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O Ministério
Profético na Bíblia
    A voz de Deus na Terra
Verdade Prática
Texto-áureo



                        "Havendo                              A autêntica comunicação
              Deus, antigamente, falado                         profética, nos tempos
              , muitas vezes e de muitas                      bíblicos, era feita por meio
                   maneiras, aos pais,                        de palavras e de figuras, a
                  pelos profetas, a nós                            fim de que o povo
                    falou-nos, nestes                               compreendesse
                últimos dias, pelo Filho"                      claramente a mensagem
                         (Hb 1. 1).                                      divina.



                                    Texto-áureo
                             Jeremias 1. 4-6, 9-14
O tema “profecia” sempre despertou o interesse dos que compõem a igreja de Cristo; no entanto
muitos abusos têm ocorrido devido a falsificação deste dom.
                                                           Desde os tempos da igreja de Corinto, muitos
                                                        são os males que a igreja tem causado a si
                                                        mesma ao não considerar o padrão bíblico para
                                                        a legítima execução da profecia (1Ts 5.19-21).
                                                        Estes abusos normalmente acontecem por meio
                                                        de pessoas sem conhecimento bíblico e
                                                        desprovidas de maturidade espiritual (1Co 13.
                                                        11; 14. 31-33).
                                                        Temos de reconhecer que a banalização do
                                                      dom da profecia e a maioria destes abusos
                                                      acontecem infelizmente em seio eclesiástico, do
                                                      qual os pentecostais participam em sua
                                                      maioria, mas, também sabemos que, por outro
                                                      extremo, existem correntes interpretativas tanto
                                                      na própria igreja como no meio secular que
                                                      desvalorizam o dom da profecia.

  Devemos ter cuidado ao estudarmos e refletirmos sobre este tema, buscando sempre a essência da
doutrina bíblica.
   Esta lição irá nos mostrar: (1) Os diversos meios utilizados por Deus para comunicar sua Palavra
aos seus profetas; (2) Os métodos diversificados dos profetas para transmitir a mensagem que
receberam da parte de Deus, e, baseado nas duas premissas anteriores, (3) a natureza da profecia, de
acordo com o padrão exarado nas Sagradas Escrituras.
Se todos os que se intitulam “profetas” soubessem o verdadeiro significado desta palavra e suas
implicações pessoais, jamais se proporiam a desempenhar este ministério sem a chamada que é tão
necessária para realizar tal obra (Mt 20. 16; Hb 5. 4).


   É de grande importância conhecermos como se processa a comunicação, para termos uma visão
mais abrangente de como ocorre esse processo e aplicá-la ao modo de comunicação de Deus aos
profetas.
            O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E SEUS ELEMENTOS

   1) EMISSOR: quem fala
   2) RECEPTOR: quem ouve
   3) CANAL: meio físico onde ocorre a comunicação; por exemplo, em uma conversa
pessoalmente, o canal é o ar.
   4) MENSAGEM: conjunto de enunciados que formam a comunicação.
   5) CÓDIGO: sistema de fala que é utilizado pelos falantes, ou seja, a língua.
   6) CONTEXTO: conteúdo, assunto da mensagem
   Contudo, os gramáticos que propuseram os elementos básicos da comunicação, esqueceram da
interação, ou seja, qualquer comunicação mínima entre duas pessoas.


         Emissor                         Mensagem                         Receptor

                                          Código

                                 Canal de Comunicação
1. “[...] Veio a mim a Palavra do Senhor” (v. 4). Expressão encontrada apenas no AT, é utilizada
pelos profetas escritores ao introduzem seus relatos de recebimento de alguma mensagem vinda do
Senhor. Pode significar, em outras palavras: “O Senhor falou comigo e disse...”, ou “o Senhor me
chamou e me deu a seguinte mensagem”..., ou, ainda: “Deus revelou-se para mim e me ordenou
proclamar o seguinte...”. A palavra profética origina-se com a iniciativa de Deus, que ás vezes de forma
repentina, estabelece comunicação com aquele que será o porta-voz da sua mensagem (Veja Jeremias
32. 1-8).
       O profeta é o ponto de comunicação entre Deus e o povo. É ele quem entrega a mensagem
     recebida da parte de Deus para o público-alvo.


