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sábado, 7 de junho de 2014
1° LIÇÃO 3° TRIMESTRE 2014 TIAGO - FÉ QUE SE
MOSTRA PELAS OBRAS
COMENTÁRIO COM BASE NA 1° LIÇÃO 3 TRIMESTRE 2014 CPAD.
TIAGO – FÉ QUE SE MOSTRA PELAS OBRAS
Data: 6 de Julho de 2014 HINOS SUGERIDOS 18, 47, 93.
TEXTO ÁUREO
‘Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17).
VERDADE PRATICA
A nossa fé tem de produzir frutos verdadeiros de amor, do contrário, ela se
apresenta falsa.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Hb 10.24 As boas obras devem ser estimuladas
Terça - 1 Tm 6.1 7-19 As boas obras e as riquezas do mundo
Quarta - Tg 2.14-17 É possível haver fé sem as obras?
Quinta - Ef 2.8,9 Não somos salvos pelas boas obras
Sexta - Ef 2.10 Salvos praticam boas obras
Sábado - Rm 12.9,10 Amor cordial e fraterno
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 2.14-26
14 - Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as
obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?
15 - E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento
cotidiano,
16 - e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentar-vos e fartai- -vos; e lhes
não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
17 - Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
18 - Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra- -me a tua fé
sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 -Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e
estremecem.
20 - Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21 - Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando
ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?
22 - Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi
aperfeiçoada,
23- e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi- -Ihe isso
imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 - Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela
fé.
25 - Ede igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras,
quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho?
26 - Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé
sem obras é morta.
INTERAÇÃO
“Fé e obras: Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica” é o tema deste
trimestre! Portanto, estudaremos a Epístola de Tiago. O comentarista é o
pastor Eliezer de Lira e Silva, conferencista de Escolas Bíblicas e diretor do
projeto missionário Ide Ensinai em Moçambique, África.
Ao ler a Epístola Universal de Tiago chegamos à conclusão de que
o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso
desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras.
Caro professor, de maneira profunda, estude esta epístola, pois, temos um
grande desafio: convencer os nossos alunos de que vale a pena levar estes
ensinamentos até as últimas consequências.
OBJETIVOS
Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
Descrever as questões de autoria, local, data e destinatário da epístola.
Entender o propósito da epístola.
Destacar a atualidade da epístola.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para iniciar o estudo da Carta de Tiago sugerimos que
reproduza o esquema da página seguinte na lousa, ou em cópias, conforme as
suas possibilidades. O esquema é um esboço da epístola a ser estudada. Ele
vai auxiliar na análise panorâmica da carta. Neste esquema ainda constam
informações como: a estrutura da epístola, autoria, tema, data e uma
consideração preliminar. Tenha uma boa aula!
PALAVRA-CHAVE
Fé: Confiança absoluta em alguém. A primeira das três virtudes teologais: fé,
esperança e amor.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a mensagem de Deus entregue aos santos
irmãos do primeiro século por intermédio de Tiago, o irmão do Senhor. Assim
pode ser resumida a Epístola universal de Tiago: uma carta de conselhos
práticos para uma vida bem-sucedida e de acordo com a Palavra de Deus. A
espiritualidade superficial, a ausência de integridade, a carência de
perseverança e a insuficiência da compaixão para com o próximo são
características que permeiam o caminho de muitos crentes dos dias modernos.
O estudo dessa epístola é relevante para os nossos dias, pois contempla a
oportunidade de aperfeiçoarmos o nosso relacionamento com Deus e com o
próximo, levando-nos a compreender que a fé sem as t obras é morta (Tg
2.17).
I - AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)
1. Autoria. Em lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo
Testamento, a menção de quatro pessoas com o nome de Tiago: Tiago, pai de
Judas, não o Iscariotes, (Lc 6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (Mt
4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2); Tiago, filho de Alfeu,
um dos doze discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13) e,
finalmente, Tiago, o autor da epístola, que era filho de José e Maria e meio-
irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20). Após firmar os passos na fé e
testemunhar a ressurreição do Filho de Deus, o irmão do Senhor liderou a
Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado apóstolo (Cl
1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o £ autor não poderia ser outro Tiago,
senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém.
2. Local e data. Embora a maioria dos biblistas veja a Palestina, e mais
especificamente Jerusalém, como locai mais indicado de produção da epístola,
tal informação é desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período antigo da
era cristã, sempre será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de Estudo
Pentecostal data a produção da carta de Tiago entre os anos 45 a 49 d.C.,
aproximadamente.
3. Destinatário. “Às doze tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a
estrutura política de Israel perdera a configuração de divisão em tribos. Assim,
em o Novo Testamento, a expressão “doze tribos” é um recurso linguístico que
faz alusão, de forma figurativa, à nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap
21.12). Todavia, ao usar a fórmula “doze tribos”, na verdade, Tiago refere-se
aos cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras
regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo.
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O autor da epístola é Tiago, o meio-irmão de Jesus. A carta foi escrita
provavelmente em Jerusalém, entre os anos 45 e 49 d.C. e dirigida aos cristãos
dispersos da Palestina bem como as igrejas de outras regiões.
II - O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO
1. Orientar. Em um tempo marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as
orientações de Tiago são relevantes e pertinentes. Isso porque a Escritura nos
revela o serviço a Deus como a prática concreta de atitudes e comunhão:
guardar-se do sistema mundano (engano, falsidade, egoísmo, etc.) e amar o
próximo. Assim, através de orientações práticas, Tiago almeja fortalecer e
consolar os cristãos, exortando-os acerca da profundidade da verdadeira, pura
e imaculada religião para com Deus a qual é: a) visitar os órfãos e as viúvas
nas tribulações; b) não fazer acepção de pessoas e c) guardar-se da corrupção
do mundo (Tg 1.27).
2. Consolar. Numa cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como
divindade, significava rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram
impiedosamente perseguidos, humilhando-se mortos. Entretanto, a despeito de
perder emprego, pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se
mantiveram fiéis ao Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo
para as igrejas e crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-
11).
3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos
ricos e defraudados e afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de
Deus condenar com veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda
é muito atual (Ml 3.5; Mc 10.19; 1 Ts 4.6). A Epístola de Tiago não foge à
tradição profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino
contra os exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não
desanimarem na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto
e certamente cobrará muito caro por isso. A queda de quem explora o
trabalhador não tardará (Tg 5.1-3).
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O propósito geral da epístola de Tiago era orientar, consolar e fortalecer a
Igreja de Cristo que estava sendo perseguida.
III - ATUALIDADE DA EPÍSTOLA
1. Num tempo de superficialidade espiritual. Outro propósito da epístola é
levar o leitor a um relacionamento mais íntimo com Deus e com o próximo.
A carta traz diversas citações do Sermão do Monte como prova de que o autor
está em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo. Tiago chama a
atenção para a verdade de que se as orientações de Jesus não forem
praticadas, o leitor estará fora da boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Portanto, a Igreja do Senhor não pode abandonar os conselhos divinos para
desenvolver uma espiritualidade sadia e profunda.
2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas
obras”. O leitor desavisado pode pensar que a Epístola de Tiago contradiz o
apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Nos tempos
apostólicos, falsos mestres torceram a doutrina da salvação pela graça
proclamada pelo apóstolo dos gentios (2 Pe 3.14-16 cf. Rm 5.20—6.4).
Entretanto, a Epístola de Tiago evidencia que não se pode fazer separação
entre a fé e as obras. Apesar de as obras não garantirem a salvação, a sua
manifestação dá testemunho da experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg
2.24).
3. Uma fé posta em prática. Muitos dizem ser discípulos de Cristo, mas estão
distantes das virtudes bíblicas. Estes não evidenciam sua fé por intermédio de
suas atitudes. Os pseudodiscípulos visam os seus interesses particulares e não
a glória de Deus. Precisamos urgentemente priorizar o Reino de Deus e a sua
justiça (Mt 6.33). Tiago nos ensina, assim como João Batista (Lc 3.8-14), que
precisamos produzir frutos dignos de arrependimento.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Num tempo de superficialidade espiritual e de confusão entre “salvação pela fé”
e '‘salvação pelas obras”, a epístola de Tiago é uma mensagem atual sobre a
fé posta em prática.
CONCLUSÃO
Como em toda a Escritura Sagrada, a Epístola de Tiago é um farol acesso e
permanentemente atual. Ela nos alerta contra a mediocridade da vida
supostamente cristã e nos exorta a fazer das Escrituras o nosso pão diário.
Jesus Cristo sempre foi zeioso pelo bem estar do seu rebanho (Jo 10.10). Em
todas as épocas Ele é o bom pastor que cuida das suas ovelhas (Jo 10.11). É
do interesse do Mestre que os discípulos vivam em harmonia e amor mútuo,
afim de não trazerem escândalo aos de dentro e, muito menos, aos de fora (1
Co 10.32). E não nos esqueçamos: A religião pura e imaculada é a fé que se
mostra através de nossas práticas e obras.
VOCABULÁRIO
Compatriota: Que se origina da mesma terra.
Dispersa: Espalhada, separada. Imaculada: Pura, sem qualquer mancha.
Pseudodiscípulos: Falsos discípulos.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Bibliológico
“Deve ser observado que existem resultados mais abençoados e reais quando
um indivíduo realmente confia no Senhor Jesus Cristo. Há não apenas uma
mudança de posição diante de Deus (justificação), mas há o início da obra
redentora e santificadora de Deus. Embora a transformação da vida não seja a
base da salvação, ela é a evidência da salvação. E sem tal evidência (em
maior ou menor grau) deve ser levantada uma questão quanto à autenticidade
da fé do indivíduo. [...]
As boas obras de um cristão são o resultado e a evidência da autenticidade da
sua fé. É o entendimento deste fato que resolverá o problema de alguns quanto
a uma alegada discrepância entre Paulo e Tiago. Paulo certamente relaciona
as boas obras com a fé (Ef 2.8-1 0). Fica claro que Tiago está falando da
justificação diante dos homens (Tg 2.18 - ‘mostra-me’, ‘te mostrarei’; v.22 -
‘bem vês’; v.24 - ‘vedes’; v.26), e que a fé é provada pelas obras (v.22)”
(PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wydiffe. Rio de
Janeiro: CPAD, 2009, pp.779,80).
EXERCÍCIOS
1. Quem é o autor da Epístola de Tiago?
R: Tiago, filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor.
2. Quem são os destinatários da Epístola de Tiago?
R: Os cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em
outras regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo.
3. Segundo a lição, quais são os propósitos da Epístola de Tiago?
R: Orientar, consolar e fortalecer a Igreja de Cristo.
4. O que provam as várias citações do Sermão da Montanha na Epístola de
Tiago?
R: Que o autor está em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo.
5. Por que não podemos fazer separação entre a fé e as obras?
R: Porque apesar de as obras não garantirem a salvação, a sua manifestação
dá testemunho da experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24).
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.36.
O tema deste trimestre é "Fé e Obras: Ensino de Tiago para uma vida cristã autêntica". Por
isso, ao professor não poderá faltar algumas obras literárias para o bom desenvolvimento do
trabalho educativo, como, por exemplo, várias versões da Bíblia (pelo menos quatro); um bom
Dicionário Bíblico; um Dicionário Teológico e um Comentário Bíblico.
Por que usarmos diferentes versões bíblicas para interpretar cuidadosamente as Escrituras?
Ora, apesar de boas e fieis ao original do texto bíblico, algumas versões apresentam, por
exemplo, problemas de linguagem arcaica, que não se adequa à contem- poraneidade da
língua portuguesa (cf. Caridade/ Amor - 1 Co 13). Quando comparamos as várias versões da
epístola de Tiago, podemos compreender os textos de razoável dificuldade interpretativa. Por
isso é que sugerimos ao menos quatro das muitas versões disponíveis em língua portuguesa: a
ARC (Almeida Revista Corrigida); a ARA (Almeida Revista Atualizada); a NVI (Nova Versão
Internacional); e outra (poder ser até mesmo uma tradução católica da Bíblia, como TEB -
Tradução Ecumênica da Bíblia - ou a Bíblia de Jerusalém).
O Dicionário Bíblico lhe auxiliará para a compreensão de algum termo das Escrituras. Por
exemplo,
a carta de Tiago cita a palavra "obra". Mas a que Tiago se refere ao usar o termo "obra"? Às
Obras da Lei ou à "Ação de Misericórdia"? Os artigos de um bom Dicionário Bíblico (sugerimos
o Dicionário Bíblico Wycíiffe, editado pela CPAD) desenvolvem a exaustão os termos bíblicos
dessa natureza.
Para compreendermos a linguagem teológica de uma palavra contextualizada à doutrinas
bíblicas, o Dicionário Teológico muito lhe ajudará (sugerimos o Dicionário Teológico, editado
pela CPAD). Dominarmos os conceitos doutrinários de Salvação, Lei, Graça etc., e os seus
desdobramentos, é de grande relevância para quem estuda a Epístola de Tiago. Ademais, não
podemos confundir os conceitos teológicos que, ao mesmo tempo, aparecem na carta de Tiago
e nas de Paulo.
Por último, um bom Comentário da Epístola de Tiago (sugerimos O Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento, editado pela CPAD) para remontarmos o contexto histórico,
social, cultural, econômico e exegese da epístola. Mas, antes de tudo, sugiro-lhe ler as treze
lições do trimestre em uma única leitura. Este processo lhe ajudará a desenvolver o panorama
do assunto de maneira mais eficaz. Faço votos de que você e a sua classe cresçam no estudo
desta belíssima carta que é a Epístola de Tiago!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A Carta de Tiago é a primeira do grupo de epístolas consideradas como escritos
gerais. Tais epístolas recebem essa designação por não serem endereçadas
especificamente a qualquer grupo que possa ser identificado de imediato.
Outra denominação dada a este grupo de escritos é “escritos católicos”, por
serem cartas gerais. Essa designação nada tem a ver com o nome da Igreja
Católica Apostólica Romana.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida
Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 13
A carta de Tiago difere das outras cartas do Novo Testamento pelo seu estilo,
conteúdo e apresentação. A carta demorou a ser incluída no cânon do Novo
Testamento. Martinho Lutero descreveu a como uma epístola de palha. Mas
todos, que confiando em sua inspiração divina e no fato que é a Palavra de
Deus, serão ricamente compensados pela meditação e aplicação à vida de
suas palavras.
Agostinho confessou para Deus: “O que tuas Escrituras dizem, tu dizes!”.
Kierkegaard tinha Tiago como sua Escritura predileta.
Quanto ao seu estilo, Tiago omite, quase por completo, uma discussão
teológica. Suas pressuposições são ortodoxas. Seu estilo é direto e objetivo.
Combate pecados e atitudes que prejudicam a vida e o testemunho dos
cristãos. Apresenta o imenso valor de se viver segundo a sabedoria do alto,
isto é, de acordo com a revelação de Deus.
O livro foi escrito aproximadamente entre 10 e 15 anos após a morte de Jesus.
O discipulado que Jesus ordenou na Grande Comissão a seus seguidores para
ensinar foi obediência a tudo que ele mesmo tinha passado para eles. Não nos
surpreende descobrir que há doze nítidos paralelos entre o Sermão do Monte e
Tiago (cf. Bíblia Almeida Século 21, p. 1238). Por isso, muito daquilo que
vemos aqui podemos sentir as palavras de Jesus, como pano de fundo,
temperando as palavras de Tiago. Mas além de ter Jesus como sua fonte,
Tiago é um dos livros que mais tem referências diretas ou indiretas aos livros
do Antigo Testamento. E dos 39 livros que completam o Antigo Testamento, ele
faz algum tipo de referência a pelo menos 22 livros.
E quem era Tiago? Esse nome pertencia a vários personagens do Novo
Testamento. O primeiro mártir da igreja foi Tiago, o irmão de João, filho de
Zebedeu. Tiago, filho de Alfeu se encontra na lista dos discípulos de Jesus,
mas o Tiago que se destaca era coluna da igreja de Jerusalém (G12.9). Esse
último Tiago foi incluído na lista dos irmãos de Jesus (Mc 6.3; Mt 13.55). Foi
designado como “apóstolo” em Gálatas 1.19. O fato de o Cristo ressurreto ter
aparecido a Tiago (1 Co 15.7) e de Paulo argumentar em favor do seu próprio
apostolado com a frase “não vi Jesus, nosso Senhor?” (ICo 9.1), talvez
explique porque Tiago estava incluído nesse círculo maior (além dos Doze) de
líderes que foram reconhecidos como apóstolos. No concilio de Jerusalém (49
d.C), ele teve papel importante como bispo dessa igreja (At 15.13-21),
sugerindo o envio da carta recomendando quatro abstenções que os crentes
gentios deveriam observar (v. 20).
Os destinatários dessa carta foram as doze tribos dispersas entre as nações.
Havia colônias de judeus em muitas cidades do império, e em algumas delas
havia cristãos judeus, como sabemos que era o caso em Roma. Foram os
distúrbios provocados por um “ Chrestos’ (muito provavelmente, Cristo),
segundo o historiador Suetônio, que levaram o imperador, Cláudio, a expulsar
os judeus da capital no ano 48 d.C. (At 18.2).
Os destinatários eram evidentemente judeus convertidos a Cristo que, naquela
época, viviam dispersos por todo o mundo conhecido.
A descrição deles como “as doze tribos dispersas entre as nações” reflete a
maneira pela qual os escritores judeus falavam do Israel escatológico, uma vez
que deixaram de existir as tribos do norte quando foram misturadas com o
mundo gentio.
Como vemos em Atos, no episódio do Pentecostes da descida do Espírito
Santo, vários judeus estavam vindo de diversas partes para Jerusalém, e esses
judeus eram conhecidos como o povo da dispersão. provável também que
Tiago esteja fazendo uma referência espiritual a essas pessoas. Ou seja, ele
está escrevendo para o Israel de Deus que hoje é a igreja de Jesus.
Segundo Josefo, Tiago foi martirizado no ano 62 d.C. Nesse caso, a data de
origem dessa carta teria que ser anterior. Pelas condições refletidas na carta,
podemos identificar as regiões costeiras da Palestina e Síria, (em 5.7, há uma
referência às chuvas do outono e da primavera, características daquela região)
e dos que viviam luxuosamente da terra (5.5), latifundiários, frequentemente
ausentes. Por isso, não devemos estar longe da verdade se atribuirmos essa
carta a Tiago, irmão de Jesus e líder da igreja de Jerusalém.
Como Tiago não toca na controvérsia que os judaizantes provocaram e que
desembocou no Concilio de Jerusalém (49 d.C), podemos sugerir a data de 45-
47 d.C. (cf. Douglas Moo, Tiago, Edições Vida Nova, 1990; pp. 33,34).
Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A
Sabedoria De Deus. Editora Shedd Publicações.
A carta de Tiago se parece com um memorando de segunda-feira de manhã
em uma organização. Desde o início, ele espera que os seus leitores coloquem
a sua fé em ação. Os seus desafios não têm data.
Tiago trata de questões práticas que são tão comuns como o jornal desta
manhã. A fé que os cristãos afirmam ter deve ser demonstrada em todas as
situações e circunstâncias da vida — no trabalho, em casa, no bairro, na igreja.
As provações e dificuldades não devem ser encaradas como obstáculos à fé,
mas como oportunidades para colocar em prática uma fé saudável. Não basta
conhecer a Palavra de Deus. Este conhecimento deve ser aplicado às nossas
vidas diariamente. A fé verdadeira é a aplicação da verdade de Deus a nós
mesmos.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2.
pag. 649.
A carta de Tiago é um livro prático.
Esse livro é considerado o livro de Provérbios do Novo Testamento.* Tiago é
mais pregador que escritor.^ É como se ele nos agarrasse pela lapela, fitasse-
nos olhos e falasse conosco algo urgente. Um dos grandes problemas que a
igreja estava enfrentando era colocar em prática aquilo que eles professavam.
A vida estava divorciada da teologia. Esse também é o problema da igreja
contemporânea. Daí, a pertinência e a urgência de estudarmos Tiago.
O tema central de Tiago é: o nascimento (1.13-19a), o crescimento (1.19b-25)
e a maturidade (1.26 - 5.6) do cristão.^ Através das provas, pela paciência,
recebemos a coroa.
A primeira ênfase de Tiago é sobre o novo nascimento (1.13-19a). Embora a
velha natureza permaneça ativa (1.13-16), o Pai nos trouxe ao novo
nascimento pela Sua Palavra (1.17-19a). A segunda ênfase é sobre o
crescimento espiritual (1.19b-25). Nós crescemos pelo ouvir (1.19), receber
(1.21) e obedecer (1.22-25) a Palavra. A terceira ênfase é sobre a maturidade
espiritual (1.26 - 5.6).
Há três notáveis desenvolvimentos que são característicos da verdadeira
maturidade cristã: 1) O controle da língua (1.26); 2) O cuidado dos
necessitados (1.27a); 3) A pureza pessoal (1.27b).
Por que Tiago escreveu esta carta? Para resolver alguns problemas:
1) Eles estavam passando por duras provações;
2) Eles estavam sendo tentados a pecar;
3) Alguns crentes estavam sendo humilhados pelos ricos, enquanto outros
estavam sendo roubados pelos ricos;
4) Alguns membros da igreja estavam buscando posições de liderança; ‘
5) Alguns crentes estavam falhando em viver o que pregavam;
6) Outros crentes estavam vivendo de forma mundana;
7) Outros não conseguiam dominar a língua;
8) Outros estavam se afastando do Senhor;
9) Havia crentes que estavam vivendo em guerra uns contra os outros.
Esses são os mesmos problemas que enfrentamos hoje.
Para Tiago, a raiz de todos esses problemas era a imaturidade cristã.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora
Hagnos. pag. 11-13.
I – AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS
1. Autoria.
Comecemos nosso breve estudo pela questão da autoria desta Carta. O nome
Tiago não era incomum nos dias de Jesus, e no Novo Testamento ocorrem ao
menos quatro citações a pessoas que tinham esse nome:
• Tiago, pai de Judas (Lc 6.16);
• Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João;
• Tiago, filho de Alfeu. Há estudiosos que o identificam como Tiago, o pequeno,
filho de Maria (Mc 15.40).
Tiago, irmão do Senhor. Esta tem sido a teoria mais corrente em relação à
autoria desta Carta. Paulo o destaca como apóstolo (G1 1.19), um homem que
era considerado um dos pilares da igreja.
D. A. Carson aborda dessa forma a pluralidade de candidatos à autoria:
Destes quatro [Carson cita Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, Tiago filho
de Alfeu, Tiago o menor e Tiago, irmão do Senhor], o último é de longe o mais
óbvio candidato à autoria desta carta. Tiago, o pai de Judas é por demais
obscuro para ser seriamente considerado; o mesmo vale, num grau menor,
para Tiago, o filho de Alfeu. Por outro lado, Tiago, o filho de Zebedeu, tem um
papel de destaque entre os Doze, mas a data de seu martírio — 44 d.C. (Veja
At 12.2) — é provavelmente muito cedo para que o liguemos à carta. Resta,
então, Tiago, o irmão do Senhor, que certamente é o Tiago mais proeminente
na Igreja Primitiva. Há ainda estudiosos que entendem que essa carta é de
autoria anônima. Sobre esse assunto, Carson comenta:
Poucos estudiosos têm atribuído a carta a um Tiago desconhecido. Mas
embora isso seja possível e não conflite em nenhum aspecto com nada
existente na própria carta, a simplicidade da identificação do autor indica um
indivíduo bem conhecido — e uma pessoa tão bem conhecida seria
provavelmente mencionada no Novo Testamento.
Depois de brevemente apresentadas as teorias, a Igreja Cristã tem tido em
Tiago, o irmão de Jesus e bispo em Jerusalém, o autor dessa carta que
atravessou os séculos e até hoje fala com toda a igreja.
Data
A carta de Tiago já recebeu diversas propostas de datação. Esta tem sido
determinada por alguns especialistas como tendo sido escrita em 45 ou 62 d.C.
Os argumentos orbitam da seguinte forma para se deduzir que foi escrita em
um desses períodos. Conforme Josefo, o martírio de Tiago ocorreu em 62 d.
C,portanto, ele teve de escrever antes desse período sua carta. A epistola não
faz menção sobre a controvérsia de judeus e cristãos entre os anos 50 e 60.
