Novas Perspectivas sobre Inovação para o Brasil @daniel_egger
Avaliação de resultados: primeiro passo para políticas públicas de inovação
1. TECNOLÓGICA
Uma publicação
da Sociedade Brasileira
Pró-Inovação Tecnológica
EM REVISTA ANO l Nº 3 - setembro/outubro 2010
Inovação sob medida
Como a avaliação de resultados
contribui para ajustar as políticas públicas
a modelos mais eficientes
6º Prêmio Inovar para Crescer
No Dia da Inovação, Protec homenageia empresas
2010
2.
3. editorial
editorial
TECNOLÓGICA
Uma publicação
da Sociedade Brasileira
Pró-Inovação Tecnológica Política de inovação e retorno
E M R E V I S TA
econômico-social
Sociedade Brasileira Esta edição tem como tema o IX Encontro Nacional
Pró-InovaçãoTecnológica
da Inovação Tecnológica (Enitec), principal fórum de
Presidente: discussão da área, que será realizado pela Protec nos
Humberto Barbato dias 20 e 21 de outubro, em São Paulo. O tema do
Vice-presidentes: evento, “Políticas públicas de inovação – resultados e
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira,
proposições”, é de tamanha importância que recebeu
Jorge Lins Freire, Paulo Skaf,
Robson Braga de Andrade e abordagem aprofundada nas diversas reportagens da
Rodrigo Rocha Loures revista, de forma a adiantar as discussões deste ano.
Conselheiros: A matéria de capa lança luz sobre a necessidade de governo e agências de fomento
Armando Monteiro Neto, à inovação medirem os resultados de suas ações. Mas não por meio do dispêndio
Carlos Alexandre Geyer,
Franco Pallamolla,
realizado, como costuma acontecer, e sim pelo retorno econômico e social desse
Celso Antônio Barbosa, investimento. Só assim será possível ajustar efetivamente as políticas públicas à
João Carlos Basílio, realidade do setor produtivo, este o verdadeiro motor da inovação. As iniciativas do
José Manuel de Aguiar Martins, Senai e da Finep em avaliar seus editais de apoio, mostradas na reportagem, oferecem
Luiz Aubert Neto,
subsídios para se pensar em orientações a serem adotadas ou evitadas nessa missão.
Luiz Guedes, Luiz Amaral,
Merheg Cachum, Paulo Godoy e Mas nada adianta discutirmos maneiras de redefinir os rumos da política para a
Paulo Okamotto inovação sem apontarmos as falhas no campo econômico que vêm inviabilizando o
Diretoria: desenvolvimento tecnológico do País. Por este motivo, o Enitec terá um painel
Roberto Nicolsky, Marcos Oliveira, dedicado à desindustrialização. Uma prévia do panorama a ser apresentado no evento
Fabián Yaksic e Joel Weisz
pode ser conferida no artigo de Luiz Aubert Neto sobre a influência do câmbio. A
Pró-Inovação Tecnológica em Revista é página 2 traz o assunto sob outro enfoque, com a pesquisa da FGV que confirma a
uma publicação bimestral da queda da participação da indústria no PIB.
Sociedade Brasileira Ainda nesse espaço, mostramos a programação completa do Enitec, que, pela
Pró-Inovação Tecnológica primeira vez, terá um período dedicado à definição de linhas referenciais para o
planejamento estratégico da Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets). A
Expediente
Comercial e Marketing: decisão demonstra a determinação das entidades em seguirem com um trabalho cada
Alexandre Nicolsky vez mais coeso em favor do fomento público à inovação.
Coordenação editorial: Nos oito anos de Enitec acumulados até aqui, já obtivemos importantes avanços
Natália Calandrini por meio da interação das entidades no evento, como a criação da subvenção
Textos:
econômica e do mecanismo de dedução automática de gastos com P&D na Lei do Bem.
Natália Calandrini
Colaboração: Sem perder de vista a longa trajetória que ainda temos pela frente, devemos relembrar
Luciana Ferreira e comemorar as vitórias no Dia da Inovação (19 de outubro), sancionado este ano
Igor Waltz devido à proposta da Protec enviada ao Congresso Nacional em 2002.
Projeto e produção editorial: Na reportagem da página 8, adiantamos as novidades do Prêmio Inovar para
Ricardo Meirelles
Crescer, que será concedido nessa data. As empresas contempladas fizeram do
Diagramação:
Jessica Gama aperfeiçoamento de produtos e processos seu instrumento de competitividade.
Estagiárias: Esperamos que elas sirvam de inspiração para termos políticas públicas direcionadas à
Fernanda Magnani e inovação em seu sentido estrito. Ou seja: mais que a descoberta genial, o
Mayara Almeida aprimoramento continuado que, acessível e vital, consiste na chave para a
sobrevivência dos negócios.
Circulação: 5 mil exemplares
Roberto Nicolsky
Diretor-geral da Protec
.
Protec - Sociedade Brasileira
Sumário
Pró-Inovação Tecnológica Notas............................................................................................................................................ 2
Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - Centro Opinião – O câmbio e outros males que levam à desindustrialização ........................................ 3
Rio de Janeiro - RJ Capa – Avaliação de resultados: primeiro passo para as políticas públicas de inovação darem certo....4
CEP 20020-050
Tel.: (21) 3077-0800 Especial – Inovar para Crescer homenageia empresas que apostam na melhoria como inovação....8
Fax.: (21) 3077- 0812 Entrevista – Richard Macret revela como funciona o sistema de inovação da Rhodia..................10
revista@protec.org.br Espaço Rets................................................................................................................................ 12
www.protec.org.br
www.protec.org.br 1
4. notas
notas
Soluções conjuntas para a inovação Entre os dias 20 e 21 de outubro, as Entidades Tecnológicas
Setoriais (ETS), representantes do governo e de agências de
fomento à inovação estarão dedicados à discussão, avaliação e
proposição de políticas públicas durante o IX Encontro Nacional
da Inovação Tecnológica (Enitec). Com o tema “Políticas
públicas de inovação – resultados e proposições”, o evento será
realizado pela Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica
(Protec) no São Paulo Center. Um dos destaques da programação
será a definição das linhas referenciais para o planejamento
estratégico das ETS e sua rede (Rets), seguindo a proposta
sugerida pelas próprias entidades em sua última reunião, em
setembro. Para fomentar o debate, está no ar o blog Fórum Rets
(forumrets.zip.net), em que as ETS podem publicar suas
sugestões para o trabalho.
