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JESUS: ÚNICA VERDADEIRA LIDERANÇA
BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: A, B e C – TEMPO LITÚRGICO: 4° DOMINGO DA PÁSCOA – COR: BRANCO
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. Quem jamais exerceu algum tipo de liderança? Todos,
quem mais, quem menos, têm responsabilidades e detêm
autoridade. Alguns, contudo, enganam e seduzem, trazendo
desilusão e miséria, porque sua liderança é chamada por Jesus
de roubo, assalto, morte. Jesus apresenta-se como única ver-
dadeira liderança capaz de libertar a todos para que tenham
vida em plenitude. Com ele devem sintonizar-se todas as
lideranças que desejem transformar a sociedade, para que a
humanidade deixe de ser rebanho tangido e manipulado ao
sabor dos interesses dos inescrupulosos e gananciosos "senho-
res". Aceitar a liderança de Jesus e conformar-se à sua práxis
libertadora ("eu vim para que todos tenham vida") é a maior
prova de conversão a Deus e de compromisso com o seu pro-
jeto.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1ª leitura (At 2,14a.36-41): "Deus tornou Senhor e Cristo
esse Jesus que vocês crucificaram"
2. O trecho contém a declaração final de Pedro no dia de
Pentecostes e a reação do povo ao anúncio, convertendo-se.
Conscientes de que devem ser testemunhas (At 1,8), os após-
tolos, na pessoa de Pedro, dão testemunho da ressurreição de
Jesus, e esse testemunho é sustentado pelo Espírito Santo.
3. O discurso de Pedro termina com uma declaração solene:
"Todo o povo de Israel deve saber com certeza que Deus
tornou Senhor e Cristo esse Jesus que vocês crucificaram" (v.
36). Jesus tinha sido condenado à morte por interesses políti-
co-religiosos, por causa do jogo de poder das lideranças que
perceberam ser Jesus uma ameaça a seus privilégios. Ora, a
morte de Jesus não ficou sem resposta. Deus o ressuscitou e o
tornou Senhor e Cristo. Em outras palavras, a ressurreição de
Jesus destronou todas as falsas lideranças, os jogos de interes-
se e poder. Nem sequer o poder absolutista romano recebe
reconhecimento. Só Jesus é o Senhor. Ele é o único Absoluto,
e o é por causa do que fez, ou seja, porque deu a vida. Seu
poder vem do fato de comunicar a vida ao povo.
4. Diante da pregação de Pedro as pessoas percebem que
foram envolvidas nessa trama de poder que levou Jesus à
morte. Percebem que — continuando assim — serão sempre
alvo de interesse e dominação. Surge, então, o desejo de rom-
per com esse sistema, entrando na esfera da vida nova que o
Senhor inaugurou. Nasce, assim, espontaneamente, o arrepen-
dimento (coração aflito), demonstrado na pergunta dirigida
aos apóstolos: "Irmãos, o que devemos fazer?" (v. 37).
5. A resposta de Pedro apresenta o itinerário cristão: con-
verter-se, ser batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão
dos pecados, de modo a receber do Pai o dom do Espírito
Santo (v. 38). Conversão é a morte para aquela forma de vida
baseada em sistemas que oprimem e matam as pessoas. Ba-
tismo é a conseqüência imediata da conversão. Nele as pesso-
as passam a pertencer ao senhorio de Jesus, associando-se a
ele num compromisso sério, no testemunho, levando em fren-
te o projeto de Deus. Para essas pessoas o Pai dá de presente o
Espírito Santo que é força, luz, capacidade de superar os en-
traves, para colaborar positivamente na construção do Reino.
Esse Reino foi inaugurado por Jesus e prometido à humanida-
de (cf. Lc 12,32: "Não tenha medo, pequeno rebanho, porque
o Pai de vocês tem prazer em dar-lhes o Reino"). Nele todos
estão envolvidos e comprometidos, sem exceção (cf. v. 39).
