SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 25
Baixar para ler offline
1
Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
DEFICIÊNCIAS E SEUS TIPOS: ATIVIDADES MOTORAS, ESPORTIVAS E RECREATIVAS
PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA MOTORA
Elisabeth de Mattos
INTRODUÇÃO:
Ate a década de 70 não havia proposta definida para definir e classificar as
consequências das doenças. Essa falta de padronização ocasionava uma enorme gama de
termos utilizados. Em 1976 a Organização Mundial de Saúde publicou uma classificação das
deficiências e desvantagens, a qual foi modificada em 1980, porém sua versão oficial era na
língua inglesa. Em 1989 uma publicação do Secretariado Nacional de Reabilitação de Portugal
publicou uma versão na língua portuguesa, para tal classificação, onde se encontra a seguinte
definição:
Deficiência é qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica. Por envolver uma perda, pode significar prejuízo ou dano. Representa
a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico.
O termo “pessoas deficientes” refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si
mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual normal, em decorrência
de uma deficência congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais (ONU, 1975).
CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS QUE LEVAM À DEFICIÊNCIA:
Podemos dividir os distúrbios em congênitos (quando as anormalidades da estrutura ou
da função são aparentes ao nascimento) ou adquiridos, permanentes ou temporários, crônicos
(quando ocorrem no decorrer da vida mas tem pouca possibilidade de reversão do estado
2
patológico) ou agudos (quando o indivíduo se encontra em um período de manifestação
intensa do quadro patológico mas este tende a permanecer por um certo período de tempo e
depois pode se reverter) e progressivos e não progressivos. As condições adquiridas ou
agudas são aquelas que resultam de um trauma, doença ou problemas de crescimento e
desenvolvimento. Os problemas temporários são aqueles que terminam, depois de um certo
espaço de tempo, devolvendo a condição anterior do indivíduo ou mesmo melhorando após
sua ocorrência (distúrbios do crescimento, correções cirúrgicas ou aparelhos). Já as condições
permanentes são aquelas que não regridem e deixam seqüelas por toda a vida do indivíduo.
Os problemas progressivos são aqueles que se agravam com o decorrer do tempo, tornando
as seqüelas mais severas. Os distúrbios não progressivos não aumentam as seqüelas com o
decorrer do tempo.
_________________________________________________________________________
* Professora Doutora do Departamento de Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da
Universidade de São Paulo(EEFEUSP). Coordenadora do Grupo de Estudos Esporte e
Deficiência da EEFEUSP.
ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA DAS DEFICIÊNCIAS:
A etiologia dos distúrbios do nascimento é freqüentemente desconhecida. Estima-se
que 20% sejam causados por fatores hereditários, 20% causado por fatores ambientais (vírus,
parasitas, bactérias ou infecções da mãe) e 60% seja o resultado de uma interação da
hereditariede e dos fatores ambientais.
As deficiências podem ser consequências de traumas, tumores, patologias congênitas
ou adquiridas. Algumas destas patologias serão descritas mais adiante.
Segundo a Organização Mundial de Saúde 10% da população mundial é portadora de
algum tipo de deficiência. Dois terços desta população vive em países do terceiro mundo. No
Brasil sabe-se que esta porcentagem é confirmada, segundo dados do IBGE de 1996.
CLASSIFCAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS:
3
Segundo SEAMAN e DePAUW (1982) consideramos a seguinte classificação das
pessoas portadoras de necessidades especiais (nas quais se incluem as portadoras de
deficências):
a) Deficiência mental
b) Deficiência sensorial
b1) Deficiência auditiva
b2) Deficiência visual
c) Deficiência física (ou motora)
d) Distúrbios de saúde
e) Distúrbios de fala ou linguagem
f) Distúrbios de aprendizagem
g) Combinações das categorias anteriores
Neste trabalho descreveremos apenas os principais distúrbios que levam aos três primeiros
grupos de deficiência, cognitiva, sensorial e motora, onde haverá ênfase para este último.
DEFICIÊNCIA MENTAL:
Também conhecido como retardo ou atraso mental, o termo refere-se às limitações
substanciais em certas capacidades pessoais. Manifesta-se com um funcionamento intelectual
significativamente abaixo da média, coexistindo com dificuldades relacionadas em duas ou
mais das seguintes áreas de aptidões adaptativas:
1- Comunicação 6- autonomia
2- cuidados pessoais 7- saúde e segurança
3- aptidões sociais 8- habilidades acadêmicas funcionais
4- vida doméstica 9- lazer
5- uso de recursos da comunidade 10- trabalho
O atraso aparece antes dos 18 anos de idade. Atualmente o grau de acometimento divide
este grupo em duas categorias: leve e grave. A patologia que mais leva à deficiência mental é
a Síndrome de Down.
4
Apresentamos algumas sugestões de ensino de atividades motoras através das seguintes
orientações encontradas em Pedrinelli, 1991 e Seaman & DePauw, 1982. A progressão das
atividades deve ser lenta, onde se oferece inicialmente atividades familiares. As informações
devem ser fornecidas de maneira clara e objetiva, utilizando exemplos concretos. Esteja ciente
do nível de atenção dos alunos, mantendo uma abordagem firme e positiva. Baseie as novas
experiências em movimentos aprendidos previamente. Apresente idéias de forma lenta,
fornecendo poucas informações de cada vez. Utilize demonstrações. Ofereça experiências que
permitam a participação de cada indivíduo e elogie as tentativas, reforçando o bom
desempenho. Inclua estrutura e rotina nas aulas, oferecendo oportunidades de tomadas de
decisão e ações independentes. Mantenha um equilíbrio entre as atividades vigorosas e
menos vigorosas.
No caso da síndrome de Down, procure informar-se a respeito da instabilidade atlanto-axial
que pode determinar a limitaçao de algumas atividades.
As atividades esportivas são corrdenadas pela Federation for Intelectual Disability –
International Association of Sport (INAS- FID), a qual é filiada ao Comitê Paraolímpico
Internacional (IPC) e pela Special Olympic International (SOI), ligada à Fundação Kennedy,
que tem filiais e sucursais em diversos países do mundo. No Brasil a Associação Brasileira de
Desportos para Deficientes Mentais (ABDEM) é filaida à INAS-FID e temos uma sucursal da
SOI.
DEFICIÊNCIA VISUAL:
Refere-se à perda parcial ou total da visão. A classificação é feita em relação ao déficit
da acuidade visual à distância e ao campo visual.
Caracteriza-se como cego aquele que possui uma acuidade visual de até 6/60 ou um
campo visual de até 10%. Aquele que tem visão residual (amblíope) possui acuidade visual
entre 6/60 até 18/60 ou um campo visual entre 10 e 20%. Existe também uma classificação
esportiva para essa acuidade e para o campo visual, que ira dividir os competidores em 3
classes: B1, B2 e B3.
Inicialmente é necessário uma avaliação das diferenças básicas perceptivas, intelectuais
e emotivas para se iniciar um programa de atividades motoras. Eles possuem habilidades
desiguais. Os cegos de nascença revelam uma maior falta de discriminação direita-esquerda
5
em seu campo de ação, porém percebem melhor as inclinações do solo. A percepção de
obstáculos é conseguida através da reflexão dos indícios auditivos. Por isso é fundamental a
utilização desse canal sensorial, procurando desenvolver a aula em um ambiente sem ruídos
sonoros para facilitar a identificação dos sinais auditivos. Sem ele não é possível executar
giros com precisão. O treinamento tátil sistemático facilita a estruturação do esquema corporal
e da estruturação espaço-temporal.
A mobilidade do cego depende de uma boa orientação. Existem cursos para
treinamento de orientação e mobilidade, que são indicados para estes fins. Os profissionais
que venham a trabalhar com grupos específicos de portadores de deficiência visual devem
conhecer os princípios e orientações desenvolvidos nestes cursos. Este recurso facilitará no
planejamento e desenvolvimento do ensino de pratica de atividades motoras com este grupo.
Uma estratégia muito utilizada é o aumento das dimensões dos objetos para os alunos
com baixa acuidade. A inclusão de objetos sonoros e que estimulem a manipulação
geralmente facilita o desenvolvimento e o progresso motor.. Ao organizar o espaço em que irá
trabalhar, certifique-se de que não existem obstáculos desnecessários. Quanto aqueles que
eventualmente venham existir, informe os alunos e deixe-os senti-los orientando como lidar
com os mesmos. Informe a respeito dos cuidados a serem tomados na orientação do espaço.
Isso facilita o reconhecimento e o mapeamento mental do local. Utilize pistas ambientais como:
vento, sinais sonoros, odores e para os que possuírem resíduo visual, refira-se em relação à
área mais iluminada ou à direção da fonte luminosa.
Dirija-se aos alunos sempre pelo nome. Nesse sentido, converse com eles a respeito de
como eles costumam se identificar. Geralente preferem o termo "cego" ao portador de
deficiência visual. Essa conversa pode abrir oportunidade para se identificar muitas
caracteristicas emocionais do indivíduo e principalmente sua aceitaçao da deficiência.
Permita o desenvolvimento da memória cinestésica através de tarefas dirigidas e
expontâneas. As atividades rítmicas devem ser oferecidas visando melhora da expressão
corporal.
As atividades esportivas são coordenadas pela International Blind Sports Association
(IBSA), filiada o IPC e no Brasil, pela ABDC, filiada ao CPB.
DEFICIÊNCIA AUDITIVA:
6
Deficiência auditiva refere-se à perda parcial ou total da audição.
A audição serve, além da identificação de estímulos sonoros, para avaliação de
distâncias e manutenção e orientação do estado de alerta.
A classificação da perda auditiva (FERREIRA, 1994) se faz de acordo com a
localização, onde temos surdez: condutiva e neurosensorial, e de acordo com a perda auditiva,
onde temos a seguinte divisão:
Leve: 25 a 40 dB
Moderada: 40 a 55 dB
Acentuada: 55 a 70 dB
Grave: 70 a 90 dB
Profunda acima de 90 dB
O equilíbrio dos deficientes auditivos estará alterado se os canais semicirculares forem
afetados. Isto resulta em distúrbios vestibulares, o que dificulta o desenvolvimento de muitas
ações, dentre elas as mudanças de direção. As atividades no meio líquido são úteis, pois
permitem treinar as reações de equilíbrio pelas informações cinestésicas e visuais. Cuidado
apenas com as infecções de ouvido. Em alguns casos, estes indivíduos são mais sensíveis a
este tipo de distúrbio.A mímica e a facilitação da leitura labial devem ser garantidas nas
situações de aula e treinamentos. Durante competições se utilizam sinais luminosos que
substituem o sinal de partida sonoro.
O favorecimento da estruturação espaço-temporal é importante para o desenvolvimento
das atividades. Geralmente a percepção rítmica está prejudicada. A capacidade cognitiva está
preservada mas é preciso que se ofereça estimulação adequada. Pode haver uma dificuldade
em abstrair, rigidez de pensamento e menor amplitude de significado dos símbolos verbais.
Isso resulta geralmente em desempenho acadêmico inferior, problemas com sintaxe na
expressão e comunicação, além de sinais de dificuldades de raciocínio lógico. Os aspectos
emocionais também devem ser levados em consideração. As atividades grupais devem ser
oferecidas e estimuladas. As atividades esportivas são coordenadas no nível internacional pela
Confederation International des Sports des Surds (CISS) e no Brasil pela Confederção
Brasileira de Desportos para Surdos (CBDS).
7
DEFICIENCIA FÍSICA (OU MOTORA):
Deficiência motora caracteriza-se por um distúrbio da estrutura anatômica ou da função,
que interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo (TELFORD & SAWREY, 1978;
SEAMAN & DE PAUW, 1982). Refere-se aos problemas ósteo-musculares ou neurológicos
que afetam a estrutura ou a função do corpo, interferindo na motricidade. Ela é caracterizada
por um distúrbio na movimentação e/ou locomoção do indivíduo (MATTOS, 92).
Essa categoria é extremamente heterogênea, pois as causas da deficência são
diversas, apresentando uma variedade de quadros motores. Algumas características gerais
podem ser destacadas, embora generalizações não sejam tão recomendadas. A extensão e a
natureza da deficiência também são variáveis que levam à níveis diferentes de ajustes sociais
e emocionais.
No Brasil quase não conhecemos escolas especiais para pessoas portadoras de
deficiência física ou motora (termo que será utilizado neste texto por definir e destacar mais
claramente qual a área afetada em questão). Quando existem, elas costumam se destinar à
crianças com deficiências múltiplas, com componente marcante na área motora (MATTOS,
94). Isto no faz acreditar que a parte da população infantil portadora de deficiência motora
deve frequentar escolas regulares, uma vez que o programa de disciplinas teóricas não precisa
ser alterado. Na realidade não é isto que acontece. As escolas em sua maioria não estão
preparadas para receber alunos com disfunções motoras, possuindo diversas barreiras
arquitetônicas, ou até dispensando-os das aulas de educação física por diversas razões. Isto
produz uma série de reações emocionais e socias tornando o desenvolvimento desses
indivíduos também alterado. Surgem então problemas com a auto-imagem, consciência
corporal, motivação e avaliação real das capacidades e limitações, tanto por parte dos
professores como por parte dos próprios alunos.
A partir de então procura-se destacar os princiapis problemas que se relacionam com a
prática de atividades físicas das pessoas portadoras de deficiência motora, bem como
apresentar as oportunidades e adaptações já efetuadas para facilitar o acesso destas pessoas
à prática de atividades físicas, nos seus vários níveis.
SUB-CLASSIFICAÇÕES:
Quanto à natureza, podemos dividir em:
8
1- Distúrbios ortopédicos - que referem-se a problemas originados nos músculos, ossos e/ou
articulações.
2- Distúrbios neurológicos - que referem-se a deterioração ou lesão do sistema nervoso.
Terminologia:
As pessoas que usam próteses, muletas, cadeira de rodas ou necessitam do auxílio de
órteses, carregam muitos rótulos: aleijado, deficiente, impedido, inábil. Cada um tem
preferência pessoal que deseje ser chamado e isto deve ser perguntado. Alguns autores
descrevem leves diferenças de significado, mas deficiência física é a designação genérica.
Ficaria mais claro se fosse utilizado a designação "motora", ao invés de "física", indicando que
existe um distúrbio nessa área especificamente (MATTOS, 94).
Estes problemas podem ter diversas origens, das quais serão descritas apenas as
patologias mais comuns.
Fisiopatologia de algumas doenças e situações que levam à deficiências motoras:
Dentro dos distúrbios neurológicos que podem levar à deficiência motora podemos
destacar:
Paralisia cerebral (encefalopatia crônica da infância):
É um distúrbio não progressivo da motricidade, que evidencia-se na movimentação e
postura. Esse distúrbio é causado por uma lesão ou mal funcionamento do cérebro, o qual
ocorre antes dos 3 (três) anos de idade. Exemplifica o grupo dos distúrbios neurológicos da
deficiência motora. Geralmente refere-se ao portador de “PC” (paralisia cerebral|).
Causas:
86% são provenientes de fatores pré e peri-natais
9
14% são provenientes de fatores pós-natais.
A incidência diminui conforme melhora o conhecimento e o desenvolvimento dos
serviços de saúde. Cada distúrbio é classificado de acordo com alguns fatores que são citados
no diagnóstico. Podemos dizer que temos três tipos de classificação:
Classificação fisiológica (ou quanto ao tônus muscular):
a) rigidez : os músculos dos membros são tensos e se contraem fortemente quando se
tenta movimentá-los ou alongá-los, onde mesmo os reflexos exacerbados são inibidos.
É uma forma severa de espasticidade.