Outros assuntos a serem abordados no evento são o poder de
compra do Estado e os riscos de desindustrialização, processo
que vem fazendo setor produtivo brasileiro perder conteúdo
tecnológico. O Enitec incluirá, ainda, a análise de resultados de
projetos apoiados pelo Senai, realizada pela Protec (veja a matéria
de capa, na pág. 4), além da tradicional avaliação e formulação de
propostas para a subvenção econômica e as linhas de
financiamento à inovação. Para mais informações sobre o Enitec,
acesse: www.protec.org.br.
Setor industrial encolhe
A indústria de transformação per capta variava entre US$ 8 mil e Se a dívida dos anos 80 e a abertura
brasileira atingiu a mais baixa participa- US$ 11 mil, aumentando a demanda comercial da década de 90 explicam a
ção no Produto Interno Bruto (PIB) pelo setor de serviços, que pode ocupar desindustrialização nacional de antes,
desde 1947, quando o setor ainda estava parte do papel da indústria na econo- hoje o câmbio valorizado é um dos
pouco estruturado e o Brasil era um país mia. Mas a desindustrialização aqui, fatores que mais contribuem para o
agrícola. Na época, o segmento respon- segundo o estudo, começou na década processo. Este se manifesta na importa-
dia por 16% do PIB. Em 2004, o percen- de 80, quando a renda média era ção de insumos, peças, componentes e
tual caiu para 19,2% e, no ano passado, inferior a US$ 4 mil. até produtos acabados, desarticulando
ficou em modestos 15,5%. Os dados as cadeias produtivas. Porém, o estudo
foram apontados em levantamento da também aponta elementos conjunturais
Fundação Getúlio Vargas (FGV), que (como a recessão dos países ricos),
reuniu estatísticas de contas nacionais permanentes (o efeito-China, por
do Instituto Brasileiro de Geografia e exemplo) e os altos custos de produção.
Estatística (IBGE), além de analisar
estudos internacionais. As conclusões
da pesquisa reforçam a existência de um
processo de desindustrialização, como
será debatido no IX Enitec.
Uma comparação recuperada pelo
Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi)
indica um peso ainda menor da
indústria do Brasil sobre o PIB, de 14,4%
em 2008, enquanto na China ele era de
35,4% e na Argentina, de 16,8%. O
trabalho da FGV conclui que o Brasil
chegou "muito cedo" a um processo de
desindustrialização. Em outros países,
o fenômeno aconteceu quando a renda
2 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 3 - setembro/outubro 2010
5. opinião
opinião
Foto: Divulgação Abimaq
E o câmbio continua matando
Luiz Aubert Neto
T emos chamado a atenção, insistente-
mente, para o processo de desindustri-
alização e desnacionalização que vem
Apesar de todas as oportunidades
existentes, a indústria vive um momento
de incertezas, diante de um paradoxo que
ocorrendo no Brasil. Nos últimos 20 anos, merece explicação clara por parte do
passamos de 5º maior produtor mundial governo. Se, por um lado, a indústria de
de máquinas e equipamentos a um máquinas – que produz bens de alto valor
modesto 14º lugar. A verdade, compro- agregado, que gera desenvolvimento ao mesmo período de 2009. Em 2005, a
vada diversas vezes em números, é que a tecnológico, que oferece empregos China não aparecia entre os 10 principais
indústria de transformação do Brasil está qualificados e que paga os melhores países de origem das nossas importações.
sem condições de competir em igualdade salários da indústria de transformação – Hoje já é o terceiro colocado e, ainda em
com as demais indústrias instaladas busca a sua sobrevivência, convivendo 2010, deverá ser o segundo, superando,
mundo afora. O mais duro desta consta- com crédito extremamente caro e de curto inclusive, a Alemanha, o maior fabricante
tação é que a perda de competitividade prazo, por outro lado, o setor financeiro de bens de capital do mundo.
não ocorre do portão para dentro das vem batendo recordes de lucratividade. Diante deste cenário, não nos restou
nossas empresas, ou seja, há décadas a No último trimestre, ele foi o mais outra alternativa senão pedir, em caráter
indústria vem dando demonstração de lucrativo de todos os setores, com lucro emergencial, o aumento da alíquota do
força, de melhoria constante da produtivi- líquido de R$ 10,1 bilhões, ficando, Imposto de Importação de 14% para
dade, de desenvolvimento e inovação inclusive, à frente do segmento de 35%. Após a realização de um estudo
tecnológica, em uma luta constante pela petróleo e mineração. O sistema finan- aprofundado, chegamos à conclusão de
sobrevivência. Somente quem vive o dia a ceiro é altamente competente e nós somos que esta é a única medida capaz de
dia do chão de fábrica sabe o quanto é um bando de incompetentes? Não há minimizar a perda de competitividade
difícil produzir neste País. nada de errado na política econômica? da indústria de máquinas frente aos
Para mim, a resposta é simples e óbvia: concorrentes internacionais.
falta uma política industrial séria, que Alguns vão dizer que tal medida se
privilegie o investimento produtivo em configura protecionismo ou reserva de
“
vez do não produtivo, da mesma forma mercado. Em nossa opinião, tal argumento
Nos últimos que os países hoje desenvolvidos não se sustenta, pois só se poderia falar em
20 anos, o Brasil compreenderam que a industrialização é proteção se a indústria nacional estivesse
o caminho para o desenvolvimento. É concorrendo em condições de igualdade,
passou de 5º maior sempre bom lembrar que, para proteger as ou seja, se houvesse isonomia. Também
produtor mundial suas indústrias até se tornarem fortes, vale ressaltar que outros setores da
de máquinas e
equipamentos a
um modesto
“ esses países adotaram a seguinte política:
desoneração total dos investimentos,
câmbio e financiamento competitivos,
incentivo às exportações de bens de alto
valor agregado, desenvolvimento e
economia contam com uma alíquota de
35%, a nosso ver uma proteção justa, pois
sem ela esses setores já teriam sido extintos.
O momento é de atenção e o aumento
da alíquota se faz necessário para dar
14º lugar inovação tecnológica. Um bom e recente sobrevida às nossas indústrias, pelo
exemplo é a Coreia do Sul. menos enquanto tivermos que conviver
Mas, enquanto essa política industrial com um câmbio que inviabiliza o
não é implementada, não podemos processo produtivo.