Como relata o livro de Atos, Tiago foi o chamado “moderador” do Concílio de
Jerusalém, evento que provavelmente teria sido realizado o ano 50 d.C. e que
discutiu a chegada de gentios no seio da igreja cristã. E há estudiosos que
entendem que como a Carta de Tiago não cita o apóstolo Paulo, é provável
que Tiago escreveu sua Carta antes de Paulo ter sido considerado um obreiro
de destaque.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida
Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 13-15.
Tendo visto claramente as dificuldades que circundam este livro, no tocante à
sua autoridade e canonicidade, podemos mais facilmente dizer algo de
significativo sobre a questão do pró p rio a u to r. O livro identifica algum
«Tiago» como seu autor. Mas, qual Tiago está em foco, que nos seja
conhecido no N.T.? Ou tratar-se-ia de um Tiago desconhecido? Ou seria este
livro uma pseudepígrafe, isto é, escrito em nome de um famoso Tiago do N .T.,
mas não na realidade? Essa prática era comum nos primeiros séculos da era
cristã, havendo mais de cem escritos dessa natureza que chegaram até nós,
supostamente de famosos cristãos primitivos, mas certamente sem que isso
seja verdade. E esses são 08 escritos acerca dos quais temos algum
conhecimento, pelo menos a través de fragmentos, ou títulos mencionados por
outros pais da igreja.
Deve ter havido um número muito maior de casos. Tal prática não era reputada
desonesta, naqueles dias; era uma prática comum, usada tanto na literatura
profana como na sagrada.
1. Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João. incluído em todas as quatro listas
sobre os doze apóstolos. Foi decapitado a mando de Herodes Agripa I, em 44
D.C. ou pouco antes. (Ver Atos 12:2).
2. Tiago, filho de Alfeu, um dos doze apóstolos. (Ver Mat. 10:3; Marc. 3:18; Luc.
6:15 e Atos 1:13).
3. Tiago, irmão do Senhor. (Ver Gál. 1:19; 2:9,12; I Cor. 15:7; Atos 12:17; 15:13
e 21:18). Ficou convicto do caráter messiânico de Jesus, evidentemente
através de aparição pessoal a ele, após a ressurreição de Cristo.
Subsequentemente, tornou-se o líder principal da igreja de Jerusalém, uma
figura de estatura sumo sacerdotal, muito respeitado entre judeus e cristãos,
igualmente.
4. Tiago, o Menor (uma alusão à sua pequena estatura, a fim de distingui-10 de
outros personagens do mesmo nome). (Ver Marc. 15:40; Mat. 27:56; Luc.
24:10). Muitos identificam esse Tiago com o filho de Alfeu.
5. Tiago, pai ou irmão de Judas, um dos doze apóstolos (ver Luc. 6:16 e Ato s
1:13). Ao invés desse Judas (não o Iscariotes), nas listas dos evangelhos de
Marcos (capitulo terceiro) e de Mateus (capítulo décimo), aparece o nome de
Tadeu ou Labeu.
6. Tiago, autor da epístola, que possivelmente, pode ser com um ou outro dos
Tiagos mencionados acima.
7. Tiago, irmão de Judas (ver Jud. 1), por meio de quem a epístola de Judas
teria sido escrita.
Dentre esse número, os Tiagos de posição primeira, segunda, terceira e sétima
têm sido identificados como o autor da epístola.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 2-3.
A. Autoria
O autor identifica-se somente como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus
Cristo” (1.1). Havia vários homens importantes no Novo Testamento que se
chamavam Tiago. No entanto, há uma forte evidência, defendida por muitos
estudiosos da Bíblia, de que o autor era o líder da igreja em Jerusalém (At
15.13). Paulo se refere a ele como “Tiago, irmão do Senhor” e o inclui entre os
“apóstolos”1 (G11.19). Em Gálatas 2.9, ele caracteriza Tiago como um dos
“pilares” da Igreja.
Este Tiago é mencionado duas vezes nos evangelhos (Mt 13.55; Mc 6.3). Nas
duas passagens ele é identificado como um dos irmãos de Jesus. Ele somente
se tornou um seguidor do nosso Senhor após a Ressurreição. Ele estava entre
os discípulos primitivos que, no cenáculo, esperavam pela descida do Espírito
Santo e “perseveravam unanimemente em oração e súplica” (At 1.14).
A habilidade e fé de Tiago logo o colocaram num lugar de proeminência entre
os cristãos primitivos. Quando Pedro deixou a Palestina (At 12.17), tudo indica
que Tiago assumiu a liderança da igreja de Jerusalém. Três anos após a
conversão de Paulo, ele visitou os líderes de Jerusalém e lá viu “Tiago, irmão
do Senhor” (G11.19). Em Atos 15, na assembléia que discutia a admissão dos
gentios na Igreja, Tiago era o ministro que presidia a reunião. Na mesma visita
a Jerusalém, “Tiago, Cefas e João” estenderam a destra da comunhão a Paulo
e Barnabé (G1 2.9). Na sua última visita a Jerusalém, quando Paulo
apresentou seu relatório, “Tiago, e todos os anciãos vieram ali” (At 21.18).
De um homem nessa posição de responsabilidade e autoridade haveríamos de
esperar uma carta pastoral de conselhos práticos concernentes a questões que
afetavam a vida espiritual da Igreja. E isso que encontramos nesta epístola.
A. O Autor, 1.1
As cartas no primeiro século geralmente iniciavam com o nome do autor,
seguido pelo nome do receptor e uma fórmula de saudação na mesma ordem
que aparecem nesta carta. O autor identificou-se simplesmente como Tiago.
Provavelmente, nenhuma outra explicação era necessária para os cristãos
daquela época. Eles logo compreendiam tratar-se de Tiago de Jerusalém, o
reconhecido líder da Igreja. (Veja Int., “Autoria”).
B. As Credenciais do Autor, 1.1
Com um verdadeiro espírito cristão, Tiago apresentou-se aos seus leitores, não
como o líder da Igreja, mas como servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo. O
termo servo (doulos) é literalmente um servo cativo ou escravo. O termo
escravo era entendido quando usado em relação ao homem. No entanto,
quando esse termo era usado em relação a Deus, os leitores judeus
compreendiam tratar-se de um adorador.
Às vezes trata-se de maneira negativa o fato de Cristo ter sido mencionado
somente três vezes nesta epístola (1.1; 2.1; 5.8). Pode-se supor que a razão
não era um desinteresse por parte de Tiago, mas sim que os leitores cristãos
conheciam o fundamento da sua mensagem. Em todo caso, há uma evidente
declaração da suprema lealdade cristã na frase de abertura do apóstolo. Servo
de Deus era uma frase comum do Antigo Testamento. Tiago acrescenta a ela a
dimensão distintamente neotestamentária — um adorador do Senhor Jesus
Cristo. O autor desta carta é um homem que serve a Deus e aceita a divindade
de Jesus.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 147,
152-153.
O AUTOR
A – A situação inicial
1 – A carta de Tiago em si não traz nenhuma referência direta sobre quem é o
autor.
2 – A tradição da igreja antiga nomeia como autor o irmão mais velho do
Senhor, Tiago. No entanto, chama atenção que por um período relativamente
longo a carta de Tiago não tenha sido reconhecida como escrito canônico, i. é,
como pertencente ao conjunto dos livros do NT. É a posição de Orígenes
(falecido por volta de 254 d.C.) e Eusébio (séc. IV). Este, porém, declara que a
carta era lida em público na maioria das igrejas. Foi somente durante o séc. IV
que ela se impôs definitivamente na igreja oriental e ocidental (Cirilo, Atanásio,
Jerônimo, Agostinho). Contudo não se tem notícia de que na igreja antiga
também tenha sido citada outra pessoa além de Tiago, irmão do Senhor.
3 – Dentre os portadores do nome Tiago no NT dificilmente outra pessoa além
do irmão do Senhor poderia ser cogitada como autor da carta. No grupo dos
discípulos de Jesus dois homens têm o nome Tiago: Tiago, filho de Zebedeu e
irmão de João, e Tiago, filho de Alfeu (cf. Mt. 4.21 e as duas listas de apóstolos
em Mt 10.2ss e Lc 6.14ss). No NT há ainda outros homens chamados Tiago: a
fim de ser diferenciado de Judas Iscariotes, um segundo Judas entre os
discípulos é chamado de filho de Tiago (Lc 6.16). E, entre as mulheres que
observavam à distância os acontecimentos no Calvário, Maria é chamada de
mãe de “Tiago, o menor” (Mc 15.40). De todos eles, é somente a respeito de
Tiago, filho de Zebedeu, que o NT menciona mais do que meramente o nome.
Ele fazia parte dos três discípulos que Jesus levou consigo para a casa de
Jairo, para o monte da transfiguração e para a agonia no Getsêmani. Já no ano
de 44, Tiago foi decapitado por Herodes, enquanto Pedro experimentou uma
milagrosa salvação pela intervenção de um anjo (At 12.2ss). Por isso,
dificilmente podemos cogitar Tiago, filho de Zebedeu, como autor da carta de
Tiago. Afinal, essa carta registra uma experiência longa e rica com a igreja
cristã. Os demais permaneceram desconhecidos demais para que um deles
pudesse se apresentar em uma carta eclesial simplesmente como “Tiago,
servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo”. Por isso, de fato somente o irmão do
Senhor pode ser considerado como possível autor dentre todos os portadores
do nome Tiago citados no NT.
B – Argumentos contra a autoria do irmão do Senhor
A pesquisa crítica arrola várias razões pelas quais Tiago, o irmão de Jesus,
não escreveu a carta. Alegou-se em especial que:
1 – O grego usado na redação da carta é o de uma pessoa erudita, versada,
com artifícios linguísticos como trocadilhos etc. É o grego de um homem que
provavelmente tinha este idioma como língua materna. Em contraposição,
Tiago, irmão do Senhor, era palestino e uma pessoa simples. Sua língua
materna era o aramaico, e ele dificilmente esteve alguma vez no exterior.
2 – Tg 2.14ss, dizia-se, debatia um equívoco evidentemente bastante
disseminado acerca da teologia de Paulo. Por isso a carta de Tiago
provavelmente teria sido redigida posteriormente ao período de vida de Tiago,
irmão do Senhor.
3 – O problema dos mandamentos rituais e cultuais, algo particularmente
importante para a primeira igreja, não é mencionado em lugar algum. Tiago,
irmão do Senhor, dificilmente teria escrito dessa forma. Também foi afirmado
que no tempo da redação da carta a controvérsia entre os cristãos gentílicos e
cristãos judeus acerca do mandamento cultual e ritual já teria sido superada há
muito e pouco conhecida. Isso deporia em favor da escrita da carta em torno de
cem anos depois da morte de Tiago, irmão do Senhor.
4 – O fato de que a carta de Tiago foi reconhecida apenas tardiamente como
escrito do NT demonstraria que a igreja antiga não era unânime acerca da
autoria da carta pelo irmão do Senhor (de acordo com Orígenes, a carta de
Tiago não fazia parte dos escritos de reconhecimento geral, e também Eusébio
a relaciona entre os antilegomena, i. é, os escritos “contestados”).
C – Posicionamento diante desses argumentos contrários
1 – Pedro escreveu sua primeira carta “por meio de Silvano, o fiel irmão” (1Pe
5.12). Portanto é possível que também Tiago, líder da primeira igreja em
Jerusalém (veja abaixo, item D), tenha mandado escrever sua carta dirigindo-
se a igrejas de outros países, que devem ter sido constituídas principalmente
por cristãos judeus estrangeiros de fala grega, valendo-se dos préstimos de um
cristão judeu de fala grega em Jerusalém (posição de Wilhelm Michaelis:
Einleitung in das NT, 1946, BEG-Verlag, Berna), o qual conhecia com exatidão
a forma de pensar dos destinatários. Não era pequeno o grupo desses cristãos
judeus em Jerusalém (At 6.1). A maioria dos chamados “diáconos”, liderados
por Estêvão, podem ter sido escolhidos do seio desse grupo. Todos os
diáconos tinham nomes gregos. Na verdade a carta de Tiago foi escrita em
grego fluente no tocante ao idioma, mas traz um modo de pensar hebraico em
seu conteúdo e se compara com coletâneas de sabedoria do AT e do
judaísmo. – A carta, que comunica às igrejas a decisão do “concílio dos
apóstolos” (At 15.23ss) , contém a mesma saudação helenista que não ocorre
em mais nenhum lugar do NT e que no grego também consta em Tg 1.1. Essa
carta possivelmente foi concebida por Tiago, que conforme At 15, apresentou a
correspondente sugestão de acordo. Talvez nesse caso também tenha
trabalhado o mesmo intérprete e escrevente que colaborou com a redação da
carta de Tiago. Alguns pesquisadores também opinam que seus primeiros
destinatários (cf. também a comunicação em At 15.23) tenham sido igrejas na
Síria e Cilícia.
2 – No tocante ao conteúdo e à forma, a carta de Tiago possui fortes
semelhanças com o Sermão do Monte e outras pregações de Jesus (cf., p. ex.,
Tg 1.22 com Mt 7.21,26; Tg 2.10 com Mt 5.19; Tg 2.13 com Mt 5.7; Tg 3.18
com Mt 5.9; Tg 4.5 com Mt 6.24; Tg 4.12 com Mt 7.1; Tg 5.2 com Mt 6.19; Tg
5.12 com Mt 5.34,37. – Cf. também a posição semelhante de Jesus e Tiago em
relação a pobres e ricos, Lc 6.24s; 16.19-25; Tg 5.1-6). Como aquelas, a carta
se assemelha à forma de exposição da sabedoria proverbial do AT. Isso
permite supor que a carta também surgiu em um momento cronologicamente
próximo à proclamação de Jesus. Vários exegetas, como Adolf Schlatter,
Gerhard Kittel e Wilhelm Michaelis, suspeitam que a carta de Tiago seja um
dos escritos mais antigos do NT.
Como será demonstrado no comentário sobre Tg 2.14ss, esse trecho da carta
contém uma controvérsia apenas aparente com a teologia do apóstolo Paulo. O
conceito decisivo “obras” possui significados diferentes em Tiago e em Paulo.
As palavras da carta de Tiago também podem estar discutindo com um orgulho
generalizado pela posse da verdade, um orgulho não disposto a obedecer a
essa verdade. E podem combater o equívoco de transformar a graça que nos
foi propiciada e anunciada por Jesus, como também é expressa nos
evangelhos (Lc 15.22-24; 18.14; 23.43; Jo 8.11), em motivo de acomodação. A
graça e o Espírito de Deus, bem como a obra redentora de Jesus Cristo, não
visam gerar filhos desobedientes, mas obedientes a Deus.
3 – Possivelmente Tiago, o irmão de Jesus, já tenha escrito a carta antes que a
controvérsia em torno da lei cultual e ritual tenha ficado bem evidente.
Consequentemente, Tiago poderia ter anunciado, como seu Senhor e Mestre
Jesus Cristo, sobretudo a vontade de Deus que nos compromete eticamente,
assim como também já fizeram os profetas do AT. Também Jesus só falou
detalhadamente a respeito das leis cultuais e rituais depois que isso se tornou
imperioso devido ao conflito com os fariseus e escribas. Se Tiago era “servo de
Jesus Cristo” (Tg 1.1), deve-se supor que também para Tiago, assim como
para seu Senhor, importava acima de tudo a vontade de Deus que compromete
eticamente toda a nossa vida.
Até mesmo se Tiago tivesse escrito somente depois da reunião dos apóstolos
relatada em At 15, em que ele mesmo sugeriu o acordo, a questão deve ter
ficado clara tanto para ele como para as igrejas às quais a decisão foi
comunicada, e que possivelmente também foram as primeiras destinatárias
desta carta. Logo, não havia mais necessidade de abordar a questão.
4 – Podem ter havido duas razões para que a carta de Tiago não fosse aceita
no acervo dos escritos do NT por um tempo relativamente longo:
a) É possível que a carta de Tiago tivesse um grupo de leitores relativamente
pequeno, primordialmente judeus cristãos. Somente mais tarde é que ela se
tornou mais amplamente conhecida.
b) Talvez várias pessoas considerassem a carta de Tiago como sendo um
escrito das igrejas cristãs judaicas que se isolaram fortemente em relação às
demais, sobretudo da igreja cristã gentílica, e cujos escritos não constavam
da tradição geral do primeiro cristianismo. De qualquer modo vemos a atuação
do Espírito de Deus no fato de que a igreja antiga finalmente acabou acolhendo
no cânon do NT a tão importante carta, que em diversos aspectos
complementa o testemunho restante do NT, e que é prática e inquietante.
Consideramos muito provável que a presente carta seja de autoria do Tiago
irmão do Senhor (posições de Adolf Schlatter, Gerhard Kittel, Wilhelm
Michaelis, Kurt Hennig, Walter Warth). O único líder cristão conhecido no
primeiro cristianismo que se chamava Tiago era Tiago, o irmão do Senhor. O
autor da carta cita somente seu nome. Ele sabe que é conhecido. Com
singeleza e naturalidade a carta advoga para si a necessária autoridade. Se,
p.ex., outra pessoa, de época posterior, tivesse pretendido escrever sob o
nome do irmão do Senhor – como supõem vários – ele com certeza teria se
intitulado expressamente de “irmão do Senhor”. Precisamente essa singela
indicação de autoria depõe de forma decisiva em favor do conceito de que de
fato não se trata de outra pessoa que não Tiago, o irmão do Senhor.
Contudo, a questão da autoria por parte do irmão do Senhor com certeza não é
determinante, ainda mais porque nem a própria carta levanta tal reivindicação.
Afinal, cremos no Senhor testemunhado e em sua palavra, não nas
testemunhas.
D – A vida de Tiago, irmão do Senhor
Uma vez que consideramos plausível a autoria de Tiago, o irmão do Senhor,
apresentemos aqui algumas coisas sobre sua vida:
1 – Além do irmão mais velho, por assim dizer um meio-irmão, Jesus, Tiago
tinha mais três irmãos mais novos: José, Simão e Judas (Mt 13.55) e no
mínimo mais duas irmãs (em Mt 13.56 a palavra ocorre no plural).
No início Tiago não creu em Jesus. Depois que eclodiu o conflito entre Jesus e
o poderoso partido dos fariseus, bem como com os influentes escribas, sua
família quis trazê-lo para casa: “Saíram para o prender; porque diziam: Está
fora de si!” (Mc 3.21). Parecia-lhes como um ato de loucura arriscar esse
confronto (a razão mais profunda para esta tentativa de levá-lo para casa deve
ter sido justamente esse conflito, cf. Mc 2.18-3.6.) Os irmãos tentavam proteger
Jesus e toda a família da vergonha do apedrejamento ou da cruz. Também
tinham convencido Maria, a mãe, a ir com eles (Mc 3.31ss). – Contudo, os
irmãos certamente também tinham esperança de que junto de seu irmão mais
velho, que flagrantemente era uma pessoa especial, também poderiam ser
pessoalmente engrandecidos. Por isso o desafiaram a não apenas mostrar seu
poder milagreiro no recôndito da Galiléia, mas no grande “palco” de Jerusalém
e da festa dos tabernáculos. Talvez tivessem esperança de que agora ele
finalmente se manifestasse como o Messias (Jo 7.3s). Nessas duas iniciativas,
que Tiago, o mais velho depois de Jesus, deve ter liderado, percebe-se que os
irmãos de Jesus pensavam de forma tipicamente humana, “porque também
seus irmãos não criam nele” (Jo 7.5).
2 – Após a Páscoa, porém, aconteceu a grande mudança na vida de Tiago. O
Senhor ressuscitado lhe aparecera (1Co 15.7). Não existe nenhum relato
detalhado acerca deste encontro no NT, assim como tampouco sobre o
primeiro encontro de Pedro com o Senhor ressuscitado (1Co 15.5; Lc 24.34).
Agora Tiago, sua mãe e os irmãos se associam ao grupo dos apóstolos (At
1.14). Em breve ele teria uma posição de liderança na primeira igreja, a
congregação cristã judaica de Jerusalém. Isso se nota pela menção expressa
de Tiago em At 12.17, onde Pedro se despede da igreja de Jerusalém.
Também Gl 1.19 cita Tiago como um dos homens decisivos em Jerusalém.
A importância de Tiago evidenciou-se especialmente pela forma como
cooperou no “concílio dos apóstolos” (At 15). Propôs o acordo decisivo a ser
celebrado entre os cristãos judeus e gentílicos (At 15.13-21). Esse acordo não
excluía tensões ocasionais. Elas não se manifestaram entre Paulo e Tiago,
mas entre Paulo e os adeptos de Tiago (Gl 2.9,12). No relevante esforço de
encontrar o caminho certo para o novel cristianismo, que se desenvolvera a
partir de um grupo no seio do judaísmo até tornar-se uma entidade
independente, Tiago defendia, no convívio entre cristãos judeus e gentílicos,
particularmente os interesses dos grupos judaicos. Seu coração batia
intensamente em favor da obediência séria à santa e salutar vontade de Deus
já revelada no AT. Isso se torna visível também na presente carta, o que depõe
em favor da autoria do irmão do Senhor.
3 – No contexto externo à Bíblia há informações de que Tiago viveu ainda até a
década de sessenta do primeiro século em Jerusalém, sendo chamado pelos
judeus de “justo”: também como cristão ele teria cumprido com grande
fidelidade a lei do AT, orando e jejuando intensamente. Isso lhe teria rendido
entre o povo um respeito tão grande que, ao contrário de outros líderes
cristãos, conseguiu se manter em Jerusalém durante toda uma geração.
A respeito da morte de Tiago, irmão do Senhor, há dois relatos extrabíblicos
que concordam no fato de que ele sofreu o martírio: o historiador judaico
Josefo informa que Tiago teria sido entregue ao apedrejamento pelo sumo
sacerdote Anás II depois do falecimento do governador Festo e antes da
chegada de um novo governador romano (ou seja, durante um interregno, que
lhe propiciou certa liberdade de manobra) no ano de 62 (Josefo descreveu a
guerra judaico-romana – 66-70 d.C. – e faleceu por volta de 100 d.C.). O
escritor cristão Eusébio (séc. IV), porém, reproduz um informe de Hegésipo, do
séc. II, segundo o qual Tiago, pouco antes de eclodir a guerra judaico-romana
no ano de 66, foi lançado do pináculo do templo por uma multidão furiosa,
instigada pelos fariseus e escribas, e trucidado com uma clava. Estava
eliminado o homem cujo serviço sacerdotal de intercessão por Israel havia
detido a desgraça. Esta seguiu seu curso.
Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
2. Local e Data.
Tiago escreveu esta carta aproximadamente entre 47 e 49 d.C.
Há diversas razões para crer que a carta de Tiago tenha sido escrita no início
da vida da igreja.
• Tendo Tiago, o irmão de Cristo, como seu autor, a carta teria que ter sido
escrito antes de 62 d.C., ano do martírio de Tiago, de acordo com Josefo.
• A carta não menciona a controvérsia sobre judeus e gentios dos anos 50 e
60. Lembre-se de que Tiago foi o moderador do Concilio de Jerusalém, reunido
para debater esta questão (At 15). Supõe-se que este concilio tenha sido
realizado aproximadamente no ano 50 d.C. Paulo passou muito tempo
comentando o problema dos judaizantes nas suas cartas.
• Esta carta não faz menção ao apóstolo Paulo ou alusões aos seus escritos.
Portanto, é provável que ela tenha sido escrita antes que Paulo atingisse
grande proeminência na igreja.
• Tiago não fala a respeito dos falsos ensinos, outra questão posterior na igreja
e um tema importante nos escritos de Paulo, Pedro, Judas e João. A carta de
Tiago foi escrita após a morte de Estêvão (35 d.C.), a perseguição que fez com
que muitos crentes de Jerusalém fugissem para salvar suas vidas, a conversão
de Paulo (35 d.C.), e a morte de Tiago, o apóstolo (44 d.C.).
Ela foi escrito antes do Concílio de Jerusalém (50 d.C.), da segunda e terceira
viagens missionárias de Paulo (50-52 d.C. e 53-57 d.C.), do aprisionamento
final e do martírio de Paulo (aproximadamente 67 d.C.), e da destruição de
Jerusalém, por Tito (70 d.C.).
Alguns defendem uma data posterior e outro autor, devido à excelente
qualidade do idioma grego usado no livro. A língua-mãe de Tiago seria o
aramaico, e ele provavelmente não teria sido fluente em um bom grego
helénico. É possível, no entanto, que Tiago, como Paulo (veja Cl 4.18), usasse
um “secretário” para traduzir as suas palavras para o grego, a língua do mundo
comercial e a escolha apropriada para alcançar os que estavam espalhados
pelo mundo inteiro.