6. O testemunho de Pedro contém outro convite: "Salvem-
se dessa gente corrompida!" (v. 40). A expressão "salvem-se"
pode ser também traduzida assim: "Deixem-se salvar" (por
Deus, naturalmente). Em ambos os casos, a expressão denota
que: 1. O cristão vive numa sociedade corrompida, onde, por
isso mesmo, o poder é abusivo, gerando opressão e morte,
como fizeram com Jesus; 2. O cristão não se conforma com
esse sistema. E tem consciência de que esse não é o projeto de
Deus; 3. Deus oferece, em Jesus, a alternativa para quebrar
esse sistema e criar uma sociedade nova. Basta reconhecer
Jesus como único Senhor e Líder. "Deixem-se salvar" signifi-
ca isso; 4. O cristão não deve fugir deste mundo, pelo contrá-
rio, sob a ação do Espírito, é chamado a operar a salvação que
Deus ofereceu. "Salvem-se" significa isso.
7. O texto de hoje termina com uma constatação: o projeto
de Deus está tendo adesões. Três mil pessoas aceitam o tes-
temunho dos apóstolos e passam, por sua vez, à ação (v. 41).
2ª leitura (1Pd 2,20b-25): Só Jesus é Senhor!
8. No trecho proposto para a reflexão deste domingo, Pedro
procura levar os cristãos da Ásia Menor ao discernimento
diante da seguinte questão: como comportar-se diante de
patrões prepotentes e violentos que oprimem seus dependen-
tes? Ser cristão é aceitar Jesus como único Senhor. Como,
portanto, viver essa convicção numa sociedade escravista? De
fato, a carta foi enviada a cristãos migrantes e escravos da
Ásia Menor. A preocupação de Pedro não é a de encarar de
frente a questão da escravatura. Os patrões provavelmente não
eram cristãos, ao passo que os escravos, sim.
9. A convicção de Pedro é clara: Jesus é o único Senhor (cf.
I leitura). Mas uma sociedade que não assume o projeto de
Deus cria classes, onde os "senhores" dominam as pessoas e
pisam nelas. Como subverter essa ordem? Para Pedro, a chave
da subversão é fazer o bem (v. 20), porque foi esse o caminho
escolhido por Jesus, o único Senhor. Seu comportamento é
norma para os que seguem seus passos (v. 21). Pedro afirma
que "para isto vocês foram chamados" (v. 21), ou seja, não se
trata de aceitar simplesmente a escravidão e dominação, mas
de associar-se à prática de Jesus que deu a vida para libertar
as pessoas. Os sofrimentos são injustos, como injusta é a
escravidão (v. 19). Se o cristão enfrenta o sofrimento não é
por passividade ou porque o evangelho não apresente outra
alternativa, mas porque o sofrimento é uma forma de solidari-
edade com Jesus e as pessoas. Os vv. 22-24 falam da solidari-
edade de Jesus. É assim que ele se torna Pastor e Guardião:
não revidando, não mentindo, não retribuindo, não ameaçan-
do, mas carregando os pecados dos outros, a fim de abrir o
caminho da vida através da sua morte.
10. Será que Pedro está pondo panos quentes sobre a questão
da escravidão, legitimando o uso e abuso das pessoas? De
fato, o texto só apresenta pistas para a compreensão do ser
cristão numa sociedade dividida entre patrões e escravos,
ricos e pobres, nativos e migrantes. Acrescente-se a isso o fato
de os patrões não serem cristãos. Contudo, o v. 25 é bem
claro: Antigamente vocês "estavam como ovelhas desgarra-
das, mas agora voltaram ao seu Pastor e Guardião", ao único
Líder e Senhor! Esse é o ponto ganho, do qual a consciência
cristã não abre mão. Como minar as falsas lideranças prote-
cionistas a partir de dentro? Fazendo o bem, na solidariedade
com Jesus e as pessoas, mesmo que isso cause sofrimentos. É
essa a fórmula que Pedro encontrou para levantar aquelas
comunidades oprimidas.
Evangelho (Jo 10,1-10): Jesus é o único líder que dá vida
em plenitude
11. O capítulo 10 de João está intimamente ligado ao capítulo
9 (a cura do cego de nascença, cf. acima o evangelho do 4º
domingo da Quaresma), onde Jesus desmascara as falsas
lideranças religiosas do tempo, incapazes de comunicar vida.
Mais ainda, essas lideranças, ao rejeitar Jesus, tornam-se
cegas, porque o senhorio delas era baseado na mentira, mani-
pulação e submissão das pessoas. Em oposição a elas, o cego
curado se torna modelo de toda pessoa que aceita Jesus e o
segue, como ovelha que conhece a voz do pastor. E, seguin-
do-o, aceita como única verdadeira liderança o senhorio de
Jesus.
