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Jornal dos usuários do Serviço de Recuperação de Dependentes Químicos (SERDEQUIM) | HUSM
100% Sobriedade
A voz de
quem faz
parte do
SERDEQUIM
Usuários, familiares e trabalhadores falam sobre
suas experiências e sobre os resultados alcançados
no SERDEQUIM, um serviço que oferece tratamento
a partir de grupos e oficinas terapêuticas semanais.
Este jornal serve como um espaço para socialização
e expressão da criatividade. Leia nesta edição seus de-
poimentos de vida e suas opiniões sobre o mundo.
Entrevista com os
familiares dos usuários
do SERDEQUIM
Pág. 4
Dicas dos usuários sobre
saúde, bem-estar e
meio ambiente
Págs. 5 e 6
Leia depoimentos e
reflexões de quem
utiliza o serviço
Págs. 6 e 8
1ª edição – Novembro de 2010
Pintura de Geraldo Severo, exposta no hall
de entrada do SERDEQUIM
100% Sobriedade
2
O que buscamos
Expediente
A
Reforma Sanitária no Brasil vem se consolidan-
do por meio do Sistema Único de Saúde (SUS)
e prioriza um modelo assistencial de promoção
da saúde. Embasada nos princípios do SUS, encontra-
se também inserida a Reforma Psiquiátrica, a qual se
originou de movimentos sociais que surgiram na déca-
da de 1980 e propõe mudanças nas práticas em saúde
mental, incentivando a equidade na oferta dos serviços,
o protagonismo dos trabalhadores e
usuários dos serviços de saúde, bem
como o desenvolvimento de uma
rede extra-hospitalar que garanta a
reinserção social, a cidadania e a auto-
nomia dos usuários. Neste contexto, a
partir de 2002 o Ministério da Saúde
passa a implementar o Programa de
Atenção aos Usuários de Álcool e ou-
tras Drogas, reconhecendo o uso pre-
judicial destas substâncias como im-
portante problema da saúde pública.
Dessa forma, constrói-se uma política
pública específica para a atenção às
pessoas que fazem uso de álcool e ou-
tras drogas, situada no campo da saú-
de mental, e tendo como estratégia a
ampliação do acesso ao tratamento, a
compreensão integral e dinâmica do
problema, a promoção dos direitos
e a abordagem de redução de danos
(documento apresentado à Conferên-
cia Regional de Reforma dos Serviços
de Saúde Mental, e em concordância com as recomen-
dações da III Conferência Nacional de Saúde Mental).
Assim a Reforma Psiquiátrica junto ao novo conceito
de saúde reformula as possibilidades e ferramentas de
cuidado e tratamento em saúde mental. Inserida neste
cenário, o Serviço de Recuperação de Dependentes Quí-
micos (SERDEQUIM) do Hospital Universitário de Santa
Maria (HUSM) é um serviço de tratamento e recupera-
ção de dependentes químicos que disponibiliza ativida-
des terapêuticas como grupos, oficinas, exercício físico,
entre outras, para seus usuários. Com a perspectiva de
mudança do modelo assistencial em saúde mental e,
embasadas nos referenciais da Reforma, profissionais
da Residência Multiprofissional do HUSM propõem, em
maio de 2010, a realização de oficinas semanais para a
construção de um jornal. Acreditando que esta oficina
sirva como uma atividade grupal de socialização, ex-
pressão e inserção social de suma importância, uma vez
que consiste em um momento de ocupação terapêuti-
ca, exige o desenvolvimento da aten-
ção e criatividade e possibilita que o
usuário possa voltar seu foco para a
atividade, saindo por um momento
do enfoque da doença. Visamos, en-
tão, criar um espaço interativo, com
a proposta de incentivar e trabalhar
o pensamento crítico e reflexivo so-
bre temas do nosso cotidiano. Neste
sentido, visualizamos possibilidades
de construção dos sujeitos envolvi-
dos neste espaço de criação, produ-
ção de sentido e de potência de vidas
para além da doença. Com este olhar,
durante as oficinas de construção do
jornal, os temas para produção dos
textos foram debatidos e produzidos
pelos usuários. A escolha do nome do
jornal ocorreu, democraticamente,
por meio de votação. Os usuários su-
geriam os nomes e o nome escolhido
foi “100% Sobriedade”, sugestão de
Elisandro Madrid.
As oficinas terapêuticas para a produção deste jor-
nal ocorrem semanalmente, às quartas-feiras, às 10:00
horas, na unidade SERDEQUIM. Este jornal será editado
trimestralmente e conta com o apoio dos profissionais
da Unidade. Nesta primeira edição será feita a apre-
sentação do serviço, bem como a socialização das pro-
duções dos usuários que participaram desta oficina e
que ao lerem esta produção terão a oportunidade de se
conhecerem como pessoas capazes de fazer e produzir
sendo protagonistas de suas próprias vidas.
As editoras
Editoras
Juliane Heinrich – Terapeuta Ocupacional
Katiusci Lehnhard Machado – Psicóloga
Laura Ferreira Cortes – Enfermeira
Colaboradores
Equipe de funcionários da Unidade SERDEQUIM, especial-
mente a Cleonita Inês de Aguiar e Noeli Correa Zardeh.
Capa
Pintura de Geraldo Severo, exposta no hall de
entrada do SERDEQUIM
projeto gráfico e Diagramação
Iuri Lammel Marques
Apoio
Coordenação Residência Multiprofissional
Enfª. Profª. Drª. Vânia Fighera Olivo
Enfº. Esp. Marcelo Maia
Preceptoria
Enfª. Profª. Drª. Marlene Gomes Terra
Enfª. Noeli Correia Zardeh
Enfª. Fernanda Franchesch de Freitas
Enfª. Patrícia Veleda
Enfº. Esp. Marcelo Maia
Centro de Ciências da Saúde
Visualizamos
possibilidades
de construção
dos sujeitos
envolvidos
neste espaço de
criação, produção
de sentido e de
potência de vida
para além
da doença
100% Sobriedade 3
O SERDEQUIM
O
Serviço de Recuperação de
Dependentes Químicos
(SERDEQUIM) é uma unida-
de que pertence ao Hospital Uni-
versitário de Santa Maria (HUSM),
com internação mista, ou seja,
recebe pacientes do sexo masculi-
no e feminino. A unidade atende
pacientes da região da 4ª Coorde-
nadoria Regional de Saúde, o que
inclui o município de Santa Maria.
O SERDEQUIM, antiga unida-
de Pinel, foi criado em 1986, a
partir de ideias de profissionais
médicos, psicólogos, assistentes
sociais e profissionais de enfer-
magem. Naquele momento, a
unidade dispunha de trinta lei-
tos destinados ao tratamento de
alcoolistas e era subdividida em
duas, sendo uma parte específi-
ca para desintoxicação e a outra
para o tratamento em oficinas e
grupos terapêuticos.
