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ELE / ELA 
Zhé Lopes
Apresenta o conto: 
ELE / ELA 
Zhé Lopes 
Brasil 2014
Tentando 
SER 
EStar 
PArecer 
PErmanecer 
FIcar 
COntinuar 
Melhor que ontem.
“Ao Único 
que é Digno 
de Receber, 
Toda Glória, 
Toda Força, 
Toda Honra 
e Todo o Poder.”
Prefácio 
O poeta é alguém que conhece bem as palavras e brinca com elas para transmitir aquilo que sente. E 
não só o que sente, mas aquilo que outros também sentem, mas não conseguem expressar. O poeta é alguém 
que leva a sério a máxima "conhece-te a ti mesmo", proferida por Sócrates: enquanto examina as profundezas 
do seu próprio ser, ele acha uma maneira de fazer arte, de se expressar belamente, de promover uma 
conexão com o outro, de fazer o outro se enxergar naquelas palavras. O poeta, ainda, é alguém que sofre, que 
chora, que se lamenta - por que não? É alguém que tem as emoções à flor da pele. Alguém totalmente 
conectado com sua humanidade. Por isso, consegue transpirar inspiração e causar reflexão e meditação. 
Suas palavras, como já mencionado, tornam-se a expressão de quem não consegue se expressar. 
Quem nunca compartilhou as palavras de um poeta? Seja para declarar amor a alguém ou para simplesmente 
declarar uma verdade profunda, a poesia torna tudo mais compreensível - tudo mais belamente 
compreensível. A poesia surpreende, encanta, delicia, maravilha. E a gente pode culpar o poeta por isso. 
Ainda falta dizer que o poeta é um observador. Observar não é apenas ver. Observar é se deter sobre 
algo, examinar, compreender. O poeta observa tanto o mundo físico, exterior e social, quanto o mundo 
abstrato, interior e pessoal. Ele é capaz de enxergar como especial algo que a maioria vê como rotineiro - vê, 
por exemplo, um pôr-do-sol como um espetáculo. 
Essas são características do Zhé. Para ele, a poesia parece ser tão natural quanto à respiração. Seus 
textos nascem de uma intensa observação e reflexão interior, trazendo à tona construções que nos levam a 
olhar para nossa própria alma e nos questionar. Seus versos são fruto do conhecimento de si mesmo e, por 
isso, são tão especiais. 
Suas poesias são como conversas, desabafos. Ele é íntimo das palavras. Com elas, o Zhé se expõe de 
forma corajosamente perigosa. De forma leve, porém profunda, compreensível, porém não sem reflexão, suas 
palavras nos confrontam, mas encantam. 
Em sua obra "Ele/Ela", Zhé Lopes nos conta a história de um encontro. Mas não um encontro qualquer. 
Utilizando a poesia, ele desenvolve dois personagens com ricas personalidades. "Ele/Ela" é uma história curta, 
mas que merece ser lida e analisada com calma, merece ser aproveitada, degustada, pois não é uma história 
como outras que se leem mundo a fora. 
Um brinde ao Zhé Lopes e à sua arte ímpar! 
Netto Britto 
Bar da Graça
“Ela via o mundo 
Ele via o mundo 
Viam sob a mesma luz 
Isso é tudo e era tudo que havia 
entre os dois em comum...” 
Ela Ele - Sandy Leah
PARTE 1
ELE 
Ele acreditava que tudo estava certo. 
Acreditava que tudo era normal. 
Acreditava que aquilo que fazia e sentia era comum. 
Acreditava que as pressões que sofria faziam parte da vida, mesmo sem entender. 
Acreditava que as pessoas eram más com ele sem motivo aparente. 
Ele não conhecia a verdade. 
ELA 
Ela vivia um sonho. 
Sonhava acordada e brincava dormindo. 
As coisas para ela eram tão simples. 
Tudo vinha e ia tão facilmente. 
Dificuldade não existia em seu vocabulário. 
Talvez ela nem soubesse o que é um. 
Ela não conhecia a realidade. 
Eles não se conheciam. 
Talvez continuem assim...
PARTE 2
AS CORES 
Ele usava sapatos vermelhos. 
Ela usava tênis azuis. 
Eles não tinham noção de cores. 
Talvez fossem daltônicos. 
Ou o problema com as cores estivesse nos olhos de todo o mundo. 
Ele usava camisa rosa. 