12. Os versículos de hoje podem ser divididos em duas par-
tes: na primeira temos uma parábola ou comparação, contada
por Jesus (vv. 1-5), cujo alcance não é compreendido pelas
lideranças religiosas do tempo (v. 6). Na segunda parte (vv. 7-
10) Jesus explica a parábola, aplicando-a a si e proclamando-
se a única verdadeira liderança capaz de comunicar vida em
plenitude.
a. O povo conhece a liderança de Jesus (vv. 1-6)
13. A parábola se baseia em Ez 34, texto que se lia na festa
da Dedicação do Templo (cf. 10,22). Ezequiel apontava os
defeitos das lideranças religiosas (pastores) que roubavam o
povo, servindo-se em vez de servir o rebanho. O texto de
Ezequiel deixava aberta a expectativa para o dia em que o
próprio Deus assumiria essa liderança.
14. Para entender a parábola é necessário recordar os costu-
mes pastoris do tempo. Os pastores — donos de um punhado
de ovelhas que conheciam pelo nome e características —
reuniam, à noitinha, num único curral, suas criações. Esse
curral era cercado por uma taipa de pedras, com uma porta,
onde ficava o vigia noturno. De manhã, cada pastor se apre-
sentava, chamava as ovelhas pelo nome; estas reconheciam a
voz do seu pastor e saíam. Cada um deles caminhava à frente
delas, conduzindo-as às pastagens.
15. Na parábola, Jesus contrapõe o pastor ao ladrão-
assaltante. Este pula o muro para roubar, ao passo que o pas-
tor entra pela porta. As intenções e ações do pastor e do la-
drão são diametralmente opostas entre si. Os líderes religiosos
não entendem a parábola (v. 6); contudo, é a eles que é dirigi-
da, pois suas intenções e práticas denotam que manipulam o
povo, explorando-o e fazendo-lhe violência, em vez de con-
duzi-lo à vida em plenitude. Jesus não age assim. Sua lideran-
ça é reconhecida (o porteiro o deixa entrar) e o povo (ovelhas)
reconhece sua voz, seguindo-o. A liderança de Jesus respeita
a identidade das pessoas (chama a cada uma das ovelhas pelo
nome) sem fazer-lhes violência, como o ladrão que pula o
muro (invade o recinto sagrado da pessoa) e faz violência.
16. A atividade do pastor consiste em chamar, conduzir para
fora e caminhar à frente. A verdadeira liderança lança o apelo
sem fazer violência; uma vez aceito o apelo, sua tarefa é liber-
tar as pessoas dos esquemas fechados que impedem a liberda-
de (temos aqui uma referência ao êxodo), abrindo caminhos
novos que levam à vida. Uma liderança que não respeite esses
requisitos não é autêntica, diz Jesus, e o povo não se deixa
enganar (v. 5).
17. A constatação de João é que os líderes religiosos do tem-
po não entendem a parábola (v. 6). Não se trata só de incom-
preensão, mas de incompatibilidade com a nova proposta de
liderança apresentada na prática de Jesus.
b. Jesus é a única verdadeira liderança (vv. 7-10)
18. Os vv. 7-10 são a aplicação da parábola, com insistência
no fato de Jesus se autodefinir como sendo a porta. Essa
autodefinição é precedida por uma afirmação categórica: "Eu
garanto a vocês" (v. 7). A porta refere-se em primeiro lugar às
lideranças. Nenhuma delas é autêntica se não nascer da lide-
rança de Jesus. Sua legitimidade depende da sintonia com o
projeto de Jesus. Não se tem acesso ao povo sem passar por
Jesus e sem estar em harmonia com o modo pelo qual ele
exerce sua liderança sobre o povo: dando vida e liberdade.
Quem não assume esse princípio é explorador do povo. Em
segundo lugar, a porta se refere ao próprio povo. Ele não
encontrará vida e liberdade, não terá acesso a Deus, a não ser
por meio de Jesus.
19. A porta é simbolismo de grande alcance. É a entrada e a
saída. Entra-se em casa para se ter segurança, sai-se dela para
a liberdade. A porta sintetiza toda a atividade das pessoas,
suas dimensões todas. Declarando-se a porta, Jesus torna-se o
ponto de referência para tudo o que o ser humano sonha e
realiza. Entrar por ela é salvar-se (v. 9), pois é aderir a ele,
fugindo da morte. Sair dessa porta é caminhar para a liberda-
de, ao encontro da vida (pastagens), ou seja, não ter mais
fome ou sede (6,21).
