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A resposta cristã para a dor
                                        Jó 19

INTRODUÇÃO

      O povo brasileiro é apaixonado por telenovelas. Elas fazem sucesso entre
homens,    mulheres, pais,    mães,    crianças, idosos, sogras, sogros,       jovens,
adolescentes e etc. Mas por que é que elas fazem tanto sucesso no meio do nosso
povo? Talvez seja o fato de que toda novela se conecta intimamente com a nossa
própria história – e claro, com a curiosidade das donas de casa. Novelas, filmes,
seriados entram em nosso mundo porque lidam com a doença, com grandes
paixões, nos imprimem o desejo pelo sucesso, revelam-nos os mistérios de outras
culturas, dá voz às minorias, tribos, estilos de vida, comportamentos e etc.

      Elas têm o poder de nos fazer sofrer com o destino de seu protagonista, rir
com suas graças, alimentar raiva de seus inimigos e nos emocionar com o seu final
feliz (na maioria dos casos). Histórias nos convidam para o seu mundo, e ainda hoje,
é a melhor forma de comunicar e influenciar comportamento.

      A Bíblia é um dos maiores arsenais de histórias do mundo; talvez possua a
coleção de histórias mais conhecida da humanidade. Uma dessas histórias é o
drama/novela do personagem Jó. Esse livro é uma novela não porque seja uma
ficção ou algo inventado, mas porque narra a história de um protagonista, seu estilo
de vida, suas aventuras, seus dramas pessoais, seu clímax e o seu desfecho.

      Lendo o livro de Jó chegamos a conclusão irrefutável de que para o seu
protagonista, não existe vida sem dor; ela é algo inevitável e inerente a todo ser
humano. Jó é um dos exemplos vívidos de que Deus resolveu ensinar o seu povo a
viver por intermédio de histórias. Contar histórias seria um hábito do povo de Deus
na história de suas vidas, na história de seu relacionamento pessoal com Deus.

      Essa história é uma das mais impressionantes de toda Escritura, pois nos
impressiona do começo ao fim, mexe com o mais profundo de nossa alma.

A novela da dor: Jó

      Conclui-se que Jó é uma novela de dor, pois possui apenas 3 capítulos de
“alegria” os dois primeiros e o último e outros 39 capítulos falam de intensa dor,
crise, desentendimentos, perguntas sem respostas, ambientes desagradáveis,
doença, culpa, mistérios e muitos diálogos perturbadores.
A resposta cristã para a dor
                                       Jó 19


      Jó é como nós: ele sofre, e sofre intensamente. Jó é como a humanidade
depois do evento da Queda (Gn 3): vultos de alegria e intensidade de dor. Este livro
bíblico não apenas remonta a história da Igreja Cristã, mas da condição da nossa
sociedade, como cantam alguns poetas de nosso cancioneiro: “tristeza não tem fim,
felicidade, sim” (Vinícius de Morais); ou como disse Alcides Caminha: “tire o seu
sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”. A história da
humanidade é marcada por duas cicatrizes notáveis: o riso e o choro.

      Se você pudesse contar todos os episódios e histórias que você já vivenciou,
qual das duas cicatrizes mais você encontraria, dor ou festa? Sem sombra de
dúvidas, a dor. É por isso que o livro de Jó é a mais fantástica novela da vida real;
ela não quer nos prender para satisfazer nossa curiosidade, bisbilhotices ou
interesses sensuais (como nas novelas atuais), ela quer nos ensinar a viver; ela quer
nos ensinar a lidar com o nosso sofrimento.

      Chegamos ao capítulo 19. Estamos em um lugar estratégico desta novela
fascinante. Não poucos estudiosos afirmam que aqui é o centro da história do
personagem Jó. O capítulo 19 faz parte de uma das contra argumentações de Jó ao
seu amigo Bildade.

      O centro do livro é marcado por estas discussões de seus amigos a respeito
do sofrimento de Jó. É, com grande plausibilidade, o centro, pois é o momento em
que Jó elabora de forma consciente o seu estado de crise profunda; aquelas tensões
que lhe tiram o sono e a respiração. É daí que nasce mais um lamento: quando ele
põe pra fora a sua dor; quando ele vomita a sua angústia infernal.

      Vamos olhar mais de perto agora o que chamo dos 3 capítulos da dor de Jó,
que nada mais são do que as 3 dimensões de sua dor/sofrimento. Veremos que a
dor é mais nossa aliada do que inimiga e que o principal ensinamento de todo este
livro se resume em uma frase: é possível experimentar Deus na realidade do
sofrimento.
A resposta cristã para a dor
                                                  Jó 19




                                   I.       Dor existencial
                                   “
                               Então, respondeu Jó:
                        Até quando afligireis a minha1 alma
                        e me quebrantareis com palavras?
                           Já dez vezes me vituperastes
                      e não vos envergonhais de injuriar-me.
                       Embora haja eu, na verdade, errado,
                            comigo ficará o meu erro”.

                                              Jó 19.1-4
                               “
                           Pereça o dia em que nasci
                           e a noite em que se disse:
                           Foi concebido um homem!
                      Converta-se aquele dia em trevas;
                  e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele,
                     nem resplandeça sobre ele a luz. [...]

                       Por que não morri eu na madre?
                      Por que não expirei ao sair dela?
                 Por que houve regaço que me acolhesse?
                  E por que peitos, para que eu mamasse?
                    Porque já agora repousaria tranqüilo;
               dormiria, e, então, haveria para mim descanso”.

                                          Jó 3. 3-4,11-13.




1
    Note as partes grifadas na 1°pessoa do singular.
A resposta cristã para a dor
                                           Jó 19


      Entramos na primeira parte da argumentação de Jó; seu argumento é que as
pessoas com suas palavras e a própria vida com suas contingências o fizeram em
pedaços. Jó está destruído.

      O argumento de seus amigos é o convencional causa e efeito ou a lógica da
retribuição. Ela pode ser mais bem compreendida pela pequena tabela que
compreende seus discursos até o cap. 19:

A lógica dos amigos Elifaz, Bildade e Zofar      Referência bíblica
Os ímpios sempre se dão mal                      4.7-11; 5.2-7; 8.8-19; 15.17-35; 18.5-21
Os justos vivem em felicidade                    5.17-21, 25-26; 8.5-7, 20-22; 11.15-19



      Quando lemos o livro até o final perceberemos que o narrador não quis outra
coisa senão desmascarar a religiosidade convencional dos companheiros de Jó. O
texto quer nos ensinar, pelo contrário, que todo justo passa pelo sofrimento. É isso o
que Paulo diz em 2Tm 3.12 “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em
Cristo Jesus serão perseguidos”.

      A dor distorce de maneira brutal como enxergamos a nós mesmos. Nos
momentos de dor desconhecemos quem somos; saímos totalmente do controle!
Jó está desolado, quebrado, falido, em pânico e, até aqui, sem perspectiva de futuro
a respeito de si mesmo.

      A dor é tão intensa e cruel que ele mesmo descreve a si mesmo que dele só
sobrou a pele dos dentes, v. 20. Jó está indomado e não esconde os seus
sentimentos, ele diz, em outras palavras: “Até quando vocês vão me colocar pra
baixo? Até quando meu coração vai estar fraturado? Até quando as pessoas vão
usar meus problemas contra mim? Até quando as pessoas vão aniquilar a minha
vida?”. Jó está confuso, faz muitas perguntas, porém, ele mesmo carece das
respostas.

