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Estética | Kant

Publicidade e Propaganda
FASUL – 1° período
1° Paradoxo da Beleza


   Mas, e o que são paradoxos mesmo?
Segundo o Aurélio:
   paradoxo
   pa-ra-do-xo
   s. m.
    Contradição, pelo menos aparente. (Ex.: falo melhor
    quando emudeço.)
    Opinião contrária à opinião comum.
    Filosofia. Contradição a que chega, em certos casos, o
    arrazoamento abstrato.m.
    Opinião contrária à opinião comum; desconchavo;
    asneira.
    Adj.
    Paradoxal.
   Primeiro Paradoxo Kantiano sobre a Beleza
     O juízo estético e ambíguo, comparando com os outros dois, dos
    quais ele, ao mesmo tempo, difere e tem alguma coisa. Ele parece
    com o juízo sobre o agradável porque, como este, se baseia numa
    simples sensação de prazer que o sujeito experimenta diante do
    objeto. Mas difere do juízo sobre o agradável porque a pessoa que
    gosta de um quadro não se conforma em que este seja belo apenas
    para ela: quer que todo mundo goste também.
     Ocorre coisa semelhante se compararmos o juízo estético com o
    juízo de conhecimento. Por um lado, ele difere deste, porque não
    se baseia em conceitos, e sim numa sensação; por outro lado é
    semelhante porque nos exigimos para ele validade geral.
    Quando o sujeito emite um juízo estético, não está
    exprimindo um conceito decorrente das propriedades do
    objeto, mas apenas uma sensação de prazer ou de
    desprazer que ele experimentou diante do objeto.

   A satisfação determinada pelo juízo do gosto é uma
    necessidade subjetiva que nos aparece como objetiva.
    Tendo todos os homens, necessariamente, essas
    faculdades, cujo logo, não ligadas a conceitos, mas livre,
    produz a sensação do prazer ou desprazer.
   Kant não estuda propriamente as características do
    objeto belo, mesmo porque sua crítica teve
    principalmente o objetivo de provar que isso não era
    possível; o que ele estuda é “o ato de consciência que
    julga a Beleza”. E é nesse sentimento que ele continua
    sua exposição, afirmando que o sentimento da Beleza
    não procura satisfazer nenhuma inclinação, é um
    sentimento puramente contemplativo; não é turvado por
    nenhum desejo, “é um prazer desprovido de interesse”.
    “um prazer desinteressado”.
   Temos então o fim ligado ao objeto e à sua
    destinação útil; e a finalidade, ligada ao sujeito e
    à sensação de prazer harmonioso que ele
    experimenta. O fim é ligado propriedades do
    objeto, e o juízo estético é puramente subjetivo,
    baseado no livre jogo da imaginação e do
    entendimento. Nenhum prazer ligado ao fim
    pode ser estético, porque todo ele é
    interessado.
     A diferença essencial entre o fim e a finalidade,
    é que o primeiro se liga a propriedades e à
    destinação útil do objeto, e a segunda liga-se
    mais à forma e ao sentimento de prazer ou
    desprazer que desencadeia no sujeito. De tudo
    isso, vem a afirmação de Kant de que “o juízo
    estético não tem outro fundamento senão a
    forma da finalidade de um objeto”, e também a
    quarta fórmula kantiana sobre a Beleza: “ a
    satisfação determinada pelo juízo de gosto é
    uma finalidade sem fim”.
  Kant afirma: “o juízo estético não tem
outro fundamento se não a forma da
finalidade de um objeto”. “a satisfação
determinada pelo juízo de gosto é uma
finalidade sem fim”.
   Beleza Livre e Beleza Aderente


   Kant chama a Beleza ligada as artes figurativas de
    aderente (porque ela adere ao conceito que fazemos
    das coisas representadas) e chama de livre a que se liga
    as artes abstratas, que representam formas puras. Para
    Kant a única Beleza esteticamente pura seria a
    concepção do prazer desinteressado, assim como a
    satisfação determinada pela Beleza livre.
   Beleza Livre e Beleza Aderente
    Pode-se dizer que a distinção entre a Beleza livre e Beleza aderente se deriva da
    anteriormente explanada entre finalidade e fim. São três graus de utilidade
    decrescente e gratuidade crescente: o dos objetos puramente ligados ao fim e à sua
    destinação útil, como um trem; e, mesmo já dentro do campo da Beleza, isto é, já
    dentro do campo da finalidade, o dos objetivos que representam coisas e dos que
    representam simples formas.
    A Beleza livre não supõe nenhum conceito do que seja o objeto; a beleza aderente,
    não só supõe tal conceito, mas supõe ainda a perfeição do objeto em relação a esse
    conceito. A concepção Kantiana do prazer desinteressado, assim como a satisfação
    determinada pela Beleza livre, que pelos kantianos, é considerada a única Beleza
    esteticamente pura, não é estranha aos inúmeros preconceitos sobre a Arte “pura” e
    sobre os “perigos” que representam as “impurezas” de determinadas formas de Arte
    em nosso mundo contemporâneo. As artes abstratas são mais puras, equilibradas e
    desinteressadas. Mas não são únicas, pelo ao contrario, existem outras de natureza
    bastante diferente, que ganham em violência e complexidade o que perdem em
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Kant e os Paradoxos da Beleza