b) espasticidade: o termo espástico é usado para descrever o tipo de paralisia cerebral
onde o tônus muscular é muito alto (tenso). Os portadores de PC espástica têm
movimentos desajeitados e rígidos porque seus músculos são muito tensos. Eles têm
dificuldade ao modificar sua posição ou ao tentar pegar algo com suas mãos. Este é o
tipo mais comum de PC. Os autores referem que cerca de 50% a 75% dos portadores
de paralisia cerebral têm o tipo espástico (Bleck, 1981; Souza, 1998). Há uma
hiperreflexia dos tendões profundos dos músculos dos membros envolvidos. Os
indivíduos ficam sujeitos a contraturas e deformidades que se desenvolvem durante o
crescimento.
c) atetose: caracterizada por movimentos involuntários e variações do tônus muscular
resultante de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisférios cerebrais (sistema
extra-piramidal). O tônus muscular flutua gerando movimentos involuntários e os
movimentos voluntários se deformam ficando retorcidos. O termo atetóide é utilizado
para descrever o tipo de paralisia cerebral onde o tônus muscular se apresenta flutuante
- às vezes muito alto e às vezes muito baixo.
d) ataxia: caracterizada por diminuição do tônus muscular, incoordenação dos movimentos
e equilíbrio deficiente, devido a lesões no cerebelo ou das vias cerebelares. Este tipo de
PC apresenta um indivíduo com tônus muscular baixo e dificuldade coordenação de
movimentos. Os portadores de PC atáxica parecem muito instáveis e trêmulos.
e) tremor: aparece apenas na movimentação involuntária. Chamado também de tremor
intencional.
10
f) hipotonia: o tônus muscular é baixo. Também chamada de atonia, flacidez ou frouxidão.
Geralmente evolui para uma atetose.
g) mista: em alguns casos observa-se uma variação do tônus de acordo com o grupo
muscular envolvido - em alguns ele é muito baixo e em outros muito alto. A combinação
mais comum é a PC espática-atetóide. Estima-se que 25% dos portadores de PC
apresentem um quadro misto.
Classificação topográfica:
a) monoplegia / monoparesia (acometimento de um único membro)
b) hemiplegia / hemiparesia (acometimento de um hemicorpo – um lado do corpo)
c) paraplegia / paraparesia (acometimento do tronco e membros inferiores)
d) diplegia / diparesia (membros inferiores mais afetados que os superiores)
e) quadriplegia / quadriparesia (quatro membros afetados de forma semelhante)
f) dupla hemiplegia / dupla hemiparesia (quatro membros afetados, sendo um hemicorpo mais
afetado).
Classificação quanto ao grau de acometimento:
a) leve
b) moderada
c) grave
Seus portadores apresentam problemas como sialorréia, dificuldade para engolir,
permanência de reflexos primitivos. Podem surgir outros distúrbios associados como:
distúrbios da fala, distúrbios sensoriais (visão, audição e outros), convulsões, deficiência
mental, distúrbios percepto-motores como ocorrências mais freqüentes.
Hidrocefalia:
Caracterizada por retenção do líquido céfalo raquidiano (LCR) nos ventrículos ou no
espaço aracnoideano. Pode ser congênita (devido à uma anomalia) ou adquirida devido à
tumores, por exemplo). Resulta numa macrocefalia. Os principais cuidados são relativos aos
drenos, colocados cirurgicamente, para derivar o excesso de líquor (LCR). Mesmo assim, o
11
excesso de líquor pode levar à compressões no encéfalo levando à lesões, causando
deficiências motoras, sensoriais ou cognitivas e distúrbios comportamentais. As principais
implicações são: dificuldade de alinhamento corporal, alteração na sensibilidade cinestésica,
alteções no equilíbrio e postira, e dificuldades no movimento e alinhamento da cabeça.
Acidente vascular cerebral (AVC):
Definido como uma interrupção na circulação cerebral, levando à lesão de células de
áreas sensoriais e/ou motoras deixando sequelas correspondentes à área lesada. Sua
classificação topográfica e neuroanatômica é igual ao da paralisia cerebral.
Poliomielite:
É uma doença infecciosa causada por um vírus que ataca o tecido nervoso (medula
e/ou cérebro), geralmente as células motoras do corno anterior da medula. Acomete
principalmente crianças e adolescentes. Causa paralisia flácida. O vírus entra pelo tracto
intestinal se difundindo pela corrente sangüínea, se instalando nas células motoras. Pode
deixar fraqueza muscular, paralisia chegando a deformidades esqueléticas (atrofias).
Fases:
a) aguda: dura de 1 (uma) semana a 10 (dez) dias. O indivíduo apresenta tosse, febre,
náuseas, vômitos e fraqueza muscular. Apresenta como sinal um espasmo doloroso.
b) convalescença: dura de algumas semanas até alguns meses, terminando com a
recuperação muscular ou a definição das seqüelas .
c) crônica: inicia-se após o 18o mês.
A lesão é no sitema nervoso levando a seqüelas também no sitema ósteo muscular. Há
permanência da sensibilidade e ausência ou diminuição dos movimentos e da força muscular.
Este sinal é considerado como diferencial da lesão medular congênita ou por trauma.
Lesão medular:
12
É uma condição adquirida resultante de um trauma, lesão ou problemas de crescimento
e desenvolvimento. Geralmente ocorre em consequência de traumas, tumores, lesões por
armas, quedas, explosivos, acidentes com veículos motorizados, e algumas anormalidades
congênitas. Está se tornando cada vez mais freqüente. A maior incidência está entre indivíduos
entre 15 e 28 anos de idade (40% em consequência de acidentes automobilísticos, 20% por
quedas, 40% por disparos, acidentes esportivos, industriais e agrícolas). As lesões das
vértebras cervicais é a mais comum (C5 e C6) ea das vértebras toráxicas vem em segundo
lugar (T12 a L1).
Há perda de movimentos e sensibilidade abaixo do nível da lesão. São divididas em
lesões completas (totais) onde há perda das funções (motoras e de sensibilidade) abaixo do
nível da lesão; e incompletas (parciais) onde há permanência de alguma função muscular
residual além do local da lesão. A sensibilidade fica alterada.
São chamadas de paraplegia quando a lesão ocorre abaixo de T2 (quando os membros
inferiores - e as vezes também o tronco - são afetados totalmente) e de paraparesia (quando
os membros inferiores - e as vezes o tronco - são afetados parcialmente -lesões incompletas).
As tetraplegias são as lesões cervicais (quando os membros superiores, o tronco e os
membros inferiores são afetados totalmente) e as tetraparesias são aquelas onde os membros
superiores, o tronco e os membros inferiores são parcialmente afetados ( lesões incompletas).
Apresentam alterações secundárias como a perda ou alteração do controle urinário,
excretor e sexual. A tetraplegia leva à perda ou alteração do controle do sistema nervoso
simpático afetando a termorregulação, freqüência cardíaca, pressão sangüínea e outras
funções vitais. Há uma alta incidência de infecções renais, e urinárias onde os sinais mais
comuns são: face corada, febre, etc..
Deve-se evitar:
- contraturas, úlceras de decúbito e diminuição do gasto energético diário, o que pode levar a
obesidade.
- barreiras arquitetônicas, que dificultam o contato social normal e independente, dificultando a
integração do indivíduo na sociedade.
Epilepsia:
13
O estado de mal epiléptico é definido como duas ou mais convulsões sem um intervalo
de retorno à consciência. Representa verdadeira emergência por causa de possíveis
conseqüências de convulsões incontroladas, incluindo desidratação, aspiração, coma, anóxia e
lesão cerebral. O tratamento, além da manutenção das vias aéreas, prevenção de outras
lesões e reposição de líquido, deve incluir reposição eletrolítica, quando conveniente,
antibióticos para a infecção e drogas anti-convulsivantes por via parenteral. Também não
caracteriza uma deficiência motora, mas muitas vezes pode estar associada às patologias que
lesam o cérebro.
Convulsões:
São manifestações de disfunção cerebral transitória caracterizadas por descargas
neuronais hipersíncromas paroxísticas. Uma convulsão, porém, é apenas um sinal ou sintoma
de uma doença, não caracterizando portanto, uma deficiência. Elas são os distúrbios mais
comuns do sistema nervoso e podem ser indicativas de uma condição relativamente benigna
ou de uma doença fatal. As convulsões se classificam em generalizadas ou focais (nas quais o
mecanismo básico é a irritação da córtex cerebral e geralmente indicam patologia estrutural).
Classificação:
1) Corticais focais motoras:
a) Jacksoniana, onde há uma progressão ordenada de eventos motores, iniciando-se por
uma extremidade ou pela face;
b) Adversiva, onde os movimentos são unilaterais nas extremidades e acompanhados de
um desvio da cabeça e do pescoço;
2) Corticais focais psicomotoras: onde o estado psíquico fica alterado, caracterizado por
automatismos motores bem organizados e estereotipados. São geralmente precedidos por
aura olfatória, visceral ou vertiginosa.
14
3) Centrencefálicas motoras generalizadas: caracterizadas por perda de consciência, fases
tônica e clônica. O indivíduo pode morder a língua, Ter incontinência, confusão mental,
automatismos motores ou amnésia.
4) Centrencefálicas do Pequeno Mal: caracterizadas por perda do tônus. Fenômenos
motores biliares menores, sempre de curta duração e alta freqüência diária. Ocorre em
crianças mas raramente constitui uma emergência. Nos adultos que parecem apresentar
tais manifestações geralmente tem convulsões psicomotoras focais.
5) Convulsões histéricas: parecem uma convulsão motora generalizada, porém, os
movimentos são mais bizarros, podendo ser interrompidos por voz de comando ou outro
estímulo. Sempre há uma “platéia”. A crise de Grande Mal típica tem a seguinte seqüência:
Aura (eventos sensoriais ou motores durando poucos segundos), perda de consciência,
fase motora tônica (durando entre 15 a 20 segundos), tetania completa (durando cerca de 5
segundos), tetania incompleta (cerca de 15 segundos), fase clônica (com perda de controle
esfincteriano), descarga autonômica (respiração aumentada, sialorréia e taquicardia),
embotamento pós-convulsivo e confusão mental (as vezes acompanhado de dor de
cabeça).
6) Convulsões hipóxicas: geralmente são de natureza tônica, mas podem tornar-se
generalizadas dependendo do tempo e grau de hipóxia.
Tratamento:
1) A pessoa que presta os primeiros socorros deve manter-se calma, sem interferir nos
movimentos do indivíduo em crise.
2) Tire os objetos da área circundante para evitar ferimentos.
3) Vire-o de lado, impedindo que se engasgue ou sufoque, liberando vias aéreas.
4) Afrouxe as roupas.
5) Se não cessar em até 10 minutos, chame um médico.
6) Após cessar a crise, informe os pais ou responsáveis.
Avaliação do paciente convulsivo:
15
1. Se possível, observe cuidadosamente uma convulsão com especial atenção às
características assinaladas acima e o modo de aparecimento. Muitas convulsões
generalizadas tem um início focal.
2. Obtenha uma história do paciente ou de um informante digno de crédito.
Descrição da convulsão: sinais focais, aura, incontinência, etc.;
Freqüência das convulsões;
Relação com a mensuração, “stress”, etc.;
História pregressa de convulsões ou outros distúrbios neuropsiquiátricos;
Terapia com anticonvulsivantes;
Consumo de álcool;
Antecedentes pessoais, com referência especialmente ao diabetes e doenças
cardiovasculares.
3. Realize um exame físico com atenção a sinais de trauma craniano e/ou de outras partes do
corpo.
4. Ao final, informe o responsável ou ao médico.
Dentro dos distúrbios ortopédicos que podem levar à deficiência motora podemos destacar:
Amputação:
Definida como ausência congênita ou retirada, de um ou mais membros. Podemos ter
congênita (amielia, dismielia ou focomielia), ou adquirida (cirurgia, traumas, etc.).
Distrofia muscular:
Caracterizada pela deterioração progressiva da musculatura esquelética voluntária,
levando à incapacitação pela dificuldade ou ausência de contração muscular. Existem diversos
tipos, sendo o mais conhecida e o mais incapacitante o Ducchenne.
16
a) Duchenne – o tipo mais severo e precoce. Os primeiros sintomas aparecem em torno
dos 5 anos de idade e sua estimativa de vida não é de alcançar a vida adulta, devido
a atrofia da musculatura respiratória.
b) Becker - mais lenta que o tipo Duchenne, deixando maior estimativa de vida.
c) Distal – rara, porém menos deletéria.
d) Cintura-membros – inicia na região da cintura escupular e pélvica, depois envolve a
musculatura paraespinal. O indivíduo não paresenta problemas respiratórios, porem
pode adquirir deformidades ortopédicas.
e) Ocular – inicia pelos olhos e se espalha pela face, diminuindo a mímica facial.
f) Escapulo-peroneal – inicia na musculatura proximal dos membros superiores
(MMSS) e na musculatura dista pelos membros inferiores (MMI). Caua diversas
deformidades ortopédicas.
Esclerose múltipla:
É uma doença neurológica crônica e degenerativa que atinge adolescentes e adultos
(20-40 anos). Há uma desintegração (lenta) da camada de mielina que resulta no
endurecimento ou cicatrização do tecido que substitui a bainha de mielina. Resulta numa
incapacidade motora e eventualmente leva à morte. Apresentam sintomas como tremores,
problemas sensoriais variados; fraqueza muscular; tonturas; distúrbios emocionais leves;
paralisias e outras dificuldades motoras.
Geralmente as doenças músculo-esqueléticas são congênitas (distúrbios genéticos,
distúrbios do desenvolvimento) ou adquiridas (doenças infecto contagiosas, acidentes e
distúrbios do desenvolvimento).
Artrite:
Significa inflamação de uma articulação. É uma inflamação articular que causa dor
intensa na articulação e suas adjacências. Aparece em qualquer idade. A forma mais comum é
a artrite reumatóide, definida como uma doença sistêmica, onde o principal sintoma é o
envolvimento dos músculos e articulações. A forma mais grave da doença é a artrite
reumatóide juvenil que aparece antes dos 7 anos de idade, acometendo mais os indivíduos do
sexo feminino. Sua causa é desconhecida. Varia na severidade. Apresenta uma inflamação
17
leve, inchaço, rigidez articular e do tecido conjuntivo, chegando até a atrofia e deformidade
articular. O envolvimento geralmente é simétrico. Inicia-se nas pequenas articulações (mãos e
pés) com uma sensibilidade extrema chegando à dor. Geralmente ocorrem degenerações
articulares sendo necessário substituiçao cirúrgica de algumas articulações.
Artrogripose:
É uma condição congênita onde algumas articulações estão rígidas e deformadas. Pode
ser por fraqueza ou ausência de um músculo ou mesmo parte dele. Várias articulações podem
se tornar fixas ao nascimento. Não causa dor, mas limita os movimentos. A correção cirúrgica
não é possível.
Nanismo:
É o crescimento retardado (mais de 3 SD para qualquer faixa etária). Acondroplasia é
uma doença cromossômica autossômica, causada por um gene dominante que tem como
principal característica a ausência da cartilagem de crescimento dos membros. Nestes casos
há uma desproporção de tronco, membros e cabeça.
Osteomielite:
É uma infecção óssea, prevalente no ocidente, chamada de doença da infância. Pode
ser causada por “stafilococcus”, “streptococcus” ou “pneumococcus”. Acomete mais
freqüentemente a tíbia, fêmur ou úmero de um só membro. Ela pode ser aguda ou crônica.
Seus sintomas e severidade variam com o local de acometimento e o tempo de acometimento.
Osteogeneisi imperfecta:
É causada por um gene mutante (herança). O osso se torna leve e quebradiço
resultando em diminuição da densidade. Ao nascimento podem ocorrer fraturas que depois se
tornam recorrentes. As deformidades ocorrem como conseqüência das fraturas. Ocorrem
muitas contusões que diminuem com a adolescência. Geralmente estes indivíduos tem baixa
estatura.
18
Espinha bífida:
É um defeito congênito da coluna vertebral onde um ou mais arcos vertebrais não se
fecham completamente durante o desenvolvimento fetal. A natureza e a magnitude da lesão e
da paralisia dependem da severidade e da localização do defeito. A causa é desconhecida.
Sabe-se que quando o tubo neural não se desenvolve completamente, acaba fechando-se nos
primeiros 30 dias de gravidez.
Tipos:
a) oculta: marcada por uma "covinha", sinal ou tufo de pêlos. Pode passar desapercebida sem
o aparecimento de problemas neurológicos.
b) meningocele: é a forma tumoral com protrusão sacular junto a coluna vertebral, a qual
contém líquor, mas a medula e raízes nervosas permanecem em posição normal. É indicada a
remoção cirúrgica após o nascimento ou na primeira infância. Raramente deixa seqüelas.
c) mielomeningocele: é o tipo mais comum, mais severo. Há uma protrusão sacular contendo
líquor, porções medulares e fibras nervosas. É fechada cirurgicamente logo após o
nascimento. Quase sempre apresenta problemas neurológicos, hidrocefalia e deficiência
mental. Resulta em paralisia total ou parcial, distúrbios esfincterianos e falta de sensibilidade
abaixo do nível da lesão.
Histórico do esporte para pessoas portadoras de deficiência motora e suas
classificações:
O desenvolvimento do esporte para pessoas portadoras de deficiências físicas teve sua
origem na reabilitação dos veteranos da II Guerra Mundial, particularmente na Inglaterra e nos
Estados Unidos.
Na Inglaterra, Ludwig Guttmann (neurologista e neurocirurgião alemão radicado naquele
país) foi convidado, em 1944 pelo govêrno Britânico, para dirigir um centro para lesados
medulares no Hospital de Stoke Mandeville. Nos programas de tratamento dos pacientes
internados foi incluído uma série de modalidades esportivas, as quais foram adaptadas.
19
Posteriormente este centro se tornou centro de campeonatos mundiais da categoria (os quais
ocorrem até hoje).
Nos Estados Unidos o conceito de esporte competitivo foi dominante, marcado pela
direção e organização executada pelas próprias pessoas portadoras de deficiência.
Mais tarde o trabalho esportivo vinculado à reabilitação, que sempre foi divulgado pelo
Dr. Guttmann, tomou novos rumos com o aparecimento de outras organizações que dirigiam
os esporte para portadores de outras deficiências (que não a causada pela lesão medular).
No Brasil a história mostra a influência do esporte adaptado desnvolvido nos Estados
Unidos (divulgado por Sérgio Del Grande e Robson Sampaio de Almeida) e também do
conceito de reabilitação desnvolvido na Europa, uma vez que os fisioterapeutas tendem a
encaminhar mais pacientes para estas atividades, além de ministrá-las, uma vez que os
profissionais de Educação Física e Esporte pouco tem se dedicado à esta área.
Hoje o Brasil possui diversas entidades que dirigem o Esporte para pessoa portadoras
de deficências motoras: ANDE, ABRADECAR e ABDA. Cada uma delas tem filiação
internacional correspondente: ISMGF, ISOD, CP-ISRA. Em épocas de Paraolimpíadas
formava-se um comitê com representantes de cada entidade, constituindo o IPC, que hoje é
um órgão permanente.
Cada uma dessa entidades normatiza a participação dos atletas, procurando promover a
competição justa e o mais adequada quanto o possível às possibilidades deos participantes.
Inicialmente foi criada a classificação que se baseava em critérios médicos (IA, IB, IC, II, III, IV,
V e VI). Mais tarde outras entidades procuraram criar um sistema de classificação para cada
tipo de sequela segundo sua origem, ou seja, para amputados (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8,
A9), para paralisados cerebrais (CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7 e CP8), para "Les
Autres" (LA1, LA2, LA3, LA4, LA5 E LA6). Mais tarde, iniciou-se um movimento no basquete
em cadeira de rodas que pretendia modificar o conceito da classificação, baseando-a na
funcionalidade motora do indivíduo com relação às demandoas motoras da modalidade. Essa
classificação é dinâmica e ainda recentemente sofreu modificações (1; 1,5; 2; 2,5; 3; 3,5; 4;
4,5) para adequar as capacidades dos indivíduos às solicitações do jogo, procurando criar uma
competição mais justa.
Seguindo a experiência do basquete, outras modalidades procuram seguir o mesmo
conceito, até mesmo numa tentativa de promover a integração entre os portadores das várias
deficiências motoras. Por este motivo essas classificações ainda estão passando por
20
modificações constantes, dificultando o aprendizado e divulgação das mesmas para as
pessoas não envolvidas nos movientos esportivos.
Barreiras arquitetônicas:
Para que se consiga um desenvolvimento sócio-afetivo adequado é necessário que as
pessoas portadoras de deficiências tenham acesso aos locais de educação, saúde, recreação
e lazer. Muitas vezes observamos que apesar de se procurar desnvolver programas de
atendimento e recuperação, o governo e a sociedade em geral esquecem de facilitar o acesso
dessas pessoas às situações comuns da vida. Existe uma legislação que determina normas de
construção de prédios públicos os quais devem permitir o acesso às pessoas portadoras de
deficiências motoras. Mas o que se observa é que o prório governo é que deixa de cumprir
essa legislação, dificultando a divulvação e o incentivo particular de respeitar tais critérios.
Isso garantiria a concientização da sociedade da existência dessas pessoas, procurando
preservar os direitos básicos de cidadania eliminando as formas excludente de acesso aos
benefícios sociais, bem como eliminando a discriminação. O símbolo internacional de acesso
(fig.1) aparece em qualquer lugar do mundo onde tenham sido removidas as barreiras
ambientais. Essas barreiras ambientais são: escadas, portas estreitas, degraus de calçadas,
banheiros estritos e sem apoio adequado, maçanetas, torneiras, interruptores de luz, telefones
públicos, meios de tranporte públicos, estacionamentos e muitos outros.
Figura 1 - Símbolo internacional de acesso.
21
No caso de escolas e centros esportivos é necessário que o técnico ou professor de
educação física que pretenda trabalhar com pessoas portadoras de deficiências motoras
conheça as barreiras arquitetônicas existentes em seu local de trabalho e procure superá-las
facilitando o acesso de seus alunos.
O símbolo internacional de acesso deve ficar colocado em todo local reservado ou
adaptado para pessoas portadoras de deficiências motoras.
Atividades em cadeira de rodas e as regras adaptadas:
A maioria das crianças inicia a prática regular de atividades físicas dirirgidas durante a
fase escolar. Aquelas que são portadoras de deficiências motoras muitas vezes são
dispensadas dessa atividades, privando-se da experimentação de suas potencialidades e
limitações no plano motor. Além disso, poucos profissionais da Educação Física e do Esporte
estão habilitados a entender e atender as necessidades dessas crianças.
Inicialmente aquelas que se utilizam de cadeira de rodas para sua locomoção já devem
estar habituadas a manejar esta cadeira para participar de programas de atividades motoras,
uma vez que este treinamento inicial deve ser feito nos centros de reabilitação. Na escola, a
criança deve explorar os locais para a prática de atividades físicas, desenvolver agilidade no
manejo da cadeira, bem como procurar vencer obstáculos que, até então eram pouco
explorados ou desconhecidos. Podemos citar algumas habilidades básicas:
- posicionamento
- empunhadura ou pegada
- deslocar-se para frente e para trás com ambas as mãos
- frenagem
- girar para esquerda e para a direita de 45o até 360o
- deslocar-se entre obstáculos
- subir e descer degraus
- empinar a cadeira e executar giros nesta posição
- deslocar-se com a cadeira na posição empinada
- desenvolver agilidade e destreza na cadeira visando mudanças de direção rápidas
- aprender a manejar a cadeira com apenas uma das mãos
22
- manejar a cadeira com uma das mãos e manipular outro objeto com a outra mão (ex: lançar
e receber uma bola)
- passar entre obstáculos e executar giros durante o trajeto visando ocupar o menor espaço
para o deslocamento.
- aumentar a capacidade de resistência ao deslocamento
- aumentar a velocidade do deslocamento
A partir daí o indivíduo estará pronta para iniciar o conhecimento das regras de
modalidades esportivas, adaptadas ou não para a prática em cadeira de rodas. Muitas vezes,
percebe-se que os adolescentes e adultos nunca passaram por estas experiências, limitando-
se à um deslocamento precário na cadeira de rodas o que limita suas possibilidades de acesso
às atividades profissionais, educacionais, esportivas, de recreação e de lazer.
Dentro das modalidades esportivas podemos encontrar adaptações de regras para a
prática em cadeira de rodas no basquete, no volei, no atletismo (pista e campo), arco e flecha,
bocha, esgrima, tiro ao alvo, tênis de mesa e tenis de campo, dentre outros. Existem também
as modalidaes esportivas que são adaptadas para quem é dependente da cadeira de rodas,
mas pode se libertar dela para praticar tais atividades, com por exemplo o volei sentado, a
natação, halterofilismo. Existem também modalidades que foram criadas exclusivamente para
os dependentes da cadeira de rodas, utilizando o equipamento e a limitação motora como
determinantes da prática, como o rugby em cadeira de rodas.
As adaptações procuram se adequar ao máximo as regras já existentes, minimizando
assim a segregação já imposta pela condição deficiente. Os locais a serem utilizados devem
ser na maioria das vezes os mesmos que os utilizados pela modalidade sem adaptações. A
construção de novos locais ou transformação dos já existentes encontra muita resistência,
sendo o principal motivo alegado a dificuldade de se conseguir recursos financeiros ou de se
investir muito para tão poucos, uma vez que a parcela da população portadora de deficiências
que procura ou sabe da possibilidade da prática esportiva é bastante reduzida. Mesmo assim,
quando uma modificação se torna necessária, procura-se planejar a atividade com
aproveitamento dos recursos já existentes e poucas modificações a serem executadas.
Em geral o tempo, o número de jogadores e alguns fundamentos são modificados a fim
de permitir e facilitar a execução da modalidade.
23
Atividades físicas com amputados, paralisados cerebrais e "Les Autres":
De forma geral os portadores de deficiências motoras devem ser estimulados a praticar
atividades físicas desde cedo, procurando assim tomar consciência de suas limitações mas
também de suas potencialidades. Cada patologia apresenta características particulares que
podem se tornar um impediemnto na vida do indivíduo com podem ser facilmente superads ou
ser motivo de prover a busca da independência e desnvolvimento.
Entre os médicos é de consenso que os amputados podem executar qualquer atividade
desde que a prótese esteja bem adaptada. Quando atividades vigorosas forem desenvolvidas
recomenda-se que a prótese seja adequada à essas sobrecargas e impactos, além de se
desenvolver o equilíbrio, coordenação, agilidade, resistência e velocidade. O equilíbrio é o
aspecto da performance motora que tras maiores problemas aos amputados. Aqules que
possuem amputação unilateral dos membros inferiores devem aprender a utilizar o membro
remanescente a chutar bola enquanto o protetisado mantém o peso do corpo; ao subir degraus
deverá iniciar com o membro remanescente; ao descer degraus executar exatamente da
maneira inversa.
O amputado bilateral tem amis dificuldades nas mesmas atividades, às
vezesnecessitando do auxílio de muletas. Com relação aos membros superiores apresentam
dificuldades nas habilidades manipulativas e nas modalidades esportivas que se utilizem de
implementos, pois o membro superior amputados não promove o equeilíbrio necessário pelo
princípio da oposição.
Sugere-se o desenvolvimento de atividades que promovam o equilíbrio, provam a
postura e agilidade. As atividades desenvolvidas sem a utilização da prótese também são
recomendadas, uma vez que podem promover e desenvolver uma maior conhecimento
corporal e até descobrir novas amplitudes e limitações dos movimentos. Existem também
atividades desenvolvidas com muletas, como futebol. Os esportes que são praticados pelos
amputados à nível de competições internacionais são: futebol de muletas, atletismo (pista -
com prótese ou cadeira de rodas e campo - com e sem prótese ou cadeira de rodas), natação,
basquete em cadeira de rodas, voleibol sentado, voleibol em pé (com prótese), halterofilismo,
tenis de mesa (sentado ou em pé), tenis de campo (entado e em pé), ciclismo (com e sem
prótese), e muitas outras modalidades.
Os portadores de lesões medulares, poliomielite, mielomeningocele locomovem-se em
cadeira de rodas, por isso parte de seu sucesso nas atividades físicas depende da cadeira
24
adequada, com encosto, inclinações e tamnhos adequados. As modalidades esportivas
desenvolvidas com cadiras de rodas são: basquete, tenis de mesa e campo, atletismo (pista e
campo), e muitas outras atividades coletivas ou individuais podem ser desenvolvidades com
cadeiras de rodas. Algumas atividades como dança e ginástica podem ser desenvolvidas com
e sem a utilização da cadeira de rodas. Outras atividades são desenvolvidas sem a utilização
de qualquer auxílio, seja em cadeira de rodas, muletas ou órteses como a natação.
Os portadores de distúrbios de origem neurológica também podem passar pelas
cituações descritas acima. Sua dificuldade maior está na coordenação e execução de
movimentos harmônicos, ritimados e suaves. As alterações de tônus levam à limitações da
amplitude dos movimentos bem como no rítimo dos mesmos. Normalmente aqueles que
possuem um aumento de tônus, precisam trabalhar suas amplitudes de movimento bem como
procurar promover relaxamento para facilitar a execução de movimentos, deslocamentos e
transferências posturais. Vencida esta etapa as habilidades manipulativas devem ser
exploradas e desenvolvidas. Num terceiro momento a integração destas atividades pode ser
estimulada facilitando a coordenação e procurando desenvolvera agilidade.
Os esportes para paralisados cerebrais mais comuns são: bocha, natação , atletismo,
futebol de salão, futebol de 7, ciclismo, além de atividades desenvolvidas especificamente para
esses indivíduos.
De maneira geral muitas são as possibilidades já conhecidas, mas a inteiração
professor/aluno, aluno/aluno promove novas descobertas que somente situações particulares
desse entrosamento é que farão surgir novas possibilidades. Cabe aos profissionais que tiverm
essa oportunidade soltar sua imaginação e a criatividade, dando oportunidade aos alunos de
expressarem ao máximo suas potencialidades, colocando, à medida do possível, desafios
maiores.
Bibliografia:
BLECK, E. Cerebral palsy. In Physically handicapped children - A medical atlas for teachers.
Grune and Stratton - A subsidiary of Harcourt Brace Jovanovich Publisher, 1982.
BLOWMQUIST, B. Classificação funcional da natação. Texto não publicado, 1988.
25
DE PAUW, K. P. Sport for individuals with disabilities. Adapted Physical Activity Quarterly,
5(2):119-124, 1988.
DE PAUW, K. P. & GRAVON, S. Disability Sport. Champaign, Human Kinetics. 1995.
EICHSTAEDT, C. B. e KALAKIAN, L. H. Developmental/adapted physical education: making
ability count. New York, Mac Millan Publishing Company, 1987.
MATTOS, E. Adaptação ao meio líquido para crianças portadoras de paralisia cerebral: uma
proposta de avaliação. Dissertação de mestrado, São Paulo, EFEUSP, 1994.
NUGENT, T. Y.. Research and demonstration needs for the physically handicapped. Journal of
Health, Physical Education and Recreation, maio, 47-48, 1969.
PEDRINELLI, V. J. Educação física adaptada: a criança portadora de DM, DA, DV,DF e a
prática de atividada física. São Paulo, Apostila do Departamento de Ginástica da Escola de
Educação Física da Universidade de São Paulo, 1991.
SEAMAN, J. A. e DE PAUW, K. P. The new adapted physicall education - a developmental
approach. Palo Alto, California Mayfield Company, 1982.
STAINBACK, S., STAIBACK, W., WEHMAN, P., SPANGURS, L. Acquisition and
WINNICK, J. P. e SHORT, F. X. Physical fitness testing for disabled. Champaign, Human
Kinetics Publisher Inc., 1985.
WINNICK, Joseph P. Adapted physical education and sport. Champaign, IL, Human Kinetics,
1995.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Atividades motoras-e-esportivas-na-deficiencia-fisica