Jó: o estereótipo da nossa dor existencial

      A vida é um verdadeiro zigue-zague, a vida é uma montanha russa. O famoso
escritor Oscar Wilde afirmou em um de seus poemas – Loucos e Santos:
"normalidade é uma ilusão imbecil e estéril”. Toda normalidade é mentirosa. Nossa
vida é exclusivamente um trailer,             um curta-metragem,      quem sabe uma
A resposta cristã para a dor
                                      Jó 19

breve sinopse e, não somos nós os diretores, não estamos e nem estaremos no
controle de nada.

       Quando paramos para compreender esta realidade chegamos a uma
conclusão verdadeira: a vida é frágil o tempo todo. Jamais poderemos calcular com
certeza se acordaremos melhor na manhã do dia seguinte. O futuro, para nós, é
alguém totalmente distante, talvez um inimigo do qual nada podemos esperar senão
o inesperável.

       Como é na vida de Jó e na nossa, correr riscos, ter dúvidas, não ter
respostas, a crise e todas as outras coisas amargas da vida fazem parte da nossa
relação com Deus. Ser cristão não significa apenas ter aceitado a Jesus, mas,
significa ter aceitado um caminho, o discipulado, donde crises, perdas, alegrias,
inveja, perseguição, paz, choro, gargalhadas, refúgio, algumas respostas, e as
cachoeiras de dúvidas são parte da caminhada.

       Porém, também enxergamos em nossa realidade brasileira, quiçá global, uma
fé que não pode chorar, uma fé que não pode lamentar, uma fé que não pode
duvidar, uma fé sem tragédias, uma fé sem tristeza, uma fé sem conflitos, uma fé
sem o peso maciço da cruz. No entanto, uma fé que não encara a dor como uma
coisa inevitável é uma grande alucinação, para não dizer enganação.

       Jó nos coloca em frente a um dos princípios mais elementares da
humanidade: nós não damos conta da nossa dor. A dor de Jó nos ensina lições
maravilhosas nos momentos em que nós mesmos desconhecemos a nós mesmos.
A dor tem a capacidade de nos colocar na parede e nos empurrar para as perguntas
existenciais: “quem sou, por que sou assim, para que?”. As nossas dúvidas,
confusões, dores, crises, fazem parte do caminho.

       Não raro encontramos todo tipo de gente a todo instante cruzando nossos
caminhos. Pessoas que tem medo de viver, que desconhecem suas habilidades,
pessoas desmotivadas, que acreditam na impossibilidade das mudanças: “ é assim
mesmo”. Muitos de nós também perdemos nossas expectativas na vida, nos
enclausuramos pelo insucesso, somos achatados pelas derrotas. O que sobra para
muitos de nós em alguns momentos da vida, inclusive cristãos, é a apatia e a crise
existencial.
A resposta cristã para a dor
                                      Jó 19


      Precisamos aprender não de maneira ligeira como respondê-las, mas
caminharmos com elas como alguém que crê plenamente no cuidado paterno do
nosso Deus. “Quem foi que te disse que a vida é um mar de rosas? Rosas têm
espinhos e pedras no caminho”, já dizia o músico João Alexandre. A fé cristã é uma
fé que abre espaço para quem tem problemas. A Igreja é a comunidade onde os
imperfeitos são bem-vindos, e quando isso é vivenciado junto aos irmãos
percebemos que a vida continua apesar da dor.

      Somente com essa clareza de pensamento descobriremos que saúde
emocional não significa ausência de problemas, mas, aprender que é possível lidar
com eles sem que sejam o centro das nossas atenções.
A resposta cristã para a dor
                           Jó 19




               II.   A dor espiritual

       “Se quereis engrandecer-vos contra mim
            e me argüis pelo meu opróbrio,
       sabei agora que Deus é que me oprimiu
             e com a sua rede me cercou.
    Eis que clamo: violência! Mas não sou ouvido;
         grito: socorro! Porém não há justiça.

             O meu caminho ele fechou,
                  e não posso passar;
          e nas minhas veredas pôs trevas.
            Da minha honra me despojou
            e tirou-me da cabeça a coroa.

            Arruinou-me de todos os lados,
                     e eu me vou;
   e arrancou-me a esperança, como a uma árvore.
             Inflamou contra mim a sua ira
         e me tem na conta de seu adversário.

            Juntas vieram as suas tropas,
        prepararam contra mim o seu caminho
e se acamparam ao redor da minha tenda”. Jó 19.5-12.
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                                      Jó 19


       Uma segunda dimensão da dor é a dor em relação ao Soberano, Todo-
Poderoso, Criador, a pessoa transcendente de Deus. Jó, de maneira muito corajosa,
transfere a sua dor para Deus. Em sua reflexão sobre o peso do sofrimento deve
haver um culpado: Deus tem alguma coisa contra mim.

       Há neste texto pelo o menos seis coisas pelas quais Jó transfere a culpa a
Deus: 1. Ele é o responsável pelo meu sofrimento; 2. Ninguém ouve o meu clamor
por justiça, Deus se calou; 3. Ele fechou todas os bons caminhos da vida; 4. Ele
acabou com a minha fama, popularidade; 5. Ele tirou a minha esperança na vida; 6.
Ele colocou muitos inimigos em meu caminho.

       A partir do que vimos salta-nos uma pergunta muito antiga: onde está Deus
em todo este sofrimento? Não é essa a pergunta que a gente tem vontade de fazer
às vezes? Por que isso tudo está acontecendo? Até quando a doença? Até quando
vamos imaginar ou pensar que Deus está calado? Deus age? Deus interage
comigo? Por que o caminho de Deus é tão difícil? Por que em alguns casos tudo dá
certo para algumas pessoas e sempre dá errado para mim?

       Toda dor é específica, Deus lida com a dor de cada pessoa à sua maneira.
Não há como padronizar o que Deus faz em cada ser humano em suas diferentes
dores. No entanto, no próprio livro de Jó perceberemos que é Deus quem controla
todas as situações e até Satanás como um de seus “subordinados” não pode ir além
do que a palavra do Soberano delimita.

       Dizer: Se Deus é bom por que Ele permite o sofrimento é uma pergunta
errada a se fazer. Quem sabe a pergunta correta deveria ser: se nós somos
totalmente corruptos, por que Deus permite que apenas 1% da humanidade nasça
sem o sentido da visão? Ou, se nós somos totalmente depravados e imundos, por
que Deus permite que apenas 14.5% da sociedade brasileira tenha alguma
dificuldade de enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência física ou
intelectual?

       E ainda mais, se nós somos trapos e injustos em nosso proceder diário, por
que Deus permite que 87% dos bebês que nascem no mundo inteiro venham ao
mundo fisicamente perfeitos? Se somos pecadores, inimigos do bem, por que Deus
permite tão poucas tragédias? Só há uma resposta: Deus conservar-se gracioso
A resposta cristã para a dor
                                         Jó 19


mesmo em um mundo caído. Seu caráter de amor e misericórdia sustentam o
mundo criado com mais favor do que imaginámos, para a sua glória.

      Jó: nosso guia para experimentar Deus no sofrimento

      Sem dúvidas, quando passamos pela dor nosso relacionamento com Deus é
totalmente transformado. A dor nos faz correr para a pessoa certa: Deus, mesmo
com perguntar erradas.