A lei da Reforma Psiquiátrica
consegue determinar a substitui-
ção progressiva dos leitos psiqui-
átricos por uma rede integrada de
atenção à saúde mental (Ministé-
rio da Saúde, 2005). Assim, hou-
ve uma redução de dez leitos na
Unidade e os pacientes permane-
ciam internados, em média vinte
dias. Atualmente conta-se com
quinze leitos femininos e mascu-
linos e o período de internação
é de sete a dez dias. Desta forma
a Unidade consegue atender um
maior número de pacientes.
O objetivo geral da Unidade é
atender pacientes em dependên-
cia química, em nível de atenção
terciária. Além da desintoxicação
a equipe trabalha com princípio
de um cuidado integral destes
sujeitos. Enquanto objetivos espe-
cíficos propõem-se a conscientiza-
ção de que o alcoolismo é uma do-
ença; bem como trabalha-se com
a prevenção de recaídas; o atendi-
mento à família; o atendimento
em grupos e oficinas terapêuticas.
Como forma de atendimento, a
Unidade, além da internação, rea-
liza Grupos de Apoio e S.O.S, para
pacientes externos. O S.O.S acolhe
pacientes que necessitam de aten-
dimento médico, de enfermagem,
entre outros. Por meio do S.O.S os
pacientes conseguem seguir o tra-
tamento extra-hospitalar, perma-
necendo na Unidade nos turnos
da manhã e tarde, pernoitando
em casa.
O Grupo de Apoio acontecesse
com reuniões semanais em três
horários diferentes. Os encon-
tros são destinados aos pacientes
e seus familiares no pós-alta, e
funciona na Unidade há mais de
quinze anos.
A Unidade serve, ainda, de
campo de estágio para a Residên-
cia Médica em psiquiatria, Resi-
dencia Multiprofissional, alunos
Grupo de usuários na oficina de construção do jornal. Na foto, as residentes responsáveis
pela oficina: acima, a enfermeira Laura Cortes, a psicóloga Katiusci Lehnhard e, abaixo, a
terapeuta ocupacional Juliane Heinrich
Da esquerda para a direita: Neli de Moura
(aux. de enf.), Valdir Martins (aux. de enf.),
Andréia da Silva (servente de limpeza) e,
abaixo, Cleonita de Aguiar (técnica de enf.)
da graduação de enfermagem, e
esporadicamente de outros cur-
sos como fisioterapia, terapia
ocupacional e psicologia.
A equipe de trabalho da Uni-
dade conta com um médico psi-
quiatra, um médico residente,
um psicólogo, três enfermeiros,
oito técnicos de enfermagem,
uma recreacionista e diferentes
profissionais da residência mul-
tiprofissional, entre eles psicó-
logos, enfermeiros, terapeutas
ocupacionais e assistente social.
Conta ainda com o apoio de cin-
co acadêmicos de enfermagem e
dois educadores físicos.
As atividades realizadas no ser-
viço são: Grupo de Sentimentos;
Grupo Operativo; Grupo de Saú-
de; Seminários; Entrevistas com
Familiares, Grupo de Familiares;
Grupos de Estudos; Entrevistas
Individuais (médicos, enfermei-
ros e psicólogos); Atendimento
Psicológico; Atividades Físicas;
Atividades de Terapia Ocupa-
cional, Grupo de Apoio; Oficina
do Jornal, Reunião do Alcoólicos
Anônimos; Grupos Espirituais e
Amigos do HUSM.
Cleonita Inês de Aguiar, téc. de enf.
João Pedro de Barros, enfermeiro
100% Sobriedade
4
1. Qual a importância da Unidade Serdequim para
os dependentes químicos?
“O Serdequim tem muita importância, pois é um
apoio a mais que o dependente terá para se tratar.”
“Muito grande, fundamental, pois é aqui que os
dependentes reaprendem a conviver em sociedade.”
“É um meio de recuperação para os dependentes”.
2. Como é ter um dependente químico na família e
como tratá-lo?
“É horrível ter alguém dependente na família. To-
dos adoecem junto com o familiar doente. A gente
vive com medo, preocupado cada vez que o depen-
dente sai ou chega em casa.”
“É complicado, mas se apoiarmos a pessoa e jun-
tos desejarmos o melhor, poderemos obter bons re-
sultados.”
“Ter um dependente químico na família é muito
triste, transtorna a vida e saúde de todos. Temos
que acompanhá-los em todos os momentos difíceis
e temos que ter orientação de profissionais de saú-
de para nos orientarem sobre como lidar com eles.”
3. Qual sua expectativa sobre o tratamento?
“Espero que o dependente saia consciente dos
seus atos e que com o apoio da sua família consiga
melhorar”.
“Tudo de bom, já que sozinhos os familiares não
têm o conhecimento para ajudar o doente a sair da
depressão que o álcool e outras drogas trazem.”
Piada
Cabelos Brancos
Um dia uma menina estava obser-
vando sua mãe, e, de repente, por-
que ela tinha vários cabelos brancos
entre sua cabeleira escura, olhou
para a mãe lhe perguntou:
– Por que você tem tantos cabelos
brancos mamãe?
A mãe respondeu:
– Bom, cada vez que você me faz
uma coisa de ruim, me faz chorar,
ou me faz ficar triste, um de meus
cabelos fica branco.
A menina ficou por alguns instan-
tes pensando no que a mãe lhe disse
e logo falou:
– Mãe porque todos os cabelos da
vovó estão brancos?
Entrevista com os familiares
dos usuários internados
Pintura no muro do pátio do setor de psiquiatria do HUSM, repre-
sentando o convívio familiar. Arte de Geraldo Severo
Cantinho do
Charge
humoR
100% Sobriedade 5
saúde e bem-estar
Receitas culinárias
Alimentação saúdavel
Trânsito e álcool não combinam
A alimentar-se bem é o pri-
meiro passo para uma vida
melhor. Se alimentar bem
não significa comer muito e
sim comer bons alimentos
em pequenas quantidades.
Existem alimentos que pre-
vinem doenças, como a soja,
o alho, o suco de uva, o peixe,
etc. Estes alimentos previnem
o câncer, o mal de Alzheimer,
diabetes e ajudam a reduzir o
colesterol, retardam o enve-
lhecimento e afastam doen-
ças do coração.
Procure alimentos com me-
nos caloria, diet ou light.
Anônimo
A maioria das mortes nas
estradas são causadas por mo-
toristas embriagadas. Pessoas,
muitas vezes, inocentes são víti-
mas dessa imprudência. E, cada
vez mais, aumenta nas nossas
estradas. A Lei deveria ser mais
rigorosa, pois muitos motoris-
tas, causadores de acidentes no
trânsito, ficam impunes.
Pessoas que estão, muitas
vezes, a passeio, tirando férias
com suas famílias são surpre-
endidos por esses que bebem
exageradamente e saem em
alta velocidade.
Gostaria de destacar tam-
bém que os encontros aqui
na SERDEQUIM são essen-
ciais para a recuperação de
pessoas em abuso do álcool.