Os desafios são enormes: custo Brasil – continuar reféns de um câmbio que, de O governo precisa ter a sensibilidade
que torna os produtos brasileiros cerca de forma acelerada, vem sendo o grande de que o remédio imediato é o aumento
43% mais caros (caso da indústria de vilão do processo de desindustrialização da alíquota de importação, ou conti-
máquinas) –, taxas de juros mais altas do e desnacionalização vivenciado pela nuaremos a assistir o câmbio a matar as
mundo, carga tributária que representa cerca indústria de transformação. Para se ter nossas indústrias.
de 35% dos nossos custos, e taxa de câmbio – uma ideia, no caso do setor de máquinas e
que impõe uma perda irreparável ao setor equipamentos, o déficit acumulado da Luiz Aubert Neto é presidente da
produtivo, pois faz com que a indústria fique balança, de 2004 a 2010, já é superior a Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e
menos competitiva nas exportações e, por US$ 43 bilhões. Somente as importações
participará do painel “Riscos de
outro lado, abre o mercado brasileiro aos vindas da China cresceram cerca de 57% desindustrialização” do IX Encontro
produtos importados. no primeiro semestre de 2010, comparado Nacional da Inovação Tecnológica (Enitec)
www.protec.org.br 3
6. capa
Capa
Desde que foi regulamentada a Lei de Inovação, há cinco
anos, a cultura empresarial e os mecanismos de incentivo só
fizeram evoluir no Brasil. Ainda que se aponte a necessidade
de mais investimentos, anualmente eles vêm crescendo. O
que falta agora é o governo e as agências de fomento
avaliarem com consistência se suas ações têm obtido êxito, o
que significa retorno econômico para a sociedade. O Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) deu este passo,
contratando uma auditoria externa para conferir os
resultados dos projetos de inovação que apoia. Como
consequência da ousadia em verificar os próprios erros e
acertos, a entidade já começa a estudar aperfeiçoamentos em
seu edital. Essa e outras experiências, abordadas nesta
reportagem, serão tema do IX Encontro Nacional da Inovação
Tecnológica (Enitec), que será realizado nos dias 20 e 21 de
outubro, em São Paulo.
Políticas públicas de
inovação: avaliar é preciso
O Senai decidiu verificar este ano os
resultados de seu Programa de
Inovação, contratando a consultoria
propostas apresentadas por iniciativa do
Senai e por iniciativa da empresa.
Quase 54% dos projetos apresentados
zação e o retorno econômico do produto
desenvolvido. Inclusive, a exigência do
plano de negócio passou a ser adotada no
externa da Sociedade Brasileira Pró- por empresas já tiveram boa inserção no edital de subvenção da Finep”, defende o
Inovação Tecnológica (Protec), que mercado. O relatório apresenta uma diretor-geral da Protec, Roberto Nicolsky,
firmou parceria com o Instituto de síntese dos fatores que contribuíram para coordenador do estudo.
Economia da Universidade Federal do a inserção dos produtos e processos no O Programa de Inovação, de
Rio de Janeiro (UFRJ). Foram avaliados mercado: escolha adequada da empresa abrangência nacional, já segue nessa
42 projetos apoiados nos editais lançados parceira (84,6% dos casos), plano de linha, por contemplar propostas
entre 2004 e 2007, por meio de entrevistas negócios consistente (61,5%), conjuntura elaboradas pelas diretorias regionais do
presenciais com técnicos das diretorias de mercado favorável (53,8%) e comple- Senai em parceria com indústrias locais
regionais do Senai e com visitas às xidade tecnológica baixa (61,5%). para o desenvolvimento de produtos,
empresas participantes. A equipe da “A conclusão confirma que o foco no processos e serviços. Segundo o gerente
pesquisa mensurou o sucesso dos mercado, principalmente por meio da executivo do Departamento Nacional do
projetos do ponto de vista da inserção no elaboração de um plano de negócio, é Senai, Orlando Clapp Filho, a instituição
mercado, criando dois indicadores: fundamental para garantir a comerciali- considera central que os projetos de
4 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 3 - setembro/outubro 2010
7. Capa
inovação tecnológica sejam incorporados Recomendações analisadas (24) corresponde a menos de
como negócio pelas empresas. O estudo recomenda que os editais 8% do total de 322 apoiadas nos editais de
“Desta forma, adotamos como futuros deixem de exigir o chamado 2006 e 2007. Outra reclamação foi
indicador de desempenho o percentual caráter inovador para o projeto. “A direcionada à falta de transparência na
de projetos concluídos, que apresenta a característica pode desestimular a avaliação, baseada em dados das próprias
evidência formal dessa incorporação. E apresentação de projetos de aprimo- empresas, sem auditoria externa.
entendemos que a confiabilidade do ramento de produtos ou processos, com Ainda assim, a iniciativa de começar a
indicador terá seu maior reconhecimento rápida execução, porém alto impacto medir resultados conta como ponto
sendo produzido por terceira parte”, econômico”, diz Nicolsky. Outra positivo. A avaliação continuará a ser
afirma, referindo-se à contratação da sugestão é a incorporação de juízes feita anualmente, porém ainda no mesmo
consultoria externa. externos para compor, junto com o corpo formato. Este ano, foram convidadas a
Foto: Divulgação Senai técnico do Senai, uma mesa avaliadora participar 44 empresas, com 47 projetos
para a seleção dos projetos beneficiados, dos editais de 2006 e 2007, que receberam
conferindo credibilidade e multi- integralmente a verba até abril deste ano.
plicidade de visões ao processo. Elas já começaram a preencher o
Um dos principais méritos do questionário, que foi ampliado e inclui
Programa Senai de Inovação apontados dados como percentual de gastos com
no relatório é a alta capilaridade na pesquisa e desenvolvimento, aquisição de
concessão dos incentivos, promovendo a softwares e equipamentos, continuidade
inovação com base nas vocações econômi- das atividades do projeto no período,
cas e o conhecimento tecnológico alcance geográfico da inovação, se projeto
acumulados nas regiões do Brasil. O ainda está em protótipo ou foi convertido
levantamento realizado ajudará também em produto, e de onde virão os recursos
nessa missão, pois mede o desempenho para lançá-lo no mercado. Em novembro,
dos estados, podendo orientar a distribui- será realizado o seminário. A avaliação
ção de recursos. Amorim, do Senai, terá doutores de universidades e
destaca que a participação ativa da institutos de pesquisa como consultores
entidade nos projetos, aliando apoio externos. “Mais adequado seria a
técnico e financeiro, tem se mostrado o incorporação de profissionais de
caminho correto. mercado, capazes de analisar os resulta-
O Senai, segundo o analista, já estuda dos do ponto de vista de negócio e não
a aplicação de aperfeiçoamentos no edital acadêmico”, diz Nicolsky, da Protec.
a partir dos resultados da avaliação, como Luiz Coelho, superintendente da área
“
de Financiamento da Finep, admite a
O Senai adotou revisar a estrutura do plano de negócio
possibilidade de, futuramente, entidades
exigido, verificando se o estudo de
como indicador de viabilidade técnico-econômica atende às e associações da área tecnológica serem
desempenho a necessidades, e reforçar a capacitação dos convidadas para reforçar o time de
representantes regionais. “Consta-tando auditores, sempre mantendo as regras de
incorporação da “ que o edital está conseguindo cumprir em sigilo tecnológico. Ele destaca os
inovação tecnológica boa parte o objetivo de inserção no desdobramentos já obtidos com a
primeira avaliação, que subsidiou em
como negócio mercado, temos motivos para fortalecê-lo
grande parte as mudanças feitas no edital
com orçamentos cada vez maiores,
pelas empresas aumentando o número de empresas de subvenção econômica de 2010. Coelho
apoiadas”, ressalta Amorim. afirma que as críticas das entidades
Orlando Clapp setoriais e da Protec também foram
Análise da subvenção econômica incorporadas. “Afinal, a subvenção é para
Já com o acompanhamento consolida- a indústria”, ressalta.