             Deus                              Profeta                         Público-alvo

                                           Am 3. 7, 8, 13
   2. Revelação divina em forma de diálogo (vv. 6, 9, 10). A exemplo de Jeremias, cuja chamada
deu-se através de um diálogo com Deus onde ele relutou em aceitar sua tarefa devido a sua tenra
idade, Moisés, Paulo também tiveram a revelação de Deus por meio de ouvir sua voz (Êx 3. 7-10; Jr
30. 2; At 26. 9-18).
   Será bastante instrutivo analisarmos o caso de Samuel (1Sm 3. 2-11). Este diálogo entre Deus e
Samuel foi bastante peculiar porque Samuel, ainda pequeno, ao ouvir a voz de Deus, pensava que era
a voz de Eli, pois eles eram os únicos que estavam naquele quarto. Isto mostra que Samuel ouviu a
voz de Deus de forma que o despertasse do sono. Em outras palavras, era realmente o som físico de
uma voz audível, tal qual uma voz humana comum, tanto que Samuel pensou que fosse a voz de Eli.
   Outrossim, a revelação de Deus a Samuel não deu-se na forma de êxtase, imaginação ou
inconsciência, pelo contrário, o texto nos mostra que Deus, ao falar com Samuel, despertava-o do
sono, o que evidencia que era uma experiência sentida por Samuel em sua plena consciência, e não
de forma irracional e alucinada.
Três são os métodos usados pelos profetas para entregar suas mensagens. Vale, antes de vermos cada
um destes métodos, ressaltar que, assim como a mensagem proclamada pelos profetas tinha origem em
Deus, também a forma de entregá-la ao povo era por Deus ordenada.

   1. Declaração oral e direta. A maior parte das profecias antes de serem escritas foram
 proclamadas publicamente (Veja, por exemplo, Jr 36. 1-10). O conteúdo destas mensagens é variado
 de acordo com a circunstância e a necessidade premente. Já o seu cumprimento depende do plano de
 Deus com relação a esta mensagem e a necessidade da situação (p. ex.: Is 7. 1-19).

      O profeta era chamado para uma necessidade urgente de seu tempo, mas os efeitos de seu
 ministério e o alcance de suas profecias podiam e podem alcançar gerações à frente.

   2. Figuras e símbolos proféticos. As figuras proféticas encontram-se em todos os períodos da
 história hebraica. Podem ser encontradas em sua maior parte nos escritos de Jeremias e Ezequiel.
      Em Jeremias podem ser observadas as ações parabólicas do vaso do oleiro (Jr 18.1-6), a compra
 e o uso de um cinto de linho (Jr 13.1-11), a aquisição, exposição diante do povo e quebra de um
 vaso de barro (Jr 19.1-10), a construção, auto-imposição e distribuição dos canzis (Jr 27.1-3), e a
 colocação de grande pedras cobertas de barro à porta do palácio de Faraó em Tafnes (43.8-13).
 Jeremias também devia permanecer sem fazer algumas coisas, o que pode ser considerado
 igualmente como ação parabólica: deveria permanecer sem se casar (Jr 16.1-4), não poderia
 entrar em casa enlutada, nem participar de qualquer lamentação (Jr 16.5-7), não poderia entrar em
 nenhuma casa em festa (Jr 16.8-9). Além destes, a quebra dos canzis de Jeremias pelo profeta
 Hananias (Jr 28.10-11), a compra do campo de Hananeel, primo de Jeremias (Jr 32.1,7-15), e o livro
 que Seraías deveria atar numa pedra e lançar no rio Eufrates (Jr 51.59-64), também são ações
 parabólicas.
Ezequiel deveria preparar a sua bagagem para o exílio e sair à vista de todo o povo. Deveria
abrir um buraco na parede de sua casa e sair por ali, levando a bagagem aos ombros e com o
rosto coberto, simbolizando que estava indo para o exílio (Ez 12.1-11). Ezequiel também ficou
trancado em sua casa, mudo e atado (Ez 3.24-27), imitou o cerco da cidade (Ez 4.1-3), deitou-
se de um lado e de outro, representando o estado de prostração ao qual seriam reduzidos
os dois reinos (Ez 4.4-17), com os fios de sua barba e de seus cabelos cortados
sugeriu o destino trágico do povo (Ez 5.1-3), comeu um alimento de miséria mostrando assim
a sorte reservada aos exilados (Ez 12.17-20), recusou-se a cumprir os ritos de luto quando da
morte súbita de sua mulher (Ez 24.15-17), e, finalmente, unindo em suas mãos dois
bastões, indicou a união futura dos dois reinos (Ez 37.15-28). Todas estas representações são
consideradas como atos simbólicos/parabólicos.

   Talvez uma das ações simbólicas/parabólicas mais impressionantes seja a do profeta
Oséias, do seu matrimônio com uma mulher adúltera. Embora haja uma discussão sobre a
historicidade do texto, os autores a consideram como uma ação simbólica/parabólica de fundo
histórico.