20. O v. 10 contrapõe dois tipos de liderança: a falsa (ladrão),
que rouba, mata e destrói, e a verdadeira, que comunica vida
em abundância (a liderança de Jesus).
21. O ensinamento de Jesus vai além da parábola. De fato, se
ficássemos nela, teríamos que admitir que o pastor se serve
dos produtos do rebanho. Pastor algum deixou de usufruir
desses bens (lã, leite, carne) para sua subsistência. Não se
trata, porém, de simples parábola. A prática de Jesus mostra
que ele jamais se serviu do povo, explorando-o. Pelo contrá-
rio, ele se tornou o próprio alimento e força do seu povo, na
conquista de sua liberdade. Não só não se serviu dele, mas
doou-se completamente, entregando sua vida.
22. Para concluir, demos uma olhada na liderança pastoral de
Paulo nas comunidades que fundou. "Embora, como apóstolo
de Cristo, pudéssemos recorrer à nossa autoridade, tratamos
vocês com bondade, qual mãe aquecendo os filhos que ama-
menta. Queríamos tanto bem a vocês, que estávamos dispos-
tos a dar-lhes não somente o Evangelho de Deus, mas até a
nossa própria vida, de tanto que gostávamos de vocês" (1Ts
2,7-8). "Em tudo evitei ser pesado a vocês e continuarei a
evitá-lo… E por quê? Será porque não amo vocês? Deus o
sabe!" (2Cor 11,9b.11). "Meus filhos, pelos quais sofro no-
vamente as dores do parto, até que Cristo seja formado em
vocês" (Gl 4,19).
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
23. O tema deste domingo pode ser sintetizado nesta frase: Jesus, única verdadeira liderança. Em base a isso surgem alguns
questionamentos:
• Nossas lideranças pastorais e políticas são autênticas? Do que precisam para ser verdadeiras? Estão em sintonia com a li-
derança de Jesus, ou pretendem substituí-la?
• Os projetos políticos, sociais e pastorais têm como objetivo levar o povo a se "salvar dessa geração perversa"?
• Nossa Igreja conduz o povo para fora, ou o mantém submisso e escravo?
• O que a liderança de Jesus tem a dizer aos cristãos que vivem numa sociedade conflitiva, discriminadora e escravista?
• As leis que regem nossa sociedade promovem a vida em abundância para todos?

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  • 1. JESUS: ÚNICA VERDADEIRA LIDERANÇA BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: A, B e C – TEMPO LITÚRGICO: 4° DOMINGO DA PÁSCOA – COR: BRANCO I. INTRODUÇÃO GERAL 1. Quem jamais exerceu algum tipo de liderança? Todos, quem mais, quem menos, têm responsabilidades e detêm autoridade. Alguns, contudo, enganam e seduzem, trazendo desilusão e miséria, porque sua liderança é chamada por Jesus de roubo, assalto, morte. Jesus apresenta-se como única ver- dadeira liderança capaz de libertar a todos para que tenham vida em plenitude. Com ele devem sintonizar-se todas as lideranças que desejem transformar a sociedade, para que a humanidade deixe de ser rebanho tangido e manipulado ao sabor dos interesses dos inescrupulosos e gananciosos "senho- res". Aceitar a liderança de Jesus e conformar-se à sua práxis libertadora ("eu vim para que todos tenham vida") é a maior prova de conversão a Deus e de compromisso com o seu pro- jeto. II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura (At 2,14a.36-41): "Deus tornou Senhor e Cristo esse Jesus que vocês crucificaram" 2. O trecho contém a declaração final de Pedro no dia de Pentecostes e a reação do povo ao anúncio, convertendo-se. Conscientes de que devem ser testemunhas (At 1,8), os após- tolos, na pessoa de Pedro, dão testemunho da ressurreição de Jesus, e esse testemunho é sustentado pelo Espírito Santo. 