Ela camiseta polo. 
Qual era o problema? 
Nenhum, para eles. 
A implicância em demasia que lançavam sobre eles não os aprisionava. 
Eles eram livres, pois tinham suas próprias leis. 
Mas eles ainda não se conheciam... 
Talvez isso continue... Mas mude...
PARTE 3
MENTIRAS 
Ele decidiu tomar um rumo na vida. 
Ela decidiu pensar na vida. 
Tudo isso após atingirem a maioridade. 
Acredito que assim como os anos, ganharam também uma certa maturidade. 
Ele tinha muitos complexos. 
Pensava por que os outros eram mais bonitos do que ele. 
Por que os outros? 
Ela, dessa vez preferiu se privar. 
Ela não quis nem se pronunciar... 
Ele não queria viver a própria vida. 
Não culpava ninguém, apenas achava que poderia ter mais. 
Sua canção era: 
"E olhando pra trás para ver as coisas que eu fiz, 
Eu tentava ser alguém que eu nunca quis, 
Por que minhas próprias mentiras 
Me impediam de ser eu mesmo, alguém que eu nunca quis ser..." 
Ah... como ele se lamenta... 
Essa história vai continuar...
PARTE 4
FALTA DE PERCEPÇÃO 
Ele tinha um certo olhar de reprovação. 
Odiava quando recebia olhares que não precisavam de nenhuma palavra, pois eram extremamente claros. 
Em contra partida, lançava seu maléfico olhar sobre o mais simples ser humano. 
Julgava pela mesma aparência, a qual tanto lutava para não ser. 
Ele adquiriu um olhar fuzilante. 
O desprezo era o seu olhar. 
Ela buscava sempre a razão. 
Procurava ver o melhor e o bem em tudo e em todos. 
Eles ainda não tinham percebido, mas já haviam se cruzado muitas vezes. 
Talvez se olhassem fundo nos olhos um do outro iriam perceber. 
Mas esse ainda não é o fim...
PARTE 5
À FLOR DA PELE 
Ele era triste. 
Melhor ou pior, conseguia transformar qualquer momento ao contrário do que deveria. 
Ele era dramático. 
Ela emotiva. 
Emoções sempre a flor da pele, permeavam suas vidas. 
Ele gostava de chamar a atenção. 
Ela era tão discreta. 
Ele gostava muito de elogios. 
Fazia as coisas de forma premeditada. 
Ela sempre discreta e recatada. 
Policiava todas as suas atitudes. 
Ele é muito egocêntrico. 
Espero que isso termine bem, ou comece. 
Que um não se decepcione com o outro.
PARTE FINAL
O COMEÇO DO FIM 
Ele sempre achava que era demais. 
Não no ser, mas em excesso mesmo. 
Ele sempre esperava pela atitude dos outros. 
Ela achava que devia partir dela a atitude. 
Ela sempre via os dois lados. 
Diferentemente dele. 
Ele se escondia na aparência. 
Comprava coisas e mais coisas pensando que isso fosse aproximar as pessoas. 
Pobre engano. 
Quanto mais ele se esforçava pior as coisas ficavam... 
Ela ia perdendo seu espaço a cada dia. 
Até que ela caiu no sono. 
E foi esquecida... 
Ele não reparava mesmo nela.
Não importava a hora. 
Era de manhã, de tarde e também de noite. 
O que se ouve sair das palavras digitadas por seus dedos pelas redes sociais da vida era seus lamentos. 
Ele pergunta para um amigo: "Tem um minuto?" 
Se este diz sim, senta que lá vem história. 
Ele dizia que tinha amigos, mas ao que tudo indicava, os amigos o tinham... 
Por que ele não tinha ninguém. 
Ele não precisou consultar os médicos para descobrir o que tem. 
Conseguiu descobrir sozinho que possui a "Síndrome de Baby Sauro". 
. . . 
Ele descobriu isso quando olhou para ela. 
E percebeu que ela parecia familiar. 
Olhando para o homem refletido no espelho. 
Enfim, ele descobriu. 
Ele sou eu. 
E ela é a minha alma.
Epílogo 
Para ser sincero, não me lembro bem como tudo surgiu. Só sei que fui dando asas aos meus 
pensamentos, liberdade para que os meus sentimentos pudessem ser manifestos, mesmo que não pelas 
folhas de papel, ou pelo desabafar de lamentos com um amigo, mas por palavras digitadas num simples 
smartphone [Louvado seja Deus, por isso e TUDO mais]. 
