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Poesias José Paulo Paes Henriqueta Lisboa Mário Quintana Vinícius de Moraes www.professorakarlinha.blogspot.com
Algunsconceitos ,[object Object]
Tem um caráter abstrato.
Num sentido amplo, a poesia identifica-se com a própria arte.
É a arte de representar sentimentos por meio da expressão do belo.
"Todas as coisas têm seu mistério, e a poesia é o mistério que todas as coisas têm".Garcia Lorca
José Paulo Paes José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga SP, em 1926. Estudou química industrial em Curitiba, onde iniciou sua atividade literária colaborando na revista Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. De volta a São Paulo trabalhou em um laboratório farmacêutico e numa editora. Desde de 1948 escreve com regularidade para jornais e periódicos literários. Toda sua obra poética foi reunida, em 1986, sob o título Um por todos. Em 1987 dirigiu uma oficina de tradução de poesia na UNICAMP. Faleceu no dia 09.10.1998.
Henriqueta Lisboa Henriqueta Lisboa (1901-1985), poeta mineira considerada pela crítica um dos grandes nomes da lírica modernista, dedicou-se à poesia, ensaios e traduções. Nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 15 de julho de 1901, filha do farmacêutico e deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria Rita Vilhena Lisboa. Formou-se normalista pelo Colégio Sion de Campanha, MG, e, em 1924, mudou-se para o Rio de Janeiro. Dedicou-se à poesia desde muito jovem. Henriqueta faleceu em Belo Horizonte, no dia 9 de outubro de 1985. Seu Centenário foi comemorado ao longo do ano de 2002.
Mário Quintana Mário Quintana, poeta gaúcho nascido em Alegrete, em 30 de julho de 1906, e morreu em 5 de maio de 1994, em Porto Alegre. Trabalhou em vários jornais gaúchos. Traduziu Proust, Conrad, Balzac, e outros autores de importância. Em 1940, lançou a Rua dos Cataventos, seu Primeiro livro de poesias. Ao que seguiram Canções (1946), Sapato Florido (1948), O aprendiz de Feiticeiro (1950), Espelho Mágico (1951), Quintanares (1976), Apontamentos de História Sobrenatural (1976), A Vaca eoHipogrifo (1977), Prosa e Verso (1978), Baú de Espantos (1986), Preparativos de Viagem (1987), além de varias antologias.
Vinícius de Moraes Poeta, compositor, intérprete e diplomata brasileiro, nasceu no Rio em 19/10/13 e faleceu na mesma cidade em 09/07/80. Escreveu seu primeiro poema aos sete anos. Fez curso de Direito no Rio e de Literatura Inglesa em Oxford. Ingressou na carreira diplomática, por concurso, em 1943, tendo servido como vice-cônsul em Los Angeles (1947-50), o que abriu sua temática, posteriormente enriquecida pelo seu interesse em teatro e cinema. Serviu também em Paris (duas vezes) e Montevidéu.
O Livro O livro divide-se em seis partes: ,[object Object]
Animais
Coisas
Lugares
Tempo
Amor,[object Object],[object Object]
Mamãezinha Mamãezinha, conta, conta uma história!Mamãezinha agoraestá no fogãofazendo quitutespara o seu neném.Mamãezinha, conta, conta uma história!Mamãezinha agoraestá no tanquelavando as roupasdo seu neném. Conta, Mamãezinha,conta uma história!Mamãezinha agoraestá no seu sonocansado, sem sonhos.
Menininho doente Na minha rua há um menininho doente.Enquanto os outros partem para a escola,Junto à janela, sonhadoramente, Ele ouve o sapateiro bater sola.Ouve também o carpinteiro, em frente, Que uma canção napolitana engrola.E pouco a pouco, gradativamente,O sofrimento que ele tem se evola. . .Mas nesta rua há um operário triste:Não canta nada na manhã sonoraE o menino nem sonha que ele existe.Ele trabalha silenciosamente. . .E está compondo este soneto agora,Pra alminha boa do menino doente. . .
Teu nome Teu nome, Maria LúciaTem qualquer coisa que afagaComo uma lua maciaBrilhando à flor de uma vaga.Parece um mar que marulhaDe manso sobre uma praiaTem o palor que irradiaA estrela quando desmaia.É um doce nome de filhaÉ um belo nome de amadaLembra um pedaço de ilhaSurgindo de madrugada.Tem um cheirinho de murtaE é suave como a pelúciaÉ acorde que nunca findaÉ coisa por demais lindaTeu nome, Maria Lúcia...