Mudam os mesmos para me-
lhor, com certeza.
L. C. O.
Como ajudar um amigo
Você alguma vez já ficou sem saber
o que falar a um amigo que tem uma
doença?
Isso é normal, mas com certeza
você pode aprender a lidar com essa
situação. Mas como? Não existem re-
gras rígidas para isso.
Há diferenças culturais envolvidas,
e as personalidades variam muito.
Portanto, o que ajuda uma pessoa
doente a se sentir melhor, talvez não
ajude outra pessoa. Além disso, as
circunstâncias e os sentimentos po-
dem mudar a cada dia.
Assim, o mais importante é tentar
colocar-se no lugar da pessoa e saber
o que ela realmente deseja ou precisa
de você. Como fazer isso?
Veja algumas sugestões baseadas
em princípios básicos para vivermos
em harmonia conosco e com nossos
semelhantes e familiares:
• Seja um bom ouvinte.
• Todo homem tem de ser rápido no
ouvir e vagaroso no falar.
• Há tempo para ficar quieto e tem-
po para falar.
• Ouça com atenção e empatia.
• Não se apresse em dar conselhos.
• Não pense que sempre tem de
apresentar uma solução.
• No desejo de ajudar, pode acabar
falando algo que magoe uma pessoa.
• Ouça sempre com a mente e cora-
ção abertos.
• Deixe que se expresse à vontade.
• Não interrompa, tentando minimi-
zar a situação.
• Seja sempre você mesmo, procure
a luz que há em cada ser humano.
• Use seus eventuais fracassos e reca-
ídas como forma de aprendizagem,
sem esquecer que somos seres huma-
nos.
• Procure a natureza onde tudo tem
seu tempo certo para saborear pe-
quenas conquistas.
• E nunca, mas nunca perca a espe-
rança e a confiança na sua capacida-
de e nas suas forças para realizar e
vencer os seus obstáculos e proble-
mas.
• Confie em você, confie em nós.
E acima de tudo...
• AME A SI PRÓPRIO.
E. S. S.
PIAVA ASSADA
Ingredientes
• 1 piava
• 1 limão
• 200 g de milho verde
• 1 pimentão vermelho
• 1 cebola
• 2 tomates
• 2 dentes de alho
Modo de Fazer
• Corte a Piava perto do espi-
nhaço sem retirar as escamas,
abra-a e tempere por dentro
com sal fino e limão, feche e
coloque na grelha para assar.
• Separadamente faça um
molho com o tomate, cebola,
pimentão, alho e milho verde.
• Depois de pronto, coloque o
molho e deixe cozinhar junto
ao peixe por alguns minutos
para misturar o sabor.
Bom apetite!
Abafado
Ingredientes
• 1 traíra média
• 1 copo (250 ml) de vinagre
• 1 cebola
• 3 tomates
• 500g de ervilha
• 1 maço de couve
• Sal a gosto
Modo de Fazer
• Corte o peixe em filés, colo-
que em uma bacia de molho
no vinagre, por 30 minutos.
• Em uma panela grande,
coloque uma camada de
peixe, uma camada de cou-
ve e de ervilha.
• Tampe a panela e deixe re-
fogar por 45 minutos.
Bom apetite!
100% Sobriedade
6
Meio Ambiente
O Meio Ambiente é nosso es-
paço de sobrevivência e dos ani-
mais, ou seja de todo ser vivo,
ele está ameaçado pelo homem:
rios poluídos, matas depredadas,
animais sendo caçados, florestas
sendo destruídas e substituídas
por plantações.
Os rios estão sendo poluídos
por quantidades gigantescas de
lixo, o ar por fumaças de fabri-
cas, algumas vertentes e nas-
centes por venenos de lavouras,
as embalagens de agrotóxicos
não são devolvidas nos devidos
lugares e acabam agredindo o
nosso meio.
Faca sua parte, por um meio
ambiente mais puro.
L. C. O.
Canteiro com flores no campus da UFSM, em dia de passeio dos usuários do SERDEQUIM
Como utilizar melhor seu jardim ou sua
área de serviço em pequenas floreiras
É necessário ter vasilhas adequa-
das, plásticas, tipo floreiras.
a)	Faça furos nas floreiras e co-
loque um pouco de brita fina no
fundo (em pequena quantidade,
não mais que 2cm)
b)	Coloque terra com adubo or-
gânico, virando a terra a cada dia,
pelo período de três dias.
c)	 Logo após faça o plantio do
que se deseja, deixando um espaço
razoável entre as plantas, depen-
dendo do que se deseja plantar.
d)	Aguar de preferência dei-
xando descansar a água por 24
horas, ou, água da chuva. Ume-
deçaa terra com suavidade e to-
lerância, de acordo com o que for
cultivado.
Dica para hortas: a cada 10 li-
tros de água uma colher de uréia.
A influência da lua no plantio:
• Lua nova: flores em geral, cou-
ve-flor, alecrim, pimentinha colo-
rida de jardim, hortelã, girassol
de jardim.
• Lua minguante: o que dá em-
baixo da terra: batatas de flores,
batata doce, batata inglesa, gen-
gibre, mandioca, beterraba, ce-
noura, rabanete, nabo, inhame,
amendoim.
• Lua crescente e cheia: mange-
rona, salsinha, cebola e alho, pi-
mentão, feijão, pepino, milho,
soja, moranga, abóbora, melan-
cia, machicho (pepino pra con-
serva), berinjela, fava, quiabo,
ervilha, alface, couve, repolho,
rúcula, chicória, radichi, moran-
go, mogango, tomates, etc.
E. I. Z.
“Os que convivem conos-
co deixam muito de si e
levam um pouco de nós.”
Mais importante que dar
coisas materiais a seu filho
é dar amor, apoio, atenção,
dedicação. É proporcionar
condições para que ele seja
capaz de lidar com suas
dificuldades e comportar-se
pensando no bem comum.
Conheçam os amigos de
seus filhos e os seus!
Anônimo A.
Ao Serviço de Dependên-
cia Química (SERDEQUIM)
do Hospital Universitário de
Santa Maria (HUSM) mui-
to obrigado por estar me
tirando da lama. Não tenho
como agradecer, o quadro de
enfermagem e aos médicos.
N. A. S. da R.
Jornal Serdequim, um
jornal para ajudar a quem
necessita de auxílio contra
as drogas.
D. J. S.
Reflexões
Como ajudar um
dependente químico?
Existem grupos de apoio
que ajudam na recupe-
ração dessas pessoas, a
participação delas é funda-
mental para o tratamento
prosseguir.
Os dependentes devem
ir a todas as reuniões e ter
total apoio da família.
As reuniões tratam do
problema com muito cuida-
do e seriedade, portanto in-
centive a pessoa a freqüen-
tar as reuniões do grupo.