      Nos primeiros capítulos de Jó, vemo-lo feliz, cheio de amigos, mulher, muitos
filhos, mas, daí vem a dor. E já no capítulo 3 Jó amaldiçoa o dia em que nasceu,
reclama com Deus, chama Deus de culpado. E mesmo assim, o próprio Deus afirma
que na acusação de Jó não houve pecado, ele é inocente (42.7,8).

      Questionar a Deus de sua “suposta” ausência, expressar sua dor diante de
seus ouvidos, vomitar suas tristezas não é pecado, pelo contrário, pode ser o início
da cura. Os Salmos de Lamento (a maioria dos salmos) são um ótimo exemplo
disso, neles estão escritas todas as emoções da nossa vida, o derramamento das
dores, e ansiedades, o desabafo do crente com Deus, Alguém disposto a nos ouvir.

      A dor nos conduz a uma maior intimidade com Deus, pois nos adverte que
somos passageiros e mortais. A Teologia Bíblica vê na dor uma oportunidade de se
aproximar de Deus. A dor também é uma amostra da graça de Deus.

      Pretendo agora ilustrar os benefícios que momentos de dor podem nos
proporcionar através de uma crônica “A Pipoca” do educador Rubem Alves:

      "Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.

      Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando
passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São
pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham
que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

       Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que
nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a
mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade,
depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar
o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação
também.
A resposta cristã para a dor
                                          Jó 19

       Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais
quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si
mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a
transformação que esta sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é
capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E
ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca
havia sonhado.

      Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas
acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção
e o medo são a dura casca do milho que não estoura.

       No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras, a vida inteira. Não vão se
transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém”.


       A dor como vimos pode ser uma ótima aliada em nosso relacionamento com
Deus. Lembro-me das primeiras duras semanas em que entre no Seminário
Presbiteriano do Sul. Bateu-me uma dura cruel, que para alguns pode soar até como
engraçado; minha dúvida era a seguinte: “Deus existe?”. “Se Ele não existir, o que
eu estaria fazendo aqui?”. “Será mesmo que Ele me chamou para o ministério
sagrado ou foi alguma voz ou alucinação?

       Estas eram as minhas inquietações, graves inquietações. Contudo, isso me
motivou dia após dia a buscar uma resposta, a qual parecia confusa (confusão é um
atributo típico de seminaristas) em minha mente. Isso me fez abrir os olhos para a
tolice de meus pensamentos e me aprofundar no conhecimento do Deus que
sempre me amparou em todos os momentos da minha vida.

       Sim, podemos ter certeza: Ele existe e cuida de nós. Aliás, Ele é o melhor
psicólogo em atividade, Ele te ouve, Ele te responde, e ainda não cobra pelo serviço
prestado. Não tenhamos medo de levar nossas inquietações diante de Deus, mesmo
que elas não sejam teologicamente certas (como culpar Deus e etc) como foi a de
Jó e como as nossas. Toda dor precisa de um desabafo. E Deus sente alegria
quando escuta as nossas orações (Pv. 15.8).
A resposta cristã para a dor
                             Jó 19




                  III.   A dor relacional
           “
           Pôs longe de mim a meus irmãos,
               e os que me conhecem,
         como estranhos, se apartaram de mim.

          Os meus parentes me desampararam,
      e os meus conhecidos se esqueceram de mim.

        O meu hálito é intolerável à minha mulher,
e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe.

             Até as crianças me desprezam,
      e, querendo eu levantar-me, zombam de mim.

     Todos os meus amigos íntimos me abominam,
     e até os que eu amava se tornaram contra mim.

Os meus ossos se apegam à minha pele e à minha carne,
e salvei-me só com a pele dos meus dentes”. Jó 19.13-20
A resposta cristã para a dor
                                          Jó 19


          Jó perdeu sua identidade social; ele vive a realidade dos relacionamentos
quebrados. (1) seus irmãos de sangue o abandonaram; (2) os seus parentes o
largaram; (3) os conhecidos não olham mais para ele; (4) sua mulher não suporta o
seu hálito; (5) seus filhos estão mortos; (6) as crianças zombam dele quando ele
passa; (7) seus melhores amigos se tornaram adversários.

          Pior que sofrer, é sofrer quando se está sozinho. Este parece ser um paralelo
dos nossos dias, principalmente pessoas que vivem uma vida privada em grandes
centros urbanos. Não é incomum presenciar lares quebrados, filhos que não vêem
os pais, maridos que batem em suas esposas, esposas que subjugam seus maridos,
mães que irritam em demasia seus filhos, filhos que não ouvem seus pais, filhos
educador pela pedagogia das telas, seja a televisão, seja o computador, seja pelos
games.

          Muitas vezes os nossos jovens são pessoas virtuais que não saem do quarto,
sofrem por não possuírem amigos para compartilhar seus problemas, exibem, assim,
seu particular em redes sociais através de fotos obscenas, evidenciando, na
verdade, que carece de relacionamentos verdadeiros e saudáveis. Deparamo-nos
com mulheres diariamente sofrendo pela frouxidão de seus homens. A dor relacional
é, com certeza, um dos maiores males da sociedade e do próprio ser humano.

          Quando mascaramos os nossos vazios relacionais, entramos em conflito total.
Em muitos dos países desenvolvidos o trabalho se tornou o maior alvo da existência,
gerando na opinião de alguns sociólogos “monstros de qualidade”: ótimos
profissionais, péssimos seres humanos. Qualquer cultura que substitua a prioridade
relacional da família pelo trabalho está fadada a uma geração do stress, crise e
ilusão.

          Mas Deus tem algo a dizer-nos por intermédio do livro de Jó. Esta é a história
que insiste nas três grandes perguntas do mundo: quem sou eu, quem é Deus,
quem é o outro? Somos levados fortemente a crer, por intermédio de Jó, que essas
três coisas devem ser alvo dos nossos maiores investimentos. Vale à pena chorar
pela falta de sentido da nossa existência; vale à pena investirmos em nosso
relacionamento com Deus mesmo sem termos as respostas que queremos; vale à
pena gritar de angústia pelos nossos relacionamentos quebrados.
A resposta cristã para a dor
                                       Jó 19


      A Escritura como um todo revela-nos que a verdadeira pobreza na vida é ter
que perder pessoas. Nosso patrimônio e maior riqueza são os nossos
relacionamentos com elas. Seres humanos carecem de Deus tanto quanto carecem
de pessoas. O outro é necessário onde eu não posso mais. Em meio à dor o ser
humano sempre estende a mão em busca de ajuda e de alento. E, embora Jó esteja
triste com seus amigos, ele pede compaixão, v.21. Jó não anseia que expliquem o
seu sofrimento, mas que apenas participem dele.

      O livro de Jó pode nos ajudar a lidar com os nossos relacionamentos,
primeiro, priorizando-os. Segundo, em Jó 2.11-13 temos um belo relato da primeira
fase de amizade oferecida pelos seus amigos:

                    “Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera,
                    chegaram, [...] e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo.
                    Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a voz
                    e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a
                    cabeça. Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum
                    lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande”.


      Talvez não exista outro método melhor de ajuda que nós podemos oferecer a
pessoas vivendo com crises relacionais: estar junto a elas, participando de seu
sofrimento. Os momentos em que nós nos sentimos mais perto de Deus são aqueles
em que a dor é tanta que achamos que não conseguiremos viver nem mais um dia.
Nessas horas sentimos sobrenaturalmente o Espírito Santo nos confortando, e esse
cuidado vai além quando alguém decide investir suas horas e silêncio conosco.
Gente ao nosso lado nos faz perceber que a dor é apenas um detalhe, a vida
continua apesar da dor.