3. O discurso de Pedro termina com uma declaração solene: "Todo o povo de Israel deve saber com certeza que Deus tornou Senhor e Cristo esse Jesus que vocês crucificaram" (v. 36). Jesus tinha sido condenado à morte por interesses políti- co-religiosos, por causa do jogo de poder das lideranças que perceberam ser Jesus uma ameaça a seus privilégios. Ora, a morte de Jesus não ficou sem resposta. Deus o ressuscitou e o tornou Senhor e Cristo. Em outras palavras, a ressurreição de Jesus destronou todas as falsas lideranças, os jogos de interes- se e poder. Nem sequer o poder absolutista romano recebe reconhecimento. Só Jesus é o Senhor. Ele é o único Absoluto, e o é por causa do que fez, ou seja, porque deu a vida. Seu poder vem do fato de comunicar a vida ao povo. 4. Diante da pregação de Pedro as pessoas percebem que foram envolvidas nessa trama de poder que levou Jesus à morte. Percebem que — continuando assim — serão sempre alvo de interesse e dominação. Surge, então, o desejo de rom- per com esse sistema, entrando na esfera da vida nova que o Senhor inaugurou. Nasce, assim, espontaneamente, o arrepen- dimento (coração aflito), demonstrado na pergunta dirigida aos apóstolos: "Irmãos, o que devemos fazer?" (v. 37). 5. A resposta de Pedro apresenta o itinerário cristão: con- verter-se, ser batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados, de modo a receber do Pai o dom do Espírito Santo (v. 38). Conversão é a morte para aquela forma de vida baseada em sistemas que oprimem e matam as pessoas. Ba- tismo é a conseqüência imediata da conversão. Nele as pesso- as passam a pertencer ao senhorio de Jesus, associando-se a ele num compromisso sério, no testemunho, levando em fren- te o projeto de Deus. Para essas pessoas o Pai dá de presente o Espírito Santo que é força, luz, capacidade de superar os en- traves, para colaborar positivamente na construção do Reino. Esse Reino foi inaugurado por Jesus e prometido à humanida- de (cf. Lc 12,32: "Não tenha medo, pequeno rebanho, porque o Pai de vocês tem prazer em dar-lhes o Reino"). Nele todos estão envolvidos e comprometidos, sem exceção (cf. v. 39). 6. O testemunho de Pedro contém outro convite: "Salvem- se dessa gente corrompida!" (v. 40). A expressão "salvem-se" pode ser também traduzida assim: "Deixem-se salvar" (por Deus, naturalmente). Em ambos os casos, a expressão denota que: 1. O cristão vive numa sociedade corrompida, onde, por isso mesmo, o poder é abusivo, gerando opressão e morte, como fizeram com Jesus; 2. O cristão não se conforma com esse sistema. E tem consciência de que esse não é o projeto de Deus; 3. Deus oferece, em Jesus, a alternativa para quebrar esse sistema e criar uma sociedade nova. Basta reconhecer Jesus como único Senhor e Líder. "Deixem-se salvar" signifi- ca isso; 4. O cristão não deve fugir deste mundo, pelo contrá- rio, sob a ação do Espírito, é chamado a operar a salvação que Deus ofereceu. "Salvem-se" significa isso. 7. O texto de hoje termina com uma constatação: o projeto de Deus está tendo adesões. Três mil pessoas aceitam o tes- temunho dos apóstolos e passam, por sua vez, à ação (v. 41). 2ª leitura (1Pd 2,20b-25): Só Jesus é Senhor! 8. No trecho proposto para a reflexão deste domingo, Pedro procura levar os cristãos da Ásia Menor ao discernimento diante da seguinte questão: como comportar-se diante de patrões prepotentes e violentos que oprimem seus dependen- tes? Ser cristão é aceitar Jesus como único Senhor. Como, portanto, viver essa convicção numa sociedade escravista? De fato, a carta foi enviada a cristãos migrantes e escravos da Ásia Menor. A preocupação de Pedro não é a de encarar de frente a questão da escravatura. Os patrões provavelmente não eram cristãos, ao passo que os escravos, sim. 9. A convicção de Pedro é clara: Jesus é o único Senhor (cf. I leitura). Mas uma sociedade que não assume o projeto de Deus cria classes, onde os "senhores" dominam as pessoas e pisam nelas. Como subverter essa ordem? Para Pedro, a chave da subversão é fazer o bem (v. 20), porque foi esse o caminho escolhido por Jesus, o único Senhor. Seu comportamento é norma para os que seguem seus passos (v. 21). Pedro afirma que "para isto vocês foram chamados" (v. 21), ou seja, não se trata de aceitar simplesmente a escravidão e dominação, mas de associar-se à prática de Jesus que deu a vida para libertar as pessoas. Os sofrimentos são injustos, como injusta é a escravidão (v. 19). Se o cristão enfrenta o sofrimento não é por passividade ou porque o evangelho não apresente outra alternativa, mas porque o sofrimento é uma forma de solidari- edade com Jesus e as pessoas. Os vv. 22-24 falam da solidari- edade de Jesus. É assim que ele se torna Pastor e Guardião: não revidando, não mentindo, não retribuindo, não ameaçan- do, mas carregando os pecados dos outros, a fim de abrir o caminho da vida através da sua morte. 