2 avaliacaomultidimensionaldoidoso
2 avaliacaomultidimensionaldoidoso2 avaliacaomultidimensionaldoidoso
2 avaliacaomultidimensionaldoidosoSandra Martins
 
Fisioterapia - As Várias Maneiras de Cuidar
Fisioterapia - As Várias Maneiras de CuidarFisioterapia - As Várias Maneiras de Cuidar
Fisioterapia - As Várias Maneiras de CuidarMárcio Borges
 
Deficiência mental
Deficiência mentalDeficiência mental
Deficiência mentalTeeOliveira
 
Apostila-DEFICIENTE VISUAL- EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO
Apostila-DEFICIENTE VISUAL-  EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃOApostila-DEFICIENTE VISUAL-  EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO
Apostila-DEFICIENTE VISUAL- EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃORosane Domingues
 
Avaliação multidimensional do idoso
Avaliação multidimensional do idosoAvaliação multidimensional do idoso
Avaliação multidimensional do idosoJanaina de Paula
 
Deficiencia Visual
Deficiencia VisualDeficiencia Visual
Deficiencia VisualCassia Dias
 
Simulado Enem 2013 - Educação Física
Simulado Enem 2013 - Educação FísicaSimulado Enem 2013 - Educação Física
Simulado Enem 2013 - Educação FísicaSavioCesarB
 
Paralisia cerebral
Paralisia cerebralParalisia cerebral
Paralisia cerebraltevl
 
Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...
Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...
Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...Juliana Borges
 
Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013
Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013
Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013Fernanda Rezende Pedroza
 
Diego emanuel gobbo
Diego emanuel gobboDiego emanuel gobbo
Diego emanuel gobbocatjust
 
A Educação Física e os portadores de deficiência
A Educação Física e os portadores de deficiênciaA Educação Física e os portadores de deficiência
A Educação Física e os portadores de deficiênciaKatia Leite
 

Semelhante a Atividades motoras-e-esportivas-na-deficiencia-fisica (20)

2 avaliacaomultidimensionaldoidoso
2 avaliacaomultidimensionaldoidoso2 avaliacaomultidimensionaldoidoso
2 avaliacaomultidimensionaldoidoso
 
Fisioterapia - As Várias Maneiras de Cuidar
Fisioterapia - As Várias Maneiras de CuidarFisioterapia - As Várias Maneiras de Cuidar
Fisioterapia - As Várias Maneiras de Cuidar
 
Deficiência mental
Deficiência mentalDeficiência mental
Deficiência mental
 
As suas marcas
As suas marcasAs suas marcas
As suas marcas
 
Deficiências
DeficiênciasDeficiências
Deficiências
 
Educação Inclusiva
Educação InclusivaEducação Inclusiva
Educação Inclusiva
 
Apostila-DEFICIENTE VISUAL- EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO
Apostila-DEFICIENTE VISUAL-  EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃOApostila-DEFICIENTE VISUAL-  EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO
Apostila-DEFICIENTE VISUAL- EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO
 
Avaliação multidimensional do idoso
Avaliação multidimensional do idosoAvaliação multidimensional do idoso
Avaliação multidimensional do idoso
 
Core sets da CIF
Core sets da CIFCore sets da CIF
Core sets da CIF
 
inclusão social
inclusão socialinclusão social
inclusão social
 
Deficiencia Visual
Deficiencia VisualDeficiencia Visual
Deficiencia Visual
 
Simulado Enem 2013 - Educação Física
Simulado Enem 2013 - Educação FísicaSimulado Enem 2013 - Educação Física
Simulado Enem 2013 - Educação Física
 
Deficiências
DeficiênciasDeficiências
Deficiências
 
Paralisia cerebral
Paralisia cerebralParalisia cerebral
Paralisia cerebral
 
Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...
Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...
Contribuições da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com síndr...
 