De acordo com Alysson Andrade do nas linhas de capital semente e As principais mudanças positivas no
Amorim, analista da Gerência de financiamento, a Financiadora de Estudos edital foram a limitação do valor liberado
Inovação Tecnológica do Senai Nacional, e Projetos (Finep) começou a avaliar os ao faturamento da empresa, a exigência
desde o início a instituição avalia resultados da subvenção econômica em de comprovação de que ela está ativa,
internamente o resultado dos projetos, 2009. As empresas responderam a um com objeto social compatível com o
por meio das sugestões e críticas feitas questionário e apresentaram os desdobra- projeto e registrada há mais de um ano e
pelos interlocutores das unidades mentos dos projetos em um seminário meio. As medidas evitam que empresas
estaduais. Com a experiência, o edital foi fechado, sob críticas das entidades sejam criadas apenas para concorrer à
sendo aperfeiçoado. A auditoria externa setoriais ao modelo adotado e a abrangên- subvenção e aumentam as chances de
busca aprofundar as avaliações já feitas. cia restrita – o universo de companhias acesso do setor produtivo aos recursos.
www.protec.org.br 5
8. Capa Foto: Divulgação Abinee
Foto: João Luiz Ribeiro / Divulgação Finep
co. “Os gestores da subvenção começari-
am a ser cobrados como gestores de um
fundo econômico. Quanto deu sua taxa
de sucesso este ano? E no próximo,
quanto ela será?”.
Mas, pondera Freire, alguns questio-
nam que os projetos de novas descober-
tas, que são de alto risco, seriam excluídos
se adotado o parâmetro do resultado
econômico. “Se fosse usado um sistema
que mesclasse os dois tipos de inovação, o
gestor público trabalharia com uma taxa
de falha, mas com o retorno econômico
também”. Segundo ele, o mesmo vale
para bolsas, financiamentos e outros
“
mecanismos de fomento. “Estaremos
“ mais afinados para redirecionar esforços
inovadores no futuro”.
Se as políticas
públicas não
“
Na opinião de Fernando Varella,
A subvenção é consultor da Protec, as agências de tiverem os impactos
para a indústria fomento não têm dado a devida atenção à econômicos
avaliação dos resultados dos projetos
mensurados, quem
Luiz Coelho
Os riscos da falta de avaliação
apoiados. “Com exceção do Senai, não há
auditoria externa. Esse tipo de ação
confere a transparência que vem sendo
cobrada insistentemente pela sociedade,
em especial pelas entidades de representa-
pode levar a culpa
pelo baixo aumento
da inovação é
“
Diretor de Tecnologia da Associação
Brasileira da Indústria Elétrica e
ção empresarial”, pontua. “Por exemplo, a indústria
quais foram os resultados da subvenção
Eletrônica (Abinee), Nelson Freire reforça
econômica? Ela possibi-litou o lançamento
que projetos de inovação precisam ser
de quantos produtos no mercado, quanto Nelson Freire
monitorados, especialmente os da
de retorno financeiro para as empresas e
subvenção econômica. Para ele, se a
subvenção não for eficiente, corre o risco
de ser questionada pelo governo quanto à
sua adequação para fomentar a inovação.
“Se as políticas públicas não tiverem
De olho no mercado, sucesso garantido
os impactos econômicos mensurados, Quando o projeto de inovação ria do Senai em 2007 e desenvolveu
quem pode levar a culpa pelo baixo surge em uma empresa produtiva, um novo processo de produção para
aumento da inovação é a indústria. com base em necessidades reais retirar a granulação das telhas e
Perderíamos um processo necessário para detectadas no mercado, suas chances esmaltá-las. O projeto foi criado a
as empresas brasileiras competirem no de dar certo aumentam conside- partir da demanda local pelo produto,
mundo. A subvenção não deve ser a ravelmente. Esses fatores de sucesso que, inexistente na região, era
fundo perdido e sim um fundo de muito puderam ser comprovados na comprado no Sul do País pelos
retorno econômico”, diz Freire. Ele cita avaliação de resultados do Programa moradores. Apesar de ainda não ter
como exemplo a linha da Finep para Senai de Inovação. O estudo fornece lançado as telhas esmaltadas (o que
alocar mestres e doutores nas empresas, exemplos inspiradores para outros será feito após a inauguração da nova
que teve demanda inferior à oferta, pois modelos de apoio às empresas. A fábrica em construção), a Ceramitelha
os requisitos do edital não atendiam às Ceramitelha é um deles, por ter melhorou a qualidade de seu produto
companhias. Mas poderia parecer que conseguido incrementar o negócio já tradicional, economizou na fabricação
houve desinteresse do setor. no processo de desenvolvimento, e aumentou as vendas de 350 mil para
Para ele, o compartilhamento das antes mesmo do produto ir para o 850 mil peças por mês.
informações sobre o retorno econômico mercado. Interessada em melhorar
da inovação por parte das empresas suas telhas cerâmicas de barro
deveria ser uma condicionante estabele- vermelho, a empresa buscou a parce-
cida no edital de subvenção e em
contrato, preservado o segredo tecnológi-
6 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 3 - setembro/outubro 2010
9. Capa
criou quantos empregos?”, questiona.