   Finalmente, a última dramatização encontrada no Antigo Testamento, é registrada em
Zacarias, na qual o profeta deveria fazer uma coroa e colocá-la sobre a cabeça de Zorobabel
(Zc 6.9-15).
   3. Casos reais que servem de representação para comunicar uma mensagem. Entre               os
profetas escritores tem-se uma longa lista de ações parabólicas proféticas. Além disto, os
livros históricos trazem algumas situações que, de acordo com vários autores, podem ser
classificadas como tais. Em 1Rs 11.30-32, pode-se ver que o profeta Aias de Silo anunciou a
Jeroboão a divisão e a separação dos dois reinos, através do ato de rasgar o seu manto em
pedaços. Zedequias, filho de Quenaana, anunciou a Acabe que ele “exterminaria” os
arameus, brandindo “chifres de ferro”, conforme 1Rs 22.11. Já um profeta anônimo montou uma
cena para mostrar a Acabe a falta que ele havia cometido, ao deixar livre o rei Ben-Hadade após o
Senhor tê-lo entregue em suas mãos (1Rs 20.35-43).
1. Interpretação naturalista. Grupos Extáticos – estes profetas andavam livremente por Judá e
vizinhança, eram músicos que buscavam no êxtase um estado de transe para assim proferirem suas
mensagens. Observa-se nesta categoria a presença de Saul (1 Sm 10. 5), e dos profetas de Baal (1Rs
18.19-40). À luz de 1Sm 9.9, parecem ter sido grupos religiosos patriotas de moços, aos quais Samuel
procurava transformar numa força religiosa-moral, em relação às tribos, que eram ameaçadas pelas
práticas religiosas de outros povos, como os filisteus (Jz 2.16,17; 10.11). Em Números 11.26-32, quando
Eldade e Medade foram tomados pelo Espírito de Deus e entraram em êxtase, relata-se que Josué os
criticou. Moisés, no entanto, respondeu: “… eu gostaria que o Deus Eterno desse o seu Espírito a todo o
seu povo e fizesse que todos fossem profetas!” (Nm 11.29b). Em 1Sm 10.6 percebemos que havia por
parte dos hebreus, um certo menosprezo a este grupo. Isto porque o povo os considerava malucos, por
sua maneira exótica de se comportarem. A Bíblia de Jerusalém diz: “Então o Espírito de Iahweh virá
sobre ti, e entrarás em delírio com eles e te transformará em outro homem” (1 Sm 10.6). Do
exposto, conclui-se que haviam profetas verdadeiros que profetizavam de forma extática; A única
diferença entre Saul e os profetas extáticos, que comumente chegavam ao transe através de uma série
de estímulos, é que Saul “entrou em transe” por uma ação direta do Espírito Santo. Ele não precisou dos
subterfúgios dos extáticos para se “transformar (temporariamente) em outro homem”. Deus assim o quis
e Saul entrou em êxtase. Já em 1Sm 19. 24, quando diz que Saul “profetizava” quer dizer
“delirava”, pois vemos aí claramente a ação maligna, pois ele estava afastado dos caminhos do
Senhor, e um espírito mau o assolava (1Sm 16. 14). Os Intérpretes Naturalistas entendem que o
fenômeno do êxtase era apenas um estado emocional voluntário da pessoa.

    2. Falácia dos naturalistas. A interpretação naturalista é uma teoria metafísica que defende que
todos os fenômenos podem ser explicados mecanicamente em termos de causas e leis naturais. O
naturalismo opõe-se ao sobrenaturalismo, teoria metafísica teológica. O naturalismo é muitas vezes
confundindo com ateísmo, materialismo, positivismo, empirismo, determinismo e cientismo. A
interpretação naturalista é antibíblica, porque as Escrituras Sagradas declaram que a fonte dos oráculos
proféticos é o próprio Deus (Os 12.10; 2Pe 1.21).
3. A base dos naturalistas e uma refutação. Os profetas falavam movidos pelo Espírito Santo (2Pe
1.21). Literalmente, a palavra “movido” significa “carregado” e designa a ação divina no processo da
inspiração profética. A mensagem profética jamais foi produzida pela mente ou perspicácia do
profeta, pois este falava somente o que o Espírito Santo desejava que falasse. Isto, porém, não
anulava a individualidade e personalidade do mesmo, como afirma a teoria do ditado mecânico;
antes, porém, privava-o de erros. A forma pela qual recebia a mensagem nem sempre está relatada.
Alguns ouviam a voz do Senhor, como por exemplo, Oseias e Jeremias, enquanto outros como
Amós, Ezequiel e Daniel, tinham visões. O Dicionário Vine afirma: “[...] Às vezes, sobretudo com os
profetas primitivos, parece que algum tipo de experiência extática estava envolvido, como em 1Sm
10.6,11; 19.20. Está escrito que a musica é meio para profetizar, como em 1Cr 25.1-3. [...] O ponto é
que no contexto bíblico „profetizar‟ se refere a algo desde o êxtase frenético de um falso profeta até a
proclamação sóbria e imperturbável do julgamento de Deus por um Amós ou Isaías. (Dicionário Vine, 1ª
edição, 2002, CPAD, p. 248).