Natacao inclusiva
Natacao inclusivaNatacao inclusiva
Natacao inclusiva
 
Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013
Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013
Educação especial ciências possibilidades e perspectivas - 2013
 
Sem barreiras
Sem barreirasSem barreiras
Sem barreiras
 
Diego emanuel gobbo
Diego emanuel gobboDiego emanuel gobbo
Diego emanuel gobbo
 
A Educação Física e os portadores de deficiência
A Educação Física e os portadores de deficiênciaA Educação Física e os portadores de deficiência
A Educação Física e os portadores de deficiência
 

Mais de Ivone Reges

Helvecio siqueira
Helvecio siqueiraHelvecio siqueira
Helvecio siqueiraIvone Reges
 
Aplv guia 35-6 sbai
Aplv guia 35-6 sbaiAplv guia 35-6 sbai
Aplv guia 35-6 sbaiIvone Reges
 
V.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidades
V.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidadesV.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidades
V.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidadesIvone Reges
 
Nutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagem
Nutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagemNutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagem
Nutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagemIvone Reges
 
Manual alimentacao saudavel
Manual alimentacao saudavelManual alimentacao saudavel
Manual alimentacao saudavelIvone Reges
 
Apostila de reumatologia
Apostila de reumatologiaApostila de reumatologia
Apostila de reumatologiaIvone Reges
 
Apostilafisiopatologia2
Apostilafisiopatologia2Apostilafisiopatologia2
Apostilafisiopatologia2Ivone Reges
 
Mensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-mae
Mensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-maeMensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-mae
Mensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-maeIvone Reges
 
Visita de um_anjo_1
Visita de um_anjo_1Visita de um_anjo_1
Visita de um_anjo_1Ivone Reges
 
Oracao do internauta
Oracao do internautaOracao do internauta
Oracao do internautaIvone Reges
 
Viver como se_nao_houvesse
Viver como se_nao_houvesseViver como se_nao_houvesse
Viver como se_nao_houvesseIvone Reges
 
Dia das maes_2013
Dia das maes_2013Dia das maes_2013
Dia das maes_2013Ivone Reges
 

Mais de Ivone Reges (20)

Psi edu
Psi eduPsi edu
Psi edu
 
Manual web
Manual webManual web
Manual web
 
Helvecio siqueira
Helvecio siqueiraHelvecio siqueira
Helvecio siqueira
 
Cp036270 cópia
Cp036270   cópiaCp036270   cópia
Cp036270 cópia
 
Pai nosso 3
Pai nosso 3Pai nosso 3
Pai nosso 3
 
Apostila cipa
Apostila cipaApostila cipa
Apostila cipa
 
Aplv guia 35-6 sbai
Aplv guia 35-6 sbaiAplv guia 35-6 sbai
Aplv guia 35-6 sbai
 
V.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidades
V.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidadesV.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidades
V.6 n.1 art4.pesq-caracteriza%e7%e3o-de-crian%e7as-com-necessidades
 
Nutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagem
Nutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagemNutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagem
Nutricao saude-1-capitulo-1-ano-de-enfermagem
 
Manual alimentacao saudavel
Manual alimentacao saudavelManual alimentacao saudavel
Manual alimentacao saudavel
 
Educacao fisica
Educacao fisicaEducacao fisica
Educacao fisica
 
Apostila de reumatologia
Apostila de reumatologiaApostila de reumatologia
Apostila de reumatologia
 
Apostila cipa
Apostila cipaApostila cipa
Apostila cipa
 
Apostilafisiopatologia2
Apostilafisiopatologia2Apostilafisiopatologia2
Apostilafisiopatologia2
 
Mensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-mae
Mensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-maeMensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-mae
Mensagem pps-dia-das-maes-poema-minha-mae
 
Visita de um_anjo_1
Visita de um_anjo_1Visita de um_anjo_1
Visita de um_anjo_1
 
Oracao do internauta
Oracao do internautaOracao do internauta
Oracao do internauta
 
Viver como se_nao_houvesse
Viver como se_nao_houvesseViver como se_nao_houvesse
Viver como se_nao_houvesse
 