Para o consultor, esses são os
resultados que importam, pois têm
impacto social. Ele ressalta a iniciativa da
Lei para o bem da inovação
Finep de realizar mudanças nas regras do
edital de 2010 do programa de O Ministério da Ciência e fiscal efetiva”, revela Ronaldo Mota,
Subvenção Econômica como uma Tecnologia (MCT) analisa anual- secretário de Desenvolvimento
demonstração de cuidado com o melhor mente os relatórios da Lei do Bem, Tecnológico e Inovação do MCT.
uso do dinheiro público. que concede incentivos fiscais para Apesar das críticas quanto ao fato
Avanços ainda maiores poderiam empresas que invistam em ativida- de impossibilitar o acesso das
ser obtidos se as agências investissem des de pesquisa, desenvolvimento e pequenas empresas, a Lei do Bem
em avaliações aprofundadas dos inovação tecnológica. Trata-se de tem se mostrado um dos mais
resultados das inovações. Assim, uma análise documental, em que se eficientes mecanismos de fomento.
poderiam perceber ou confirmar fatores verifica a conformidade das Em 2006, 130 empresas declararam
indispensáveis para o sucesso dos informações e das atividades investimentos de aproximadamente
projetos. Na visão de Varella, por descritas com a lei, ou seja, verifica a R$ 2,2 bilhões. Já em 2007, os
exemplo, o baixo nível de inovação coerência do investimento com o números pularam para 299 empresas
tecnológica na economia brasileira tem beneficio usufruído. declarando mais de R$ 5 bilhões. No
relação com o reduzido apoio financeiro A avaliação relativa ao exercício ano passado (relativamente ao ano
do governo e o compartilhamento de de 2009 deve ser concluída até o fim de 2008), foram 460 empresas e os
riscos, existentes em todo projeto de de outubro. “Podemos adiantar que investimentos atingiram mais de R$
inovação. “Muitos países já compreen- os prognósticos indicam que teremos 8 bilhões. Em apenas três anos, o
deram que, por causa disso, o governo investimentos entre R$ 8,5 e R$ 9 incremento do número de compa-
precisa ser parceiro das empresas nos bilhões, o que significará algo em nhias é da ordem de 240% e de
riscos. O Brasil encontra nesse aspecto torno de R$ 1,2 bilhão de renúncia valores, 270%.
um dos grandes gargalos de suas
políticas públicas”, avalia Varella.
O desafio de desenvolver indicadores
O ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT) conta com a Coordenação
Geral de Indicadores, responsável por
auxiliem na revisão das metas para a
C&T. Também cria base para a compara-
ção com o desempenho de outros países
ção de indicadores de impacto. Uma
delas é o fato de o conceito de inovação
em governo e indicadores para medir
levantar informações sobre a execução e para as agências de fomento monitora- seus efeitos ainda estão sendo elabora-
das políticas de ciência e tecnologia e de rem suas políticas. dos internacionalmente. Hoje, os
desenvolvimento produtivo em todo o Porém, o consultor da Protec, indicadores da Coordenação são
País. O levantamento é dividido entre os Fernando Varella, contesta a adoção de produzidos a partir de dados coletados
chamados indicadores de insumos e os artigos científicos e patentes como em fontes como o Sistema Integrado de
de resultado. Os primeiros incluem os parâmetro para se medir resultado de Administração Financeira do Governo
gastos em P&D e atividades científicas e inovações. Segundo ele, a inovação, que Federal (Siafi) e a Pesquisa Industrial de
técnicas correlatas realizados pelo consiste em melhoramentos, em geral Inovação Tecnológica (Pintec) do
governo federal, estados e empresas, não se traduz em patente, que se refere a Instituto Brasileiro de Geografia e
além dos recursos humanos dedicados a descobertas. Segundo ele é por isso que Estatística (IBGE).
essas atividades. O segundo grupo vemos o Brasil no 13º lugar no ranking Segundo Mariana, a metodologia
consiste na produção científica, internacional de artigos científicos de adotada será revista para ampliar os
verificada pelo número de artigos 2008, porém na 68ª posição no ranking indicadores relacionados às empresas,
publicados, e na quantidade de patentes mundial de inovação de 2010, produzido incluindo segmentos não cobertos pela
pedidas e concedidas. pela escola mundial de negócios Insead. Pintec, como os de energia e construção
O objetivo dos indicadores gerados é A coordenadora Geral de Indicado- civil. Outra mudança será contabilizar os
monitorar o desempenho das políticas res do MCT, Mariana Rebouças, explica dispêndios das secretarias de Ciência e
públicas, oferecendo informações que que ainda há limitações para a elabora- Tecnologia dos municípios.
www.protec.org.br 7
10. especial
especial
Prêmio Inovar para Crescer
destaca aperfeiçoamentos
que fazem a diferença .
I novar: tornar novo, renovar; introduzir
novidade em algo. Essa é a definição do
dicionário Aurélio para um dos termos
mais usados da atualidade. Porém, ela
passa uma noção bem diferente daquela
que vem se cristalizando no imaginário
social, referenciado nas descobertas
revolucionárias de gênios criativos. É
para difundir o conceito de inovação
como atividade incremental que o Prêmio
Inovar para Crescer presta homenagem a
empresas que fizeram do aperfeiçoa-
mento constante de produtos e processos
um fator de competitividade. A premia-
ção será realizada em uma cerimônia no conseguir crescer e a disposição para tecnologia e valor agregado para atender
Dia da Inovação, em 19 de outubro, inovar, apesar das dificuldades, revelada demandas de mercado”, declara Bruno
antecipando o IX Encontro Nacional da pelas jovens empresas”, explica o gerente Gouvea, diretor do Grupo Giga, do qual
Inovação Tecnológica (Enitec). Comercial e de Marketing da Protec, a empresa faz parte.
Oferecido pela Sociedade Brasileira Alexandre Nicolsky. .
Pró-Inovação Tecnológica (Protec) em Escolhida para a categoria Revelação, Fortalecimento da imagem institucional
parceria com o Senai, o Prêmio Inovar a Nibtec – hoje Giga Security – desenvol- O laboratório farmacêutico Cristália
para Crescer ganhou novos nomes para ve e fabrica produtos para segurança foi contemplado com o Prêmio em 2009.