      Todos nós estamos sujeitos a crises relacionais, desentendimentos, mágoas,
decepção e traição. Todos nós passamos por processos de perda, nossa missão é
acolher. Alguns verbos no texto supracitado são essenciais para essa missão:
condoer-se (sofrer junto), consolar, chorar, sentar-se com, e uma das mais
importantes, o silêncio. Para confortar pessoas não precisamos abrir a boca, antes,
falemos com os nossos olhos e com a nossa presença. Para confortar precisamos
chegar perto das pessoas.

      Até agora só ouvimos dor, dor e dor. Porém o discurso de Jó não acaba na
dor. No meio de sua dor pessoal, seus confrontos com o que dizem de si, no meio
A resposta cristã para a dor
                                     Jó 19


de sua conturbada relação com Deus, suas dúvidas e desentendimentos, em meio
as suas crises relacionais, surge um pedaço de esperança, a dor não perde por
esperar.
A resposta cristã para a dor
                         Jó 19




            IV. Uma firme convicção

     Porque eu sei que o meu Redentor vive
      e por fim se levantará sobre a terra.

 Depois, revestido este meu corpo da minha pele,
          em minha carne verei a Deus.
            Vê-lo-ei por mim mesmo,
       os meus olhos o verão, e não outros;
de saudade me desfalece o coração dentro de mim.

                   Jó 19.25-27
A resposta cristã para a dor
                                       Jó 19


       O que Jó está dizendo neste texto é que a dor vai ter um fim. Há uma segura,
firme e certa esperança de que alguém vai tirá-lo dessa. Por mais que o sofrimento
faça germinar dentro de nós raízes de dor, é nela que podemos nos sentir mais
perto de Deus do que em qualquer outro lugar. Nosso Deus, incansável e redentor,
trabalha por trás da cena para levantar algo de bom a partir do monte de escombros.

       Durante as tragédias e mesmo em nossos conflitos, Deus lembra a sua
criação que todos nós precisamos de Sua sabedoria, Seu amor e Sua força. As
vitórias não produzem esse feito, as derrotas, sim. Jó espera por seu Redentor. A
palavra mais próxima traduzida para este termo, na verdade, é o Resgatador,
utilizada no Antigo Testamento como um resgate feito por um parente próximo.

       É interessante notar que em todos os tempos os seres humanos mantêm um
sentimento de esperança. Esta expectativa é presente em filmes, histórias, mitos e
lendas antigas e presentes, a humanidade sempre sonhou com um final feliz para a
sua história.

       Prestemos atenção nos heróis: aqueles que em meio ao caos nos colocam
em liberdade. Parece que alguém criou um mundo de harmonia, paz e estabilidade,
mas algo de errado foi feito no passado que prejudicou drasticamente nosso
presente. Porém, em alguém é despejada a expectativa de renovação.

       Nos filmes como As Crônicas de Nárnia, esse personagem é o leão Aslam.
Em O Senhor dos Anéis temos redentor Frodo. Nos mitos, somos familiarizados com
o semi-deus Hércules. Em Star Wars o salvador é Anakin Skywalker. Em Matrix a
esperança do cosmos jaz sob o personagem Neo.

       Isso ilustra uma grande verdade: o mundo está em estado de caos e anseia
por um herói. Jó também espera esse herói. Todos nós temos saudade de um
mundo em paz onde não haja mais dor, pecado e inimizade. O Novo Testamento
chama esse herói de Jesus Cristo, o Rei dos Reis, Senhor do Universo. Nele, nós
podemos nos firmar sem medo de erramos o alvo.

       A vinda de Jesus Cristo para o planeta Terra é a concretização do plano
eterno de Deus. A Escritura nos apresenta Deus, o Criador do universo, de tudo o
que existe, o Soberano que estabeleceu um plano com suas criaturas. A segunda
A resposta cristã para a dor
                                        Jó 19


página dessa história é marcada pelas pautas negras do pecado da rebeldia,
comumente chamada de Queda.

      Ali, a depravação do ser humano chegou ao ponto de merecer a própria morte
e o inferno. Mas o Criador não foi pego de surpresa, ele promete ao povo manchado
pela negridão da morte uma esperança. Alguém virá não apenas para nos livrar do
inferno, mas para tirar o inferno de nós e nos devolver para os braços do Criador,
vivendo em amor.

      Esse é Jesus Cristo, a nossa eterna esperança. Ele cumpriu sua missão
encravando nosso escrito de miséria em seu próprio Corpo, morrendo em uma cruz.
Mas, a cruz não pôde pará-lo e ele ressurge e com ele também nós para uma nova
história com Deus, que começa desde já com a presença real do Espirito Santo, mas
ainda não plenamente. A esperança de Jó é a mesma dos cristãos: a morte irá
morrer para sempre, e nós seremos totalmente redimidos e carregados para o Reino
de Jesus Cristo, de onde nunca mais sairemos. A vinda de Jesus para a Terra é a
prova de que ele quer consertar as coisas.

      Por isso, o livro de Jó é um convite para experimentar Deus na realidade do
sofrimento. Como pode ser possível experimentar a beleza de Deus na realidade do
nosso sofrimento e calamidades? Com uma palavra: esperança. Nós temos a única
palavra de esperança que a humanidade precisa conhecer: Jesus Cristo, o nosso
pronto socorre e resgate definitivo.

      Quem crê em Jesus, tem certeza que a morte é só o começo, pois Jesus
venceu a morte, a dor, a lágrima e a tristeza. É isso que nos deixa de pé dia após
dia, como diz o Apóstolo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que os
sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser
revelada em nós”. Rm 8.18.

      A resposta cristã para o sofrimento não é o bem-estar, nem é a ausência de
doença, mas é saber que um dia a dor vai ter um fim. O que nos deixa em pé diante
da dor é a nossa expectante saudade da eternidade.

      A resposta cristã para o mundo em desordem é que o Redentor irá renovar a
sua criação, tratando o mal que a desfigura e a corrompe. Por isso, a morte e a dor
são inimigas vencidas. Diferente do que os pensadores do mundo imaginam, o
A resposta cristã para a dor
                                       Jó 19


mundo em que vivemos não é um projeto que deve ser abandonado, nem um
processo evolutivo (mito do progresso). O que ele precisa é de redenção e de
renovação. É isso que foi prometido e garantido pela ressurreição de Jesus dentre
os mortos. É isso o que o mundo inteiro está aguardando.

      É isso o que nós aguardamos enquanto vivemos em meio à dor, o momento
em que a vida e o poder da ressurreição irão invadir-nos, criando novos céus e nova
terra, enchendo-a com a glória de Deus, “como as águas cobrem o mar” (Is 11.9).

      E quando, enfim, chegar o dia em que o veremos face a face, o Redentor nos
“enxugará dos olhos toda lágrima e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem
pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21.4).
A resposta cristã para a dor
                                         Jó 19

Referências


AITKEN, Eleny Vassão de Paula. Aconselhamento a pessoas em final de vida.
São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

_______, Eleny Vassão de Paula. Mal em bem. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.

BRÄUMER, Hansjörg. Sombras no meu caminho: o enfermo diante da
enfermidade e do Deus inescrutável. Curitiba: EEE, 1999.

