O documento discute as mudanças na sociedade pós-moderna e seus impactos no marketing e no comportamento do consumidor. Algumas das principais transformações incluem o surgimento de tribos urbanas, o consumidor ativo que busca significados e identidade, e a necessidade de marketing segmentado de acordo com fatores culturais em vez de sócio-demográficos.
3. A crise da Modernidade
Desconfiança em relação à Ciência
(bomba atómica)
Desconfiança em relação à Razão
(Auschwitz)
Desconfiança em relação ao Progresso
(estarmos mesmo a viver melhor?)
Desconfiança em relação às grandes
Ideologias (1984 de Orwell)
João Pinto e Castro
4. O que é a Pós-Modernidade?
Condição do mundo contemporâneo
Traços distintivos
– Sociedade pós-industrial
– Fragmentação da realidade social
– Coexistência de perspectivas diversas e
contraditórias
– Ausência de sentido histórico
João Pinto e Castro
5. Economia em levitação
Serviços são a realidade dominante
As coisas materiais passam para um
plano secundário
Predomínio do consumo sobre a
produção
Produção de significados desempenha
papel crucial
João Pinto e Castro
6. Estrutura social
Eliminação progressiva das situações
de carência extrema
Toda a gente pertence à classe média
Sociedade esmagadoramente urbana
Crescimento dramático da esperança
de vida
Redução da natalidade
Peso da população imigrante
João Pinto e Castro
7. Estrutura familiar
Emancipação económica e social da
mulher
Decadência da família tradicional
– Crescimento da família monoparental
– Múltipla paternidade, família alargada de
tipo novo
– Núcleo familiar flexível e instável
João Pinto e Castro
8. A tecnologia no quotidiano
O biológico sobrepõe-se ao mecânico
As ciências da informação são o novo
paradigma da ciência
Engenharia genética: o homem
programa-se a si próprio
Moravec: “em breve o robô superará o
homem”
João Pinto e Castro
9. Sociedade-rede
Desaparecimento do homem massa
Crise dos grupos de referência
tradicionais
Sistema de lealdades múltiplas
Grupos sociais temporários móveis
Tribalismo tecnológico
Nomadismo urbano
João Pinto e Castro
10. Sociedade do conhecimento
O conhecimento tornou-se na força
produtiva essencial
A maioria das pessoas transforma e
manipula símbolos em vez de coisas
O valor económico directo da ciência é
universalmente reconhecido
João Pinto e Castro
11. Globalização
O mundo encolheu: a morte da
distância
Aldeia global: partilhamos o espaço e o
tempo
Uniformidade e diversidade à escala
global
O novo cosmopolitismo tribal
O mercado único mundial
João Pinto e Castro
12. Multi-culturalismo
Justaposição e convivência de culturas
e estilos opostos
Hiper-realidade: realidade camuflada
por simulacros e simulações
Recusa da uniformidade e de regras
fixas
Aceitação da validade simultânea de
diversas perspectivas
João Pinto e Castro
13. Que relevância tem tudo isto para
o marketing e a comunicação?