Tiago escreveu a cristãos judeus do século I. Ele também escreveu a nós, hoje,
que também estamos “dispersos entre as nações”. Embora separados por
aproximadamente vinte séculos, as necessidades sáo praticamente as
mesmas, e a mensagem de Tiago ainda precisa ser ouvida e aplicada.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2.
pag. 651-652.
Não há evidência na epístola ou de fontes externas que ajudem a determinar
exatamente a data em que foi escrita esta carta. Alguns estudiosos
conservadores argumentam que esta carta pode ter sido escrita em 45 d.C.,
outros já acreditam que ela foi escrita em 62 d.C. As datas mais precoces se
baseiam no fato de que na epístola o autor não faz nenhuma menção do
problema da admissão de gentios na Igreja. Sabemos que Tiago estava
profundamente preocupado com esta questão numa época posterior. Aqueles
que propõem uma data posterior ressaltam a condição relativamente
estabelecida da Igreja refletida na epístola. Tiago não parece estar muito
preocupado em colocar os fundamentos e ressaltar doutrinas evangélicas para
uma Igreja que está dando seus primeiros passos na fé. Isto favorece a ideia
de a epístola ter sido escrita numa data posterior. Assim, o conteúdo sugere
que esta carta foi escrita numa data posterior às cartas aos Gálatas e aos
Romanos, nas quais o autor tratou de assuntos doutrinários fundamentais. O
aspecto-chave não é o ano exato, mas o período. Se, como tudo indica, Tiago
foi martirizado em 63 d.C., a epístola obviamente foi escrita antes dessa data.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 148.
Em face do que foi dito antes acerca da autoria e da forma da carta, sua data
pode ser apurada a seguir. É evidente que os que não crêem que Tiago, o
Justo, tenha sido o autor dessa carta, datam-na relativamente tarde, cerca de
70-130 d.C., e com mais freqüência entre 80-100 d.C. Todavia, argumentamos
anteriormente que Tiago, o Justo, foi a fonte dos sermões contidos na carta, o
que significa que o material pertence à época da vida de Tiago, a saber, antes
de 62 d.C. Além disso, Tiago 2:14-26 com toda a probabilidade teria sido
composto como uma unidade antes de Tiago ter tido a oportunidade de
conversar com Paulo sobre as doutrinas características do apóstolo. Isso faz
que a data desta parte da carta recue para antes de 49 d.C., pelo menos.
Todavia, essa data é satisfatória para qualquer parte da carta, visto que a igreja
por essa época tinha mais de quinze anos de existência, isto é, ela teria idade
suficiente para apresentar quaisquer dos problemas descritos por Tiago. Na
verdade, a década de quarenta foi uma época de escassez econômica em
Jerusalém, circunstância que se encaixa na insegurança financeira e na
vulnerabilidade que a igreja de Tiago está experimentando. Assim, é provável
que grande parte do material da carta se tenha originado em meados da
década de quarenta, tendo circulado oralmente, ou em tradução grega tosca,
durante uma década mais ou menos, antes de chegar à sua forma final.
A segunda etapa do trabalho, a versão final para publicação, é mais difícil de
datar. Seria com toda a probabilidade anterior a 66 d.C., visto que a fuga da
igreja para Pela teria posto um fim na continuidade de contatos com Jerusalém,
e Tiago, o Justo, precisava coligir as tradições. É difícil saber quantos anos
antes isso ocorreu.
É muito provável que a morte de Tiago tenha motivado fortemente a redação
da carta, visto que, tendo silenciado aquela voz poderosa, é certo que teria
surgido o desejo, no seio da igreja entristecida, de preservar seus ensinos para
o verdadeiro Israel — “às doze tribos da Dispersão” — a todo o povo de Deus
espalhado pelo mundo. Isso explicaria também outros dois fatos: (1) o de
Hermas ter obtido uma cópia em Roma, por volta de 96 d.C., visto ter decorrido
bastante tempo entre 66 e 96 d.C., para que uma cópia chegasse aos judeus
cristãos de Roma, e (2) o fato de Tiago não ser mencionado senão por
Orígenes, cerca de 256 d.C., porque uma obra judaico-cristã que não fosse útil
numa controvérsia doutrinária logo estaria um tanto esquecida pela igreja de
Jerusalém em exílio e, a seguir, em luta pela sua existência distintiva, visto que
a missão judaica entrou em colapso com a queda de Jerusalém em 70 d.C.
Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A
Sabedoria De Deus. Editora Shedd Publicações. pag. 24-25.
O local da composição
As conclusões que tiramos sobre a autoria e a data da carta praticamente
determinam o local da composição. Tiago viveu em Jerusalém durante este
período e seus leitores, provavelmente, se encontrariam em regiões
imediatamente fora da Palestina, junto à linha costeira para o norte, na Síria e,
talvez, no sul da Ásia Menor. Várias alusões na carta, principalmente a
referência às “primeiras e últimas chuvas” (5.7), parecem confirmar esta
localização; pois apenas ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo é que
as chuvas ocorrem nesta seqüência. Laws recentemente sugeriu Roma como o
local de origem da carta,2 mas as únicas razões que ela fornece são as
semelhanças literárias entre Tiago e várias obras com origem em Roma: 1
Pedro, Hermas e 1 Clemente.
As condições sociais generalizadas no Oriente Próximo, na metade do primeiro
século, também correspondem à situação pressuposta em Tiago. Os
comerciantes que andavam de um lado para o outro em busca de lucro (4.13-
17) e os senhores de terras, freqüentemente absenteístas, que exploravam
uma força de trabalho cada vez maior e mais pobre (5.1-6), eram figuras bem
conhecidas. Igualmente familiares eram os sempre violentos e odiosos debates
religiosos que parecem ter infectado as igrejas que estavam sob os cuidados
de Tiago (veja 3.13-4.3). O movimento zelote, que procurava alcançar a
liberdade para Israel usando meios violentos, estava se tornando cada vez
mais influente. De fato, alguns eruditos pensam que Tiago 4.2 — “cobiçais e
nada tendes; matais” — pode ser uma referência aos partidários do movimento
zelote, os quais haviam trazido para dentro da igreja sua ideologia violenta.3
Seja isto verdade ou não, as condições sociais da Palestina e da Síria do
primeiro século certamente fornecem uma tela de fundo apropriada para a
carta de Tiago.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 35-
36.
3. Destinatários.
Destinatários
O autor da carta indica que seus destinatários são as 12 tribos que estão
dispersas. Como os judeus foram os primeiros convertidos à fé cristã,
principalmente porque o evangelho de Jesus foi primeiramente pregado a eles,
e a Igreja Primitiva teve sua origem em Jerusalém, não é difícil entender que
esse escrito teria sido inicialmente para eles, mas isso não exclui a
possibilidade de os gentios estarem sendo posteriormente incluídos nos
sermões dessa epístola.
Essa referência é claramente simbólica, se considerarmos que a estrutura tribal
de Israel havia cessado de ser um conjunto literal de doze tribos desde pelo
menos a conquista da Assíria do Reino do Norte em 722 a. C. A questão que
se apresenta, então, é: até que ponto Tiago estende aos seus leitores os
elementos metafóricos de sua designação? A interpretação mais “literal” da
saudação é que cópias dessa carta foram enviadas aos judeus (às “doze
tribos”) que estavam vivendo fora da Palestina (“dispersos entre os gregos”; cf
Jo 7.35). No entanto, levando em conta que a carta obviamente não representa
um tratado evangelístico destinado a converter os judeus ao cristianismo, esse
entendimento pode ser rapidamente excluído.
Os destinatários são apresentados como já possuindo a fé em Jesus Cristo
(2.1) e, sendo assim, a linguagem a respeito das “doze tribos” é geralmente
aceita como simbolizando a crença de que cristãos são agora o povo de Deus,
e formam o novo Israel ou Israel espiritual.
Partindo dessa orientação, podemos entender que os destinatários não eram
apenas judeus, mas igualmente gentios que se tinham chegado à fé em Jesus
Cristo e agora fariam parte da igreja cristã.
Local
Jerusalém tem sido considerada o local da confecção desta carta, apesar de
ela mesma não trazer qualquer indicação de que tenha sido escrita lá. A base
para essa teoria está mais vinculada à tradição da igreja. Pelo fato de essa
carta ter circulado primeiramente na Palestina, como registram alguns pais da
igreja como Orígenes, acredita-se que Jerusalém foi de fato a localidade de
origem dessa epístola.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida
Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 15-16.
“As doze tribos que andam dispersas” (1.1).
O cristianismo é judeu. Isto pode parecer uma contradição, mas é verdade.
Maria, a mãe do nosso Senhor, era judia, como também José era judeu. Sendo
assim, Jesus foi criado em um lar judeu. E no seu ministério público, Jesus
dirigia-se primeiro aos judeus, o povo escolhido de Deus, chamando-os ao
arrependimento e à fé. Todos os doze discípulos originais eram judeus. O
cristianismo iniciou-se no Templo e na sinagoga, quando os judeus que
procuravam encontravam o Messias.
Portanto, é bastante natural que Jerusalém fosse o berço da igreja. Este é o
lugar onde Jesus foi crucificado e onde Ele ressuscitou e posteriormente
ascendeu ao céu.
Em Jerusalém, o Espírito Santo encheu o primeiro grupo de crentes. E ali foi
onde os apóstolos ministraram. A igreja de Jerusalém teve um crescimento
explosivo, com milhares de pessoas respondendo positivamente ao Evangelho
(At 2.41; 4.4; 5.14; 6.1,7). Os crentes encontravam-se nos pátios do Templo e
nas suas casas (At 5.42), adorando, comendo, aprendendo, e servindo juntos.
Jesus disse aos seus seguidores que transmitissem a fé além de Jerusalém,
“em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). No sermão do
monte das Oliveiras, Jesus predisse uma perseguição terrível e a destruição
final de Jerusalém (Lc 21.5-24) - Jesus sabia que os seus seguidores se
espalhariam. A perseguição começou pouco tempo depois da ascensão de
Jesus. Quer estes primeiros cristãos estivessem prontos ou não, muitos deles
foram forçados a se espalhar pelo império romano (At 8.1). Eles foram a
Samaria e a lugares tão distantes quanto Fenícia, Chipre, e Antioquia da Síria
(At 11.19).
Os crentes espalhados “iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4) e,
desta forma, acrescentavam muitos novos convertidos à fé. Isto gerou uma
necessidade de acompanhamento, de instrução espiritual e de incentivo para
os novos crentes. Por exemplo, os apóstolos em Jerusalém enviaram Pedro e
João a Samaria, para avaliar o ministério de Filipe (At 8.14), e enviaram
Barnabé a Antioquia, por terem ouvido falar que os gregos estavam se
convertendo ali (At 11.19-22).
Naturalmente, os seguidores de Jesus, o Messias, já estavam vivendo em
muitas terras estrangeiras, tendo vindo à fé no Pentecostes. Realizada
cinquenta dias depois da Páscoa, Pentecostes (também chamada Festa das
Semanas) era uma festa de ação de graças pela colheita. Todos os anos,
judeus de muitas nações reuniam-se em Jerusalém para esta celebração. De
acordo com Atos 2.9-11, “partos e medos, elamitas e os que habitavam na
Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e Frigia, e Panfília, Egito
e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como
prosélitos), e cretenses, e árabes” ouviram, em suas línguas nativas, a
mensagem que era cheia do Espírito. Eles também ouviram o poderoso
sermão de Pedro (At 2.14-41), e muitos vieram à fé em Cristo. Ao voltar às
suas casas, estes novos convertidos tornaram-se uma equipe evangelizadora
internacional.
Na verdade, é provável que a igreja em Roma tenha sido fundada por aqueles
que ouviram falar sobre Jesus e creram nele em Jerusalém, por ocasião do
Pentecostes.
Tiago, sendo o líder da comunidade cristã de Jerusalém e o pastor de um
rebanho disperso, escreveu a este grande grupo de crentes judeus em Cristo
que estavam vivendo muito longe dos muros de Jerusalém. Assim ele
endereçou a sua carta; “Às doze tribos que andam dispersas” (1.1). Pelo fato
de esta carta ter sido escrita no início da vida da igreja (antes das viagens
missionárias de Paulo), praticamente todos os crentes teriam sido judeus, mas
esta é uma carta para todos os cristáos, tanto judeus quanto gentios.
Tiago sabia o que estes jovens crentes estariam enfrentando ao tentarem viver
para Cristo, longe dos apóstolos e anciãos. Haveria provações e perseguições,
similares àquelas que tinham tirado muitos deles de suas casas. Haveria
sofrimento.
Haveria tentações. Haveria pressões. Tiago estava preocupado com que seus
irmãos e irmãs cristãos conseguissem perseverar.
Tiago também sabia que é fácil voltar a velhos hábitos ou à neutralidade
espiritual quando se é afastado e cercado por aqueles que creem em outras
coisas.
Assim, ele desafiou os seus leitores a irem além de meras palavras e
chegarem à ação — viver segundo a sua fé.
Tiago também estava preocupado com o corpo, a comunhão, e a igreja. Assim,
ele advertiu a respeito de discriminações e divisões e incentivou os crentes a
tomarem cuidado com as suas palavras, procurarem a sabedoria divina, serem
humildes, e orarem uns pelos outros.
Os leitores desta carta do século teriam apreciado a abordagem direta e prática
de Tiago. Ele foi direto ao ponto, com respostas orientadas pelo Espírito, que
eles tanto necessitavam.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2.
pag. 654-655.
Os destinatários da carta
Tg 1.1 diz que “as doze tribos na dispersão” (em grego diaspora) são os
destinatários (cf. 1Pe 1.1).
1 – A quem isso se refere? Porventura os judeus daquele tempo que viviam no
estrangeiro, que desde o cativeiro babilônico haviam se estabelecido
inicialmente nos países orientais e depois, como vemos particularmente em At,
também no Ocidente, em muitas localidades maiores? Contudo, naquela época
as “doze tribos” há tempo já não existiam. Desde o cativeiro assírio (722 a.C.)
as dez tribos do reino do Norte não existiam mais.
A carta de Tiago é uma carta cristã, ainda que o nome de Jesus seja
mencionado expressamente apenas em duas ocasiões (Tg 1.1 e 2.1). Toda a
carta está nitidamente impregnada do espírito e da terminologia do Sermão do
Monte (cf., p. ex., Tg 1.22 com Mt 7.21,26; Tg 2.10 com Mt 5.19; Tg 2.13 com
Mt 5.7; Tg 3.18 com Mt 5.9; Tg 4.5 com Mt 6.24; Tg 4.12 com Mt 7.1; Tg 5.2
com Mt 6.19; Tg 5.12 com Mt 5.34,37). Igualmente se fala da vinda do Senhor
(Tg 5.8), sendo que Tg 2.1 diz quem é o Senhor aguardado. Em Tg 5.14 a
comunidade em questão é necessariamente cristã. No grego consta ekklesia.
Era assim que se chamavam as igrejas cristãs, mas não as sinagogas judaicas.
Logo, não pode tratar-se de um escrito judaico. Mostra-se aqui a vida do grupo
trazido ao lar divino por Jesus, seu relacionamento entre si e perante o
contexto em que vivia.
2 – Além disso, é levantada a pergunta: seriam apenas grupos cristãos judeus
os destinatários da carta de Tiago e, consequentemente, não teria ela nada a
ver diretamente conosco, que viemos de povos gentílicos? Em diversas
passagens da Escritura nota-se como as pessoas que conforme At 15 se
reuniram para um “concílio de apóstolos” (e, em decorrência, o primeiro
cristianismo propriamente dito) entendiam a igreja de Jesus Cristo.
a) Pedro escreve a igrejas cristãs, das quais evidentemente também
participavam cristãos gentílicos que “outrora viviam na ignorância segundo os
desejos” (uma fórmula fixa de condenação dos judeus sobre os gentios da
época): “Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, o povo santo, o povo da
propriedade” (1Pe 1.14; 2.9). Portanto a escolha, dádiva e incumbência do
povo de Deus do AT (Êx 19.6) valiam agora também para o povo de Deus do
NT, a igreja de Jesus formada de Israel e dos povos dentre as nações.
b) Paulo escreve: “Ele de ambos fez um só” (a igreja de Israel e das nações) “e
derrubou o muro que separava” (Ef 2.14). Na carta aos Romanos ele declara
que os cristãos vindos dos gentios foram enxertados de forma não-natural
como ramos silvestres na oliveira de Israel (Rm 11.17). O povo de Deus do NT,
a igreja de Jesus formada de Israel e das nações, é o povo gerado pelo
Espírito de Deus e que serve a Deus (Jo 1.13; 3.3-6; Fp 3.3), formando agora
por assim dizer as “doze tribos na dispersão”. Estão no mundo, na diáspora (o
mesmo termo grego, tanto em Tg 1.1 como também em 1Pe 1.1), inclusive
entre nós, no “Ocidente cristão”.
A multidão assim reunida constitui, já durante a irrupção da era presente
(“primícias”, Rm 11.16), a vanguarda da grande e boa soberania de Deus em
Jesus Cristo. A ordem das doze tribos de Israel é, até mesmo depois de
exteriormente as doze tribos já não existirem, o “quadro”, a moldura para a
grande multidão dos que foram trazidos ao lar. Também os cristãos dentre os
gentios agora são por assim dizer enxertados nas doze “coroas de ramos” da
grande oliveira Israel, e no dia de Jesus Cristo já não faltará nela nenhuma
folha sequer. Terá entrado no lar o número pleno previsto por Deus dentre as
nações (Lc 21.24; Rm 11.25). No limiar do reino milenar de paz de Jesus
Cristo, o próximo grande passo de Deus depois de nosso éon atual rumo à
consumação será a salvação, então, de “todo o Israel”, ou seja, Israel como
povo (Rm 11.26). Na seqüência todos os demais povos também darão honras
a Deus (Ap 15.4; cf. 21.3). Veja também abaixo o comentário sobre Tg 4.4s.
c) À semelhança de Pedro e Paulo, também Tiago deve ter considerado a
igreja de Jesus reunida dentre Israel e as nações como o Israel da nova
aliança, agora transposto para a diáspora. Em decorrência, também nós
cristãos dentre os gentios somos, ao lado dos cristãos de Israel, os
destinatários diretos da carta de Tiago.
Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
Destino: Alguns estudiosos têm argumentado que não há destino expresso no
caso desta epístola, nenhuma comunidade especial está em vista. Isso,
provavelmente, é correto. Tiago é, verdadeiramente, uma epístola «católica»
ou «universal», que visa a igreja cristã inteira. O endereço, as «doze tribos»
(ver Tia. 1:1), pode ser reputado como indicação de «cristãos judeus»; mas há
quem pense que isso significa a «igreja cristã», e não o povo de Israel, fé
verdade que estão ausentes «problemas gentílicos» distintivos, nas várias
repreensões e exortações existentes neste tratado. Não há qualquer alusão à
idolatria, a escravos, à lassidão sexual—em suma, os perigos e vícios do
paganismo, conforme poderíamos esperar em uma epístola dirigida para
cristãos gentílicos, ou mesmo para a igreja em geral, onde havia a mistura de
elementos judeus e gentios. Essa observação favorece a ideia que toma a
expressão «doze tribos» como suposição que a epístola foi literalmente escrita
a judeus da dispersão. Notemos, em Tia.
2:2, que a palavra «sinagoga» é usada, ao invés de «igreja»; e bastaria isso
para mostrar-nos a mentalidade «judaica» do seu autor, e, talvez, a mesma
coisa, por parte dos endereçados da epístola. Outrossim, a própria epístola tem
numerosas alusões judaicas, que um autor não haveria de esperar que gentios
compreendessem, mas somente os judeus. A ênfase sobre as esmolas (ver
Tia. 2:14-16) e sobre a visita dos anciãos aos enfermos (ver Tia , 5:10 e ss.),
são toques tipicamente judaicos, talvez visando principalmente os crentes
judeus. A despeito dessas coisas, alguns bons intérpretes contendem pela
verdadeira catolicidade ou universalidade da epístola, isto e, por toda a parte,
onde estivesse a igreja cristã, composta de judeus ou de gentios, era destinada
a epístola.
A epístola não indica condições calamitosas, não havendo qualquer alusão à
destruição de Jerusalém, o que quase certamente ocorreu antes de sua
composição. Isso pode indicar um lugar distante de Jerusalém, e, talvez, fora
mesmo da Palestina. A escolha parece ficar reduzida a: 1. Crentes judeus da
dispersão, que seriam seus principais endereçados; 2. A igreja universal,
composta de judeus e gentios. Seja como for, nenhuma comunidade local
parece estar em foco. Não há saudações e nem informes pessoais.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo
por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 7.
II – O PROPÓSITO DA EPISTOLA DE TIAGO.
1. Orientar Tg 1.27.
O que faz parte do culto a Deus. “Um culto puro e imaculado perante Deus, o
Pai, consiste em visitar órfãos e viúvas em sua aflição e manter a si próprio
incontaminado do mundo”: Deus nos presenteou com seu grande amor, dando-
nos seu Filho unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente nosso
Pai e a nós, seus filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que nós lhe
agrademos, como o Filho primogênito de Deus (Mt 3.17). Duas coisas são
citadas aqui como partes integrantes do verdadeiro culto a Deus: dirigir-se para
dentro do mundo e preservar-se diante do mundo.
“Visitar órfãos e viúvas em sua aflição”: Tiago cita pessoas que naquele tempo
eram especialmente carentes de ajuda, bem como de proteção jurídica.
Literalmente consta: “olhar por eles”. Isso inclui o cuidado assistencial.
Primeiramente ele tinha em mente os co-cristãos na igreja, mas de forma
alguma somente a eles (Gl 6.10). É condizente com a intenção de nosso
Senhor e vale como dirigido a ele, quando nos dedicamos com toda energia,
amor e fantasia às pessoas em torno de nós, perto e longe, em vista de suas
mais diversas carências (Mt 25.45; 18.5).
Uwe Holmer. Comentário Esperança Cartas aos I Pedro. Editora Evangélica
Esperança.
Tg 1.27. Precisamos ter em mente que Tiago não está tentando aqui resumir
tudo o que envolve a verdadeira adoração a Deus. Segundo Calvino, “ele não
dá uma definição geral de religião, mas nos lembra de que a religião sem as
coisas que ele menciona é nada...”. ritual religioso, se praticado com um
coração reverente e num espírito de adoração, não é errado — e a Palavra de
Deus não pode ser “praticada” se primeiro não for “ouvida”. Mas Tiago está
preocupado com uma super-ênfase no “ouvir”, em detrimento da “prática”.
Neste versículo são apresentadas duas outras áreas da vida que devem
revelar evidências de nosso “ouvir” reverente da Palavra: preocupação social e
pureza moral. O cuidado pelos órfãos e as viúvas é uma ordem do Antigo
Testamento como uma forma de imitar o cuidado do próprio Deus com estas
pessoas — ele é o “pai dos órfãos e defensor das viúvas” (SI 68.5; PIB). Num
texto que apresenta muitas semelhanças com esta passagem de Tiago, Isaías
anuncia que Deus não mais irá aceitar a adoração que seu povo lhe oferece (a
“religião” deles); eles precisam “se lavar... aprender a fazer o bem; atender à
justiça, repreender o opressor; defender o direito do órfão, pleitear a causa das
viúvas” (Is 1.10-17). O órfão e a viúva tornam-se tipos daqueles que se
encontram desamparados neste mundo. Os cristãos que professam uma
religião pura irão imitar seu Pai, intervindo para ajudar os desamparados.
Aqueles que passam necessidade no Terceiro Mundo, nas cidades; aqueles
que estão desempregados e sem dinheiro; aqueles que são precariamente
representados no governo ou na justiça — estas são as pessoas que deveriam
ver abundantes evidências da “religião pura” dos cristãos.
A pureza moral é outra marca da religião pura. O guardar-se incontaminado do
mundo significa evitar que pensemos e ajamos de acordo com o sistema de
valores da sociedade que nos cerca. Tal sociedade reflete amplamente crenças
e práticas não-cristãs ou, quem sabe, ativamente anticristãs. O cristão que vive
“no mundo” corre o constante perigo de ter sobre si a mácula do sistema. É
importante e instrutivo o fato de Tiago incluir esta última área, pois ela penetra
além da ação, chegando às atitudes e crenças das quais a ação brota. A
“religião pura” do “cristão perfeito” (v. 4) associa a pureza de coração à pureza
de ação.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.