algumas de suas categorias. Grande eletrônica, como leitores para controle de Para o presidente da empresa, Ogari
Empresa se tornou Visão; Média acesso por radiofrequência e biométri- Pacheco, o reconhecimento formal
Empresa, Estratégia; e Pequena Empresa, cos. “É com grande honra e felicidade contribuiu para colocar o Cristália na
Revelação. “Com a novidade, buscamos que recebemos da Protec o reconheci- vitrine do setor. “Fortalecemos nossa
valorizar a visão de futuro de companhi- mento de um ideal que nosso time imagem institucional, o que ajudou na
as hoje consolidadas, a estratégia sempre buscou: o ideal de fabricação contratação de novos talentos e motivou
consistente daquelas que inovaram para competitiva nacional de produtos de alta empresas transnacionais a buscarem nossa
Conheça as empresas que serão premiadas
Visão: Estratégia: Revelação:
Embraer Altus Sistemas de Informática Nibtec
No mercado há mais de 40 anos, já É líder nacional no uso de tecnologia Incorporada pelo Grupo Giga em
produziu cerca de 5 mil aviões, que própria no setor de automação e controle 2008, a empresa passou a se chamar
operam em 88 países. Seu portfólio de processos industriais. Foi pioneira no Giga Security e se destaca no mercado
revela a inovação permanente. Em desenvolvimento e fabricação de de segurança eletrônica. Desen-
1999, se destacou ao lançar uma controladores programáveis na América volveu tecnologias de identificação
aeronave de médio porte para rotas Latina. A Altus possui matriz no Polo de por radiofrequência e biometria cujo
regionais, um mercado até então não Informática de São Leopoldo (RS), nove retorno permitiu aumentar os
explorado. Em seu Centro de filiais no Brasil e operações na investimentos em P&D. A escolha da
Realidade Virtual, realiza simulações Alemanha, Argentina, Chile e Estados empresa também pretende
para configuração de novas Unidos. Participa de redes mundiais de homenagear o polo tecnológico de
aeronaves e reduz o tempo de empresas que se unem para oferecer eletroeletrônicos de Santa Rita de
desenvolvimento dos produtos. soluções globais e produtos inovadores Sapucaí (MG), conhecido como Vale
para seus clientes. da Eletrônica.
8 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 3 - setembro/outubro 2010
11. Foto: Divulgação Grupo Giga
especial
“ Recebemos da
Protec o reconhecimento
de um ideal: a fabricação
nacional competitiva
de produtos de alta
tecnologia e valor
“
Um dia dedicado
à inovação
O Dia da Inovação passou a ser
oficialmente celebrado em 19
de outubro a partir deste ano, com a
agregado, voltados sanção da Lei 12.193/2010 – uma
para o mercado sugestão encaminhada pela Protec
para o Congresso Nacional em 2002.
A intenção é valorizar a perseverança
Bruno Gouvea dos inovadores em busca da
parceria. Muitos pesquisadores tiveram a
iniciativa de nos apresentar projetos, ao introdução sistemática de novidades
mesmo tempo em que o relacionamento abordagem mais técnica, aumentarão sua em produtos ou processos, em vez
universidade-empresa foi facilitado”, produtividade. Ganharão velocidade na das descobertas complexas, onerosas
conta. “Ações como essa retroalimentam o condução de ações permanentes, com e de alto risco tecnológico. A data
espírito de pesquisa e inovação que existe resultados mais consistentes, criando um escolhida foi quando Alberto Santos
em nossa empresa”, acrescenta. ciclo virtuoso no ambiente de negócio”, Dumont, brasileiro conhecido como
Na avaliação de Rafael Lucchesi, defende Lucchesi, pontuando outro Pai da Aviação, circundou pela
diretor de Operações da Confederação papel importante exercido pelo Prêmio. primeira vez a Torre Eiffel, em seu
Nacional da Indústria (CNI) – instituição “Ao se lançar luz sobre o que vem sendo dirigível nº 6, no ano de 1901. O feito
apoiadora do Prêmio –, a inovação está feito pelo empresariado, é possível cobrar só foi possível graças a uma série de
mais presente na rotina das empresas do maior efetividade das políticas públicas. inovações anteriores. Em 1900, o
que as descobertas. Porém, em muitos Por isso, a CNI é parceira da Protec desde magnata do petróleo Henry Deutsch
casos, esses processos não são notados. sua instituição. Acreditamos no prêmio e ofereceu um prêmio de 100 mil
Para ele, o prêmio Inovar para Crescer na entidade”, declara. francos a quem partisse de Saint
contribui para despertar essa percepção “O reconhecimento da atuação Cloud e, sem tocar na terra,
entre as companhias, na medida em que destacada das empresas conforme os contornasse a Torre Eiffel e
rastreia as melhores práticas do setor requisitos do Prêmio Inovar para Crescer regressasse ao ponto de partida em
produtivo, documenta casos de sucesso e é um importante estímulo à adoção da até 30 minutos. Dumont aperfeiçoou
difunde as informações. inovação no ambiente empresarial”, seu dirigível nº 4 para diminuir o
“Se as empresas conseguirem finaliza o diretor-geral do Departamento peso da estrutura. Após testá-lo e
identificar o conjunto de atividades de Nacional do Senai, José Manuel de melhorá-lo, desenvolveu o nº 5, com
inovação que já fazem e adotarem uma Aguiar Martins. o qual sofreu dois acidentes. Somente
após aperfeiçoar novamente sua
máquina conseguiu cumprir o
objetivo, vencendo a competição.
Personalidade Inovadora: Personalidade Inovadora In Memoriam:
Egon João da Silva Carlos Chiti
O administrador foi um dos três Inovador e empreendedor por natu-
fundadores da fábrica de motores WEG, reza, Carlos Chiti foi co-fundador e
na pequena cidade catarinense de presidente do Conselho Consultivo das
Jaraguá do Sul. Desde o início, em 1961, Indústrias Romi, empresa produtora
Silva criou na empresa a cultura da de máquinas a que se dedicou durante
inovação, em um cenário em que a 80 anos. Italiano de nascimento, foi
proteção do mercado interno por meio de quem propôs a fabricação do veículo
barreiras alfandegárias desestimulava o italiano Romi Isetta, que se tornou o
investimento em tecnologias locais. A primeiro a ser produzido integral-
postura garantiu a sobrevivência e o mente no Brasil, na década de 50. Entre
crescimento da WEG do período de os legados deixados por Chiti, está o
abertura comercial até hoje. perfil inovador assumido pela Romi,
que possui mais de 60 patentes.
www.protec.org.br 9
12. entrevista
Entrevista
Richard Macret
Entre o radical e o incremental,
Rhodia segue na rota da inovação
para o mercado
Foto: José Carlos Brasil / Divulgação Rhodia
N o carro, no creme dental, nas
roupas, no xampú e até nos
alimentos, ela está presente. Empresa
mundial de química de especialidades, a
Rhodia investe 1% de seu faturamento no
Brasil (algo em torno de R$ 27 milhões) em
pesquisa e desenvolvimento (P&D) para
fornecer insumos inovadores para setores
que vão desde o agroquímico até o
eletroeletrônico. Em seu centro de
pesquisa em Paulínia (SP) – um dos cinco
que mantém no mundo –, possui 50
projetos em andamento, com mais de 100
profissionais ao todo. Entre as linhas de
pesquisa, estão os produtos químicos de
origem renovável, como a glicerina, e fios
têxteis com funcionalidades, por exemplo
proteção contra raios UV e eliminação do
mau cheiro do suor.
