2. O presente estudo tem como intuito analisar a distribuição
das receitas oriundas dos direitos de transmissão das
principais ligas de futebol e comparar com o modelo
brasileiro.
Para isso, nossa amostra foi constituída pelos seguintes
campeonatos:
• Bundesliga – Alemanha
• La Liga – Espanha
• Ligue 1 – França
• Premier League – Inglaterra
• Serie A – Itália
INTRODUÇÃO
Produzido e editado por Jambo Sport Business
Idel Halfen
Luiz Ratto
Francisco Machado
MAIO 2014
4. A negociação se dá de forma coletiva e é totalmente
baseada nas performances das equipes.
As equipes da 1ª divisão recebem pontuações que variam
de 36 a 19 pontos em função da classificação no
campeonato. Quanto mais recente a temporada, maior é o
fator que multiplica a pontuação obtida.
Ao total se consideram, individualmente, as 5 últimas
temporadas, incluindo a atual.
Os times que jogam a 2ª divisão pontuam de 18 a 1 ponto,
de forma que no caso do ascenso carreguem a devida
pontuação.
Em resumo trata-se de uma distribuição que privilegia
basicamente a performance recente das equipes.
BUNDESLIGA
www.jambosb.com.br
6. Na Espanha, assim como em Portugal - não contemplado no presente estudo - a negociação é
individual, o que dá aos maiores clubes um elevado poder de barganha e faz com que os demais
recebam valores bastante inferiores.
LA LIGA
wwwww.jambosb.com.br
8. A negociação na França é coletiva e contempla aspectos bem
interessantes na seguinte proporcionalidade:
• 40% do montante são divididos em partes iguais pelas equipes, o
que eles chamam de “solidariedade”.
• 10% são rateados entre todos os clubes que tenham a licença da
liga, essa é concedida após a avaliação de critérios ligados à
infraestrutura do time e abrange: gramado, área para imprensa,
segurança do estádio, centro de formação, estrutura salarial, etc.
• 25% são distribuídos com base nos resultados da temporada atual
e 5% destinados à performance do quinquênio que precede a
temporada atual.
• Os 20% restantes são divididos de acordo com o número de
transmissões premium das equipes nos últimos 5 anos.
Como podemos notar, o conceito da distribuição considera fatores
relacionados à performance (30%), audiência (20%) e, digamos,
“solidariedade” (50%). www.jambosb.com.br
LIGUE 1
10. A negociação também é coletiva na Inglaterra.
O montante é segmentado em share doméstico equivalente a 61% das
receitas de direitos de TV e share internacional - 39%.
Da parte proveniente do share doméstico, 50% são divididos igualmente
entre todas as equipes, 25% distribuídos em função da classificação na
temporada em vigor e os 25% restantes com base na quantidade de partidas
que foram transmitidas nesta temporada.
O aspecto “classificação” dedica 9,52% do montante (25% do total) ao
campeão e 0,48% ao último colocado, ou seja, cada classificação
subsequente ao campeão tem o percentual subtraído em 0,48%.
Já em relação ao valor da parte relativa aos “jogos transmitidos”, o clube que
mais recebeu tem seu montante limitado a 2,1 vezes mais do que o que teve
menos jogos.
A cota referente ao share internacional é dividido igualitariamente pelos
clubes.
A mecânica utilizada evidencia claramente um viés “social” nessa
distribuição, visto que 69,5% são divididos igualmente entre as equipes.
PREMIER LEAGUE
www.jambosb.com.br
12. Mais um campeonato cuja negociação atualmente é coletiva, porém inclui variáveis inéditas no modelo de
partilha.
• 40% do total são divididos igualmente entre os times.
• 25% são rateados em função da base de torcedores de cada equipe.
• 5% são ponderados em função da população da cidade-sede de cada clube.
• E os 30% restantes são alocados de acordo com a performance esportiva, sendo que desses, 5% dizem
respeito à temporada atual, 15% ao período de 5 anos que precede a temporada em vigor e 10% à
pontuação obtida desde a temporada 1946/1947 até seis anos antes da temporada atual.
Essa fórmula de distribuição não inclui variáveis ligadas à audiência, o que, apesar de discutível, pode ser
interessante pois abre a possibilidade de se minimizar o poder da TV sobre a divisão. Por outro lado, também
podem ser questionados os fatores: (i) ligados à tradição, visto que performances obtidas num passado
distante não necessariamente apresentam a significância pretendida; (ii) tamanho de torcida, pois as
pesquisas nesse sentido carecem de metodologias que mensurem o grau de engajamento dos “ditos”
torcedores; (iii) população da cidade-sede, já que nada garante que tal população seja engajada no futebol.