[object Object],[object Object]
Pirilampos   Quando a noiteVem baixando,Nas várzeas ao lusco-fuscoE na penumbra das moitasE na sombra erma dos campos,Piscam, piscam pirilampos.São pirilampos ariscos Que acendem pisca-piscandoAs suas verdes lanternas,Ou são claros olhos verdes,De menininhos travessos,Verdes olhos semitontos,Semitontos mas acesosQue estão lutando com o sono?
Das falsas posições  Com a pele do leão vestiu-se o burro um dia. Porém, no seu encalço, a cada instante e hora, "Olha o burro! Fiau! Fiau!" gritava a bicharia... Tinha o parvo esquecido as orelhas de fora!
Identificação  Seria um siri na SíriaOu um grou da Goenlândia?Uma arara do AraratOu uma pata da Patagónia?Seria uma anta da AntártidaOu um hamster de Amsterdã?Um periquito de QuitoOu marmota do Mar Morto?Seria uma rena do Reno?Uma mosca de Moscou?Chinchila da China ou Chile?Lontra de Londres talvez?Seria um bicho do sul?Seria um bicho no norte?Sei lá. Quem quiser saber,Que lhe peça o passaporte.
[object Object],[object Object]
O relógio Passa, tempo, tic-tacTic-tac, passa, hora Chega logo, tic-tacTic-tac, e vai-te embora Passa, tempo Bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansadoJá perdi Toda a alegria De fazer Meu tic-tacDia e noite Noite e dia Tic-tacTic-tacDia e noite Noite e dia
Cadê Nossa! que escuro! Cadê a luz? Dedo apagou. Cadê o dedo? Entrou no nariz. Cadê o nariz? Dando um espirro. Cadê o espirro? Ficou no lenço. Cadê o lenço? Foi com a calça. Cadê a calça? No guarda- roupa. Cadê o guarda-roupa? Fechado à chave. Cadê a chave? Homem levou. Cadê o homem? Está dormindo de luz apagada. Nossa! que escuro!
Canção da Garoa Em cima do meu telhado,Pirulinlulinlulin,Um anjo, todo molhado,Soluça no seu flautim.O relógio vai bater;As molas rangem sem fim.O retrato na paredeFica olhando para mim.E chove sem saber por quê...E tudo foi sempre assim!Parece que vou sofrer:Pirulinlulinlulin...
[object Object],[object Object]
Pomar  Menino - madrugao pomar não foge!(pitangas madurasdão água na boca.)Menino descalçoNão olha onde pisa.Trepa pelas árvoresAgarrando pêssegos.(Pêssegos macioscomo paina e flor.Dentadas de gosto!)Menino, cuidado,jabuticabeirasnovinhas em folhanão agüentam peso. Rebrilha, cem olhosagrupados, negros.E as frutas estalam- espuma de vidro -nos lábios de rosa.Menino guloso!Menino guloso,Ontem vi um figomesmo que um veludo,redondo, polpudo,E disse: este é meu!Meu figo onde está?-passarinho comeu,passarinho comeu...
Escola Escola é o lugar onde a gente vai quando não está de férias.O chefe da escola é a diretora.A diretora manda na professora.A professora manda na gente.A gente manda em ninguém.Só quando manda alguém plantar batata.Além de fazer lição na escola, a gente tem que fazer lição em casa.A professora leva nossa lição para casa dela e corrige.Se a gente não errasse,  a professora não precisava levarlição para casa.Por isso é que a gente erra.Embora não seja piano, nem banco,  a professora também dá notas.  Quem não tem boas notas, não passa de ano.(será que fica sempre com a mesma idade?)
A casa Era uma casa muito engraçadaNão tinha teto, não tinha nadaNinguém podia entrar nela, não Porque na casa não tinha chãoNinguém podia dormir na redePorque na casa não tinha paredeNinguém podia fazer pipiPorque penico não tinha aliMas era feita com muito esmero Na rua dos bobos Numero zero
[object Object],[object Object]
O Espelho E como eu passasse por diante do espelho Não vi meu quarto com as suas estantes Nem este meu rosto Onde escorre o tempo. Vi primeiro uns retratos na parede: Janelas onde olham avós hirsutos E as vovozinhas de saia-balão Como para-quedistas às avessas que subissem do fundo do tempo. O relógio marcava a hora Mas não dizia o dia. O Tempo, Desconcertado, Estava parado. Sim, estava parado Em cima do telhado... Como um catavento que perdeu as asas!