      O nosso Deus é um Deus que anseia por relacionar-se com sua criatura. Essa comunicação no
Éden era face a face. Pós-queda, Deus utilizou-se de pessoas escolhidas para ser esse canal. A
pessoa se tornava profeta ao perceber que Deus estava falando com ela e precisava então transmitir a
mensagem recebida, o que era feito conforme a personalidade única de cada profeta. O Senhor usou
várias formas para se comunicar com os profetas, e esses, lançaram mão de recursos variados para
transmitir os oráculos divinos ao povo, de modo que a mensagem se tornasse compreensível.
“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a
nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo filho” (Hb 1.1).É fundamental meditar nos Evangelhos, é por
meio dele que o Filho se comunica conosco hoje.
O homem é essencialmente um ser que se comunica. O ser humano sempre conviveu
com a comunicação. O mundo foi criado pela Palavra. Quando veio ao mundo para um
encontro definitivo, Ele foi chamado de Verbo (ou Palavra). Não existe sociedade sem
comunicação. Não existe sequer a pessoa sem comunicação. Nós somos porque nos
comunicamos. Esta é uma marca do ser humano. Os quatro elementos essenciais da
comunicação são o emissor, o receptor, o meio e a mensagem. É a interação deles que
constitui a comunicação. Os seres humanos estão sempre em busca de um receptor para lhe
dizer algo através de algum meio. Podemos mudar os recursos tecnológicos, mas o modelo
permanecerá o mesmo.
      Deus se comunica. Ele não é um ser inalcançável e silencioso, não se fechou em si
mesmo, surdo, mudo, e inacessível. É da Sua natureza falar, relacionar-se, comunicar-
se, apresentar-se. Deus se expressa através da criação – Sl 19.1-4; Rm 1.19,20; através dos
sonhos – Gn 41.1-4; Mt 27.19; através dos anjos – Gn 18.1-3; 19.15,16; At 10.1-4; através dos
profetas – Jd 14; At 3.18; Mt 23.37. Através de Cristo – Jo 1.1,2,14; Cl 1.15; Hb 1.1; Através da
Palavra – Sl 19.7-11; Ex 34.27,28; 2Tm 3.16; Através da sarça ardente falou com Moisés – Ex
3.1-5; Através da voz suave falou com Elias – 1Re 19.12,13; Através do redemoinho falou com
Jó – Jó 38.1. Apesar desse anseio divino em comunicar-se com o homem, há empecilhos e
dificuldades: O pecado – Is 59.2; Mt 13.13-15; Rm 3.10,11; A indiferença – Is 29.13; Dt 30.17-
20; Os ruídos – 1Co 14.10,11; 2Tm 2.16-18. Se dermos ouvidos ao Senhor, essa comunicação
produzirá efeitos duradouros: Temor – Hc 3.2; Dt 4.10; Hb 4.1,2; Conhecimento – Jó 42.1-5;
Os 6.3; 1Co 2.9-12; Comunhão – Gn 5.24 c/c Am 3.2; 1Jo 1.1-3.
       Ele, o Senhor, mantém a comunicação mesmo sem palavras – 1Sm 1.12,13; Rm 8.26;
nas circunstâncias adversas – Dn 6.10,11,16,20-22, e nos momentos de maior solidão – Mt
26.38-46. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz ás Igrejas!
Deus – A origem da mensagem          Deus é o verdadeiro emissor da
                                mensagem. É Ele quem inspira os
                                profetas, seus porta-vozes, a falarem sua
                                Palavra (Nm 12. 6; 2Sm 23. 2).



       Profeta – O Pregador da mensagem
                                        O profeta tem a responsabilidade de falar ao
                                     povo, seja por quais meios forem, a mensagem
                                     que Deus o revelou (Ez 33. 1-9).

               Público –alvo: Os ouvintes da mensagem

                                    A mensagem que o profeta pregava tinha
                                 aplicação prática para os seus ouvintes e até
                                 para gerações futuras (Is 55. 6-13).
"Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (Hb 1. 1).
   Πολσµερῶς             καὶ πολστρόπως         πάλαι ὁ θεὸς          λαλήσας τοῖς πατράσιν
      Em muitas partes       e de muitas maneiras    no passado Deus      tendo falado aos pais
 (=Por muitas vezes)                                                           (=aos antepassados)
        ἐν τοῖς προυήταις         ἐπí ἐστάτοσ τῶν ἡµερῶν τούτων ἐλάλησεν
           por os profetas            em    (o) último   dos dias          estes   falou
                                                         (=nestes últimos dias)
                                           ἡµῖν ἐν σἱῷ
                                        a nós por (o) Filho
    Este versículo mostra-nos várias verdades sobre a revelação de Deus no decorrer dos tempos.
     (1) Esta revelação consiste no que Deus revelou através dos profetas (“falou aos pais pelos
 profetas”);
     (2) Trata-se de uma revelação fragmentária e progressiva (o termo grego polúmeros dá a
 entender isto, a palavra “antigamente” subentende “no passado”;
     (3) É uma revelação que culmina com a revelação maior, superior e completa em Jesus Cristo (“a
 nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho”).
Lição 2  a natureza da atividade profética
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Lição 2 a natureza da atividade profética