Anônimo
meio ambiente
100% Sobriedade 7
Entrevista com
Mário Ramos
Quando você começou a usar
drogas e com qual idade?
Iniciei com 13 anos e parei aos 43.
O que levou você a usar?
Era muito comum na época.
Em sua opinião as drogas são
mais acessíveis hoje em dia?
Hoje elas estão em toda a parte.
Quando você iniciou o trata-
mento para dependência quími-
ca contou com o apoio de outras
pessoas?
Sim, tive apoio da minha famí-
lia, meu pai e esposa.
Como era o tratamento na época?
Foi um tratamento excelente.
Como era a sua vida antes e
hoje na sociedade?
Antes era ótima. Hoje não con-
sigo emprego. Então, trabalho
voluntariamente para preencher
os espaços vazios.
Como consegue ser tão otimista?
Sou muito grato pela instituição,
funcionários e pacientes que
ajudam e nos ensinam.
Se você pudesse, o que faria
para tirar toda a juventude
das drogas?
Continuaria a fazer o mesmo que
faço e fazia: o que for possível para
ajudar e proporcionar alternativas.
Quais são seus planos para
o futuro?
Penso um dia de cada vez.
Você se acha um vencedor por
ter parado de usar drogas ou
um fracassado por ter usado?
Eu me acho um lutador porque
continuo lutando e conseguindo.
Você se sente satisfeito em ser
voluntário aqui na Serdequim?
Muito satisfeito e realizado,
como se eu fosse um paciente
S.O.S (paciente que é acompa-
nhado semanalmente na SERDE-
QUIM, mas não está internado).
Como conheceu a profª Nara?
Foi por acaso e a parceria surgiu,
pois os dois queriam trabalhar
com os dependentes químicos.
Eu para me tratar e ela para
aprender.
Como conseguem estar em
tantos lugares ao mesmo tempo
dando aulas de educação física.
Tem algum apoio financeiro?
Nós acreditamos no nosso traba-
lho e recebemos ajuda de quem
compra nossas camisetas, nossos
doces e canetas.
O que você pensa desta nova
droga que é o crack?
Acredito que é tratável. A co-
munidade e o poder público se
envolvendo no processo os resul-
tados será bastante satisfatórios.
Como você se sente vendo várias
pessoas voltando à Serdequim
em crises de recaídas?
Tenho sentimento de tristeza,
mas uma esperança muito gran-
de. Nós, todos juntos, pacientes,
psicólogos, psiquiatras e toda a
equipe de enfermagem podemos
reverter este quadro.
Quem é ele? Mário dos Santos Ramos Filho, é educador fí-
sico e trabalha, juntamente com a professora Nara, como
voluntário na unidade SERDEQUIM proporcionando mo-
mentos de atividade física, descontração e motivação aos usu-
ários do serviço. Mário já passou por tratamento para depen-
dência química e atualmente compartilha sua experiência de
recuperação com as demais pessoas.
A entrevista a seguir foi realizada por um usuário da unidade. Mário Ramos com a professora Nara Verlaine
Professora Nara Verlaine aplicando exercícios físicos junto a um grupo de usuários
Meu nome é A. C. L., estou com 46 anos. Iniciei
a ingerir bebida alcoólica aos doze anos e fumar
cigarro aos treze anos. Meu pai e minha irmã que
faleceram, também eram alcoólatras. Fui casado
durante quatorze anos, tenho uma filha que ado-
ro muito, mas faz três anos que não a vejo em
função da bebida. Hoje me sinto no fundo do
posso, mas com a ajuda de Deus e da Serdequin.
Quero um dia estar em frente a minha filha e
lhe pedir desculpa. Sendo ela a única pessoa que
amo, gostaria que me perdoasse.
Agradeço ao enfermeiro Pedro, ao seu Vander-
lei e ao restante dos profissionais da unidade
Serdequin, que neste momento estão me ajudan-
do a sair do “fundo do posso” e acredito que um
dia este secará, assim pretendo voltar a esta uni-
dade, quando estiver me sentindo melhor para
novamente agradecer a toda equipe deste local
onde estou sendo muito bem tratado. Um abraço
a todos os profissionais e a minha filha que hoje
está com dezesseis anos.
Anônimo
Em 2004 fui internado em quanto tomava os re-
médios certinho e comparecia nos grupos, não be-
bia. Aos poucos comecei a deixar de aparecer nos
grupos e a não tomar os remédios e assim voltei a
beber cada vez mais, por isso estou aqui outra vez.
Hoje faz três dias que estou internado na SERDE-
QUIM (Unidade de Internação Dependência Quí-
mica) e me comprometo em tomar todos os me-
dicamentos, fazer tudo direitinho. Quero vir em
todos os grupos o resto de minha vida sem faltar e
se Deus quiser um dia vim agradecer a todos pro-
fissionais que me atenderam e me ajudara neste
tempo que fiquei internado.
Anônimo
Serdequim, aqui encontrei tudo que uma pes-
soa que tem a doença do alcoolismo precisa: amor,
carinho, cuidado, estímulos para ser capaz, ter con-
fiança, dignidade, força, reconhecer que está doente
e que sozinho não irá conseguir se controlar. Aqui
cheguei no fundo do poço, fiquei oito dias fazendo
valer cada palavra e atividades que me colocavam.
Hoje estou saindo de cabeça erguida, irei continuar
minha luta lá fora, vou cuidar de mim, admitindo
que tenho uma doença. O SERDEQUIM para mim
ficou como uma escada para sair do poço.
A escada do futuro... novo homem, um homem
sóbrio. Obrigado!
E. M.
Fui casado, muito bem casado,
tinha tudo, tivemos uma linda fi-
lha que era tudo para min.
Fui internado no Serdequim
umas 3 ou 4 vezes, porém tendo re-
caídas. Freqüentei grupos, mas não
deu certo nas primeiras vezes eu fi-
cava no grupo, mas depois, eu dava
uma desculpa para sair e beber.
Minha ex-esposa me convidava
para irmos participar dos grupos,
mas a resposta era sempre a mes-
ma: - Está muito frio, chovendo.
Sempre com uma desculpa para
que ela não fosse.
Houve a separação, onde tudo
começou a piorar. Sem serviço
fixo, cada vês mais pensando em
beber e tentando varias vezes sui-
cídio, uma vez bem pior que a ou-
tra, mas parecia que tinha uma
forca superior que não deixava.
Tentei emprego em outras cida-
des, mas não durava muito, pois eu
aprontava, fazia conta nos bares e
não pagava, isso era frequente. Não
tinha mais credito na sociedade,
nem mesmo com a família, pois
eu me achava orgulhoso. Quando
os familiares perguntavam como
eu estava, respondia que estava
muito bem, onde na verdade es-
tava passando ate fome, devendo
aluguel. Quando não tinha mais
como agüentar, telefonava para o
meu irmão pedindo socorro mais
uma vez. Meu irmão dizia: - mais
uma vez Mano, já estou cansado.