Dia das maes_2013
Dia das maes_2013Dia das maes_2013
Dia das maes_2013
 
Anjo amigo
Anjo amigoAnjo amigo
Anjo amigo
 

Atividades motoras-e-esportivas-na-deficiencia-fisica

  • 1. 1 Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade física adaptada e saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira DEFICIÊNCIAS E SEUS TIPOS: ATIVIDADES MOTORAS, ESPORTIVAS E RECREATIVAS PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA MOTORA Elisabeth de Mattos INTRODUÇÃO: Ate a década de 70 não havia proposta definida para definir e classificar as consequências das doenças. Essa falta de padronização ocasionava uma enorme gama de termos utilizados. Em 1976 a Organização Mundial de Saúde publicou uma classificação das deficiências e desvantagens, a qual foi modificada em 1980, porém sua versão oficial era na língua inglesa. Em 1989 uma publicação do Secretariado Nacional de Reabilitação de Portugal publicou uma versão na língua portuguesa, para tal classificação, onde se encontra a seguinte definição: Deficiência é qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. Por envolver uma perda, pode significar prejuízo ou dano. Representa a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico. O termo “pessoas deficientes” refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual normal, em decorrência de uma deficência congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais (ONU, 1975). CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS QUE LEVAM À DEFICIÊNCIA: Podemos dividir os distúrbios em congênitos (quando as anormalidades da estrutura ou da função são aparentes ao nascimento) ou adquiridos, permanentes ou temporários, crônicos (quando ocorrem no decorrer da vida mas tem pouca possibilidade de reversão do estado
  • 2. 2 patológico) ou agudos (quando o indivíduo se encontra em um período de manifestação intensa do quadro patológico mas este tende a permanecer por um certo período de tempo e depois pode se reverter) e progressivos e não progressivos. As condições adquiridas ou agudas são aquelas que resultam de um trauma, doença ou problemas de crescimento e desenvolvimento. Os problemas temporários são aqueles que terminam, depois de um certo espaço de tempo, devolvendo a condição anterior do indivíduo ou mesmo melhorando após sua ocorrência (distúrbios do crescimento, correções cirúrgicas ou aparelhos). Já as condições permanentes são aquelas que não regridem e deixam seqüelas por toda a vida do indivíduo. Os problemas progressivos são aqueles que se agravam com o decorrer do tempo, tornando as seqüelas mais severas. Os distúrbios não progressivos não aumentam as seqüelas com o decorrer do tempo. _________________________________________________________________________ * Professora Doutora do Departamento de Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo(EEFEUSP). Coordenadora do Grupo de Estudos Esporte e Deficiência da EEFEUSP. ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA DAS DEFICIÊNCIAS: A etiologia dos distúrbios do nascimento é freqüentemente desconhecida. Estima-se que 20% sejam causados por fatores hereditários, 20% causado por fatores ambientais (vírus, parasitas, bactérias ou infecções da mãe) e 60% seja o resultado de uma interação da hereditariede e dos fatores ambientais. As deficiências podem ser consequências de traumas, tumores, patologias congênitas ou adquiridas. Algumas destas patologias serão descritas mais adiante. Segundo a Organização Mundial de Saúde 10% da população mundial é portadora de algum tipo de deficiência. Dois terços desta população vive em países do terceiro mundo. No Brasil sabe-se que esta porcentagem é confirmada, segundo dados do IBGE de 1996. CLASSIFCAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS:
  • 3. 3 Segundo SEAMAN e DePAUW (1982) consideramos a seguinte classificação das pessoas portadoras de necessidades especiais (nas quais se incluem as portadoras de deficências): a) Deficiência mental b) Deficiência sensorial b1) Deficiência auditiva b2) Deficiência visual c) Deficiência física (ou motora) d) Distúrbios de saúde e) Distúrbios de fala ou linguagem f) Distúrbios de aprendizagem g) Combinações das categorias anteriores Neste trabalho descreveremos apenas os principais distúrbios que levam aos três primeiros grupos de deficiência, cognitiva, sensorial e motora, onde haverá ênfase para este último. DEFICIÊNCIA MENTAL: Também conhecido como retardo ou atraso mental, o termo refere-se às limitações substanciais em certas capacidades pessoais. Manifesta-se com um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, coexistindo com dificuldades relacionadas em duas ou mais das seguintes áreas de aptidões adaptativas: 1- Comunicação 6- autonomia 2- cuidados pessoais 7- saúde e segurança 3- aptidões sociais 8- habilidades acadêmicas funcionais 4- vida doméstica 9- lazer 5- uso de recursos da comunidade 10- trabalho O atraso aparece antes dos 18 anos de idade. Atualmente o grau de acometimento divide este grupo em duas categorias: leve e grave. A patologia que mais leva à deficiência mental é a Síndrome de Down.
  • 4. 4 Apresentamos algumas sugestões de ensino de atividades motoras através das seguintes orientações encontradas em Pedrinelli, 1991 e Seaman & DePauw, 1982. A progressão das atividades deve ser lenta, onde se oferece inicialmente atividades familiares. As informações devem ser fornecidas de maneira clara e objetiva, utilizando exemplos concretos. Esteja ciente do nível de atenção dos alunos, mantendo uma abordagem firme e positiva. Baseie as novas experiências em movimentos aprendidos previamente. Apresente idéias de forma lenta, fornecendo poucas informações de cada vez. Utilize demonstrações. Ofereça experiências que permitam a participação de cada indivíduo e elogie as tentativas, reforçando o bom desempenho. Inclua estrutura e rotina nas aulas, oferecendo oportunidades de tomadas de decisão e ações independentes. Mantenha um equilíbrio entre as atividades vigorosas e menos vigorosas. No caso da síndrome de Down, procure informar-se a respeito da instabilidade atlanto-axial que pode determinar a limitaçao de algumas atividades. As atividades esportivas são corrdenadas pela Federation for Intelectual Disability – International Association of Sport (INAS- FID), a qual é filiada ao Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) e pela Special Olympic International (SOI), ligada à Fundação Kennedy, que tem filiais e sucursais em diversos países do mundo. No Brasil a Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais (ABDEM) é filaida à INAS-FID e temos uma sucursal da SOI. DEFICIÊNCIA VISUAL: Refere-se à perda parcial ou total da visão. A classificação é feita em relação ao déficit da acuidade visual à distância e ao campo visual. Caracteriza-se como cego aquele que possui uma acuidade visual de até 6/60 ou um campo visual de até 10%. Aquele que tem visão residual (amblíope) possui acuidade visual entre 6/60 até 18/60 ou um campo visual entre 10 e 20%. Existe também uma classificação esportiva para essa acuidade e para o campo visual, que ira dividir os competidores em 3 classes: B1, B2 e B3. Inicialmente é necessário uma avaliação das diferenças básicas perceptivas, intelectuais e emotivas para se iniciar um programa de atividades motoras. Eles possuem habilidades desiguais. Os cegos de nascença revelam uma maior falta de discriminação direita-esquerda
  • 5. 5 em seu campo de ação, porém percebem melhor as inclinações do solo. A percepção de obstáculos é conseguida através da reflexão dos indícios auditivos. Por isso é fundamental a utilização desse canal sensorial, procurando desenvolver a aula em um ambiente sem ruídos sonoros para facilitar a identificação dos sinais auditivos. Sem ele não é possível executar giros com precisão. O treinamento tátil sistemático facilita a estruturação do esquema corporal e da estruturação espaço-temporal. A mobilidade do cego depende de uma boa orientação. Existem cursos para treinamento de orientação e mobilidade, que são indicados para estes fins. Os profissionais que venham a trabalhar com grupos específicos de portadores de deficiência visual devem conhecer os princípios e orientações desenvolvidos nestes cursos. Este recurso facilitará no planejamento e desenvolvimento do ensino de pratica de atividades motoras com este grupo. Uma estratégia muito utilizada é o aumento das dimensões dos objetos para os alunos com baixa acuidade. A inclusão de objetos sonoros e que estimulem a manipulação geralmente facilita o desenvolvimento e o progresso motor.. Ao organizar o espaço em que irá trabalhar, certifique-se de que não existem obstáculos desnecessários. Quanto aqueles que eventualmente venham existir, informe os alunos e deixe-os senti-los orientando como lidar com os mesmos. Informe a respeito dos cuidados a serem tomados na orientação do espaço. Isso facilita o reconhecimento e o mapeamento mental do local. Utilize pistas ambientais como: vento, sinais sonoros, odores e para os que possuírem resíduo visual, refira-se em relação à área mais iluminada ou à direção da fonte luminosa. Dirija-se aos alunos sempre pelo nome. Nesse sentido, converse com eles a respeito de como eles costumam se identificar. Geralente preferem o termo "cego" ao portador de deficiência visual. Essa conversa pode abrir oportunidade para se identificar muitas caracteristicas emocionais do indivíduo e principalmente sua aceitaçao da deficiência. Permita o desenvolvimento da memória cinestésica através de tarefas dirigidas e expontâneas. As atividades rítmicas devem ser oferecidas visando melhora da expressão corporal. As atividades esportivas são coordenadas pela International Blind Sports Association (IBSA), filiada o IPC e no Brasil, pela ABDC, filiada ao CPB. DEFICIÊNCIA AUDITIVA:
  • 6. 6 Deficiência auditiva refere-se à perda parcial ou total da audição. A audição serve, além da identificação de estímulos sonoros, para avaliação de distâncias e manutenção e orientação do estado de alerta. A classificação da perda auditiva (FERREIRA, 1994) se faz de acordo com a localização, onde temos surdez: condutiva e neurosensorial, e de acordo com a perda auditiva, onde temos a seguinte divisão: Leve: 25 a 40 dB Moderada: 40 a 55 dB Acentuada: 55 a 70 dB Grave: 70 a 90 dB Profunda acima de 90 dB O equilíbrio dos deficientes auditivos estará alterado se os canais semicirculares forem afetados. Isto resulta em distúrbios vestibulares, o que dificulta o desenvolvimento de muitas ações, dentre elas as mudanças de direção. As atividades no meio líquido são úteis, pois permitem treinar as reações de equilíbrio pelas informações cinestésicas e visuais. Cuidado apenas com as infecções de ouvido. Em alguns casos, estes indivíduos são mais sensíveis a este tipo de distúrbio.A mímica e a facilitação da leitura labial devem ser garantidas nas situações de aula e treinamentos. Durante competições se utilizam sinais luminosos que substituem o sinal de partida sonoro. O favorecimento da estruturação espaço-temporal é importante para o desenvolvimento das atividades. Geralmente a percepção rítmica está prejudicada. A capacidade cognitiva está preservada mas é preciso que se ofereça estimulação adequada. Pode haver uma dificuldade em abstrair, rigidez de pensamento e menor amplitude de significado dos símbolos verbais. Isso resulta geralmente em desempenho acadêmico inferior, problemas com sintaxe na expressão e comunicação, além de sinais de dificuldades de raciocínio lógico. Os aspectos emocionais também devem ser levados em consideração. As atividades grupais devem ser oferecidas e estimuladas. As atividades esportivas são coordenadas no nível internacional pela Confederation International des Sports des Surds (CISS) e no Brasil pela Confederção Brasileira de Desportos para Surdos (CBDS).
  • 7. 7 DEFICIENCIA FÍSICA (OU MOTORA): Deficiência motora caracteriza-se por um distúrbio da estrutura anatômica ou da função, que interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo (TELFORD & SAWREY, 1978; SEAMAN & DE PAUW, 1982). Refere-se aos problemas ósteo-musculares ou neurológicos que afetam a estrutura ou a função do corpo, interferindo na motricidade. Ela é caracterizada por um distúrbio na movimentação e/ou locomoção do indivíduo (MATTOS, 92). Essa categoria é extremamente heterogênea, pois as causas da deficência são diversas, apresentando uma variedade de quadros motores. Algumas características gerais podem ser destacadas, embora generalizações não sejam tão recomendadas. A extensão e a natureza da deficiência também são variáveis que levam à níveis diferentes de ajustes sociais e emocionais. No Brasil quase não conhecemos escolas especiais para pessoas portadoras de deficiência física ou motora (termo que será utilizado neste texto por definir e destacar mais claramente qual a área afetada em questão). Quando existem, elas costumam se destinar à crianças com deficiências múltiplas, com componente marcante na área motora (MATTOS, 94). Isto no faz acreditar que a parte da população infantil portadora de deficiência motora deve frequentar escolas regulares, uma vez que o programa de disciplinas teóricas não precisa ser alterado. Na realidade não é isto que acontece. As escolas em sua maioria não estão preparadas para receber alunos com disfunções motoras, possuindo diversas barreiras arquitetônicas, ou até dispensando-os das aulas de educação física por diversas razões. Isto produz uma série de reações emocionais e socias tornando o desenvolvimento desses indivíduos também alterado. Surgem então problemas com a auto-imagem, consciência corporal, motivação e avaliação real das capacidades e limitações, tanto por parte dos professores como por parte dos próprios alunos. A partir de então procura-se destacar os princiapis problemas que se relacionam com a prática de atividades físicas das pessoas portadoras de deficiência motora, bem como apresentar as oportunidades e adaptações já efetuadas para facilitar o acesso destas pessoas à prática de atividades físicas, nos seus vários níveis. SUB-CLASSIFICAÇÕES: Quanto à natureza, podemos dividir em:
  • 8. 8 1- Distúrbios ortopédicos - que referem-se a problemas originados nos músculos, ossos e/ou articulações. 2- Distúrbios neurológicos - que referem-se a deterioração ou lesão do sistema nervoso. Terminologia: As pessoas que usam próteses, muletas, cadeira de rodas ou necessitam do auxílio de órteses, carregam muitos rótulos: aleijado, deficiente, impedido, inábil. Cada um tem preferência pessoal que deseje ser chamado e isto deve ser perguntado. Alguns autores descrevem leves diferenças de significado, mas deficiência física é a designação genérica. Ficaria mais claro se fosse utilizado a designação "motora", ao invés de "física", indicando que existe um distúrbio nessa área especificamente (MATTOS, 94). Estes problemas podem ter diversas origens, das quais serão descritas apenas as patologias mais comuns. Fisiopatologia de algumas doenças e situações que levam à deficiências motoras: Dentro dos distúrbios neurológicos que podem levar à deficiência motora podemos destacar: Paralisia cerebral (encefalopatia crônica da infância): É um distúrbio não progressivo da motricidade, que evidencia-se na movimentação e postura. Esse distúrbio é causado por uma lesão ou mal funcionamento do cérebro, o qual ocorre antes dos 3 (três) anos de idade. Exemplifica o grupo dos distúrbios neurológicos da deficiência motora. Geralmente refere-se ao portador de “PC” (paralisia cerebral|). Causas: 86% são provenientes de fatores pré e peri-natais