  • 1.
  • 2. O Ministério Profético na Bíblia A voz de Deus na Terra
  • 3. Verdade Prática Texto-áureo "Havendo A autêntica comunicação Deus, antigamente, falado profética, nos tempos , muitas vezes e de muitas bíblicos, era feita por meio maneiras, aos pais, de palavras e de figuras, a pelos profetas, a nós fim de que o povo falou-nos, nestes compreendesse últimos dias, pelo Filho" claramente a mensagem (Hb 1. 1). divina. Texto-áureo Jeremias 1. 4-6, 9-14
  • 4. O tema “profecia” sempre despertou o interesse dos que compõem a igreja de Cristo; no entanto muitos abusos têm ocorrido devido a falsificação deste dom. Desde os tempos da igreja de Corinto, muitos são os males que a igreja tem causado a si mesma ao não considerar o padrão bíblico para a legítima execução da profecia (1Ts 5.19-21). Estes abusos normalmente acontecem por meio de pessoas sem conhecimento bíblico e desprovidas de maturidade espiritual (1Co 13. 11; 14. 31-33). Temos de reconhecer que a banalização do dom da profecia e a maioria destes abusos acontecem infelizmente em seio eclesiástico, do qual os pentecostais participam em sua maioria, mas, também sabemos que, por outro extremo, existem correntes interpretativas tanto na própria igreja como no meio secular que desvalorizam o dom da profecia. Devemos ter cuidado ao estudarmos e refletirmos sobre este tema, buscando sempre a essência da doutrina bíblica. Esta lição irá nos mostrar: (1) Os diversos meios utilizados por Deus para comunicar sua Palavra aos seus profetas; (2) Os métodos diversificados dos profetas para transmitir a mensagem que receberam da parte de Deus, e, baseado nas duas premissas anteriores, (3) a natureza da profecia, de acordo com o padrão exarado nas Sagradas Escrituras.
  • 5. Se todos os que se intitulam “profetas” soubessem o verdadeiro significado desta palavra e suas implicações pessoais, jamais se proporiam a desempenhar este ministério sem a chamada que é tão necessária para realizar tal obra (Mt 20. 16; Hb 5. 4). É de grande importância conhecermos como se processa a comunicação, para termos uma visão mais abrangente de como ocorre esse processo e aplicá-la ao modo de comunicação de Deus aos profetas. O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E SEUS ELEMENTOS 1) EMISSOR: quem fala 2) RECEPTOR: quem ouve 3) CANAL: meio físico onde ocorre a comunicação; por exemplo, em uma conversa pessoalmente, o canal é o ar. 4) MENSAGEM: conjunto de enunciados que formam a comunicação. 5) CÓDIGO: sistema de fala que é utilizado pelos falantes, ou seja, a língua. 6) CONTEXTO: conteúdo, assunto da mensagem Contudo, os gramáticos que propuseram os elementos básicos da comunicação, esqueceram da interação, ou seja, qualquer comunicação mínima entre duas pessoas. Emissor Mensagem Receptor Código Canal de Comunicação
  • 6. 1. “[...] Veio a mim a Palavra do Senhor” (v. 4). Expressão encontrada apenas no AT, é utilizada pelos profetas escritores ao introduzem seus relatos de recebimento de alguma mensagem vinda do Senhor. Pode significar, em outras palavras: “O Senhor falou comigo e disse...”, ou “o Senhor me chamou e me deu a seguinte mensagem”..., ou, ainda: “Deus revelou-se para mim e me ordenou proclamar o seguinte...”. A palavra profética origina-se com a iniciativa de Deus, que ás vezes de forma repentina, estabelece comunicação com aquele que será o porta-voz da sua mensagem (Veja Jeremias 32. 1-8). O profeta é o ponto de comunicação entre Deus e o povo. É ele quem entrega a mensagem recebida da parte de Deus para o público-alvo. Deus Profeta Público-alvo Am 3. 7, 8, 13 2. Revelação divina em forma de diálogo (vv. 6, 9, 10). A exemplo de Jeremias, cuja chamada deu-se através de um diálogo com Deus onde ele relutou em aceitar sua tarefa devido a sua tenra idade, Moisés, Paulo também tiveram a revelação de Deus por meio de ouvir sua voz (Êx 3. 7-10; Jr 30. 2; At 26. 9-18). Será bastante instrutivo analisarmos o caso de Samuel (1Sm 3. 2-11). Este diálogo entre Deus e Samuel foi bastante peculiar porque Samuel, ainda pequeno, ao ouvir a voz de Deus, pensava que era a voz de Eli, pois eles eram os únicos que estavam naquele quarto. Isto mostra que Samuel ouviu a voz de Deus de forma que o despertasse do sono. Em outras palavras, era realmente o som físico de uma voz audível, tal qual uma voz humana comum, tanto que Samuel pensou que fosse a voz de Eli. Outrossim, a revelação de Deus a Samuel não deu-se na forma de êxtase, imaginação ou inconsciência, pelo contrário, o texto nos mostra que Deus, ao falar com Samuel, despertava-o do sono, o que evidencia que era uma experiência sentida por Samuel em sua plena consciência, e não de forma irracional e alucinada.