João Pinto e Castro
14. Relevância para o marketing
Enquadramento cultural desempenha
um papel determinante
Consumidores diferenciam-se segundo
as esferas culturais em que se
envolvem
Grupos de consumidores são instáveis
e provisórios
João Pinto e Castro
15. Relevância para a
comunicação
Consumo de comunicação traduz-se
em
– Busca de significados
– Busca de pertença
– Busca de sinais de identidade
Importância crescente da dimensão
simbólica
João Pinto e Castro
16. Tensões no Marketing Pós-
Moderno
Marketing Marketing
One-to-One Tribal
Marketing Marketing
de Imagem de Experiência
Bases de Dados Contacto Humano
Indivíduo Comunidade
Passividade Participação
João Pinto e Castro
17. Marcas modernas Marcas pós-modernas
Coca-Cola Red Bull
Ford Smart
Philips Yorn
Lacoste Diesel
Vaqueiro Nike
IBM Nokia
Volkswagen Beetle Volkswagen Beetle
João Pinto e Castro
19. Que há de errado com a velha
segmentação
A segmentação sócio-demográfica
tornou-se menos útil
As diferenças entre as pessoas passam
menos pela classe social e pelo local de
origem
Os factores culturais são hoje os
factores decisivos para explicar as
diferenças de comportamento de
consumo João Pinto e Castro
20. Novos grupos de referência
No passado, o comportamento das
pessoas resultava fundamentalmente
da classe social a que pertenciam
Hoje, as pessoas participam
simultaneamente numa enorme
variedade de grupos de referência
João Pinto e Castro
21. Traços essenciais do
tribalismo
Busca do sentimento de pertença leva
as pessoas a associarem-se
Estrutura horizontal em rede da
sociedade cria maior fluidez das
relações sociais
Processo de contaminação facilitado
pela mobilidade comunicacional
João Pinto e Castro
22. O papel da tribo na sociedade
contemporânea
A tribo rejeita simultaneamente
– O anonimato do homem-massa
– O isolamento do indivíduo entregue a si
mesmo
Na tribo o homem socializa-se, mas
guarda toda a sua liberdade para mudar
e experimentar outras formas de vida
quando lhe parecer adequado
João Pinto e Castro
23. Características das tribos
arcaicas
Predominavam factores hereditários
Identidade genética ou territorial
Ambiente social fortemente
hierarquizado
Rigidez de comportamentos e valores
Culturas fechadas sobre si mesmas
João Pinto e Castro
24. Características das tribos
modernas
A pertença resulta de uma opção
A identidade é cultural, transcende o
espaço
A estrutura é informal e fluida
Abertura a outras experiências e
valores
Filiação temporária e efémera
Dispersão geográfica
João Pinto e Castro
Pertença simultânea a várias tribos
25. Consequências fundamentais
do tribalismo contemporâneo
Mobilidade social
– indivíduos mudam continuamente posições
relativas
Multi-culturalismo
– coexistência pacífica de estilos de vida
díspares
Indivíduo camaleão
– cada pessoa adopta diversas peles
Relações sobrepõem-se às coisas
– O intangível conquista espaço
João Pinto e Castro
26. Elementos definidores da tribo
Crenças e valores partilhados - aquilo
em que todos acreditam
Instituições – suportes estruturantes
das relações
Canais de comunicação – meios de
contacto entre os membros
Sinais de identidade – manifestações
de diferença
Rituais – práticas colectivas dotadas de
elevado valor João Pinto e Castro
simbólico
27. Formas de envolvimento
Devotos
– Envolvidos de forma mais profunda e
duradoura
Adeptos
– Participam regularmente em actividades
tribais
Participantes
– Reúnem-se em ocasiões especiais
Simpatizantes
– Relação marginal e distante
João Pinto e Castro
28. Tipos de tribos
Não são relevantes apenas para os
jovens
Há também, por exemplo, a tribo dos
empreendedores (ex: Silicon Valley)
Tribos Nokia: o executivo, o artista, o
designer, o DJ, o automobilista, o
estilista, etc.
João Pinto e Castro
29. Paradoxos da tribalização
Vai-vem constante entre a massificação
e o micro-grupo
Certos micro-grupos tendem por vezes
a ingressar no mainstream
Tendência para a desagregação logo
que são associadas ao conformismo
social
(Celebridades e estrelas rock como
veículos desse processo)
João Pinto e Castro
30. Permanente reconfiguração
social
A sociedade é constituída por sub-
sistemas heterogéneos
As diversas sociedades ajustam-se e
acomodam-se umas às outras
A tolerância é o princípio fundamental
para garantir o funcionamento da
sociedade
João Pinto e Castro
31. Marketing tribal
Reconhece a importância das tribos
urbanas na sociedade contemporâneas
Adapta estratégias de segmentação do
mercado conformes à nova situação
Faz assentar o posicionamento em
factores culturais
João Pinto e Castro
32. O que muda no marketing
Os produtos são adquiridos mais pelo seu
valor relacional do que pelo seu valor de
uso
As marcas são apreciadas sobretudo pela
sua capacidade de produzir significados
Os consumidores desempenham um
papel muito activo na construção da
marca
O alvo está em permanente mutação
João Pinto e Castro
34. A nova realidade social (1)
Participação feminina no mercado de
trabalho
– Dois salários