FERREIRA, J. C. L., LEONEL, João. Perguntas sem respostas? Experimentando
Deus na realidade do sofrimento. São Paulo: Editora Reflexão, 2009.

FRIESEN, Albert. Cuidando na Enfermidade. Curitiba, PR: Editora Evangélica
Esperança, 2007.

KASTENBAUM, Rua e AISENBERG, R. Psicologia da morte. Editora da USP, São
Paulo, 1983.

KÜBLER-ROSS, Elizabeth. Sobre a morte e o morrer. 8ª edição. Martins Fontes,
São Paulo, 1997.

PETERSON, Eugene. O pastor que Deus usa. São Paulo: Mundo Cristão, 2008,
cap. 3: A tarefa pastoral de compartilhar a dor, p. 111-144.

WOLTERSTORFF, Nicholas. Lamento. Tradução de Joel Tibúrcio de Souza,
Viçosa, MG: Ultimato, 2007.

YANCEY, Philip. Deus sabe que sofremos. Traduzido por Emma Anders de Souza
Lima. São Paulo: Editora Vida, 1992.

YANCEY, Philip; BRAND, Paul. A dádiva da dor: por que sentimos dor e o que
podemos fazer a respeito. Traduzido por Neyd Siqueira. São Paulo: Mundo Cristão,
2005.