O tempo é um fio O tempo é um fio fino bastante frágil.Um fio fino que à toa escapa.O tempo é um fio.Tecei! Tecei!Rendas de bilro com gentileza.Com mais empenho franças espessas.Malhas e redes com mais astúcia.O tempo é um fio que vale muito.Franças espessas carregam frutos.Malhas e redes apanham peixes.O tempo é um fio por entre os dedos.Escapa o fio, perdeu-se o tempoLá vai o tempocomo um farrapojogado à toa! Mas ainda é tempo!Soltai os potros aos quatro ventos,mandai os servos de um pólo ao outro,vencei escarpas, dormi nas moitas,voltai com tempo que já se foi...
Soneto de aniversário Passem-se dias, horas, meses, anosAmadureçam as ilusões da vidaProssiga ela sempre divididaEntre compensações e desenganos.Faça-se a carne mais envilecidaDiminuam os bens, cresçam os danosVença o ideal de andar caminhos planosMelhor que levar tudo de vencida.Queira-se antes ventura que aventuraÀ medida que a têmpora embranqueceE fica tenra a fibra que era dura.E eu te direi: amiga minha, esquece...Que grande é este amor meu de criaturaQue vê envelhecer e não envelhece.
[object Object],[object Object]
Fidelidade                        Ainda agora e sempre  o amor complacente.   De perfil de frente  com vida perene.   E se mais ausente  a cada momento Tanto mais presente  com o passar do tempo   à alma que consente  no maior silêncio   em guardá-lo dentro  de penumbra ardente   sem esquecimento  nunca para sempre   doloridamente
Mistério do amor É o beija-florque beija a florou é a florque beija o beija-flor?

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Poesias

  • 1. Poesias José Paulo Paes Henriqueta Lisboa Mário Quintana Vinícius de Moraes www.professorakarlinha.blogspot.com
  • 2.
  • 3. Tem um caráter abstrato.
  • 4. Num sentido amplo, a poesia identifica-se com a própria arte.
  • 5. É a arte de representar sentimentos por meio da expressão do belo.
  • 6. "Todas as coisas têm seu mistério, e a poesia é o mistério que todas as coisas têm".Garcia Lorca
  • 7. José Paulo Paes José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga SP, em 1926. Estudou química industrial em Curitiba, onde iniciou sua atividade literária colaborando na revista Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. De volta a São Paulo trabalhou em um laboratório farmacêutico e numa editora. Desde de 1948 escreve com regularidade para jornais e periódicos literários. Toda sua obra poética foi reunida, em 1986, sob o título Um por todos. Em 1987 dirigiu uma oficina de tradução de poesia na UNICAMP. Faleceu no dia 09.10.1998.
  • 8. Henriqueta Lisboa Henriqueta Lisboa (1901-1985), poeta mineira considerada pela crítica um dos grandes nomes da lírica modernista, dedicou-se à poesia, ensaios e traduções. Nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 15 de julho de 1901, filha do farmacêutico e deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria Rita Vilhena Lisboa. Formou-se normalista pelo Colégio Sion de Campanha, MG, e, em 1924, mudou-se para o Rio de Janeiro. Dedicou-se à poesia desde muito jovem. Henriqueta faleceu em Belo Horizonte, no dia 9 de outubro de 1985. Seu Centenário foi comemorado ao longo do ano de 2002.
  • 9. Mário Quintana Mário Quintana, poeta gaúcho nascido em Alegrete, em 30 de julho de 1906, e morreu em 5 de maio de 1994, em Porto Alegre. Trabalhou em vários jornais gaúchos. Traduziu Proust, Conrad, Balzac, e outros autores de importância. Em 1940, lançou a Rua dos Cataventos, seu Primeiro livro de poesias. Ao que seguiram Canções (1946), Sapato Florido (1948), O aprendiz de Feiticeiro (1950), Espelho Mágico (1951), Quintanares (1976), Apontamentos de História Sobrenatural (1976), A Vaca eoHipogrifo (1977), Prosa e Verso (1978), Baú de Espantos (1986), Preparativos de Viagem (1987), além de varias antologias.