Hoje até a minha filha, que
esta com 12 anos de idade, tem
medo de segurar em minha mão,
pois ficou com trauma de ver o
pai bêbado, vendo as coleguinhas
dizendo: - lá vai o teu pai caindo.
Se eu pudesse, hoje eu pararia
o tempo e voltava 10 anos atrás e
viver uma vida de pai com minha
filha, seria meu maior sonho, coi-
sa que não é impossível, pois eu
acho que faltou mais juízo de mi-
nha parte, pois troquei um copo
por uma filha.
Sinto-me muito envergonha-
do, mas acredito que de agora
em diante, vai ser diferente, vou
reconquistar minha filha, sendo
esta a pessoa que mais amo.
A.P., 42 anos, viciado em bebida
há mais ou menos 15 anos.
Como vive uma familia com uma pessoa viciada?
Sobre a minha vida
Agradecimento Depoimento
depoimentos dos usuários do SERdequim
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Jornal dos usuários do Serviço de Recuperação de Dependentes Químicos (SERDEQUIM) | HUSM
1ª edição
Novembro de 2010

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  • 1. Jornal dos usuários do Serviço de Recuperação de Dependentes Químicos (SERDEQUIM) | HUSM 100% Sobriedade A voz de quem faz parte do SERDEQUIM Usuários, familiares e trabalhadores falam sobre suas experiências e sobre os resultados alcançados no SERDEQUIM, um serviço que oferece tratamento a partir de grupos e oficinas terapêuticas semanais. Este jornal serve como um espaço para socialização e expressão da criatividade. Leia nesta edição seus de- poimentos de vida e suas opiniões sobre o mundo. Entrevista com os familiares dos usuários do SERDEQUIM Pág. 4 Dicas dos usuários sobre saúde, bem-estar e meio ambiente Págs. 5 e 6 Leia depoimentos e reflexões de quem utiliza o serviço Págs. 6 e 8 1ª edição – Novembro de 2010 Pintura de Geraldo Severo, exposta no hall de entrada do SERDEQUIM
  • 2. 100% Sobriedade 2 O que buscamos Expediente A Reforma Sanitária no Brasil vem se consolidan- do por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e prioriza um modelo assistencial de promoção da saúde. Embasada nos princípios do SUS, encontra- se também inserida a Reforma Psiquiátrica, a qual se originou de movimentos sociais que surgiram na déca- da de 1980 e propõe mudanças nas práticas em saúde mental, incentivando a equidade na oferta dos serviços, o protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde, bem como o desenvolvimento de uma rede extra-hospitalar que garanta a reinserção social, a cidadania e a auto- nomia dos usuários. Neste contexto, a partir de 2002 o Ministério da Saúde passa a implementar o Programa de Atenção aos Usuários de Álcool e ou- tras Drogas, reconhecendo o uso pre- judicial destas substâncias como im- portante problema da saúde pública. Dessa forma, constrói-se uma política pública específica para a atenção às pessoas que fazem uso de álcool e ou- tras drogas, situada no campo da saú- de mental, e tendo como estratégia a ampliação do acesso ao tratamento, a compreensão integral e dinâmica do problema, a promoção dos direitos e a abordagem de redução de danos (documento apresentado à Conferên- cia Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental, e em concordância com as recomen- dações da III Conferência Nacional de Saúde Mental). Assim a Reforma Psiquiátrica junto ao novo conceito de saúde reformula as possibilidades e ferramentas de cuidado e tratamento em saúde mental. Inserida neste cenário, o Serviço de Recuperação de Dependentes Quí- micos (SERDEQUIM) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) é um serviço de tratamento e recupera- ção de dependentes químicos que disponibiliza ativida- des terapêuticas como grupos, oficinas, exercício físico, entre outras, para seus usuários. Com a perspectiva de mudança do modelo assistencial em saúde mental e, embasadas nos referenciais da Reforma, profissionais da Residência Multiprofissional do HUSM propõem, em maio de 2010, a realização de oficinas semanais para a construção de um jornal. Acreditando que esta oficina sirva como uma atividade grupal de socialização, ex- pressão e inserção social de suma importância, uma vez que consiste em um momento de ocupação terapêuti- ca, exige o desenvolvimento da aten- ção e criatividade e possibilita que o usuário possa voltar seu foco para a atividade, saindo por um momento do enfoque da doença. Visamos, en- tão, criar um espaço interativo, com a proposta de incentivar e trabalhar o pensamento crítico e reflexivo so- bre temas do nosso cotidiano. Neste sentido, visualizamos possibilidades de construção dos sujeitos envolvi- dos neste espaço de criação, produ- ção de sentido e de potência de vidas para além da doença. Com este olhar, durante as oficinas de construção do jornal, os temas para produção dos textos foram debatidos e produzidos pelos usuários. A escolha do nome do jornal ocorreu, democraticamente, por meio de votação. Os usuários su- geriam os nomes e o nome escolhido foi “100% Sobriedade”, sugestão de Elisandro Madrid. As oficinas terapêuticas para a produção deste jor- nal ocorrem semanalmente, às quartas-feiras, às 10:00 horas, na unidade SERDEQUIM. Este jornal será editado trimestralmente e conta com o apoio dos profissionais da Unidade. Nesta primeira edição será feita a apre- sentação do serviço, bem como a socialização das pro- duções dos usuários que participaram desta oficina e que ao lerem esta produção terão a oportunidade de se conhecerem como pessoas capazes de fazer e produzir sendo protagonistas de suas próprias vidas. As editoras Editoras Juliane Heinrich – Terapeuta Ocupacional Katiusci Lehnhard Machado – Psicóloga Laura Ferreira Cortes – Enfermeira Colaboradores Equipe de funcionários da Unidade SERDEQUIM, especial- mente a Cleonita Inês de Aguiar e Noeli Correa Zardeh. Capa Pintura de Geraldo Severo, exposta no hall de entrada do SERDEQUIM projeto gráfico e Diagramação Iuri Lammel Marques Apoio Coordenação Residência Multiprofissional Enfª. Profª. Drª. Vânia Fighera Olivo Enfº. Esp. Marcelo Maia Preceptoria Enfª. Profª. Drª. Marlene Gomes Terra Enfª. Noeli Correia Zardeh Enfª. Fernanda Franchesch de Freitas Enfª. Patrícia Veleda Enfº. Esp. Marcelo Maia Centro de Ciências da Saúde Visualizamos possibilidades de construção dos sujeitos envolvidos neste espaço de criação, produção de sentido e de potência de vida para além da doença