Mesmo assim, o percentual de 60% advindo de “distribuição social”, mais performance recente, proporciona
uma boa dose de objetividade ao modelo, o que permite considerá-lo como um bom objeto de estudo.
SERIE A
www.jambosb.com.br
14. Apesar da negociação ser coletiva, os critérios se pautam basicamente na audiência dos jogos dos
clubes e pesquisas sobre a venda de pacotes de pay-per-view.
Tal característica deixa o modelo com um elevado grau de subjetividade.
BRASILEIRÃO
www.jambosb.com.br
16. Diante do exposto, definir qual o melhor critério de rateio ou o
mais justo, não é tarefa das mais fáceis, porém, através de um
exercício de comparação, iremos avaliar algumas métricas com
o objetivo de tentar identificar os maiores equilíbrios e
desvios, conforme quadro que será mostrado no próximo slide.
Os números que serviram de base para a confecção da tabela
acima correspondem exatamente aos valores recebidos por
cada equipe na temporada em referência.
Exceção feita ao Brasil, cujos números foram obtidos através
do balanço contábil publicado pelos clubes.
Tais números, porém, aparecem de formas diversas, o que faz
com que sejam consideradas algumas vezes, dentro da rubrica
“Receitas obtidas por TV” parcelas não referentes ao
campeonato brasileiro, fato que não traz muita interferência
ao objetivo proposto, até porque, parte das mesmas refere-se
aos campeonatos regionais, que não existem na Europa e
parte é relativa à Libertadores, que além de ser pouco
representativa abrange poucas equipes.
ANÁLISE DAS RECEITAS
www.jambosb.com.br
17. Os quesitos analisados foram:
• Ratio do 1º em relação ao último – que é calculado através da divisão da receita obtida pelo clube
que mais recebeu pela do clube que menos recebeu.
• % verba do que mais recebe – aqui se calcula a participação percentual do time que mais recebe
sobre o montante total de receitas advindas dos direitos de TV.
• % verba dos dois que mais recebem – similar ao parâmetro anterior, só que considerando os dois que
mais recebem sobre o total.
• % verba dos cinco que mais recebem – idem ao anterior, para cálculo do percentual dos cinco que
mais recebem.
• % verba da metade que mais recebe – nessa linha está o percentual dos clubes que compõem a
metade que mais recebe.
ANÁLISE DAS RECEITAS
www.jambosb.com.br
Países INGLATERRA ITALIA ALEMANHA ESPANHA FRANÇA BRASIL
Temporada que serviu de parâmetro 2012/2013 2012/2013 2013/2014 2011/2012 2012/2013 2013
Ratio 1o / último 1,53 4,48 2,00 11,67 3,72 7,40
% verba do que mais recebe 6,26 10,99 7,41 23,18 9,80 11,31
% verba dos 2 que mais recebem 12,24 20,22 14,60 46,35 18,81 22,06
% verba dos 5 que mais recebem 29,52 43,47 34,86 65,06 40,89 43,43
% verba da metade que mais recebe 53,36 66,44 58,82 79,41 66,79 70,98
18. O quadro deixa bastante claro que o campeonato inglês, Premier League, é o que apresenta os números
mais equilibrados.
Neste, o clube que mais angaria receitas tem esse valor apenas 1,53 vez maior do que o último, ao passo
que na Espanha, o país mais desigual sob esse parâmetro, tem esse índice em 11,67.
O 2º campeonato mais equilibrado, não só pelo ponto de vista de ratio (2,00), mas em todos os demais
pontos de análise, é o da Alemanha, a Bundesliga.
ANÁLISE DE RECEITAS
www.jambosb.com.br
19. O campeonato espanhol, La Liga, como costuma ser bastante
propagado, é de fato o que apresenta os números mais
desequilibrados.
O clube espanhol que mais recebe abocanha 23,18% do total
distribuído, contra 6,26% do “melhor remunerado” da Premier
League.
Os “dois mais” têm uma arrecadação equivalente a 43,47%,
contra 12,24% na Inglaterra.
Os “cinco mais” têm uma participação de 65,06%, mais do que
os 9 que mais recebem na Alemanha e quase o mesmo
percentual dos “10 mais” da Ligue 1 (França) e Serie A (Itália).
Os números apresentados permitem supor que os
campeonatos com maiores índices de desequilíbrio de receitas
oriundas dos direitos de TV são Espanha e Brasil,
coincidentemente, os dois únicos da amostra em que o fator
“performance” não é considerado como critério de divisão.
ANÁLISE DAS RECEITAS
www.jambosb.com.br
21. Dentro da linha discutida anteriormente, vale agregar ao
nosso estudo, as performances esportivas das equipes que
participaram das ligas em estudo nas seis últimas
temporadas.
Inglaterra – Mesmo sendo considerado o campeonato com
a distribuição mais equilibrada, apenas 3 equipes
conquistaram o campeonato nacional e 8 ficaram entre os
5 melhores colocados.