Apesar da superestrutura, a Rhodia
aposta no equilíbrio entre projetos de alto
risco e de baixo risco, como os de novos
usos para produtos já existentes. É o caso
da sílica para pneus que foi adaptada para
aplicação em ração para frangos. O
portfólio da empresa está longe de focar
apenas em novos produtos de altíssima
tecnologia, como muitos poderiam pensar.
Mais importante para a Rhodia é a
sustentabilidade financeira e ambiental da
inovação, como conta o diretor de P&D da
Rhodia América Latina, Richard Macret,
que também analisa os mecanismos
brasileiros de incentivo à inovação, um
dos temas do IX Encontro Nacional da
Inova-ção Tecnológica (Enitec). Quem
confirma o sucesso da fórmula de
inovação da Rhodia é o mercado. Não à
toa a empresa faturou US$ 1,03 bilhões no
País em 2009.
10 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 3 - setembro/outubro 2010
13. entrevista
Entrevista
Como está estruturado o sistema de probabilidade do risco e o impacto
“
inovação da Rhodia no Brasil? financeiro? Se forem altos, o projeto não
Richard Macret: Recebemos demandas vai para frente. Fazemos essa avaliação Para medir a
internas ou de clientes e tentamos
transformá-las em algo que gere dinheiro
em todas as etapas de desenvolvimento. performance de
Em cada uma, temos mais informações
para a empresa. Existe uma planilha com para avaliar melhor e decidir. Enquanto P&D, calculamos o
vários critérios para avaliá-las e selecio-
ná-las: o mercado potencial; o tempo
não eliminamos os riscos, o projeto não percentual de
anda. Apesar de simples, a análise é
necessário para o desenvolvimento; a faturamento obtido
probabilidade de sucesso; se vai ser algo
totalmente inovador que precise de
parceiros externos e assim por diante. Do
fundamental para não desperdiçarmos
nem recursos, nem uma ideia que pode
trazer muito retorno.
com produtos
criados há menos
“
início ao fim, toda a empresa é envolvida
no processo de inovação. Por exemplo,
E quanto ao portfólio de projetos?
R. M.: Quanto mais o projeto for de
de cinco anos
para avaliar o mercado, entra a equipe de ruptura tecnológica, maior será o risco.
Marketing. Não é o pessoal de pesquisa e Procuramos ter um portfólio balanceado
desenvolvimento que tem como saber de projetos de alto risco e de baixo risco. que melhora a circulação. Quando
quanto o mercado está disposto a pagar O resultado que vale para a empresa é o começamos a desenvolvê-lo, não
por um produto. Depois da seleção, as do portfólio. Cerca de 20% dos projetos investiríamos em um laboratório para
ideias viram projetos de P&D, que são de de inovação chegam ao final. Porém, o realizar os testes. Então, fazemos
diferentes tipos. Um deles é o de novos mais importante é ver a qualidade desse parcerias com instituições que saibam o
produtos. Outro é o de aplicação, em que percentual. Não adianta termos 70% de que fazer e tenham reconhecimento no
pensamos novos usos para um produto desenvolvimentos realizados e as vendas mercado, pois respeitabilidade é impor-
existente. Um terceiro tipo de trabalho serem péssimas. tante para o cliente.
são estudos de processo de produção, por .
exemplo, pensar como a fábrica vai Então o investimento maior da Rhodia Por que a escolha do Brasil como um
gastar menos energia. Na Rhodia, é na inovação, ou seja, no aperfeiçoa- dos cinco centros de P&D no mundo?
qualquer inovação que não tenha foco na mento de produtos, e não na ruptura R. M.: Não fazemos pesquisa básica. A
sustentabilidade é vetada. Logo no início tecnológica? política da Rhodia de P&D está baseada
do processo, perguntamos: o produto é R. M.: A ruptura não está na dificuldade no que o mercado demanda, então
tóxico? Esse processo será mais poluente? em fazer o produto, mas em seu beneficio. precisamos estar próximos dele e ver as
Em nossa visão interna, quem diz se é oportunidades. O Brasil é responsável
ruptura ou não é o mercado. Você pode pela P&D da América Latina. Então,
criar um produto complicado, com anos viajamos muito para Argentina, Peru,
“
de desenvolvimento, altíssima tecnologia
Quem diz se o e ninguém se interessar. Conside-ramos
México e outros países da região.
.
produto é uma ruptura produto novo aquele que o cliente
Como o senhor avalia as políticas
reconhecer como novo e estiver disposto
ou não é o mercado. a pagar mais por ele.
públicas de fomento à inovação?
R. M.: Avançou muito nos últimos anos.
Você pode criar um
produto de altíssima
tecnologia e ninguém
“ Como a empresa verifica o retorno do
investimento feito no desenvolvimen-
to de produtos?
R. M.: Para medir a performance de P&D,
A Lei do Bem representa um grande
avanço, porém é nova e precisa melhorar.
Ela tem uma insegurança jurídica grande,
como o entendimento quanto à deprecia-
se interessar calculamos o percentual de faturamento ção ser despesa de P&D ou não. A compra
obtido com produtos criados há menos de máquina é investimento, mas deprecia
de cinco anos dentro do total de vendas. com o tempo. Então, há empresa que
Fazemos hoje de 20% a 30%, mas inclui na dedução do imposto, outras que
Como funciona o sistema para redu- gostaríamos de chegar a 50%. não. Alguns aspectos não estão claros e
ção de risco de projetos inovadores? ficamos sem saber o que fazer. Nos editais
R. M.: Uma coisa é o risco do projeto e A Rhodia desenvolve produtos em da Finep [Financiadora de Estudos e
outra é o do portfólio de projetos. Em parceria? Projetos], é difícil de conseguirmos entrar,
cada projeto, há uma ferramenta de R. M.: Temos projetos realizados no pois os tópicos definidos para os projetos
análise de riscos. Verificamos desde a laboratório do cliente e outros em são muito específicos. Nossa posição é
possibilidade de a planta explodir até a parceria com universidades, neste caso que deveriam ser itens mais abertos. Já na
ocorrência de efeitos ruins na natureza ou em fase inicial de laboratório, buscando parceria com as universidades, ainda há
de o produto ficar caro demais para o competências que ajudam a acelerar o burocracia, mas elas estão bem mais
mercado. É uma análise simples: qual é a processo. Por exemplo, o fio de poliamida abertas às empresas que anos trás.