10. Será que Pedro está pondo panos quentes sobre a questão da escravidão, legitimando o uso e abuso das pessoas? De fato, o texto só apresenta pistas para a compreensão do ser cristão numa sociedade dividida entre patrões e escravos, ricos e pobres, nativos e migrantes. Acrescente-se a isso o fato de os patrões não serem cristãos. Contudo, o v. 25 é bem claro: Antigamente vocês "estavam como ovelhas desgarra- das, mas agora voltaram ao seu Pastor e Guardião", ao único Líder e Senhor! Esse é o ponto ganho, do qual a consciência cristã não abre mão. Como minar as falsas lideranças prote- cionistas a partir de dentro? Fazendo o bem, na solidariedade com Jesus e as pessoas, mesmo que isso cause sofrimentos. É essa a fórmula que Pedro encontrou para levantar aquelas comunidades oprimidas.
  • 2. Evangelho (Jo 10,1-10): Jesus é o único líder que dá vida em plenitude 11. O capítulo 10 de João está intimamente ligado ao capítulo 9 (a cura do cego de nascença, cf. acima o evangelho do 4º domingo da Quaresma), onde Jesus desmascara as falsas lideranças religiosas do tempo, incapazes de comunicar vida. Mais ainda, essas lideranças, ao rejeitar Jesus, tornam-se cegas, porque o senhorio delas era baseado na mentira, mani- pulação e submissão das pessoas. Em oposição a elas, o cego curado se torna modelo de toda pessoa que aceita Jesus e o segue, como ovelha que conhece a voz do pastor. E, seguin- do-o, aceita como única verdadeira liderança o senhorio de Jesus. 12. Os versículos de hoje podem ser divididos em duas par- tes: na primeira temos uma parábola ou comparação, contada por Jesus (vv. 1-5), cujo alcance não é compreendido pelas lideranças religiosas do tempo (v. 6). Na segunda parte (vv. 7- 10) Jesus explica a parábola, aplicando-a a si e proclamando- se a única verdadeira liderança capaz de comunicar vida em plenitude. a. O povo conhece a liderança de Jesus (vv. 1-6) 13. A parábola se baseia em Ez 34, texto que se lia na festa da Dedicação do Templo (cf. 10,22). Ezequiel apontava os defeitos das lideranças religiosas (pastores) que roubavam o povo, servindo-se em vez de servir o rebanho. O texto de Ezequiel deixava aberta a expectativa para o dia em que o próprio Deus assumiria essa liderança. 14. Para entender a parábola é necessário recordar os costu- mes pastoris do tempo. Os pastores — donos de um punhado de ovelhas que conheciam pelo nome e características — reuniam, à noitinha, num único curral, suas criações. Esse curral era cercado por uma taipa de pedras, com uma porta, onde ficava o vigia noturno. De manhã, cada pastor se apre- sentava, chamava as ovelhas pelo nome; estas reconheciam a voz do seu pastor e saíam. Cada um deles caminhava à frente delas, conduzindo-as às pastagens. 15. Na parábola, Jesus contrapõe o pastor ao ladrão- assaltante. Este pula o muro para roubar, ao passo que o pas- tor entra pela porta. As intenções e ações do pastor e do la- drão são diametralmente opostas entre si. Os líderes religiosos não entendem a parábola (v. 6); contudo, é a eles que é dirigi- da, pois suas intenções e práticas denotam que manipulam o povo, explorando-o e fazendo-lhe violência, em vez de con- duzi-lo à vida em plenitude. Jesus não age assim. Sua lideran- ça é reconhecida (o porteiro o deixa entrar) e o povo (ovelhas) reconhece sua voz, seguindo-o. A liderança de Jesus respeita a identidade das pessoas (chama a cada uma das ovelhas pelo nome) sem fazer-lhes violência, como o ladrão que pula o muro (invade o recinto sagrado da pessoa) e faz violência. 