Os times que mais receberam verbas dos direitos de
transmissão foram na ordem:
• Manchester United (3 vezes campeão no período e 5
vezes entre os cinco primeiros)
• Manchester City (duas vezes campeão e 5 vezes entre
os top 5)
• Arsenal (nenhum título, mas foi a equipe que mais
vezes (seis) ficou entre os top 5.
PERFORMANCE
www.jambosb.com.br
22. Alemanha – o 2º campeonato com maior equilíbrio no tocante às
receitas de TV teve também apenas 3 campeões, porém a
quantidade de times que se classificaram entre os top 5 é bem
expressiva, 13.
Os times que mais arrecadaram com direitos de TV foram:
• Bayern Munique (3 vezes campeão e presente todas as
temporadas entre os top 5)
• Borussia Dortmund (duas vezes campeão e cinco vezes entre
os top 5)
• Bayer Leverkusen (nenhum campeonato e 5 cinco vezes entre
os 5).
França – Junto com o Brasil, foi o país que teve o maior número
de campeões diferentes – 5, no entanto, o número de equipes
entre as cinco melhores, 12, é inferior apenas à Alemanha e ao
Brasil.
As equipes com maiores receitas advindas de transmissão foram:
• Olympique Marseille (uma vez campeão e 4 entre os top 5)
• Paris Saint Germain (2 títulos e 4 vezes entre os 5)
• Lyon (1 campeonato e todas as temporadas entre os 5).
PERFORMANCE
www.jambosb.com.br
23. Itália – Três times se sagraram campeões no período analisado
e 11 ocuparam pelo menos uma vez uma colocação entre os 5
primeiros.
As equipes que mais se beneficiaram das verbas de TV foram:
• Juventus (3 vezes campeã e 4 vezes entre os 5)
• Milan (1 campeonato e 5 vezes nos top 5)
• Internazionale (2 títulos e 4 vezes top 5).
Brasil – Cinco equipes foram campeãs nas 6 temporadas
estudadas e 13 ficaram alguma vez entre os 5 primeiros
colocados, sendo, junto com a Alemanha, o país com maior
quantidade nesse quesito.
Os três clubes que mais recebem através de direitos de TV são:
• Flamengo (1 título e três vezes entre os 5)
• Corinthians (1 título e duas vezes no top 5)
• São Paulo (1 título e três vezes top 5).
Curiosamente o clube que mais títulos conquistou no período,
o Fluminense, não aparece entre os que mais faturaram com
TV.
PERFORMANCE
www.jambosb.com.br
24. Espanha - A liga que apresenta o maior desequilíbrio teve 3 campeões nas temporadas em foco, sendo
que uma dessas equipes conquistou o título em 4 ocasiões. Foram dez as equipes que se situaram entre
os top 5.
Os times com maior faturamento via TV são Barcelona e Real Madrid, tendo o primeiro vencido 4 títulos
e o segundo, um. Ambos os times ficaram entre os 5 melhores em todas as edições analisadas.
Os dois times que mais recebem depois dos citados são Athletic Madrid (1 título e 4 top 5) e Valencia
(nenhum título e 3 top 5).
PERFORMANCE
www.jambosb.com.br
26. Terminada a análise sob o prisma de performance e
ciente de que, excetuando Brasil e Espanha, os
demais valorizam de alguma forma os resultados
esportivos obtidos, podemos chegar a uma nova
derivação de questionamento:
“Os times têm bons resultados por que recebem
mais, ou recebem mais porque têm melhores
resultados?”
Em minha opinião, as condições se complementam,
porém é difícil quantificar a participação de cada uma
das causas.
Até porque, a verba oriunda dos direitos de TV não é
a única fonte de receita dos clubes, visto que
também faturam através de patrocínios, bilheterias,
licenciamentos e sócios, sendo que a composição do
mix de receitas varia de clube para clube.
PERFORMANCE
www.jambosb.com.br
27. Não podemos esquecer também que existe o
componente “gestão de recursos”, ou seja, de nada
adianta ter um faturamento expressivo, se esse não
for bem empregado.
Por fim, devemos considerar que muitas vezes, as
aplicações de recursos podem ter seus retornos em
prazos distintos, o que poderia ser argumento para
“fragilizar” o estudo.
No entanto, a pretensão do mesmo é obter detalhes
do que tem sido praticado nas ligas mais importantes,
de forma a construir um benchmarking bem
estruturado e que sirva de modelo para o
desenvolvimento de critérios mais justos e
igualitários, afinal, mesmo as economias mais
“capitalistas” pregam a meritocracia como ferramenta
de mensuração de ganhos.
PERFORMANCE
www.jambosb.com.br