  • 10. Vinícius de Moraes Poeta, compositor, intérprete e diplomata brasileiro, nasceu no Rio em 19/10/13 e faleceu na mesma cidade em 09/07/80. Escreveu seu primeiro poema aos sete anos. Fez curso de Direito no Rio e de Literatura Inglesa em Oxford. Ingressou na carreira diplomática, por concurso, em 1943, tendo servido como vice-cônsul em Los Angeles (1947-50), o que abriu sua temática, posteriormente enriquecida pelo seu interesse em teatro e cinema. Serviu também em Paris (duas vezes) e Montevidéu.
  • 11.
  • 15. Tempo
  • 16.
  • 17. Mamãezinha Mamãezinha, conta, conta uma história!Mamãezinha agoraestá no fogãofazendo quitutespara o seu neném.Mamãezinha, conta, conta uma história!Mamãezinha agoraestá no tanquelavando as roupasdo seu neném. Conta, Mamãezinha,conta uma história!Mamãezinha agoraestá no seu sonocansado, sem sonhos.
  • 18. Menininho doente Na minha rua há um menininho doente.Enquanto os outros partem para a escola,Junto à janela, sonhadoramente, Ele ouve o sapateiro bater sola.Ouve também o carpinteiro, em frente, Que uma canção napolitana engrola.E pouco a pouco, gradativamente,O sofrimento que ele tem se evola. . .Mas nesta rua há um operário triste:Não canta nada na manhã sonoraE o menino nem sonha que ele existe.Ele trabalha silenciosamente. . .E está compondo este soneto agora,Pra alminha boa do menino doente. . .
  • 19. Teu nome Teu nome, Maria LúciaTem qualquer coisa que afagaComo uma lua maciaBrilhando à flor de uma vaga.Parece um mar que marulhaDe manso sobre uma praiaTem o palor que irradiaA estrela quando desmaia.É um doce nome de filhaÉ um belo nome de amadaLembra um pedaço de ilhaSurgindo de madrugada.Tem um cheirinho de murtaE é suave como a pelúciaÉ acorde que nunca findaÉ coisa por demais lindaTeu nome, Maria Lúcia...
  • 20.
  • 21. Pirilampos   Quando a noiteVem baixando,Nas várzeas ao lusco-fuscoE na penumbra das moitasE na sombra erma dos campos,Piscam, piscam pirilampos.São pirilampos ariscos Que acendem pisca-piscandoAs suas verdes lanternas,Ou são claros olhos verdes,De menininhos travessos,Verdes olhos semitontos,Semitontos mas acesosQue estão lutando com o sono?
  • 22. Das falsas posições Com a pele do leão vestiu-se o burro um dia. Porém, no seu encalço, a cada instante e hora, "Olha o burro! Fiau! Fiau!" gritava a bicharia... Tinha o parvo esquecido as orelhas de fora!
  • 23. Identificação Seria um siri na SíriaOu um grou da Goenlândia?Uma arara do AraratOu uma pata da Patagónia?Seria uma anta da AntártidaOu um hamster de Amsterdã?Um periquito de QuitoOu marmota do Mar Morto?Seria uma rena do Reno?Uma mosca de Moscou?Chinchila da China ou Chile?Lontra de Londres talvez?Seria um bicho do sul?Seria um bicho no norte?Sei lá. Quem quiser saber,Que lhe peça o passaporte.
  • 24.
  • 25. O relógio Passa, tempo, tic-tacTic-tac, passa, hora Chega logo, tic-tacTic-tac, e vai-te embora Passa, tempo Bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansadoJá perdi Toda a alegria De fazer Meu tic-tacDia e noite Noite e dia Tic-tacTic-tacDia e noite Noite e dia
  • 26. Cadê Nossa! que escuro! Cadê a luz? Dedo apagou. Cadê o dedo? Entrou no nariz. Cadê o nariz? Dando um espirro. Cadê o espirro? Ficou no lenço. Cadê o lenço? Foi com a calça. Cadê a calça? No guarda- roupa. Cadê o guarda-roupa? Fechado à chave. Cadê a chave? Homem levou. Cadê o homem? Está dormindo de luz apagada. Nossa! que escuro!
  • 27. Canção da Garoa Em cima do meu telhado,Pirulinlulinlulin,Um anjo, todo molhado,Soluça no seu flautim.O relógio vai bater;As molas rangem sem fim.O retrato na paredeFica olhando para mim.E chove sem saber por quê...E tudo foi sempre assim!Parece que vou sofrer:Pirulinlulinlulin...
  • 28.
