Dieta de Iguanodectes rachovii em igarapés da Amazônia Oriental
1. CARACTERIZAÇÃO DA DIETA DE Iguanodectes
rachovii (CHARACIFORMES; CHARACIDAE)
EM IGARAPÉS, COM DIFERENTES ESTÁGIOS DE
CONSERVAÇÃO NA REGIÃO DO NORDESTE
PARAENSE.
COUTINHO, J. C. S.1; SANTOS, J. A.1; MOREIRA, N. G. G.1
1Acadêmicos da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (FCBA). Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD), 79804-070 Dourados, MS, Brasil. e-mail: <jean-coutinho11@hotmail.com>;
2. INTRODUÇÃO
A região Amazônica é formada por uma grande diversidade de
corpos d´água que juntos formam a maior bacia de drenagem
do mundo (Santos e Ferreira, 1999).
As riquezas da biodiversidade da Amazônia são inúmeras e
uma delas é a ictiofauna de água doce, a mais variada do
mundo com mais de 2.000 espécies de peixes já identificadas.
Até o presente momento, poucos foram os estudos realizados
sobre a ictiofauna de igarapés (Sabino e Zuanon, 1998;
Mendonça et al., 2005; Pazin et al., 2006; Espírito-Santo et al.,
2009),
3. E poucos também foram os estudos realizados sobre a dieta
dos peixes desse ecossistema (Silva, 1993; Anjos, 2005)
revelando a falta de conhecimento sobre a estrutura trófica
em igarapés.
A subfamília Iguanodectinae é constituída pelos gêneros
Iguanodectes (oito espécies) e Piabucus (duas espécies)
(Buckup et al., 2007)
4. JUSTIFICATIVA
A região Nordeste do Estado do Pará é uma das áreas de
ocupação mais antiga da Amazônia.
A vegetação original do local foi praticamente toda removida,
restando apenas poucos e degradados fragmentos de florestas
ombrófila.
Levando-se em consideração a abundância de riachos
inexplorados na Região Amazônica e que esta região no
Nordeste do Pará encontra-se altamente alterada, é de suma
importância a compreensão da ecologia da ictiofauna de seus
riachos.
5. Os resultados que serão gerados neste estudo, levarão à
compreensão sobre a ecologia alimentar de peixes de
igarapés amazônicos.
A degradação dessas áreas pode comprometer a cadeia
alimentar dos organismos aquáticos, ocasionando até
mesmo a extinção de espécies e a perda de patrimônios
genéticos ainda desconhecidos.
6. HIPÓTESES
H1: Não há diferença na dieta da espécie I. rachovii entre igarapés
conservados e alterados da região nordeste do Pará (Amazônia
Oriental)
H2: Não há diferenças ontogenéticas na dieta da espécie I. rachovii
em igarapés da região nordeste do Pará (Amazônia Oriental)
7. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Determinar a dieta de Iguanodectes rachovii em igarapés
conservados e impactados da Amazônia Oriental.
Objetivos Específicos
Verificar mudanças espaciais na dieta (conservados x
impactados), descrever as variações ontogenéticas na dieta
(classes de tamanho) e determinar a origem dos alimentos
(alóctones e autóctones).
8. Iguanodectes rachoviiFoto: Gabriel L. Brejão
Espécie de pequeno porte, popularmente conhecida como piabinha
ou lambarizinho. Seu habitat comum são pequenos corpos d´água da região
amazônica. Não há informações sobre sua biologia e ecologia na literatura.
Ordem Characiformes
Família Characidae
9. MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
Os estudos serão realizados na região nordeste do Estado do
Pará, em uma das áreas de ocupação mais antigas da
Amazônia.
Os igarapés serão escolhidos de acordo com os graus de
conservação do uso e cobertura do solo próximo aos corpos
d’água. Para isso serão utilizados imagens de satélite e
visitas à campo para escolha dos locais a serem amostrados.
Serão selecionados 22 igarapés (11 igarapés conservados e
11 igarapés alterados).
10. Fonte: Dr. Pedro Gerhard (Pesquisador A, Embrapa Amazônia Oriental)
11. Exemplo de igarapé alterado.
Sem floresta ripária, com uso do solo de
pastagem e com presença de gado.
Exemplo de igarapé conservado.
Igarapé florestado, sombreado, com várias
estruturas de habitat e pouco impacto antrópico.
12. Coleta de Dados
Cada trecho dos 22 igarapés será amostrado uma única vez entre
julho e outubro de 2015, por ser a época do ano com menor
precipitação o que favorece o acesso aos locais de coleta.
Em cada um dos 22 igarapés amostrados será demarcado um
trecho de 200 m.
Ao longo desse trecho demarcado será realizada a avaliação das
características físicas dos igarapés (largura, profundidade e tipo
de substrato) e a amostragem dos peixes.
Em cada trecho de igarapé de 200m, irão ser fechados trechos de
aproximadamente 25m com redes (5mm entre nós) para as
coletas dos peixes.
13. Análise da Dieta
Em laboratório, será realizada a biometria dos indivíduos de I.
rachovii, onde irá ser determinadas medidas dos comprimentos
total e padrão (mm) e o peso total (g).