www.protec.org.br 11
14. espaço rets
espaço rets
Resultados da atuação em rede no Enitec
O IX Encontro Nacional da Inovação Tecnológica (Enitec) reunirá as Entidades
Associados da Rets
Abendi – Associação Brasileira de Ensaios
Tecnológicas Setoriais (ETS) para discutirem, junto a agências de fomento e governo, as
políticas públicas para a inovação tecnológica nas empresas brasileiras, além de Não Destrutivos e Inspeção
proporem mudanças necessárias. Representantes de ETS contam os resultados já
Abifina - Associação Brasileira das
obtidos por suas organizações a partir da participação em eventos anteriores:
Indústrias de Química Fina, Biotecnologia
Foto: Antonio Batalha / Divulgação Abifina e suas Especialidades
“O Enitec tem contribuído para a cristalização de
conceitos e formação de opinião, inclusive entre Abimo – Associação Brasileira das
aqueles que irão implantar as sugestões apresentadas. Indústrias de Artigos e Equipamentos
Em uma das edições do evento, Eduardo Costa, diretor Médicos e Odontológicos
do laboratório público Farmanguinhos, assumiu o
primeiro compromisso formal em priorizar os Abiquim – Associação Brasileira da
fabricantes nacionais de fármacos nas compras Indústria Química
públicas. Isso se consolidou na contratação de
empresas locais para a fabricação dos antiretrovirais ABM – Associação Brasileira de
lamivudina e zidovudina. O resultado da licitação Metalurgia, Materiais e Mineração
chegou a ser contestado na Justiça, que deu ganho de
Abraco – Associação Brasileira de
causa a Farmanguinhos. A vitória deu a segurança jurídica preliminar necessária para
Corrosão
incentivar o Ministério da Saúde a criar o marco regulatório do Complexo Industrial da
Saúde em 2008.”
Nelson Brasil de Oliveira Abravest – Associação Brasileira do
1º Vice-Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Química Vestuário
Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina)
Abripur – Associação Brasileira da
Indústria do Poliuretano
“A troca de experiências entre as entidades mostra novas possibilidades. A discussão ABTCP – Associação Brasileira Técnica de
sobre as ETS passarem a obter recursos do CNPq [Conselho Nacional de Celulose e Papel
Desenvolvimento Científico e Tecnológico] para projeto de interesse dos setores foi pauta
de mais de um Enitec. Em 2009, saiu o primeiro edital do CNPq em que as ETS puderam CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos
inscrever projetos de inovação. Foi o Edital MCT/CNPq nº 65/2009 - Entidades Setoriais
de Apoio a PD&I nas Empresas. A ABTCP inscreveu um projeto para a criação de FBTS – Fundação Brasileira de
indicadores de desempenho para pequenas e médias empresas e benchmarking no setor Tecnologia da Soldagem
de celulose e papel. Fomos contemplados com uma verba de R$ 350 mil.”
IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia
Afonso Moura do Couro, Calçado e Artefatos
Gerente Técnico da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP)
IPDEletron – Instituto de Gestão de
Pesquisa e Desenvolvimento para a
Indústria Elétrica e Eletrônica
“Uma grande contribuição do Enitec é a reunião de autoridades e técnicos envolvidos
com a formulação de políticas públicas para debaterem as questões que diretamente IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e
impactam no desenvolvimento tecnológico da indústria, resultando no avanço e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos
aprimoramento das políticas públicas, além da oferta de linhas e programas de Farmacêuticos
financiamento. Entre alguns dos desdobramentos de Enitecs anteriores, podemos
mencionar a flexibilização das condições dos novos editais e a abertura de um IPD-Maq - Instituto de Pesquisa e
importante espaço para discussões com instituições de fomento e organismos ligados Desenvolvimento Tecnológico da
ao desenvolvimento de políticas públicas.” Indústria de Máquinas e Equipamentos
Marina Kobayashi
Coordenadora de Assuntos Econômicos da Associação Brasileira da ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha
Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec)
Itehpec – Instituto de Tecnologia e
Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria
e Cosméticos
12 Pró-Inovação em Revista - Ano I - nº 3 - setembro/outubro 2010
15.
16. Veja o que o Senai pode fazer para sua indústria inovar
Serviços técnicos e tecnológicos
Assessoria Técnica e Tecnológica
Se o problema é a qualidade do produto ou a produtividade da empresa ou instituição, o Senai,
por meio de um trabalho de diagnóstico e recomendações, pode detectar e corrigir falhas no
campo da gestão, da produção e da execução de serviços.
Pesquisa Aplicada
Trabalho executado com o objetivo de desenvolver ou aprimorar produtos, processos ou
sistemas, utilizando uma ampla rede de laboratórios, centros de informação e de especialistas,
com foco na pesquisa de novos conhecimentos ou na compreensão dos já existentes.
Design
Atividade especializada, de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção
e desenvolvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que equacionem
sistematicamente dados ergonômicos, tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos,
com atendimento concreto às necessidades humanas.
Serviço laboratorial
A Rede Senai de laboratórios oferece serviços de calibração, dosagem, ensaio ou teste de
desempenho para qualificação de produtos e processos, preferencialmente fundamentada em
normas técnicas ou procedimentos sistematizados.
Informação tecnológica
Atividade que engloba busca, tratamento, organização e disseminação de informações,
possibilitando a solução de necessidades de natureza técnica e tecnológica referente a produtos,
serviços e processos, para promover a melhoria contínua da qualidade e a inovação no setor
produtivo.
Cursos sob medida
Um dos fatores críticos para o sucesso de sua empresa é possuir um quadro de funcionários
treinado, qualificado e atualizado. Seja qual for a necessidade de educação profissional de sua
indústria, o Senai tem solução para ela. Além dos 1.800 cursos, em 28 áreas industriais, regularmente
ministrados nas unidades operacionais do Senai, a organização oferece cursos especialmente
desenvolvidos para as necessidades de cada empresa. Com currículos e horários flexíveis,
concebidos para atender à demanda específica de cada cliente, os cursos sob medida do Senai
representam um forte diferencial para a sua empresa.
Aprendizagem industrial
Tão importante para a indústria quanto para a sociedade, a Aprendizagem Industrial está ligada às
origens do Senai. Hoje, revitalizada e adequada às novas necessidades do mercado de trabalho, a
modalidade também ganhou em flexibilidade e eficácia. Uma das alternativas criadas é a
aprendizagem na empresa , promovida nos locais em que não exista escola, curso ou vaga para
atender à demanda das indústrias.
A aprendizagem na empresa é resultado de uma parceria na qual ambos - Senai e empresa - têm
responsabilidades e atribuições bem definidas e negociadas. Criteriosamente planejados,
acompanhados, controlados e auditados, os cursos de aprendizagem na empresa representam a
possibilidade de unir o cumprimento às leis, o exercício da responsabilidade social e o treinamento
de futuros trabalhadores.
Consulte o Senai mais próximo e informe-se