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O QUE ÉO QUE É
ETNOCENTRISMO?ETNOCENTRISMO?
Júlia Rafaela M. Câmara
 O conceito de etnocentrismo parte
do estudo do grande choque e da
grande estranheza que se dá no
encontro de dois ou mais grupos
diferentes. Surge, então, o grupo
do "eu" e o grupo do "outro",
tendo o primeiro como real,
absoluta e principal referência e o
segundo como algo exótico,
excêntrico, anormal, estranho e
primitivo.
 O que importa realmente,
neste conjunto de idéias, é o
fato de que, no
etnocentrismo, uma mesma
atitude informa os diferentes
grupos.
 O etnocentrismo não é
propriedade, como já disse,
de uma única sociedade,
apesar de que, na nossa,
revestiu-se de um caráter
ativista e colonizador com os
mais diferentes
empreendimentos de
conquista e destruição de
outros povos.
 O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do
valor da cultura do "outro" nos termos dá cultura do grupo
do "eu".
 Do ponto de vista do grupo do “eu” os que estão de fora
podem ser brabos e traiçoeiros bem como mansos e
bondosos. Aliás, "brabos" e "mansos" são dois termos
que muitas vezes foram empregados no Brasil para
designar o "humor" de determinados animais e o "estado"
de várias tribos de índios ou de escravos negros.
 Aqueles que são diferentes do grupo do eu – os diversos
"outros" deste mundo - por não poderem dizer algo de si
mesmos, acabam representados pela ótica etnocêntrica e
segundo as dinâmicas ideológicas de determinados
momentos.
 Os livros didáticos, em função mesmo do seu destino
e de sua natureza, carregam um valor de autoridade,
ocupam um lugar de supostos donos da verdade.
 Assim, como o "outro" é alguém calado, a quem não
é permitido dizer de si mesmo, mera imagem sem
voz, manipulado de acordo com desejos ideológicos,
o índio é, para o livro didático, apenas uma forma
vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos.
Em outras palavras, o índio é "alugado" na História do
Brasil para aparecer por três vezes em três papéis
diferentes.
 O primeiro papel que o índio representa é
no capítulo do descobrimento. Ali, ele
aparece como selvagem", "primitivo",
"pré-histórico", "antropófago", etc.
 O segundo papel do índio é no capítulo
da catequese. Nele o papel do índio é o
de "criança", "inocente", "infantil", "almas
virgens", etc.
 O terceiro papel é muito engraçado. É no
capítulo "Etnia brasileira". Se o índio já
havia aparecido como "selvagem" ou
"criança", como iriam falar de um povo - o
nosso - formado por portugueses, negros
e "crianças" ou um povo formado por
portugueses, negros e "selvagens"?
Então aparece um novo papel e o índio,
num passe de mágica etnocêntrica, vira
"corajoso", "altivo", cheio de "amor à
liberdade".
 Mas, existem idéias que se contrapõem ao
etnocentrismo. Uma das mais importantes é a de
relativização.
 Quando compreendemos o "outro" nos seus
próprios valores e não nos nossos: estamos
relativizando.
 Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo
que é olhado.
 Ela não é uma hostilidade do “outro”, mas uma
possibilidade que o "outro" pode abrir para o "eu".

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O que é etnocentrismo

  • 1. O QUE ÉO QUE É ETNOCENTRISMO?ETNOCENTRISMO? Júlia Rafaela M. Câmara
  • 2.  O conceito de etnocentrismo parte do estudo do grande choque e da grande estranheza que se dá no encontro de dois ou mais grupos diferentes. Surge, então, o grupo do "eu" e o grupo do "outro", tendo o primeiro como real, absoluta e principal referência e o segundo como algo exótico, excêntrico, anormal, estranho e primitivo.
  • 3.  O que importa realmente, neste conjunto de idéias, é o fato de que, no etnocentrismo, uma mesma atitude informa os diferentes grupos.  O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de uma única sociedade, apesar de que, na nossa, revestiu-se de um caráter ativista e colonizador com os mais diferentes empreendimentos de conquista e destruição de outros povos.
  • 4.  O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do valor da cultura do "outro" nos termos dá cultura do grupo do "eu".  Do ponto de vista do grupo do “eu” os que estão de fora podem ser brabos e traiçoeiros bem como mansos e bondosos. Aliás, "brabos" e "mansos" são dois termos que muitas vezes foram empregados no Brasil para designar o "humor" de determinados animais e o "estado" de várias tribos de índios ou de escravos negros.  Aqueles que são diferentes do grupo do eu – os diversos "outros" deste mundo - por não poderem dizer algo de si mesmos, acabam representados pela ótica etnocêntrica e segundo as dinâmicas ideológicas de determinados momentos.
  • 5.  Os livros didáticos, em função mesmo do seu destino e de sua natureza, carregam um valor de autoridade, ocupam um lugar de supostos donos da verdade.  Assim, como o "outro" é alguém calado, a quem não é permitido dizer de si mesmo, mera imagem sem voz, manipulado de acordo com desejos ideológicos, o índio é, para o livro didático, apenas uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos. Em outras palavras, o índio é "alugado" na História do Brasil para aparecer por três vezes em três papéis diferentes.
  • 6.  O primeiro papel que o índio representa é no capítulo do descobrimento. Ali, ele aparece como selvagem", "primitivo", "pré-histórico", "antropófago", etc.  O segundo papel do índio é no capítulo da catequese. Nele o papel do índio é o de "criança", "inocente", "infantil", "almas virgens", etc.  O terceiro papel é muito engraçado. É no capítulo "Etnia brasileira". Se o índio já havia aparecido como "selvagem" ou "criança", como iriam falar de um povo - o nosso - formado por portugueses, negros e "crianças" ou um povo formado por portugueses, negros e "selvagens"? Então aparece um novo papel e o índio, num passe de mágica etnocêntrica, vira "corajoso", "altivo", cheio de "amor à liberdade".
  • 7.  Mas, existem idéias que se contrapõem ao etnocentrismo. Uma das mais importantes é a de relativização.  Quando compreendemos o "outro" nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando.  Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado.  Ela não é uma hostilidade do “outro”, mas uma possibilidade que o "outro" pode abrir para o "eu".