– Crise da “dona de casa”
– Menos tempo para as compras
Casamento tardio
– Jovens casam cada vez mais tarde
– Casais têm filhos cada vez mais tarde
João Pinto e Castro
35. A nova realidade social (2)
Famílias pequenas e instáveis
– Filho único como ideal
– Crise do casamento para a vida
Envelhecimento da população
– Quebra permanente da natalidade
– Peso crescente da população idosa
João Pinto e Castro
36. A nova realidade social (3)
Instabilidade económica e social
– Não há empregos garantidos
– Rendimentos mais elevados mas mais
inseguros
Pressão sobre os tempos livres
– Abolição da distinção entre trabalho e lazer
– Mais qualificados trabalham mais horas
João Pinto e Castro
37. O que mudou nos mercados
(1)
Clientes mais exigentes, educados e auto-
confiantes
– Maior capacidade para recolher e comparar
informação
– Maiores oportunidades de escolha no mercado
Crescente segmentação dos mercados
– Clientes mais afluentes buscam oferta
diferenciada
– Multiplicação de segmentos e nichos
João Pinto e Castro
38. O que mudou nos mercados
(2)
Proliferação de produtos, serviços e
marcas
– Empresas reagem multiplicando a oferta
– Crescente complexidade da gestão da oferta
Concentração e aumento do poder
negocial da distribuição
– Centralização e modernização da distribuição
– Distribuidores concorrem directamente com os
fabricantes
João Pinto e Castro
39. O que mudou nos mercados
(3)
Perda de eficiência dos mass media
– Fragmentação das audiências
– Degradação do custo por contacto
– Elevados níveis de saturação
Novas formas de escassez
– Escassez de tempo
– Escassez de atenção
– Escassez de confiança
João Pinto e Castro
40. Áreas de procura crescente
Serviços culturais e educativos
Serviços de aconselhamento
Serviços dirigidos a comunidades
Produtos e serviços que poupam tempo
Produtos e serviços a feitio
Produtos que simplificam a utilização de
outros produtos
João Pinto e Castro
41. O impacto da tecnologia (1)
A microelectrónica criou a produção
flexível em série
A tecnologia invadiu os bens de consumo
Os ciclos de produto tornaram-se mais
curtos e imprevisíveis
A informática converteu-se num poderoso
instrumento ao serviço do marketing
João Pinto e Castro
42. O impacto da tecnologia (2)
O custo do armazenamento e
processamento da informação não pára
de baixar
Todas as novas tecnologias das
comunicações são intrinsecamente
interactivas
As tecnologias da informação e da
comunicação estão a transformar todo o
processo da gestão de marketing
João Pinto e Castro
43. O que mudou no marketing
O fulcro do marketing deslocou-se do
produto para o cliente
Sabemos muito mais sobre o
comportamento do consumidor
Está em curso uma revolução no retalho
A gestão de marketing deixou de se
preocupar apenas com o momento da
transacção
João Pinto e Castro
44. O que mudou na
comunicação
O advertising perdeu peso no mix da
comunicação
Há cada vez mais oportunidades de
contacto com os consumidores, mas é
cada vez mais difícil avaliar a contribuição
de cada uma delas
A comunicação intervém agora em todo o
processo de gestão do cliente e do seu
ciclo de vida
João Pinto e Castro
45. O consumidor poderoso
Novas tecnologias contribuíram para
aumentar o poder do consumidor
Ele tem agora maior facilidade de comparar
ofertas e preços e de exercer o seu poder
negocial
O novo desafio do marketing: ajudar os
compradores a comprar, não ajudar os
vendedores a vender
O conceito de serviço assume uma nova
dimensão João Pinto e Castro
46. Consumer-generated media
Os consumidores mudaram de meros
receptores para emissores de
mensagens
A internet deu-lhes a possibilidade de
criarem os seus próprios media
Usam-nos para falarem uns com os
outros sobre produtos, marcas, serviços
e experiências
João Pinto e Castro
47. A co-criação de valor
O consumidor evoluiu
– Do isolamento para a conexão
– Da ignorância para a informação
– Da passividade para a pró-actividade
Cada vez mais frequentemente, o valor é criado
conjuntamente pelo produtor e o consumidor
A construção de relacionamentos torna-se no
elemento central do marketing, e a marca numa
experiência completa de relacionamento
João Pinto e Castro
49. Marcas que figuram no filme
Hitch
Adidas – Altoids – Ben & Jerry’s – Benadryl – Blackberry –
Body Glove – Canon – Cargo – Citibank – Coca-Cola –
Crunch – Dylan’s Candy Bar – Earl Grey – Ericsson –
FedEx – Ford – Fortune – Fritos – General Electric –
Google – Gray Line – Gucci – Helmut Lang – Hermès –
Johnson & Johnson – Krispy Kreme – LA Café – Lacoste
– Metropolitan Museum of Art – Mini – Moet & Chandon –
Motorola – Negra Modelo – New York Jets – New York
Nicks – New York Post – Nike – Nikon – Ilove’s –
Oppenheimer – Pastis Café – Polaris – Rice to Riches –
S. Pellegrino – Scalinatella – Sheraton – Sony –
Starbucks – Subway – Sun-Maid – Time Out – Wristguard
- Yoga
João Pinto e Castro
50. As marcas são hoje uma realidade
omnipresente,não só na actividade
comercial, mas também na
sociedade, na cultura e na política.