  • 1. Estética | Kant Publicidade e Propaganda FASUL – 1° período
  • 2.
  • 3.
  • 4. 1° Paradoxo da Beleza  Mas, e o que são paradoxos mesmo?
  • 5. Segundo o Aurélio:  paradoxo  pa-ra-do-xo  s. m. Contradição, pelo menos aparente. (Ex.: falo melhor quando emudeço.) Opinião contrária à opinião comum. Filosofia. Contradição a que chega, em certos casos, o arrazoamento abstrato.m. Opinião contrária à opinião comum; desconchavo; asneira. Adj. Paradoxal.
  • 6.
  • 7. Primeiro Paradoxo Kantiano sobre a Beleza  O juízo estético e ambíguo, comparando com os outros dois, dos quais ele, ao mesmo tempo, difere e tem alguma coisa. Ele parece com o juízo sobre o agradável porque, como este, se baseia numa simples sensação de prazer que o sujeito experimenta diante do objeto. Mas difere do juízo sobre o agradável porque a pessoa que gosta de um quadro não se conforma em que este seja belo apenas para ela: quer que todo mundo goste também.  Ocorre coisa semelhante se compararmos o juízo estético com o juízo de conhecimento. Por um lado, ele difere deste, porque não se baseia em conceitos, e sim numa sensação; por outro lado é semelhante porque nos exigimos para ele validade geral.
  • 8.
  • 9. Quando o sujeito emite um juízo estético, não está exprimindo um conceito decorrente das propriedades do objeto, mas apenas uma sensação de prazer ou de desprazer que ele experimentou diante do objeto.  A satisfação determinada pelo juízo do gosto é uma necessidade subjetiva que nos aparece como objetiva. Tendo todos os homens, necessariamente, essas faculdades, cujo logo, não ligadas a conceitos, mas livre, produz a sensação do prazer ou desprazer.
  • 10.
  • 11. Kant não estuda propriamente as características do objeto belo, mesmo porque sua crítica teve principalmente o objetivo de provar que isso não era possível; o que ele estuda é “o ato de consciência que julga a Beleza”. E é nesse sentimento que ele continua sua exposição, afirmando que o sentimento da Beleza não procura satisfazer nenhuma inclinação, é um sentimento puramente contemplativo; não é turvado por nenhum desejo, “é um prazer desprovido de interesse”. “um prazer desinteressado”.
  • 12.
  • 13. Temos então o fim ligado ao objeto e à sua destinação útil; e a finalidade, ligada ao sujeito e à sensação de prazer harmonioso que ele experimenta. O fim é ligado propriedades do objeto, e o juízo estético é puramente subjetivo, baseado no livre jogo da imaginação e do entendimento. Nenhum prazer ligado ao fim pode ser estético, porque todo ele é interessado.
  • 14. A diferença essencial entre o fim e a finalidade, é que o primeiro se liga a propriedades e à destinação útil do objeto, e a segunda liga-se mais à forma e ao sentimento de prazer ou desprazer que desencadeia no sujeito. De tudo isso, vem a afirmação de Kant de que “o juízo estético não tem outro fundamento senão a forma da finalidade de um objeto”, e também a quarta fórmula kantiana sobre a Beleza: “ a satisfação determinada pelo juízo de gosto é uma finalidade sem fim”.
  • 15.  Kant afirma: “o juízo estético não tem outro fundamento se não a forma da finalidade de um objeto”. “a satisfação determinada pelo juízo de gosto é uma finalidade sem fim”.
  • 16.
  • 17. Beleza Livre e Beleza Aderente  Kant chama a Beleza ligada as artes figurativas de aderente (porque ela adere ao conceito que fazemos das coisas representadas) e chama de livre a que se liga as artes abstratas, que representam formas puras. Para Kant a única Beleza esteticamente pura seria a concepção do prazer desinteressado, assim como a satisfação determinada pela Beleza livre.
  • 18. Beleza Livre e Beleza Aderente  Pode-se dizer que a distinção entre a Beleza livre e Beleza aderente se deriva da anteriormente explanada entre finalidade e fim. São três graus de utilidade decrescente e gratuidade crescente: o dos objetos puramente ligados ao fim e à sua destinação útil, como um trem; e, mesmo já dentro do campo da Beleza, isto é, já dentro do campo da finalidade, o dos objetivos que representam coisas e dos que representam simples formas.  A Beleza livre não supõe nenhum conceito do que seja o objeto; a beleza aderente, não só supõe tal conceito, mas supõe ainda a perfeição do objeto em relação a esse conceito. A concepção Kantiana do prazer desinteressado, assim como a satisfação determinada pela Beleza livre, que pelos kantianos, é considerada a única Beleza esteticamente pura, não é estranha aos inúmeros preconceitos sobre a Arte “pura” e sobre os “perigos” que representam as “impurezas” de determinadas formas de Arte em nosso mundo contemporâneo. As artes abstratas são mais puras, equilibradas e desinteressadas. Mas não são únicas, pelo ao contrario, existem outras de natureza bastante diferente, que ganham em violência e complexidade o que perdem em pureza.