Tg 1:27 / Em contraste com o crente piedoso, cuja língua é todavia afiada, a
religião que nosso Deus e Pai considera pura e imaculada não é
primordialmente ritualística, feita de hábitos piedosos, mas a que procura visitar
os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo.
A primeira característica, a da caridade e do interesse ativo pelos indefesos e
fracos, com freqüência é mencionada no Antigo Testamento (Deuteronômio
14:29; 24:17-22),
bem como no Novo (Atos 6:1-6; 1 Timóteo 5:3-16). Os órfãos e as viúvas, ao
lado dos estrangeiros e dos levitas, constituíam os pobres dentre o antigo
Israel. A verdadeira piedade, portanto, vai ajudar os fracos e os pobres, porque
Deus é quem sustenta os oprimidos e indefesos (Deuteronômio 10:16-17).
A segunda característica centraliza-se no mundo, designação comum em Paulo
e em João para a cultura, os costumes e as instituições humanas (1 Coríntios
1- 3; 5:19; Efésios 2:2; João 12:31; 15:18-17; 16; 1 João 2:15-17). A verdadeira
piedade não é conformação à cultura humana, mas a transformação à imagem
de Cristo (Romanos 12:1-2). Para Tiago, isso significa especificamente a
rejeição dos motivos da concorrência, da ambição pessoal e do acúmulo de
riquezas, paixões que jazem na raiz da falta de caridade e da multiplicação de
conflitos na comunidade (e.g., 4:1-4). Ao declarar que essa, e nada mais, é a
verdadeira religião aos olhos de Deus, declara Tiago que a conversão é coisa
vã se não conduzir a uma vida transformada.
Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A
Sabedoria De Deus. Editora Shedd Publicações. pag. 61.
2. Consolar.
Deus Dá somente Coisas Boas (1.16-17)
O versículo 16 é com frequência tratado como uma transição do pensamento
dos versículos 13-14 para os versículos 17-18. A mudança é brusca: Não
erreis. Não vagueiam tanto no seu pensamento a ponto de acreditar que
qualquer provação ou tentação, com um propósito mal, vem de Deus. Deus
somente dá o que é bom — e Ele é a Fonte de todas as coisas boas. Deus nos
fez o tipo de pessoas que somos e quando a criação estava completa Ele viu
que tudo "era muito bom” (Gn 1.31). Moffatt traduz a primeira parte do versículo
Tg 1.17 da seguinte maneira: “Tudo que recebemos é bom e todos os nossos
dons são perfeitos”.
Pai das luzes (v. 17) indubitavelmente tem um duplo sentido. Este termo se
refere a Deus como o Criador das luzes do universo físico — sol, lua e estrelas.
Mas Ele também é o Pai de toda nossa iluminação espiritual e de todas as
bênçãos. Tiago contrasta aqui as mudanças de hora em hora no sol e lua com
o caráter imutável de Deus. As luzes nos céus podem mudar de hora em hora
e lançar sombras onde previamente haviam lançado luz. Mas no caráter de
Deus “não há variação, nem sombra de mudança” (ASV). Ele é imutável.
Segue-se como consequência certa do caráter imutável de Deus de que em
seu tratar conosco “não há a menor variação ou sombra de inconsistência”
(Phillips).
A Glória do Plano de Deus (1.18)
Quando o autor menciona nos, a quem ele se refere: aos leitores em geral ou
aos cristãos? Os comentaristas têm pontos de vista divergentes. A verdade é
significativa em qualquer um dos casos. Se entendermos nos como que
significando homens criados à imagem de Deus, o significado é claro. Deus
nos fez da maneira que somos — segundo a sua vontade. A razão para nossa
liberdade, provas, perplexidades e problemas morais envolvendo escolha é que
deveríamos ser semelhantes a Ele — como primícias das suas criaturas. Ele
nos criou com liberdade para escolher o mal ou com liberdade para escolher o
bem para que fôssemos em certo sentido os criadores do nosso próprio
espírito, a glória coroada da sua palavra criativa (cf. Hb 11.3).
Podemos, no entanto, com sólidas evidências exegéticas entender nos como
que referindo-se à Igreja cristã. Robertson coloca o seguinte título para esse
versículo: “O Novo Nascimento”. Deus, que é nosso Pai por meio da criação, é
também nosso Pai por meio da redenção. Homens redimidos do pecado são a
glória coroada dos propósitos de Deus para a vida humana — “os primeiros
espécimes da sua nova criação” (Phillips). A palavra da verdade é a verdade
do evangelho. Knowling vai mais adiante e afirma: “Não podemos esquecer
que o nosso Senhor (Jo 17.17-19) fala da ‘palavra’ que é verdade, por meio da
qual os discípulos devem ser santificados”.14 O propósito final de Deus é
conduzir-nos à vitória por meio dos nossos testes para tornar-nos semelhante a
Ele em santidade e amor.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 160-
161.
Tg 1.17 Sendo assim, como podemos evitar cair em tentação? O caminho está
em um relacionamento íntimo com Deus e na aplicação da sua Palavra à nossa
vida diária. Este padrão nos levará a ver claramente que toda dádiva boa e
perfeita vem do alto. Em comparação com a visão de que Deus envia o mal,
Tiago ressalta o fato de que toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto,
de Deus. Podemos ter certeza de que Deus sempre deseja o melhor para nós -
não boas coisas hoje e coisas más amanhã. O caráter de Deus é sempre
confiável e leal - em Deus, não há mudança, nem sombra de variação (Ml 3.6).
Nada pode impedir que a bondade de Deus nos alcance. Ele não se intimida
pelas nossas incoerências e infidelidades.
1.18 Um exemplo maravilhoso das boas coisas que Deus nos dá (“toda boa
dádiva e todo dom perfeito”) é o nascimento espiritual! Nós somos salvos
porque Deus decidiu nos tornar primícias das suas criaturas (seus próprios
filhos). O nosso nascimento espiritual não se dá por acidente, nem porque
Deus tinha que fazê-lo. O novo nascimento é um presente para todos os
crentes (veja Jo 3.3-8; Rm 12.2; Ef 1.5; Tt 3.5; 1 Pe 1.3,23; 1 Jo 3.9). A palavra
da verdade é o Evangelho, as Boas Novas da salvação (Ef 1.13; Cl 1.5; 2 Tm
2.15). Nós somos informados sobre o novo nascimento por meio da leitura da
Palavra de Deus e da pregação do Evangelho, e respondemos positivamente a
ele.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2.
pag. 667.
Tg 1.17 Tiago afirmou: “Ninguém que é tentado diga: Sou tentado por Deus”.
Contudo, será que Deus não está agindo em tudo, até mesmo no mal, razão
pela qual nossa decisão entre bem e mal possui apenas importância relativa?
Diante disso a carta de Tiago (e toda a Bíblia) pronuncia um categórico não:
“Somente a boa dádiva e o dom perfeito são lá do alto, do Pai das luzes.” A
palavra de Deus nos diz claramente o que vem de Deus e o que não vem dele.
a) O que vem de Deus. Ele afirma: “Eu sou o Senhor, e não há outro; Eu formo
a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas essas
coisas” (Is 45.6s). “Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha
feito?” (Am 3.6). A essas palavras de profetas corresponde a palavra em Sir
11.14: “Os bens e os males, a vida e a morte, a pobreza e a riqueza vêm do
Senhor” [TEB]. Tudo isso é “boa dádiva e presente perfeito”, enviado pela
sabedoria, amor e santidade de Deus. Por um lado não podemos perscrutar o
agir Deus (Rm 11. 33), por outro certamente vemos: em Jó desgraça e
enfermidade foram provas (Jó 1s). Israel foi duramente disciplinado por Deus
por meio de Nabucodonosor na época da destruição de Jerusalém e do
cativeiro babilônico. Do contrário provavelmente teria sido assimilado e
submerso pelos povos que o cercavam. Acontece, porém, que Deus incluiu
Israel de tal forma em sua educação que foi capaz de dar continuidade à sua
história de salvação com ele (cf. Is 40ss; Dn 9). Deus também pode ordenar
experiências difíceis e aflitivas para nós, com a finalidade de nos separar do
mal, proteger contra a maldade e consolidar o bem. Suas dádivas não são
sempre encantadoras e aprazíveis, mas são sempre “boa dádiva e presente
perfeito”. Paulo diz: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28). Para que encontremos o caminho
certo e permaneçamos nele, Deus nos envia felicidade e bem-estar, mas para
a nossa educação e aprovação, também sofrimento e pesar.
b) Tudo vem de Deus, exceto o pecado, o mal, a natureza impura e oposta a
Deus.
“Do alto” vêm apenas coisas boas e todo o bem. A isso se costuma dizer:
Novamente se trata da visão de mundo antiga com sua concepção de “três
andares”. Mas Deus não está “no alto” no sentido do lugar mais elevado. Está
“no alto” e “em baixo”: “Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o
contrito e abatido de espírito” (Is 57.15). “Nele vivemos, nos movemos, e
existimos” (At 17.28). Deus está “no alto” no sentido da elevada importância, da
posição decisiva.
c) Deus é a mais pura e imutável luz. Ele é o “Pai das luzes”.
c.1 - Lutero traduz: “Pai da luz.” Deus é luz. Ele é “a fonte da vida, e em sua luz
vemos a luz” (Sl 36.9). Deus é a fonte de todas as luzes, a “não-esgotada luz”.
Assim como a natureza e tudo o que é vivo depende do sol, assim nós, como
humanos, dependemos do sol de todos os sóis. Essa é nossa dignidade
especial como pessoas. Mas fazíamos sombra a nós mesmos: “Teu pecado faz
separação entre ti e teu Deus” (Is 59.2). Aconteceu o “eclipse de Deus” (Martim
Buber). Contudo, em sua misericórdia Deus enviou a nós aquele que trouxe e
traz sua luz ao mundo. “A luz brilha nas trevas” (Jo 1.5). Jesus é “a luz do
mundo” (Jo 8.12). Seguindo-o encontramos o caminho por esse mundo. “Quem
me segue não andará nas trevas.” Esse é o conteúdo do evangelho: “A
verdadeira luz resplandece agora” (1Jo 2.8). Nossa condição cristã é termos
sido “chamados das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). O alvo dos
caminhos de Deus é que, depois que a escuridão cobriu o orbe terrestre e
trevas, os povos (Is 60.2), “as nações se encaminham para a tua luz” (Is 60.3;
Ap 21.24). Então já não dependeremos da luz criada, porque temos a ele
próprio de forma revelada (Ap 21.23). – Mas se Deus for a fonte da mais pura
luz, da mais límpida santidade, então o pecado, o mal, não podem vir dele. A
fonte não consegue dar o que não se encontra nela.
c.2 - “O Pai das luzes.” Muitos entendem a passagem imaginando Deus como
Pai dos astros personificados. Mas a Bíblia constantemente fala de poderes
angelicais usando a imagem das estrelas, como provavelmente Jz 5.20; Sl
148.3; Is 14.12s; Dn 12.3; Ap 8.10; 9.1; 12.4. E também os poderes angelicais
excepcionalmente são chamados “filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1).
Deus é somente luz, somente pureza, somente santidade. Não é comparável à
terra com sua alternância entre dia e noite, quando a claridade é seguida pela
escuridão. Em Deus não existem as duas coisas: “Nele não existe mudança
nem escurecimento em decorrência da guinada” (os antigos pensavam que na
alternância entre dia e noite se tratava de uma guinada na trajetória do sol.
Hoje, porém, sabemos que a terra se “vira”, i. é, que sua rotação constante
produz esta alternância).
A mais preciosa das dádivas de Deus (v. 18).
Somos “irmãos amados” (v. 16), porque somos filhos amados de Deus, “filhos
da luz” (Ef 5.8).
a) Como nos tornamos isso? Certamente não através de nossa louvável
decisão.
Tg 1.18 Tiago diz: “Ele nos gerou segundo seu querer.” Sem dúvida, nosso
Senhor nos chama e em seguida espera de nós a decisão de segui-lo. Contudo
quando prestarmos contas a nós mesmos em retrospectiva, não restará
nenhuma honra para nós: tudo foi feito por ele segundo sua vontade de tornar
nova nossa vida (cf. Jo 15.16; Rm 8.28-30).
b) Através de que isso aconteceu? Qual é seu instrumento? “Pela palavra da
verdade.” Essa é a dádiva de todas as dádivas. É a palavra que ilumina nossa
situação, que constitui a verdade sobre nós. É a palavra que “lavra algo novo”,
que representa a semente para os sulcos e que orvalha, nutre e limpa a
plantação. Ela traz a vida verdadeira, a vida a partir de Deus. Leva-nos à
verdadeira existência humana, assim como Deus nos concebeu (Mt 13.3ss; Lc
8.11). É a palavra que está sendo proclamada aqui, a palavra que em última
análise se chama Jesus Cristo (Jo 1.1ss; Ap 19.13). Sua palavra é Espírito e
vida (Jo 6.63). Traz não somente conhecimento, mas possui força e é ação.
Assim como a palavra criadora de Deus foi ação, assim também é ação a
palavra de nossa nova criação, a palavra do evangelho. Neste caso também
vale: “Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl
33.9). Em tudo isso Deus se mostra como o único fiel na grande apostasia da
humanidade, como o único verdadeiro, também no cumprimento de sua
promessa, quando todo o resto tiver se tornado refém da mentira (cf. Ap 19.11).
c) Que efeito e finalidade tem essa palavra? “Para que fôssemos como que
oferta de primícias das suas criaturas.” Vimos acima que o objetivo de Deus é
voltar a clarear o mundo obscurecido pela grande rebelião. “As nações hão de
andar na luz dele e os reis no fulgor de Deus” (Is 60.3), “até que Deus seja tudo
em todos” (1Co 15.28). Jesus é o resplendor da glória de Deus (Hb 1.3), é “luz,
que veio ao mundo”. Nele a luz vinda de Deus novamente nos alcançou. Ele é
a luz do mundo (Jo 8.12). Sob seu reflexo também nós somos “luz do mundo”
(Mt 5.14). Mais do que isso: a luz está em nós por meio do Espírito dele,
tornando-se transparente em nós. “Deus, que disse: Das trevas resplandecerá
a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6). O mundo
zomba, dizendo que nós cristãos seríamos no máximo a “luz traseira” do
mundo. Mas quando permanecemos singelamente voltados para nosso Senhor
e abertos à influência de sua palavra e seu Espírito, ele cuida para que apesar
disso sejamos e continuemos sendo “luz do mundo”.
Na metáfora da “oferta de primícias” cumpre lembrar os primeiros frutos da
colheita ofertados a Deus. A humanidade, lavoura de Deus (Mt 13.38), produziu
cardos e abrolhos. Por isso Deus permite que também a lavoura do ser
humano produza cardos e abrolhos (Gn 3.17-19). Contudo agora caiu no solo o
único grão de trigo bom, “importado” por Deus para dentro desse mundo, o
eterno Filho de Deus (Jo 12.24). Consequentemente, a igreja de Jesus agora
pode ser começo da maravilhosa colheita de Deus (Mt 13.30,37-43; Ap 14.15).
A safra aponta para além dela mesma. Ela é apenas começo, “fruto de
primícias”. A igreja de Jesus constitui um sinal de esperança para toda a
criação (Rm 8.19ss).
Por realizar tudo isso, a palavra de Deus é a dádiva de todas as boas dádivas
de Deus.
Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica
Esperança.
A. Cristo Está Voltando, 5.7,8
Tiago não tenta provar a doutrina da Segunda Vinda, nem anunciá-la. Para ele,
a Segunda Vinda é uma esperança viva para a Igreja Primitiva. Ele cita a
iminência e realidade da vinda (parousia) do Senhor como um motivo para os
cristãos permanecerem firmes: Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do
Senhor (v. 7).
Dois tipos de paciência são sugeridos. O primeiro diz: Sede [...] pacientes (v, 7)
— não se apressem em retaliar contra as injustiças cometidas contra vocês por
homens descritos nos versículos 1-6. O segundo diz: Sede [...] pacientes (v. 8)
— aceitando pacientemente a demora de Deus em relação ao retorno do nosso
Senhor.
A ilustração da época de plantio e colheita foi tirada da experiência palestina. O
fruto da terra é a colheita de grãos. Ele era precioso porque a vida do lavrador
e sua família dependiam dele. Na Palestina, o grão é plantado no outono e
recebe a chuva temporã no final de outubro. Ele recebe a chuva [...] serôdia em
março e abril, pouco antes de estar maduro. Durante todo esse tempo, o
agricultor espera pacientemente pela colheita. A razão da sua paciência é sua
esperança confiante na colheita.
Tiago interpreta sua própria parábola: Sede vós também pacientes, fortalecei o
vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima (v. 8). A vinda do
nosso Senhor era uma grande fonte de esperança para os primeiros cristãos.
Porventura temos essa mesma expectativa em relação à vinda do Senhor?
Tasker escreve:
Se a volta do Senhor parece muito distante, ou se a relegamos a um futuro tão
remoto que não exerce nenhum efeito sobre a nossa perspectiva ou nossa
maneira de viver, fica claro que deixou de ser para nós uma esperança viva. E
possível que tenhamos permitido que a doutrina da sua volta em glória para
julgar os vivos e os mortos tenha sido abafada pelo ceticismo ou se
transformado em algo diferente, talvez como a transformação gradual da
sociedade humana por valores cristãos, que parou de exercer qualquer tipo de
influência em nossas vidas.
Na medida em que permitimos que isso aconteça, cessamos de ser cristãos do
Novo Testamento.
B. A Pressão nos Induz à Impaciência, 5.9
O foco aqui muda da paciência com os pecadores fora da igreja para a
paciência um com o outro dentro da Igreja. Alguém escreveu o seguinte:
Caminhar em amor com os santos de cima Será uma maravilhosa glória;
Mas, caminhar com os santos aqui em baixo,
Bem, isso já é uma outra história!
Em tempos de dificuldades, a paciência é provada e somos tentados a nos
queixar (v. 9; lit., gemer, ou seja, reclamar ou resmungar) uns contra os outros.
Tiago adverte os cristãos a não apontarem para os erros de outra pessoa, para
que não sejais condenados. A proximidade da vinda de Cristo serve como
advertência contra o fracasso do cristão bem como para a consolidação da sua
constância. Além do mais, o juiz está à porta. O retorno de Cristo está próximo;
Ele será o Juiz de todos os homens; portanto, não devemos assumir o papel de
julgar os outros, quer fora quer dentro da Igreja (cf. Mt 7.1-5).
C. Exemplos de Paciência, 5.10,11
Exemplos de piedade e devoção sempre servem de encorajamento para o
cristão. Tiago provavelmente tinha as palavras de Jesus em mente: “bem-
aventurados sois vós quando vos [...] perseguirem [...] por minha causa. Exultai
[...] porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5.11-
12). E por isso que ele diz: Eis que temos por bem-aventurados (v. 11, “Eis que
temos por felizes”, ARA). “Nós, semelhantemente a Jesus, pronunciamos uma
bem-aventurança aos profetas que foram homens tão pacientes”.2 Tiago nos
lembra do nosso privilégio bem como do nosso sofrimento. Se sofremos por
Deus, estamos em boa companhia. Por que os profetas, em vez de Jesus (cf. 1
Pe 2.21), foram escolhidos por Tiago como exemplos de paciência? Mayor
considera diversas possibilidades, entre elas que “Tiago deseja que eles vejam
Jesus como o Senhor da glória em vez de o padrão de sofrimento”.
Dos profetas que sofriam com paciência e que falaram em nome do Senhor (v.
10), Tiago volta-se agora para um homem que tem sido conhecido como “o
maior exemplo” de paciência. Essa é a única referência a Jó no Novo
Testamento, embora Tiago entenda que seus leitores estejam familiarizados
com a história de Jó: Ouvistes qual foi a paciência de Jó (v. 11). A paciência
dos profetas era uma atitude de longanimidade em relação aos seus
compatriotas que os perseguiam. A palavra usada para descrever a paciência
de Jó (hypomene) significa persistência ou tolerância.4 A paciência singular de
Jó podia ser reconhecida na sua determinação em suportar quaisquer que
fossem os infortúnios, sem perder sua fé em Deus. A frase o fim que o Senhor
significa “o alvo do Senhor”. O apóstolo sabia que o propósito final de Deus
sempre é bênção para o homem que suporta com paciência a aflição.
Provavelmente, citando dos Salmos, ele conclui: “porque o Senhor é cheio de
terna misericórdia e compassivo” (v. 11, ARA; cf. SI 103.8; também Êx 34.6).
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 182-
183.
Tg 5.7 Os crentes devem ser pacientes mesmo em meio às injustiças. Os
crentes precisam ter perseverança, confiar em Deus em meio às suas
dificuldades, e se recusarem a procurar a vingança pelas injustiças que são
cometidas contra cada um deles (veja também 1.2,12; Sl 37). Mas a paciência
não significa inatividade. Havia trabalho a ser realizado — servir a Deus, cuidar
uns dos outros, e proclamar as Boas Novas. Existe um ponto final, uma
ocasião em que a paciência não será mais necessária - a vinda do Senhor.
Nesta ocasião, tudo será corrigido. A igreja primitiva vivia em constante
expectativa da volta de Cristo, e nós devemos fazer o mesmo. Como nós não
sabemos quando Cristo irá retornar, para trazer a justiça e remover toda a
opressão, devemos esperar com paciência (veja 2 Pe 3.8-10).
Como um exemplo de paciência, Tiago fala do lavrador, que precisa esperar o
precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência.
A paciência deve ser exercitada e desenvolvida no período entre as chuvas.
Até mesmo aqueles que não são lavradores têm muitas oportunidades para
desenvolver a paciência. A espera da chegada de um bebê, o início em um
novo emprego, a conclusão dos estudos, a espera pela visita de alguém
querido, a melhora lenta da saúde durante uma enfermidade prolongada –
todas estas situações colocam a nossa paciência à prova.
Nós iremos exercitar a paciência quando nos concentrarmos no resultado final
da nossa espera. O caminho de Deus raramente é o caminho mais rápido, mas
é sempre o caminho completo.
Tg 5.8 Em lugar de serem como os ricos do versículo 5, que “engordaram”
seus corações na riqueza deste mundo, os crentes devem permitir que a
certeza do retorno de Cristo os ajude a ser pacientes e a fortalecer o seu
coração, isto é, ter coragem. Quaisquer que sejam as circunstâncias, Tiago nos
encoraja a sermos firmes na nossa fé e a termos uma alegria inspirada pela fé
que impregne todas as partes da vida (veja 1.2-4). Como o lavrador, nós
investimos muito tempo na nossa esperança futura. O lavrador está à mercê do
clima - ele está fora do seu controle. Mas nós realmente sabemos que a vinda
do Senhor está próxima.
Tg 5.9 Estes crentes, que estavam enfrentando a perseguição de fora e os
problemas de dentro da igreja, naturalmente poderiam se achar resmungando
e criticando uns aos outros. Tiago não quer que eles se encham de
ressentimentos e amarguras uns em relação aos outros — isto somente
destruiria a unidade de que eles precisam tão desesperadamente. Recusar-se
a se queixar uns contra os outros faz parte da virtude de ser paciente (5.7).
Queixar-se uns dos outros indica uma atitude descuidada em relação às
palavras. Devido aos perigos criados pelas nossas palavras (veja Tg 3.I-I2),
não podemos ser descuidados na maneira como falamos uns com os outros e
uns dos outros.
Tiago já mencionou o grande Juiz (4.12).
Este Juiz não está longe, mas já está à porta.
Tiago está advertindo os crentes a que não estejam envolvidos em
julgamentos, brigas críticas ou mexericos quando aquele a quem deveriam
servir retornar. O conhecimento da presença de Cristo não é apenas
confortante; ele também pode ser condenador – especialmente quando nós
começamos a nos comportar como se Ele estivesse longe.
Tg 5.10 Os cristãos de origem judaica conheciam as histórias dos profetas,
muitos dos quais sofreram enormemente ou foram mortos por proclamar a
mensagem de Deus (veja, por exemplo, o caso de Elias, em 1 Reis 19.1 ss.; o
caso de Jeremias, em Jeremias 38; e o caso de Amós, em Amós 7). Tiago está
lembrando os seus leitores de que mesmo aqueles que falaram em nome do
Senhor tiveram que ter paciência na sua aflição. O significado parcial é que
Deus não preserva aqueles a quem Ele chamou do sofrimento; antes, Ele os
preserva no sofrimento. Eles tornam-se um exemplo para todos os crentes por
causa da sua obediência e fidelidade, a despeito das dificuldades que
suportaram.