  • 3. 100% Sobriedade 3 O SERDEQUIM O Serviço de Recuperação de Dependentes Químicos (SERDEQUIM) é uma unida- de que pertence ao Hospital Uni- versitário de Santa Maria (HUSM), com internação mista, ou seja, recebe pacientes do sexo masculi- no e feminino. A unidade atende pacientes da região da 4ª Coorde- nadoria Regional de Saúde, o que inclui o município de Santa Maria. O SERDEQUIM, antiga unida- de Pinel, foi criado em 1986, a partir de ideias de profissionais médicos, psicólogos, assistentes sociais e profissionais de enfer- magem. Naquele momento, a unidade dispunha de trinta lei- tos destinados ao tratamento de alcoolistas e era subdividida em duas, sendo uma parte específi- ca para desintoxicação e a outra para o tratamento em oficinas e grupos terapêuticos. A lei da Reforma Psiquiátrica consegue determinar a substitui- ção progressiva dos leitos psiqui- átricos por uma rede integrada de atenção à saúde mental (Ministé- rio da Saúde, 2005). Assim, hou- ve uma redução de dez leitos na Unidade e os pacientes permane- ciam internados, em média vinte dias. Atualmente conta-se com quinze leitos femininos e mascu- linos e o período de internação é de sete a dez dias. Desta forma a Unidade consegue atender um maior número de pacientes. O objetivo geral da Unidade é atender pacientes em dependên- cia química, em nível de atenção terciária. Além da desintoxicação a equipe trabalha com princípio de um cuidado integral destes sujeitos. Enquanto objetivos espe- cíficos propõem-se a conscientiza- ção de que o alcoolismo é uma do- ença; bem como trabalha-se com a prevenção de recaídas; o atendi- mento à família; o atendimento em grupos e oficinas terapêuticas. Como forma de atendimento, a Unidade, além da internação, rea- liza Grupos de Apoio e S.O.S, para pacientes externos. O S.O.S acolhe pacientes que necessitam de aten- dimento médico, de enfermagem, entre outros. Por meio do S.O.S os pacientes conseguem seguir o tra- tamento extra-hospitalar, perma- necendo na Unidade nos turnos da manhã e tarde, pernoitando em casa. O Grupo de Apoio acontecesse com reuniões semanais em três horários diferentes. Os encon- tros são destinados aos pacientes e seus familiares no pós-alta, e funciona na Unidade há mais de quinze anos. A Unidade serve, ainda, de campo de estágio para a Residên- cia Médica em psiquiatria, Resi- dencia Multiprofissional, alunos Grupo de usuários na oficina de construção do jornal. Na foto, as residentes responsáveis pela oficina: acima, a enfermeira Laura Cortes, a psicóloga Katiusci Lehnhard e, abaixo, a terapeuta ocupacional Juliane Heinrich Da esquerda para a direita: Neli de Moura (aux. de enf.), Valdir Martins (aux. de enf.), Andréia da Silva (servente de limpeza) e, abaixo, Cleonita de Aguiar (técnica de enf.) da graduação de enfermagem, e esporadicamente de outros cur- sos como fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia. A equipe de trabalho da Uni- dade conta com um médico psi- quiatra, um médico residente, um psicólogo, três enfermeiros, oito técnicos de enfermagem, uma recreacionista e diferentes profissionais da residência mul- tiprofissional, entre eles psicó- logos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e assistente social. Conta ainda com o apoio de cin- co acadêmicos de enfermagem e dois educadores físicos. As atividades realizadas no ser- viço são: Grupo de Sentimentos; Grupo Operativo; Grupo de Saú- de; Seminários; Entrevistas com Familiares, Grupo de Familiares; Grupos de Estudos; Entrevistas Individuais (médicos, enfermei- ros e psicólogos); Atendimento Psicológico; Atividades Físicas; Atividades de Terapia Ocupa- cional, Grupo de Apoio; Oficina do Jornal, Reunião do Alcoólicos Anônimos; Grupos Espirituais e Amigos do HUSM. Cleonita Inês de Aguiar, téc. de enf. João Pedro de Barros, enfermeiro
  • 4. 100% Sobriedade 4 1. Qual a importância da Unidade Serdequim para os dependentes químicos? “O Serdequim tem muita importância, pois é um apoio a mais que o dependente terá para se tratar.” “Muito grande, fundamental, pois é aqui que os dependentes reaprendem a conviver em sociedade.” “É um meio de recuperação para os dependentes”. 2. Como é ter um dependente químico na família e como tratá-lo? “É horrível ter alguém dependente na família. To- dos adoecem junto com o familiar doente. A gente vive com medo, preocupado cada vez que o depen- dente sai ou chega em casa.” “É complicado, mas se apoiarmos a pessoa e jun- tos desejarmos o melhor, poderemos obter bons re- sultados.” “Ter um dependente químico na família é muito triste, transtorna a vida e saúde de todos. Temos que acompanhá-los em todos os momentos difíceis e temos que ter orientação de profissionais de saú- de para nos orientarem sobre como lidar com eles.” 3. Qual sua expectativa sobre o tratamento? “Espero que o dependente saia consciente dos seus atos e que com o apoio da sua família consiga melhorar”. “Tudo de bom, já que sozinhos os familiares não têm o conhecimento para ajudar o doente a sair da depressão que o álcool e outras drogas trazem.” Piada Cabelos Brancos Um dia uma menina estava obser- vando sua mãe, e, de repente, por- que ela tinha vários cabelos brancos entre sua cabeleira escura, olhou para a mãe lhe perguntou: – Por que você tem tantos cabelos brancos mamãe? A mãe respondeu: – Bom, cada vez que você me faz uma coisa de ruim, me faz chorar, ou me faz ficar triste, um de meus cabelos fica branco. A menina ficou por alguns instan- tes pensando no que a mãe lhe disse e logo falou: – Mãe porque todos os cabelos da vovó estão brancos? Entrevista com os familiares dos usuários internados Pintura no muro do pátio do setor de psiquiatria do HUSM, repre- sentando o convívio familiar. Arte de Geraldo Severo Cantinho do Charge humoR
