida vencida. No início de eliminar a ociosidade dos produtores e 1996, um comitê de 12 bancos credores fugir da monocultura, mas a crise nos liderado pelo Banco do Brasil afastou a pegou", diz José Alberici, ex-presidente diretoria da empresa e indicou dois da Aurora e hoje dono de uma executivos para negociar o passivo de distribuidora de vinhos. "Com a 84 milhões de reais, somente com as abertura do mercado, o setor de vinhos instituições financeiras. No total, sofreu muito." considerando atrasos com fornecedores, impostos, associados e A Aurora também foi prejudicada por outros, o débito chegava a 127 milhões. uma orientação assistencialista. Entre 1989 e 1996, cerca de 40 milhões de Alguns meses depois, Zaneti, nascido e reais, boa parte deles emprestada por criado entre parreirais da serra gaúcha, bancos, foram gastos com planos de foi chamado pelos associados da saúde, odontológico e farmacêutico cooperativa para assumir as rédeas do para os associados da cooperativa e negócio e representá-los perante os seus familiares. "Estávamos investindo bancos credores. Ele ficara conhecido no bem-estar do cooperado", afirma no Rio Grande do Sul na década de 70 Alberici. Eram cerca de 6 mil pessoas por sua atuação como líder sindical dos recebendo benefícios bancados pela professores, quando se acostumou a empresa. "A política de assistência comandar greves do magistério. tinha de acabar ou iria afundar de vez a Depois, fez carreira política como Aurora", diz Zaneti. "Os associados deputado federal e representou a estavam distanciados do negócio, e foi região vinícola em Brasília por dois duro explicar a eles que não eram mandatos. "Meu maior desafio passou funcionários, e sim os donos." Zeferino a ser recuperar uma empresa que Riboldi, o presidente da cooperativa, estava praticamente quebrada", diz. confirma a falta de informação dos associados. "Foi um baque para nós", Como a Aurora havia chegado a tal diz. "Os antigos gestores escondiam as situação? A crise financeira da empresa coisas. Éramos donos de direito, mas resultou de uma combinação de má não de fato." Uma das providências de gestão com investimentos mal Zaneti foi criar canais de comunicação. dimensionados e falta de condições Atualmente, os associados para concorrer com os vinhos acompanham o dia-a-dia da empresa estrangeiros que invadiram o mercado por um programa de rádio de cinco brasileiro desde a abertura da minutos. Na festa dos 70 anos da economia, na primeira metade dos Aurora, em abril de 2001, a família dos anos 90. Um dos projetos que produtores foi convidada a visitar a sangraram o caixa da vinícola foi o da sede, no centro de Bento Gonçalves. construção de um vinhoduto de 4,5 Muitos cooperados nunca haviam quilômetros de extensão entre as duas colocado os pés lá. unidades de produção em Bento Oficina de Estratégia   
  • 18. P á g i n a  | 18  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    A ruína financeira comprometeu a tal safras passadas. "O que manteve a ponto a competitividade da Aurora que Aurora de pé foi a confiança dos ela perdeu seu principal contrato de cooperados", diz Cézar Lindemeyer, exportação. Os vinhos Marcus James, hoje gerente-geral da SLC Alimentos e, vendidos nos Estados Unidos desde na época, consultor da Aurora. "Eles 1988, garantiam à cooperativa 12 continuaram entregando sua produção milhões de dólares em 1997. Mas, no sem saber se receberiam por ela e se as fim daquele ano, a importadora dívidas acumuladas seriam pagas." americana rompeu o contrato. Zaneti Para convencê-los, Zaneti promoveu 15 então reuniu sua equipe de vendedores assembléias. "Eles acabaram e fez um discurso inflamado como nos compreendendo que precisávamos tempos de sindicalista. Pediu a eles que pagar primeiro os fornecedores e os conseguissem o que parecia impossível impostos atrasados", diz. -- colocar no mercado interno os vinhos que não iriam mais para os Mesmo há dois anos, quando faltou Estados Unidos. Deu certo. Sem uva e os produtores da Aurora foram exportar, a Aurora faturou em 1998 os assediados por outras vinícolas, a mesmos 57 milhões de reais que havia maioria deles resistiu. "Outras registrado quando ainda contava com o empresas esfregaram cheques no nariz contrato de exportação. dos associados, oferecendo preço superior, à vista, enquanto a Aurora As relações políticas do ex-deputado pagava o preço de mercado em dez foram fundamentais para conseguir vezes", diz Zaneti. Os que sucumbiram um acordo com os bancos credores, foram expulsos da cooperativa. Alguns firmado como protocolo de intenções saíram por vontade própria. Das 1,5 em 1997, mas só assinado dois anos mil famílias que havia em 1996, restam depois. Ele resultou na formação de 1,2 mil. Para cortar custos, o quadro de duas novas empresas: a Ativos e a funcionários também foi reduzido: de Aurora Vinhos, ambas controladas pela 518 há seis anos