Tg 5.11 Aqui Tiago está levando seus leitores à aplicação das lições de
pessoas do Antigo Testamento. Por exemplo, Jó pode nos oferecer um olhar
fascinante à história antiga e uma biografia interessante, mas a melhor obra de
Jó é como um professor: alguém que sofreu e que pode nos ajudar a suportar o
sofrimento. A sua vida é um exemplo que nós precisamos seguir. Jó pode ter
reclamado, mas ele náo deixou de confiar em Deus, ou de obedecer ao Senhor
(veja Jó 1.21; 2.10; I6.I9-2I; 19.25-27). E o Senhor o libertou e o restaurou (veja
Jó 42.12). Os crentes, depois de todo o sofrimento que tinham suportado até
então, eram encorajados a não desistir - Deus os libertaria e os recompensaria.
Nós podemos ver claramente, com base na vida de Jó, que a perseverança
náo é o resultado do entendimento. Jó nunca recebeu uma explicação de Deus
sobre o seu sofrimento.
Isto deve-se, em parte, ao fato de que a dor é frequentemente uma parte da
vida que deve ser suportada sem explicações. Existem muitas coisas que nós
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  • 1. ESTUDA A LIÇÃO E. B. D. CPAD  Início  BÍBLIA ONLINE  HISTORIA DA EBD  MAPAS  FOLHETOS  EVASÃO NA E. D.  VÍDEO AULAS  DOCUMENTÁRIOS  CONTATO  QUEM SOU EU  SITE LIVROS sábado, 7 de junho de 2014 1° LIÇÃO 3° TRIMESTRE 2014 TIAGO - FÉ QUE SE MOSTRA PELAS OBRAS COMENTÁRIO COM BASE NA 1° LIÇÃO 3 TRIMESTRE 2014 CPAD. TIAGO – FÉ QUE SE MOSTRA PELAS OBRAS Data: 6 de Julho de 2014 HINOS SUGERIDOS 18, 47, 93. TEXTO ÁUREO ‘Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17). VERDADE PRATICA A nossa fé tem de produzir frutos verdadeiros de amor, do contrário, ela se apresenta falsa. LEITURA DIÁRIA Segunda - Hb 10.24 As boas obras devem ser estimuladas
  • 2. Terça - 1 Tm 6.1 7-19 As boas obras e as riquezas do mundo Quarta - Tg 2.14-17 É possível haver fé sem as obras? Quinta - Ef 2.8,9 Não somos salvos pelas boas obras Sexta - Ef 2.10 Salvos praticam boas obras Sábado - Rm 12.9,10 Amor cordial e fraterno LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Tiago 2.14-26 14 - Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? 15 - E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, 16 - e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentar-vos e fartai- -vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? 17 - Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. 18 - Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra- -me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. 19 -Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem. 20 - Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? 21 - Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? 22 - Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada, 23- e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi- -Ihe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. 24 - Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé. 25 - Ede igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho? 26 - Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. INTERAÇÃO “Fé e obras: Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica” é o tema deste trimestre! Portanto, estudaremos a Epístola de Tiago. O comentarista é o pastor Eliezer de Lira e Silva, conferencista de Escolas Bíblicas e diretor do projeto missionário Ide Ensinai em Moçambique, África. Ao ler a Epístola Universal de Tiago chegamos à conclusão de que o Evangelho não admite uma vida cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser confirmada através das obras. Caro professor, de maneira profunda, estude esta epístola, pois, temos um grande desafio: convencer os nossos alunos de que vale a pena levar estes ensinamentos até as últimas consequências. OBJETIVOS Após a aula, o aluno deverá estar apto a: Descrever as questões de autoria, local, data e destinatário da epístola. Entender o propósito da epístola. Destacar a atualidade da epístola. ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA Prezado professor, para iniciar o estudo da Carta de Tiago sugerimos que reproduza o esquema da página seguinte na lousa, ou em cópias, conforme as
  • 3. suas possibilidades. O esquema é um esboço da epístola a ser estudada. Ele vai auxiliar na análise panorâmica da carta. Neste esquema ainda constam informações como: a estrutura da epístola, autoria, tema, data e uma consideração preliminar. Tenha uma boa aula! PALAVRA-CHAVE Fé: Confiança absoluta em alguém. A primeira das três virtudes teologais: fé, esperança e amor. COMENTÁRIO INTRODUÇÃO Neste trimestre, estudaremos a mensagem de Deus entregue aos santos irmãos do primeiro século por intermédio de Tiago, o irmão do Senhor. Assim pode ser resumida a Epístola universal de Tiago: uma carta de conselhos práticos para uma vida bem-sucedida e de acordo com a Palavra de Deus. A espiritualidade superficial, a ausência de integridade, a carência de perseverança e a insuficiência da compaixão para com o próximo são características que permeiam o caminho de muitos crentes dos dias modernos. O estudo dessa epístola é relevante para os nossos dias, pois contempla a oportunidade de aperfeiçoarmos o nosso relacionamento com Deus e com o próximo, levando-nos a compreender que a fé sem as t obras é morta (Tg 2.17). I - AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1) 1. Autoria. Em lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo Testamento, a menção de quatro pessoas com o nome de Tiago: Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes, (Lc 6.16); Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João (Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2); Tiago, filho de Alfeu, um dos doze discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13) e, finalmente, Tiago, o autor da epístola, que era filho de José e Maria e meio- irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20). Após firmar os passos na fé e testemunhar a ressurreição do Filho de Deus, o irmão do Senhor liderou a Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado apóstolo (Cl 1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o £ autor não poderia ser outro Tiago, senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém. 2. Local e data. Embora a maioria dos biblistas veja a Palestina, e mais especificamente Jerusalém, como locai mais indicado de produção da epístola, tal informação é desconhecida. Sobre a data, tratando-se do período antigo da era cristã, sempre será aproximada. Por essa razão, a Bíblia de Estudo Pentecostal data a produção da carta de Tiago entre os anos 45 a 49 d.C., aproximadamente. 3. Destinatário. “Às doze tribos que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a estrutura política de Israel perdera a configuração de divisão em tribos. Assim, em o Novo Testamento, a expressão “doze tribos” é um recurso linguístico que faz alusão, de forma figurativa, à nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap 21.12). Todavia, ao usar a fórmula “doze tribos”, na verdade, Tiago refere-se aos cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo. SINOPSE DO TÓPICO (1) O autor da epístola é Tiago, o meio-irmão de Jesus. A carta foi escrita provavelmente em Jerusalém, entre os anos 45 e 49 d.C. e dirigida aos cristãos dispersos da Palestina bem como as igrejas de outras regiões. II - O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO
  • 4. 1. Orientar. Em um tempo marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as orientações de Tiago são relevantes e pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o serviço a Deus como a prática concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do sistema mundano (engano, falsidade, egoísmo, etc.) e amar o próximo. Assim, através de orientações práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os cristãos, exortando-os acerca da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com Deus a qual é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; b) não fazer acepção de pessoas e c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27). 2. Consolar. Numa cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como divindade, significava rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram impiedosamente perseguidos, humilhando-se mortos. Entretanto, a despeito de perder emprego, pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se mantiveram fiéis ao Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para as igrejas e crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7- 11). 3. Fortalecer. Além das perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de Deus condenar com veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda é muito atual (Ml 3.5; Mc 10.19; 1 Ts 4.6). A Epístola de Tiago não foge à tradição profética de condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino contra os exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não desanimarem na fé, pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg 5.1-3). SINOPSE DO TÓPICO (2) O propósito geral da epístola de Tiago era orientar, consolar e fortalecer a Igreja de Cristo que estava sendo perseguida. III - ATUALIDADE DA EPÍSTOLA 1. Num tempo de superficialidade espiritual. Outro propósito da epístola é levar o leitor a um relacionamento mais íntimo com Deus e com o próximo. A carta traz diversas citações do Sermão do Monte como prova de que o autor está em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo. Tiago chama a atenção para a verdade de que se as orientações de Jesus não forem praticadas, o leitor estará fora da boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Portanto, a Igreja do Senhor não pode abandonar os conselhos divinos para desenvolver uma espiritualidade sadia e profunda. 2. Num tempo de confusão entre “salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. O leitor desavisado pode pensar que a Epístola de Tiago contradiz o apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Nos tempos apostólicos, falsos mestres torceram a doutrina da salvação pela graça proclamada pelo apóstolo dos gentios (2 Pe 3.14-16 cf. Rm 5.20—6.4). Entretanto, a Epístola de Tiago evidencia que não se pode fazer separação entre a fé e as obras. Apesar de as obras não garantirem a salvação, a sua manifestação dá testemunho da experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24). 3. Uma fé posta em prática. Muitos dizem ser discípulos de Cristo, mas estão distantes das virtudes bíblicas. Estes não evidenciam sua fé por intermédio de suas atitudes. Os pseudodiscípulos visam os seus interesses particulares e não a glória de Deus. Precisamos urgentemente priorizar o Reino de Deus e a sua
  • 5. justiça (Mt 6.33). Tiago nos ensina, assim como João Batista (Lc 3.8-14), que precisamos produzir frutos dignos de arrependimento. SINOPSE DO TÓPICO (3) Num tempo de superficialidade espiritual e de confusão entre “salvação pela fé” e '‘salvação pelas obras”, a epístola de Tiago é uma mensagem atual sobre a fé posta em prática. CONCLUSÃO Como em toda a Escritura Sagrada, a Epístola de Tiago é um farol acesso e permanentemente atual. Ela nos alerta contra a mediocridade da vida supostamente cristã e nos exorta a fazer das Escrituras o nosso pão diário. Jesus Cristo sempre foi zeioso pelo bem estar do seu rebanho (Jo 10.10). Em todas as épocas Ele é o bom pastor que cuida das suas ovelhas (Jo 10.11). É do interesse do Mestre que os discípulos vivam em harmonia e amor mútuo, afim de não trazerem escândalo aos de dentro e, muito menos, aos de fora (1 Co 10.32). E não nos esqueçamos: A religião pura e imaculada é a fé que se mostra através de nossas práticas e obras. VOCABULÁRIO Compatriota: Que se origina da mesma terra. Dispersa: Espalhada, separada. Imaculada: Pura, sem qualquer mancha. Pseudodiscípulos: Falsos discípulos. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. STAMPS, Donald C (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995. STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO Subsídio Bibliológico “Deve ser observado que existem resultados mais abençoados e reais quando um indivíduo realmente confia no Senhor Jesus Cristo. Há não apenas uma mudança de posição diante de Deus (justificação), mas há o início da obra redentora e santificadora de Deus. Embora a transformação da vida não seja a base da salvação, ela é a evidência da salvação. E sem tal evidência (em maior ou menor grau) deve ser levantada uma questão quanto à autenticidade da fé do indivíduo. [...] As boas obras de um cristão são o resultado e a evidência da autenticidade da sua fé. É o entendimento deste fato que resolverá o problema de alguns quanto a uma alegada discrepância entre Paulo e Tiago. Paulo certamente relaciona as boas obras com a fé (Ef 2.8-1 0). Fica claro que Tiago está falando da justificação diante dos homens (Tg 2.18 - ‘mostra-me’, ‘te mostrarei’; v.22 - ‘bem vês’; v.24 - ‘vedes’; v.26), e que a fé é provada pelas obras (v.22)” (PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wydiffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.779,80). EXERCÍCIOS 1. Quem é o autor da Epístola de Tiago? R: Tiago, filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor. 2. Quem são os destinatários da Epístola de Tiago? R: Os cristãos dispersos na Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o povo de Deus espalhado pelo mundo.
  • 6. 3. Segundo a lição, quais são os propósitos da Epístola de Tiago? R: Orientar, consolar e fortalecer a Igreja de Cristo. 4. O que provam as várias citações do Sermão da Montanha na Epístola de Tiago? R: Que o autor está em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo. 5. Por que não podemos fazer separação entre a fé e as obras? R: Porque apesar de as obras não garantirem a salvação, a sua manifestação dá testemunho da experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24). Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.36. O tema deste trimestre é "Fé e Obras: Ensino de Tiago para uma vida cristã autêntica". Por isso, ao professor não poderá faltar algumas obras literárias para o bom desenvolvimento do trabalho educativo, como, por exemplo, várias versões da Bíblia (pelo menos quatro); um bom Dicionário Bíblico; um Dicionário Teológico e um Comentário Bíblico. Por que usarmos diferentes versões bíblicas para interpretar cuidadosamente as Escrituras? Ora, apesar de boas e fieis ao original do texto bíblico, algumas versões apresentam, por exemplo, problemas de linguagem arcaica, que não se adequa à contem- poraneidade da língua portuguesa (cf. Caridade/ Amor - 1 Co 13). Quando comparamos as várias versões da epístola de Tiago, podemos compreender os textos de razoável dificuldade interpretativa. Por isso é que sugerimos ao menos quatro das muitas versões disponíveis em língua portuguesa: a ARC (Almeida Revista Corrigida); a ARA (Almeida Revista Atualizada); a NVI (Nova Versão Internacional); e outra (poder ser até mesmo uma tradução católica da Bíblia, como TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia - ou a Bíblia de Jerusalém). O Dicionário Bíblico lhe auxiliará para a compreensão de algum termo das Escrituras. Por exemplo, a carta de Tiago cita a palavra "obra". Mas a que Tiago se refere ao usar o termo "obra"? Às Obras da Lei ou à "Ação de Misericórdia"? Os artigos de um bom Dicionário Bíblico (sugerimos o Dicionário Bíblico Wycíiffe, editado pela CPAD) desenvolvem a exaustão os termos bíblicos dessa natureza. Para compreendermos a linguagem teológica de uma palavra contextualizada à doutrinas bíblicas, o Dicionário Teológico muito lhe ajudará (sugerimos o Dicionário Teológico, editado pela CPAD). Dominarmos os conceitos doutrinários de Salvação, Lei, Graça etc., e os seus desdobramentos, é de grande relevância para quem estuda a Epístola de Tiago. Ademais, não podemos confundir os conceitos teológicos que, ao mesmo tempo, aparecem na carta de Tiago e nas de Paulo. Por último, um bom Comentário da Epístola de Tiago (sugerimos O Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, editado pela CPAD) para remontarmos o contexto histórico, social, cultural, econômico e exegese da epístola. Mas, antes de tudo, sugiro-lhe ler as treze lições do trimestre em uma única leitura. Este processo lhe ajudará a desenvolver o panorama do assunto de maneira mais eficaz. Faço votos de que você e a sua classe cresçam no estudo desta belíssima carta que é a Epístola de Tiago! COMENTÁRIO INTRODUÇÃO A Carta de Tiago é a primeira do grupo de epístolas consideradas como escritos gerais. Tais epístolas recebem essa designação por não serem endereçadas especificamente a qualquer grupo que possa ser identificado de imediato. Outra denominação dada a este grupo de escritos é “escritos católicos”, por serem cartas gerais. Essa designação nada tem a ver com o nome da Igreja Católica Apostólica Romana. Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 13 A carta de Tiago difere das outras cartas do Novo Testamento pelo seu estilo, conteúdo e apresentação. A carta demorou a ser incluída no cânon do Novo Testamento. Martinho Lutero descreveu a como uma epístola de palha. Mas todos, que confiando em sua inspiração divina e no fato que é a Palavra de
  • 7. Deus, serão ricamente compensados pela meditação e aplicação à vida de suas palavras. Agostinho confessou para Deus: “O que tuas Escrituras dizem, tu dizes!”. Kierkegaard tinha Tiago como sua Escritura predileta. Quanto ao seu estilo, Tiago omite, quase por completo, uma discussão teológica. Suas pressuposições são ortodoxas. Seu estilo é direto e objetivo. Combate pecados e atitudes que prejudicam a vida e o testemunho dos cristãos. Apresenta o imenso valor de se viver segundo a sabedoria do alto, isto é, de acordo com a revelação de Deus. O livro foi escrito aproximadamente entre 10 e 15 anos após a morte de Jesus. O discipulado que Jesus ordenou na Grande Comissão a seus seguidores para ensinar foi obediência a tudo que ele mesmo tinha passado para eles. Não nos surpreende descobrir que há doze nítidos paralelos entre o Sermão do Monte e Tiago (cf. Bíblia Almeida Século 21, p. 1238). Por isso, muito daquilo que vemos aqui podemos sentir as palavras de Jesus, como pano de fundo, temperando as palavras de Tiago. Mas além de ter Jesus como sua fonte, Tiago é um dos livros que mais tem referências diretas ou indiretas aos livros do Antigo Testamento. E dos 39 livros que completam o Antigo Testamento, ele faz algum tipo de referência a pelo menos 22 livros. E quem era Tiago? Esse nome pertencia a vários personagens do Novo Testamento. O primeiro mártir da igreja foi Tiago, o irmão de João, filho de Zebedeu. Tiago, filho de Alfeu se encontra na lista dos discípulos de Jesus, mas o Tiago que se destaca era coluna da igreja de Jerusalém (G12.9). Esse último Tiago foi incluído na lista dos irmãos de Jesus (Mc 6.3; Mt 13.55). Foi designado como “apóstolo” em Gálatas 1.19. O fato de o Cristo ressurreto ter aparecido a Tiago (1 Co 15.7) e de Paulo argumentar em favor do seu próprio apostolado com a frase “não vi Jesus, nosso Senhor?” (ICo 9.1), talvez explique porque Tiago estava incluído nesse círculo maior (além dos Doze) de líderes que foram reconhecidos como apóstolos. No concilio de Jerusalém (49 d.C), ele teve papel importante como bispo dessa igreja (At 15.13-21), sugerindo o envio da carta recomendando quatro abstenções que os crentes gentios deveriam observar (v. 20). Os destinatários dessa carta foram as doze tribos dispersas entre as nações. Havia colônias de judeus em muitas cidades do império, e em algumas delas havia cristãos judeus, como sabemos que era o caso em Roma. Foram os distúrbios provocados por um “ Chrestos’ (muito provavelmente, Cristo), segundo o historiador Suetônio, que levaram o imperador, Cláudio, a expulsar os judeus da capital no ano 48 d.C. (At 18.2). Os destinatários eram evidentemente judeus convertidos a Cristo que, naquela época, viviam dispersos por todo o mundo conhecido. A descrição deles como “as doze tribos dispersas entre as nações” reflete a maneira pela qual os escritores judeus falavam do Israel escatológico, uma vez que deixaram de existir as tribos do norte quando foram misturadas com o mundo gentio. Como vemos em Atos, no episódio do Pentecostes da descida do Espírito Santo, vários judeus estavam vindo de diversas partes para Jerusalém, e esses judeus eram conhecidos como o povo da dispersão. provável também que Tiago esteja fazendo uma referência espiritual a essas pessoas. Ou seja, ele está escrevendo para o Israel de Deus que hoje é a igreja de Jesus.