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Mensagem em Jó 19

  • 1. A resposta cristã para a dor Jó 19 INTRODUÇÃO O povo brasileiro é apaixonado por telenovelas. Elas fazem sucesso entre homens, mulheres, pais, mães, crianças, idosos, sogras, sogros, jovens, adolescentes e etc. Mas por que é que elas fazem tanto sucesso no meio do nosso povo? Talvez seja o fato de que toda novela se conecta intimamente com a nossa própria história – e claro, com a curiosidade das donas de casa. Novelas, filmes, seriados entram em nosso mundo porque lidam com a doença, com grandes paixões, nos imprimem o desejo pelo sucesso, revelam-nos os mistérios de outras culturas, dá voz às minorias, tribos, estilos de vida, comportamentos e etc. Elas têm o poder de nos fazer sofrer com o destino de seu protagonista, rir com suas graças, alimentar raiva de seus inimigos e nos emocionar com o seu final feliz (na maioria dos casos). Histórias nos convidam para o seu mundo, e ainda hoje, é a melhor forma de comunicar e influenciar comportamento. A Bíblia é um dos maiores arsenais de histórias do mundo; talvez possua a coleção de histórias mais conhecida da humanidade. Uma dessas histórias é o drama/novela do personagem Jó. Esse livro é uma novela não porque seja uma ficção ou algo inventado, mas porque narra a história de um protagonista, seu estilo de vida, suas aventuras, seus dramas pessoais, seu clímax e o seu desfecho. Lendo o livro de Jó chegamos a conclusão irrefutável de que para o seu protagonista, não existe vida sem dor; ela é algo inevitável e inerente a todo ser humano. Jó é um dos exemplos vívidos de que Deus resolveu ensinar o seu povo a viver por intermédio de histórias. Contar histórias seria um hábito do povo de Deus na história de suas vidas, na história de seu relacionamento pessoal com Deus. Essa história é uma das mais impressionantes de toda Escritura, pois nos impressiona do começo ao fim, mexe com o mais profundo de nossa alma. A novela da dor: Jó Conclui-se que Jó é uma novela de dor, pois possui apenas 3 capítulos de “alegria” os dois primeiros e o último e outros 39 capítulos falam de intensa dor, crise, desentendimentos, perguntas sem respostas, ambientes desagradáveis, doença, culpa, mistérios e muitos diálogos perturbadores.
  • 2. A resposta cristã para a dor Jó 19 Jó é como nós: ele sofre, e sofre intensamente. Jó é como a humanidade depois do evento da Queda (Gn 3): vultos de alegria e intensidade de dor. Este livro bíblico não apenas remonta a história da Igreja Cristã, mas da condição da nossa sociedade, como cantam alguns poetas de nosso cancioneiro: “tristeza não tem fim, felicidade, sim” (Vinícius de Morais); ou como disse Alcides Caminha: “tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”. A história da humanidade é marcada por duas cicatrizes notáveis: o riso e o choro. Se você pudesse contar todos os episódios e histórias que você já vivenciou, qual das duas cicatrizes mais você encontraria, dor ou festa? Sem sombra de dúvidas, a dor. É por isso que o livro de Jó é a mais fantástica novela da vida real; ela não quer nos prender para satisfazer nossa curiosidade, bisbilhotices ou interesses sensuais (como nas novelas atuais), ela quer nos ensinar a viver; ela quer nos ensinar a lidar com o nosso sofrimento. Chegamos ao capítulo 19. Estamos em um lugar estratégico desta novela fascinante. Não poucos estudiosos afirmam que aqui é o centro da história do personagem Jó. O capítulo 19 faz parte de uma das contra argumentações de Jó ao seu amigo Bildade. O centro do livro é marcado por estas discussões de seus amigos a respeito do sofrimento de Jó. É, com grande plausibilidade, o centro, pois é o momento em que Jó elabora de forma consciente o seu estado de crise profunda; aquelas tensões que lhe tiram o sono e a respiração. É daí que nasce mais um lamento: quando ele põe pra fora a sua dor; quando ele vomita a sua angústia infernal. Vamos olhar mais de perto agora o que chamo dos 3 capítulos da dor de Jó, que nada mais são do que as 3 dimensões de sua dor/sofrimento. Veremos que a dor é mais nossa aliada do que inimiga e que o principal ensinamento de todo este livro se resume em uma frase: é possível experimentar Deus na realidade do sofrimento.
  • 3. A resposta cristã para a dor Jó 19 I. Dor existencial “ Então, respondeu Jó: Até quando afligireis a minha1 alma e me quebrantareis com palavras? Já dez vezes me vituperastes e não vos envergonhais de injuriar-me. Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro”. Jó 19.1-4 “ Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: Foi concebido um homem! Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele a luz. [...] Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela? Por que houve regaço que me acolhesse? E por que peitos, para que eu mamasse? Porque já agora repousaria tranqüilo; dormiria, e, então, haveria para mim descanso”. Jó 3. 3-4,11-13. 1 Note as partes grifadas na 1°pessoa do singular.
  • 4. A resposta cristã para a dor Jó 19 Entramos na primeira parte da argumentação de Jó; seu argumento é que as pessoas com suas palavras e a própria vida com suas contingências o fizeram em pedaços. Jó está destruído. O argumento de seus amigos é o convencional causa e efeito ou a lógica da retribuição. Ela pode ser mais bem compreendida pela pequena tabela que compreende seus discursos até o cap. 19: A lógica dos amigos Elifaz, Bildade e Zofar Referência bíblica Os ímpios sempre se dão mal 4.7-11; 5.2-7; 8.8-19; 15.17-35; 18.5-21 Os justos vivem em felicidade 5.17-21, 25-26; 8.5-7, 20-22; 11.15-19 Quando lemos o livro até o final perceberemos que o narrador não quis outra coisa senão desmascarar a religiosidade convencional dos companheiros de Jó. O texto quer nos ensinar, pelo contrário, que todo justo passa pelo sofrimento. É isso o que Paulo diz em 2Tm 3.12 “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. A dor distorce de maneira brutal como enxergamos a nós mesmos. Nos momentos de dor desconhecemos quem somos; saímos totalmente do controle! Jó está desolado, quebrado, falido, em pânico e, até aqui, sem perspectiva de futuro a respeito de si mesmo. A dor é tão intensa e cruel que ele mesmo descreve a si mesmo que dele só sobrou a pele dos dentes, v. 20. Jó está indomado e não esconde os seus sentimentos, ele diz, em outras palavras: “Até quando vocês vão me colocar pra baixo? Até quando meu coração vai estar fraturado? Até quando as pessoas vão usar meus problemas contra mim? Até quando as pessoas vão aniquilar a minha vida?”. Jó está confuso, faz muitas perguntas, porém, ele mesmo carece das respostas. Jó: o estereótipo da nossa dor existencial A vida é um verdadeiro zigue-zague, a vida é uma montanha russa. O famoso escritor Oscar Wilde afirmou em um de seus poemas – Loucos e Santos: "normalidade é uma ilusão imbecil e estéril”. Toda normalidade é mentirosa. Nossa vida é exclusivamente um trailer, um curta-metragem, quem sabe uma
  • 5. A resposta cristã para a dor Jó 19 breve sinopse e, não somos nós os diretores, não estamos e nem estaremos no controle de nada. Quando paramos para compreender esta realidade chegamos a uma conclusão verdadeira: a vida é frágil o tempo todo. Jamais poderemos calcular com certeza se acordaremos melhor na manhã do dia seguinte. O futuro, para nós, é alguém totalmente distante, talvez um inimigo do qual nada podemos esperar senão o inesperável. Como é na vida de Jó e na nossa, correr riscos, ter dúvidas, não ter respostas, a crise e todas as outras coisas amargas da vida fazem parte da nossa relação com Deus. Ser cristão não significa apenas ter aceitado a Jesus, mas, significa ter aceitado um caminho, o discipulado, donde crises, perdas, alegrias, inveja, perseguição, paz, choro, gargalhadas, refúgio, algumas respostas, e as cachoeiras de dúvidas são parte da caminhada. Porém, também enxergamos em nossa realidade brasileira, quiçá global, uma fé que não pode chorar, uma fé que não pode lamentar, uma fé que não pode duvidar, uma fé sem tragédias, uma fé sem tristeza, uma fé sem conflitos, uma fé sem o peso maciço da cruz. No entanto, uma fé que não encara a dor como uma coisa inevitável é uma grande alucinação, para não dizer enganação. Jó nos coloca em frente a um dos princípios mais elementares da humanidade: nós não damos conta da nossa dor. A dor de Jó nos ensina lições maravilhosas nos momentos em que nós mesmos desconhecemos a nós mesmos. A dor tem a capacidade de nos colocar na parede e nos empurrar para as perguntas existenciais: “quem sou, por que sou assim, para que?”. As nossas dúvidas, confusões, dores, crises, fazem parte do caminho. Não raro encontramos todo tipo de gente a todo instante cruzando nossos caminhos. Pessoas que tem medo de viver, que desconhecem suas habilidades, pessoas desmotivadas, que acreditam na impossibilidade das mudanças: “ é assim mesmo”. Muitos de nós também perdemos nossas expectativas na vida, nos enclausuramos pelo insucesso, somos achatados pelas derrotas. O que sobra para muitos de nós em alguns momentos da vida, inclusive cristãos, é a apatia e a crise existencial.
