2. Podemos começar a discorrer
sobre o que é cultura.
Acredito que não se deve usar mais o termo cultura e sim
culturas. Se entendemos cultura como um conjunto de
valores, normas, crenças , costumes, arte, lei e moral
criados pelo e para o homem, não poderemos então admitir
uma cultura apenas. Parafraseando a escritora
Chimamanda Adichie, é preciso ter muito cuidado para não
admitir uma cultura apenas, que se sobrepõe às demais,
que se julga a mais correta. Há muitas culturas, muitos
valores diferentes, de sociedade em sociedade, povos e
povos, de tempos em tempos as culturas vão sendo
trans(formadas), re(criadas), reeditadas, e é preciso estar
atento a isso.
3. Cultura também é a forma como uma determinada
sociedade pensa a vida em comunidade :
Cultura é, em Antropologia Social e Sociologia, um
mapa, um receituário, um código através do qual as
pessoas de um dado grupo pensam, classificam,
estudam e modificam o mundo e a si mesmas.
(DaMATTA, Roberto)
Logo, concluímos que não se pode dizer que alguém
não tem cultura, ou que outrem mais estudado é o mais
culto de todos. Cada um de nós admitimos e produzimos
culturas, o que acaba por nos tornar pessoas de grande
riqueza cultural. Há culturas regionais, municipais,
individuais, todas de grande valor social, e que devem ser
igualmente respeitadas por nós.
4. Esbarramos então em um grande problema.
As sociedades (muitas), pregam liberdade de
expressão, se levantam contra a discriminação, porém
criam padrões unitários. Não é muito confuso? Como
posso entender, aprender, apreender o e com o
diferente se todos são “iguais”. Me parece que nesta
sociedade ninguém mais pode ser diferente, ao mesmo
tempo em que ninguém mais pode repudiar o
diferente.
5. O que é conflitante, é que nós fazemos conexões
errôneas, sobre a diferença e desigualdade. Igual e
diferente não são antônimos, mas incorporamos isso
em nosso vocabulário como se fosse a mesma coisa.
“Igual” é antônimo de “desigual”, ao passo que
“diferente” é antônimo de “equivalente”.
7. Na igualdade na há justiça, na diferença sim. Podemos
pensar isso com uma metáfora bem simples. Digamos
que temos duas famílias. Uma com 4 membros, e a
outra com 10. Numa sociedade igualitária, todas as
famílias receberiam 10 kg de arroz por mês. Tudo certo,
mas para a família de 4 sócios, na de dez isso é
desigual, injusto. Eles precisam de uma quantidade
diferente para suprir sua necessidade de nutrição. O
que ressaltamos então, é “viva a diferença, abaixo a
desigualdade”.
8. Desmond Tutu,Prêmio Nobel da Paz, um grande líder
da África, que lutou com afinco contra o Apartheid,
disse o seguinte:
[...] Parece que estamos ficando pobres em diversidade
no campo das etnias, dos credos religiosos, nos pontos
de vista políticos e ideológicos. Há muita impaciência
com qualquer coisa e qualquer pessoa que sugira outra
perspectiva, outro modo de olhar para a mesma
questão...”(TUTU, 2012)
9. Vamos trazer isso para a escola ?
Numa sala de aula com 20 alunos, em DIFERENTES
níveis de escrita, é possível aplicar a mesma atividade
para todos?
5 alunos estão no pré-silábico I, 3 no intermediário I,
outro tanto no silábico , e outros no intermediário II. E
vale lembrar que trazem pra escola sua cultura e uma
diversidade de conhecimentos mil, sobre muitas coisas
e pessoas. São a geração Y, nasceram com um tablet
nas mãos, postando seu parto, caberá então uma
educação arcaica em seus planos?
11. Entramos então no Cotidiano Escolar.
Cotidiano , de acordo com a música do grande Chico
Buarque de Holanda, é algo que se faz rotineiramente,
a mesma coisa todo dia. É uma das interpretações
possíveis sobre o cotidiano, mas não a única. A autora
Nilza Alves, diz que o cotidiano pode ser um grande
aliado, na descoberta e na criação. Conforme nos
adaptamos ao cotidiano, vemos necessidade de alterá-lo,
e vamos assim modificando nossa maneira de ver,
de ouvir e de fazer.
12. Para concluir, vamos observar imagens do fotógrafo
Julian Germain de diferentes contextos escolares.
Cada cotidiano Escolar apresenta uma cultura. Existe
em nossas salas a cultura brasileira, regional, estadual,
e municipal, e vale lembrar a cultura familiar, religiosa,
a que define as regras comportamentais, as
individuais, etc. O que cabe ao professor é valorizar
todas as elas, sem se perder de sua própria cultura.