Quando começo a pensar em toda essa história que foi traçada e descortinada, repenso e revejo tudo 
o que poderia ter servido de influência. Uma poesia que a principio me remeteu ao tema, foi a poesia da [para 
mim] poetiza Sandy Leah Lima, chamada Ela/Ele. 
Só que no meu caso, não era bem uma história de amor. Foi um desabafo de uns tantos lamentos... Foi 
um encontro consigo mesmo. Prefiro definir como sendo 'um homem diante de um espelho' não mais 
embaçado, mas agora com uma visão mais clara de si mesmo e do ambiente ao seu redor. 
Acredito que do meio para o fim, algo que descreve com melhor riqueza de detalhes, é uma outra 
poesia da mesma poetiza acima, chamada Esconderijo: 
"Nesse quarto escuro / Existe um menino assustado / Ele é sozinho / 
E teme que o mundo encontre o seu cantinho / Me entrega ele pra cuidar / 
Eu sei guardar segredo / Eu sei amar / Não conto pra ninguém / 
Que esse menino é alguém / De barba e gravata / 
E que esse quarto escuro é sua alma."
No meu conto "Ele / Ela": 
Ele sou eu. 
Ela é a minha alma. 
Na poesia da Sandy "Ela/Ele": 
Eu queria ser ele. 
Eu queria ter ela. 
Na poesia da Sandy "Esconderijo": 
Esse menino sou eu. 
E esse quarto escuro é o meu esconderijo, a minha alma. 
Até a próxima!
Sobre o autor 
Zhé Lopes, na verdade é José Antonio Lopes da Silva, 28 anos, Mogiano por nascença, mas Suzanense 
por vivencia. É contador, bacharel em Ciências Contábeis, pós-graduado em Controladoria e Finanças, mas é 
apaixonado por música, letras e palavras. Hoje atua como um profissional de sua área de formação, mas 
também compartilha de suas experiências, vivencias e olhadelas na vida, através de seu blog chamado 
SerEsPaPeFiCo. Nome este que a muitos intriga. É também colaborador no blog Bar da Graça, junto do seu 
amigo Netto Britto [o qual assina o prefácio deste e-book]. Teve alguns de seus textos e poesias publicados na 
coletânea de autores "Palavra é Arte" - Edição 67 – 2014. 
“Uma palavra bem dita, é sempre bendita! Uma palavra mal dita é sempre maldita!” 
Zhé Lopes 
Setembro/2014

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Ele / Ela - O Conto - e-Book - Zhé Lopes

  • 1. ELE / ELA Zhé Lopes
  • 2. Apresenta o conto: ELE / ELA Zhé Lopes Brasil 2014
  • 3. Tentando SER EStar PArecer PErmanecer FIcar COntinuar Melhor que ontem.
  • 4. “Ao Único que é Digno de Receber, Toda Glória, Toda Força, Toda Honra e Todo o Poder.”
  • 5. Prefácio O poeta é alguém que conhece bem as palavras e brinca com elas para transmitir aquilo que sente. E não só o que sente, mas aquilo que outros também sentem, mas não conseguem expressar. O poeta é alguém que leva a sério a máxima "conhece-te a ti mesmo", proferida por Sócrates: enquanto examina as profundezas do seu próprio ser, ele acha uma maneira de fazer arte, de se expressar belamente, de promover uma conexão com o outro, de fazer o outro se enxergar naquelas palavras. O poeta, ainda, é alguém que sofre, que chora, que se lamenta - por que não? É alguém que tem as emoções à flor da pele. Alguém totalmente conectado com sua humanidade. Por isso, consegue transpirar inspiração e causar reflexão e meditação. Suas palavras, como já mencionado, tornam-se a expressão de quem não consegue se expressar. Quem nunca compartilhou as palavras de um poeta? Seja para declarar amor a alguém ou para simplesmente declarar uma verdade profunda, a poesia torna tudo mais compreensível - tudo mais belamente compreensível. A poesia surpreende, encanta, delicia, maravilha. E a gente pode culpar o poeta por isso. Ainda falta dizer que o poeta é um observador. Observar não é apenas ver. Observar é se deter sobre algo, examinar, compreender. O poeta observa tanto o mundo físico, exterior e