para 280 atualmente. Cooperativa Vinícola Aurora. A Vinhos é a gestora do negócio. A Ativos A relação mais pragmática com os assumiu o patrimônio, as marcas e as associados permitiu contornar um dívidas com os bancos, hoje ainda na problema comum da cooperativa: não casa dos 76 milhões de reais. O acordo, conseguir vender toda a produção que atualmente sob análise da Comissão de é obrigada a receber. "A Aurora está Valores Mobiliários (CVM), prevê a fazendo o associado produzir aquilo abertura de capital da Ativos para que que o mercado pode absorver", diz sejam emitidas debêntures no valor de Adolfo Lona, diretor de operações e 56 milhões de reais, com prazo de enólogo responsável da concorrente resgate de até 20 anos. Um patrimônio Bacardi, Martini do Brasil. Adaptar a estimado em 20 milhões de reais será produção às mudanças do mercado é vendido para quitar o restante da vital no setor. Há poucos anos, o país dívida. viveu a euforia dos vinhos brancos -- chegou a importar grandes volumes Dos débitos com fornecedores e dos alemães de garrafa azul, de impostos, que somavam 21 milhões de qualidade duvidosa. Depois, veio a reais em 1996, mais de 85% foram onda do tinto. Foi quando faltou quitados e o restante foi renegociado. A matéria-prima para as vinícolas. Em cooperativa ainda deve também aos 1998, percebendo que não teria próprios associados o pagamento de condições de atender à expansão do Oficina de Estratégia   
  • 19. P á g i n a  | 19  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    mercado, a Aurora montou uma subsidiária no Uruguai, onde produz vinhos tintos, como o Marcus James e DA ÁGUA PARA O VINHO o Conde de Foucauld. O desempenho da Vinícola Aurora O acordo com os bancos deu fôlego à melhorou em comparação com o de cooperativa para investir na qualidade cinco anos atrás do produto. Os rótulos e as garrafas 1996 2001 foram renovados e a Aurora passou a aproveitar a força dos produtos mais Faturamento* 43 100 tradicionais, como os vinhos Marcus James, para manter a liderança. Lucro líquido* -34 2 Muitas marcas e linhas foram retiradas Dívidas* 127 91 do catálogo: dos 179 itens que vendia em 1996, restam 62. Entre eles, marcas Volume de vendas** 25 38 populares tradicionais, como o Sangue de Boi, que explicam por que a Aurora Funcionários 518 250 é líder do mercado em volume, com 28% da comercialização de vinhos comuns engarrafados no país. A aposta principal, porém, se dá nos vinhos finos, a categoria mais rentável e que (Quase) como na mais tem crescido -- nos últimos dois Borgonha anos, o consumo per capita no Brasil aumentou 15%. Surgem no Brasil pequenos  produtores que apostam no  Ainda é cedo para dizer se a artesanato de vinhos  recuperação da empresa é sólida. Segundo o ex-presidente Alberici, ela se deve, principalmente, à mudança na conjuntura, hoje propícia ao vinho Ricardo Cesar, da EXAME - 02/03/2007 17:08 nacional. Pode ser. Além de reduzir um endividamento ainda elevado, Zaneti e Revista Exame12 seu time têm agora o desafio de tentar recuperar a posição da Aurora como exportadora e abrir novos mercados. Em 2001, a Aurora faturou 500 mil Os amantes de vinhos podem ser dólares com exportações para países divididos em duas esferas ideológicas - como Japão, Finlândia e Paraguai. A - a pragmática e a romântica. A meta para 2002 é exportar 6 milhões primeira é formada por defensores da de dólares. A empresa começou o ano tecnologia e da produção em larga embarcando sua primeira remessa de escala, combinação cujo resultado é um vinhos e espumantes para a China. tipo de vinho moderno, sempre ao "Meu sonho é vender uma colher de gosto dos maiores mercados vinho para cada chinês", diz Zaneti.                                                              12 Este Estudo de Caso foi publicado na Revista Exame – – http://exame.abril.com.br/revista‐ exame/edicoes/0887/consumo/noticias/quase‐ como‐na‐borgonha‐m0123036 acesso em 13/01/2011. Oficina de Estratégia   
  • 20. P á g i n a  | 20  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    consumidores. Os ídolos dessa turma estilo de vinho que ganham são o influente crítico americano seja "natural" ao características Robert Parker e o onipresente francês clima da região regionais e não Michel Rolland, o mais destacado são padronizados consultor globalizado do mundo. As regiões produtoras onde essa ideologia Evitam uso As características grassa são a Califórnia e a Austrália. Já excessivo de barris da uva ficam mais o grupo dos românticos é formado de carvalho na evidentes e não pelos adeptos da produção artesanal, produção de seus são disfarçadas que empregam técnicas tradicionais de vinhos pelo gosto e pelo plantio e vinificação e acham que aroma de madeira Parker e Rolland são responsáveis por Supervisionam São vinhos de uma padronização dos vinhos que toda a vinificação autor, que levam a ameaça antigas tradições. Esse