  • 29. Pomar Menino - madrugao pomar não foge!(pitangas madurasdão água na boca.)Menino descalçoNão olha onde pisa.Trepa pelas árvoresAgarrando pêssegos.(Pêssegos macioscomo paina e flor.Dentadas de gosto!)Menino, cuidado,jabuticabeirasnovinhas em folhanão agüentam peso. Rebrilha, cem olhosagrupados, negros.E as frutas estalam- espuma de vidro -nos lábios de rosa.Menino guloso!Menino guloso,Ontem vi um figomesmo que um veludo,redondo, polpudo,E disse: este é meu!Meu figo onde está?-passarinho comeu,passarinho comeu...
  • 30. Escola Escola é o lugar onde a gente vai quando não está de férias.O chefe da escola é a diretora.A diretora manda na professora.A professora manda na gente.A gente manda em ninguém.Só quando manda alguém plantar batata.Além de fazer lição na escola, a gente tem que fazer lição em casa.A professora leva nossa lição para casa dela e corrige.Se a gente não errasse,  a professora não precisava levarlição para casa.Por isso é que a gente erra.Embora não seja piano, nem banco,  a professora também dá notas.  Quem não tem boas notas, não passa de ano.(será que fica sempre com a mesma idade?)
  • 31. A casa Era uma casa muito engraçadaNão tinha teto, não tinha nadaNinguém podia entrar nela, não Porque na casa não tinha chãoNinguém podia dormir na redePorque na casa não tinha paredeNinguém podia fazer pipiPorque penico não tinha aliMas era feita com muito esmero Na rua dos bobos Numero zero
  • 32.
  • 33. O Espelho E como eu passasse por diante do espelho Não vi meu quarto com as suas estantes Nem este meu rosto Onde escorre o tempo. Vi primeiro uns retratos na parede: Janelas onde olham avós hirsutos E as vovozinhas de saia-balão Como para-quedistas às avessas que subissem do fundo do tempo. O relógio marcava a hora Mas não dizia o dia. O Tempo, Desconcertado, Estava parado. Sim, estava parado Em cima do telhado... Como um catavento que perdeu as asas!
  • 34. O tempo é um fio O tempo é um fio fino bastante frágil.Um fio fino que à toa escapa.O tempo é um fio.Tecei! Tecei!Rendas de bilro com gentileza.Com mais empenho franças espessas.Malhas e redes com mais astúcia.O tempo é um fio que vale muito.Franças espessas carregam frutos.Malhas e redes apanham peixes.O tempo é um fio por entre os dedos.Escapa o fio, perdeu-se o tempoLá vai o tempocomo um farrapojogado à toa! Mas ainda é tempo!Soltai os potros aos quatro ventos,mandai os servos de um pólo ao outro,vencei escarpas, dormi nas moitas,voltai com tempo que já se foi...
  • 35. Soneto de aniversário Passem-se dias, horas, meses, anosAmadureçam as ilusões da vidaProssiga ela sempre divididaEntre compensações e desenganos.Faça-se a carne mais envilecidaDiminuam os bens, cresçam os danosVença o ideal de andar caminhos planosMelhor que levar tudo de vencida.Queira-se antes ventura que aventuraÀ medida que a têmpora embranqueceE fica tenra a fibra que era dura.E eu te direi: amiga minha, esquece...Que grande é este amor meu de criaturaQue vê envelhecer e não envelhece.
  • 36.
  • 37. Fidelidade                        Ainda agora e sempre o amor complacente.   De perfil de frente com vida perene.   E se mais ausente a cada momento Tanto mais presente com o passar do tempo   à alma que consente no maior silêncio   em guardá-lo dentro de penumbra ardente   sem esquecimento nunca para sempre   doloridamente
  • 38. Mistério do amor É o beija-florque beija a florou é a florque beija o beija-flor?
  • 39. Um dia acordarás Um dia acordarás num quarto novoSem saber como foste para láE as vestes que acharás ao pé do leitoDe tão estranhas te farão pasmar,A janela abrirás, devagarinho:Fará nevoeiro e tu nada verás...Hás de tocar, a medo, a campainhaE, silenciosa, a porta se abrirá.E um ser, que nunca viste, em um sorrisoTriste, te abraçará com seu maior carinhoE há de dizer-te para o teu assombro:- Não te assustes de mim, que sofro há tanto!Quero chorar - apenas - no teu ombroE devorar teus olhos, meu amor...
  • 40. Autopsicografia                                     O poeta é um fingidor. Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm.E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. Fernando Pessoa www.professorakarlinha.blogspot.com