social, quanto o mundo abstrato, interior e pessoal. Ele é capaz de enxergar como especial algo que a maioria vê como rotineiro - vê, por exemplo, um pôr-do-sol como um espetáculo. Essas são características do Zhé. Para ele, a poesia parece ser tão natural quanto à respiração. Seus textos nascem de uma intensa observação e reflexão interior, trazendo à tona construções que nos levam a olhar para nossa própria alma e nos questionar. Seus versos são fruto do conhecimento de si mesmo e, por isso, são tão especiais. Suas poesias são como conversas, desabafos. Ele é íntimo das palavras. Com elas, o Zhé se expõe de forma corajosamente perigosa. De forma leve, porém profunda, compreensível, porém não sem reflexão, suas palavras nos confrontam, mas encantam. Em sua obra "Ele/Ela", Zhé Lopes nos conta a história de um encontro. Mas não um encontro qualquer. Utilizando a poesia, ele desenvolve dois personagens com ricas personalidades. "Ele/Ela" é uma história curta, mas que merece ser lida e analisada com calma, merece ser aproveitada, degustada, pois não é uma história como outras que se leem mundo a fora. Um brinde ao Zhé Lopes e à sua arte ímpar! Netto Britto Bar da Graça
  • 6. “Ela via o mundo Ele via o mundo Viam sob a mesma luz Isso é tudo e era tudo que havia entre os dois em comum...” Ela Ele - Sandy Leah
  • 8. ELE Ele acreditava que tudo estava certo. Acreditava que tudo era normal. Acreditava que aquilo que fazia e sentia era comum. Acreditava que as pressões que sofria faziam parte da vida, mesmo sem entender. Acreditava que as pessoas eram más com ele sem motivo aparente. Ele não conhecia a verdade. ELA Ela vivia um sonho. Sonhava acordada e brincava dormindo. As coisas para ela eram tão simples. Tudo vinha e ia tão facilmente. Dificuldade não existia em seu vocabulário. Talvez ela nem soubesse o que é um. Ela não conhecia a realidade. Eles não se conheciam. Talvez continuem assim...
  • 10. AS CORES Ele usava sapatos vermelhos. Ela usava tênis azuis. Eles não tinham noção de cores. Talvez fossem daltônicos. Ou o problema com as cores estivesse nos olhos de todo o mundo. Ele usava camisa rosa. Ela camiseta polo. Qual era o problema? Nenhum, para eles. A implicância em demasia que lançavam sobre eles não os aprisionava. Eles eram livres, pois tinham suas próprias leis. Mas eles ainda não se conheciam... Talvez isso continue... Mas mude...
  • 12. MENTIRAS Ele decidiu tomar um rumo na vida. Ela decidiu pensar na vida. Tudo isso após atingirem a maioridade. Acredito que assim como os anos, ganharam também uma certa maturidade. Ele tinha muitos complexos. Pensava por que os outros eram mais bonitos do que ele. Por que os outros? Ela, dessa vez preferiu se privar. Ela não quis nem se pronunciar... Ele não queria viver a própria vida. Não culpava ninguém, apenas achava que poderia ter mais. Sua canção era: "E olhando pra trás para ver as coisas que eu fiz, Eu tentava ser alguém que eu nunca quis, Por que minhas próprias mentiras Me impediam de ser eu mesmo, alguém que eu nunca quis ser..." Ah... como ele se lamenta... Essa história vai continuar...
  • 14. FALTA DE PERCEPÇÃO Ele tinha um certo olhar de reprovação. Odiava quando recebia olhares que não precisavam de nenhuma palavra, pois eram extremamente claros. Em contra partida, lançava seu maléfico olhar sobre o mais simples ser humano. Julgava pela mesma aparência, a qual tanto lutava para não ser. Ele adquiriu um olhar fuzilante. O desprezo era o seu olhar. Ela buscava sempre a razão. Procurava ver o melhor e o bem em tudo e em todos. Eles ainda não tinham percebido, mas já haviam se cruzado muitas vezes. Talvez se olhassem fundo nos olhos um do outro iriam perceber. Mas esse ainda não é o fim...