  • 8. Segundo Josefo, Tiago foi martirizado no ano 62 d.C. Nesse caso, a data de origem dessa carta teria que ser anterior. Pelas condições refletidas na carta, podemos identificar as regiões costeiras da Palestina e Síria, (em 5.7, há uma referência às chuvas do outono e da primavera, características daquela região) e dos que viviam luxuosamente da terra (5.5), latifundiários, frequentemente ausentes. Por isso, não devemos estar longe da verdade se atribuirmos essa carta a Tiago, irmão de Jesus e líder da igreja de Jerusalém. Como Tiago não toca na controvérsia que os judaizantes provocaram e que desembocou no Concilio de Jerusalém (49 d.C), podemos sugerir a data de 45- 47 d.C. (cf. Douglas Moo, Tiago, Edições Vida Nova, 1990; pp. 33,34). Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De Deus. Editora Shedd Publicações. A carta de Tiago se parece com um memorando de segunda-feira de manhã em uma organização. Desde o início, ele espera que os seus leitores coloquem a sua fé em ação. Os seus desafios não têm data. Tiago trata de questões práticas que são tão comuns como o jornal desta manhã. A fé que os cristãos afirmam ter deve ser demonstrada em todas as situações e circunstâncias da vida — no trabalho, em casa, no bairro, na igreja. As provações e dificuldades não devem ser encaradas como obstáculos à fé, mas como oportunidades para colocar em prática uma fé saudável. Não basta conhecer a Palavra de Deus. Este conhecimento deve ser aplicado às nossas vidas diariamente. A fé verdadeira é a aplicação da verdade de Deus a nós mesmos. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 649. A carta de Tiago é um livro prático. Esse livro é considerado o livro de Provérbios do Novo Testamento.* Tiago é mais pregador que escritor.^ É como se ele nos agarrasse pela lapela, fitasse- nos olhos e falasse conosco algo urgente. Um dos grandes problemas que a igreja estava enfrentando era colocar em prática aquilo que eles professavam. A vida estava divorciada da teologia. Esse também é o problema da igreja contemporânea. Daí, a pertinência e a urgência de estudarmos Tiago. O tema central de Tiago é: o nascimento (1.13-19a), o crescimento (1.19b-25) e a maturidade (1.26 - 5.6) do cristão.^ Através das provas, pela paciência, recebemos a coroa. A primeira ênfase de Tiago é sobre o novo nascimento (1.13-19a). Embora a velha natureza permaneça ativa (1.13-16), o Pai nos trouxe ao novo nascimento pela Sua Palavra (1.17-19a). A segunda ênfase é sobre o crescimento espiritual (1.19b-25). Nós crescemos pelo ouvir (1.19), receber (1.21) e obedecer (1.22-25) a Palavra. A terceira ênfase é sobre a maturidade espiritual (1.26 - 5.6). Há três notáveis desenvolvimentos que são característicos da verdadeira maturidade cristã: 1) O controle da língua (1.26); 2) O cuidado dos necessitados (1.27a); 3) A pureza pessoal (1.27b). Por que Tiago escreveu esta carta? Para resolver alguns problemas: 1) Eles estavam passando por duras provações; 2) Eles estavam sendo tentados a pecar; 3) Alguns crentes estavam sendo humilhados pelos ricos, enquanto outros estavam sendo roubados pelos ricos; 4) Alguns membros da igreja estavam buscando posições de liderança; ‘
  • 9. 5) Alguns crentes estavam falhando em viver o que pregavam; 6) Outros crentes estavam vivendo de forma mundana; 7) Outros não conseguiam dominar a língua; 8) Outros estavam se afastando do Senhor; 9) Havia crentes que estavam vivendo em guerra uns contra os outros. Esses são os mesmos problemas que enfrentamos hoje. Para Tiago, a raiz de todos esses problemas era a imaturidade cristã. LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 11-13. I – AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS 1. Autoria. Comecemos nosso breve estudo pela questão da autoria desta Carta. O nome Tiago não era incomum nos dias de Jesus, e no Novo Testamento ocorrem ao menos quatro citações a pessoas que tinham esse nome: • Tiago, pai de Judas (Lc 6.16); • Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João; • Tiago, filho de Alfeu. Há estudiosos que o identificam como Tiago, o pequeno, filho de Maria (Mc 15.40). Tiago, irmão do Senhor. Esta tem sido a teoria mais corrente em relação à autoria desta Carta. Paulo o destaca como apóstolo (G1 1.19), um homem que era considerado um dos pilares da igreja. D. A. Carson aborda dessa forma a pluralidade de candidatos à autoria: Destes quatro [Carson cita Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, Tiago filho de Alfeu, Tiago o menor e Tiago, irmão do Senhor], o último é de longe o mais óbvio candidato à autoria desta carta. Tiago, o pai de Judas é por demais obscuro para ser seriamente considerado; o mesmo vale, num grau menor, para Tiago, o filho de Alfeu. Por outro lado, Tiago, o filho de Zebedeu, tem um papel de destaque entre os Doze, mas a data de seu martírio — 44 d.C. (Veja At 12.2) — é provavelmente muito cedo para que o liguemos à carta. Resta, então, Tiago, o irmão do Senhor, que certamente é o Tiago mais proeminente na Igreja Primitiva. Há ainda estudiosos que entendem que essa carta é de autoria anônima. Sobre esse assunto, Carson comenta: Poucos estudiosos têm atribuído a carta a um Tiago desconhecido. Mas embora isso seja possível e não conflite em nenhum aspecto com nada existente na própria carta, a simplicidade da identificação do autor indica um indivíduo bem conhecido — e uma pessoa tão bem conhecida seria provavelmente mencionada no Novo Testamento. Depois de brevemente apresentadas as teorias, a Igreja Cristã tem tido em Tiago, o irmão de Jesus e bispo em Jerusalém, o autor dessa carta que atravessou os séculos e até hoje fala com toda a igreja. Data A carta de Tiago já recebeu diversas propostas de datação. Esta tem sido determinada por alguns especialistas como tendo sido escrita em 45 ou 62 d.C. Os argumentos orbitam da seguinte forma para se deduzir que foi escrita em um desses períodos. Conforme Josefo, o martírio de Tiago ocorreu em 62 d. C,portanto, ele teve de escrever antes desse período sua carta. A epistola não faz menção sobre a controvérsia de judeus e cristãos entre os anos 50 e 60. Como relata o livro de Atos, Tiago foi o chamado “moderador” do Concílio de Jerusalém, evento que provavelmente teria sido realizado o ano 50 d.C. e que discutiu a chegada de gentios no seio da igreja cristã. E há estudiosos que
  • 10. entendem que como a Carta de Tiago não cita o apóstolo Paulo, é provável que Tiago escreveu sua Carta antes de Paulo ter sido considerado um obreiro de destaque. Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 13-15. Tendo visto claramente as dificuldades que circundam este livro, no tocante à sua autoridade e canonicidade, podemos mais facilmente dizer algo de significativo sobre a questão do pró p rio a u to r. O livro identifica algum «Tiago» como seu autor. Mas, qual Tiago está em foco, que nos seja conhecido no N.T.? Ou tratar-se-ia de um Tiago desconhecido? Ou seria este livro uma pseudepígrafe, isto é, escrito em nome de um famoso Tiago do N .T., mas não na realidade? Essa prática era comum nos primeiros séculos da era cristã, havendo mais de cem escritos dessa natureza que chegaram até nós, supostamente de famosos cristãos primitivos, mas certamente sem que isso seja verdade. E esses são 08 escritos acerca dos quais temos algum conhecimento, pelo menos a través de fragmentos, ou títulos mencionados por outros pais da igreja. Deve ter havido um número muito maior de casos. Tal prática não era reputada desonesta, naqueles dias; era uma prática comum, usada tanto na literatura profana como na sagrada. 1. Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João. incluído em todas as quatro listas sobre os doze apóstolos. Foi decapitado a mando de Herodes Agripa I, em 44 D.C. ou pouco antes. (Ver Atos 12:2). 2. Tiago, filho de Alfeu, um dos doze apóstolos. (Ver Mat. 10:3; Marc. 3:18; Luc. 6:15 e Atos 1:13). 3. Tiago, irmão do Senhor. (Ver Gál. 1:19; 2:9,12; I Cor. 15:7; Atos 12:17; 15:13 e 21:18). Ficou convicto do caráter messiânico de Jesus, evidentemente através de aparição pessoal a ele, após a ressurreição de Cristo. Subsequentemente, tornou-se o líder principal da igreja de Jerusalém, uma figura de estatura sumo sacerdotal, muito respeitado entre judeus e cristãos, igualmente. 4. Tiago, o Menor (uma alusão à sua pequena estatura, a fim de distingui-10 de outros personagens do mesmo nome). (Ver Marc. 15:40; Mat. 27:56; Luc. 24:10). Muitos identificam esse Tiago com o filho de Alfeu. 5. Tiago, pai ou irmão de Judas, um dos doze apóstolos (ver Luc. 6:16 e Ato s 1:13). Ao invés desse Judas (não o Iscariotes), nas listas dos evangelhos de Marcos (capitulo terceiro) e de Mateus (capítulo décimo), aparece o nome de Tadeu ou Labeu. 6. Tiago, autor da epístola, que possivelmente, pode ser com um ou outro dos Tiagos mencionados acima. 7. Tiago, irmão de Judas (ver Jud. 1), por meio de quem a epístola de Judas teria sido escrita. Dentre esse número, os Tiagos de posição primeira, segunda, terceira e sétima têm sido identificados como o autor da epístola. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 2-3. A. Autoria O autor identifica-se somente como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (1.1). Havia vários homens importantes no Novo Testamento que se chamavam Tiago. No entanto, há uma forte evidência, defendida por muitos
  • 11. estudiosos da Bíblia, de que o autor era o líder da igreja em Jerusalém (At 15.13). Paulo se refere a ele como “Tiago, irmão do Senhor” e o inclui entre os “apóstolos”1 (G11.19). Em Gálatas 2.9, ele caracteriza Tiago como um dos “pilares” da Igreja. Este Tiago é mencionado duas vezes nos evangelhos (Mt 13.55; Mc 6.3). Nas duas passagens ele é identificado como um dos irmãos de Jesus. Ele somente se tornou um seguidor do nosso Senhor após a Ressurreição. Ele estava entre os discípulos primitivos que, no cenáculo, esperavam pela descida do Espírito Santo e “perseveravam unanimemente em oração e súplica” (At 1.14). A habilidade e fé de Tiago logo o colocaram num lugar de proeminência entre os cristãos primitivos. Quando Pedro deixou a Palestina (At 12.17), tudo indica que Tiago assumiu a liderança da igreja de Jerusalém. Três anos após a conversão de Paulo, ele visitou os líderes de Jerusalém e lá viu “Tiago, irmão do Senhor” (G11.19). Em Atos 15, na assembléia que discutia a admissão dos gentios na Igreja, Tiago era o ministro que presidia a reunião. Na mesma visita a Jerusalém, “Tiago, Cefas e João” estenderam a destra da comunhão a Paulo e Barnabé (G1 2.9). Na sua última visita a Jerusalém, quando Paulo apresentou seu relatório, “Tiago, e todos os anciãos vieram ali” (At 21.18). De um homem nessa posição de responsabilidade e autoridade haveríamos de esperar uma carta pastoral de conselhos práticos concernentes a questões que afetavam a vida espiritual da Igreja. E isso que encontramos nesta epístola. A. O Autor, 1.1 As cartas no primeiro século geralmente iniciavam com o nome do autor, seguido pelo nome do receptor e uma fórmula de saudação na mesma ordem que aparecem nesta carta. O autor identificou-se simplesmente como Tiago. Provavelmente, nenhuma outra explicação era necessária para os cristãos daquela época. Eles logo compreendiam tratar-se de Tiago de Jerusalém, o reconhecido líder da Igreja. (Veja Int., “Autoria”). B. As Credenciais do Autor, 1.1 Com um verdadeiro espírito cristão, Tiago apresentou-se aos seus leitores, não como o líder da Igreja, mas como servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo. O termo servo (doulos) é literalmente um servo cativo ou escravo. O termo escravo era entendido quando usado em relação ao homem. No entanto, quando esse termo era usado em relação a Deus, os leitores judeus compreendiam tratar-se de um adorador. Às vezes trata-se de maneira negativa o fato de Cristo ter sido mencionado somente três vezes nesta epístola (1.1; 2.1; 5.8). Pode-se supor que a razão não era um desinteresse por parte de Tiago, mas sim que os leitores cristãos conheciam o fundamento da sua mensagem. Em todo caso, há uma evidente declaração da suprema lealdade cristã na frase de abertura do apóstolo. Servo de Deus era uma frase comum do Antigo Testamento. Tiago acrescenta a ela a dimensão distintamente neotestamentária — um adorador do Senhor Jesus Cristo. O autor desta carta é um homem que serve a Deus e aceita a divindade de Jesus. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 147, 152-153. O AUTOR A – A situação inicial 1 – A carta de Tiago em si não traz nenhuma referência direta sobre quem é o autor.
  • 12. 2 – A tradição da igreja antiga nomeia como autor o irmão mais velho do Senhor, Tiago. No entanto, chama atenção que por um período relativamente longo a carta de Tiago não tenha sido reconhecida como escrito canônico, i. é, como pertencente ao conjunto dos livros do NT. É a posição de Orígenes (falecido por volta de 254 d.C.) e Eusébio (séc. IV). Este, porém, declara que a carta era lida em público na maioria das igrejas. Foi somente durante o séc. IV que ela se impôs definitivamente na igreja oriental e ocidental (Cirilo, Atanásio, Jerônimo, Agostinho). Contudo não se tem notícia de que na igreja antiga também tenha sido citada outra pessoa além de Tiago, irmão do Senhor. 3 – Dentre os portadores do nome Tiago no NT dificilmente outra pessoa além do irmão do Senhor poderia ser cogitada como autor da carta. No grupo dos discípulos de Jesus dois homens têm o nome Tiago: Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, e Tiago, filho de Alfeu (cf. Mt. 4.21 e as duas listas de apóstolos em Mt 10.2ss e Lc 6.14ss). No NT há ainda outros homens chamados Tiago: a fim de ser diferenciado de Judas Iscariotes, um segundo Judas entre os discípulos é chamado de filho de Tiago (Lc 6.16). E, entre as mulheres que observavam à distância os acontecimentos no Calvário, Maria é chamada de mãe de “Tiago, o menor” (Mc 15.40). De todos eles, é somente a respeito de Tiago, filho de Zebedeu, que o NT menciona mais do que meramente o nome. Ele fazia parte dos três discípulos que Jesus levou consigo para a casa de Jairo, para o monte da transfiguração e para a agonia no Getsêmani. Já no ano de 44, Tiago foi decapitado por Herodes, enquanto Pedro experimentou uma milagrosa salvação pela intervenção de um anjo (At 12.2ss). Por isso, dificilmente podemos cogitar Tiago, filho de Zebedeu, como autor da carta de Tiago. Afinal, essa carta registra uma experiência longa e rica com a igreja cristã. Os demais permaneceram desconhecidos demais para que um deles pudesse se apresentar em uma carta eclesial simplesmente como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo”. Por isso, de fato somente o irmão do Senhor pode ser considerado como possível autor dentre todos os portadores do nome Tiago citados no NT. B – Argumentos contra a autoria do irmão do Senhor A pesquisa crítica arrola várias razões pelas quais Tiago, o irmão de Jesus, não escreveu a carta. Alegou-se em especial que: 1 – O grego usado na redação da carta é o de uma pessoa erudita, versada, com artifícios linguísticos como trocadilhos etc. É o grego de um homem que provavelmente tinha este idioma como língua materna. Em contraposição, Tiago, irmão do Senhor, era palestino e uma pessoa simples. Sua língua materna era o aramaico, e ele dificilmente esteve alguma vez no exterior. 2 – Tg 2.14ss, dizia-se, debatia um equívoco evidentemente bastante disseminado acerca da teologia de Paulo. Por isso a carta de Tiago provavelmente teria sido redigida posteriormente ao período de vida de Tiago, irmão do Senhor. 3 – O problema dos mandamentos rituais e cultuais, algo particularmente importante para a primeira igreja, não é mencionado em lugar algum. Tiago, irmão do Senhor, dificilmente teria escrito dessa forma. Também foi afirmado que no tempo da redação da carta a controvérsia entre os cristãos gentílicos e cristãos judeus acerca do mandamento cultual e ritual já teria sido superada há muito e pouco conhecida. Isso deporia em favor da escrita da carta em torno de cem anos depois da morte de Tiago, irmão do Senhor.
  • 13. 4 – O fato de que a carta de Tiago foi reconhecida apenas tardiamente como escrito do NT demonstraria que a igreja antiga não era unânime acerca da autoria da carta pelo irmão do Senhor (de acordo com Orígenes, a carta de Tiago não fazia parte dos escritos de reconhecimento geral, e também Eusébio a relaciona entre os antilegomena, i. é, os escritos “contestados”). C – Posicionamento diante desses argumentos contrários 1 – Pedro escreveu sua primeira carta “por meio de Silvano, o fiel irmão” (1Pe 5.12). Portanto é possível que também Tiago, líder da primeira igreja em Jerusalém (veja abaixo, item D), tenha mandado escrever sua carta dirigindo- se a igrejas de outros países, que devem ter sido constituídas principalmente por cristãos judeus estrangeiros de fala grega, valendo-se dos préstimos de um cristão judeu de fala grega em Jerusalém (posição de Wilhelm Michaelis: Einleitung in das NT, 1946, BEG-Verlag, Berna), o qual conhecia com exatidão a forma de pensar dos destinatários. Não era pequeno o grupo desses cristãos judeus em Jerusalém (At 6.1). A maioria dos chamados “diáconos”, liderados por Estêvão, podem ter sido escolhidos do seio desse grupo. Todos os diáconos tinham nomes gregos. Na verdade a carta de Tiago foi escrita em grego fluente no tocante ao idioma, mas traz um modo de pensar hebraico em seu conteúdo e se compara com coletâneas de sabedoria do AT e do judaísmo. – A carta, que comunica às igrejas a decisão do “concílio dos apóstolos” (At 15.23ss) , contém a mesma saudação helenista que não ocorre em mais nenhum lugar do NT e que no grego também consta em Tg 1.1. Essa carta possivelmente foi concebida por Tiago, que conforme At 15, apresentou a correspondente sugestão de acordo. Talvez nesse caso também tenha trabalhado o mesmo intérprete e escrevente que colaborou com a redação da carta de Tiago. Alguns pesquisadores também opinam que seus primeiros destinatários (cf. também a comunicação em At 15.23) tenham sido igrejas na Síria e Cilícia. 2 – No tocante ao conteúdo e à forma, a carta de Tiago possui fortes semelhanças com o Sermão do Monte e outras pregações de Jesus (cf., p. ex., Tg 1.22 com Mt 7.21,26; Tg 2.10 com Mt 5.19; Tg 2.13 com Mt 5.7; Tg 3.18 com Mt 5.9; Tg 4.5 com Mt 6.24; Tg 4.12 com Mt 7.1; Tg 5.2 com Mt 6.19; Tg 5.12 com Mt 5.34,37. – Cf. também a posição semelhante de Jesus e Tiago em relação a pobres e ricos, Lc 6.24s; 16.19-25; Tg 5.1-6). Como aquelas, a carta se assemelha à forma de exposição da sabedoria proverbial do AT. Isso permite supor que a carta também surgiu em um momento cronologicamente próximo à proclamação de Jesus. Vários exegetas, como Adolf Schlatter, Gerhard Kittel e Wilhelm Michaelis, suspeitam que a carta de Tiago seja um dos escritos mais antigos do NT. Como será demonstrado no comentário sobre Tg 2.14ss, esse trecho da carta contém uma controvérsia apenas aparente com a teologia do apóstolo Paulo. O conceito decisivo “obras” possui significados diferentes em Tiago e em Paulo. As palavras da carta de Tiago também podem estar discutindo com um orgulho generalizado pela posse da verdade, um orgulho não disposto a obedecer a essa verdade. E podem combater o equívoco de transformar a graça que nos foi propiciada e anunciada por Jesus, como também é expressa nos evangelhos (Lc 15.22-24; 18.14; 23.43; Jo 8.11), em motivo de acomodação. A graça e o Espírito de Deus, bem como a obra redentora de Jesus Cristo, não visam gerar filhos desobedientes, mas obedientes a Deus.
  • 14. 3 – Possivelmente Tiago, o irmão de Jesus, já tenha escrito a carta antes que a controvérsia em torno da lei cultual e ritual tenha ficado bem evidente. Consequentemente, Tiago poderia ter anunciado, como seu Senhor e Mestre Jesus Cristo, sobretudo a vontade de Deus que nos compromete eticamente, assim como também já fizeram os profetas do AT. Também Jesus só falou detalhadamente a respeito das leis cultuais e rituais depois que isso se tornou imperioso devido ao conflito com os fariseus e escribas. Se Tiago era “servo de Jesus Cristo” (Tg 1.1), deve-se supor que também para Tiago, assim como para seu Senhor, importava acima de tudo a vontade de Deus que compromete eticamente toda a nossa vida. Até mesmo se Tiago tivesse escrito somente depois da reunião dos apóstolos relatada em At 15, em que ele mesmo sugeriu o acordo, a questão deve ter ficado clara tanto para ele como para as igrejas às quais a decisão foi comunicada, e que possivelmente também foram as primeiras destinatárias desta carta. Logo, não havia mais necessidade de abordar a questão. 4 – Podem ter havido duas razões para que a carta de Tiago não fosse aceita no acervo dos escritos do NT por um tempo relativamente longo: a) É possível que a carta de Tiago tivesse um grupo de leitores relativamente pequeno, primordialmente judeus cristãos. Somente mais tarde é que ela se tornou mais amplamente conhecida. b) Talvez várias pessoas considerassem a carta de Tiago como sendo um escrito das igrejas cristãs judaicas que se isolaram fortemente em relação às demais, sobretudo da igreja cristã gentílica, e cujos escritos não constavam da tradição geral do primeiro cristianismo. De qualquer modo vemos a atuação do Espírito de Deus no fato de que a igreja antiga finalmente acabou acolhendo no cânon do NT a tão importante carta, que em diversos aspectos complementa o testemunho restante do NT, e que é prática e inquietante. Consideramos muito provável que a presente carta seja de autoria do Tiago irmão do Senhor (posições de Adolf Schlatter, Gerhard Kittel, Wilhelm Michaelis, Kurt Hennig, Walter Warth). O único líder cristão conhecido no primeiro cristianismo que se chamava Tiago era Tiago, o irmão do Senhor. O autor da carta cita somente seu nome. Ele sabe que é conhecido. Com singeleza e naturalidade a carta advoga para si a necessária autoridade. Se, p.ex., outra pessoa, de época posterior, tivesse pretendido escrever sob o nome do irmão do Senhor – como supõem vários – ele com certeza teria se intitulado expressamente de “irmão do Senhor”. Precisamente essa singela indicação de autoria depõe de forma decisiva em favor do conceito de que de fato não se trata de outra pessoa que não Tiago, o irmão do Senhor. Contudo, a questão da autoria por parte do irmão do Senhor com certeza não é determinante, ainda mais porque nem a própria carta levanta tal reivindicação. Afinal, cremos no Senhor testemunhado e em sua palavra, não nas testemunhas. D – A vida de Tiago, irmão do Senhor Uma vez que consideramos plausível a autoria de Tiago, o irmão do Senhor, apresentemos aqui algumas coisas sobre sua vida: 1 – Além do irmão mais velho, por assim dizer um meio-irmão, Jesus, Tiago tinha mais três irmãos mais novos: José, Simão e Judas (Mt 13.55) e no mínimo mais duas irmãs (em Mt 13.56 a palavra ocorre no plural). No início Tiago não creu em Jesus. Depois que eclodiu o conflito entre Jesus e o poderoso partido dos fariseus, bem como com os influentes escribas, sua
  • 15. família quis trazê-lo para casa: “Saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si!” (Mc 3.21). Parecia-lhes como um ato de loucura arriscar esse confronto (a razão mais profunda para esta tentativa de levá-lo para casa deve ter sido justamente esse conflito, cf. Mc 2.18-3.6.) Os irmãos tentavam proteger Jesus e toda a família da vergonha do apedrejamento ou da cruz. Também tinham convencido Maria, a mãe, a ir com eles (Mc 3.31ss). – Contudo, os irmãos certamente também tinham esperança de que junto de seu irmão mais velho, que flagrantemente era uma pessoa especial, também poderiam ser pessoalmente engrandecidos. Por isso o desafiaram a não apenas mostrar seu poder milagreiro no recôndito da Galiléia, mas no grande “palco” de Jerusalém e da festa dos tabernáculos. Talvez tivessem esperança de que agora ele finalmente se manifestasse como o Messias (Jo 7.3s). Nessas duas iniciativas, que Tiago, o mais velho depois de Jesus, deve ter liderado, percebe-se que os irmãos de Jesus pensavam de forma tipicamente humana, “porque também seus irmãos não criam nele” (Jo 7.5). 2 – Após a Páscoa, porém, aconteceu a grande mudança na vida de Tiago. O Senhor ressuscitado lhe aparecera (1Co 15.7). Não existe nenhum relato detalhado acerca deste encontro no NT, assim como tampouco sobre o primeiro encontro de Pedro com o Senhor ressuscitado (1Co 15.5; Lc 24.34). Agora Tiago, sua mãe e os irmãos se associam ao grupo dos apóstolos (At 1.14). Em breve ele teria uma posição de liderança na primeira igreja, a congregação cristã judaica de Jerusalém. Isso se nota pela menção expressa de Tiago em At 12.17, onde Pedro se despede da igreja de Jerusalém. Também Gl 1.19 cita Tiago como um dos homens decisivos em Jerusalém. A importância de Tiago evidenciou-se especialmente pela forma como cooperou no “concílio dos apóstolos” (At 15). Propôs o acordo decisivo a ser celebrado entre os cristãos judeus e gentílicos (At 15.13-21). Esse acordo não excluía tensões ocasionais. Elas não se manifestaram entre Paulo e Tiago, mas entre Paulo e os adeptos de Tiago (Gl 2.9,12). No relevante esforço de encontrar o caminho certo para o novel cristianismo, que se desenvolvera a partir de um grupo no seio do judaísmo até tornar-se uma entidade independente, Tiago defendia, no convívio entre cristãos judeus e gentílicos, particularmente os interesses dos grupos judaicos. Seu coração batia intensamente em favor da obediência séria à santa e salutar vontade de Deus já revelada no AT. Isso se torna visível também na presente carta, o que depõe em favor da autoria do irmão do Senhor. 3 – No contexto externo à Bíblia há informações de que Tiago viveu ainda até a década de sessenta do primeiro século em Jerusalém, sendo chamado pelos judeus de “justo”: também como cristão ele teria cumprido com grande fidelidade a lei do AT, orando e jejuando intensamente. Isso lhe teria rendido entre o povo um respeito tão grande que, ao contrário de outros líderes cristãos, conseguiu se manter em Jerusalém durante toda uma geração. A respeito da morte de Tiago, irmão do Senhor, há dois relatos extrabíblicos que concordam no fato de que ele sofreu o martírio: o historiador judaico Josefo informa que Tiago teria sido entregue ao apedrejamento pelo sumo sacerdote Anás II depois do falecimento do governador Festo e antes da chegada de um novo governador romano (ou seja, durante um interregno, que lhe propiciou certa liberdade de manobra) no ano de 62 (Josefo descreveu a guerra judaico-romana – 66-70 d.C. – e faleceu por volta de 100 d.C.). O escritor cristão Eusébio (séc. IV), porém, reproduz um informe de Hegésipo, do