  • 6. A resposta cristã para a dor Jó 19 Precisamos aprender não de maneira ligeira como respondê-las, mas caminharmos com elas como alguém que crê plenamente no cuidado paterno do nosso Deus. “Quem foi que te disse que a vida é um mar de rosas? Rosas têm espinhos e pedras no caminho”, já dizia o músico João Alexandre. A fé cristã é uma fé que abre espaço para quem tem problemas. A Igreja é a comunidade onde os imperfeitos são bem-vindos, e quando isso é vivenciado junto aos irmãos percebemos que a vida continua apesar da dor. Somente com essa clareza de pensamento descobriremos que saúde emocional não significa ausência de problemas, mas, aprender que é possível lidar com eles sem que sejam o centro das nossas atenções.
  • 7. A resposta cristã para a dor Jó 19 II. A dor espiritual “Se quereis engrandecer-vos contra mim e me argüis pelo meu opróbrio, sabei agora que Deus é que me oprimiu e com a sua rede me cercou. Eis que clamo: violência! Mas não sou ouvido; grito: socorro! Porém não há justiça. O meu caminho ele fechou, e não posso passar; e nas minhas veredas pôs trevas. Da minha honra me despojou e tirou-me da cabeça a coroa. Arruinou-me de todos os lados, e eu me vou; e arrancou-me a esperança, como a uma árvore. Inflamou contra mim a sua ira e me tem na conta de seu adversário. Juntas vieram as suas tropas, prepararam contra mim o seu caminho e se acamparam ao redor da minha tenda”. Jó 19.5-12.
  • 8. A resposta cristã para a dor Jó 19 Uma segunda dimensão da dor é a dor em relação ao Soberano, Todo- Poderoso, Criador, a pessoa transcendente de Deus. Jó, de maneira muito corajosa, transfere a sua dor para Deus. Em sua reflexão sobre o peso do sofrimento deve haver um culpado: Deus tem alguma coisa contra mim. Há neste texto pelo o menos seis coisas pelas quais Jó transfere a culpa a Deus: 1. Ele é o responsável pelo meu sofrimento; 2. Ninguém ouve o meu clamor por justiça, Deus se calou; 3. Ele fechou todas os bons caminhos da vida; 4. Ele acabou com a minha fama, popularidade; 5. Ele tirou a minha esperança na vida; 6. Ele colocou muitos inimigos em meu caminho. A partir do que vimos salta-nos uma pergunta muito antiga: onde está Deus em todo este sofrimento? Não é essa a pergunta que a gente tem vontade de fazer às vezes? Por que isso tudo está acontecendo? Até quando a doença? Até quando vamos imaginar ou pensar que Deus está calado? Deus age? Deus interage comigo? Por que o caminho de Deus é tão difícil? Por que em alguns casos tudo dá certo para algumas pessoas e sempre dá errado para mim? Toda dor é específica, Deus lida com a dor de cada pessoa à sua maneira. Não há como padronizar o que Deus faz em cada ser humano em suas diferentes dores. No entanto, no próprio livro de Jó perceberemos que é Deus quem controla todas as situações e até Satanás como um de seus “subordinados” não pode ir além do que a palavra do Soberano delimita. Dizer: Se Deus é bom por que Ele permite o sofrimento é uma pergunta errada a se fazer. Quem sabe a pergunta correta deveria ser: se nós somos totalmente corruptos, por que Deus permite que apenas 1% da humanidade nasça sem o sentido da visão? Ou, se nós somos totalmente depravados e imundos, por que Deus permite que apenas 14.5% da sociedade brasileira tenha alguma dificuldade de enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência física ou intelectual? E ainda mais, se nós somos trapos e injustos em nosso proceder diário, por que Deus permite que 87% dos bebês que nascem no mundo inteiro venham ao mundo fisicamente perfeitos? Se somos pecadores, inimigos do bem, por que Deus permite tão poucas tragédias? Só há uma resposta: Deus conservar-se gracioso
  • 9. A resposta cristã para a dor Jó 19 mesmo em um mundo caído. Seu caráter de amor e misericórdia sustentam o mundo criado com mais favor do que imaginámos, para a sua glória. Jó: nosso guia para experimentar Deus no sofrimento Sem dúvidas, quando passamos pela dor nosso relacionamento com Deus é totalmente transformado. A dor nos faz correr para a pessoa certa: Deus, mesmo com perguntar erradas. Nos primeiros capítulos de Jó, vemo-lo feliz, cheio de amigos, mulher, muitos filhos, mas, daí vem a dor. E já no capítulo 3 Jó amaldiçoa o dia em que nasceu, reclama com Deus, chama Deus de culpado. E mesmo assim, o próprio Deus afirma que na acusação de Jó não houve pecado, ele é inocente (42.7,8). Questionar a Deus de sua “suposta” ausência, expressar sua dor diante de seus ouvidos, vomitar suas tristezas não é pecado, pelo contrário, pode ser o início da cura. Os Salmos de Lamento (a maioria dos salmos) são um ótimo exemplo disso, neles estão escritas todas as emoções da nossa vida, o derramamento das dores, e ansiedades, o desabafo do crente com Deus, Alguém disposto a nos ouvir. A dor nos conduz a uma maior intimidade com Deus, pois nos adverte que somos passageiros e mortais. A Teologia Bíblica vê na dor uma oportunidade de se aproximar de Deus. A dor também é uma amostra da graça de Deus. Pretendo agora ilustrar os benefícios que momentos de dor podem nos proporcionar através de uma crônica “A Pipoca” do educador Rubem Alves: "Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
  • 10. A resposta cristã para a dor Jó 19 Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que esta sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras, a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém”. A dor como vimos pode ser uma ótima aliada em nosso relacionamento com Deus. Lembro-me das primeiras duras semanas em que entre no Seminário Presbiteriano do Sul. Bateu-me uma dura cruel, que para alguns pode soar até como engraçado; minha dúvida era a seguinte: “Deus existe?”. “Se Ele não existir, o que eu estaria fazendo aqui?”. “Será mesmo que Ele me chamou para o ministério sagrado ou foi alguma voz ou alucinação? Estas eram as minhas inquietações, graves inquietações. Contudo, isso me motivou dia após dia a buscar uma resposta, a qual parecia confusa (confusão é um atributo típico de seminaristas) em minha mente. Isso me fez abrir os olhos para a tolice de meus pensamentos e me aprofundar no conhecimento do Deus que sempre me amparou em todos os momentos da minha vida. Sim, podemos ter certeza: Ele existe e cuida de nós. Aliás, Ele é o melhor psicólogo em atividade, Ele te ouve, Ele te responde, e ainda não cobra pelo serviço prestado. Não tenhamos medo de levar nossas inquietações diante de Deus, mesmo que elas não sejam teologicamente certas (como culpar Deus e etc) como foi a de Jó e como as nossas. Toda dor precisa de um desabafo. E Deus sente alegria quando escuta as nossas orações (Pv. 15.8).
  • 11. A resposta cristã para a dor Jó 19 III. A dor relacional “ Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem, como estranhos, se apartaram de mim. Os meus parentes me desampararam, e os meus conhecidos se esqueceram de mim. O meu hálito é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe. Até as crianças me desprezam, e, querendo eu levantar-me, zombam de mim. Todos os meus amigos íntimos me abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim. Os meus ossos se apegam à minha pele e à minha carne, e salvei-me só com a pele dos meus dentes”. Jó 19.13-20
  • 12. A resposta cristã para a dor Jó 19 Jó perdeu sua identidade social; ele vive a realidade dos relacionamentos quebrados. (1) seus irmãos de sangue o abandonaram; (2) os seus parentes o largaram; (3) os conhecidos não olham mais para ele; (4) sua mulher não suporta o seu hálito; (5) seus filhos estão mortos; (6) as crianças zombam dele quando ele passa; (7) seus melhores amigos se tornaram adversários. Pior que sofrer, é sofrer quando se está sozinho. Este parece ser um paralelo dos nossos dias, principalmente pessoas que vivem uma vida privada em grandes centros urbanos. Não é incomum presenciar lares quebrados, filhos que não vêem os pais, maridos que batem em suas esposas, esposas que subjugam seus maridos, mães que irritam em demasia seus filhos, filhos que não ouvem seus pais, filhos educador pela pedagogia das telas, seja a televisão, seja o computador, seja pelos games. Muitas vezes os nossos jovens são pessoas virtuais que não saem do quarto, sofrem por não possuírem amigos para compartilhar seus problemas, exibem, assim, seu particular em redes sociais através de fotos obscenas, evidenciando, na verdade, que carece de relacionamentos verdadeiros e saudáveis. Deparamo-nos com mulheres diariamente sofrendo pela frouxidão de seus homens. A dor relacional é, com certeza, um dos maiores males da sociedade e do próprio ser humano. Quando mascaramos os nossos vazios relacionais, entramos em conflito total. Em muitos dos países desenvolvidos o trabalho se tornou o maior alvo da existência, gerando na opinião de alguns sociólogos “monstros de qualidade”: ótimos profissionais, péssimos seres humanos. Qualquer cultura que substitua a prioridade relacional da família pelo trabalho está fadada a uma geração do stress, crise e ilusão. Mas Deus tem algo a dizer-nos por intermédio do livro de Jó. Esta é a história que insiste nas três grandes perguntas do mundo: quem sou eu, quem é Deus, quem é o outro? Somos levados fortemente a crer, por intermédio de Jó, que essas três coisas devem ser alvo dos nossos maiores investimentos. Vale à pena chorar pela falta de sentido da nossa existência; vale à pena investirmos em nosso relacionamento com Deus mesmo sem termos as respostas que queremos; vale à pena gritar de angústia pelos nossos relacionamentos quebrados.