  • 7. Três são os métodos usados pelos profetas para entregar suas mensagens. Vale, antes de vermos cada um destes métodos, ressaltar que, assim como a mensagem proclamada pelos profetas tinha origem em Deus, também a forma de entregá-la ao povo era por Deus ordenada. 1. Declaração oral e direta. A maior parte das profecias antes de serem escritas foram proclamadas publicamente (Veja, por exemplo, Jr 36. 1-10). O conteúdo destas mensagens é variado de acordo com a circunstância e a necessidade premente. Já o seu cumprimento depende do plano de Deus com relação a esta mensagem e a necessidade da situação (p. ex.: Is 7. 1-19). O profeta era chamado para uma necessidade urgente de seu tempo, mas os efeitos de seu ministério e o alcance de suas profecias podiam e podem alcançar gerações à frente. 2. Figuras e símbolos proféticos. As figuras proféticas encontram-se em todos os períodos da história hebraica. Podem ser encontradas em sua maior parte nos escritos de Jeremias e Ezequiel. Em Jeremias podem ser observadas as ações parabólicas do vaso do oleiro (Jr 18.1-6), a compra e o uso de um cinto de linho (Jr 13.1-11), a aquisição, exposição diante do povo e quebra de um vaso de barro (Jr 19.1-10), a construção, auto-imposição e distribuição dos canzis (Jr 27.1-3), e a colocação de grande pedras cobertas de barro à porta do palácio de Faraó em Tafnes (43.8-13). Jeremias também devia permanecer sem fazer algumas coisas, o que pode ser considerado igualmente como ação parabólica: deveria permanecer sem se casar (Jr 16.1-4), não poderia entrar em casa enlutada, nem participar de qualquer lamentação (Jr 16.5-7), não poderia entrar em nenhuma casa em festa (Jr 16.8-9). Além destes, a quebra dos canzis de Jeremias pelo profeta Hananias (Jr 28.10-11), a compra do campo de Hananeel, primo de Jeremias (Jr 32.1,7-15), e o livro que Seraías deveria atar numa pedra e lançar no rio Eufrates (Jr 51.59-64), também são ações parabólicas.
  • 8. Ezequiel deveria preparar a sua bagagem para o exílio e sair à vista de todo o povo. Deveria abrir um buraco na parede de sua casa e sair por ali, levando a bagagem aos ombros e com o rosto coberto, simbolizando que estava indo para o exílio (Ez 12.1-11). Ezequiel também ficou trancado em sua casa, mudo e atado (Ez 3.24-27), imitou o cerco da cidade (Ez 4.1-3), deitou- se de um lado e de outro, representando o estado de prostração ao qual seriam reduzidos os dois reinos (Ez 4.4-17), com os fios de sua barba e de seus cabelos cortados sugeriu o destino trágico do povo (Ez 5.1-3), comeu um alimento de miséria mostrando assim a sorte reservada aos exilados (Ez 12.17-20), recusou-se a cumprir os ritos de luto quando da morte súbita de sua mulher (Ez 24.15-17), e, finalmente, unindo em suas mãos dois bastões, indicou a união futura dos dois reinos (Ez 37.15-28). Todas estas representações são consideradas como atos simbólicos/parabólicos. Talvez uma das ações simbólicas/parabólicas mais impressionantes seja a do profeta Oséias, do seu matrimônio com uma mulher adúltera. Embora haja uma discussão sobre a historicidade do texto, os autores a consideram como uma ação simbólica/parabólica de fundo histórico. Finalmente, a última dramatização encontrada no Antigo Testamento, é registrada em Zacarias, na qual o profeta deveria fazer uma coroa e colocá-la sobre a cabeça de Zorobabel (Zc 6.9-15). 3. Casos reais que servem de representação para comunicar uma mensagem. Entre os profetas escritores tem-se uma longa lista de ações parabólicas proféticas. Além disto, os livros históricos trazem algumas situações que, de acordo com vários autores, podem ser classificadas como tais. Em 1Rs 11.30-32, pode-se ver que o profeta Aias de Silo anunciou a Jeroboão a divisão e a separação dos dois reinos, através do ato de rasgar o seu manto em pedaços. Zedequias, filho de Quenaana, anunciou a Acabe que ele “exterminaria” os arameus, brandindo “chifres de ferro”, conforme 1Rs 22.11. Já um profeta anônimo montou uma cena para mostrar a Acabe a falta que ele havia cometido, ao deixar livre o rei Ben-Hadade após o Senhor tê-lo entregue em suas mãos (1Rs 20.35-43).