  • 5. 100% Sobriedade 5 saúde e bem-estar Receitas culinárias Alimentação saúdavel Trânsito e álcool não combinam A alimentar-se bem é o pri- meiro passo para uma vida melhor. Se alimentar bem não significa comer muito e sim comer bons alimentos em pequenas quantidades. Existem alimentos que pre- vinem doenças, como a soja, o alho, o suco de uva, o peixe, etc. Estes alimentos previnem o câncer, o mal de Alzheimer, diabetes e ajudam a reduzir o colesterol, retardam o enve- lhecimento e afastam doen- ças do coração. Procure alimentos com me- nos caloria, diet ou light. Anônimo A maioria das mortes nas estradas são causadas por mo- toristas embriagadas. Pessoas, muitas vezes, inocentes são víti- mas dessa imprudência. E, cada vez mais, aumenta nas nossas estradas. A Lei deveria ser mais rigorosa, pois muitos motoris- tas, causadores de acidentes no trânsito, ficam impunes. Pessoas que estão, muitas vezes, a passeio, tirando férias com suas famílias são surpre- endidos por esses que bebem exageradamente e saem em alta velocidade. Gostaria de destacar tam- bém que os encontros aqui na SERDEQUIM são essen- ciais para a recuperação de pessoas em abuso do álcool. Mudam os mesmos para me- lhor, com certeza. L. C. O. Como ajudar um amigo Você alguma vez já ficou sem saber o que falar a um amigo que tem uma doença? Isso é normal, mas com certeza você pode aprender a lidar com essa situação. Mas como? Não existem re- gras rígidas para isso. Há diferenças culturais envolvidas, e as personalidades variam muito. Portanto, o que ajuda uma pessoa doente a se sentir melhor, talvez não ajude outra pessoa. Além disso, as circunstâncias e os sentimentos po- dem mudar a cada dia. Assim, o mais importante é tentar colocar-se no lugar da pessoa e saber o que ela realmente deseja ou precisa de você. Como fazer isso? Veja algumas sugestões baseadas em princípios básicos para vivermos em harmonia conosco e com nossos semelhantes e familiares: • Seja um bom ouvinte. • Todo homem tem de ser rápido no ouvir e vagaroso no falar. • Há tempo para ficar quieto e tem- po para falar. • Ouça com atenção e empatia. • Não se apresse em dar conselhos. • Não pense que sempre tem de apresentar uma solução. • No desejo de ajudar, pode acabar falando algo que magoe uma pessoa. • Ouça sempre com a mente e cora- ção abertos. • Deixe que se expresse à vontade. • Não interrompa, tentando minimi- zar a situação. • Seja sempre você mesmo, procure a luz que há em cada ser humano. • Use seus eventuais fracassos e reca- ídas como forma de aprendizagem, sem esquecer que somos seres huma- nos. • Procure a natureza onde tudo tem seu tempo certo para saborear pe- quenas conquistas. • E nunca, mas nunca perca a espe- rança e a confiança na sua capacida- de e nas suas forças para realizar e vencer os seus obstáculos e proble- mas. • Confie em você, confie em nós. E acima de tudo... • AME A SI PRÓPRIO. E. S. S. PIAVA ASSADA Ingredientes • 1 piava • 1 limão • 200 g de milho verde • 1 pimentão vermelho • 1 cebola • 2 tomates • 2 dentes de alho Modo de Fazer • Corte a Piava perto do espi- nhaço sem retirar as escamas, abra-a e tempere por dentro com sal fino e limão, feche e coloque na grelha para assar. • Separadamente faça um molho com o tomate, cebola, pimentão, alho e milho verde. • Depois de pronto, coloque o molho e deixe cozinhar junto ao peixe por alguns minutos para misturar o sabor. Bom apetite! Abafado Ingredientes • 1 traíra média • 1 copo (250 ml) de vinagre • 1 cebola • 3 tomates • 500g de ervilha • 1 maço de couve • Sal a gosto Modo de Fazer • Corte o peixe em filés, colo- que em uma bacia de molho no vinagre, por 30 minutos. • Em uma panela grande, coloque uma camada de peixe, uma camada de cou- ve e de ervilha. • Tampe a panela e deixe re- fogar por 45 minutos. Bom apetite!
  • 6. 100% Sobriedade 6 Meio Ambiente O Meio Ambiente é nosso es- paço de sobrevivência e dos ani- mais, ou seja de todo ser vivo, ele está ameaçado pelo homem: rios poluídos, matas depredadas, animais sendo caçados, florestas sendo destruídas e substituídas por plantações. Os rios estão sendo poluídos por quantidades gigantescas de lixo, o ar por fumaças de fabri- cas, algumas vertentes e nas- centes por venenos de lavouras, as embalagens de agrotóxicos não são devolvidas nos devidos lugares e acabam agredindo o nosso meio. Faca sua parte, por um meio ambiente mais puro. L. C. O. Canteiro com flores no campus da UFSM, em dia de passeio dos usuários do SERDEQUIM Como utilizar melhor seu jardim ou sua área de serviço em pequenas floreiras É necessário ter vasilhas adequa- das, plásticas, tipo floreiras. a) Faça furos nas floreiras e co- loque um pouco de brita fina no fundo (em pequena quantidade, não mais que 2cm) b) Coloque terra com adubo or- gânico, virando a terra a cada dia, pelo período de três dias. c) Logo após faça o plantio do que se deseja, deixando um espaço razoável entre as plantas, depen- dendo do que se deseja plantar. d) Aguar de preferência dei- xando descansar a água por 24 horas, ou, água da chuva. Ume- deçaa terra com suavidade e to- lerância, de acordo com o que for cultivado. Dica para hortas: a cada 10 li- tros de água uma colher de uréia. A influência da lua no plantio: • Lua nova: flores em geral, cou- ve-flor, alecrim, pimentinha colo- rida de jardim, hortelã, girassol de jardim. • Lua minguante: o que dá em- baixo da terra: batatas de flores, batata doce, batata inglesa, gen- gibre, mandioca, beterraba, ce- noura, rabanete, nabo, inhame, amendoim. • Lua crescente e cheia: mange- rona, salsinha, cebola e alho, pi- mentão, feijão, pepino, milho, soja, moranga, abóbora, melan- cia, machicho (pepino pra con- serva), berinjela, fava, quiabo, ervilha, alface, couve, repolho, rúcula, chicória, radichi, moran- go, mogango, tomates, etc. E. I. Z. “Os que convivem conos- co deixam muito de si e levam um pouco de nós.” Mais importante que dar coisas materiais a seu filho é dar amor, apoio, atenção, dedicação. É proporcionar condições para que ele seja capaz de lidar com suas dificuldades e comportar-se pensando no bem comum. Conheçam os amigos de seus filhos e os seus! Anônimo A. Ao Serviço de Dependên- cia Química (SERDEQUIM) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) mui- to obrigado por estar me tirando da lama. Não tenho como agradecer, o quadro de enfermagem e aos médicos. N. A. S. da R. Jornal Serdequim, um jornal para ajudar a quem necessita de auxílio contra as drogas. D. J. S. Reflexões Como ajudar um dependente químico? Existem grupos de apoio que ajudam na recupe- ração dessas pessoas, a participação delas é funda- mental para o tratamento prosseguir. Os dependentes devem ir a todas as reuniões e ter total apoio da família. As reuniões tratam do problema com muito cuida- do e seriedade, portanto in- centive a pessoa a freqüen- tar as reuniões do grupo. Anônimo meio ambiente