  • 13. A resposta cristã para a dor Jó 19 A Escritura como um todo revela-nos que a verdadeira pobreza na vida é ter que perder pessoas. Nosso patrimônio e maior riqueza são os nossos relacionamentos com elas. Seres humanos carecem de Deus tanto quanto carecem de pessoas. O outro é necessário onde eu não posso mais. Em meio à dor o ser humano sempre estende a mão em busca de ajuda e de alento. E, embora Jó esteja triste com seus amigos, ele pede compaixão, v.21. Jó não anseia que expliquem o seu sofrimento, mas que apenas participem dele. O livro de Jó pode nos ajudar a lidar com os nossos relacionamentos, primeiro, priorizando-os. Segundo, em Jó 2.11-13 temos um belo relato da primeira fase de amizade oferecida pelos seus amigos: “Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, [...] e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo. Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a voz e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande”. Talvez não exista outro método melhor de ajuda que nós podemos oferecer a pessoas vivendo com crises relacionais: estar junto a elas, participando de seu sofrimento. Os momentos em que nós nos sentimos mais perto de Deus são aqueles em que a dor é tanta que achamos que não conseguiremos viver nem mais um dia. Nessas horas sentimos sobrenaturalmente o Espírito Santo nos confortando, e esse cuidado vai além quando alguém decide investir suas horas e silêncio conosco. Gente ao nosso lado nos faz perceber que a dor é apenas um detalhe, a vida continua apesar da dor. Todos nós estamos sujeitos a crises relacionais, desentendimentos, mágoas, decepção e traição. Todos nós passamos por processos de perda, nossa missão é acolher. Alguns verbos no texto supracitado são essenciais para essa missão: condoer-se (sofrer junto), consolar, chorar, sentar-se com, e uma das mais importantes, o silêncio. Para confortar pessoas não precisamos abrir a boca, antes, falemos com os nossos olhos e com a nossa presença. Para confortar precisamos chegar perto das pessoas. Até agora só ouvimos dor, dor e dor. Porém o discurso de Jó não acaba na dor. No meio de sua dor pessoal, seus confrontos com o que dizem de si, no meio
  • 14. A resposta cristã para a dor Jó 19 de sua conturbada relação com Deus, suas dúvidas e desentendimentos, em meio as suas crises relacionais, surge um pedaço de esperança, a dor não perde por esperar.
  • 15. A resposta cristã para a dor Jó 19 IV. Uma firme convicção Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim. Jó 19.25-27
  • 16. A resposta cristã para a dor Jó 19 O que Jó está dizendo neste texto é que a dor vai ter um fim. Há uma segura, firme e certa esperança de que alguém vai tirá-lo dessa. Por mais que o sofrimento faça germinar dentro de nós raízes de dor, é nela que podemos nos sentir mais perto de Deus do que em qualquer outro lugar. Nosso Deus, incansável e redentor, trabalha por trás da cena para levantar algo de bom a partir do monte de escombros. Durante as tragédias e mesmo em nossos conflitos, Deus lembra a sua criação que todos nós precisamos de Sua sabedoria, Seu amor e Sua força. As vitórias não produzem esse feito, as derrotas, sim. Jó espera por seu Redentor. A palavra mais próxima traduzida para este termo, na verdade, é o Resgatador, utilizada no Antigo Testamento como um resgate feito por um parente próximo. É interessante notar que em todos os tempos os seres humanos mantêm um sentimento de esperança. Esta expectativa é presente em filmes, histórias, mitos e lendas antigas e presentes, a humanidade sempre sonhou com um final feliz para a sua história. Prestemos atenção nos heróis: aqueles que em meio ao caos nos colocam em liberdade. Parece que alguém criou um mundo de harmonia, paz e estabilidade, mas algo de errado foi feito no passado que prejudicou drasticamente nosso presente. Porém, em alguém é despejada a expectativa de renovação. Nos filmes como As Crônicas de Nárnia, esse personagem é o leão Aslam. Em O Senhor dos Anéis temos redentor Frodo. Nos mitos, somos familiarizados com o semi-deus Hércules. Em Star Wars o salvador é Anakin Skywalker. Em Matrix a esperança do cosmos jaz sob o personagem Neo. Isso ilustra uma grande verdade: o mundo está em estado de caos e anseia por um herói. Jó também espera esse herói. Todos nós temos saudade de um mundo em paz onde não haja mais dor, pecado e inimizade. O Novo Testamento chama esse herói de Jesus Cristo, o Rei dos Reis, Senhor do Universo. Nele, nós podemos nos firmar sem medo de erramos o alvo. A vinda de Jesus Cristo para o planeta Terra é a concretização do plano eterno de Deus. A Escritura nos apresenta Deus, o Criador do universo, de tudo o que existe, o Soberano que estabeleceu um plano com suas criaturas. A segunda
  • 17. A resposta cristã para a dor Jó 19 página dessa história é marcada pelas pautas negras do pecado da rebeldia, comumente chamada de Queda. Ali, a depravação do ser humano chegou ao ponto de merecer a própria morte e o inferno. Mas o Criador não foi pego de surpresa, ele promete ao povo manchado pela negridão da morte uma esperança. Alguém virá não apenas para nos livrar do inferno, mas para tirar o inferno de nós e nos devolver para os braços do Criador, vivendo em amor. Esse é Jesus Cristo, a nossa eterna esperança. Ele cumpriu sua missão encravando nosso escrito de miséria em seu próprio Corpo, morrendo em uma cruz. Mas, a cruz não pôde pará-lo e ele ressurge e com ele também nós para uma nova história com Deus, que começa desde já com a presença real do Espirito Santo, mas ainda não plenamente. A esperança de Jó é a mesma dos cristãos: a morte irá morrer para sempre, e nós seremos totalmente redimidos e carregados para o Reino de Jesus Cristo, de onde nunca mais sairemos. A vinda de Jesus para a Terra é a prova de que ele quer consertar as coisas. Por isso, o livro de Jó é um convite para experimentar Deus na realidade do sofrimento. Como pode ser possível experimentar a beleza de Deus na realidade do nosso sofrimento e calamidades? Com uma palavra: esperança. Nós temos a única palavra de esperança que a humanidade precisa conhecer: Jesus Cristo, o nosso pronto socorre e resgate definitivo. Quem crê em Jesus, tem certeza que a morte é só o começo, pois Jesus venceu a morte, a dor, a lágrima e a tristeza. É isso que nos deixa de pé dia após dia, como diz o Apóstolo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós”. Rm 8.18. A resposta cristã para o sofrimento não é o bem-estar, nem é a ausência de doença, mas é saber que um dia a dor vai ter um fim. O que nos deixa em pé diante da dor é a nossa expectante saudade da eternidade. A resposta cristã para o mundo em desordem é que o Redentor irá renovar a sua criação, tratando o mal que a desfigura e a corrompe. Por isso, a morte e a dor são inimigas vencidas. Diferente do que os pensadores do mundo imaginam, o
  • 18. A resposta cristã para a dor Jó 19 mundo em que vivemos não é um projeto que deve ser abandonado, nem um processo evolutivo (mito do progresso). O que ele precisa é de redenção e de renovação. É isso que foi prometido e garantido pela ressurreição de Jesus dentre os mortos. É isso o que o mundo inteiro está aguardando. É isso o que nós aguardamos enquanto vivemos em meio à dor, o momento em que a vida e o poder da ressurreição irão invadir-nos, criando novos céus e nova terra, enchendo-a com a glória de Deus, “como as águas cobrem o mar” (Is 11.9). E quando, enfim, chegar o dia em que o veremos face a face, o Redentor nos “enxugará dos olhos toda lágrima e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21.4).
  • 19. A resposta cristã para a dor Jó 19 Referências AITKEN, Eleny Vassão de Paula. Aconselhamento a pessoas em final de vida. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. _______, Eleny Vassão de Paula. Mal em bem. São Paulo: Cultura Cristã, 2000. BRÄUMER, Hansjörg. Sombras no meu caminho: o enfermo diante da enfermidade e do Deus inescrutável. Curitiba: EEE, 1999. FERREIRA, J. C. L., LEONEL, João. Perguntas sem respostas? Experimentando Deus na realidade do sofrimento. São Paulo: Editora Reflexão, 2009. FRIESEN, Albert. Cuidando na Enfermidade. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 2007. KASTENBAUM, Rua e AISENBERG, R. Psicologia da morte. Editora da USP, São Paulo, 1983. KÜBLER-ROSS, Elizabeth. Sobre a morte e o morrer. 8ª edição. Martins Fontes, São Paulo, 1997. PETERSON, Eugene. O pastor que Deus usa. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, cap. 3: A tarefa pastoral de compartilhar a dor, p. 111-144. WOLTERSTORFF, Nicholas. Lamento. Tradução de Joel Tibúrcio de Souza, Viçosa, MG: Ultimato, 2007. YANCEY, Philip. Deus sabe que sofremos. Traduzido por Emma Anders de Souza Lima. São Paulo: Editora Vida, 1992. YANCEY, Philip; BRAND, Paul. A dádiva da dor: por que sentimos dor e o que podemos fazer a respeito. Traduzido por Neyd Siqueira. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.