  • 9. 1. Interpretação naturalista. Grupos Extáticos – estes profetas andavam livremente por Judá e vizinhança, eram músicos que buscavam no êxtase um estado de transe para assim proferirem suas mensagens. Observa-se nesta categoria a presença de Saul (1 Sm 10. 5), e dos profetas de Baal (1Rs 18.19-40). À luz de 1Sm 9.9, parecem ter sido grupos religiosos patriotas de moços, aos quais Samuel procurava transformar numa força religiosa-moral, em relação às tribos, que eram ameaçadas pelas práticas religiosas de outros povos, como os filisteus (Jz 2.16,17; 10.11). Em Números 11.26-32, quando Eldade e Medade foram tomados pelo Espírito de Deus e entraram em êxtase, relata-se que Josué os criticou. Moisés, no entanto, respondeu: “… eu gostaria que o Deus Eterno desse o seu Espírito a todo o seu povo e fizesse que todos fossem profetas!” (Nm 11.29b). Em 1Sm 10.6 percebemos que havia por parte dos hebreus, um certo menosprezo a este grupo. Isto porque o povo os considerava malucos, por sua maneira exótica de se comportarem. A Bíblia de Jerusalém diz: “Então o Espírito de Iahweh virá sobre ti, e entrarás em delírio com eles e te transformará em outro homem” (1 Sm 10.6). Do exposto, conclui-se que haviam profetas verdadeiros que profetizavam de forma extática; A única diferença entre Saul e os profetas extáticos, que comumente chegavam ao transe através de uma série de estímulos, é que Saul “entrou em transe” por uma ação direta do Espírito Santo. Ele não precisou dos subterfúgios dos extáticos para se “transformar (temporariamente) em outro homem”. Deus assim o quis e Saul entrou em êxtase. Já em 1Sm 19. 24, quando diz que Saul “profetizava” quer dizer “delirava”, pois vemos aí claramente a ação maligna, pois ele estava afastado dos caminhos do Senhor, e um espírito mau o assolava (1Sm 16. 14). Os Intérpretes Naturalistas entendem que o fenômeno do êxtase era apenas um estado emocional voluntário da pessoa. 2. Falácia dos naturalistas. A interpretação naturalista é uma teoria metafísica que defende que todos os fenômenos podem ser explicados mecanicamente em termos de causas e leis naturais. O naturalismo opõe-se ao sobrenaturalismo, teoria metafísica teológica. O naturalismo é muitas vezes confundindo com ateísmo, materialismo, positivismo, empirismo, determinismo e cientismo. A interpretação naturalista é antibíblica, porque as Escrituras Sagradas declaram que a fonte dos oráculos proféticos é o próprio Deus (Os 12.10; 2Pe 1.21).
  • 10. 3. A base dos naturalistas e uma refutação. Os profetas falavam movidos pelo Espírito Santo (2Pe 1.21). Literalmente, a palavra “movido” significa “carregado” e designa a ação divina no processo da inspiração profética. A mensagem profética jamais foi produzida pela mente ou perspicácia do profeta, pois este falava somente o que o Espírito Santo desejava que falasse. Isto, porém, não anulava a individualidade e personalidade do mesmo, como afirma a teoria do ditado mecânico; antes, porém, privava-o de erros. A forma pela qual recebia a mensagem nem sempre está relatada. Alguns ouviam a voz do Senhor, como por exemplo, Oseias e Jeremias, enquanto outros como Amós, Ezequiel e Daniel, tinham visões. O Dicionário Vine afirma: “[...] Às vezes, sobretudo com os profetas primitivos, parece que algum tipo de experiência extática estava envolvido, como em 1Sm 10.6,11; 19.20. Está escrito que a musica é meio para profetizar, como em 1Cr 25.1-3. [...] O ponto é que no contexto bíblico „profetizar‟ se refere a algo desde o êxtase frenético de um falso profeta até a proclamação sóbria e imperturbável do julgamento de Deus por um Amós ou Isaías. (Dicionário Vine, 1ª