16. A atividade do pastor consiste em chamar, conduzir para fora e caminhar à frente. A verdadeira liderança lança o apelo sem fazer violência; uma vez aceito o apelo, sua tarefa é liber- tar as pessoas dos esquemas fechados que impedem a liberda- de (temos aqui uma referência ao êxodo), abrindo caminhos novos que levam à vida. Uma liderança que não respeite esses requisitos não é autêntica, diz Jesus, e o povo não se deixa enganar (v. 5). 17. A constatação de João é que os líderes religiosos do tem- po não entendem a parábola (v. 6). Não se trata só de incom- preensão, mas de incompatibilidade com a nova proposta de liderança apresentada na prática de Jesus. b. Jesus é a única verdadeira liderança (vv. 7-10) 18. Os vv. 7-10 são a aplicação da parábola, com insistência no fato de Jesus se autodefinir como sendo a porta. Essa autodefinição é precedida por uma afirmação categórica: "Eu garanto a vocês" (v. 7). A porta refere-se em primeiro lugar às lideranças. Nenhuma delas é autêntica se não nascer da lide- rança de Jesus. Sua legitimidade depende da sintonia com o projeto de Jesus. Não se tem acesso ao povo sem passar por Jesus e sem estar em harmonia com o modo pelo qual ele exerce sua liderança sobre o povo: dando vida e liberdade. Quem não assume esse princípio é explorador do povo. Em segundo lugar, a porta se refere ao próprio povo. Ele não encontrará vida e liberdade, não terá acesso a Deus, a não ser por meio de Jesus. 19. A porta é simbolismo de grande alcance. É a entrada e a saída. Entra-se em casa para se ter segurança, sai-se dela para a liberdade. A porta sintetiza toda a atividade das pessoas, suas dimensões todas. Declarando-se a porta, Jesus torna-se o ponto de referência para tudo o que o ser humano sonha e realiza. Entrar por ela é salvar-se (v. 9), pois é aderir a ele, fugindo da morte. Sair dessa porta é caminhar para a liberda- de, ao encontro da vida (pastagens), ou seja, não ter mais fome ou sede (6,21). 20. O v. 10 contrapõe dois tipos de liderança: a falsa (ladrão), que rouba, mata e destrói, e a verdadeira, que comunica vida em abundância (a liderança de Jesus). 21. O ensinamento de Jesus vai além da parábola. De fato, se ficássemos nela, teríamos que admitir que o pastor se serve dos produtos do rebanho. Pastor algum deixou de usufruir desses bens (lã, leite, carne) para sua subsistência. Não se trata, porém, de simples parábola. A prática de Jesus mostra que ele jamais se serviu do povo, explorando-o. Pelo contrá- rio, ele se tornou o próprio alimento e força do seu povo, na conquista de sua liberdade. Não só não se serviu dele, mas doou-se completamente, entregando sua vida. 22. Para concluir, demos uma olhada na liderança pastoral de Paulo nas comunidades que fundou. "Embora, como apóstolo de Cristo, pudéssemos recorrer à nossa autoridade, tratamos vocês com bondade, qual mãe aquecendo os filhos que ama- menta. Queríamos tanto bem a vocês, que estávamos dispos- tos a dar-lhes não somente o Evangelho de Deus, mas até a nossa própria vida, de tanto que gostávamos de vocês" (1Ts 2,7-8). "Em tudo evitei ser pesado a vocês e continuarei a evitá-lo… E por quê? Será porque não amo vocês? Deus o sabe!" (2Cor 11,9b.11). "Meus filhos, pelos quais sofro no- vamente as dores do parto, até que Cristo seja formado em vocês" (Gl 4,19). III. PISTAS PARA REFLEXÃO 23. O tema deste domingo pode ser sintetizado nesta frase: Jesus, única verdadeira liderança. Em base a isso surgem alguns questionamentos: • Nossas lideranças pastorais e políticas são autênticas? Do que precisam para ser verdadeiras? Estão em sintonia com a li- derança de Jesus, ou pretendem substituí-la? • Os projetos políticos, sociais e pastorais têm como objetivo levar o povo a se "salvar dessa geração perversa"? • Nossa Igreja conduz o povo para fora, ou o mantém submisso e escravo? • O que a liderança de Jesus tem a dizer aos cristãos que vivem numa sociedade conflitiva, discriminadora e escravista? • As leis que regem nossa sociedade promovem a vida em abundância para todos?