  • 9. 9 14% são provenientes de fatores pós-natais. A incidência diminui conforme melhora o conhecimento e o desenvolvimento dos serviços de saúde. Cada distúrbio é classificado de acordo com alguns fatores que são citados no diagnóstico. Podemos dizer que temos três tipos de classificação: Classificação fisiológica (ou quanto ao tônus muscular): a) rigidez : os músculos dos membros são tensos e se contraem fortemente quando se tenta movimentá-los ou alongá-los, onde mesmo os reflexos exacerbados são inibidos. É uma forma severa de espasticidade. b) espasticidade: o termo espástico é usado para descrever o tipo de paralisia cerebral onde o tônus muscular é muito alto (tenso). Os portadores de PC espástica têm movimentos desajeitados e rígidos porque seus músculos são muito tensos. Eles têm dificuldade ao modificar sua posição ou ao tentar pegar algo com suas mãos. Este é o tipo mais comum de PC. Os autores referem que cerca de 50% a 75% dos portadores de paralisia cerebral têm o tipo espástico (Bleck, 1981; Souza, 1998). Há uma hiperreflexia dos tendões profundos dos músculos dos membros envolvidos. Os indivíduos ficam sujeitos a contraturas e deformidades que se desenvolvem durante o crescimento. c) atetose: caracterizada por movimentos involuntários e variações do tônus muscular resultante de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisférios cerebrais (sistema extra-piramidal). O tônus muscular flutua gerando movimentos involuntários e os movimentos voluntários se deformam ficando retorcidos. O termo atetóide é utilizado para descrever o tipo de paralisia cerebral onde o tônus muscular se apresenta flutuante - às vezes muito alto e às vezes muito baixo. d) ataxia: caracterizada por diminuição do tônus muscular, incoordenação dos movimentos e equilíbrio deficiente, devido a lesões no cerebelo ou das vias cerebelares. Este tipo de PC apresenta um indivíduo com tônus muscular baixo e dificuldade coordenação de movimentos. Os portadores de PC atáxica parecem muito instáveis e trêmulos. e) tremor: aparece apenas na movimentação involuntária. Chamado também de tremor intencional.
  • 10. 10 f) hipotonia: o tônus muscular é baixo. Também chamada de atonia, flacidez ou frouxidão. Geralmente evolui para uma atetose. g) mista: em alguns casos observa-se uma variação do tônus de acordo com o grupo muscular envolvido - em alguns ele é muito baixo e em outros muito alto. A combinação mais comum é a PC espática-atetóide. Estima-se que 25% dos portadores de PC apresentem um quadro misto. Classificação topográfica: a) monoplegia / monoparesia (acometimento de um único membro) b) hemiplegia / hemiparesia (acometimento de um hemicorpo – um lado do corpo) c) paraplegia / paraparesia (acometimento do tronco e membros inferiores) d) diplegia / diparesia (membros inferiores mais afetados que os superiores) e) quadriplegia / quadriparesia (quatro membros afetados de forma semelhante) f) dupla hemiplegia / dupla hemiparesia (quatro membros afetados, sendo um hemicorpo mais afetado). Classificação quanto ao grau de acometimento: a) leve b) moderada c) grave Seus portadores apresentam problemas como sialorréia, dificuldade para engolir, permanência de reflexos primitivos. Podem surgir outros distúrbios associados como: distúrbios da fala, distúrbios sensoriais (visão, audição e outros), convulsões, deficiência mental, distúrbios percepto-motores como ocorrências mais freqüentes. Hidrocefalia: Caracterizada por retenção do líquido céfalo raquidiano (LCR) nos ventrículos ou no espaço aracnoideano. Pode ser congênita (devido à uma anomalia) ou adquirida devido à tumores, por exemplo). Resulta numa macrocefalia. Os principais cuidados são relativos aos drenos, colocados cirurgicamente, para derivar o excesso de líquor (LCR). Mesmo assim, o
  • 11. 11 excesso de líquor pode levar à compressões no encéfalo levando à lesões, causando deficiências motoras, sensoriais ou cognitivas e distúrbios comportamentais. As principais implicações são: dificuldade de alinhamento corporal, alteração na sensibilidade cinestésica, alteções no equilíbrio e postira, e dificuldades no movimento e alinhamento da cabeça. Acidente vascular cerebral (AVC): Definido como uma interrupção na circulação cerebral, levando à lesão de células de áreas sensoriais e/ou motoras deixando sequelas correspondentes à área lesada. Sua classificação topográfica e neuroanatômica é igual ao da paralisia cerebral. Poliomielite: É uma doença infecciosa causada por um vírus que ataca o tecido nervoso (medula e/ou cérebro), geralmente as células motoras do corno anterior da medula. Acomete principalmente crianças e adolescentes. Causa paralisia flácida. O vírus entra pelo tracto intestinal se difundindo pela corrente sangüínea, se instalando nas células motoras. Pode deixar fraqueza muscular, paralisia chegando a deformidades esqueléticas (atrofias). Fases: a) aguda: dura de 1 (uma) semana a 10 (dez) dias. O indivíduo apresenta tosse, febre, náuseas, vômitos e fraqueza muscular. Apresenta como sinal um espasmo doloroso. b) convalescença: dura de algumas semanas até alguns meses, terminando com a recuperação muscular ou a definição das seqüelas . c) crônica: inicia-se após o 18o mês. A lesão é no sitema nervoso levando a seqüelas também no sitema ósteo muscular. Há permanência da sensibilidade e ausência ou diminuição dos movimentos e da força muscular. Este sinal é considerado como diferencial da lesão medular congênita ou por trauma. Lesão medular:
  • 12. 12 É uma condição adquirida resultante de um trauma, lesão ou problemas de crescimento e desenvolvimento. Geralmente ocorre em consequência de traumas, tumores, lesões por armas, quedas, explosivos, acidentes com veículos motorizados, e algumas anormalidades congênitas. Está se tornando cada vez mais freqüente. A maior incidência está entre indivíduos entre 15 e 28 anos de idade (40% em consequência de acidentes automobilísticos, 20% por quedas, 40% por disparos, acidentes esportivos, industriais e agrícolas). As lesões das vértebras cervicais é a mais comum (C5 e C6) ea das vértebras toráxicas vem em segundo lugar (T12 a L1). Há perda de movimentos e sensibilidade abaixo do nível da lesão. São divididas em lesões completas (totais) onde há perda das funções (motoras e de sensibilidade) abaixo do nível da lesão; e incompletas (parciais) onde há permanência de alguma função muscular residual além do local da lesão. A sensibilidade fica alterada. São chamadas de paraplegia quando a lesão ocorre abaixo de T2 (quando os membros inferiores - e as vezes também o tronco - são afetados totalmente) e de paraparesia (quando os membros inferiores - e as vezes o tronco - são afetados parcialmente -lesões incompletas). As tetraplegias são as lesões cervicais (quando os membros superiores, o tronco e os membros inferiores são afetados totalmente) e as tetraparesias são aquelas onde os membros superiores, o tronco e os membros inferiores são parcialmente afetados ( lesões incompletas). Apresentam alterações secundárias como a perda ou alteração do controle urinário, excretor e sexual. A tetraplegia leva à perda ou alteração do controle do sistema nervoso simpático afetando a termorregulação, freqüência cardíaca, pressão sangüínea e outras funções vitais. Há uma alta incidência de infecções renais, e urinárias onde os sinais mais comuns são: face corada, febre, etc.. Deve-se evitar: - contraturas, úlceras de decúbito e diminuição do gasto energético diário, o que pode levar a obesidade. - barreiras arquitetônicas, que dificultam o contato social normal e independente, dificultando a integração do indivíduo na sociedade. Epilepsia:
  • 13. 13 O estado de mal epiléptico é definido como duas ou mais convulsões sem um intervalo de retorno à consciência. Representa verdadeira emergência por causa de possíveis conseqüências de convulsões incontroladas, incluindo desidratação, aspiração, coma, anóxia e lesão cerebral. O tratamento, além da manutenção das vias aéreas, prevenção de outras lesões e reposição de líquido, deve incluir reposição eletrolítica, quando conveniente, antibióticos para a infecção e drogas anti-convulsivantes por via parenteral. Também não caracteriza uma deficiência motora, mas muitas vezes pode estar associada às patologias que lesam o cérebro. Convulsões: São manifestações de disfunção cerebral transitória caracterizadas por descargas neuronais hipersíncromas paroxísticas. Uma convulsão, porém, é apenas um sinal ou sintoma de uma doença, não caracterizando portanto, uma deficiência. Elas são os distúrbios mais comuns do sistema nervoso e podem ser indicativas de uma condição relativamente benigna ou de uma doença fatal. As convulsões se classificam em generalizadas ou focais (nas quais o mecanismo básico é a irritação da córtex cerebral e geralmente indicam patologia estrutural). Classificação: 1) Corticais focais motoras: a) Jacksoniana, onde há uma progressão ordenada de eventos motores, iniciando-se por uma extremidade ou pela face; b) Adversiva, onde os movimentos são unilaterais nas extremidades e acompanhados de um desvio da cabeça e do pescoço; 2) Corticais focais psicomotoras: onde o estado psíquico fica alterado, caracterizado por automatismos motores bem organizados e estereotipados. São geralmente precedidos por aura olfatória, visceral ou vertiginosa.
  • 14. 14 3) Centrencefálicas motoras generalizadas: caracterizadas por perda de consciência, fases tônica e clônica. O indivíduo pode morder a língua, Ter incontinência, confusão mental, automatismos motores ou amnésia. 4) Centrencefálicas do Pequeno Mal: caracterizadas por perda do tônus. Fenômenos motores biliares menores, sempre de curta duração e alta freqüência diária. Ocorre em crianças mas raramente constitui uma emergência. Nos adultos que parecem apresentar tais manifestações geralmente tem convulsões psicomotoras focais. 5) Convulsões histéricas: parecem uma convulsão motora generalizada, porém, os movimentos são mais bizarros, podendo ser interrompidos por voz de comando ou outro estímulo. Sempre há uma “platéia”. A crise de Grande Mal típica tem a seguinte seqüência: Aura (eventos sensoriais ou motores durando poucos segundos), perda de consciência, fase motora tônica (durando entre 15 a 20 segundos), tetania completa (durando cerca de 5 segundos), tetania incompleta (cerca de 15 segundos), fase clônica (com perda de controle esfincteriano), descarga autonômica (respiração aumentada, sialorréia e taquicardia), embotamento pós-convulsivo e confusão mental (as vezes acompanhado de dor de cabeça). 6) Convulsões hipóxicas: geralmente são de natureza tônica, mas podem tornar-se generalizadas dependendo do tempo e grau de hipóxia. Tratamento: 1) A pessoa que presta os primeiros socorros deve manter-se calma, sem interferir nos movimentos do indivíduo em crise. 2) Tire os objetos da área circundante para evitar ferimentos. 3) Vire-o de lado, impedindo que se engasgue ou sufoque, liberando vias aéreas. 4) Afrouxe as roupas. 5) Se não cessar em até 10 minutos, chame um médico. 6) Após cessar a crise, informe os pais ou responsáveis. Avaliação do paciente convulsivo:
  • 15. 15 1. Se possível, observe cuidadosamente uma convulsão com especial atenção às características assinaladas acima e o modo de aparecimento. Muitas convulsões generalizadas tem um início focal. 2. Obtenha uma história do paciente ou de um informante digno de crédito. Descrição da convulsão: sinais focais, aura, incontinência, etc.; Freqüência das convulsões; Relação com a mensuração, “stress”, etc.; História pregressa de convulsões ou outros distúrbios neuropsiquiátricos; Terapia com anticonvulsivantes; Consumo de álcool; Antecedentes pessoais, com referência especialmente ao diabetes e doenças cardiovasculares. 3. Realize um exame físico com atenção a sinais de trauma craniano e/ou de outras partes do corpo. 4. Ao final, informe o responsável ou ao médico. Dentro dos distúrbios ortopédicos que podem levar à deficiência motora podemos destacar: Amputação: Definida como ausência congênita ou retirada, de um ou mais membros. Podemos ter congênita (amielia, dismielia ou focomielia), ou adquirida (cirurgia, traumas, etc.). Distrofia muscular: Caracterizada pela deterioração progressiva da musculatura esquelética voluntária, levando à incapacitação pela dificuldade ou ausência de contração muscular. Existem diversos tipos, sendo o mais conhecida e o mais incapacitante o Ducchenne.
  • 16. 16 a) Duchenne – o tipo mais severo e precoce. Os primeiros sintomas aparecem em torno dos 5 anos de idade e sua estimativa de vida não é de alcançar a vida adulta, devido a atrofia da musculatura respiratória. b) Becker - mais lenta que o tipo Duchenne, deixando maior estimativa de vida. c) Distal – rara, porém menos deletéria. d) Cintura-membros – inicia na região da cintura escupular e pélvica, depois envolve a musculatura paraespinal. O indivíduo não paresenta problemas respiratórios, porem pode adquirir deformidades ortopédicas. e) Ocular – inicia pelos olhos e se espalha pela face, diminuindo a mímica facial. f) Escapulo-peroneal – inicia na musculatura proximal dos membros superiores (MMSS) e na musculatura dista pelos membros inferiores (MMI). Caua diversas deformidades ortopédicas. Esclerose múltipla: É uma doença neurológica crônica e degenerativa que atinge adolescentes e adultos (20-40 anos). Há uma desintegração (lenta) da camada de mielina que resulta no endurecimento ou cicatrização do tecido que substitui a bainha de mielina. Resulta numa incapacidade motora e eventualmente leva à morte. Apresentam sintomas como tremores, problemas sensoriais variados; fraqueza muscular; tonturas; distúrbios emocionais leves; paralisias e outras dificuldades motoras. Geralmente as doenças músculo-esqueléticas são congênitas (distúrbios genéticos, distúrbios do desenvolvimento) ou adquiridas (doenças infecto contagiosas, acidentes e distúrbios do desenvolvimento). Artrite: Significa inflamação de uma articulação. É uma inflamação articular que causa dor intensa na articulação e suas adjacências. Aparece em qualquer idade. A forma mais comum é a artrite reumatóide, definida como uma doença sistêmica, onde o principal sintoma é o envolvimento dos músculos e articulações. A forma mais grave da doença é a artrite reumatóide juvenil que aparece antes dos 7 anos de idade, acometendo mais os indivíduos do sexo feminino. Sua causa é desconhecida. Varia na severidade. Apresenta uma inflamação
  • 17. 17 leve, inchaço, rigidez articular e do tecido conjuntivo, chegando até a atrofia e deformidade articular. O envolvimento geralmente é simétrico. Inicia-se nas pequenas articulações (mãos e pés) com uma sensibilidade extrema chegando à dor. Geralmente ocorrem degenerações articulares sendo necessário substituiçao cirúrgica de algumas articulações. Artrogripose: É uma condição congênita onde algumas articulações estão rígidas e deformadas. Pode ser por fraqueza ou ausência de um músculo ou mesmo parte dele. Várias articulações podem se tornar fixas ao nascimento. Não causa dor, mas limita os movimentos. A correção cirúrgica não é possível. Nanismo: É o crescimento retardado (mais de 3 SD para qualquer faixa etária). Acondroplasia é uma doença cromossômica autossômica, causada por um gene dominante que tem como principal característica a ausência da cartilagem de crescimento dos membros. Nestes casos há uma desproporção de tronco, membros e cabeça. Osteomielite: É uma infecção óssea, prevalente no ocidente, chamada de doença da infância. Pode ser causada por “stafilococcus”, “streptococcus” ou “pneumococcus”. Acomete mais freqüentemente a tíbia, fêmur ou úmero de um só membro. Ela pode ser aguda ou crônica. Seus sintomas e severidade variam com o local de acometimento e o tempo de acometimento. Osteogeneisi imperfecta: É causada por um gene mutante (herança). O osso se torna leve e quebradiço resultando em diminuição da densidade. Ao nascimento podem ocorrer fraturas que depois se tornam recorrentes. As deformidades ocorrem como conseqüência das fraturas. Ocorrem muitas contusões que diminuem com a adolescência. Geralmente estes indivíduos tem baixa estatura.