  • 7. 100% Sobriedade 7 Entrevista com Mário Ramos Quando você começou a usar drogas e com qual idade? Iniciei com 13 anos e parei aos 43. O que levou você a usar? Era muito comum na época. Em sua opinião as drogas são mais acessíveis hoje em dia? Hoje elas estão em toda a parte. Quando você iniciou o trata- mento para dependência quími- ca contou com o apoio de outras pessoas? Sim, tive apoio da minha famí- lia, meu pai e esposa. Como era o tratamento na época? Foi um tratamento excelente. Como era a sua vida antes e hoje na sociedade? Antes era ótima. Hoje não con- sigo emprego. Então, trabalho voluntariamente para preencher os espaços vazios. Como consegue ser tão otimista? Sou muito grato pela instituição, funcionários e pacientes que ajudam e nos ensinam. Se você pudesse, o que faria para tirar toda a juventude das drogas? Continuaria a fazer o mesmo que faço e fazia: o que for possível para ajudar e proporcionar alternativas. Quais são seus planos para o futuro? Penso um dia de cada vez. Você se acha um vencedor por ter parado de usar drogas ou um fracassado por ter usado? Eu me acho um lutador porque continuo lutando e conseguindo. Você se sente satisfeito em ser voluntário aqui na Serdequim? Muito satisfeito e realizado, como se eu fosse um paciente S.O.S (paciente que é acompa- nhado semanalmente na SERDE- QUIM, mas não está internado). Como conheceu a profª Nara? Foi por acaso e a parceria surgiu, pois os dois queriam trabalhar com os dependentes químicos. Eu para me tratar e ela para aprender. Como conseguem estar em tantos lugares ao mesmo tempo dando aulas de educação física. Tem algum apoio financeiro? Nós acreditamos no nosso traba- lho e recebemos ajuda de quem compra nossas camisetas, nossos doces e canetas. O que você pensa desta nova droga que é o crack? Acredito que é tratável. A co- munidade e o poder público se envolvendo no processo os resul- tados será bastante satisfatórios. Como você se sente vendo várias pessoas voltando à Serdequim em crises de recaídas? Tenho sentimento de tristeza, mas uma esperança muito gran- de. Nós, todos juntos, pacientes, psicólogos, psiquiatras e toda a equipe de enfermagem podemos reverter este quadro. Quem é ele? Mário dos Santos Ramos Filho, é educador fí- sico e trabalha, juntamente com a professora Nara, como voluntário na unidade SERDEQUIM proporcionando mo- mentos de atividade física, descontração e motivação aos usu- ários do serviço. Mário já passou por tratamento para depen- dência química e atualmente compartilha sua experiência de recuperação com as demais pessoas. A entrevista a seguir foi realizada por um usuário da unidade. Mário Ramos com a professora Nara Verlaine Professora Nara Verlaine aplicando exercícios físicos junto a um grupo de usuários
  • 8. Meu nome é A. C. L., estou com 46 anos. Iniciei a ingerir bebida alcoólica aos doze anos e fumar cigarro aos treze anos. Meu pai e minha irmã que faleceram, também eram alcoólatras. Fui casado durante quatorze anos, tenho uma filha que ado- ro muito, mas faz três anos que não a vejo em função da bebida. Hoje me sinto no fundo do posso, mas com a ajuda de Deus e da Serdequin. Quero um dia estar em frente a minha filha e lhe pedir desculpa. Sendo ela a única pessoa que amo, gostaria que me perdoasse. Agradeço ao enfermeiro Pedro, ao seu Vander- lei e ao restante dos profissionais da unidade Serdequin, que neste momento estão me ajudan- do a sair do “fundo do posso” e acredito que um dia este secará, assim pretendo voltar a esta uni- dade, quando estiver me sentindo melhor para novamente agradecer a toda equipe deste local onde estou sendo muito bem tratado. Um abraço a todos os profissionais e a minha filha que hoje está com dezesseis anos. Anônimo Em 2004 fui internado em quanto tomava os re- médios certinho e comparecia nos grupos, não be- bia. Aos poucos comecei a deixar de aparecer nos grupos e a não tomar os remédios e assim voltei a beber cada vez mais, por isso estou aqui outra vez. Hoje faz três dias que estou internado na SERDE- QUIM (Unidade de Internação Dependência Quí- mica) e me comprometo em tomar todos os me- dicamentos, fazer tudo direitinho. Quero vir em todos os grupos o resto de minha vida sem faltar e se Deus quiser um dia vim agradecer a todos pro- fissionais que me atenderam e me ajudara neste tempo que fiquei internado. Anônimo Serdequim, aqui encontrei tudo que uma pes- soa que tem a doença do alcoolismo precisa: amor, carinho, cuidado, estímulos para ser capaz, ter con- fiança, dignidade, força, reconhecer que está doente e que sozinho não irá conseguir se controlar. Aqui cheguei no fundo do poço, fiquei oito dias fazendo valer cada palavra e atividades que me colocavam. Hoje estou saindo de cabeça erguida, irei continuar minha luta lá fora, vou cuidar de mim, admitindo que tenho uma doença. O SERDEQUIM para mim ficou como uma escada para sair do poço. A escada do futuro... novo homem, um homem sóbrio. Obrigado! E. M. Fui casado, muito bem casado, tinha tudo, tivemos uma linda fi- lha que era tudo para min. Fui internado no Serdequim umas 3 ou 4 vezes, porém tendo re- caídas. Freqüentei grupos, mas não deu certo nas primeiras vezes eu fi- cava no grupo, mas depois, eu dava uma desculpa para sair e beber. Minha ex-esposa me convidava para irmos participar dos grupos, mas a resposta era sempre a mes- ma: - Está muito frio, chovendo. Sempre com uma desculpa para que ela não fosse. Houve a separação, onde tudo começou a piorar. Sem serviço fixo, cada vês mais pensando em beber e tentando varias vezes sui- cídio, uma vez bem pior que a ou- tra, mas parecia que tinha uma forca superior que não deixava. Tentei emprego em outras cida- des, mas não durava muito, pois eu aprontava, fazia conta nos bares e não pagava, isso era frequente. Não tinha mais credito na sociedade, nem mesmo com a família, pois eu me achava orgulhoso. Quando os familiares perguntavam como eu estava, respondia que estava muito bem, onde na verdade es- tava passando ate fome, devendo aluguel. Quando não tinha mais como agüentar, telefonava para o meu irmão pedindo socorro mais uma vez. Meu irmão dizia: - mais uma vez Mano, já estou cansado. Hoje até a minha filha, que esta com 12 anos de idade, tem medo de segurar em minha mão, pois ficou com trauma de ver o pai bêbado, vendo as coleguinhas dizendo: - lá vai o teu pai caindo. Se eu pudesse, hoje eu pararia o tempo e voltava 10 anos atrás e viver uma vida de pai com minha filha, seria meu maior sonho, coi- sa que não é impossível, pois eu acho que faltou mais juízo de mi- nha parte, pois troquei um copo por uma filha. Sinto-me muito envergonha- do, mas acredito que de agora em diante, vai ser diferente, vou reconquistar minha filha, sendo esta a pessoa que mais amo. A.P., 42 anos, viciado em bebida há mais ou menos 15 anos. Como vive uma familia com uma pessoa viciada? Sobre a minha vida Agradecimento Depoimento depoimentos dos usuários do SERdequim 100% Sobriedade Jornal dos usuários do Serviço de Recuperação de Dependentes Químicos (SERDEQUIM) | HUSM 1ª edição Novembro de 2010