pessoal assinatura e a tem entre seus mais fervorosos marca de quem defensores os pequenos produtores produz italianos e franceses. Sua região- símbolo é a Borgonha, conhecida pela infinidade de pequenas vinícolas. Até Em sua maioria, os novos produtores recentemente, esse embate ideológico brasileiros são tão apaixonados por não existia entre os produtores vinho que largaram tudo e decidiram brasileiros. Os fabricantes que estudar enologia para produzir os dominam o mercado, como Salton e próprios rótulos. Enquanto uns Miolo, são exemplares típicos do sonham em sair da cidade para abrir primeiro grupo (a Miolo usa os serviços sua pousada na praia, eles decidiram de Rolland, por sinal). Nos últimos construir vinícolas. Foi o que fizeram o anos, porém, o pessoal pró-Borgonha administrador de empresas Luís começou a surgir. De forma discreta, Henrique Zanini, da Vallontano; apareceram no sul do país Werner Schumacher, da Quinta pequeníssimos produtores artesanais, Ribeiro de Mattos, que durante 26 que fazem quantidades muito limitadas anos vendeu equipamentos e insumos de vinhos -- e a boa notícia é que para vinícolas, mas nunca havia alguns têm qualidade surpreendente. produzido; o economista Álvaro Escher, da Cave Ouvidor; e o publicitário e fotógrafo profissional O avanço dos pequenos Marco Danielle, da Tormentas. Todos O que diferencia as microvinícolas das trabalham com poucos recursos, grandes produtoras do país produção reduzida -- alguns não chegam a 300 garrafas anuais, menos O que eles fazem Qual o resultado de 1% do volume dos concorrentes de Colhem e Isso evita que maior estrutura --, nenhuma verba de selecionam os galhos ou grãos marketing e, em alguns casos, nem grãos defeituosos sejam contam com distribuidores. Quem manualmente, fermentados por estiver interessado tem de entrar em enquanto as engano, contato direto para efetuar a compra. É grandes usam melhorando a preciso muita curiosidade e máquinas qualidade do persistência para dar-se ao trabalho de sofisticadas produto final descobrir esses vinhos e encomendar algumas garrafas. Procuram um Os vinhos Oficina de Estratégia   
  • 21. P á g i n a  | 21  © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.    18 jan. 11    O que diferencia esses produtores das caprichada com métodos modernos de vinícolas comerciais é que para eles o vinificação, o que resulta em vinhos vinho não é apenas um negócio, mas que se encaixam com mais facilidade um estilo de vida. Escher, da Cave no gosto popular. Outra vinícola que Ouvidor, refugiou-se em um sítio sem tem recebido muitos comentários eletricidade em Garopaba, em Santa favoráveis de especialistas é a gaúcha Catarina, onde usa a rara uva peverella Dal Pizzol, espécie de precursora na para produzir o branco Insólito, um fabricação de vinhos de qualidade no dos vinhos que estão ganhando Brasil. Recentemente, o americano entusiastas nas rodas de especialistas. Jonathan Nossiter, autor do Seu método de produção é a antítese documentário Mondovino e notório dos grandes projetos de Salton e Miolo. defensor do jeitão da Borgonha, levou Alguns produtores, como Marco uma garrafa do Dal Pizzol Merlot da Danielle, da Tormentas, exigem que a safra 1981 para que José Bonifácio de seleção das uvas que serão vinificadas Oliveira Sobrinho, o Boni, o degustasse seja manual, grão por grão -- e não por às cegas (ou seja, sem que soubesse de meio de máquinas, como acontece nas que vinho se tratava). Boni, dono de maiores vinícolas. "Quero expressar o uma das maiores adegas do país, que o solo e o clima nos dão", diz chutou alto. "Ele achou que era um Schumacher, da Ribeiro de Mattos. Saint-Emilion, uma sub-região de "Meu trabalho é artesanal, nunca vou Bordeaux", diz Nossiter. Para um competir com empresários que têm brasileiro que sonha em fazer vinhos 700 hectares de vinhedos." O resultado como na Borgonha, ver seu produto são garrafas que, se ainda estão a anos- confundido com um Bordeaux não luz de ícones da Borgonha, como o chega a ser má notícia. Romanée-Conti, entusiasmam alguns conhecedores. Um deles, o músico Ed Motta, escreveu recentemente que o Insólito o "emocionou além da conta" e que o Minimus Anima, da Tormentas, é o tinto brasileiro de maior personalidade que já degustou. Se os microprodutores brasileiros já começam a conquistar os especialistas, seu estilo nem sempre agradará bebedores habituados aos chilenos e argentinos que invadiram o Brasil na década de 90. Por recusar fórmulas modernas a que os consumidores estão acostumados -- vinhos muito concentrados, com uso intensivo de barris de carvalho e teor alcoólico elevado --, alguns produtos artesanais podem causar estranheza em um primeiro momento. A Villa Francioni, da região serrana de Santa Catarina, é vista como a com mais potencial para agradar ao grande público. A vinícola reúne uma produção extremamente Oficina de Estratégia