  • 18. 18 Espinha bífida: É um defeito congênito da coluna vertebral onde um ou mais arcos vertebrais não se fecham completamente durante o desenvolvimento fetal. A natureza e a magnitude da lesão e da paralisia dependem da severidade e da localização do defeito. A causa é desconhecida. Sabe-se que quando o tubo neural não se desenvolve completamente, acaba fechando-se nos primeiros 30 dias de gravidez. Tipos: a) oculta: marcada por uma "covinha", sinal ou tufo de pêlos. Pode passar desapercebida sem o aparecimento de problemas neurológicos. b) meningocele: é a forma tumoral com protrusão sacular junto a coluna vertebral, a qual contém líquor, mas a medula e raízes nervosas permanecem em posição normal. É indicada a remoção cirúrgica após o nascimento ou na primeira infância. Raramente deixa seqüelas. c) mielomeningocele: é o tipo mais comum, mais severo. Há uma protrusão sacular contendo líquor, porções medulares e fibras nervosas. É fechada cirurgicamente logo após o nascimento. Quase sempre apresenta problemas neurológicos, hidrocefalia e deficiência mental. Resulta em paralisia total ou parcial, distúrbios esfincterianos e falta de sensibilidade abaixo do nível da lesão. Histórico do esporte para pessoas portadoras de deficiência motora e suas classificações: O desenvolvimento do esporte para pessoas portadoras de deficiências físicas teve sua origem na reabilitação dos veteranos da II Guerra Mundial, particularmente na Inglaterra e nos Estados Unidos. Na Inglaterra, Ludwig Guttmann (neurologista e neurocirurgião alemão radicado naquele país) foi convidado, em 1944 pelo govêrno Britânico, para dirigir um centro para lesados medulares no Hospital de Stoke Mandeville. Nos programas de tratamento dos pacientes internados foi incluído uma série de modalidades esportivas, as quais foram adaptadas.
  • 19. 19 Posteriormente este centro se tornou centro de campeonatos mundiais da categoria (os quais ocorrem até hoje). Nos Estados Unidos o conceito de esporte competitivo foi dominante, marcado pela direção e organização executada pelas próprias pessoas portadoras de deficiência. Mais tarde o trabalho esportivo vinculado à reabilitação, que sempre foi divulgado pelo Dr. Guttmann, tomou novos rumos com o aparecimento de outras organizações que dirigiam os esporte para portadores de outras deficiências (que não a causada pela lesão medular). No Brasil a história mostra a influência do esporte adaptado desnvolvido nos Estados Unidos (divulgado por Sérgio Del Grande e Robson Sampaio de Almeida) e também do conceito de reabilitação desnvolvido na Europa, uma vez que os fisioterapeutas tendem a encaminhar mais pacientes para estas atividades, além de ministrá-las, uma vez que os profissionais de Educação Física e Esporte pouco tem se dedicado à esta área. Hoje o Brasil possui diversas entidades que dirigem o Esporte para pessoa portadoras de deficências motoras: ANDE, ABRADECAR e ABDA. Cada uma delas tem filiação internacional correspondente: ISMGF, ISOD, CP-ISRA. Em épocas de Paraolimpíadas formava-se um comitê com representantes de cada entidade, constituindo o IPC, que hoje é um órgão permanente. Cada uma dessa entidades normatiza a participação dos atletas, procurando promover a competição justa e o mais adequada quanto o possível às possibilidades deos participantes. Inicialmente foi criada a classificação que se baseava em critérios médicos (IA, IB, IC, II, III, IV, V e VI). Mais tarde outras entidades procuraram criar um sistema de classificação para cada tipo de sequela segundo sua origem, ou seja, para amputados (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9), para paralisados cerebrais (CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7 e CP8), para "Les Autres" (LA1, LA2, LA3, LA4, LA5 E LA6). Mais tarde, iniciou-se um movimento no basquete em cadeira de rodas que pretendia modificar o conceito da classificação, baseando-a na funcionalidade motora do indivíduo com relação às demandoas motoras da modalidade. Essa classificação é dinâmica e ainda recentemente sofreu modificações (1; 1,5; 2; 2,5; 3; 3,5; 4; 4,5) para adequar as capacidades dos indivíduos às solicitações do jogo, procurando criar uma competição mais justa. Seguindo a experiência do basquete, outras modalidades procuram seguir o mesmo conceito, até mesmo numa tentativa de promover a integração entre os portadores das várias deficiências motoras. Por este motivo essas classificações ainda estão passando por
  • 20. 20 modificações constantes, dificultando o aprendizado e divulgação das mesmas para as pessoas não envolvidas nos movientos esportivos. Barreiras arquitetônicas: Para que se consiga um desenvolvimento sócio-afetivo adequado é necessário que as pessoas portadoras de deficiências tenham acesso aos locais de educação, saúde, recreação e lazer. Muitas vezes observamos que apesar de se procurar desnvolver programas de atendimento e recuperação, o governo e a sociedade em geral esquecem de facilitar o acesso dessas pessoas às situações comuns da vida. Existe uma legislação que determina normas de construção de prédios públicos os quais devem permitir o acesso às pessoas portadoras de deficiências motoras. Mas o que se observa é que o prório governo é que deixa de cumprir essa legislação, dificultando a divulvação e o incentivo particular de respeitar tais critérios. Isso garantiria a concientização da sociedade da existência dessas pessoas, procurando preservar os direitos básicos de cidadania eliminando as formas excludente de acesso aos benefícios sociais, bem como eliminando a discriminação. O símbolo internacional de acesso (fig.1) aparece em qualquer lugar do mundo onde tenham sido removidas as barreiras ambientais. Essas barreiras ambientais são: escadas, portas estreitas, degraus de calçadas, banheiros estritos e sem apoio adequado, maçanetas, torneiras, interruptores de luz, telefones públicos, meios de tranporte públicos, estacionamentos e muitos outros. Figura 1 - Símbolo internacional de acesso.
  • 21. 21 No caso de escolas e centros esportivos é necessário que o técnico ou professor de educação física que pretenda trabalhar com pessoas portadoras de deficiências motoras conheça as barreiras arquitetônicas existentes em seu local de trabalho e procure superá-las facilitando o acesso de seus alunos. O símbolo internacional de acesso deve ficar colocado em todo local reservado ou adaptado para pessoas portadoras de deficiências motoras. Atividades em cadeira de rodas e as regras adaptadas: A maioria das crianças inicia a prática regular de atividades físicas dirirgidas durante a fase escolar. Aquelas que são portadoras de deficiências motoras muitas vezes são dispensadas dessa atividades, privando-se da experimentação de suas potencialidades e limitações no plano motor. Além disso, poucos profissionais da Educação Física e do Esporte estão habilitados a entender e atender as necessidades dessas crianças. Inicialmente aquelas que se utilizam de cadeira de rodas para sua locomoção já devem estar habituadas a manejar esta cadeira para participar de programas de atividades motoras, uma vez que este treinamento inicial deve ser feito nos centros de reabilitação. Na escola, a criança deve explorar os locais para a prática de atividades físicas, desenvolver agilidade no manejo da cadeira, bem como procurar vencer obstáculos que, até então eram pouco explorados ou desconhecidos. Podemos citar algumas habilidades básicas: - posicionamento - empunhadura ou pegada - deslocar-se para frente e para trás com ambas as mãos - frenagem - girar para esquerda e para a direita de 45o até 360o - deslocar-se entre obstáculos - subir e descer degraus - empinar a cadeira e executar giros nesta posição - deslocar-se com a cadeira na posição empinada - desenvolver agilidade e destreza na cadeira visando mudanças de direção rápidas - aprender a manejar a cadeira com apenas uma das mãos
  • 22. 22 - manejar a cadeira com uma das mãos e manipular outro objeto com a outra mão (ex: lançar e receber uma bola) - passar entre obstáculos e executar giros durante o trajeto visando ocupar o menor espaço para o deslocamento. - aumentar a capacidade de resistência ao deslocamento - aumentar a velocidade do deslocamento A partir daí o indivíduo estará pronta para iniciar o conhecimento das regras de modalidades esportivas, adaptadas ou não para a prática em cadeira de rodas. Muitas vezes, percebe-se que os adolescentes e adultos nunca passaram por estas experiências, limitando- se à um deslocamento precário na cadeira de rodas o que limita suas possibilidades de acesso às atividades profissionais, educacionais, esportivas, de recreação e de lazer. Dentro das modalidades esportivas podemos encontrar adaptações de regras para a prática em cadeira de rodas no basquete, no volei, no atletismo (pista e campo), arco e flecha, bocha, esgrima, tiro ao alvo, tênis de mesa e tenis de campo, dentre outros. Existem também as modalidaes esportivas que são adaptadas para quem é dependente da cadeira de rodas, mas pode se libertar dela para praticar tais atividades, com por exemplo o volei sentado, a natação, halterofilismo. Existem também modalidades que foram criadas exclusivamente para os dependentes da cadeira de rodas, utilizando o equipamento e a limitação motora como determinantes da prática, como o rugby em cadeira de rodas. As adaptações procuram se adequar ao máximo as regras já existentes, minimizando assim a segregação já imposta pela condição deficiente. Os locais a serem utilizados devem ser na maioria das vezes os mesmos que os utilizados pela modalidade sem adaptações. A construção de novos locais ou transformação dos já existentes encontra muita resistência, sendo o principal motivo alegado a dificuldade de se conseguir recursos financeiros ou de se investir muito para tão poucos, uma vez que a parcela da população portadora de deficiências que procura ou sabe da possibilidade da prática esportiva é bastante reduzida. Mesmo assim, quando uma modificação se torna necessária, procura-se planejar a atividade com aproveitamento dos recursos já existentes e poucas modificações a serem executadas. Em geral o tempo, o número de jogadores e alguns fundamentos são modificados a fim de permitir e facilitar a execução da modalidade.
  • 23. 23 Atividades físicas com amputados, paralisados cerebrais e "Les Autres": De forma geral os portadores de deficiências motoras devem ser estimulados a praticar atividades físicas desde cedo, procurando assim tomar consciência de suas limitações mas também de suas potencialidades. Cada patologia apresenta características particulares que podem se tornar um impediemnto na vida do indivíduo com podem ser facilmente superads ou ser motivo de prover a busca da independência e desnvolvimento. Entre os médicos é de consenso que os amputados podem executar qualquer atividade desde que a prótese esteja bem adaptada. Quando atividades vigorosas forem desenvolvidas recomenda-se que a prótese seja adequada à essas sobrecargas e impactos, além de se desenvolver o equilíbrio, coordenação, agilidade, resistência e velocidade. O equilíbrio é o aspecto da performance motora que tras maiores problemas aos amputados. Aqules que possuem amputação unilateral dos membros inferiores devem aprender a utilizar o membro remanescente a chutar bola enquanto o protetisado mantém o peso do corpo; ao subir degraus deverá iniciar com o membro remanescente; ao descer degraus executar exatamente da maneira inversa. O amputado bilateral tem amis dificuldades nas mesmas atividades, às vezesnecessitando do auxílio de muletas. Com relação aos membros superiores apresentam dificuldades nas habilidades manipulativas e nas modalidades esportivas que se utilizem de implementos, pois o membro superior amputados não promove o equeilíbrio necessário pelo princípio da oposição. Sugere-se o desenvolvimento de atividades que promovam o equilíbrio, provam a postura e agilidade. As atividades desenvolvidas sem a utilização da prótese também são recomendadas, uma vez que podem promover e desenvolver uma maior conhecimento corporal e até descobrir novas amplitudes e limitações dos movimentos. Existem também atividades desenvolvidas com muletas, como futebol. Os esportes que são praticados pelos amputados à nível de competições internacionais são: futebol de muletas, atletismo (pista - com prótese ou cadeira de rodas e campo - com e sem prótese ou cadeira de rodas), natação, basquete em cadeira de rodas, voleibol sentado, voleibol em pé (com prótese), halterofilismo, tenis de mesa (sentado ou em pé), tenis de campo (entado e em pé), ciclismo (com e sem prótese), e muitas outras modalidades. Os portadores de lesões medulares, poliomielite, mielomeningocele locomovem-se em cadeira de rodas, por isso parte de seu sucesso nas atividades físicas depende da cadeira
  • 24. 24 adequada, com encosto, inclinações e tamnhos adequados. As modalidades esportivas desenvolvidas com cadiras de rodas são: basquete, tenis de mesa e campo, atletismo (pista e campo), e muitas outras atividades coletivas ou individuais podem ser desenvolvidades com cadeiras de rodas. Algumas atividades como dança e ginástica podem ser desenvolvidas com e sem a utilização da cadeira de rodas. Outras atividades são desenvolvidas sem a utilização de qualquer auxílio, seja em cadeira de rodas, muletas ou órteses como a natação. Os portadores de distúrbios de origem neurológica também podem passar pelas cituações descritas acima. Sua dificuldade maior está na coordenação e execução de movimentos harmônicos, ritimados e suaves. As alterações de tônus levam à limitações da amplitude dos movimentos bem como no rítimo dos mesmos. Normalmente aqueles que possuem um aumento de tônus, precisam trabalhar suas amplitudes de movimento bem como procurar promover relaxamento para facilitar a execução de movimentos, deslocamentos e transferências posturais. Vencida esta etapa as habilidades manipulativas devem ser exploradas e desenvolvidas. Num terceiro momento a integração destas atividades pode ser estimulada facilitando a coordenação e procurando desenvolvera agilidade. Os esportes para paralisados cerebrais mais comuns são: bocha, natação , atletismo, futebol de salão, futebol de 7, ciclismo, além de atividades desenvolvidas especificamente para esses indivíduos. De maneira geral muitas são as possibilidades já conhecidas, mas a inteiração professor/aluno, aluno/aluno promove novas descobertas que somente situações particulares desse entrosamento é que farão surgir novas possibilidades. Cabe aos profissionais que tiverm essa oportunidade soltar sua imaginação e a criatividade, dando oportunidade aos alunos de expressarem ao máximo suas potencialidades, colocando, à medida do possível, desafios maiores. Bibliografia: BLECK, E. Cerebral palsy. In Physically handicapped children - A medical atlas for teachers. Grune and Stratton - A subsidiary of Harcourt Brace Jovanovich Publisher, 1982. BLOWMQUIST, B. Classificação funcional da natação. Texto não publicado, 1988.
  • 25. 25 DE PAUW, K. P. Sport for individuals with disabilities. Adapted Physical Activity Quarterly, 5(2):119-124, 1988. DE PAUW, K. P. & GRAVON, S. Disability Sport. Champaign, Human Kinetics. 1995. EICHSTAEDT, C. B. e KALAKIAN, L. H. Developmental/adapted physical education: making ability count. New York, Mac Millan Publishing Company, 1987. MATTOS, E. Adaptação ao meio líquido para crianças portadoras de paralisia cerebral: uma proposta de avaliação. Dissertação de mestrado, São Paulo, EFEUSP, 1994. NUGENT, T. Y.. Research and demonstration needs for the physically handicapped. Journal of Health, Physical Education and Recreation, maio, 47-48, 1969. PEDRINELLI, V. J. Educação física adaptada: a criança portadora de DM, DA, DV,DF e a prática de atividada física. São Paulo, Apostila do Departamento de Ginástica da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo, 1991. SEAMAN, J. A. e DE PAUW, K. P. The new adapted physicall education - a developmental approach. Palo Alto, California Mayfield Company, 1982. STAINBACK, S., STAIBACK, W., WEHMAN, P., SPANGURS, L. Acquisition and WINNICK, J. P. e SHORT, F. X. Physical fitness testing for disabled. Champaign, Human Kinetics Publisher Inc., 1985. WINNICK, Joseph P. Adapted physical education and sport. Champaign, IL, Human Kinetics, 1995.