  • 16. À FLOR DA PELE Ele era triste. Melhor ou pior, conseguia transformar qualquer momento ao contrário do que deveria. Ele era dramático. Ela emotiva. Emoções sempre a flor da pele, permeavam suas vidas. Ele gostava de chamar a atenção. Ela era tão discreta. Ele gostava muito de elogios. Fazia as coisas de forma premeditada. Ela sempre discreta e recatada. Policiava todas as suas atitudes. Ele é muito egocêntrico. Espero que isso termine bem, ou comece. Que um não se decepcione com o outro.
  • 18. O COMEÇO DO FIM Ele sempre achava que era demais. Não no ser, mas em excesso mesmo. Ele sempre esperava pela atitude dos outros. Ela achava que devia partir dela a atitude. Ela sempre via os dois lados. Diferentemente dele. Ele se escondia na aparência. Comprava coisas e mais coisas pensando que isso fosse aproximar as pessoas. Pobre engano. Quanto mais ele se esforçava pior as coisas ficavam... Ela ia perdendo seu espaço a cada dia. Até que ela caiu no sono. E foi esquecida... Ele não reparava mesmo nela.
  • 19. Não importava a hora. Era de manhã, de tarde e também de noite. O que se ouve sair das palavras digitadas por seus dedos pelas redes sociais da vida era seus lamentos. Ele pergunta para um amigo: "Tem um minuto?" Se este diz sim, senta que lá vem história. Ele dizia que tinha amigos, mas ao que tudo indicava, os amigos o tinham... Por que ele não tinha ninguém. Ele não precisou consultar os médicos para descobrir o que tem. Conseguiu descobrir sozinho que possui a "Síndrome de Baby Sauro". . . . Ele descobriu isso quando olhou para ela. E percebeu que ela parecia familiar. Olhando para o homem refletido no espelho. Enfim, ele descobriu. Ele sou eu. E ela é a minha alma.
  • 20. Epílogo Para ser sincero, não me lembro bem como tudo surgiu. Só sei que fui dando asas aos meus pensamentos, liberdade para que os meus sentimentos pudessem ser manifestos, mesmo que não pelas folhas de papel, ou pelo desabafar de lamentos com um amigo, mas por palavras digitadas num simples smartphone [Louvado seja Deus, por isso e TUDO mais]. Quando começo a pensar em toda essa história que foi traçada e descortinada, repenso e revejo tudo o que poderia ter servido de influência. Uma poesia que a principio me remeteu ao tema, foi a poesia da [para mim] poetiza Sandy Leah Lima, chamada Ela/Ele. Só que no meu caso, não era bem uma história de amor. Foi um desabafo de uns tantos lamentos... Foi um encontro consigo mesmo. Prefiro definir como sendo 'um homem diante de um espelho' não mais embaçado, mas agora com uma visão mais clara de si mesmo e do ambiente ao seu redor. Acredito que do meio para o fim, algo que descreve com melhor riqueza de detalhes, é uma outra poesia da mesma poetiza acima, chamada Esconderijo: "Nesse quarto escuro / Existe um menino assustado / Ele é sozinho / E teme que o mundo encontre o seu cantinho / Me entrega ele pra cuidar / Eu sei guardar segredo / Eu sei amar / Não conto pra ninguém / Que esse menino é alguém / De barba e gravata / E que esse quarto escuro é sua alma."
  • 21. No meu conto "Ele / Ela": Ele sou eu. Ela é a minha alma. Na poesia da Sandy "Ela/Ele": Eu queria ser ele. Eu queria ter ela. Na poesia da Sandy "Esconderijo": Esse menino sou eu. E esse quarto escuro é o meu esconderijo, a minha alma. Até a próxima!
  • 22. Sobre o autor Zhé Lopes, na verdade é José Antonio Lopes da Silva, 28 anos, Mogiano por nascença, mas Suzanense por vivencia. É contador, bacharel em Ciências Contábeis, pós-graduado em Controladoria e Finanças, mas é apaixonado por música, letras e palavras. Hoje atua como um profissional de sua área de formação, mas também compartilha de suas experiências, vivencias e olhadelas na vida, através de seu blog chamado SerEsPaPeFiCo. Nome este que a muitos intriga. É também colaborador no blog Bar da Graça, junto do seu amigo Netto Britto [o qual assina o prefácio deste e-book]. Teve alguns de seus textos e poesias publicados na coletânea de autores "Palavra é Arte" - Edição 67 – 2014. “Uma palavra bem dita, é sempre bendita! Uma palavra mal dita é sempre maldita!” Zhé Lopes Setembro/2014