  • 16. séc. II, segundo o qual Tiago, pouco antes de eclodir a guerra judaico-romana no ano de 66, foi lançado do pináculo do templo por uma multidão furiosa, instigada pelos fariseus e escribas, e trucidado com uma clava. Estava eliminado o homem cujo serviço sacerdotal de intercessão por Israel havia detido a desgraça. Esta seguiu seu curso. Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança. 2. Local e Data. Tiago escreveu esta carta aproximadamente entre 47 e 49 d.C. Há diversas razões para crer que a carta de Tiago tenha sido escrita no início da vida da igreja. • Tendo Tiago, o irmão de Cristo, como seu autor, a carta teria que ter sido escrito antes de 62 d.C., ano do martírio de Tiago, de acordo com Josefo. • A carta não menciona a controvérsia sobre judeus e gentios dos anos 50 e 60. Lembre-se de que Tiago foi o moderador do Concilio de Jerusalém, reunido para debater esta questão (At 15). Supõe-se que este concilio tenha sido realizado aproximadamente no ano 50 d.C. Paulo passou muito tempo comentando o problema dos judaizantes nas suas cartas. • Esta carta não faz menção ao apóstolo Paulo ou alusões aos seus escritos. Portanto, é provável que ela tenha sido escrita antes que Paulo atingisse grande proeminência na igreja. • Tiago não fala a respeito dos falsos ensinos, outra questão posterior na igreja e um tema importante nos escritos de Paulo, Pedro, Judas e João. A carta de Tiago foi escrita após a morte de Estêvão (35 d.C.), a perseguição que fez com que muitos crentes de Jerusalém fugissem para salvar suas vidas, a conversão de Paulo (35 d.C.), e a morte de Tiago, o apóstolo (44 d.C.). Ela foi escrito antes do Concílio de Jerusalém (50 d.C.), da segunda e terceira viagens missionárias de Paulo (50-52 d.C. e 53-57 d.C.), do aprisionamento final e do martírio de Paulo (aproximadamente 67 d.C.), e da destruição de Jerusalém, por Tito (70 d.C.). Alguns defendem uma data posterior e outro autor, devido à excelente qualidade do idioma grego usado no livro. A língua-mãe de Tiago seria o aramaico, e ele provavelmente não teria sido fluente em um bom grego helénico. É possível, no entanto, que Tiago, como Paulo (veja Cl 4.18), usasse um “secretário” para traduzir as suas palavras para o grego, a língua do mundo comercial e a escolha apropriada para alcançar os que estavam espalhados pelo mundo inteiro. Tiago escreveu a cristãos judeus do século I. Ele também escreveu a nós, hoje, que também estamos “dispersos entre as nações”. Embora separados por aproximadamente vinte séculos, as necessidades sáo praticamente as mesmas, e a mensagem de Tiago ainda precisa ser ouvida e aplicada. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 651-652. Não há evidência na epístola ou de fontes externas que ajudem a determinar exatamente a data em que foi escrita esta carta. Alguns estudiosos conservadores argumentam que esta carta pode ter sido escrita em 45 d.C., outros já acreditam que ela foi escrita em 62 d.C. As datas mais precoces se baseiam no fato de que na epístola o autor não faz nenhuma menção do problema da admissão de gentios na Igreja. Sabemos que Tiago estava profundamente preocupado com esta questão numa época posterior. Aqueles
  • 17. que propõem uma data posterior ressaltam a condição relativamente estabelecida da Igreja refletida na epístola. Tiago não parece estar muito preocupado em colocar os fundamentos e ressaltar doutrinas evangélicas para uma Igreja que está dando seus primeiros passos na fé. Isto favorece a ideia de a epístola ter sido escrita numa data posterior. Assim, o conteúdo sugere que esta carta foi escrita numa data posterior às cartas aos Gálatas e aos Romanos, nas quais o autor tratou de assuntos doutrinários fundamentais. O aspecto-chave não é o ano exato, mas o período. Se, como tudo indica, Tiago foi martirizado em 63 d.C., a epístola obviamente foi escrita antes dessa data. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 148. Em face do que foi dito antes acerca da autoria e da forma da carta, sua data pode ser apurada a seguir. É evidente que os que não crêem que Tiago, o Justo, tenha sido o autor dessa carta, datam-na relativamente tarde, cerca de 70-130 d.C., e com mais freqüência entre 80-100 d.C. Todavia, argumentamos anteriormente que Tiago, o Justo, foi a fonte dos sermões contidos na carta, o que significa que o material pertence à época da vida de Tiago, a saber, antes de 62 d.C. Além disso, Tiago 2:14-26 com toda a probabilidade teria sido composto como uma unidade antes de Tiago ter tido a oportunidade de conversar com Paulo sobre as doutrinas características do apóstolo. Isso faz que a data desta parte da carta recue para antes de 49 d.C., pelo menos. Todavia, essa data é satisfatória para qualquer parte da carta, visto que a igreja por essa época tinha mais de quinze anos de existência, isto é, ela teria idade suficiente para apresentar quaisquer dos problemas descritos por Tiago. Na verdade, a década de quarenta foi uma época de escassez econômica em Jerusalém, circunstância que se encaixa na insegurança financeira e na vulnerabilidade que a igreja de Tiago está experimentando. Assim, é provável que grande parte do material da carta se tenha originado em meados da década de quarenta, tendo circulado oralmente, ou em tradução grega tosca, durante uma década mais ou menos, antes de chegar à sua forma final. A segunda etapa do trabalho, a versão final para publicação, é mais difícil de datar. Seria com toda a probabilidade anterior a 66 d.C., visto que a fuga da igreja para Pela teria posto um fim na continuidade de contatos com Jerusalém, e Tiago, o Justo, precisava coligir as tradições. É difícil saber quantos anos antes isso ocorreu. É muito provável que a morte de Tiago tenha motivado fortemente a redação da carta, visto que, tendo silenciado aquela voz poderosa, é certo que teria surgido o desejo, no seio da igreja entristecida, de preservar seus ensinos para o verdadeiro Israel — “às doze tribos da Dispersão” — a todo o povo de Deus espalhado pelo mundo. Isso explicaria também outros dois fatos: (1) o de Hermas ter obtido uma cópia em Roma, por volta de 96 d.C., visto ter decorrido bastante tempo entre 66 e 96 d.C., para que uma cópia chegasse aos judeus cristãos de Roma, e (2) o fato de Tiago não ser mencionado senão por Orígenes, cerca de 256 d.C., porque uma obra judaico-cristã que não fosse útil numa controvérsia doutrinária logo estaria um tanto esquecida pela igreja de Jerusalém em exílio e, a seguir, em luta pela sua existência distintiva, visto que a missão judaica entrou em colapso com a queda de Jerusalém em 70 d.C. Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De Deus. Editora Shedd Publicações. pag. 24-25. O local da composição
  • 18. As conclusões que tiramos sobre a autoria e a data da carta praticamente determinam o local da composição. Tiago viveu em Jerusalém durante este período e seus leitores, provavelmente, se encontrariam em regiões imediatamente fora da Palestina, junto à linha costeira para o norte, na Síria e, talvez, no sul da Ásia Menor. Várias alusões na carta, principalmente a referência às “primeiras e últimas chuvas” (5.7), parecem confirmar esta localização; pois apenas ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo é que as chuvas ocorrem nesta seqüência. Laws recentemente sugeriu Roma como o local de origem da carta,2 mas as únicas razões que ela fornece são as semelhanças literárias entre Tiago e várias obras com origem em Roma: 1 Pedro, Hermas e 1 Clemente. As condições sociais generalizadas no Oriente Próximo, na metade do primeiro século, também correspondem à situação pressuposta em Tiago. Os comerciantes que andavam de um lado para o outro em busca de lucro (4.13- 17) e os senhores de terras, freqüentemente absenteístas, que exploravam uma força de trabalho cada vez maior e mais pobre (5.1-6), eram figuras bem conhecidas. Igualmente familiares eram os sempre violentos e odiosos debates religiosos que parecem ter infectado as igrejas que estavam sob os cuidados de Tiago (veja 3.13-4.3). O movimento zelote, que procurava alcançar a liberdade para Israel usando meios violentos, estava se tornando cada vez mais influente. De fato, alguns eruditos pensam que Tiago 4.2 — “cobiçais e nada tendes; matais” — pode ser uma referência aos partidários do movimento zelote, os quais haviam trazido para dentro da igreja sua ideologia violenta.3 Seja isto verdade ou não, as condições sociais da Palestina e da Síria do primeiro século certamente fornecem uma tela de fundo apropriada para a carta de Tiago. Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 35- 36. 3. Destinatários. Destinatários O autor da carta indica que seus destinatários são as 12 tribos que estão dispersas. Como os judeus foram os primeiros convertidos à fé cristã, principalmente porque o evangelho de Jesus foi primeiramente pregado a eles, e a Igreja Primitiva teve sua origem em Jerusalém, não é difícil entender que esse escrito teria sido inicialmente para eles, mas isso não exclui a possibilidade de os gentios estarem sendo posteriormente incluídos nos sermões dessa epístola. Essa referência é claramente simbólica, se considerarmos que a estrutura tribal de Israel havia cessado de ser um conjunto literal de doze tribos desde pelo menos a conquista da Assíria do Reino do Norte em 722 a. C. A questão que se apresenta, então, é: até que ponto Tiago estende aos seus leitores os elementos metafóricos de sua designação? A interpretação mais “literal” da saudação é que cópias dessa carta foram enviadas aos judeus (às “doze tribos”) que estavam vivendo fora da Palestina (“dispersos entre os gregos”; cf Jo 7.35). No entanto, levando em conta que a carta obviamente não representa um tratado evangelístico destinado a converter os judeus ao cristianismo, esse entendimento pode ser rapidamente excluído. Os destinatários são apresentados como já possuindo a fé em Jesus Cristo (2.1) e, sendo assim, a linguagem a respeito das “doze tribos” é geralmente
  • 19. aceita como simbolizando a crença de que cristãos são agora o povo de Deus, e formam o novo Israel ou Israel espiritual. Partindo dessa orientação, podemos entender que os destinatários não eram apenas judeus, mas igualmente gentios que se tinham chegado à fé em Jesus Cristo e agora fariam parte da igreja cristã. Local Jerusalém tem sido considerada o local da confecção desta carta, apesar de ela mesma não trazer qualquer indicação de que tenha sido escrita lá. A base para essa teoria está mais vinculada à tradição da igreja. Pelo fato de essa carta ter circulado primeiramente na Palestina, como registram alguns pais da igreja como Orígenes, acredita-se que Jerusalém foi de fato a localidade de origem dessa epístola. Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 15-16. “As doze tribos que andam dispersas” (1.1). O cristianismo é judeu. Isto pode parecer uma contradição, mas é verdade. Maria, a mãe do nosso Senhor, era judia, como também José era judeu. Sendo assim, Jesus foi criado em um lar judeu. E no seu ministério público, Jesus dirigia-se primeiro aos judeus, o povo escolhido de Deus, chamando-os ao arrependimento e à fé. Todos os doze discípulos originais eram judeus. O cristianismo iniciou-se no Templo e na sinagoga, quando os judeus que procuravam encontravam o Messias. Portanto, é bastante natural que Jerusalém fosse o berço da igreja. Este é o lugar onde Jesus foi crucificado e onde Ele ressuscitou e posteriormente ascendeu ao céu. Em Jerusalém, o Espírito Santo encheu o primeiro grupo de crentes. E ali foi onde os apóstolos ministraram. A igreja de Jerusalém teve um crescimento explosivo, com milhares de pessoas respondendo positivamente ao Evangelho (At 2.41; 4.4; 5.14; 6.1,7). Os crentes encontravam-se nos pátios do Templo e nas suas casas (At 5.42), adorando, comendo, aprendendo, e servindo juntos. Jesus disse aos seus seguidores que transmitissem a fé além de Jerusalém, “em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). No sermão do monte das Oliveiras, Jesus predisse uma perseguição terrível e a destruição final de Jerusalém (Lc 21.5-24) - Jesus sabia que os seus seguidores se espalhariam. A perseguição começou pouco tempo depois da ascensão de Jesus. Quer estes primeiros cristãos estivessem prontos ou não, muitos deles foram forçados a se espalhar pelo império romano (At 8.1). Eles foram a Samaria e a lugares tão distantes quanto Fenícia, Chipre, e Antioquia da Síria (At 11.19). Os crentes espalhados “iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4) e, desta forma, acrescentavam muitos novos convertidos à fé. Isto gerou uma necessidade de acompanhamento, de instrução espiritual e de incentivo para os novos crentes. Por exemplo, os apóstolos em Jerusalém enviaram Pedro e João a Samaria, para avaliar o ministério de Filipe (At 8.14), e enviaram Barnabé a Antioquia, por terem ouvido falar que os gregos estavam se convertendo ali (At 11.19-22). Naturalmente, os seguidores de Jesus, o Messias, já estavam vivendo em muitas terras estrangeiras, tendo vindo à fé no Pentecostes. Realizada cinquenta dias depois da Páscoa, Pentecostes (também chamada Festa das Semanas) era uma festa de ação de graças pela colheita. Todos os anos,
  • 20. judeus de muitas nações reuniam-se em Jerusalém para esta celebração. De acordo com Atos 2.9-11, “partos e medos, elamitas e os que habitavam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e Frigia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e árabes” ouviram, em suas línguas nativas, a mensagem que era cheia do Espírito. Eles também ouviram o poderoso sermão de Pedro (At 2.14-41), e muitos vieram à fé em Cristo. Ao voltar às suas casas, estes novos convertidos tornaram-se uma equipe evangelizadora internacional. Na verdade, é provável que a igreja em Roma tenha sido fundada por aqueles que ouviram falar sobre Jesus e creram nele em Jerusalém, por ocasião do Pentecostes. Tiago, sendo o líder da comunidade cristã de Jerusalém e o pastor de um rebanho disperso, escreveu a este grande grupo de crentes judeus em Cristo que estavam vivendo muito longe dos muros de Jerusalém. Assim ele endereçou a sua carta; “Às doze tribos que andam dispersas” (1.1). Pelo fato de esta carta ter sido escrita no início da vida da igreja (antes das viagens missionárias de Paulo), praticamente todos os crentes teriam sido judeus, mas esta é uma carta para todos os cristáos, tanto judeus quanto gentios. Tiago sabia o que estes jovens crentes estariam enfrentando ao tentarem viver para Cristo, longe dos apóstolos e anciãos. Haveria provações e perseguições, similares àquelas que tinham tirado muitos deles de suas casas. Haveria sofrimento. Haveria tentações. Haveria pressões. Tiago estava preocupado com que seus irmãos e irmãs cristãos conseguissem perseverar. Tiago também sabia que é fácil voltar a velhos hábitos ou à neutralidade espiritual quando se é afastado e cercado por aqueles que creem em outras coisas. Assim, ele desafiou os seus leitores a irem além de meras palavras e chegarem à ação — viver segundo a sua fé. Tiago também estava preocupado com o corpo, a comunhão, e a igreja. Assim, ele advertiu a respeito de discriminações e divisões e incentivou os crentes a tomarem cuidado com as suas palavras, procurarem a sabedoria divina, serem humildes, e orarem uns pelos outros. Os leitores desta carta do século teriam apreciado a abordagem direta e prática de Tiago. Ele foi direto ao ponto, com respostas orientadas pelo Espírito, que eles tanto necessitavam. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 654-655. Os destinatários da carta Tg 1.1 diz que “as doze tribos na dispersão” (em grego diaspora) são os destinatários (cf. 1Pe 1.1). 1 – A quem isso se refere? Porventura os judeus daquele tempo que viviam no estrangeiro, que desde o cativeiro babilônico haviam se estabelecido inicialmente nos países orientais e depois, como vemos particularmente em At, também no Ocidente, em muitas localidades maiores? Contudo, naquela época as “doze tribos” há tempo já não existiam. Desde o cativeiro assírio (722 a.C.) as dez tribos do reino do Norte não existiam mais. A carta de Tiago é uma carta cristã, ainda que o nome de Jesus seja mencionado expressamente apenas em duas ocasiões (Tg 1.1 e 2.1). Toda a
  • 21. carta está nitidamente impregnada do espírito e da terminologia do Sermão do Monte (cf., p. ex., Tg 1.22 com Mt 7.21,26; Tg 2.10 com Mt 5.19; Tg 2.13 com Mt 5.7; Tg 3.18 com Mt 5.9; Tg 4.5 com Mt 6.24; Tg 4.12 com Mt 7.1; Tg 5.2 com Mt 6.19; Tg 5.12 com Mt 5.34,37). Igualmente se fala da vinda do Senhor (Tg 5.8), sendo que Tg 2.1 diz quem é o Senhor aguardado. Em Tg 5.14 a comunidade em questão é necessariamente cristã. No grego consta ekklesia. Era assim que se chamavam as igrejas cristãs, mas não as sinagogas judaicas. Logo, não pode tratar-se de um escrito judaico. Mostra-se aqui a vida do grupo trazido ao lar divino por Jesus, seu relacionamento entre si e perante o contexto em que vivia. 2 – Além disso, é levantada a pergunta: seriam apenas grupos cristãos judeus os destinatários da carta de Tiago e, consequentemente, não teria ela nada a ver diretamente conosco, que viemos de povos gentílicos? Em diversas passagens da Escritura nota-se como as pessoas que conforme At 15 se reuniram para um “concílio de apóstolos” (e, em decorrência, o primeiro cristianismo propriamente dito) entendiam a igreja de Jesus Cristo. a) Pedro escreve a igrejas cristãs, das quais evidentemente também participavam cristãos gentílicos que “outrora viviam na ignorância segundo os desejos” (uma fórmula fixa de condenação dos judeus sobre os gentios da época): “Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, o povo santo, o povo da propriedade” (1Pe 1.14; 2.9). Portanto a escolha, dádiva e incumbência do povo de Deus do AT (Êx 19.6) valiam agora também para o povo de Deus do NT, a igreja de Jesus formada de Israel e dos povos dentre as nações. b) Paulo escreve: “Ele de ambos fez um só” (a igreja de Israel e das nações) “e derrubou o muro que separava” (Ef 2.14). Na carta aos Romanos ele declara que os cristãos vindos dos gentios foram enxertados de forma não-natural como ramos silvestres na oliveira de Israel (Rm 11.17). O povo de Deus do NT, a igreja de Jesus formada de Israel e das nações, é o povo gerado pelo Espírito de Deus e que serve a Deus (Jo 1.13; 3.3-6; Fp 3.3), formando agora por assim dizer as “doze tribos na dispersão”. Estão no mundo, na diáspora (o mesmo termo grego, tanto em Tg 1.1 como também em 1Pe 1.1), inclusive entre nós, no “Ocidente cristão”. A multidão assim reunida constitui, já durante a irrupção da era presente (“primícias”, Rm 11.16), a vanguarda da grande e boa soberania de Deus em Jesus Cristo. A ordem das doze tribos de Israel é, até mesmo depois de exteriormente as doze tribos já não existirem, o “quadro”, a moldura para a grande multidão dos que foram trazidos ao lar. Também os cristãos dentre os gentios agora são por assim dizer enxertados nas doze “coroas de ramos” da grande oliveira Israel, e no dia de Jesus Cristo já não faltará nela nenhuma folha sequer. Terá entrado no lar o número pleno previsto por Deus dentre as nações (Lc 21.24; Rm 11.25). No limiar do reino milenar de paz de Jesus Cristo, o próximo grande passo de Deus depois de nosso éon atual rumo à consumação será a salvação, então, de “todo o Israel”, ou seja, Israel como povo (Rm 11.26). Na seqüência todos os demais povos também darão honras a Deus (Ap 15.4; cf. 21.3). Veja também abaixo o comentário sobre Tg 4.4s. c) À semelhança de Pedro e Paulo, também Tiago deve ter considerado a igreja de Jesus reunida dentre Israel e as nações como o Israel da nova aliança, agora transposto para a diáspora. Em decorrência, também nós cristãos dentre os gentios somos, ao lado dos cristãos de Israel, os destinatários diretos da carta de Tiago.
  • 22. Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança. Destino: Alguns estudiosos têm argumentado que não há destino expresso no caso desta epístola, nenhuma comunidade especial está em vista. Isso, provavelmente, é correto. Tiago é, verdadeiramente, uma epístola «católica» ou «universal», que visa a igreja cristã inteira. O endereço, as «doze tribos» (ver Tia. 1:1), pode ser reputado como indicação de «cristãos judeus»; mas há quem pense que isso significa a «igreja cristã», e não o povo de Israel, fé verdade que estão ausentes «problemas gentílicos» distintivos, nas várias repreensões e exortações existentes neste tratado. Não há qualquer alusão à idolatria, a escravos, à lassidão sexual—em suma, os perigos e vícios do paganismo, conforme poderíamos esperar em uma epístola dirigida para cristãos gentílicos, ou mesmo para a igreja em geral, onde havia a mistura de elementos judeus e gentios. Essa observação favorece a ideia que toma a expressão «doze tribos» como suposição que a epístola foi literalmente escrita a judeus da dispersão. Notemos, em Tia. 2:2, que a palavra «sinagoga» é usada, ao invés de «igreja»; e bastaria isso para mostrar-nos a mentalidade «judaica» do seu autor, e, talvez, a mesma coisa, por parte dos endereçados da epístola. Outrossim, a própria epístola tem numerosas alusões judaicas, que um autor não haveria de esperar que gentios compreendessem, mas somente os judeus. A ênfase sobre as esmolas (ver Tia. 2:14-16) e sobre a visita dos anciãos aos enfermos (ver Tia , 5:10 e ss.), são toques tipicamente judaicos, talvez visando principalmente os crentes judeus. A despeito dessas coisas, alguns bons intérpretes contendem pela verdadeira catolicidade ou universalidade da epístola, isto e, por toda a parte, onde estivesse a igreja cristã, composta de judeus ou de gentios, era destinada a epístola. A epístola não indica condições calamitosas, não havendo qualquer alusão à destruição de Jerusalém, o que quase certamente ocorreu antes de sua composição. Isso pode indicar um lugar distante de Jerusalém, e, talvez, fora mesmo da Palestina. A escolha parece ficar reduzida a: 1. Crentes judeus da dispersão, que seriam seus principais endereçados; 2. A igreja universal, composta de judeus e gentios. Seja como for, nenhuma comunidade local parece estar em foco. Não há saudações e nem informes pessoais. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 7. II – O PROPÓSITO DA EPISTOLA DE TIAGO. 1. Orientar Tg 1.27. O que faz parte do culto a Deus. “Um culto puro e imaculado perante Deus, o Pai, consiste em visitar órfãos e viúvas em sua aflição e manter a si próprio incontaminado do mundo”: Deus nos presenteou com seu grande amor, dando- nos seu Filho unigênito como irmão e tornando-se assim pessoalmente nosso Pai e a nós, seus filhos (Rm 5.8; 1Jo 3.1). Agora tudo depende de que nós lhe agrademos, como o Filho primogênito de Deus (Mt 3.17). Duas coisas são citadas aqui como partes integrantes do verdadeiro culto a Deus: dirigir-se para dentro do mundo e preservar-se diante do mundo. “Visitar órfãos e viúvas em sua aflição”: Tiago cita pessoas que naquele tempo eram especialmente carentes de ajuda, bem como de proteção jurídica. Literalmente consta: “olhar por eles”. Isso inclui o cuidado assistencial. Primeiramente ele tinha em mente os co-cristãos na igreja, mas de forma
  • 23. alguma somente a eles (Gl 6.10). É condizente com a intenção de nosso Senhor e vale como dirigido a ele, quando nos dedicamos com toda energia, amor e fantasia às pessoas em torno de nós, perto e longe, em vista de suas mais diversas carências (Mt 25.45; 18.5). Uwe Holmer. Comentário Esperança Cartas aos I Pedro. Editora Evangélica Esperança. Tg 1.27. Precisamos ter em mente que Tiago não está tentando aqui resumir tudo o que envolve a verdadeira adoração a Deus. Segundo Calvino, “ele não dá uma definição geral de religião, mas nos lembra de que a religião sem as coisas que ele menciona é nada...”. ritual religioso, se praticado com um coração reverente e num espírito de adoração, não é errado — e a Palavra de Deus não pode ser “praticada” se primeiro não for “ouvida”. Mas Tiago está preocupado com uma super-ênfase no “ouvir”, em detrimento da “prática”. Neste versículo são apresentadas duas outras áreas da vida que devem revelar evidências de nosso “ouvir” reverente da Palavra: preocupação social e pureza moral. O cuidado pelos órfãos e as viúvas é uma ordem do Antigo Testamento como uma forma de imitar o cuidado do próprio Deus com estas pessoas — ele é o “pai dos órfãos e defensor das viúvas” (SI 68.5; PIB). Num texto que apresenta muitas semelhanças com esta passagem de Tiago, Isaías anuncia que Deus não mais irá aceitar a adoração que seu povo lhe oferece (a “religião” deles); eles precisam “se lavar... aprender a fazer o bem; atender à justiça, repreender o opressor; defender o direito do órfão, pleitear a causa das viúvas” (Is 1.10-17). O órfão e a viúva tornam-se tipos daqueles que se encontram desamparados neste mundo. Os cristãos que professam uma religião pura irão imitar seu Pai, intervindo para ajudar os desamparados. Aqueles que passam necessidade no Terceiro Mundo, nas cidades; aqueles que estão desempregados e sem dinheiro; aqueles que são precariamente representados no governo ou na justiça — estas são as pessoas que deveriam ver abundantes evidências da “religião pura” dos cristãos. A pureza moral é outra marca da religião pura. O guardar-se incontaminado do mundo significa evitar que pensemos e ajamos de acordo com o sistema de valores da sociedade que nos cerca. Tal sociedade reflete amplamente crenças e práticas não-cristãs ou, quem sabe, ativamente anticristãs. O cristão que vive “no mundo” corre o constante perigo de ter sobre si a mácula do sistema. É importante e instrutivo o fato de Tiago incluir esta última área, pois ela penetra além da ação, chegando às atitudes e crenças das quais a ação brota. A “religião pura” do “cristão perfeito” (v. 4) associa a pureza de coração à pureza de ação. Douglas J. Moo. Tiago. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86. Tg 1:27 / Em contraste com o crente piedoso, cuja língua é todavia afiada, a religião que nosso Deus e Pai considera pura e imaculada não é primordialmente ritualística, feita de hábitos piedosos, mas a que procura visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo. A primeira característica, a da caridade e do interesse ativo pelos indefesos e fracos, com freqüência é mencionada no Antigo Testamento (Deuteronômio 14:29; 24:17-22), bem como no Novo (Atos 6:1-6; 1 Timóteo 5:3-16). Os órfãos e as viúvas, ao lado dos estrangeiros e dos levitas, constituíam os pobres dentre o antigo Israel. A verdadeira piedade, portanto, vai ajudar os fracos e os pobres, porque Deus é quem sustenta os oprimidos e indefesos (Deuteronômio 10:16-17).