edição, 2002, CPAD, p. 248). O nosso Deus é um Deus que anseia por relacionar-se com sua criatura. Essa comunicação no Éden era face a face. Pós-queda, Deus utilizou-se de pessoas escolhidas para ser esse canal. A pessoa se tornava profeta ao perceber que Deus estava falando com ela e precisava então transmitir a mensagem recebida, o que era feito conforme a personalidade única de cada profeta. O Senhor usou várias formas para se comunicar com os profetas, e esses, lançaram mão de recursos variados para transmitir os oráculos divinos ao povo, de modo que a mensagem se tornasse compreensível. “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo filho” (Hb 1.1).É fundamental meditar nos Evangelhos, é por meio dele que o Filho se comunica conosco hoje.
  • 11. O homem é essencialmente um ser que se comunica. O ser humano sempre conviveu com a comunicação. O mundo foi criado pela Palavra. Quando veio ao mundo para um encontro definitivo, Ele foi chamado de Verbo (ou Palavra). Não existe sociedade sem comunicação. Não existe sequer a pessoa sem comunicação. Nós somos porque nos comunicamos. Esta é uma marca do ser humano. Os quatro elementos essenciais da comunicação são o emissor, o receptor, o meio e a mensagem. É a interação deles que constitui a comunicação. Os seres humanos estão sempre em busca de um receptor para lhe dizer algo através de algum meio. Podemos mudar os recursos tecnológicos, mas o modelo permanecerá o mesmo. Deus se comunica. Ele não é um ser inalcançável e silencioso, não se fechou em si mesmo, surdo, mudo, e inacessível. É da Sua natureza falar, relacionar-se, comunicar- se, apresentar-se. Deus se expressa através da criação – Sl 19.1-4; Rm 1.19,20; através dos sonhos – Gn 41.1-4; Mt 27.19; através dos anjos – Gn 18.1-3; 19.15,16; At 10.1-4; através dos profetas – Jd 14; At 3.18; Mt 23.37. Através de Cristo – Jo 1.1,2,14; Cl 1.15; Hb 1.1; Através da Palavra – Sl 19.7-11; Ex 34.27,28; 2Tm 3.16; Através da sarça ardente falou com Moisés – Ex 3.1-5; Através da voz suave falou com Elias – 1Re 19.12,13; Através do redemoinho falou com Jó – Jó 38.1. Apesar desse anseio divino em comunicar-se com o homem, há empecilhos e dificuldades: O pecado – Is 59.2; Mt 13.13-15; Rm 3.10,11; A indiferença – Is 29.13; Dt 30.17- 20; Os ruídos – 1Co 14.10,11; 2Tm 2.16-18. Se dermos ouvidos ao Senhor, essa comunicação produzirá efeitos duradouros: Temor – Hc 3.2; Dt 4.10; Hb 4.1,2; Conhecimento – Jó 42.1-5; Os 6.3; 1Co 2.9-12; Comunhão – Gn 5.24 c/c Am 3.2; 1Jo 1.1-3. Ele, o Senhor, mantém a comunicação mesmo sem palavras – 1Sm 1.12,13; Rm 8.26; nas circunstâncias adversas – Dn 6.10,11,16,20-22, e nos momentos de maior solidão – Mt 26.38-46. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz ás Igrejas!
  • 12. Deus – A origem da mensagem Deus é o verdadeiro emissor da mensagem. É Ele quem inspira os profetas, seus porta-vozes, a falarem sua Palavra (Nm 12. 6; 2Sm 23. 2). Profeta – O Pregador da mensagem O profeta tem a responsabilidade de falar ao povo, seja por quais meios forem, a mensagem que Deus o revelou (Ez 33. 1-9). Público –alvo: Os ouvintes da mensagem A mensagem que o profeta pregava tinha aplicação prática para os seus ouvintes e até para gerações futuras (Is 55. 6-13).
  • 13. "Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (Hb 1. 1). Πολσµερῶς καὶ πολστρόπως πάλαι ὁ θεὸς λαλήσας τοῖς πατράσιν Em muitas partes e de muitas maneiras no passado Deus tendo falado aos pais (=Por muitas vezes) (=aos antepassados) ἐν τοῖς προυήταις ἐπí ἐστάτοσ τῶν ἡµερῶν τούτων ἐλάλησεν por os profetas em (o) último dos dias estes falou (=nestes últimos dias) ἡµῖν ἐν σἱῷ a nós por (o) Filho Este versículo mostra-nos várias verdades sobre a revelação de Deus no decorrer dos tempos. (1) Esta revelação consiste no que Deus revelou através dos profetas (“falou aos pais pelos profetas”); (2) Trata-se de uma revelação fragmentária e progressiva (o termo grego polúmeros dá a entender isto, a palavra “antigamente” subentende “no passado”; (3) É uma revelação que culmina com a revelação maior, superior e completa em Jesus Cristo (“a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho”).