João Pinto e Castro
51. As marcas desempenham um papel
central no nosso mundo
simultaneamente fragmentado e
globalizado.
Porquê?
João Pinto e Castro
52. As marcas são âncoras de
significados partilhados que ajudam
a dar sentido à vida, a estabelecer
pontes entre diversos indivíduos,
diversas culturas, diversas nações.
São um factor de agregação tanto
mais importante quanto mais
fragmentada se encontra a
sociedade. João Pinto e Castro
53. As marcas acrescentam valor ao
produto básico, assumindo um
papel determinante no
comportamento de compra.
A medida desse valor é o brand
equity, ou capital da marca.
João Pinto e Castro
54. Teste Marca
cego revelada
Marca
A
Marca
B
João Pinto e Castro
55. Produto é aquilo que as empresas
fazem.
Marca é aquilo que os consumidores
compram.
João Pinto e Castro
56. Um produto é um objecto ou serviço
que se encontra disponível.
Uma marca é um complexo de
satisfações.
João Pinto e Castro
57. “Na fábrica produzimos cosméticos,
mas na loja vendemos esperança.”
(Charles
Revlon)
João Pinto e Castro
58. Levi’s
Produto Calças de ganga resistentes com
cinco bolsos
Marca Os jeans originais e genuínos.
Simbolizam os autênticos valores
da categoria de produto: liberdade,
individualidade, rebelião,
sensualidade, masculinidade,
originalidade e juventude.
João Pinto e Castro
59. Haagen-Dazs
Produto Gelado caro, topo de gama.
Marca Um prazer sensual e íntimo.
João Pinto e Castro
60. Marca ícone
Marca mito
Marca experiência
Marca valor
Marca chancela
Marca identidade
João Pinto e Castro
61. Marca identidade
Marca, s.f., Acto ou efeito de marcar,
emblema, firma, cunho
Uma marca começa por ser a mera
atribuição de um nome a uma série de
coisas similares
A marca designa um autor comum a
essas coisas, é uma espécie de
assinatura
João Pinto e Castro
62. Marca chancela
A própria lógica da marca implica a
assumpção de uma responsabilidade
A marca certifica um dado padrão de
qualidade
É um compromisso em que o produtor
arrisca a sua reputação perante o
consumidor
João Pinto e Castro
63. Marca valor
A marca pode também sinalizar uma
diferença quando ela existe
Assim, passa a simbolizar uma oferta
de valor distintiva
A marca valor remete para benefícios e
atributos físicos ou funcionais
diferenciados
João Pinto e Castro
64. Marca experiência
Uma experiência é uma nebulosa de
benefícios pelo menos parcialmente
intangíveis
É uma atmosfera, uma ambiente
irredutível às suas partes constituintes,
deve ser disfrutada globalmente
A marca experiência é uma promessa
de satisfação imaterial
João Pinto e Castro
65. Marca mito
A marca mito vai muito para além dos
benefícios a que está associada
Remete directamente para um contexto
cultural muito mais vasto
Um mito é uma narrativa que mergulha
as suas raízes na natureza humana
João Pinto e Castro
66. Marca ícone
A marca ícone ganhou o estatuto de
elemento indistinguível do próprio mito
A presença da marca ícone evoca
irresistivelmente o mito, confunde-se
com ele
João Pinto e Castro