Os indivíduos serão dissecados para a retirada do estômago.
As análises dos conteúdos estomacais serão realizadas sob
microscópio estereoscópico (lupa) e os itens alimentares serão
identificados até menor nível taxonômico possível com o
auxílio de bibliografia especializada.
Os itens também serão agrupados em categorias alimentares
amplas de acordo com sua origem: alóctone, autóctone e
indeterminada (itens indeterminados quanto sua origem).
14. RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se com este trabalho alcançar os objetivos propostos,
gerando conhecimentos de suma importância sobre ecologia
alimentar desta espécie de peixes de igarapés e como as
alterações antrópicas estão influenciando esses ecossistemas.
Estas informações, somadas a outros projetos que serão
desenvolvidos na região, poderão gerar bases para políticas
públicas voltadas para a conservação e programas de
educação ambiental, além de fornecer bases para estudos
posteriores de avaliação de impactos ambientais sobre a
ictiofauna.
15. PERSPECTIVAS DE UTILIZAÇÃO
Estre trabalho será de enorme validade para a comunidade
científica, principalmente se tratando do estudo de uma
espécie na qual ainda não se possui nenhuma informação
sobre sua biologia e ecologia.
Informações sobre a ecologia trófica de peixes de igarapés,
principalmente numa área da Amazônia que sofre e sofreu
tantas ações antrópicas, é fundamental para estudos da
conservação e práticas para políticas públicas.
16. ESTRATÉGIA DE UTILIZAÇÃO
Este projeto será divulgado em congressos científicos
específicos; como o Congresso Brasileiro de Zoologia,
Congresso Brasileiro de Ecologia, Congresso Brasileiro de
Limnologia e Encontro Brasileiro de Ictiologia.
O trabalho será publicado na revista científica “Ecology of
Freshwater Fish”, que possui Qualis A1 da Capes, na área de
avaliação de Ciências Naturais.
17. Recursos Humanos
Equipe executora do Projeto
Nome Lotação Titulação Tipo de
participação
Atividades no
projeto
Carga
horária/s
Jamile Alvares dos
Santos
UFGD Graduanda Pesquisadora Pesquisa 12h
Jean Carlos dos
Santos Coutinho
UFGD Graduando Coordenador Pesquisa 12h
Nubio Geraldo
Gonçalves Moreira
UFGD Graduando Pesquisador Pesquisa 12h
Anderson Ferreira UFGD Doutor Orientador Orientação 8h
18. Cronograma de Execução das atividades
mostrado trimestralmente.
2015 2016
I II III IV I II III IV
2015 2016
Jan/Fev/
Mar
Abr/Mai/
Jun
Jul/Ago/
Set
Out/Nov/
Dez
Jan/Fev/
Mar
Abr/Mai
/Jun
Jul/Ago/
Set
Out/Nov
/Dez
Revisão Bibliográfica X X X X X X X
Coleta das amostras de peixes
X X
Biometria X X
Análises da dieta X X X
Análise dos dados X X X X
Confecção do relatório final
X
22. 2015 2016
I II III IV I II III IV
Jan/Fev/
Mar
Abr/Mai/
Jun
Jul/Ago/
Set
Out/Nov/
Dez
Jan/Fev/
Mar
Abr/Mai/
Jun
Jul/Ago/
Set
Out/Nov/
Dez
Microscópio estereoscópico 19.500
Computador 1.500,00
Impressora multifuncional 1.200,00
Tonner para impressora 592,00 592,00
Formaldeído 67,50 67,50
Álcool etílico 90% 462,50 462,50
Combustível (óleo diesel) 472,50 472,50
Frascos 110,00 110,00 110,00
Frascos vidro 335,00
Peneiras metálicas 450,00
Redes de arrasto 400,00
Pinças 250,00
Diárias 12.000,00 12.000,00
Aluguel de carro 1.250,00 1.250,00
23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANJOS, M.B. 2005. Estrutura de comunidades de peixes de igarapés de terra firme na Amazônia Central:
composição, distribuição e características tróficas. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Amazonas –
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA. Manaus, Amazonas. 68p.
BRITSKI, H.A. 1972. Peixes de água doce do Estado de São Paulo: Sistemática. In: Poluição e Piscicultura.
Faculdade de Saúde Pública da USP, Instituto de Pesca da C.P.R.N. da Secretaria da Agricultura, São Paulo, p.79-
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BUCKUP, P.A., MENEZES, N.A. & GHAZZI, M.S. 2007. Catálogo das espécies de peixes de água doce do
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Espírito-Santo, H. M. V., W. E. Magnusson, J. Zuanon, F. P. Mendonça, V. L. Landeiro. 2009. Seasonal variation in
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de Santarém – PA. IBAMA: Brasília. 214 p.
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HYSLOP, E.J. Stomach contents analysis – a review of methods and their applications. Journal of Fish Biology. v.
17, p. 411-429, 1980.
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24. MENDONÇA, F.P.; MAGNUSSON, W.E.; ZUANON, J. Relationships between habitat characteristics and fish
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SANTOS, G. M. , FERREIRA, E. J. G. 1999. Peixes da Bacia Amazônica. In: LOWE-MCCONNELL, R. H..
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