  • 24. A segunda característica centraliza-se no mundo, designação comum em Paulo e em João para a cultura, os costumes e as instituições humanas (1 Coríntios 1- 3; 5:19; Efésios 2:2; João 12:31; 15:18-17; 16; 1 João 2:15-17). A verdadeira piedade não é conformação à cultura humana, mas a transformação à imagem de Cristo (Romanos 12:1-2). Para Tiago, isso significa especificamente a rejeição dos motivos da concorrência, da ambição pessoal e do acúmulo de riquezas, paixões que jazem na raiz da falta de caridade e da multiplicação de conflitos na comunidade (e.g., 4:1-4). Ao declarar que essa, e nada mais, é a verdadeira religião aos olhos de Deus, declara Tiago que a conversão é coisa vã se não conduzir a uma vida transformada. Russell P. Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De Deus. Editora Shedd Publicações. pag. 61. 2. Consolar. Deus Dá somente Coisas Boas (1.16-17) O versículo 16 é com frequência tratado como uma transição do pensamento dos versículos 13-14 para os versículos 17-18. A mudança é brusca: Não erreis. Não vagueiam tanto no seu pensamento a ponto de acreditar que qualquer provação ou tentação, com um propósito mal, vem de Deus. Deus somente dá o que é bom — e Ele é a Fonte de todas as coisas boas. Deus nos fez o tipo de pessoas que somos e quando a criação estava completa Ele viu que tudo "era muito bom” (Gn 1.31). Moffatt traduz a primeira parte do versículo Tg 1.17 da seguinte maneira: “Tudo que recebemos é bom e todos os nossos dons são perfeitos”. Pai das luzes (v. 17) indubitavelmente tem um duplo sentido. Este termo se refere a Deus como o Criador das luzes do universo físico — sol, lua e estrelas. Mas Ele também é o Pai de toda nossa iluminação espiritual e de todas as bênçãos. Tiago contrasta aqui as mudanças de hora em hora no sol e lua com o caráter imutável de Deus. As luzes nos céus podem mudar de hora em hora e lançar sombras onde previamente haviam lançado luz. Mas no caráter de Deus “não há variação, nem sombra de mudança” (ASV). Ele é imutável. Segue-se como consequência certa do caráter imutável de Deus de que em seu tratar conosco “não há a menor variação ou sombra de inconsistência” (Phillips). A Glória do Plano de Deus (1.18) Quando o autor menciona nos, a quem ele se refere: aos leitores em geral ou aos cristãos? Os comentaristas têm pontos de vista divergentes. A verdade é significativa em qualquer um dos casos. Se entendermos nos como que significando homens criados à imagem de Deus, o significado é claro. Deus nos fez da maneira que somos — segundo a sua vontade. A razão para nossa liberdade, provas, perplexidades e problemas morais envolvendo escolha é que deveríamos ser semelhantes a Ele — como primícias das suas criaturas. Ele nos criou com liberdade para escolher o mal ou com liberdade para escolher o bem para que fôssemos em certo sentido os criadores do nosso próprio espírito, a glória coroada da sua palavra criativa (cf. Hb 11.3). Podemos, no entanto, com sólidas evidências exegéticas entender nos como que referindo-se à Igreja cristã. Robertson coloca o seguinte título para esse versículo: “O Novo Nascimento”. Deus, que é nosso Pai por meio da criação, é também nosso Pai por meio da redenção. Homens redimidos do pecado são a glória coroada dos propósitos de Deus para a vida humana — “os primeiros espécimes da sua nova criação” (Phillips). A palavra da verdade é a verdade
  • 25. do evangelho. Knowling vai mais adiante e afirma: “Não podemos esquecer que o nosso Senhor (Jo 17.17-19) fala da ‘palavra’ que é verdade, por meio da qual os discípulos devem ser santificados”.14 O propósito final de Deus é conduzir-nos à vitória por meio dos nossos testes para tornar-nos semelhante a Ele em santidade e amor. A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 160- 161. Tg 1.17 Sendo assim, como podemos evitar cair em tentação? O caminho está em um relacionamento íntimo com Deus e na aplicação da sua Palavra à nossa vida diária. Este padrão nos levará a ver claramente que toda dádiva boa e perfeita vem do alto. Em comparação com a visão de que Deus envia o mal, Tiago ressalta o fato de que toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, de Deus. Podemos ter certeza de que Deus sempre deseja o melhor para nós - não boas coisas hoje e coisas más amanhã. O caráter de Deus é sempre confiável e leal - em Deus, não há mudança, nem sombra de variação (Ml 3.6). Nada pode impedir que a bondade de Deus nos alcance. Ele não se intimida pelas nossas incoerências e infidelidades. 1.18 Um exemplo maravilhoso das boas coisas que Deus nos dá (“toda boa dádiva e todo dom perfeito”) é o nascimento espiritual! Nós somos salvos porque Deus decidiu nos tornar primícias das suas criaturas (seus próprios filhos). O nosso nascimento espiritual não se dá por acidente, nem porque Deus tinha que fazê-lo. O novo nascimento é um presente para todos os crentes (veja Jo 3.3-8; Rm 12.2; Ef 1.5; Tt 3.5; 1 Pe 1.3,23; 1 Jo 3.9). A palavra da verdade é o Evangelho, as Boas Novas da salvação (Ef 1.13; Cl 1.5; 2 Tm 2.15). Nós somos informados sobre o novo nascimento por meio da leitura da Palavra de Deus e da pregação do Evangelho, e respondemos positivamente a ele. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 667. Tg 1.17 Tiago afirmou: “Ninguém que é tentado diga: Sou tentado por Deus”. Contudo, será que Deus não está agindo em tudo, até mesmo no mal, razão pela qual nossa decisão entre bem e mal possui apenas importância relativa? Diante disso a carta de Tiago (e toda a Bíblia) pronuncia um categórico não: “Somente a boa dádiva e o dom perfeito são lá do alto, do Pai das luzes.” A palavra de Deus nos diz claramente o que vem de Deus e o que não vem dele. a) O que vem de Deus. Ele afirma: “Eu sou o Senhor, e não há outro; Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas essas coisas” (Is 45.6s). “Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?” (Am 3.6). A essas palavras de profetas corresponde a palavra em Sir 11.14: “Os bens e os males, a vida e a morte, a pobreza e a riqueza vêm do Senhor” [TEB]. Tudo isso é “boa dádiva e presente perfeito”, enviado pela sabedoria, amor e santidade de Deus. Por um lado não podemos perscrutar o agir Deus (Rm 11. 33), por outro certamente vemos: em Jó desgraça e enfermidade foram provas (Jó 1s). Israel foi duramente disciplinado por Deus por meio de Nabucodonosor na época da destruição de Jerusalém e do cativeiro babilônico. Do contrário provavelmente teria sido assimilado e submerso pelos povos que o cercavam. Acontece, porém, que Deus incluiu Israel de tal forma em sua educação que foi capaz de dar continuidade à sua história de salvação com ele (cf. Is 40ss; Dn 9). Deus também pode ordenar experiências difíceis e aflitivas para nós, com a finalidade de nos separar do
  • 26. mal, proteger contra a maldade e consolidar o bem. Suas dádivas não são sempre encantadoras e aprazíveis, mas são sempre “boa dádiva e presente perfeito”. Paulo diz: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28). Para que encontremos o caminho certo e permaneçamos nele, Deus nos envia felicidade e bem-estar, mas para a nossa educação e aprovação, também sofrimento e pesar. b) Tudo vem de Deus, exceto o pecado, o mal, a natureza impura e oposta a Deus. “Do alto” vêm apenas coisas boas e todo o bem. A isso se costuma dizer: Novamente se trata da visão de mundo antiga com sua concepção de “três andares”. Mas Deus não está “no alto” no sentido do lugar mais elevado. Está “no alto” e “em baixo”: “Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito” (Is 57.15). “Nele vivemos, nos movemos, e existimos” (At 17.28). Deus está “no alto” no sentido da elevada importância, da posição decisiva. c) Deus é a mais pura e imutável luz. Ele é o “Pai das luzes”. c.1 - Lutero traduz: “Pai da luz.” Deus é luz. Ele é “a fonte da vida, e em sua luz vemos a luz” (Sl 36.9). Deus é a fonte de todas as luzes, a “não-esgotada luz”. Assim como a natureza e tudo o que é vivo depende do sol, assim nós, como humanos, dependemos do sol de todos os sóis. Essa é nossa dignidade especial como pessoas. Mas fazíamos sombra a nós mesmos: “Teu pecado faz separação entre ti e teu Deus” (Is 59.2). Aconteceu o “eclipse de Deus” (Martim Buber). Contudo, em sua misericórdia Deus enviou a nós aquele que trouxe e traz sua luz ao mundo. “A luz brilha nas trevas” (Jo 1.5). Jesus é “a luz do mundo” (Jo 8.12). Seguindo-o encontramos o caminho por esse mundo. “Quem me segue não andará nas trevas.” Esse é o conteúdo do evangelho: “A verdadeira luz resplandece agora” (1Jo 2.8). Nossa condição cristã é termos sido “chamados das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). O alvo dos caminhos de Deus é que, depois que a escuridão cobriu o orbe terrestre e trevas, os povos (Is 60.2), “as nações se encaminham para a tua luz” (Is 60.3; Ap 21.24). Então já não dependeremos da luz criada, porque temos a ele próprio de forma revelada (Ap 21.23). – Mas se Deus for a fonte da mais pura luz, da mais límpida santidade, então o pecado, o mal, não podem vir dele. A fonte não consegue dar o que não se encontra nela. c.2 - “O Pai das luzes.” Muitos entendem a passagem imaginando Deus como Pai dos astros personificados. Mas a Bíblia constantemente fala de poderes angelicais usando a imagem das estrelas, como provavelmente Jz 5.20; Sl 148.3; Is 14.12s; Dn 12.3; Ap 8.10; 9.1; 12.4. E também os poderes angelicais excepcionalmente são chamados “filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1). Deus é somente luz, somente pureza, somente santidade. Não é comparável à terra com sua alternância entre dia e noite, quando a claridade é seguida pela escuridão. Em Deus não existem as duas coisas: “Nele não existe mudança nem escurecimento em decorrência da guinada” (os antigos pensavam que na alternância entre dia e noite se tratava de uma guinada na trajetória do sol. Hoje, porém, sabemos que a terra se “vira”, i. é, que sua rotação constante produz esta alternância). A mais preciosa das dádivas de Deus (v. 18). Somos “irmãos amados” (v. 16), porque somos filhos amados de Deus, “filhos da luz” (Ef 5.8).
  • 27. a) Como nos tornamos isso? Certamente não através de nossa louvável decisão. Tg 1.18 Tiago diz: “Ele nos gerou segundo seu querer.” Sem dúvida, nosso Senhor nos chama e em seguida espera de nós a decisão de segui-lo. Contudo quando prestarmos contas a nós mesmos em retrospectiva, não restará nenhuma honra para nós: tudo foi feito por ele segundo sua vontade de tornar nova nossa vida (cf. Jo 15.16; Rm 8.28-30). b) Através de que isso aconteceu? Qual é seu instrumento? “Pela palavra da verdade.” Essa é a dádiva de todas as dádivas. É a palavra que ilumina nossa situação, que constitui a verdade sobre nós. É a palavra que “lavra algo novo”, que representa a semente para os sulcos e que orvalha, nutre e limpa a plantação. Ela traz a vida verdadeira, a vida a partir de Deus. Leva-nos à verdadeira existência humana, assim como Deus nos concebeu (Mt 13.3ss; Lc 8.11). É a palavra que está sendo proclamada aqui, a palavra que em última análise se chama Jesus Cristo (Jo 1.1ss; Ap 19.13). Sua palavra é Espírito e vida (Jo 6.63). Traz não somente conhecimento, mas possui força e é ação. Assim como a palavra criadora de Deus foi ação, assim também é ação a palavra de nossa nova criação, a palavra do evangelho. Neste caso também vale: “Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl 33.9). Em tudo isso Deus se mostra como o único fiel na grande apostasia da humanidade, como o único verdadeiro, também no cumprimento de sua promessa, quando todo o resto tiver se tornado refém da mentira (cf. Ap 19.11). c) Que efeito e finalidade tem essa palavra? “Para que fôssemos como que oferta de primícias das suas criaturas.” Vimos acima que o objetivo de Deus é voltar a clarear o mundo obscurecido pela grande rebelião. “As nações hão de andar na luz dele e os reis no fulgor de Deus” (Is 60.3), “até que Deus seja tudo em todos” (1Co 15.28). Jesus é o resplendor da glória de Deus (Hb 1.3), é “luz, que veio ao mundo”. Nele a luz vinda de Deus novamente nos alcançou. Ele é a luz do mundo (Jo 8.12). Sob seu reflexo também nós somos “luz do mundo” (Mt 5.14). Mais do que isso: a luz está em nós por meio do Espírito dele, tornando-se transparente em nós. “Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6). O mundo zomba, dizendo que nós cristãos seríamos no máximo a “luz traseira” do mundo. Mas quando permanecemos singelamente voltados para nosso Senhor e abertos à influência de sua palavra e seu Espírito, ele cuida para que apesar disso sejamos e continuemos sendo “luz do mundo”. Na metáfora da “oferta de primícias” cumpre lembrar os primeiros frutos da colheita ofertados a Deus. A humanidade, lavoura de Deus (Mt 13.38), produziu cardos e abrolhos. Por isso Deus permite que também a lavoura do ser humano produza cardos e abrolhos (Gn 3.17-19). Contudo agora caiu no solo o único grão de trigo bom, “importado” por Deus para dentro desse mundo, o eterno Filho de Deus (Jo 12.24). Consequentemente, a igreja de Jesus agora pode ser começo da maravilhosa colheita de Deus (Mt 13.30,37-43; Ap 14.15). A safra aponta para além dela mesma. Ela é apenas começo, “fruto de primícias”. A igreja de Jesus constitui um sinal de esperança para toda a criação (Rm 8.19ss). Por realizar tudo isso, a palavra de Deus é a dádiva de todas as boas dádivas de Deus.
  • 28. Fritz Grünzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança. A. Cristo Está Voltando, 5.7,8 Tiago não tenta provar a doutrina da Segunda Vinda, nem anunciá-la. Para ele, a Segunda Vinda é uma esperança viva para a Igreja Primitiva. Ele cita a iminência e realidade da vinda (parousia) do Senhor como um motivo para os cristãos permanecerem firmes: Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor (v. 7). Dois tipos de paciência são sugeridos. O primeiro diz: Sede [...] pacientes (v, 7) — não se apressem em retaliar contra as injustiças cometidas contra vocês por homens descritos nos versículos 1-6. O segundo diz: Sede [...] pacientes (v. 8) — aceitando pacientemente a demora de Deus em relação ao retorno do nosso Senhor. A ilustração da época de plantio e colheita foi tirada da experiência palestina. O fruto da terra é a colheita de grãos. Ele era precioso porque a vida do lavrador e sua família dependiam dele. Na Palestina, o grão é plantado no outono e recebe a chuva temporã no final de outubro. Ele recebe a chuva [...] serôdia em março e abril, pouco antes de estar maduro. Durante todo esse tempo, o agricultor espera pacientemente pela colheita. A razão da sua paciência é sua esperança confiante na colheita. Tiago interpreta sua própria parábola: Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima (v. 8). A vinda do nosso Senhor era uma grande fonte de esperança para os primeiros cristãos. Porventura temos essa mesma expectativa em relação à vinda do Senhor? Tasker escreve: Se a volta do Senhor parece muito distante, ou se a relegamos a um futuro tão remoto que não exerce nenhum efeito sobre a nossa perspectiva ou nossa maneira de viver, fica claro que deixou de ser para nós uma esperança viva. E possível que tenhamos permitido que a doutrina da sua volta em glória para julgar os vivos e os mortos tenha sido abafada pelo ceticismo ou se transformado em algo diferente, talvez como a transformação gradual da sociedade humana por valores cristãos, que parou de exercer qualquer tipo de influência em nossas vidas. Na medida em que permitimos que isso aconteça, cessamos de ser cristãos do Novo Testamento. B. A Pressão nos Induz à Impaciência, 5.9 O foco aqui muda da paciência com os pecadores fora da igreja para a paciência um com o outro dentro da Igreja. Alguém escreveu o seguinte: Caminhar em amor com os santos de cima Será uma maravilhosa glória; Mas, caminhar com os santos aqui em baixo, Bem, isso já é uma outra história! Em tempos de dificuldades, a paciência é provada e somos tentados a nos queixar (v. 9; lit., gemer, ou seja, reclamar ou resmungar) uns contra os outros. Tiago adverte os cristãos a não apontarem para os erros de outra pessoa, para que não sejais condenados. A proximidade da vinda de Cristo serve como advertência contra o fracasso do cristão bem como para a consolidação da sua constância. Além do mais, o juiz está à porta. O retorno de Cristo está próximo; Ele será o Juiz de todos os homens; portanto, não devemos assumir o papel de julgar os outros, quer fora quer dentro da Igreja (cf. Mt 7.1-5). C. Exemplos de Paciência, 5.10,11
  • 29. Exemplos de piedade e devoção sempre servem de encorajamento para o cristão. Tiago provavelmente tinha as palavras de Jesus em mente: “bem- aventurados sois vós quando vos [...] perseguirem [...] por minha causa. Exultai [...] porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5.11- 12). E por isso que ele diz: Eis que temos por bem-aventurados (v. 11, “Eis que temos por felizes”, ARA). “Nós, semelhantemente a Jesus, pronunciamos uma bem-aventurança aos profetas que foram homens tão pacientes”.2 Tiago nos lembra do nosso privilégio bem como do nosso sofrimento. Se sofremos por Deus, estamos em boa companhia. Por que os profetas, em vez de Jesus (cf. 1 Pe 2.21), foram escolhidos por Tiago como exemplos de paciência? Mayor considera diversas possibilidades, entre elas que “Tiago deseja que eles vejam Jesus como o Senhor da glória em vez de o padrão de sofrimento”. Dos profetas que sofriam com paciência e que falaram em nome do Senhor (v. 10), Tiago volta-se agora para um homem que tem sido conhecido como “o maior exemplo” de paciência. Essa é a única referência a Jó no Novo Testamento, embora Tiago entenda que seus leitores estejam familiarizados com a história de Jó: Ouvistes qual foi a paciência de Jó (v. 11). A paciência dos profetas era uma atitude de longanimidade em relação aos seus compatriotas que os perseguiam. A palavra usada para descrever a paciência de Jó (hypomene) significa persistência ou tolerância.4 A paciência singular de Jó podia ser reconhecida na sua determinação em suportar quaisquer que fossem os infortúnios, sem perder sua fé em Deus. A frase o fim que o Senhor significa “o alvo do Senhor”. O apóstolo sabia que o propósito final de Deus sempre é bênção para o homem que suporta com paciência a aflição. Provavelmente, citando dos Salmos, ele conclui: “porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (v. 11, ARA; cf. SI 103.8; também Êx 34.6). A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 182- 183. Tg 5.7 Os crentes devem ser pacientes mesmo em meio às injustiças. Os crentes precisam ter perseverança, confiar em Deus em meio às suas dificuldades, e se recusarem a procurar a vingança pelas injustiças que são cometidas contra cada um deles (veja também 1.2,12; Sl 37). Mas a paciência não significa inatividade. Havia trabalho a ser realizado — servir a Deus, cuidar uns dos outros, e proclamar as Boas Novas. Existe um ponto final, uma ocasião em que a paciência não será mais necessária - a vinda do Senhor. Nesta ocasião, tudo será corrigido. A igreja primitiva vivia em constante expectativa da volta de Cristo, e nós devemos fazer o mesmo. Como nós não sabemos quando Cristo irá retornar, para trazer a justiça e remover toda a opressão, devemos esperar com paciência (veja 2 Pe 3.8-10). Como um exemplo de paciência, Tiago fala do lavrador, que precisa esperar o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência. A paciência deve ser exercitada e desenvolvida no período entre as chuvas. Até mesmo aqueles que não são lavradores têm muitas oportunidades para desenvolver a paciência. A espera da chegada de um bebê, o início em um novo emprego, a conclusão dos estudos, a espera pela visita de alguém querido, a melhora lenta da saúde durante uma enfermidade prolongada – todas estas situações colocam a nossa paciência à prova. Nós iremos exercitar a paciência quando nos concentrarmos no resultado final da nossa espera. O caminho de Deus raramente é o caminho mais rápido, mas é sempre o caminho completo.
  • 30. Tg 5.8 Em lugar de serem como os ricos do versículo 5, que “engordaram” seus corações na riqueza deste mundo, os crentes devem permitir que a certeza do retorno de Cristo os ajude a ser pacientes e a fortalecer o seu coração, isto é, ter coragem. Quaisquer que sejam as circunstâncias, Tiago nos encoraja a sermos firmes na nossa fé e a termos uma alegria inspirada pela fé que impregne todas as partes da vida (veja 1.2-4). Como o lavrador, nós investimos muito tempo na nossa esperança futura. O lavrador está à mercê do clima - ele está fora do seu controle. Mas nós realmente sabemos que a vinda do Senhor está próxima. Tg 5.9 Estes crentes, que estavam enfrentando a perseguição de fora e os problemas de dentro da igreja, naturalmente poderiam se achar resmungando e criticando uns aos outros. Tiago não quer que eles se encham de ressentimentos e amarguras uns em relação aos outros — isto somente destruiria a unidade de que eles precisam tão desesperadamente. Recusar-se a se queixar uns contra os outros faz parte da virtude de ser paciente (5.7). Queixar-se uns dos outros indica uma atitude descuidada em relação às palavras. Devido aos perigos criados pelas nossas palavras (veja Tg 3.I-I2), não podemos ser descuidados na maneira como falamos uns com os outros e uns dos outros. Tiago já mencionou o grande Juiz (4.12). Este Juiz não está longe, mas já está à porta. Tiago está advertindo os crentes a que não estejam envolvidos em julgamentos, brigas críticas ou mexericos quando aquele a quem deveriam servir retornar. O conhecimento da presença de Cristo não é apenas confortante; ele também pode ser condenador – especialmente quando nós começamos a nos comportar como se Ele estivesse longe. Tg 5.10 Os cristãos de origem judaica conheciam as histórias dos profetas, muitos dos quais sofreram enormemente ou foram mortos por proclamar a mensagem de Deus (veja, por exemplo, o caso de Elias, em 1 Reis 19.1 ss.; o caso de Jeremias, em Jeremias 38; e o caso de Amós, em Amós 7). Tiago está lembrando os seus leitores de que mesmo aqueles que falaram em nome do Senhor tiveram que ter paciência na sua aflição. O significado parcial é que Deus não preserva aqueles a quem Ele chamou do sofrimento; antes, Ele os preserva no sofrimento. Eles tornam-se um exemplo para todos os crentes por causa da sua obediência e fidelidade, a despeito das dificuldades que suportaram. Tg 5.11 Aqui Tiago está levando seus leitores à aplicação das lições de pessoas do Antigo Testamento. Por exemplo, Jó pode nos oferecer um olhar fascinante à história antiga e uma biografia interessante, mas a melhor obra de Jó é como um professor: alguém que sofreu e que pode nos ajudar a suportar o sofrimento. A sua vida é um exemplo que nós precisamos seguir. Jó pode ter reclamado, mas ele náo deixou de confiar em Deus, ou de obedecer ao Senhor (veja Jó 1.21; 2.10; I6.I9-2I; 19.25-27). E o Senhor o libertou e o restaurou (veja Jó 42.12). Os crentes, depois de todo o sofrimento que tinham suportado até então, eram encorajados a não desistir - Deus os libertaria e os recompensaria. Nós podemos ver claramente, com base na vida de Jó, que a perseverança náo é o resultado do entendimento. Jó nunca recebeu uma explicação de Deus sobre o seu sofrimento. Isto deve-se, em parte, ao fato de que a dor é frequentemente uma parte da vida que deve ser suportada sem explicações. Existem muitas coisas que nós